quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011


Curso de Liderança

Testemunhas

do

Senhor Jesus Cristo



ESCOLA DE LÍDER

5

CURSO DE LIDERANÇA – PARTE I



LIDERANÇA BÍBLICA

Valor Fundamental

Deus procura homens e mulheres comprometidos com a Sua Palavra, que compartilhem a visão, estabeleçam metas, mobilizem o Corpo de Cristo, e vençam obstáculos, com a finalidade de alcançar as nações para Cristo. A maneira pela qual Deus estabelece o Seu Reino na terra é encontrando uma pessoa que sirva a Ele de todo o coração e usando-a no seu plano. A literatura secular também reconhece a importância e a grande necessidade de líderes em todas as áreas e atividades humanas.



Objetivos

Compreender a importância essencial da liderança para o avanço do Reino de Deus.

Compreender e aplicar o modelo de “Liderança Bíblica” para que cada líder alcance seu potencial.



A Importância da Liderança

1. Líderes constroem ou derrubam uma organização.

2. Líderes avançam ou destroem uma causa.

3. Líderes inspiram ou frustram uma missão.

4. Líderes motivam e mobilizam ou desmoralizam e paralisam um movimento.

5. Líderes apontam o caminho ou se perdem no caminho.



Exemplos Bíblicos:

Abraão (Gênesis 12:1-3) – Farei de ti uma grande nação.

Moisés (Êxodo 3:1-12) – Estou enviando-o para libertar meu povo.

Davi (1 Samuel 13:14) – Estou ungindo-o rei de todo Israel.

Ester (Livro de Ester) – Usarei você para proteger meu povo da perseguição.



















O CARÁTER E PERFIL DO LÍDER CRISTÃO

“ Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino. Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor” (1Co 13.11-13).



Introdução

O estudo a seguir tem como objetivo apresentar os grandes desafios da vida do homem cristão assim como o plano de transformação e capacitação criado por Deus para sua vida aqui na terra. Deus criou o ser humano à sua imagem com o propósito de que este tivesse o domínio e responsabilidades sobre a terra. O ser humano foi criado à semelhança de Deus e vivia em harmonia até o processo de queda em pecado (Gn 1.26).

Os desafios da vida cristã são muitos. Existe um processo de crescimento e capacitação preparado por Deus para cada pessoa. Esta transformação é iniciada pela plena convicção da graça dada por intermédio de Jesus Cristo (cf. 2Co 3.18).

O processo de aprimoramento e transformação da natureza de cada homem é fundamental no contexto de liderança no qual se encontra. Cada pessoa tem uma responsabilidade especial no desenvolvimento espiritual de seu cônjuge, família, Igreja e amigos. Talvez seja esta a razão de tantas tentações e tribulações vividas por cada cristão. A marca principal desta transformação é o seu caráter. O caráter é definido no processo de transformação guiado por Deus através da sua Palavra. Segundo Bill Hybels1 “Caráter é o modo que agimos quando ninguém está olhando. Caráter não é o que já fizemos, mas o que somos”. Infelizmente, se compararmos o desenvolvimento tecnológico e científico de todos os tempos com o desenvolvimento do caráter do homem, descobriríamos uma diferença absurda. Na verdade, é provável que alguns traços de caráter estejam até em processo de extinção. Deus nos deu duas armas infalíveis para desenvolvermos nosso caráter:



1 Quem é Você quando ninguém está olhando?

A primeira arma é a certeza da vitória pela graça de Jesus Cristo: Nossos esforços em nos transformarmos pela nossa força serão sempre em vão. A prova disso é que até hoje, a despeito de todo o desenvolvimento e inteligência do homem, jamais conseguimos superar problemas básicos e todas as dificuldades da condição humana.

“Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou”. (Rm 8.37)

“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento”. (PV 3.5)

A segunda arma dada por Deus é a Sua Palavra. Jesus aplicou o termo ―está escrito em algumas situações de sua vida e sem dúvida esta é uma arma infalível. Porém, para isso temos que ter a dedicação e disciplina de estudar tendo-a sempre à nossa disposição, principalmente nos momentos difíceis de tribulações ou tentações. A palavra de Deus deve ser aplicada em nossa vida em todas as situações que enfrentamos. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos”. (Sl 119.105)

Existem três áreas de desenvolvimento a serem exploradas neste trabalho. São eles: Esperança, Fé e Amor. Elas são conhecidas como a tríade das virtudes de cristianismo.

1-A Esperança é o conhecimento da promessa que temos em Deus e a visão de Sua obra colocada em nossas mentes. Ela nos capacita no discernimento da vontade de Deus e no papel de liderança que temos.



2-A Fé é a certeza das coisas que estão preparadas para nós assim como a aliança que temos com Deus. Ela nos capacita a sermos corajosos, disciplinados e perseverantes.

3-O Amor é o combustível vital que precisamos para agirmos de modo coerente com nossa fé e esperança. Sem ele corremos o risco de não materializarmos nossa esperança e fé.



Assim como existem 3 áreas de desenvolvimento, também é possível notar que para cada uma delas existe uma área de aprendizado em específico.



A área da Esperança está particularmente relacionada à tribulação. A tribulação nos leva a uma experiência de descrédito com relação à promessa de Deus em nossas vidas. Quando passamos por tribulações, nossa tendência natural é esquecer o que Deus já nos fez e pode fazer com base em Sua aliança. A murmuração pode nos acometer de forma implacável fazendo com que não haja nenhuma esperança em nosso coração. “Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes” (Rm 12.12).



A área da Fé é particularmente testada por meio da tentação. A tentação da passividade, da falta de coragem, do adiamento de decisões, na indisciplina e da falta de perseverança nos leva a cedermos quando enfrentamos velhos hábitos ou atitudes que queremos nos desfazer. As tentações testam os limites de nossa fé continuamente (Ef 6.16).

A área do Amor finalmente é continuamente provada pelas ofensas que enfrentamos no dia a dia. Não falo de ofensas graves como calúnias ou até mesmo as agressões. Muitas vezes o que mais nos afeta são pequenas ofensas que muitas vezes vem de pessoas que consideramos improváveis de fazerem tais coisas. Pois bem, independente do tipo de ofensa, o amor é o antídoto perfeito para anular os efeitos das ofensas em nossas vidas. Um amor genuíno nos faz olharmos para nós mesmos, pecadores e extremamente valorizados por Jesus Cristo (Mt 6.14)



A vida é repleta de tribulações, tentações e ofensas. Você tem alguma dúvida disso? A boa notícia é que Jesus nos garantiu a vitória por meio de sua graça (leia Jo.16.33). O processo de transformação que passamos está relacionado às experiências difíceis que temos em nossas vidas. Elas nos ajudam a encarar a dependência em Deus para nosso crescimento. Hoje nós conhecemos em parte os mistérios desta vitória inquestionável, porém a conheceremos plenamente no processo de transformação ao qual nos submetemos na vida cristã (veja 1Co 13.11-13; 1Ts 1.3).



Desde a criação, Deus tem prometido ao homem Seu amparo e proteção através de uma aliança de paz condicional a um relacionamento de amor. A obediência em amor depende fundamentalmente da confiança de que Deus irá honrar seu compromisso nos dando sua proteção e suporte em tudo que fizermos. Infelizmente o homem tem desobedecido a Deus consistentemente desde o princípio. O povo de Israel deu inúmeras provas de incredulidade através de sua desobediência aos mandamentos de Deus. Nos tempos dos juízes, vemos o povo sempre se afastando de Deus se envolvendo em idolatria. Os Juízes interrompem então dando uma pausa ao sofrimento pelo afastamento a Deus. Já na fase dos reis, isto é até mais claro. O pacto é sempre firmado por Deus condicionando o sucesso do reino a obediência à Sua palavra. Contudo vemos exemplos e consequências trágicas quando o homem opta pelo afastamento aos princípios de Deus. Vemos exemplos como Saul, Davi, Salomão e muitos outros.



Avaliação - aprofundando o estudo



1. "O caráter é como uma árvore e a reputação como sua sombra.

A sombra é o que nós pensamos dela; a árvore é a coisa real." (Abraham Lincoln)

"Preocupe-se mais com seu caráter do que com sua reputação. Caráter é aquilo que você é, reputação é apenas o que os outros pensam que você é." (John Wooden)

O que é mais importante na vida de um líder? O caráter ou a reputação? Justifique a sua resposta.

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2. “Caráter é o modo que agimos quando ninguém está olhando. Em pequenos grupos faça um debate sobre essa afirmação. Depois anote as conclusões abaixo.

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3. "Eu tenho um sonho de que um dia meus quatro filhos vivam em uma nação onde não sejam julgados pela cor de sua pele, mas pelo seu caráter." (Martin Luther King)

Nos dias de hoje a maioria dos líderes é reconhecido pelo caráter ou pela fama, sucesso escândalos? Discute esse assunto em pequenos grupos intermediados pelo professor depois anote abaixo as conclusões.

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4. Por que a fé, o amor e esperança não podem faltar na vida de um líder?

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5. Pegando Moisés como modelo de liderança, cite alguns exemplos da vida dele que podem ser aplicado em nossas vidas nos dias de hoje. Para isso é necessário ler alguns capítulos, principalmente os primeiros de Êxodo.

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1. A VISÃO NA VIDA DO LÍDER



1.1 O Objetivo de Deus quanto a nossa visão

Imagine um enorme quebra-cabeça, tão grande que você nem consiga iniciar a montagem. Está claro que você depende da visão global (normalmente impressa na tampa da caixa do quebra-cabeça) para seguir a montagem. Se tentar montar sem ela, provavelmente nem conseguirá. Assim também é nossa vida. Muitas vezes optamos por montá-lo sem ter a visão global, dada por Deus através de Sua Palavra. Ter a consciência da incapacidade de juntar as peças em nossas vidas é o primeiro passo para iniciarmos o processo de alinharmos a nossa visão à de Deus.

Segundo Charles Swindoll: “Ser consciente da própria ignorância é um grande passo em direção ao conhecimento”. A insignificância de nossa capacidade é mostrada a seguir. “Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, Senhor, já a conheces toda. Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir”. (Sl 139.4-6)

O Mistério da Vontade de Deus “O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos desprezam a sabedoria e o ensino”. (Pv 1.7)

Deus às vezes é silencioso, ele espera que tenhamos paciência e confiança de que ele nos vê o todo tempo e por intermédio de Sua infinita bondade nos instrui. No texto abaixo vemos que Deus não nos ensina falando e sim nos vendo. “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho”. (Sl 32.8)

A experiência de Abraão quando Deus solicitou o sacrifício de Isac nos mostra quão misteriosa é a vontade de Deus em nossa vida e quanto devemos confiar Nele mesmo quando sua vontade nos parece algo fora da realidade. Abraão tinha tamanha fé em Deus que não teve como negar seu filho naquele momento. Ele tinha a convicção que Deus proveria uma maneira de resolver aquilo tudo. Abraão tinha uma visão tão clara das promessas de Deus e uma fé tão inabalável que entregou o que tinha de mais precioso frente ao Deus que tanto amava. Da mesma forma, somos convidados a cada dia a nos despojar daquilo que mais amamos, sejam nossas riquezas, nossa vontade, nossos vícios ou mesmo coisas que nos perturbam, mas que são impregnadas em nossas vidas. Colocar uma amargura antiga no altar do sacrifício, eliminar um vício escravizador ou mesmo colocar nossas vontades em segundo plano, é o chamado de Deus para nós hoje chamados sacrifícios. Com certeza nenhuma destas riquezas se compara a entregar o próprio filho em holocausto, contudo não podemos dizer que temos a mesma disposição de Abraão quando o chamado tem a ver conosco.

A visão do céu, das promessas e da vontade de Deus deve estar tão real em nossas vidas quanto foi para Abraão naqueles dias. Nós temos ao nosso lado hoje a graça de Jesus Cristo, a Palavra de Deus disponível sob várias formas e o Espírito Santo intercedendo por nós. A vitória é garantida de modo que esta visão deve ser tão clara em nossas vidas a ponto de termos a mesma disposição de Abraão (veja Gn 22.7,8).



1.2 A Realidade de nossa limitação

A realidade da nossa visão limitada pode ser exemplificada pela nossa tendência de sempre olharmos para o que nos falta e murmurarmos. Interessante fazer uma comparação com a atitude de Jesus quando os discípulos diziam não haver pão para a multidão (Mt 14.15-20). Podemos notar duas atitudes de Jesus frente a situação:



Verifica o que tem;



Agradecimento e benção.



Ao contrário de Jesus, a atitude dos discípulos foi:



Verifica o que falta;



Incredulidade.



Temos duas perspectivas igualmente desanimadoras. A primeira é que somos terrivelmente limitados quanto à visão que temos de nós mesmos. Preferimos ver os problemas e o que nos falta, vemos situações intransponíveis, problemas insolúveis e nos esquecemos que para Deus tudo é possível. ―Visão é uma capacidade dada por Deus para enxergarmos soluções possíveis para os problemas do dia-a-dia (Mt 19.26).



O Mistério da Vontade de Deus

A segunda perspectiva é com relação a nossa visão das outras pessoas. Nossa natureza mesquinha insiste em ressaltar os defeitos e limitações nas pessoas. O problema com isso é que muitas vezes deixamos de identificar pessoas com potencial muito grande porque simplesmente não conseguimos ver além do óbvio. Jesus conseguiu ver um grande potencial em pescadores, coletores de impostos, pessoas simples e sem grandes qualidades (pelo menos aos olhos humanos). “Como águas profundas, são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe descobri-los”. (Pv 20.5)



Existe algo em comum nas duas perspectivas. Trata-se da nossa incrível capacidade de centralizarmos a vida em nós mesmos. Nossas expectativas, nossas ambições tornam nossa visão tão limitada que não conseguimos enxergar além dos limites de nossas qualidades, defeitos e problemas. “Visão é uma habilidade dada por Deus para captar um vislumbre de algo que Ele quer operar através de nossa vida, se nos entregarmos a Ele”.



1.3 A Alternativa da palavra de Deus para o desenvolvimento da visão

Existem duas áreas de capacitação que nos auxiliam no desenvolvimento de nossa visão alinhada aos objetivos de Deus para nossa vida. A primeira delas é o discernimento e a segunda é a capacidade de liderança.



Como desenvolver o discernimento?

Charles Swindoll lista alguns direcionamentos da palavra de Deus para o desenvolvimento da capacidade de visão e discernimento:



Pré-requisitos ao discernimento:

Ser Cristão estando debaixo de graça de Jesus Cristo (Rm 8.14).

Ser sábio e prudente no andar com Deus (Ef 5.15,16).

Estar disposto a servir à vontade de Deus (Ef 6.5,6).

Ter paciência e aceitando o tempo de Deus para tudo (Tg 5.7,11).

Suportando perdas (At 20.24; Fp 3.8)



Como Deus nos auxilia a termos discernimento?

Por meio da Palavra escrita (Sl 119.105).

Por meio do Espírito Santo (Fp 2.13).

Por meio dos irmãos e da Igreja (Êx 18.24,25).

Por meio da Graça (Cl 3.15).



Como desenvolver a capacidade de liderança?

Deus espera que tenhamos uma visão clara da capacidade das outras pessoas, seus dons e ministérios. Além disso, temos a responsabilidade de atuarmos como líderes, identificando o potencial e ajudando no desenvolvimento das pessoas em nosso convívio diário sejam elas, filhos, cônjuge, amigos, colega de trabalho e irmão na igreja



Segundo Donahue, a palavra de Deus nos mostra alguns pré-requisitos necessários para nos capacitarmos para uma liderança centralizada em Deus:







Seminário para Líderes:

(1) Confirme o seu chamado a liderança: Não tenha dúvida que Deus esteja colocando-o nesta posição (Jr 20.7-9).

(2) Avalie sua área de compatibilidade: Confirme a naturalidade, o prazer e o reconhecimento que tem obtido (1Co 12.5-7).

(3) Confirme a sua competência: Apresente-se de forma compatível à sua liderança (2Tm 2.15).

(4) Conecte-se a Cristo: Busque intensamente a presença de Deus, gaste tempo a sós com Deus (Sl 42.1,2).

(5) Fortaleça seu compromisso: Tenha disposição e comprometimento com a tarefa de liderança (Gl 6.9,10).

(6) Desenvolva sua integridade: O exemplo e a prática da liderança para todos (1Tm 4.15).

(7) Desenvolva continuamente sua capacidade de liderança em Cristo tendo cuidado com os excessos, recuperando forças quando necessário (1Tm 4.16).



1.4. A Reação para tornarmos homens e mulheres de visão



1.4.1. Homens e mulheres de visão no relacionamento com Deus.

Deus busca homens e mulheres de visão para sua obra. Ele não precisa de pessoas auto-suficientes e fortes. Ele escolhe normalmente as pessoas que em algum momento de sua vida percebem como são dependentes de Deus.

Jesus demonstrou possuir visão ao mudar o nome de Simão. Tudo que os outros viam em Simão eram impetuosidade, agressividade e medo. Jesus, porém enxergou algo que havia no interior dele. E Pedro se tornou um grande líder respeitado da Igreja7.

O problema com as pessoas que Deus normalmente escolhe como homens e mulheres de visão para sua obra é que elas não se consideram capazes de operar a vontade de Deus. Vemos o exemplo de Moisés, que tentou de várias formas mostrar a Deus que não seria capaz de liderar o povo (cf. Êx 4.10). Outro exemplo é o de Jeremias, Deus conhecia a Jeremias e sabia de seu potencial, potencial este tão escondido que nem mesmo Jeremias o conhecia (Jr 1.5-8).



1.4.2. Homens e mulheres de visão no casamento

Esta é realmente uma área em que o homem e a mulher cristãos precisam ter visão. Quando um jovem busca uma esposa, na maioria das vezes ele tem a visão de que precisa de alguém para suprir suas necessidades e expectativas. Esta visão equivocada é responsável por muitos dos problemas no casamento. Quando se toma uma decisão errada no casamento, algo de muito ruim pode acontecer... O livro de provérbio nos dá certas advertências quanto a uma escolha errada ou apressada (Pv 15.17; 21.9; 27.15).











Alguns cuidados devem ser tomados quanto a esta importante decisão:

Não se apresse, conheça realmente seu futuro cônjuge: Tenha paciência em avaliar bem o compromisso com Deus, o caráter e temperamento de seu futuro cônjuge. Conte com a ajuda de seus atuais e futuros familiares e amigos nesta avaliação.



Respeite o tempo de amadurecimento: As pessoas com menos de 25 anos normalmente já tem uma carga muito grande no estabelecimento de sua personalidade, seus valores, sua capacidade e formação espiritual. A responsabilidade adicional do casamento é mais uma carga que pode confundir ainda mais a pessoa.

Não tente resolver seus problemas com o casamento: casar tentando resolver problemas de solidão ou auto-afirmarão é um risco muito alto.

Não tente agradar aos outros: eles provavelmente não o ajudarão quando seus problemas começarem.



Controle suas expectativas: Encare os defeitos de seu futuro cônjuge e não assuma que ela irá mudar e satisfazer suas necessidades.

Analise com cuidado 5 áreas de compatibilidade:

2 Coríntios 6.14: ―Não vos ponhais em julgo desigual com os incrédulos”.

A compatibilidade no relacionamento com Deus.

A compatibilidade de Caráter.

O fator emocional.

A comunicação.

A atração física.



Após o casamento, a necessidade de uma visão conforme o padrão de Deus ainda continua sendo vital. ―Nenhuma mulher do mundo, por mais que se disponha a aceitar o marido, conseguirá suprir a necessidade de senso de valor que há no coração dele.

Como construir um casamento de verdade veja algumas idéias quanto à visão do casamento:

(1) Todos nós temos necessidades de segurança e valorização pessoal.

(2) Todos nós tentamos obter esta valorização através de:

- Ignorar necessidades psicológicas, tentando supri-las de forma física;

- Busca da satisfação ilusória de bens materiais e de relacionamentos superficiais;

- Busca da realização pessoal através de seu cônjuge.

(3) A visão correta é que somente Cristo pode suprir nossas necessidades.

(4) Isto nos leva a conclusão de que:

- Devemos buscar a sua realização em Cristo;

- Devemos nos disponibilizar como cooperadores para a obra de Deus na vida dos cônjuges.



Buscar um sentido mais amplo para o casamento do que a simples satisfação de nossas expectativas é o que chamamos visão no casamento. Cada momento, cada dificuldade, cada desafio, cada ofensa, é uma oportunidade para avaliarmos nosso discernimento do que é o casamento sob a ótica de Deus. A visão imediata e egoísta no casamento é a responsável por tantos lares desfeitos nos dias de hoje. O homem tem a responsabilidade de cuidar de seu lar com uma prioridade maior do que seus anseios pessoais e suas satisfações psicológicas ou físicas (cf. 1Pe 3.7).

Uma responsabilidade muito importante do homem no casamento é quanto a sua prudência financeira. Uma exposição não controlada nesta área pode trazer sofrimento e perdas para a família inteira (Pv 22.7). O homem deve mostrar o exemplo da dedicação a Deus através do compromisso com as ofertas à Igreja, fazendo com que sua família tenha o mesmo compromisso e colha os frutos desta atitude perante Deus (Pv 3.9,10).



1.4.3. Homens e mulheres de visão no trabalho

Outra área que podemos optar por uma visão no padrão de Deus é com relação ao trabalho. Deus nos dá direções específicas quanto a nossa postura no trabalho e como podemos desfrutar de uma visão estratégica dada por Ele quanto a nossa administração do tempo, perspectivas futuras e desenvolvimento profissional.

Se perguntarmos para alguns trabalhadores quebrando pedras o que fazem, poderemos ter várias respostas diferentes. Um deles pode dizer que esta somente quebrando pedras, outro pode dar alguma descrição do muro sendo construído e outro pode dizer que está ajudando a construir uma catedral. Qual a diferença neste caso? Somente uma questão de visão quanto ao trabalho sendo realizado. Devemos nos questionar quanto as nossas aspirações futuras e como podemos nos desenvolver para atingi-las. Muitas vezes este processo leva anos e sem esta visão inicial, nunca desenvolveremos nossas capacitações. O ambiente de trabalho está cada vez mais dinâmico. A necessidade de aprendizado e por vezes de desenvolvimento profissional em áreas distintas é algo muito importante para nossa vida profissional. Devemos encarar novas oportunidades com bons olhos nos dedicando às oportunidades de novos conhecimentos. Em provérbios vemos uma demonstração disso (veja Pv 27.23-27).



Outro ponto importante com relação ao trabalho é indicado. Aplicação da sabedoria celestial na terra ao invés de separarmos nossa visão espiritual da visão de nossa vida e trabalho. Com esta separação, confinamos nossa visão de Deus às paredes da igreja e deixamos de apresentá-lo de forma eficiente em nosso ambiente de trabalho. Outro ponto importante é o equívoco que alguns crentes cometem de menosprezarem o trabalho devido ao fato de que esperam que Deus supra todas as coisas. Devemos estar preparados para o mercado de trabalho e sermos diligentes, porém sem termos a visão de que o emprego é a nossa prioridade número um.

9 Estudos no livro de provérbios

10 Quem é você quando ninguém está olhando



1.4.4. Homens e mulheres de visão nas amizades

Hybels10 conta a história de dois prisioneiros que estavam em uma pequena cela onde só entrava luz por uma pequena janela próxima ao teto. Ambos passaram o tempo olhando para esta janela. Um deles enxergava as barras (lembranças da realidade). Com passar do tempo, o desânimo, a amargura, raiva e desespero foram somente aumentando. Ao contrário dele, outro prisioneiro, olhando através da janela, via as estrelas. A esperança foi aos poucos invadindo seu coração. Podemos fazer uma diferença enorme em nossas amizades dependendo da visão que temos das situações que nós e os outros enfrentamos.

Pv 15:30 ―O olhar de amigo alegra ao coração; as boas-novas fortalecem até os ossos”.

Pv 27:9 ―Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra doçura no conselho cordial”.



Pv 27:10 ―Não abandones o teu amigo, nem o amigo de teu pai, nem entres na casa de teu irmão no dia da tua adversidade. Mais vale o vizinho perto do que o irmão longe”.

Os homens e mulheres de visão têm uma missão muito importante com relação aos amigos. Olhar além do que se vê externamente aos amigos, tentando descobrir o que Deus tem colocado no coração dos outros. O padrão do mundo com relação à visão dos amigos é aquela em que os defeitos são ressaltados e nos sentimos ofendidos com o menor deslize na nossa amizade (Como se fossemos perfeitos em relação aos outros). Podemos cultivar o hábito de atentarmos para as qualidades dos amigos e como podemos ajudá-los a encontrarem a melhor forma de servir a Deus com seus dons. Somos chamados à liderança em nossas amizades de uma forma não direcionada a autopromoção e prestígio.



Devemos exercer um papel de:

Serviço (Jo 13.16).

Reconciliação (Pv 16.7; 2Co 5. 18-20).

Referência ou exemplo a ser seguido (Jo 13.15).

Frutificação (Jo 15.16).



Avaliação – aprofundando o estudo

1. ―A visão é uma imagem do futuro que produz paixão‖. - Bill Hybells". Qual a importância da visão na vida de um líder? Na sua opinião é possível ser líder sem visão?

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2. ―Ser consciente da própria ignorância é um grande passo em direção ao conhecimento‖. Em pequenos grupos discuta sobre essa afirmação e depois anote abaixo as conclusões.

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3. O fato de Abraão não negar o seu filho a Deus, mas o entregou a ponto de sacrificá-lo, revela que ele era um homem de visão? Caso a sua resposta seja sim justifique-a explicando as bases da visão de Abraão.

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4. ―Visão é uma habilidade dada por Deus para captar um vislumbre de algo que Ele quer operar através de nossa vida, se nos entregarmos a Ele‖. O que é necessário para desenvolver a visão?

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5. Qual a importância da visão no casamento?

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6. Os homens e mulheres de visão têm uma missão muito importante com relação aos amigos. Olhar além do que se vê externamente aos amigos, tentando descobrir o que Deus tem colocado no coração dos outros. Somos chamados à liderança em nossas amizades de uma forma não direcionada a autopromoção e prestígio. Devemos exercer um papel de:

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2. A ÁREA DA FÉ

Hebreus 11:6 ―De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que O buscam. Começaremos agora a abordar características do homem e da mulher de Deus no seu dia-a-dia. Características estas impossíveis de serem desenvolvidas sem a Esperança e Aliança com Deus. Porém olhando para nossa Fé, sentimos a necessidade de uma resposta aos grandes desafios que enfrentamos no dia a dia. Como exemplo, veja o texto em Efésios 6:16: “embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno”. A Fé é simbolizada aqui como um escudo, algo que nos protege das muitas flechas que nos atingem no dia-a-dia. Isto nos dá uma visão mais tática do nosso relacionamento com Deus. Além da visão de longo prazo determinada na área da Esperança. Este contexto mais tático define uma série de ações de curto e médio prazo no nosso viver com Deus. Devemos procurar materializar nossa esperança e visão nas muitas obras de nossa vida, refletindo a certeza da Aliança com Deus e também nossa Fé em sua grande obra. “Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante” (Tg 2.20).

A Fé está relacionada a um traço de caráter muito especial nos dias de hoje, a “coragem”. Na área da coragem estaremos estudando um processo no qual podemos ser capacitados a tomarmos iniciativa e nos disciplinarmos e sermos perseverantes no andar com Deus. Hybells11 mostra isso de uma forma clara: “Nossa tendência é de vivermos deslizando para baixo conforme a correnteza”. Temos alguns momentos de coragem para planejarmos a mudança de direção mas nem sempre isso acontece. “Começarei a acordar mais cedo, meu chefe prestará atenção em mim, meu casamento vai se transformar iniciarei uma dieta, tentarei ser mais prudente com minha saúde, farei exercícios físicos, economizarei mais dinheiro, iniciarei um ministério, darei mais atenção aos meus filhos, etc...” Por que isso não acontece?



Fazendo sua vida melhor

Vamos estudar agora sobre o que Deus tem a nos dizer sobre coragem, nossa aliança com a Sua obra e como podemos alcançar nossa integridade mediante a Fé em Jesus Cristo.



2.1. Coragem

2.1.1 O Objetivo de Deus quanto à coragem. Deus nos capacitou a fazer sua obra e nós não podemos nos esconder desta realidade. O texto abaixo nos fala de como Deus espera que sejamos corajosos e inconformados com nossos medos (veja 2Tm 1.7; 1Jo 4.18). Deus quer ver nossa vida entregue a Ele, e não deseja que sejamos abatidos por medo ou receio do que enfrentamos no dia a dia. Pelo contrário, ele nos deu a capacidade de sermos corajosos mas ao mesmo tempo moderados e amorosos. O modelo de coragem de Deus não é bem o que nos vem à cabeça quando pensamos neste tema. Normalmente a visão que temos é de alguém que salva uma pessoa de um incêndio ou que enfrenta o exército inimigo sem temer. Na verdade o modelo de coragem da parte de Deus é sutil e fundamental. Ele se preocupa com nossa coragem em momentos simples de nossa vida como quando tomando a decisão de dizer a verdade a um amigo, enfrentando um problema conjugal, disciplinando um filho mesmo com a dor de vê-lo sofrer, rejeitando um hábito ruim ou reconhecendo as próprias falhas e confessando-as a Deus ou a outras pessoas.

Às vezes, temos a visão clara da promessa de Deus para nossa vida, da fidelidade Dele em nos retornar a sua boa, perfeita e agradável vontade desde que estejamos dispostos a caminhar com coragem. Veja o exemplo de Josué e Calebe, eles foram enviados como espias à Canaã e retornaram relatando todas as dificuldades e riscos mas também confiando que a missão era difícil mas Deus estava do seu lado. Infelizmente quase foram apedrejados pela sua coragem e disposição. Muitas vezes temos Josués e Calebes dentro de nós, mas também temos outros pensamentos menos corajosos que nos desestimulam a tomarmos atitudes, sermos diligentes e perseverarmos na Fé (veja Nm 14.2-10



2.1.2 A Realidade de nossa limitação

Vamos analisar nossas limitações sobre 2 aspectos: O Medo e a Indolência.

(1) O Medo

O medo é uma grande realidade em nossa vida e talvez seja a maior limitação do homem e da mulher cristãos. Temos medo de envelhecer, de morrer, de enfrentarmos uma segunda-feira de trabalho, de não sermos capazes de sustentar nossas famílias, de estarmos preparado para a vida, etc. O presidente Franklin D. Roosevelt declarou, há muitas décadas: ―Não temos o que temer, a não ser o próprio medo‖. O motivo principal desta terrível limitação é o fato de que, muitas vezes, temos fé em somente nós mesmos. Esquecemos-nos de colocar nossas vidas sob o controle de Deus e quando acordamos estamos completamente aterrorizados com nossos problemas intransponíveis. Realmente quando tomamos o controle de nossa vida, algo invariavelmente irá falhar. Nesta hora sentimos o gosto terrível do medo (leia Sl 27.1; 1Pe 5.7).



(2) A indolência

Outro mal que nos atinge é a indolência. Sua característica principal é a de nos conformarmos com as situações e jamais termos a coragem de reverter a situação ou confrontar algum comportamento inadequado.

O problema da indolência é que quando menos se espera (como um ataque de ladrão), descobrimos que falhamos em fazer algo vital ou em nos prepararmos para um momento difícil. Existem homens e mulheres que se dizem injustiçados na vida. Eles culpam a família, suas esposas ou maridos e até mesmo Deus pelos seus problemas. Eles reclamam de fracassos em suas vidas profissionais, problemas de saúde, casamentos desfeitos, filhos problemáticos e solidão. Se fizermos uma análise mais profunda da vida destas pessoas encontraremos um ponto em comum: ―A indolência em suas vidas‖. Em outras palavras, elas não pouparam recursos financeiros, não se dedicaram as tarefas profissionais, não estudaram e se prepararam para o futuro, negligenciaram a educação dos filhos e não cultivaram boas amizades.



Vemos características importantes nas pessoas indolentes:

A primeira delas é a procrastinação, mais conhecida como ―Farei isso amanha‖. A preguiça é a causa principal da indolência (Pv 6.9-11).

A segunda característica da indolência está relacionada às desculpas. Somos especialistas em arrumar desculpas para não fazer algo. Seja a dificuldade, seja o risco, seja o conforto da situação. Provérbios 22:13: “Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas”.



A terceira característica do indolente é o que Hybells12 caracteriza como a preguiça seletiva. Esta terceira característica talvez seja a mais sutil de todas, pois não é claramente identificada. Selecionamos áreas em nossas vidas nas quais nos dedicamos ao extremo, somos modelos de coragem, determinação, disciplina e perseverança, contudo algumas áreas passam a sofrer de uma terrível falta de prioridade, nos tornando desequilibrados em alguns setores de nossas vidas. Isto é fácil de ser identificado, por exemplo, em executivos extremamente bem sucedidos, mas que sofrem com casamentos falidos e filhos mal encaminhados devido a sua falta de atenção nesta área. Um exemplo disto no Antigo Testamento é a vida de Eli. Ele era um líder respeitado que apesar de ser íntegro, falhou em uma área específica (a disciplina dos filhos), e isso lhe levou a ruína (cf. 1Sm 2.12-36).



Fazendo sua vida melhor

2.1.3 A Alternativa da palavra de Deus para o desenvolvimento da Coragem

(1) Iniciativa

A iniciativa é exatamente o contrário da indolência. Significa o inconformismo com algo ou uma situação. Poucas pessoas praticam ou agem com iniciativa. É muito mais fácil reclamar, justificar Curso de Liderança Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo – Edificando uma igreja de vencedores 14

ou simplesmente procrastinar. Algumas pessoas acreditam que os problemas são como vinho, com o tempo vão melhorando por si só. E assim sentam e esperam que as coisas se resolvam sozinhas.

O modelo de Deus para a iniciativa é a formiga, conforme descrito em Provérbios (6.6-8).

Duas lições a serem aprendidas com a formiga:

A primeira lição é que ela toma a iniciativa por si mesma, ela não depende de ordens ou de superiores para trabalhar e juntar alimento.

A segunda característica é que ela se programa para o futuro tendo a iniciativa no presente. Ela não procrastina, não usa desculpas, apenas trabalha.



Muitas vezes nossas palavras saem de nossas bocas antes de termos certeza que nossa motivação nos acompanhará. Provérbio dá um perfeito exemplo disso. “Em todo trabalho há proveito; meras palavras, porém, levam à penúria” (Pv 14.23). Em algumas situações acabamos nos comprometendo a tarefas por meio de promessas antecipadas e inadvertidas. Quando recebemos a fatura em nossas mãos descobrimos que perdemos a oportunidade de ficarmos calados, pois não temos a disposição nem a coragem necessárias para efetivar a promessa feita.

Um exemplo maravilhoso de iniciativa foi dado por Deus em livrar o homem das conseqüências de seu pecado. Se Deus não tivesse tomado a iniciativa de enviar Seu Filho, jamais poderíamos ter acesso a graça e a Salvação. Ele nos amou de tal modo que teve de tomar esta iniciativa (cf. Jo 3.16).

(2) Disciplina

Outra área de coragem que Deus nos mostra é a da disciplina. Ela é um dos traços de caráter mais importantes que podemos ter. Scott Peck escreve: ―Retardar a auto-satisfação é um modo de programar o sofrimento e os prazeres da vida, de forma a acentuar o prazer. Implica em começar a encarando a dor, para depois vivenciá-la, e por fim ultrapassá-la.







Algumas situações onde isso é evidenciado:

Quem é Você quando ninguém está olhando

Um garoto com seus deveres escolares para depois brincar.

Esforço inicial em um emprego antes de sentir o progresso na carreira.

Oração e estudo matinal resultando em um dia mais agradável.



Um direcionamento importante para quem quer ter disciplina é se preparar para ela. Quando tomamos a decisão antecipadamente sobre uma ação que devemos ter, fica muito mais fácil lutar contra os pensamentos desanimadores quando estes aparecem. Se você já predispor que a disciplina nesta área é inegociável, provavelmente seu corpo não terá nenhuma chance de tentar convencê-lo de que não vale a pena. Isso pode ser aplicado, por exemplo, no orçamento para o mês, na iniciativa de se fazer exercícios físicos diariamente, no planejamento de algum tempo a sós com a esposa ou mesmo de conversa com os filhos. A tomada de decisão antecipada é um fator vital em nosso relacionamento com Deus. Sem a disciplina da convivência com Deus não crescemos espiritualmente. Se quisermos crescer e desenvolver nosso potencial espiritual, temos que adotar a prática de tomar decisões antecipadamente como: Participar do corpo de Cristo, ter um tempo diário a sós com Deus ou manter a comunhão com os irmãos e servi-los.

Conseguir a disciplina com suas próprias forças é muito difícil. Devemos, primeiramente, nos entregarmos a Deus orando para que ele nos capacite em sermos disciplinados no dia a dia (leia Gl 5.22,23). A disciplina pode nos trazer recompensas em várias áreas de nossa vida como: na área espiritual, nos relacionamentos, na nossa saúde e finanças, porém, estes benefícios não são imediatos. As recompensas de uma vida disciplinada são enormes, e estão ao nosso alcance, basta estarmos dispostos a nos esforçar.

(3) Perseverança

Podemos ter a coragem de confrontar uma situação, a disciplina de iniciar um processo de transformação mas se não tivermos a perseverança de nos mantermos firmes nas horas difíceis, poderemos não conseguir concretizarmos tudo que planejamos (cf.Tg 1.12).

A perseverança é a vitória sobre a tentação da desistência. Tentamos ao longo da vida fugir das provações de Deus, quando na verdade deveríamos agradecer por elas. A adversidade nos ajuda a desenvolver a perseverança. Nossa sociedade imediatista exige resultados instantâneos e se não somos rapidamente atendidos em nossas expectativas, tendemos a desistir também rapidamente. Nos últimos anos esse desejo imediatista vem crescendo, pessoas abandonam empregos, escola, relacionamentos, buscas espirituais – tudo prematuramente. Nós podemos desenvolver a perseverança aprendendo a suportar com firmeza os momentos de maior desânimo.



Os tipos de perseverança que Deus espera de nós em nossa vida: Em nosso relacionamento com Deus, em nosso trabalho, nosso casamento, na criação dos filhos e mantendo amizades sinceras. O ato de desistir, de não perseverar, causa em geral um sentimento inicial de alívio, a doce sensação de desistir. Interessante notar que não muito tempo atrás, na época de nossos avós, o ato de desistir era considerado algo vergonhoso. Hoje, porém, não é bem assim. A própria mídia, em filmes, enaltece, às vezes, cenas de um personagem ―chutando o balde com seu patrão, rompendo o casamento e coisas do gênero. Na realidade, porém, um ato como este pode deixar uma pessoa sem emprego, uma esposa abandonada, crianças com problemas sérios. O Senhor, porém, nos ensina algo diferente (veja Mt 24.12,13).

14 Ibid

Ao sermos tentados a desistir, devemos avaliar o preço a ser pago, antes de desistirmos. Desistir não é fascinante nem aprimora nosso caráter. Deus não chama isso de benção. Na maioria dos casos, nos arrependemos pelo resto da vida. No entanto, ao enfrentarmos a forte tentação de desistir, nós descansamos na força de Deus, mantendo-nos firmes, desenvolveremos perseverança. Independente do motivo ou área na vida que nos leve à tentação de desistir, com segurança podemos pôr à prova a verdade e a fidelidade de Deus dizendo: ―Senhor, vou continuar em frente, confiando que tu vai me capacitar e manter-me firme neste momento de profundo desânimo, para que eu saia vitorioso de tudo isto. As tentações de desistir são dolorosas. Jesus sabe disto melhor que ninguém. Ele suportou todo o seu sofrimento, até a cruz. Mas graças à força que vinha do alto e por decisão própria, Jesus Cristo, o Salvador, manteve-se firme diante da tentação de desistir e possibilitou a salvação de todo ser humano.



2.1.4 A Reação para nos tornarmos Homens e Mulheres de Coragem.

Homens e mulheres de coragem no relacionamento com Deus

O Relacionamento com Deus deve ser a maior prioridade da vida de um homem e de uma mulher cristãos. Para que isso ocorra, é preciso que se tenha muita coragem. A Coragem mencionada aqui não é a que vemos nos filmes, ela, ao contrário é extremamente sutil e aplicada no nosso dia a dia. Temos a visão do que precisamos em nossas vidas, temos a certeza da necessidade do relacionamento com Deus para que tenhamos uma vida em harmonia, mas algumas vezes nos falta a coragem para tomar a decisão da mudança. A área de coragem está intimamente ligada à tomada de decisão. Para tal é vital um planejamento prévio a tomada de decisão. Se você acredita que precisa ter um tempo com Deus todas as manhãs mas deixa para tomar a decisão quando acorda, será muito mais difícil. Isso vale também quando decidindo poupar uma quantia por mês ou iniciar um período de condicionamento físico ou dieta. Tomar a decisão antecipadamente é não dar margem a sua mente tentar convencê-lo que é muito cedo, está frio ou vamos deixar o regime e exercícios para a próxima semana.

Vimos três áreas relacionadas à coragem e podemos aplicá-las diretamente no nosso relacionamento com Deus.



A primeira é: tome a iniciativa de transformar seu relacionamento com Deus. Diga um basta à indolência de ver sua vida focada nos seus objetivos pessoais e comece a prestar atenção no seu papel de colaborador à obra de Deus na Terra. Planeje um tempo diário com Deus. Pode ser alguns minutos de leitura, louvor, meditação na Palavra, etc.

Em segundo lugar, tenha disciplina em aplicar este devocional planejado. Se necessário tenha algum alerta para lembrá-lo do tempo com Deus e não deixe que nenhuma outra atividade o perturbe ou o faça desistir do planejado. Uma vez que tenha tomado a decisão e tenha tido a disciplina em executar o planejado, tenha certeza que existirão momentos de desistência, nesta hora temos o terceiro componente vital da coragem que é a perseverança. A vontade de desistir, de tirar uma folga, de achar que não consegue, que não tem tempo, etc., virá e neste momento muitas pessoas abandonam o processo. Estamos falando de semanas, meses ou anos da tentação da desistência. O ponto positivo é que também cada vez mais isto se tornará um hábito e assim cada vez mais nossa coragem se fortalecerá.





Avaliação – aprofundando no estudo

1. Em que sentido a fé está relacionada à coragem?

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2. “Queres, pois, ficar certo, ó homem insensato, de que a fé sem as obras é inoperante” (Tg 2.20). Discute em grupo a respeito deste texto refletindo sobre a relação entre fé e ação.

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3. Em que sentido o líder deve ser uma pessoa de coragem?

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4. Por que o medo e a indolência limitam a ação do líder?

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5. O que é preciso para desenvolver a coragem?

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6. O que é perseverança? Você se julga ser uma pessoa perseverante?

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2.2. Comprometimento

2.2.1 O Objetivo de Deus quanto ao comprometimento

Primeiramente, precisamos de uma boa definição de comprometimento e esta definição vem de Deus. Deus não apenas define, mas nos mostra na prática seu comprometimento conosco no fato de nunca desistir de nós (Rm 8.38,39). O comprometimento de Deus para conosco é pleno e imutável. Ele está acima de tudo que nos pode acontecer. Deus prova o que está escrito acima no envio de seu próprio Filho para nos salvar. Ele poderia ter desistido de nós logo após o pecado original de Adão, ou quando Caim matou Abel, ou quando viu a geração de Noé na terra, ou quando o povo de Israel murmurava e adorava outros deuses no deserto. Ao contrário, nada separou seu amor por nós. Ele enviou seu Filho para pagar uma dívida impossível de ser paga por qualquer ser humano. Ele honrou o compromisso inicial de nos amar incondicionalmente, porém com justiça.



A quebra do compromisso por parte do Homem:

Romanos 3:23 ―pois todos pecaram e carecem da glória de Deus‖. Pela justiça de Deus, teríamos uma dívida impagável (Rm 6.23). Pelo compromisso do amor de Deus, ele nos deu outra chance.



2.2.2 A Realidade de nossa limitação

Vamos analisar o ciclo vicioso de falta de comprometimento e verificar algumas evidências disso em nossas vidas. Vamos analisar o comprometimento sob duas perspectivas relacionadas a confiança e a gratidão. Quando estes dois componentes não existem, fatalmente o comprometimento será afetado. Esta é uma espiral negativa que pode nos levar ao fundo do poço.

Quando confiamos em nós mesmos, temos uma irresistível vontade de não nos obrigarmos a nenhum compromisso com Deus. Isso faz com que estejamos, pelo menos temporariamente no controle de nossas vidas. Porém a colheita nos vem de forma súbita e então percebemos a nossa incapacidade de controlar nossas vidas. Colhemos frutos amargos que nos limitam em termos de gratidão a Deus. A falta de gratidão por sua vez, nos leva a mais uma vez confiarmos somente em nós e então este ciclo continua até que a disposição da mudança ocorra. Um bom exemplo deste ciclo é o que acontecia ao povo de Israel no Deserto. Eles não confiavam no Senhor, em conseqüência não demonstravam compromisso com Ele, sendo assim sofriam calamidades e por fim murmuravam continuamente. Este ciclo durou 40 anos e pode também durar uma vida toda.

Existem pessoas que nunca abandonam sua auto-suficiência, elas não confiam em Deus e também não tem compromisso com ele. Elas sofrem as conseqüências da separação e por fim não compreendem seu sofrimento, culpando a Deus por isso. Com isso, elas continuam confiando em si mesmas, continuam não sendo comprometidas com Deus, continuam sofrendo as consequências de seus atos e continuamente alimentam sua murmuração, ira, angústia e amargura. Deus tem uma alternativa com relação a este processo. A seguir analisaremos a proposta de Deus para nós com relação ao comprometimento, confiança e gratidão.

2.2.3 A Alternativa da palavra de Deus quanto ao nosso comprometimento para com Ele.

Conforme mencionado, o comprometimento pode ser definido em duas partes ou componentes básicos. A confiança e a gratidão. A confiança é a certeza de que nosso compromisso não será em vão, ou seja, trata-se da visão futura dos frutos do comprometimento. Já a gratidão é a constatação de que nosso compromisso não foi em vão, ou seja, é a visão da concretização dos frutos do comprometimento.

(1) Confiança

Confiança é a garantia que nosso compromisso não será em vão, ou seja, temos certeza que Deus honrará suas promessas e que jamais nos decepcionará (Rm 8.28). Nosso compromisso de amor a Deus nos dá a certeza de que tudo cooperará para o nosso bem, não importando as circunstancias ou dificuldades, nosso destino será sempre as bênçãos de Deus (Sl 23.2).



Confiar significa descansar nos braços de Deus. Segundo Agostinho ―O que me faz descansar em ti, para que eu esqueça de minha ansiedade? Colocar-me em teus braços é a melhor coisa da vida‖. Deus nos busca mesmo quando desgarrados. Ele chamou por Adão e Eva em Genesis 3.9 logo após a queda em pecado. Deus antes de tudo é um ser relacional que se dispõe a nos ajudar e conviver conosco. Confiar nele é como colocar a vida nas mãos de um amigo fiel, de um pai zeloso ou de uma mãe protetora. Confiar em Deus e nos comprometermos a Ele sabendo de suas muitas bênçãos nos coloca em outra dimensão aqui na terra, enfrentando situações e problemas sem nos desequilibrarmos.



(2) Gratidão

Conforme mencionado, a gratidão é a constatação de que nosso compromisso não foi em vão, ou seja, é a visão de que as bênçãos do compromisso são reais e foram concretizadas em nossas vidas (Jo 10.10,11). Se temos a certeza de que Deus cumprirá sua promessa, também saberemos reconhecer as muitas benção que Ele nos tem derramado. A gratidão de que Deus tem nos abençoado faz com que esqueçamos de todas as dificuldades relacionadas ao nosso comprometimento com o Senhor (veja Jo 16.21,22).

___ A gratidão é uma atitude poderosa que poucas pessoas usam no dia a dia. Quando passamos por dificuldades, temos a tendência de nos concentrarmos tanto no problema tentando controlar a situação que nos esquecemos do nosso poderoso Deus, que por muitas vezes nos tirou do sofrimento.



2.2.4 A Reação para colocarmos em prática nosso comprometimento com Deus.

(1) O comprometimento e o relacionamento com Deus

Deus está no controle de todas as coisas, cabe a nós somente a obediência a Ele. Como vimos, temos o seguinte ciclo em nosso relacionamento de comprometimento com Deus:

Confiamos em Deus colocando-o como soberano em nossas vidas;

Firmamos o compromisso de obediência a Ele custe o que custar;

Obtemos as bênçãos prometidas aos que confiam no Senhor;

Somos gratos pelos frutos de nosso amor a Ele.



Este ciclo se repete de forma cada vez mais intensa em nossas vidas a medida que nos comprometemos ainda mais. É como um vôo de uma Águia em uma corrente térmica, ela vai ganhando altura sem precisar de esforçar batendo as asas (veja Is 40.31).

O mundo nos ensina cada vez mais a confiarmos em nós mesmos. Com isso nos vemos na obrigação de nos fadigarmos ao extremo, de sermos extremamente competitivos e sem tempo para nós mesmos. Estamos seriamente comprometidos com nosso próprio sucesso e auto-afirmação. Contudo, existe uma proposta diferente em nosso relacionamento de compromisso com Deus. Ele quer que primeiro confiemos nEle de todo nosso coração, esta confiança quando genuína nos leva a um compromisso fiel a vontade de Deus em nossas vidas. Como resultado, Deus nos garante uma liberdade e benção sem igual. Neste ponto fechamos o ciclo com a gratidão de que o fruto da obediência é sempre encontrado.

Começamos avaliando onde colocamos nossas expectativas, em quem confiamos, qual o tipo de comprometimento que temos em quem confiamos, quais os frutos que temos colhido desta confiança, comprometimento, e qual a nossa reação quando vemos que as coisas, às vezes, não saem da maneira que imaginamos.

(2) O comprometimento com Deus em nosso casamento

Da mesma forma que em nosso relacionamento com Deus, existe também um ciclo de compromisso quanto ao nosso relacionamento conjugal. Em primeiro lugar, é necessário sabermos que nosso compromisso com Deus deve vir em primeiro lugar em nosso casamento.



Vejamos nosso ciclo de compromisso sob a ótica do casamento:

Confiamos em Deus colocando-o como soberano em nosso casamento;

Firmamos o compromisso em obedecer a Deus em nossa vida conjugal;

Obtemos as bênçãos de Deus prometidas ao casamento;

Vivemos em gratidão pelos frutos de nosso casamento.



Muitos homens e mulheres abandonam seus casamentos, pois, acreditam que seus cônjuges não têm condições de satisfazerem suas necessidades e felicidade. Eles buscam então esta realização com outra pessoa, pois, na verdade não buscaram a fonte verdadeira da felicidade. Frustrados com o que percebem sobre seus cônjuges, eles não se veem no dever de nenhum compromisso, pois, acreditam que não o merece. Como resultado, vemos consequências devastadoras e por fim murmuração e penalização do outro pelos fracassos.

(3) O comprometimento com Deus entre Pais e Filhos

Vejamos nosso ciclo de compromisso sob a ótica do relacionamento entre pais e filhos.

Confiamos nossos filhos a Deus;

Firmamos o compromisso em obedecer a Deus no direcionamento de nossos filhos;

Obtemos as bênçãos de ver nossos filhos andando nos caminhos do Senhor;

Vivemos em gratidão pelo que Deus realiza na vida de nossos filhos.



O modelo de compromisso que Deus quer que implementemos para nossos filhos é o mesmo modelo que ele coloca em nossas vidas. Devemos ser firmes em nosso compromisso de educar e mostrar os limites aos nossos filhos. O problema é que muitas vezes não conseguimos cumprir o que prometemos, até mesmo quando na hora da correção. Todos sabemos como é difícil disciplinar os filhos depois de um longo dia de trabalho. É mais fácil sermos permissivos ou autoritários demais. Explicar a razão das coisas, a palavra de Deus por traz de cada ensinamento exige tempo e disposição de nossa parte.



(4) O comprometimento com Deus em nossas amizades

Vejamos um exemplo de comprometimento em relação a uma amizade.

João 15:13: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos”. Este tipo de comprometimento só é alcançado quando temos a certeza que nossas necessidades ficaram em segundo plano, ou seja quando confiamos que Deus nos suprirá de qualquer modo, não vemos problemas em entregarmos o que temos de melhor aos nossos amigos.

Novamente podemos notar o ciclo do comprometimento também presente nas amizades:

Confiar nossas expectativas a Deus;

Firmamos o compromisso de obedecer a Deus e nos oferecermos ao serviço de nossos amigos; Obtemos as bênçãos de uma amizade plena em Deus; Vivemos em gratidão pelo que Deus realiza em nossas amizades.



Jônatas nos mostra este tipo de amizade quando dá alguns presentes extremamente valiosos a Davi. Jonatas fez um acordo de amizade com Davi. Ele tirou o manto que estava vestindo e deu a Davi, com sua túnica, sua espada, seu arco e seu cinturão (1 Samuel 18:3.4)

Nosso comprometimento com nossos amigos é infelizmente proporcional ao benefício pessoal que temos com esta amizade. Para que o comprometimento seja puro e completo, precisamos nos apoderar da graça de Jesus Cristo que nos completa ao ponto de não precisarmos mais das vantagens pessoais que sempre buscávamos em nossas amizades. Jesus deu seu amor em nossa amizade de modo completo. Ele se entregou como exemplo desta amizade que dá até a própria vida pelo outro.

(5) O comprometimento com Deus em nosso trabalho



O ciclo de comprometimento no trabalho segue o mesmo processo mostrado anteriormente:

Confiar em Deus em nosso trabalho;

Firmamos o compromisso de obedecer a Deus em nosso trabalho;

Obtemos as bênçãos de Deus em nossa vida profissional;

Vivemos em gratidão pelo que Deus realiza em nosso trabalho.



Por mais que sejamos competentes em nosso trabalho, nós ainda vivemos em plena dependência de Deus em tudo que fazemos. Nossa tendência é confiarmos em nós mesmos nas tarefas do dia-a-dia, traçarmos nossos próprios objetivos e metas, nos compromissarmos cegamente a elas e por fim imaginarmos que desfrutaremos algum dia dos potenciais frutos desta dedicação desenfreada. Devemos encarar nosso trabalho como uma extensão de nosso propósito para com Deus. Devemos depender de dEle a cada momento de atividade, nos compromissando em fazer o melhor para Ele em nosso trabalho. O reconhecimento desta dedicação virá e colheremos os doces frutos de uma vida abençoada no trabalho em equilíbrio com as outras áreas da vida. Estes frutos nos fortalecerão para que tenhamos as evidências que podemos confiar em Deus mais uma vez e assim continuar o fluxo de comprometimento que nos fortalece a cada dia (Pv 12. 10-14).



Avaliação – aprofundando o estudo

1. O comprometimento de Deus para conosco é pleno e imutável. Ele está acima de tudo que nos pode acontecer. Em pequenos grupos discuta a respeito do comprometimento, refletindo sobre o seu comprometimento com Deus e Seu Reino.

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2. Quais os fatores que contribuem para a quebra do comprometimento?

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3. De acordo com o nosso estudo qual é a relação entre confiança e gratidão?

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4. Faça um resumo do comprometimento e o relacionamento com Deus, do comprometimento com Deus em nosso casamento, do comprometimento com Deus em nossas amizades e do comprometimento com Deus em nosso trabalho.

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2.3. Integridade

2.3.1 O Objetivo de Deus quanto a nossa Integridade

Integridade significa garantir que estejamos completamente submissos a vontade de Deus. Isto poderá nos colocar em uma posição privilegiada de intimidade com o Senhor. É importante sabermos antes de mais nada que quem sustenta nossa integridade é Deus e não nossa capacidade humana. Cabe a nós nos entregarmos a Ele sem resistência ou vontade própria (Sl 41.12).

Garantir nossa integridade no dia-a-dia é uma tarefa impossível aos olhos humanos. Satanás sempre nos tenta mostrar uma parte da vida onde somos vulneráveis. Ele fez isso com relação a Jó tentando encontrar uma área na qual Jó não seria íntegro. Contudo, Jó nos dá um bom exemplo de integridade. O Senhor se refere a ele como um homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal. O temor a Deus apresentado por Jó é exemplar (Jó 2.3).

Da mesma forma, Deus nos quer íntegros e por vezes permite que sejamos expostos em áreas de fraqueza, para que possamos nos aprimorarmos rumo a este objetivo de integridade. Devemos ter consciência que somos imperfeitos e pecadores, mas também devemos ter conhecimento de que fomos salvos para sermos íntegros diante de Deus. Jó era um homem comum, que simplesmente se diferenciou dos outros por sua integridade para com Deus. A graça de Deus nos atinge de forma poderosa, o Espírito intercede por nós para sermos íntegros diante de Deus. Não estamos sozinhos nesta batalha. Seremos expostos a muitas tentações em nossas vidas, não podemos mudar o ambiente no qual vivemos, mas o importante é sabermos que temos esta garantia de vitória em Jesus Cristo (veja Rm 8.26).



2.3.2 A Realidade de nossa limitação

Muitas vezes temos a inspiração e visão da vontade de Deus exposta em nossas mentes de forma bastante clara, tomamos a decisão de caminhar com Deus, contudo nos falta ainda sermos maduros o suficiente para alcançarmos a plenitude e integridade em todas as áreas de nossa vida. As tentações vêm consistentemente em áreas nas quais sabemos que somos fracos. Não resistimos a elas e sempre voltamos a estaca inicial. Isto pode ser uma dependência alcoólica, cigarro, drogas, comida, consumo, sexo, domínio da língua, controle das finanças, ira, preguiça, inveja, ambição etc., enfim temos uma vasta lista de elementos que ameaçam nossa integridade.



Três agentes lutam contra esta integridade constantemente: satanás, o mundo e a carne. Estes três elementos trabalham de forma coordenada e constante desafiando nossa capacidade em nos mantermos firmes. Eles cooperam entre si no trabalho de enfraquecer-nos através das tentações no dia-a-dia.



As tentações obedecem um ciclo sistemático conforme descrito a frente:

A tentação se inicia em uma área de suposta fraqueza;

Somos tentados a acharmos que precisamos desesperadamente nos satisfazermos; Acreditamos que temos o direito a esta satisfação; Testamos nossos limites até descobrirmos que já os ultrapassamos.



Este processo ocorreu no momento da queda do homem e persiste em praticamente toda ação contrária a palavra de Deus na Terra até os dias de hoje. Podemos notar em Gênesis que a serpente encontrou uma brecha no desejo de poder do homem. O homem foi seduzido pela crença de que precisava muito e que merecia o fruto acreditando na forma com que a Serpente deturpou a instrução de Deus. Finalmente quando deram por si, já haviam pecado. Nossa natureza permanece assim até os dias de hoje. Temos a certeza de que não podemos viver sem as coisas deste mundo, nos sentimos no direito a nossa satisfação e experimentamos o amargo gosto de ultrapassar os limites estabelecidos por Deus quando não resistimos às tentações que nos sobrevêm (cf. Gn 3.4-7).



2.3.3 A Alternativa da palavra de Deus para sermos íntegros.

Deus nos mostra uma alternativa diferente a este comportamento. Ele não vai nos tirar deste mundo por enquanto, e nos coloca a prova nas tentações, contudo, ele também nos capacita a sermos íntegros. Vejamos agora como a nossa integridade pode responder ao ciclo das tentações descrito acima. Jesus nos deu o exemplo de como enfrentar as tentações usando como arma a palavra de Deus.

Vivermos em vigilância, concentrados no plano de Deus evitando a tentação (Lc 22.40);

Temos a certeza de que não somos dependentes de nossas satisfações e emoções (Mt 4.4);

Acreditarmos que não temos o direito a esta satisfação (Mt 4.10);

Estaremos então iniciando um ciclo de fortalecimento na Palavra de Deus. Estaremos cada dia mais preparados pela palavra de Deus e seremos então cada vez mais invulneráveis e íntegros (Rm 12.2).



O processo de integridade depende de dois fatores básicos:

A autenticidade e a pureza de coração. A autenticidade trabalha em nós a questão de estarmos íntegros na dimensão interior e exterior do nosso ser, ao passo que a pureza nos garante um processo de santificação, de transformação no qual caminhamos para a semelhança a Jesus Cristo em nossos atos, palavras e pensamentos.

(1) Autenticidade

Viver com autenticidade é um dos maiores desafios do cristão. Não temos dúvidas que somos mais fortes quando compartilhamos nossas dificuldades com os outros. Mas qual a razão de não conseguirmos nos abrir com tanta facilidade?



Vejamos o exemplo de Adão logo depois da queda em pecado. A primeira reação foi a de se esconder. Ele se escondeu, pois tinha vergonha do pecado que havia feito. Da mesma forma, quando nós nos escondemos de Deus e de nossos irmãos. A vergonha de nossa fraqueza nos fecha em nosso mundo de pequenos cômodos secretos em nossas vidas. Revelá-los seria o mesmo que mostrarmos nossa incapacidade de viver segundo os preceitos de Deus. Portanto, colocamos véus sobre nossas faces de modo a preservarmos nossa imagem para com os outros. Temos muitos véus a nossa disposição: O véu da religiosidade, do trabalho em excesso, da superficialidade, do isolamento, da ironia, do intelectualismo, etc.



Um bom exemplo de autenticidade é uma criança. Ela não consegue controlar seus músculos faciais tão bem quanto um adulto. Se ela não gosta de algo, isto é demonstrado imediatamente em seu rosto. Outro exemplo é Jesus Cristo. Ele nos mostra uma regra infalível de autenticidade no Getsêmani, pouco antes de ser preso. Ele sabia o que lhe esperava e estava realmente angustiado com isso. Neste momento Jesus pode experimentar a terrível sensação de angústia do ser humano. Ele reagiu com autenticidade e não escondeu seus sentimentos tentando mostrar-se forte. Ao contrário as duas primeiras reações foram:

Mostrar seus sentimentos e que estava sendo provado ―A minha alma está profundamente triste até a morte....

Pedir ajuda a oração dos irmãos ―....ficai aqui e vigiai comigo (Mt 26.38).



(2) Pureza

Deus nos deu a sua palavra como arma infalível contra as tentações e ataques malignos. Contudo, ela deve estar enraigada em nossas mentes para que possamos usá-la nos momentos necessários, conforme vemos a reação de Jesus à tentação no deserto. Ele usou a palavra de Deus respondendo sempre: ―Está escrito..

Em maior ou menor grau, somos todos vulneráveis em certos aspectos. Seja com relação a hábitos ruins, descontrole da língua, vícios ou outras áreas de dependência. A pureza é alcançada em um longo processo de transformação que se inicia de forma eficiente na Graça da Salvação em Jesus Cristo. Mas, ao contrário do que superficialmente é visto, não ocorre instantaneamente. No princípio, ocorre a visão da obra de Deus e dos princípios da vida cristã, contudo dependemos de uma longa jornada de coragem, compromisso, integridade e amor. Curso de Liderança Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo – Edificando uma igreja de vencedores 23

Como homens, estamos sujeitos a tentações específicas. Por exemplo: somos muito mais vulneráveis na área sexual que as mulheres. As muitas batalhas do homem contra as tentações sexuais nos dias de hoje. Alguns passos básicos usando as escrituras como arma eficiente contra este tipo de tentação.

Tenhamos em mente algumas armas muito eficientes nesta luta:

A Batalha de Todo Homem (Se preparando para a Batalha). Tenha em mente seu plano de batalha. Esta é a nossa linha de frente estando preparado antes que a tentação ocorra. Temos um exemplo disso na postura de Jó com relação ao pecado sexual, “Fiz uma aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?” (Jó 31.1).

(Não preciso disso). Nossa mente nos tenta convencer que precisamos muito nos satisfazer emocionalmente ou fisicamente. A resposta para este engano é que a Graça de Jesus Cristo nos é suficiente. Ou seja, não precisamos tão desesperadamente satisfazer nossa mente e corpo (2Co 12.9).

(Não tenho este direito). Assim como foi Eva, as tentações aparentam sempre mais amenas do que são em realidade, ou seja, é infiltrada em nós a idéia que de alguma forma temos o direito a nos satisfazermos. A resposta para isso é simples: não temos este direito! No caso sexual por exemplo, não somos donos de nossos corpos portanto não temos o direto de usá-lo como quisermos (1Co 6.19,20).

(Tema as consequências). Quando não resistimos, nos colocamos a mercê da disciplina de Deus e colhemos os frutos de nossos atos (Gl 6.7).



Avaliação – aprofundando no estudo

Em pequenos grupos discutam sobre o conceito de integridade, autenticidade e pureza. Anote a baixo as conclusões que vocês chegarem.

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3. A Área do Amor

James Hunter faz uma comparação entre o amor definido em nosso contexto humano e o definido no contexto da vida de Jesus. Ele traz algumas definições humanas de amor tais como: Forte afeição, ligação calorosa, atração baseada em sentimentos sexuais. De modo diferente, ele também sita algumas definições do grego para a palavra amor:

Eros – Atração Sexual ou desejo ardente.

Storgé – Afeição entre membros familiares.

Philos – Amor fraternal ou recíproco.

Agapé – Amor incondicional e sacrificial.



A característica principal do Amor Agapé é que não se trata da definição de um sentimento, mas uma ação ou comportamento. Uma curiosidade nesta área é que podemos associá-la a todas as outras definições estudadas neste trabalho. Ou seja, não é difícil nem estranho associar a palavra amor a: Visão, Discernimento, Liderança, Coragem, Iniciativa, Disciplina, Perseverança, Comprometimento, Confiança, Gratidão, Integridade, Autenticidade, Pureza, Compaixão, Sacrifício, Firmeza, Perdão, Mansidão, Empatia, entre outras...



3.1. Compaixão

3.1.1 O Objetivo de Deus quanto a compaixão.

Jesus nos mostra uma definição de compaixão desvinculada de religiosidade na parábola do bom samaritano. O sacerdote e o levita viram o viajante machucado, mas passaram ao lado e não se envolveram. Já o samaritano, não religioso ajudou o ferido, porque realmente praticava a compaixão (Lc 10.30-37).

A questão principal aqui é que Deus quer que sejamos compassivos sem nos preocuparmos com o que ganharemos com isso ou por outro lado, quanto perderemos ou seremos incomodados por isso. Deus nos mostra que compaixão é exatamente isso, sair da zona de conforto para através de algum sacrifício não recompensável, agir de modo compassivo com os outros. Um fator importante na compaixão analisado neste estudo é a empatia ou capacidade de nos colocarmos na pele da outra pessoa. Ser compassivo não é simplesmente sentir pena. Existe uma diferença muito grande entre sentimento e ação. Sentimento está relacionado a visão mas sem a ação correspondente, pouco se agrega. Bill Hybells17 menciona que devemos tratar as pessoas da mesma maneira que Jesus Cristo. Ouvindo seus apelos, perdoando-os, estando ao seu lado nas dificuldades, etc.



3.1.2 A Alternativa da palavra de Deus quanto a nossa compaixão.

Ao contrário do que se imagina, a compaixão não fica restrita somente a área de sacrifício, apoio, e ajuda como se vê no caso do bom samaritano. Existem situações quando podemos mostrar compaixão não sendo indolentes e omissos quando enxergamos necessidades de mudança no coração do irmão. Este é o lado firme da compaixão. O mesmo mecanismo que nos faz sairmos da zona de conforto para ajudar alguém também se aplica para sairmos da zona de conforto e confrontarmos alguém o qual sabemos que esteja em um caminho errado.

Vamos detalhar mais a frente como podemos exercer estes dois lados diferentes do amor: 1)

Amor Sacrificial; e 2) Amor Firme.



Sacrifício

O Amor compassivo exige sacrifício. Sempre que somos desafiados a sermos compassivos, de algum modo temos algum sacrifício envolvido. Esta é a razão de alguns serem contrários a ideia da compaixão. Ainda sobre o texto do bom samaritano. Coloque-se no lugar do Sacerdote ou Levita em alguma situação nos dias de hoje. Você vê alguém caído na estrada, aparentemente ferido e precisando de ajuda. Provavelmente iremos ajudar, mas sem dúvida algumas questões virão a nossa mente como por exemplo: Isso vai me atrasar; Terei de prestar depoimento à polícia e talvez seja até acusado; Pode ser um ladrão fingindo;



O que nos fará sem dúvida parar o carro e prestar socorro é:

Poderia ser meu filho; Devo amar esta pessoa como Deus a ama; Existe uma família dependendo desta pessoa; Existem filhos esperando por ele.



Podemos notar a diferença com que podemos encarar uma situação como esta. De qualquer modo devemos nos preparar para sempre estarmos dispostos a nos sacrificarmos pelos irmãos. Jesus mostrou claramente sua compaixão para conosco desde em situações específicas como nos milagres, mas também em sua missão principal como Salvador do mundo (veja Mt 5.19; 15.32).



Firmeza

O outro lado da compaixão é o Amor firme. Trata-se de nossa capacidade de confrontarmos as pessoas que amamos de forma edificante e corajosa. O desafio aqui é viver na verdade. Em algumas situações nos conformamos com a chamada falsa paz. Ela nada mais é do que um ambiente de superficialidade onde qualquer conflito deva ser evitado. Isso acontece quando não temos coragem ou amor suficiente para dispararmos o processo de confronto às atitudes ou sentimentos inadequados das pessoas que amamos.

Existem pessoas que arrastam amarguras e frustrações a vida toda sem terem a coragem de confrontar situações. Sob outra ótica, podemos estar a frente de pessoas feridas por condutas inadequadas ou pecados escravizadores e nós simplesmente passamos ao lado delas como o Sacerdote ou Levita e não temos a coragem de ajudá-las.



As razões neste caso são normalmente:

Vai estragar nossa amizade;

Ela não entenderia;

Cada um é dono de sua vida;

Não tenho intimidade o bastante;

Ela aprenderá por si mesma.



Ser firme e dizer a verdade não significa ser arrogante, irônico, frio ou parecer superior. Antes de falar a verdade temos de nos preparar para que uma mensagem de amor seja dada antes para a pessoa em questão. Devemos mostrar de forma clara que desejamos a edificação da pessoa e por isso resolvemos confrontá-la em algum assunto.

Um bom exemplo é o de Natã e Davi. Davi precisava que alguém lhe dissesse a verdade sobre o pecado que escondia. Natã se aproximou de Davi e de uma forma muito particular revelou a verdade sobre seu pecado (veja 2Sm 12.1-7).



3.2. Perdão

3.2.1 O Objetivo de Deus quanto ao Perdão

Já vimos até aqui muitos desafios na vida como cristão. Quando um cristão consegue atingir um nível de maturidade adequado em todos estes aspectos, sem dúvida pode ser considerado ricamente abençoado no relacionamento com Deus.

Porém, ainda existe uma última área especialmente importante e difícil para pessoas altamente religiosas:

O Perdão

O perdão deve ser incondicional, ou seja, não importa a situação, devemos perdoar reconhecendo o perdão de Deus para conosco quando ofereceu Cristo para morrer por nós. Vivemos em um contexto de relacionamentos imperfeitos pois somos imperfeitos. Infelizmente esquecemos de nossas imperfeições quando exigimos nossos supostos direitos (Cl 3.13). Devemos nos lembrar continuamente de alguns componentes do perdão de Deus para que possamos também exercer o perdão em nossas vidas.



Nós lidamos com nossas amarguras de um modo muito particular. É incrível como nos sentimos tão atraídos por algo que nos machuca tanto. É como agarrar a um porco espinho e não deixá-lo ir. Quanto mais o apertamos contra nosso peito mais sentimos dores mas nem por isso o deixamos. Existe uma história parecida com relação a como os esquimós caçam os lobos. Eles enterram uma faca com a lâmina para cima no gelo e depositam uma pequena quantidade de sangue na ponta afiada. O lobo sente o cheiro de sangue, e desesperadamente começa a lamber a lâmina. Com isso ele também corta sua boca e assim deposita ainda mais sangue na lâmina, este processo continua atraindo ainda mais lobos para a faca, com isso eles acabam morrendo de hemorragia... Se você ainda não encontrou uma relação com a amargura, deixe-me explicar. Nós temos a tendência de nos apegarmos a este sentimento de uma forma inexplicável. Sentimos uma atração terrível em mantê-lo ao mesmo tempo que nos destruimos com ele. O Perdão vem interromper este processo fazendo com que não estejamos mais presos a este sentimento. Na verdade quando perdoamos, libertamos a nós mesmos e a pessoas em questão da prisão de nossa amargura (veja Hb 12.14).



3.2.2 A Alternativa da palavra de Deus quanto ao Perdão.

Veremos agora dois componentes preciosos do Perdão. A Mansidão e a Empatia. Ser manso e humilde implica em estar ciente das muitas limitações que temos, ao mesmo tempo se temos a empatia, temos a capacidade de nos colocar no lugar das pessoas, entendendo suas fraquezas, dúvidas, necessidades e limitações.

Mansidão

Jesus se coloca como o exemplo vivo de mansidão. Ele viveu uma vida simples e se humilhou até a morte por nós, não merecedores de seu sacrifício (Mt 11.29).

Uma das características de uma pessoa amarga é a inquietude. Ela se apresenta sempre relembrando sua amargura ou buscando meios de vingar-se. Note que o texto menciona o descanso para aqueles que encontram a mansidão.

Empatia

Empatia é a habilidade de nos colocarmos no lugar dos outros e vermos as situações com a perspectiva de outra pessoa, respondendo a elas entendendo os impactos e sentimentos dos outros. A falta de empatia nos mostra sempre as vantagens que podemos ter em tudo esquecendo da expectativa que os outros tem. Deus mostrou sua empatia conosco se colocando no lugar de nós através de Jesus Cristo. Ele pode sentir o que sentimos quando tristes, alegres, preocupados, angustiados, etc. Quando pedimos a ele ajuda em nossas orações por estarmos passando por alguma aflição, tenha certeza que ele compreende exatamente o que sentimos.



3.2.3 A Reação para colocarmos em prática o Perdão.

O Perdão e o relacionamento com Deus. Ele nos mostra algumas características de Perdão em seu relacionamento conosco.

Algumas destas características:

Devocional para Casais Perdão não é uma sugestão de sentimento. A mensagem de Deus é muito mais relacionada a ação do que a um sentimento. Não devemos imaginar que deveremos esquecer o que perdoamos. A situação estará gravada em nossas mentes, contudo se não lembrarmos com amargura e se não retornarmos ao passado constantemente, será apenas uma informação a mais em nossas mentes. Não devemos condicionar o Perdão a uma postura ou mudança da outra pessoa envolvida. Perdoar é doloroso e vai nos custar muito, porém não espere nenhuma recompensa humana antes de tomar esta decisão. Tema ao Senhor. Não perdoarmos os outros é um forte indicativo que ainda não compreendemos o perdão de Deus para conosco.



Quando chegamos até Deus pedindo perdão pelas nossas falhas, temos um sentimento de arrependimento e agradecemos pela graça do perdão de Deus e pelo sacrifício de Jesus Cristo. Pouco tempo depois disso somos capazes de voltar-nos para nossos irmãos cobrando-os intensamente. Esta nossa característica de dificuldade de perdão nos faz lembrar do Servo devedor em Mateus 18:27-35. O senhor do servo perdoou a sua dívida, mas este pouco tempo depois não foi capaz de perdoar a dívida de seu conservo.

“E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves. Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que se havia passado, entristeceram-se muito e foram relatar ao seu senhor tudo que acontecera. Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”.

Veja no texto anterior a reação do Senhor diante a postura do servo para com o conservo. Deus nos vê da mesma forma quando somos incapazes de perdoar. Alguns carregam uma longa e antiga lista de mágoas. Esta lista se mantém latente, aparecendo ainda viva em situações de discussões familiares. Devemos nos lembrar que também Deus tinha uma longa lista de dívidas nossas para com Ele, contudo esta lista foi cancelada e, portanto, devemos fazer o mesmo para com a lista que temos com as pessoas que nos relacionamos.







Avaliação – aprofundando no estudo

1. Qual a relação entre amor e perdão?

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2. Faça um resumo do que você aprendeu nessa matéria.

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CURSO DE LIDERANÇA – PARTE II



Liderança Natural e Espiritual

Definição de Liderança

Liderar é influenciar. É a habilidade de uma pessoa de influenciar a outros.

Liderar é a capacidade e vontade de reunir homens e mulheres em redor de um objetivo comum, é o caráter que inspira confiança. (Bernard Montgomery)

―Existem somente três tipos de pessoas – os que estão imóveis, os que são móveis e os que os movem. (Li Hung Chang)

Bob Biehl: Liderança é sabe qual é a próxima coisa a fazer, porque fazê-lo é importante e como mobilizar os recursos necessários para realizá-la.

Liderança é tanto uma arte como uma ciência. É bem sabido que o êxito e o fracasso de qualquer grupo ou organização, seja religiosa ou secular, é determinado pela qualidade de seus líderes.

“Liderar é ter a capacidade de ajudar as pessoas a entender o lugar onde elas se encontram, a desenhar o futuro e a descobrir meios de realizá-lo, e acima de tudo fazê-las acreditar que têm capacidade”. (Roberto Shinyashiki)



Liderança Espiritual

É um misto de qualidades naturais e espirituais. As qualidades naturais não são feitas por si próprio, mas são dadas por Deus, portanto alcançam sua maior efetividade quando são empregadas a serviço de Deus e para sua glória.

Enquanto que a personalidade é uma qualidade principal na liderança natural, a liderança espiritual influencia aos homens através de uma personalidade irradiada, equipada e fortalecida pelo poder do Espírito Santo.

Uma vez que a liderança espiritual é gerada por um poder espiritual superior, nunca poderá ser gerada por vontade humana. Não existe um líder espiritual que se tenha formado a si mesmo. Sua influência é resultado do Espírito Santo operando nele e agindo através dele numa medida maior do que naqueles a quem ele dirige.

O líder espiritual influencia a outros não pelo poder de sua personalidade, mas por uma personalidade que é habitada, controlada e “empoderada” pelo Espírito Santo.” J. Oswald Sanders

Comparação de Liderança Natural e Liderança Espiritual:

Líder Natural x Líder Espiritual

Confia Somente em Si Mesmo Confia em Deus

Conhece os Recursos Humanos Também conhece a Deus

Decide Sozinho Busca a vontade de Deus

Ambicioso Humilde

Depende Apenas de Métodos Próprios Busca e segue métodos de Deus

Gosta de comandar outros Deleita-se em obedecer a Deus

Motivado por razões pessoais Motivado por Deus e pessoas Independente Depende de Deus



Características da Liderança Espiritual

Liderança espiritual é a união de qualidades naturais e espirituais de uma pessoa a serviço de Deus para Sua Gloria.



Liderança Espiritual na Vida de Moisés

1. Começa com um chamado

―E vendo o Senhor que ele se virara para ver, chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés! Respondeu ele: Eis-me aqui (Êx 3.4).

2. A visão é dada por Deus

―Agora, pois, vem e eu te enviarei a Faraó, para que tireis do Egito o meu povo, os filhos de Israel (Êx 3.10).

3. Envolve a ação de seguir a orientação do Espírito Santo

―Tomou, pois, Moisés sua mulher e seus filhos, e os fez montar num jumento e tornou à terra do Egito; e Moisés levou a vara de Deus na sua mão (Êx 4.20).

―Ele vos dará um outro consolador... (Jo 14.16).

4. As habilidades são dadas por Deus

―Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar (Êx 4.12).

5. Os dons são sobrenaturais

―E se ainda não crerem a estes dois sinais, nem ouvirem a tua voz, então tomarás da água do rio, e a derramarás sobre a terra seca; e a água que tomares do rio tornar-se-á em sangue sobre a terra seca (Êx 4.9).

6. Reflete o Caráter de Deus

―Ora, Moisés era homem mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra (Nm 12:3).

―Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio; contra estas coisas não há lei (Gl 5.22,23).

“Líderes espirituais entendem que Deus é seu líder”

Henrique e Ricardo Blackaby

“Liderança é a arte de fazer com que o trabalho seja bem realizado por outras pessoas.”

Daniel Goleman



CARACTERÍSITCAS DE UM LÍDER CRISTÃO

O LÍDER SERVO

O tipo de liderança que Cristo requer de quem lidera a Sua igreja é uma liderança servil. Isso é confirmado por Mateus 20.25-28, quando Jesus chamou os apóstolos e lhes disse: “Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.

Analisemos em que consiste a liderança servil.

Os dois termos líder e servo parecem opostos. É possível um líder da igreja ser um servo, ou um líder da igreja liderar servindo? Consideremos os seguintes exemplos do cotidiano:

(1) Os pais lideram servindo os filhos. Pense numa filha recém-nascida num lar em que é amada. Quando essa criança aparece nesse lar, tudo muda para o casal. Suas agendas são diferentes; eles têm novas prioridades, novos interesses, novas maneiras de gastar dinheiro. Quando o bebê chora, a mãe e o pai não só se levantam prontamente, como também correm para ver se há algo errado. A menor necessidade expressa da forma mais limitada pela pequenina filha é rapidamente suprida pelos pais. Quem é o responsável por esse lar? Obviamente, a mãe e o pai. Num lar cristão, a filha aprenderia a obedecer aos pais. O mundo dos pais gira em torno dela. E tudo continuará assim, durante as idas à escola, os acampamentos, a escola bíblica de férias, a escola dominical, até os sacrifícios para que ela ingresse na faculdade. Os pais exercem liderança sobre os filhos, mas fazem isso servindo-os.

(2) Maridos lideram servindo suas esposas. Num lar cristão, o marido é o responsável. Pelo menos, o marido é a cabeça da esposa, e a esposa é submissa a ele (Ef 5.22.24). Para um bom marido cristão, liderança envolve o quê? Ele organiza os horários, toma decisões e governa o lar em benefício próprio? Está preocupado somente consigo mesmo? A mesma passagem bíblica que indica que ele é o cabeça da mulher também diz que ele deve amar sua mulher assim como Cristo amou a igreja, assim como ele ama a si mesmo (Ef 5.25, 28, 33). Isso significa que o marido considera os desejos e necessidades dela, no mínimo, tão importantes quanto os dele, enquanto lidera o lar. De fato, o exemplo de Cristo sugere que ele coloque o bem dela acima de si mesmo. O marido cristão não toma nenhuma decisão sem considerar como esta afetará a esposa. Como ele lidera a esposa? Ele lidera servindo!

(3) Bons executivos lideram servindo seus empregados. No local de trabalho, o chefe geralmente consegue que seus seguidores realizem o trabalho da melhor maneira para ele, quando também lhes comunica: Quero fazer o que é melhor para vocês. De fato, se os líderes servirem, paradoxalmente, descobrirão que os que se beneficiam com o seu serviço estão igualmente dispostos a servir e seguir sua liderança.



1. Jesus exige a liderança servil?

O que Jesus ensinou sobre liderança? A resposta é sugerida pelas reações de Jesus quando, em pelo menos três ocasiões, Seus discípulos discutiram entre si sobre quem seria o maior no reino. Era de se esperar que tal pergunta surgisse. Os doze estavam sendo preparados para exercer liderança, e era simplesmente natural que pensassem em quem seria o maior entre eles.



A primeira ocasião está registrada em Mateus 18.1-4 (cf. Mc 9.33.37; Lc 9.46-48). “Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus? (v. 1). Jesus respondeu colocando uma criança diante deles. Disse Jesus: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. (vv. 2, 3). A seguir, acrescentou: .Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. (v. 4)”. Jesus não repreendeu os discípulos por almejarem ser grandes. Em vez disso, Ele lhes mostrou um outro caminho para a verdadeira grandeza: o caminho da humildade. Se quisessem ser verdadeiramente grandes no reino dos céus, precisavam se tornar humildes. A humildade exige uma disposição para aceitar um papel inferior (como o papel de uma criança). Ademais, usando o exemplo de Jesus em Filipenses 2:3.8, humildade envolve considerar os outros superiores a si mesmo, renunciar a privilégios para agir como um escravo ou servo e ser obediente.

A segunda ocasião encontra-se em Mateus 20.20-28 (cf. Mc 10.35-45). Observemos a seqüência dos acontecimentos. A mãe de Tiago e João pediu um tratamento preferencial para os seus filhos (vv. 20, 21). Jesus respondeu que não Lhe competia conceder tal privilégio (vv. 22, 23). Os demais apóstolos ficaram indignados com os dois irmãos (v. 24). Depois disso, vieram as contundentes palavras de Jesus: .Não é assim entre vós.... (vv. 25.28). As palavras de Jesus não foram ditas apenas para Tiago e João; foram direcionadas a todos os apóstolos. Afinal, se os dez apóstolos estavam preocupados apenas em servir, que importava se Tiago e João ficariam à esquerda ou à direita de Jesus? Se estivermos interessados apenas em fazer o bem que pudermos, que diferença faz quem é o responsável ou quem leva os créditos? Através da raiva, os outros apóstolos demonstraram que também ambicionavam posições de honra, assim como Tiago e João. Que lições Jesus ensinou com a Sua resposta em Mateus 20:25-28?

1.1. O reino dos céus é diferente dos reinos deste mundo. No mundo, as pessoas brigam por posição, agarram-se no caminho que leva para o alto, buscam glória e honra, governam seus subalternos com mãos de ferro, e se ofendem quando suas realizações são ignoradas. No reino de Deus, por outro lado, não é assim! Se só essa mensagem penetrasse nossas mentes e corações, a maioria dos problemas de liderança que enfrentamos desapareceria!





1.2. No reino de Deus, o caminho para a grandeza é a do serviço. O desejo de ser grande não é repreendido; mas meramente redirecionado. Como você pode ser grande? Veja quantas pessoas pode servir, quanto pode servir, e como pode servir! Torne-se um escravo!

1.3. O exemplo de Jesus deve guiar as vidas do Seu povo. Ele .não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos. (Mt 20:28; Mc 10:45). As palavras de Paulo nos ajudam a entender a vida de serviço de Jesus, ao dizer que não devemos agradar-nos a nós mesmos, mas sim, cada um de nós agrade ao próximo... Porque também Cristo não se agradou a si mesmo. (Rm 15.1.3). Paulo também disse: “....sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2 Co 8.9) e Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela (Ef 5.25). Assim, Cristo deixou-nos um grandioso exemplo de liderança servil. Quem exerce liderança na igreja do Senhor precisa procurar meios de servir, em vez de ser servido. O líder pode se tornar mais parecido com Cristo buscando agradar os outros, não a si mesmo, estando disposto a enriquecer os outros em detrimento de si mesmo e amando os outros o bastante para morrer por eles.

A terceira ocasião ocorreu na noite em que Jesus foi traído. João contou que Jesus levantou-se da mesa durante a última ceia, envolveu uma toalha em torno de Si e lavou os pés dos discípulos (Jo 13:1.17). Por quê? Lucas 22.24-27 fornece um contexto para as atitudes de Jesus:



“Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve”.

Quando Jesus lavou-lhes os pés, Ele estava entre eles como quem serve. Mesmo na noite da traição de Jesus, pouco antes de Sua morte apesar do fato de Jesus ter tratado do assunto antes, os discípulos ainda estavam discutindo sobre a mesma questão! Parecia que eles nunca aprendiam! De acordo com Lucas, Jesus deu-lhes a mesma resposta que dera anteriormente. Todavia, de acordo com João, Jesus fez mais do que isso. Ele lavou-lhes os pés e depois disse:

“Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes” (Jo 13:15-17).

Ele mostrou aos discípulos que, em vez de se preocuparem em serem reconhecidos como os maiores no reino, deveriam estar dispostos a se rebaixar para realizar o trabalho do servo mais inferior, para fazer o serviço mais sujo que se podia imaginar, mesmo que fosse para o bem de pessoas que não entendessem nem se importassem e que até se opusessem a eles.

Nas três ocasiões em que Jesus flagrou Seus discípulos discutindo a questão de quem seria o maior, Ele mostrou que eles deveriam ser líderes que servem. Se aqueles que podiam falar por inspiração e com a autoridade de Jesus deveriam ser líderes que servem, será que Ele não exige o mesmo dos líderes da igreja de hoje?



2. O que a liderança servil requer?

Os líderes da igreja devem, portanto, ser líderes servos. O que isso significa? O que se requer de um líder servo?

2.1. Ver-se como um Servo. A liderança servil requer, primeiramente, que os líderes se vejam como servos. Os líderes, por exemplo, podem se ver como pessoas que ocupam uma posição de honra; daí podem concluir que os membros devem servir-lhes. Se forem líderes servos, não vão esperar serem servidos ou receber honras e louvores pelo seu papel. Pelo contrário, verão a si mesmos como parte da igreja, servindo e apoiando, para que os membros, por sua vez, se tornem melhores servos. (Veja Ef 4:11, 12). Verão sua posição como uma oportunidade, não para dirigir nem dar ordens, mas para ajudar cada cristão a se desenvolver ao máximo espiritualmente e ir para o céu. Tais líderes não se aproximam das pessoas dizendo: aqui estão minhas ordens para você, mas dizendo: posso ajudar?

2.2. Identificar-se com o Grupo. Em segundo lugar, líderes servos de verdade não se mantêm à distância do grupo que lideram como uma atitude do tipo eu/eles: Eu sou bom; eles. são ruins; eu sou dedicado, eles são indiferentes; eu conheço a Bíblia, eles são ignorantes. Em vez disso, eles se vêem como parte do grupo.

Esdras nos deu um bom exemplo neste sentido quando descobriu que os judeus se casaram com as filhas dos cananeus, desobedecendo à ordem de Deus de não se misturarem com os povos pagãos daquela terra. Aqui está a reação de Esdras:

―Ouvindo eu tal coisa, rasguei as minhas vestes e o meu manto, e arranquei os cabelos da cabeça e da barba, e me assentei atônito... Na hora do sacrifício da tarde, levantei-me da minha humilhação, com as vestes e o manto já rasgados, me pus de joelhos, estendi as mãos para o Senhor, meu Deus, e disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a face, meu Deus, porque as nossas iniqüidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa cresceu até aos céus. Desde os dias de nossos pais até hoje, estamos em grande culpa...(Ed 9.3-7).



Embora não haja indícios de que o próprio Esdras tenha se casado com uma mulher daquelas terras, ele falou do incidente como se a culpa fosse dele. Embora sua reação possa ser explicada, em partes, pela consciência de que era membro da comunidade de Israel, é óbvio que Esdras identificou-se com o povo que ele conduzia. Os líderes da igreja de hoje devem se identificar com aqueles que são liderados por eles se quiserem ser líderes servos.

2.3. Colocar os Outros em Primeiro Lugar. Em terceiro lugar, os líderes da igreja precisam colocar o bem-estar dos membros acima do seu próprio bem-estar. Não procuram agradar a si mesmos, mas, como Cristo, procuram agradar os outros (Rm 15.1-3). ―Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação....

Moisés deu um exemplo para os líderes quando, após os israelitas pecarem no deserto e Deus ameaçar destruí-los e fazer de Moisés uma grande nação, ele rogou por eles, dizendo: Ora, o povo cometeu grande pecado... Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste. (Êx 32.31, 32). Era impossível Moisés tomar sobre si a culpa deles; então disse Deus: ―Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim (Êx 32.33). Apesar disso, Moisés mostrou que o bem das pessoas que ele guiava era mais importante para ele do que considerações pessoais (cf. Rm 9.2, 3).

As decisões dos líderes servos não se baseiam meramente nas suas preferências nem no que será bom para a liderança, mas no que será bom para o rebanho. Tudo o que ele diz, faz e decide tem por objetivo o aperfeiçoamento da igreja. Exemplificando, se os líderes preferem iniciar o culto dominical às 10h, mas quase toda a congregação prefere às 9h, os líderes servos concordarão que é preferível o horário das 9h para o bem da igreja, embora eles mesmos não tenham escolhido esse horário.



2.4. Empenhar-se em Servir. Em quarto lugar, os líderes da igreja devem investir tempo e esforço no trabalho; isto é, devem trabalhar! O papel de um servo é trabalhar; de maneira semelhante, o papel de um líder servo na igreja é trabalhar também. Paulo disse: ―Se alguém quer muito ser bispo na igreja, está desejando um excelente trabalho (1 Tm 3.1; NTLH). Paulo não disse que o líder deseja uma posição de grande importância, grande honra ou considerável glória. Servir como um líder envolve trabalho! De fato, ainda que um homem tenha sido constituído líder em busca de glória e não tenha o desejo de servir a igreja, ele provavelmente descobrirá que é impossível escapar do papel de servo. E descobrirá que o papel do líder tem pouco a ver com honra e muito a ver com trabalho (serviço). No que diz respeito a honra., ele provavelmente descobrirá que se o trabalho da igreja local vai bem, o pregador é elogiado; mas se o trabalho vai mal, os líderes são culpados. Em vez de receber glória de homens, ele descobrirá que o trabalho geralmente envolve horas em reuniões, longas noites, trabalho físico, encontros freqüentes com membros descontentes e desanimados, visitas aparentemente infrutíferas, preocupação com os fracos e infiéis e frustração por não ver mudança em certas pessoas. A liderança da igreja requer serviço!



2.5. Tratar Amavelmente os Outros. Em quinto lugar, os líderes devem tratar a congregação de maneira amável e cordial. Nenhum líder pode servir os outros e, simultaneamente, agir de maneira altiva, arrogante, indelicada para com eles. Em vez de agir indelicadamente com aqueles a quem devem servir, os líderes da igreja poderiam aprender uma lição com o apóstolo Paulo. Paulo foi um grande líder em várias congregações da igreja do Senhor. Como Paulo exercia liderança nas igrejas? Ele sempre dava as ordens? Ele as tratava rispidamente? Ao lermos sua carta, percebemos que, como regra geral, suas palavras eram amáveis. Visavam sempre ao bem dos destinatários. Em 1 Ts 2.5-12, vemos um bom retrato de um líder servo em serviço.







Líderes servos tratam amavelmente os outros, como mãe cuida dos próprios filhos. Dão de si mesmos porque aqueles que eles lideram lhe são muito queridos. Trabalham dia e noite, se necessário, para concluir suas tarefas. Procedem piedosa, justa e irrepreensivelmente para servirem de exemplo para a igreja. Sempre tratam cordialmente os que olham ou não para eles como liderança, como pai a seus filhos. Verdadeiros líderes servos têm como alvo ajudar os cristãos a viverem por modo digno de Deus.



2.6. Exercer Liderança através do Exemplo. Em sexto lugar, é necessário que os líderes servos exerçam liderança através do exemplo. Eles não dizem simplesmente aos outros o que fazer; mas mostram-lhes o caminho como Jesus mostrava, indo adiante deles. (1 Pedro 5.3). Um homem bom demais para sujar as mãos limpando o prédio da igreja, espiritual demais para lavar louças após um jantar trivial, ou ocupado demais com pessoas importantes, não ter tempo para os necessitados, não é um líder servo. Os líderes da igreja jamais devem pedir aos membros que façam o que eles não estão fazendo, nunca fizeram e não estão dispostos a fazer! Uma tropa de soldados dificilmente atenderá um oficial que diz: Invadam aquele morro e tomem o armamento do inimigo! Eu vou ficar aqui, de onde tenho uma boa visão da ação.. Mas, é mais provável que atendam o oficial que diz: Siga-me! Vamos tomar aquele armamento! Um antigo ditado parece apropriado: ―Não se ensina o que não se sabe; e não se guia para onde não se vai.



CONCLUSÃO

Talvez possamos resumir parte do que foi exposto nos seguintes termos: Líderes servos na igreja procuram servir em vez de serem servidos. Procuram oportunidades para servir, e não proeminência, poder ou honra. Entendem que, enquanto liderança, eles existem para o benefício da igreja; e não o contrário. Consideram-se parte da congregação, não uma elite acima dela. Estão menos preocupados consigo mesmos, e sim com o rebanho. São motivados pelo amor a fazer o que é melhor para a congregação. Estão dispostos a dar de si mesmos, sacrificar-se até a morte para beneficiar as ovelhas. Estão cientes de que liderança é um trabalho e estão dispostos a investir tempo e esforço fazendo isso. Tratam amavelmente os liderados. Exercem liderança pelo exemplo, e não ditando; não pedem aos seguidores que façam o que eles mesmos não se dispõem a fazer.

Liderança não é assunto da mente racional. Liderança é um assunto do coração.

Kouzes & Posner



Avaliação – aprofundando no estudo

1. Por que o líder deve ser um servo?

2. O que a liderança servil requer de um líder?

3. Que lições Jesus ensinou aos discípulos em Mateus 20.25-28?

4. Faça um resumo do que você aprendeu nessa lição.





HABILIDADES PARA SE RELACIONAR COM OUTRAS PESSOAS

A premissa básica desta lição e de outras posteriores é que, embora o líder esteja qualificado para a função que ele exerce, ele ainda precisa desenvolver ou aprimorar as habilidades necessárias para que exerça sua função como Deus quer. Alguém pode dizer: ―Se você for o que a Palavra de Deus diz para você ser, não terá de se preocupar em adquirir algumas habilidades. Fará as coisas naturalmente e tudo funcionará bem. Afinal, quando um homem ou uma mulher são chamados por Deus, eles simplesmente lideram as ovelhas amando-as, indo adiante delas, ajudando-as e buscando-as quando elas se desviam. Será que se ―aprende a fazer isso? Por que fazer um estudo das habilidades?



1. A necessidade de desenvolver habilidades para se relacionar com outras pessoas

1.1. A Natureza da Liderança da Igreja

Em primeiro lugar, os líderes da igreja precisam desenvolver habilidades para se relacionar com outras pessoas por causa da maneira ímpar pela qual eles lideram. Se os líderes da igreja liderassem à maneira dos chefes, sargentos, treinadores, ou pais, poderiam declarar que não há razão para aprenderem as habilidades da liderança. ―É só eu dizer para eles o que devem fazer, ―e eles fazem. Isso pode se aplicar a chefes, sargentos, treinadores e pais, mas não se aplica aos líderes da igreja. Outros líderes podem fazer seus subordinados obedecerem através de uma combinação de recompensas e punições. Os líderes da igreja não têm esse mesmo tipo de controle. Assim como os pregadores que estão qualificados para pregar precisam se aprimorar constantemente, os líderes precisam estar buscando maneiras de se tornar mais eficientes.



Em segundo lugar, os líderes da igreja precisam desenvolver as habilidades de liderança porque é bíblico buscar o melhor método para atingir alvos espirituais. Várias passagens do Novo Testamento remetem a esse princípio. Os líderes precisam ser “prudentes como as serpentes”. Quando Jesus enviou os doze na primeira comissão limitada, Ele disse: “Eis que eu vos envio como ovelhas para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mt 10.16). Ser “prudente como as serpentes” implica que os doze, embora fossem inspirados (Mt 10.19,20), deveriam usar o julgamento prudente para evitar, tanto quanto possível, a perseguição que enfrentariam e para achar os ouvintes mais receptivos à sua mensagem (Mt 10.11–14). Deus quer que a sua obra seja realizada por homens e mulheres prudentes. Agir com prudência é trabalhar habilmente.



(1) Os líderes precisam aprender a ser “hábeis”. Na parábola do administrador infiel (Lc 16.1–9), Jesus retratou um administrador que fez mau uso dos bens do seu senhor e depois foi chamado a prestar contas como um prelúdio para ser demitido. Esse mau administrador abusou da sua posição preparando o terreno para quando fosse despedido. Jesus concluiu a parábola com as seguintes palavras: “...porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz. E eu vos recomendo: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos” (Lc 16:8, 9). A lição que Jesus pretendeu ensinar nesta parábola é que os cristãos devem aprender a agir ―habilmente‖, ou com prudência, no uso de seus recursos. Enquanto o administrador desonesto usou sua habilidade para propósitos egoístas, o propósito do cristão é que pessoas sejam salvas. Novamente, Jesus estava ensinando a necessidade de ser prudente, para usar os recursos habilmente.



(2) Os líderes precisam usar palavras amáveis e persuasivas. Os líderes da igreja precisam dizer a coisa certa na hora certa e da maneira certa. ―A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um” (Cls 4:6; leia também Ef 4.15; 2Tm 2.24,25; 1Pe 3.15,16). O que os líderes falam não é a única coisa importante a se considerar; como eles falam também é importante! Falar correta, clara, persuasiva e amavelmente é uma habilidade.



(3) Os líderes devem usar todos os meios possíveis. Em 1 Coríntios 9:19–23, Paulo disse que utilizou os métodos mais eficazes possíveis: “Procedi, para com os judeus, como judeu, a fim de ganhar os judeus; para os que vivem sob o regime da lei, como se eu mesmo assim vivesse, para ganhar os que vivem debaixo da lei, embora não esteja eu debaixo da lei. Aos sem lei, como se eu mesmo o fosse, não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo, para ganhar os que vivem fora do regime da lei. Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (1 Co 9.20–22). Se Paulo usou ―todos os modos, os líderes da igreja de hoje também devem fazer o mesmo. Sabiamente, Paulo fez uso de vários meios com o objetivo de ganhar o maior número de pessoas para o Reino. Mas devemos observar que Paulo em nenhum momento deixou de ser ético, ele mesmo disse que sempre agia debaixo da lei de Cristo. Os fins não justificam os meios, portanto, todos os meios que usarmos para ganharmos pessoas para Cristo, devem estar em conformidade com o ensino de Cristo.



(4) Os líderes precisam edificar com cuidado. Em 1 Coríntios 3:5–15, Paulo ensinou que os que são como ele e Apolo são construtores (vv. 9, 10). Como Cristo é o fundamento, os líderes não têm outra opção de fundamento sobre o qual construir (vv. 10, 11). Os líderes podem edificar sobre esse fundamento um ―edifício com alguns tipos de materiais: ou

1) ouro, prata e pedras preciosas, ou

2) madeira, feno e palha (v. 12). Num sentido, o construtor determina o tipo de material a ser empregado no edifício. Paulo diz que para cada construtor e para cada edifício virá um dia de teste, quando a obra do construtor será testada com fogo (v. 13). A madeira, o feno e a palha serão queimados pelo fogo; o ouro, a prata e as pedras preciosas permanecerão. Se a obra do construtor permanecer, ele receberá uma recompensa (v. 14). O operário não pode receber nesta vida recompensa maior que saber que sua obra não foi em vão — que a igreja edificada com o seu trabalho permaneceu e prosperou! Se a obra não permanecer, o construtor sofrerá dano, mas será salvo (v. 15). Que terrível sentimento de perda, de desolação, deve sobrevir diante de uma igreja que se ajudou a edificar, mas que não resistiu ao teste de Deus. Apesar disso, se o construtor procurou fazer a vontade de Deus e fez o melhor que pôde, ele não estará perdido; sua salvação não depende de seus convertidos permanecerem fiéis nem na existência contínua da congregação ou grupo familiar que ele estabeleceu.



O que, então, o construtor — o líder — deve fazer? ―Cada um veja como edifica. ―Cada um deve construir com cuidado (v. 10; NTLH). O desafio de construir com cuidado é um desafio de trabalhar habilmente! Os líderes precisam aprender as habilidades relacionadas à liderança. Por isso não devermos ter pressa na formação de líderes. Muitos se preocupam tanto com um crescimento rápido da igreja que fazem qualquer coisa para que isto aconteça. Isso é perigoso, pois, com o desejo de ver resultados rápidos, algumas pessoas acabam formando líderes de que qualquer maneira, e acabam formando líderes deficientes, fracos, despreparados para enfrentar os embates da vida. Não podemos esquecer que o Senhor Jesus, o mestre por excelência, passou pelo menos três anos treinando os seus discípulos, por isso, nós não podemos formar líderes em apenas um final de semana, pelo contrário, devemos usar todo o tempo necessário, não importa se seja seis meses ou um ano, o que importa é formarmos líderes capacitados para a obra do Senhor. Edificar com madeira é mais fácil e também mais barato, mas edificar com ouro e pedra preciosa, é uma tarefa mais difícil, exige um maior investimento tanto de tempo quanto também de recursos. Mas, para que tenhamos êxito em nosso trabalho é necessário pagar o preço de edificar com ouro e pedras preciosas.



2. Desenvolvendo as habilidades

Como líderes, precisamos aprender como se dar bem com as outras pessoas com o objetivo de que o nosso trabalho seja eficaz. Não bastam apenas termos conhecimento teológico e convicção de nosso chamado, mas também ter habilidade para nos relacionar com as pessoas que iremos liderar. Muitas vezes, são as diferenças entre as pessoas, e não as questões de comportamento certo ou errado, que causam problemas na igreja. Além disso, um líder pode ser teoricamente um indivíduo íntegro e correto na doutrina e, ainda assim, ser um líder ineficiente, se lhe faltar habilidade para se relacionar com outras pessoas.

2.1. Como o líder da igreja desenvolve bem a habilidade para se relacionar com pessoas?

(1) Interessando-se por todas as pessoas. Os líderes da igreja estão num ―negócio que envolve gente. Precisam estar intensamente interessados nas pessoas da igreja e nas de fora, como ilustra o artigo abaixo:

―Ninguém se importa com quanto você sabe, até saberem quanto você se importa... Geralmente, somos grandes no conhecimento e pequenos na compaixão, corretos na doutrina, ofensivos na natureza! Seria bom nos lembrarmos de que Jesus não morreu por ônibus, orçamentos e prédios; nem por tapetes, ar condicionado e comitês. Ele morreu por pessoas!

Aqui estão algumas regras de bom senso para quem trabalha com pessoas:

(a) Fale com as pessoas! Não há nada mais simpático do que uma palavra alegre de saudação!

(b) Sorria para as pessoas! O sorriso é uma linguagem internacional. Um líder muito fechado, com rosto de bravo acaba passando mau impressão para os liderados. Uma pessoa alegre e sorridente tem mais facilidade de atrair as pessoas para perto, de se comunicar e desenvolver amizades.

(c) Chame as pessoas pelo nome! ―Saúda os amigos, nome por nome (3 Jo 15).

(d) Seja amigável e prestativo! A melhor maneira de fazer amigos é ser um bom amigo. Jesus era ―amigo de pecadores‖ (Lc 7.34).

(e) Não imponha limites ao seu amor! Não diga: ―Eu amo você se... Jesus amou ―porque[cada pessoa foi feita à imagem de Deus e é amada por Deus] e ―apesar de [os pecados e fraquezas de cada pessoa].

(f) Tenha um interesse genuíno pelas pessoas reconhecendo seu valor.

(g) Seja generoso em elogiar! É possível fazer uma pessoa se sentir grande através de um elogio. O elogio é um elemento motivador. Quando um líder elogia seu liderado pelo o cumprimento de determinada tarefa, motiva-o continuar crescendo cada vez mais.

(h) Considere os sentimentos dos outros. A Regra de Ouro funciona: “Faça aos outros o que gostaria que fizessem para você”.

(i) Leve em conta as opiniões dos outros! Pode haver três lados de uma controvérsia — o seu, o da outra pessoa e o lado certo!

(j) Esteja pronto para servir! Os ―servos, os ―que doam são os que estão a caminho de serem ―grandes (Mt 20.26). No empenho de sermos corretos na doutrina, fortes na organização e ricos no ministério, não nos esqueçamos de que trabalhamos com ―pessoas, o recurso mais precioso do mundo.

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(2) Aperfeiçoando-se. Provavelmente, o pior inimigo do líder na tentativa de se relacionar bem com os outros é ele mesmo. A tendência humana é pensar: ―Eu poderia me dar bem com o irmão Jonas, se ele mudasse um pouco. Os líderes precisam reconhecer que se querem se relacionar bem com o irmão Jonas — e outros mais — a única esperança que eles têm reside na mudança de si mesmos.



Para fazer as mudanças necessárias, o líder precisa fazer duas coisas:

Deve “decidir ser ele mesmo”. Ninguém deve imitar totalmente outra pessoa. O líder é tão individual como as impressões digitais. Tentar ser o que não é fará com que pareça artificial. Na época do Novo Testamento, Paulo, Pedro, Barnabé, André e Tomé eram todos diferentes um do outro, mas todos agradaram a Deus. Os líderes não devem pensar que precisam ser todos muito parecidos para agradar a Deus hoje.

Deve “ser o melhor que puder”. Dentro dos limites da personalidade, sempre há espaço para aperfeiçoamento visando chegar à “medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13). A melhor maneira de se aperfeiçoar é cultivando características cristãs. Se um líder tem as características mencionadas em 1 Coríntios 13.4–7; Gálatas 5.22, 23 ou 2 Pedro 1.5–7, os liderados acharão fácil segui-lo e gostar dele. Às vezes, o que se pensa ser um traço simples da personalidade pode revelar uma falha do caráter. Por exemplo, se alguém diz: ―Minha personalidade não me permite cumprimentar os outros ou perguntar sobre seu bem-estar ou passar um tempo ouvindo seus problemas, pode ser que o problema maior não seja a personalidade dessa pessoa, mas sua indisposição para ser atenciosa e amável.



(3) Sociabilizando-se com outros. Certo homem disse: “Uma característica do pastor é que ele vive com as ovelhas; vive tanto com elas a ponto de cheirar como elas”. Os líderes precisam passar tempo com os liderados. Seria difícil imaginar como alguém poderia pastorear de verdade o rebanho de Deus sem jamais estar com as ovelhas. Mesmo que um líder de grupo familiar não seja propriamente um pastor, entretanto, ele, na sua função de líder, exerce funções pastorais.



Se um líder estiver constantemente com os membros, dois resultados surgirão:

Ele fica conhecendo melhor seus liderados. Um líder dificilmente pode saber como liderar um grupo e quais são as necessidades dele, se não está com os cristãos o suficiente para conhecê-los. Poderíamos dizer que, enquanto um líder não estiver com os membros o suficiente para conhecê-los pelo nome e conhecer suas histórias de vida e seus problemas individuais, ele ainda não terá ganho o direito de exercer liderança sobre eles.

E talvez o mais importante, ele deixa que as pessoas o conheçam. As ovelhas são favoráveis a seguir o líder de boa vontade somente se o conhecem bem. Portanto, o líder precisa estar disposto a se abrir para os outros. Pode haver relutância da parte dele, mas ele sabe que deve liderar através do exemplo e que não é perfeito. Geralmente, receia que se as outras pessoas descobrirem suas imperfeições, os liderados o desprezarão como hipócrita, perderá a credibilidade e eles se recusarão a segui-lo. Deixar que os outros conheçam seu ―verdadeiro eu é um risco que vale a pena correr. Os liderados valorizam líderes que se deixam conhecer.

(4) Demonstrando cuidado e preocupação com os outros. Embora muitas ―regras das relações humanas tenham valor, o melhor ―livro de regras sobre relações pessoais é a Bíblia. Se os líderes forem amáveis, gentis, servos altruístas, provavelmente vão se dar bem com os demais membros. Talvez o melhor conselho seja ―demonstrar que se importa. Os líderes amam seus liderados, mas, às vezes, nunca demonstram ou expressam esse amor. Se o amor não for demonstrado, dificilmente será percebido ou valorizado! Os líderes devem tratar bem as pessoas porque essa é a coisa certa a ser feita, não para ganhar o controle sobre elas e muito menos para tirar proveito delas. O alvo do líder é o bem dos outros, não o seu. Os cristãos fazem o bem aos outros para que estes sigam o exemplo de Jesus (At 10.38), para que se salvem e para que a causa do Senhor prospere e a igreja cresça. Os cristãos não fazem o bem para ganhar reputação e nome nem para tirar proveito de ninguém!

(5) Aprendendo a se adaptar aos outros. A maioria dos problemas de liderança que surge na igreja está relacionado com ―problemas de personalidade, o que tem pouco ou nada a ver com doutrina. As pessoas são diferentes! Elas têm personalidades e idades diferentes, vêm de classes socioeconômicas, famílias e formações étnicas diferentes, e estudam as Escrituras de maneiras diferentes. Até certo ponto, Deus tratou do problema das diferenças culturais entre líderes e membros da igreja na Sua Palavra. Ele especificou o tipo de homem que deve servir e a maneira como deve servir.



O líder pode estar culturalmente ―fora de compasso com uma parte significativa dos membros. O líder pode ter um bom nível escolar, enquanto a maioria dos membros não; ele pode ser ―urbano e eles, ―rurais; ele pode ser do norte e eles, do sul; ele pode ser ―industrial e eles, fazendeiros. Também as diferenças de personalidade podem separar um líder do outro ou os líderes dos membros. Algumas pessoas são mais otimistas e outras, mais pessimistas; algumas preferem poupar e outras, gastar; algumas são introvertidas e outras, mais extrovertidas; umas mais voltadas para si e outras, mais voltadas para as pessoas; etc. Essas diferenças culturais e de personalidade podem parecer insignificantes, mas freqüentemente residem no centro dos problemas do grupo familiar ou da igreja.

(6) Como o líder pode lidar com essas diferenças? Um líder piedoso não cede em assuntos concernentes à fé. Porém, em questões de conveniência ou opinião, ele está disposto a ceder, a fazer concessões, se isso promover a paz e estimular o crescimento da igreja. Ele também tenta adaptar-se aos que estão, vivem e trabalham com ele. Como Paulo, ele tenta se fazer “tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (1 Co9.22). Ele observa o exemplo de Cristo, que deixou os céus e desceu à terra para se identificar mais completamente com aqueles a quem Ele veio salvar:

“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote... Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb 2.17, 18; veja também 4.15).

O líder pode não ser totalmente capaz de superar a lacuna entre ele mesmo e outros membros, mas quanto mais êxito ele tiver nessa tentativa, mais eficiente será a sua liderança. Se, pelo contrário, ele for incapaz de enxergar por outro ponto de vista diferente do seu, provavelmente também será incapaz de liderar todos quantos forem diferentes dele.

CONCLUSÃO

Um orador é persuasivo principalmente pelo que se percebe que ele é. Esse elemento de persuasão é conhecido como ―persuasão ética. Antigos praticantes da retórica reconheciam a necessidade do orador ser um homem de bom caráter. Quintiliano definiu o orador como ―um homem bom com habilidade para falar. Da mesma importância para o orador é que ele seja percebido como um ―homem bom. Às vezes, os líderes têm um caráter bom, mas certos aspectos negativos de sua personalidade impedem que os outros reconheçam esse fato. Como eles lideram primordialmente através do exemplo, do ensino e da persuasão, precisam eliminar o máximo possível, esses aspectos negativos, e desenvolver as habilidades para se relacionar bem com as pessoas. Isso não só fará deles homens bons, como também fará os demais liderados perceberem que são homens bons dignos de serem seguidos.

Avaliação – aprofundando no estudo





1. Por que o líder deve saber se relacionar com outras pessoas?



2. O que o líder deve fazer para desenvolver as habilidades necessárias para se relacionar com outras pessoas?



3. Discuta com outros colegas sobre o problema que um líder pode ter por não saber se relacionar com outras pessoas.



4. De acordo com a lição estudada é possível liderar sem ter habilidades para relacionar com outras pessoas?



HABILIDADES PARA SE COMUNICAR

Quais ferramentas os líderes têm à disposição para dirigir as atividades dos membros em direção aos alvos que eles estabeleceram? Obviamente, eles têm suas próprias personalidades e caráter; se forem o que devem ser, a igreja os seguirá com alegria. Mas, além disso, o que podem usar? Podem usar a força? Reter-lhes o pagamento? Demiti-los? Obviamente que não. Além da força dos seus próprios exemplos, praticamente a única ferramenta que os líderes podem usar para guiar a igreja de Cristo é a habilidade para se comunicar. Se tiverem boas habilidades para se comunicarem, o grupo familiar provavelmente vai ser unido e vai crescer; se suas habilidades nessa área forem escassas, o grupo está propenso a ter problemas.

De que tipos de habilidades para se comunicar os líderes precisam? Nesta lição, abordaremos três habilidades: a habilidade para ouvir, a habilidade para discutir e a habilidade para se comunicar publicamente.



1. A habilidade para ouvir

A habilidade mais importante e necessária aos líderes da igreja é a habilidade para ouvir bem. Às vezes, os líderes se esquecem de que a comunicação é uma via de duas mãos e a transformam num monólogo: eles falam e os seguidores ouvem; eles mandam e os seguidores obedecem. Dada a natureza da liderança da igreja, porém, os líderes são obrigados a ouvir bem seus seguidores. Assim como um pastor dá atenção a uma ovelha ou um pai, a um filho, o líder precisa ouvir os seus liderados. Mas o que é necessário para ouvir bem?



1.1. Um bom ouvinte presta atenção em quem está falando. O líder precisa dar toda a sua atenção à pessoa que está falando, esforçando-se para se concentrar e evitando distrações.

1.2. O bom ouvinte dá um retorno. O falante precisa saber que o líder está ouvindo. Que ele está de fato ouvindo o que está sendo dito. O líder deve aprender a dar sinais audíveis e visuais de que está prestando atenção.

1.3. O bom ouvinte certifica-se de que está entendendo. O líder deve ouvir com o objetivo de entender. Isto quer dizer que ele precisa ouvir com empatia, tentando ver a questão do ponto de vista da outra pessoa. O líder não deve ouvir meramente para debater com o falante ou para achar idéias erradas que possam ser contestadas. Ele não deve ouvir somente para se colocar numa posição superior durante a conversa.

1.4. O bom ouvinte reflete no que ouve. Ao refletir nas idéias da outra pessoa, o ouvinte confirma se entendeu o que foi dito. Ele pode dizer: Se eu entendi bem, você está dizendo....; Você na verdade pensa que....; ou: .Será que eu entendi bem quando você disse...?.

1.5. O bom ouvinte faz perguntas. O líder deve perguntar com amor, cuidado, tato, não para estabelecer suas próprias idéias, mas em busca de esclarecimento. Apesar disso, ele deve perguntar sempre; pois pedindo esclarecimento, ele mostrará à pessoa que está falando que ele se interessa e também entenderá melhor.

1.6. Ele adia qualquer julgamento. O líder não deve avaliar como bom ou mau o que o falante está lhe dizendo até que ouça tudo o que este tem a dizer, certifique-se de que entendeu bem e de que tem todas as informações ou fatos (o que uma pessoa diz não fornece necessariamente todos os fatos). Às vezes, as pessoas ouvem somente a primeira coisa dita, e depois suas mentes saltam para fatos que contestem a idéia, fazendo com que não ouçam tudo o que está sendo dito.

1.7. Ele está atento à expressão dos sentimentos. O líder deve ter o cuidado de ouvir o que a outra pessoa diz, sem ficar interpretando demais tudo. Sobretudo, deve evitar julgar os motivos do falante. Deve perceber as nuances das palavras, dos gestos e das expressões para entender os sentimentos do falante. Num sentido, ele precisa ser capaz de ouvir o que não está sendo dito. A pessoa que está falando pode dizer algo irrelevante, mas pode fazê-lo de tal maneira que um bom ouvinte observe que ela está dizendo: Estou magoado; ajude-me! Deve, então, reagir adequadamente. Em alguns casos, embora as palavras sejam controladas, as expressões podem mostrar uma profunda raiva. Sendo assim, o líder precisa lidar com os sentimentos por trás das palavras tanto quanto com as próprias palavras.

1.8. O bom ouvinte responde com cuidado. O líder deve ter cuidado com o que diz após ouvir a outra pessoa. Uma resposta incisiva, uma ridicularização, uma discordância violenta ou qualquer reação que sugira que a outra pessoa é tola ou má provavelmente interromperá o diálogo, impossibilitando uma futura comunicação. Mesmo quando as afirmações do falante demonstram ignorância ou desobediência da vontade de Deus, o líder deve pensar com cuidado antes de responder com desaprovações. A sabedoria deve sugerir uma forma melhor de lidar com o problema.

O que acontece quando o líder não aprende a ouvir bem? Do ponto de vista de que o líder tem de ouvir as pessoas que levam até ele seus problemas, se o líder não desenvolver bem a habilidade de ouvir, os problemas literalmente desaparecerão; ou seja, as pessoas deixarão de lhe contar seus problemas! E se os outros se recusarem a partilhar seus problemas com ele, sua habilidade para exercer liderança será afetada.



2. A habilidade para discutir

O sucesso dos líderes geralmente depende de como eles se comunicam em situações de discussão em grupos pequenos. Tais oportunidades para a comunicação ocorrem freqüentemente na vida da igreja local principalmente em reuniões administrativas e extraordinárias convocadas para discutir uma ou mais questões relacionadas à obra da igreja. Devemos observar que este tipo de discussão é mais adequado para as reuniões com a liderança local, onde o pastor se reúne com seus líderes para discutir assuntos administrativos da igreja. No grupo familiar não é conveniente discutir assuntos administrativos, porque é um momento de edificação, e este deve ser o foco da reunião no grupo familiar. Por outro lado, é importante que o líder saiba como discutir determinados assuntos, pois certamente ele estará também à frente de reuniões com outros líderes tratando de assuntos administrativos, tanto da igreja local, como também sobre administração dos grupos familiares.



2.1. Quando os líderes devem recorrer à discussão em grupos pequenos?

Embora este método de comunicação tenha vantagens, via de regra, as discussões não são a melhor maneira de descobrir a verdade bíblica ou de definir o certo e o errado. As discussões funcionam melhor quando tratam das formas e dos meios de se realizar um trabalho, quando as Escrituras estabelecem o objetivo final e as discussões focalizam como a igreja pode mobilizar seus recursos da melhor maneira para atingir esse objetivo.

2.2. Por que os líderes devem recorrer à discussão em grupos pequenos?

Ao lidar com métodos em questões de conveniência ou opinião, a discussão em grupos pequenos é válida. Quando os líderes mostram uma vontade de discutir certas questões com um grupo, eles deixam os membros do grupo saberem que são importantes. Usam um estilo de liderança participativa que é altamente recomendado. As decisões tomadas como resultado de discussão têm mais probabilidade de representar o consenso da igreja, sendo por ela apoiadas, do que as decisões tomadas num estilo de liderança administrativa. Num ambiente de livre discussão, os líderes podem explicar suas idéias de igual para igual. Ficar diante do grupo sugere que os líderes são superiores aos membros em geral. As pessoas geralmente não gostam de decisões impostas pelos de cima, como por um superior. Possivelmente, podem ser persuadidas por líderes que se posicionam no mesmo nível delas e que estão dispostos a ouvi-las.

2.3. O que os líderes podem fazer para ajudar as discussões em grupos pequenos serem bem sucedidas?

Os líderes precisam definir o objetivo da discussão. Qualquer discussão ou debate deve ter um objetivo, um alvo a ser alcançado. Os envolvidos precisam estar cientes desse objetivo e aceitá-lo. O objetivo deve ser que todo o grupo descubra a melhor maneira de alcançar o alvo comum.

2.4. Os líderes devem promover boas atitudes. Tanto podem estimular como exigir boas atitudes durante a discussão. Para isso, devem exibir um comportamento cristão durante a conversa. Não há lugar para ridicularizações, sarcasmos e frases preconceituosas. Uma boa atitude envolve cada componente do grupo a respeitar os demais. Todo indivíduo tem direito à palavra, concorde ou não com a maioria.

2.5. Os líderes devem estimular à participação. Devem ver como sua responsabilidade não tanto garantir o seu direito à palavra, como garantir o direito de todos os demais à palavra. Devem entender que discussão não é debate. Longos discursos não são a palavra de ordem, e é inadequado uma só pessoa dominar a discussão.

2.6. Os líderes devem buscar um consenso. Devem entender que quando os grupos de discussão estão decidindo uma política de atuação, as decisões devem ser tomadas por consenso. Devem reconhecer que o ponto central do sucesso desse tipo de discussão, em grupos pequenos, é a disposição de fazer concessões ou achar um meio termo aceitável a todos.

2.7. Os líderes precisam desenvolver as devidas habilidades. Quais são as habilidades necessárias aos líderes para serem bem sucedidos num ambiente de livre discussão? A lista abaixo contém algumas sugestões muito válidas:

(a) A habilidade para continuar a agir como cristãos mesmo quando a discussão é calorosa e pesada e parece haver uma corrente de opiniões contra eles.

(b) A habilidade para distinguir entre o que é essencial para o bom andamento do grupo ou da igreja e o que não é.

(c) Uma valorização genuína das outras pessoas, de seus talentos e opiniões e um desejo sincero de ouvir o que elas têm a dizer sobre um assunto.

(d) Uma preocupação sincera com que o grupo ouça cada membro e uma habilidade para fazer irmãos relutantes ou tímidos participarem da discussão.

(e) Um senso de justiça. Um entendimento de que cada um tem o mesmo direito de ser ouvido.

(f) Acreditar que as melhores decisões geralmente são tomadas por meio de uma discussão livre entre várias pessoas, e não por um indivíduo sozinho ou um grupo menor.

(g) A habilidade para expor de forma sucinta, mas clara, o objetivo ou alvo da discussão.

(h) A habilidade para ouvir atentamente, entender o que foi dito, repeti-lo em outras palavras, resumi-lo e esclarecer o que foi dito aos outros.

(i) A habilidade para apresentar idéias em poucas palavras, de maneira não ameaçadora, não-autoritária, mas de forma que sua vontade ganhe aceitação.

(j) A habilidade para ver as deficiências e os problemas nas propostas feitas, não só nas opiniões expostas pelos outros, mas nas suas próprias sugestões.

(k) A habilidade para manter o rumo da discussão em direção ao objetivo, talvez resumindo o que foi dito até então, a que consenso se chegou, ou identificando o que não foi apoiado naquele momento, e depois sugerindo para onde a discussão deve prosseguir.

(l) A habilidade para encerrar a discussão: perceber quando a discussão já foi até onde podia ir e/ou quando se chegou a um consenso; ser capaz de dizer o que foi estabelecido ou o consenso alcançado numa frase de encerramento satisfatória.



3. Habilidades para se comunicar publicamente

Os líderes precisam ser bons em ouvir e em discutir políticas de atuação em grupos pequenos, mas também precisam ser bons na comunicação com toda a igreja, usando tanto a linguagem oral como a escrita.







3.1. A freqüência da comunicação. A comunicação pública precisa ser freqüente. A freqüência da comunicação deve ser alta. Deve haver um compromisso da liderança de deixar os canais de comunicação abertos para que, a todo tempo, os líderes mantenham os membros informados de tudo.

Nem todas as formas de comunicação são públicas. Estão à disposição dos líderes uma série de meios a serem utilizados:

(a) Um convite aberto para conversar com os liderados individualmente ou em grupo em determinada hora.

(b) Reuniões de membros convocadas para mantê-los informados a respeito do que está sendo analisado, dando-lhes uma oportunidade para fazerem perguntas, pedindo-lhes que expressem suas opiniões e sugestões sobre os assuntos em consideração.

(c) Pronunciamentos em público, preferivelmente pelos próprios líderes.

(d) O boletim da igreja.

(e) Cartas aos membros.

(f) Visitas pessoais a membros, usadas como oportunidades não somente para os líderes conhecerem melhor os membros, mas também para os membros fazerem perguntas.



3.2. A qualidade da comunicação. A comunicação pública precisa ser tão positiva quanto possível. A qualidade da comunicação também é importante. Geralmente, há duas maneiras de se dizer uma coisa positiva ou negativamente (e.g., metade do copo está vazia ou metade do copo está cheia.). Os líderes, tanto quanto possível, devem escolher a maneira positiva. Um velho ditado sugere: Se você não pode dizer alguma coisa boa sobre uma pessoa, não diga nada.. Essa é uma boa política para se aplicar aos nossos pronunciamentos à igreja.

Os líderes podem aprender uma lição com Paulo, o qual, embora jamais deixasse de tratar dos problemas presentes nas igrejas para as quais escrevia, geralmente iniciava essas cartas com algo positivo, como: ....dou graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, no tocante a todos vós.... (veja Rm 1:8; 1 Co 1:4; Fp 1:3; Cl 1:3; 1 Ts 1:2; 2 Ts 1:3).



CONCLUSÃO

Uma das chaves da liderança bem sucedida é a comunicação eficaz. Jesus foi um grande líder, inclusive, por causa das Suas habilidades para Se comunicar. Ele foi reconhecido como um Mestre, vindo da parte de Deus. (Jo 3:2). Os guardas mandados para prendê-lO, voltaram sem Ele dizendo: Jamais alguém falou como este homem (Jo 7:46). Semelhantemente, os líderes precisam se comunicar de maneira eficaz e isso requer que ouçam bem, promovam e participem de grupos de discussão produtivos, e certifiquem-se de que seus comunicados públicos aos membros são freqüentes e, via de regra, positivos. Sem darem a devida atenção às habilidades para se comunicar, os líderes podem ser os melhores homens, mas ainda assim serem ineficientes como líderes. Li a respeito de alguém que tentou investigar quem detêm mais poder em nossa sociedade. Pelo que me lembro, ele queria descobrir se os que executam, inventores, engenheiros e médicos, ou os que falam são mais poderosos. Após longa investigação, concluiu que, com uma ampla margem, os que falam exercem mais influência. Para alguém exercer liderança na sociedade, precisa se tornar um comunicador competente. Da mesma forma, para alguém exercer liderança, precisa desenvolver suas habilidades para se comunicar. Além do seu próprio caráter, esta é a ferramenta mais importante que o líder tem para cumprir sua função.

Avaliação – aprofundando no estudo

1. De acordo com a lição o que significa ser um bom comunicador?

2. O que significa ser um bom ouvinte?

3. Quais são as habilidades que um líder precisa desenvolver para se tornar um bom comunicador?

HABILIDADES PARA ACONSELHAR

Um pregador deve estar ciente de muitos fatos relativos à igreja para a qual prega. Disfarçada por entre belos figurinos, rostos sorridentes e cumprimentos amistosos existem uma multidão de problemas. Por exemplo, é possível que, sentado no último banco, esteja um senhor de meia-idade, profundamente entristecido pela morte súbita da esposa, que faleceu há apenas um mês. Sentada na frente dele está o que parece ser uma família cristã modelo, mas o fato é que o marido e a mulher mal se falam. À esquerda está uma adolescente tão perturbada por sentimentos de insegurança, que chegou a pensar em suicídio. À direita está uma mulher com um distúrbio de personalidade que faz a sua vida ser um tormento constante. Um outro homem é um alcoólatra em recuperação, depois há um jovem adulto, escravo das drogas e um homem de uns sessenta anos, que acabou de descobrir que têm câncer. Em outras palavras, o pregador e os líderes exercem suas funções para uma igreja de pessoas que não estão só morrendo, mas também sofrendo. Esse fato, mais do que qualquer outro, sugere que os líderes precisam desenvolver habilidades para aconselhar.



1. O que é aconselhamento?

As definições de aconselhamento diferem, dependendo do conselheiro e de seu treinamento. O Dr. Paul Southern disse que aconselhamento pessoal não é dirigir, ensinar, criticar, nem conversar; mas tem mais a ver com ouvir do que falar. Ele disse que o conselheiro fornece ouvidos atentos e um coração compreensivo. Southern compilou uma lista de objetivos que o aconselhamento pessoal não visa, na qual incluiu:

1- Dar conselhos;

2- Tomar decisões no lugar do aconselhado;

3- Condenar o aconselhado;

4- Elogiar o aconselhado;

5- Ignorar os sentimentos ou atitudes do aconselhado;

6- Ser solidário;

7- Identificar-se excessivamente;

8- Impor as soluções do conselheiro ao aconselhado;

9- Discutir calorosamente;

10- Moralizar;

11- Defender um cônjuge e atacar o outro, no caso de casais;

12- Minimizar ou otimizar a extensão ou seriedade do problema;

13- Explicar a pessoa para ela mesma;

14 Supersimplificar o processo terapêutico;

15 Dar exemplos de como outros solucionaram seus problemas.

Em contraste com isso, ele disse que o objetivo do aconselhamento pessoal num contexto cristão é ajudar as pessoas a ajudarem a si mesmas através de um melhor entendimento dos seus problemas, fornecendo-lhes ouvidos atentos e um coração compreensivo. Além disso, esse aconselhamento deve ser de acordo com a natureza da igreja. Em primeiro lugar, todo princípio válido de psicologia é ensinado na Bíblia. Em segundo lugar, o aconselhamento sempre envolve assuntos religiosos e morais. Em terceiro lugar, o aconselhamento envolve suportar os que são fracos (Rm 15.1). A chave para o aconselhamento, segundo o Dr. Southern, é o conceito de empatia, essa palavra vem do grego em que significa dentro, e pathos que significa sentimento, incluindo o sofrimento. Empatia, então, significa sentimento por dentro. O aconselhamento pessoal, portanto, é a interação de uma pessoa com outra (empatia) até que algo terapêutico aconteça.



2. Quem deve aconselhar?

Os líderes são sempre requisitados para fazer aconselhamento. Eles podem pensar que não estão qualificados ou que não são competentes para a tarefa. Apesar disso, prontos ou não, descobrirão que as pessoas procuram aconselhar-se com eles. Sendo assim, um treinamento, ainda que pequeno, na área de aconselhamento é melhor do que nada. Os líderes podem e devem ter uma atitude positiva em relação ao aconselhamento. Precisam reconhecer que o aconselhamento pode ajudá-los a alcançar seus propósitos na igreja. Por exemplo, muitos (nem todos) problemas mentais e emocionais são causados pelo pecado. Quando um líder (pastor) ajuda alguém a lidar com o pecado, ele está ajudando essa pessoa a superar problemas emocionais. Em ambos os casos, ele ajuda a pessoa a se superar. Em outros casos, é necessário primeiro a pessoa superar a tristeza, a solidão, o desânimo, etc. para depois crescer espiritualmente. Às vezes, situações de aconselhamento, por exemplo, o aconselhamento pré-nupcial podem abrir a porta para um subseqüente evangelismo. Entretanto, pouco treinamento em psicologia e aconselhamento pode ser perigoso. Quem sabe pouco sobre psicologia, por exemplo, deve evitar psicoanalisar todas as pessoas. Deve também evitar concentrar-se apenas numa causa do comportamento. Os seres humanos são complexos demais para se presumir que um problema tenha apenas uma causa. É importante que o(a) líder reconheça suas limitações, evite dar conselhos baseado numa compreensão superficial da situação, e saiba quando e a quem encaminhar pessoas que precisem de mais ajuda do que a que ele pode oferecer. Embora a maioria dos líderes sejam requisitados para aconselhar, nem todos têm igualmente o dom de aconselhar.



Os líderes não devem ser as únicas pessoas na igreja competentes para aconselhar. Outros cristãos devem ser incentivados a aconselhar (e receberem treinamento nessa área). Membros comuns podem ter um talento especial para ajudar os que estão emocionalmente sofrendo. Eles devem ser identificados e incentivados a usarem esse talento e ajudá-los a se prepararem para mais serviço efetivo nesse ministério. Se, como cristãos, constantemente confessarmos os nossos pecados uns aos outros e orarmos uns pelos outros (Tg 5.16), se admoestarmos os insubmissos, consolarmos os desanimados, ampararmos os fracos e formos longânimos para com todos (1 Ts 5.14), se suportarmos as debilidades dos fracos e não agradarmos a nós mesmos (Rm 15.1) e, especialmente, se nos tratarmos mutuamente com o tipo de cuidado, amor e carinho sugerido pelo mandamento para amarmos uns aos outros como Cristo nos amou (Jo 13.34,35), estaremos provendo o tipo de apoio e atmosfera que a maioria de nós precisa para continuar a trabalhar e crescer como seres humanos e filhos de Deus. Portanto, num sentido, todo cristão tem tanto a oportunidade como a responsabilidade de servir como conselheiro de outro cristão. Cumprir essa responsabilidade requer sensibilidade às necessidades e histórias de vida das pessoas, a habilidade de criar empatia e, como disse o Dr. Southern, oferecer ouvidos atentos e um coração compreensivo.



3. A quem um líder deve aconselhar?

As oportunidades para praticar o aconselhamento são muitas. Talvez alguns cristãos relutem em praticar o aconselhamento por temerem ficar atolados até a cabeça, aconselhando pessoas cujos problemas são complexos demais para eles. Todavia, nem todos os problemas de aconselhamento para os quais os líderes são requisitados são imensos ou consistem em situações de risco de vida. Nem todos lidam com o alcoolismo, abuso de drogas ou a ameaça de um divórcio ou suicídio iminente, etc.

As pessoas gostam de conversar quando estão doentes, desempregadas, amarguradas, ou quando estão um pouco tristes. Geralmente não precisam de mais do que uma hora de aconselhamento; precisam de ajuda somente por um curto período enquanto estão experimentando algum estresse em particular. Em tais momentos e circunstâncias, a presença dos líderes e sua disposição para ouvir têm um efeito terapêutico.

É importante que os líderes reconheçam suas limitações quando o problema é de fato grave ou desesperador, e a partir daí saibam a quem encaminhar a pessoa que carece de ajuda. Nem todo psicólogo ou psiquiatra merece a confiança. Alguns trabalham com base em suposições anticristãs. Se uma esposa está infeliz, por exemplo, tal psicoterapeuta pode rapidamente aconselhá-la a deixar o marido e a família, pois, para ele, a felicidade individual é de maior valor. Portanto, os líderes precisam conhecer um pouco o terapeuta antes de recomendá-lo. Para descobrir como fazer o aconselhamento, os líderes devem ler extensivamente e, se possível, fazer um curso de aconselhamento.



Conclusão

Existe um mundo em dor e sofrimento dentro de nossas comunidades. As pessoas estão dizendo como o salmista: “Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse” (Sl 142.4). Num sentido, fazem a mesma pergunta que Jeremias registrou: “Acaso, não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico?” (Jr 8:22). Quem segue a Jesus deve demonstrar que, de fato, há alguém que se preocupa! Temos um bálsamo para corações feridos: nosso “Deus cura os de coração quebrantado e cuida das suas feridas” (Sl 147.3). Podemos aplicar esse bálsamo. Tenhamos cuidado para não dizer aos que estão emocionalmente feridos: “Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos”. (Tg 2:16). Jesus andou por todos os lugares fazendo o bem a todos. Façamos também o máximo possível para ajudar as pessoas que sofrem.

(Coy Roper – WWW.biblecourses.com)

Para saber mais sobre aconselhamento recomendo os seguintes livros:

HOFF, Paul. O Pastor como conselheiro. Editora Vida

COLLINS, Gary R. Aconselhamento cristão. Editora Vida Nova

COLLINS, Gary R. Ajudando uns aos outros pelo aconselhamento. Editora Vida Nova



Avaliação – aprofundando no estudo

1. Fale resumidamente sobre o significado de aconselhamento.

2. A quem se deve aconselhar?

3. Por que um líder precisa desenvolver as habilidades para aconselhar?



AS RESPONSABILIDADES DA LIDERANÇA

Em outros reinos os líderes ocupam uma posição privilegiada governando e se beneficiando de outros. Na comunidade divina governam os que consideram que é um privilégio servir a outros. A imagem do servo é a imagem essencial do cristianismo (ver lição sobre o líder como servo).



1. O bem-estar de outros

1.1. O verdadeiro líder considera que o bem estar dos outros é seu principal objetivo, em vez da sua própria comodidade e prestígio.

1.2. Ele mostra interesse e compaixão pelos que estão abaixo dele. Trata-se de uma compaixão que fortalece e estimula e não que desanima e enfraquece.

1. 3. Ele sempre estimula seus liderados a confiarem no Senhor.



2. Para disciplinar

2.1. Esta responsabilidade freqüentemente não é bem vinda. Muitos vêem a disciplina não como um meio de restauração, mas como uma punição de um Deus carrasco. A disciplina deve ser encarada como uma benção, pois a Bíblia diz que Deus disciplina aqueles que são filhos, portanto, a disciplina é um sinal da paternidade de Deus (Hb 12.7-12). (veja a lição sobre disciplina no volume I da apostila do curso de maturidade).

2.2. Em qualquer igreja sempre existe a necessidade de se manter uma disciplina santa e amorosa caso se queira respeitar os princípios bíblicos.

2.3. Paulo estimula que o espírito necessário de quem impõem disciplina deve ser de amor e mansidão (Gl 6.1, 2; 2Ts 3.14,15).

2.4. Cinco pontos a se considerar quando se faz necessário uma ação disciplinadora:

a) Tal ação deve ser tomada somente após cuidadosa e completa investigação;

b) Deve ser feita somente quando resultará em benefício à obra de Deus e à pessoa envolvida;

c) Sempre deve ser feita com amor genuíno e da melhor maneira possível;

d) Sempre deve ser feita com o objetivo de ajudar e restaurar espiritualmente ao ofensor;

e) Sempre deve ser feita com muita oração.



3. Para Guiar

3.1. O líder espiritual deve saber aonde vai e assim, como o Bom Pastor, vai adiante de seu povo (Jo 10.4).

3.2. O líder ideal é aquele que escuta a voz de Deus e, como um proclamador da vontade de Deus, a transmite aos homens;

3.3. O líder não deve impor arbitrariamente sua vontade.



4. Para tomar a iniciativa

4.1. O verdadeiro líder deve ser empreendedor como também deve ter visão;

4.2. Paulo nunca se deixou abater. Várias vezes ele correu riscos calculados, depois de orar e considerar cuidadosamente o assunto;

4.3. Os maiores fracassos ocorrem por excesso de cautela e não por arrojos e experiências atrevidas de novas idéias;

4.4. Um líder não pode ignorar o conselho de homens cautelosos que estejam ao seu redor, mas, deve ter o cuidado de não permitir que a cautela excessiva reprima sua iniciativa, se ele sente que sua visão é de Deus.



5. Ele deve voluntariamente assumir responsabilidades

Exemplos bíblicos de homens que aceitaram tremendas responsabilidades:

a) Josué – seguindo a Moisés;

b) Eliseu – Substituindo a Elias;

Estes homens tiveram que seguir os passos de grandes líderes mas o fizeram voluntariamente e com a segurança de um chamado divino.



PROVAS INTENSAS SOBRE A LIDERANÇA

Existem provações para se chegar à liderança como também existem sobre um ministério já estabelecido. Cada líder tem que aceitar esta realidade e permanecer firme durante as intensas provações em seu ministério.

1. Transigência

1.1. Transigir significa abrir mão de suas convicções ou até mesmo de princípios bíblicos com o fim de agradar a homens e chegar a um acordo. Sempre damos um passo atrás quando titubeamos e deixamos que nossas convicções mais profundas sejam diluídas.

1.2. O encontro entre Moisés e Faraó nos dá um exemplo de como somos tentados a negociar nossos princípios em nome de um acordo que agrade a todos. Neste caso, Faraó tentou oferecer a Moisés uma série de alternativas para deixar o povo ir adorar a seu Deus. No entanto, nenhuma delas satisfazia a vontade de Deus de livrar o povo completamente do Egito.

1.3. Moisés nunca vacilou; ele passou com honras nesta primeira prova de seu ministério.



2. Ambição

2.1. Moisés foi ―peneirado‖ pela prova da ambição. Ele teve uma ótima oportunidade de superação própria – Nm 14.12. Como foi Deus quem deu esta sugestão, a prova se tornou mais difícil de se resistir e vencer.

2.2. A falta de egoísmo e nobreza de caráter de Moisés, nunca foram tão evidentes como em sua reação à proposta de Deus neste caso. A única coisa que importava a Moisés era a glória de Deus e o bem-estar do povo.



3. Desafios impossíveis

3.1. O líder verdadeiro está em plena forma quando enfrenta as situações mais difíceis e impossíveis;

3.2. Moisés foi confrontado com uma situação impossível quando chegou ao Mar Vermelho. Ele se apoiou em Deus e as águas retrocederam.

3.3. Deus se alegra em colocar os homens em situações em que tenham que depender inteiramente dEle para então corresponder à sua confiança. Ele demonstra seu poder e graça fazendo o impossível.



4. Fracasso

4.1. Exemplos bíblicos: um estudo de personalidades bíblicas revela que a maioria dos homens que influenciaram a história da humanidade foram os que falharam em algum momento. Alguns deles (como Abraão, Davi, Sansão, Paulo, Pedro, etc.) falharam drasticamente, mas se recusaram a permanecer estirados em solo. Seu fracasso e arrependimento lhes asseguraram um maior entendimento da graça de Deus.

4.2. A maneira em que um líder enfrenta seu próprio fracasso terá um efeito significativo no futuro de seu ministério.

4.3. O líder de êxito é o homem que aprende que nenhum fracasso precisa ser definitivo.



5. A inveja

5.1. É de se esperar que a liderança seja desafiada por rivais ambiciosos e invejosos;

5.2. A história de Moisés nos dá um bom exemplo de com reagir diante da inveja (de seus próprios irmãos Arão e Miriã) – Nm 12. O homem que está no lugar separado por Deus para ele não precisa defender-se a si mesmo quando é desafiado por rivais cheios de inveja;

5.3. Deus zela pela honra dos líderes que ele tem chamado e escolhido. Ele os honra, protege, vinga e os livra da necessidade de defenderem seus próprios direitos.









A ARTE DE DELEGAR

Uma definição de liderança é a capacidade de reconhecer as habilidades especiais e também as limitações dos outros, combinando com a capacidade de ajustar cada um ao trabalho que sairá melhor. Aquele que consegue fazer com que outros executem o trabalho com êxito está alcançando o mais alto tipo de liderança.

Delegar responsabilidade juntamente com a autoridade necessária para o cumprimento da mesma, não é algo aprazível a alguém que gosta de receber os méritos sozinho.

1. Alguns se sentem contentes em renunciar alguma responsabilidade, mas vacilam em soltar de suas mãos as rédeas do poder. Esta atitude é entendida pelo subordinado como falta de confiança, e isto não induz a uma boa colaboração.

2. O líder que falha em delegar se enreda constantemente em muitos detalhes secundários e insignificantes.

3. Além do mais, falha em liberar o potencial de liderança de cada um de seus subordinados.

Uma vez que já tenha delegado uma tarefa, o líder deve confiar plenamente em seus liderados. Os subordinados devem estar plenamente seguros do respaldo do líder em qualquer ação que tenham que fazer, não importando qual seja o resultado, contanto que eles tenham trabalhado dentro dos parâmetros estabelecidos. Isto pressupõe que as áreas de responsabilidades estão bem definidas.



Outras razões para delegar responsabilidades:

1. Existem limites para o desgaste de energia física e nervosa que uma pessoa pode suportar sem correr maiores riscos;

2. Delegar pode agilizar os resultados;

3. O líder deve treinar outros para que ocupem seu lugar no futuro.

Não existe virtude em fazer mais do que nos corresponde no trabalho. É um erro aceitar mais obrigações do que podemos cumprir adequada e satisfatoriamente.

Se quebrarmos leis naturais, ainda que a serviço de Deus, não estaremos livres das conseqüências que poderão vir sobre nós. Por exemplo: assumir atividades que nos tire o tempo de descanso.

Ao se transmitir responsabilidade devemos lembrar que devemos interferir somente quando houver grande necessidade. A sensação de sentir-se observado e controlado destrói a confiança.

OS RISCOS DA LIDERANÇA

Os riscos envolvidos na liderança espiritual são diferentes de todas as outras ocupações, pois são mais sutis. Ainda por cima existem as tentações da carne.



1. Orgulho

1.1. Não existe nada mais desagradável a Deus do que a vaidade. Entronizar o Ego próprio às custas de Deus;

1.2. O simples fato de alcançar a posição de liderança com sua proeminência tende a provocar satisfação e orgulho oculto, os quais devem ser reprimidos. ―abominação é ao Senhor todo altivo de coração‖ (Pv 16:5);

1.3. O orgulho é o pior tipo de pecado. Ser orgulhoso dos dons e talentos que Deus nos tem dado, ou então se orgulhar pela posição em que o Senhor, pelo seu amor e graça, nos tem colocado, é esquecer que a graça é um dom (presente, favor) e que tudo o que temos recebemos dEle.

1.4. Três provas de orgulho no coração:

a) A prova da preferência – como reagimos quando outro é escolhido para a posição que estávamos para receber ou para o posto que estávamos cobiçando e alguém é promovido enquanto nós ficamos para trás? O que sentimos quando outro se sobressai em dons e êxitos?

b) A prova da sinceridade – em nossos momentos de honesta autocrítica poderemos descobrir muitas verdades acerca de nós mesmos. Mas como nos sentimos quando outros, especialmente nossos rivais, dizem exatamente as mesmas coisas de nós?

c) A prova da crítica – será que a crítica desperta em nós a hostilidade e ressentimento em nossos corações e nos leva a autojustificarmos nossas ações? Criticamos quem nos critica? Em comparação com a vida de nosso Senhor, só podemos nos sentir envergonhados pela maldade de nossos corações.



2. Egoísmo

2.1. Pensar e falar muito de nós mesmos, nos exaltar pelas nossas conquistas e virtudes;

2.2. Leva o homem a comparar cada coisa com si próprio e não com Deus;

2.3. O líder que por muito tempo é objeto de admiração e reverência por seus seguidores está em grande perigo de cair neste mal;

2.4. O antídoto para isto é a sinceridade. Ver-se a si mesmo tal como é.

Curso de Liderança

53



3. Inveja

O dicionário define a inveja como "desgosto ou pesar pelo bem ou felicidade de outra pessoa, desejo violento de possuir o bem alheio, cobiçar o que é dos outros".

A Bíblia tem muito a nos ensinar sobre a inveja:

Pv 14:30 - " ... a inveja é a podridão de nossos ossos".

Em Pv 14:30 "a inveja é a podridão de nossos ossos." Em outras palavras, Salomão está querendo dizer que a pessoa invejosa está doente (física, emocional e espiritualmente).

A inveja é um dos piores problemas no relacionamento humano. Ela destrói a confiança entre as pessoas, desfaz casamentos e acaba com grandes amizades. A pessoa invejosa tem problemas emocionais não tratados como: baixa auto-estima, insegurança e inadequação. Ela sempre acha que a vida lhe deve mais do que ela tem recebido ( seja carinho, afeto ou dinheiro e bens materiais). Acha-se constantemente injustiçada, assume o papel de vítima com freqüência e sente-se inferiorizada em relação a demais pessoas. Quando confrontada, a pessoa invejosa nega veemente que tem inveja (é muito doloroso para ela admitir que tem inveja, um sentimento tão baixo e feio). Assume com freqüência uma posição defensiva, está sempre defendendo e justificando suas palavras e ações. Ela mesma não gosta de assumir responsabilidades por aquilo que faz ou pensa. A culpa, se alguma coisa der errado, é sempre da outra pessoa ou circunstância, e não dela.



4. Popularidade

4.1. Tenha cuidado com algumas pessoas que demonstram uma admiração exagerada por seus líderes e (1Co 3.4-9);

4.2. Uma exagerada admiração pela liderança da igreja é sinal de imaturidade espiritual e carnalidade. Quando o líder aceita esta admiração e deferência significa que tem a mesma debilidade.

a) Paulo se sentiu assustado com isto e vigorosamente o repudiou;

b) Não é mau ser grandemente amado por quem você serve mas existe sempre o perigo de que a admiração seja desviada do Mestre ao servo. A estima não deve degenerar-se em adulação.

4.3. O líder terá maior êxito quando direcionar o afeto de seus seguidores a Cristo e não a si mesmo;

4.4. A popularidade pode ser comprada por um elevado preço. Jesus disse: ―ai de vós quando todos os homens falem bem de vós‖ (Lc 6.26).



5. Infalibilidade

5. 1. Espiritualidade não é o mesmo que infalibilidade. Uma pessoa que é habitada pelo Espírito Santo e busca ser guiada por Ele, não deixa de ser humana e, portanto, não é infalível.

5.2. O líder deve ser uma pessoa de convicção, preparado para defender o que crê, mas isto é diferente de assumir uma pretensa infalibilidade;

5.3. A boa disposição de assumir a possibilidade de um erro de julgamento e aceitar a opinião de outros irmãos aumenta ao invés de diminuir a sua influência;

5.4. Infalibilidade resulta em perda de confiança por parte dos liderados.



6. Indispensabilidade

6.1. Homens que exercem uma grande influência caem ante a tentação de pensar que são indispensáveis;

6.2. O líder sábio sabe abrir mão de sua autoridade no momento apropriado.

7. Exaltação e Depressão

7.1. No serviço a Deus há inevitáveis momentos de desalento e frustração assim como também há dias de euforia e triunfo;

7.2. O líder deve tomar cuidado para não ficar deprimido ou muito alegre sem motivo real;

7.3. Devemos encarar a realidade de que nem todos os nossos alvos para a obra de Deus serão alcançados;

7.4. Pessoas sobre as quais nos apoiamos falharão conosco algumas vezes;

7.5. Até mesmo um líder com espírito de sacrifício será desafiado;

7.6. Em tempos de êxito, um líder maduro sabe sobre a cabeça de quem se deve colocar a coroa da vitória.



PRINCÍPIOS PARA SE OBTER ÊXITO ESPIRITUAL

1. Desejo

• Ponto de partida para todo êxito ou conquista;

• Certifique-se de que seu espírito é reto e que seus propósitos são sem egoísmo;

• Seu desejo é ter uma igreja leal, ativa e dinâmica?

Siga os princípios abaixo:

a) Trace metas definidas;

b) Determine o que é necessário mudar para alcançar a meta;

c) Não se consegue realizar algo sem mudar nada;

d) Estabeleça uma data fixa para se alcançar a meta;

e) Faça um plano. Planifique suas metas, trabalhe seu projeto;

f) Escreva um resumo do que se deseja realizar;

g) Coloque este resumo diante de Deus em oração (todos os dias).



2. Fé

―A fé vem pelo ouvir e ouvir a Palavra de Deus.‖ (Rm 10.17)

a) Você deve ter confiança absoluta em Deus;

b) Reafirme diariamente as promessas de Deus para sua vida e ministério.



3. Oração

1. Tenha um lugar tranqüilo para buscar ao Senhor a cada dia e colocar diante dele seus projetos e necessidades.

2. Reafirme sua posição com o Senhor;

3. Reafirme suas metas e planos que ele mesmo tem dado a você.



4. Pense

1. Tenha sonhos espirituais;

2. Seja criativo em seus pensamentos;

3. Pense em formas para mudar, ser mais criativo e em como fazer melhor todas as coisas;

4. Não se preocupe com suas limitações; ―Tudo posso naquele que me fortalece‖! (Fp 4.13)



5. Organize-se

1. Procure conselho e ajuda de pessoas que tenham obtido êxito (pastor, o bispo regional, o bispo geral etc.);

2. Debaixo de oração, filtre o conselho recebido e adapte-o à sua necessidade e ao seu projeto;

3. Continue seu relacionamento com esses conselheiros para assegurar-se que seus conselhos estão sendo realizados;

4. Saiba o que você vai fazer e por que vai fazer;

5. Ao receber assessoria, você está recebendo também os seguintes benefícios daqueles a quem você pede ajuda:

a) Sua experiência;

b) Sua formação;

c) Sua habilidade;

d) A imaginação de suas mentes.



ONZE QUALIDADES PARA A LIDERANÇA

1. Sentimento de valor próprio constante;

2. Domínio próprio;

3. Profundo sentido de justiça;

4. Planos definidos;

5. Decisões claras;

6. Disposição para fazer mais do que se espera ou exige;

7. Uma personalidade agradável;

8. Simpatia e compreensão;

9. Conhecimento de todos os detalhes de seu trabalho;

10. Disposição para assumir total responsabilidade;

11. Cooperação.





QUE O SENHOR JESUS COMPLETE A OBRA QUE ELE PRÓPRIO COMEÇOU NA SUA VIDA E MINISTÉRIO



AMÉM. LOUVADO SEJA O SENHOR...!











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