quarta-feira, 30 de junho de 2010

A IGREJA DE CRISTO

                                                    O QUE A IGREJA NÃO É:
1) Não é a continuação da Dispensação Judaica com nome diferente.
Como já vimos referente aos JUDEUS, estes tem sido colocados de lado por um tempo para que a passagem fique clara e aberta para a IGREJA. JESUS disse, "Os profetas e a lei... até João" (Mat.11:13). Se as Escrituras colocam a Moisés, a Lei e os Profetas numa só dispensação, fazem com que JESUS CRISTO e a GRAÇA estejam noutra dispensação. Assim, esta é a ORDEM DIVINA e nós a iremos respeitar e não ajuntar aquilo que DEUS separou.
É por alguns acreditarem que a IGREJA não passa de apenas outra face do que eles chamam "A IGREJA JUDIA", que insistem com "rituais cerimoniais" e mantém o sacerdócio com seu altar, vestuário, etc., seus edifícios (prédios para adoração) com o formato do Templo, e chamam as ORDENANÇAS da IGREJA de "SACRIFÍCIOS" e "SACRAMENTOS". Vão ainda além ao denominar (ou querer chamar) a IGREJA de A IGREJA DO ESTADO - isto é, do governo querendo com isto fazer da IGREJA cabeça do governo do pais. Declaram e reclamam que as promessas de riquezas e glória do Velho Testamento tem sido transferidas dos JUDEUS a IGREJA. Veremos, no entanto, que isto não é o ensino das Sagradas Escrituras.
2) Não é "O REINO"
João Batista veio pregando que o REINO DOS CÉUS tinha chegado, e JESUS enviou os 12 (doze) e os 70 (setenta) a fazer isso mesmo. Mas o povo JUDEU rejeitou o REI, e o estabelecimento do REINO foi "prorrogado" ou ADIADO. Não poderá haver nenhum REINO até que "... certo homem nobre" que "... partiu para uma terra remota" a fim de tomar o REINO, possa VOLTAR. (Lucas 19:12)
A IGREJA nunca é confundida com o REINO nas Escrituras. A IGREJA é comparada -
a) a uma casa (I Tim. 3:15);
b) a um templo (I Cor. 3:16,17);
c) a um corpo (I Cor. 12:27-31); mas nunca a UM REINO. CRISTO é a Cabeça da IGREJA (Ef. 1:22; 4:15; Col. 1:18) e nunca se diz ser SEU REI mas, sim, a relação de Cristo com a IGREJA é a de NOIVOS (Ef. 5:23-32; Apoc. 21:2,9,10).
                                                                     QUE A IGREJA É:
É um "MISTÉRIO"
O REINO não era um mistério. Os profetas do Velho Testamento o descreveram em termos luminosos. Mas havia ALGO que era um MISTÉRIO para eles, e isso era o que viria entre "... os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória...". Então temos ALGO aqui que vem entre "o sofrimento e a glória" (I Pedro 1:9-12). Isto é, entre a CRUZ e a COROA. JESUS foi quem "confidenciou" que isto seria a IGREJA, em Mat. 16:13-20, não dizendo nessa oportunidade como, nem quando, ela haveria de aparecer.
O mistério da IGREJA foi primeiramente REVELADO ao apóstolo Paulo em Efésios 3:1-11, "Por esta causa, eu Paulo, sou o prisioneiro de JESUS CRISTO por vós, os gentios; se é que tendes ouvido A DISPENSAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS, que para convosco me foi dada; Como me foi este MISTÉRIO manifestado pela REVELAÇÃO... O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido REVELADO pelo Espirito aos seus santos apóstolos e profetas, a saber: que OS GENTIOS são co-herdeiros, e de UM MESMO CORPO e participantes da promessa em Cristo pelo EVANGELHO;... Para que agora, pela IGREJA, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida... Segundo O ETERNO PROPÓSITO que fez em Cristo JESUS nosso Senhor."
Destas Escrituras vemos que a IGREJA era desconhecida aos Patriarcas e Profetas do Velho Testamento. AGORA, que OS GENTIOS teriam oportunidade para se salvar NÃO era MISTÉRIO, como se pode verificar em Rom. 9:24-30. O MISTÉRIO era que Deus iria formar um corpo diferente, ou "UMA COISA NOVA", composta de JUDEUS e GENTIOS (Ef. 2:11-16) e esta NOVA COISA que Deus iria fazer é a IGREJA. A Igreja é o "elo" de ligação dos judeus aos gentios; dos descendentes de Sem aos descendentes de Jafet e Cam. A Igreja, que é de origem judaica abriga os gentios. Significa: Jafet e Cam habitando nas tendas de Sem.

SIGNIFICADO: É um corpo composto dos "chamados para fora".
A palavra IGREJA vem da palavra Grega "ECCLESIA" que significa "assembléia, ou congregação, ou "chamado para fora". Mas esta não é uma palavra usada exclusivamente para a IGREJA, pois ISRAEL também era uma congregação "chamada para fora do Egito" e de outras nações, o qual é chamado de "congregação (IGREJA) do deserto" em Atos 7:38. Qualquer Assembléia de adoradores que se congregam ou ajuntam num lugar de reunião para cultuar a Deus é uma "ECCLESIA" (Mat. 18:17; I Cor. 14:19,35).
O propósito desta dispensação pode ser visto no "Programa Divino" esboçado pelo Apóstolo Tiago na sua mensagem a Igreja Primitiva que estava reunida no seu primeiro congresso (concílio, convenção) em Jerusalém (Atos 15:13-18), onde ele declara que "Deus visitou os gentios, para tomar deles UM POVO PARA O SEU NOME."
Então, o propósito desta dispensação não é a conversão de TODO O MUNDO mas, sim, o de CONGREGAR (reunir, ajuntar) UM POVO para o SEU NOME. Isto é, a IGREJA.
Enquanto que ISRAEL é um CORPO DE CONGREGADOS (chamados para fora), é "UM CORPO NACIONAL", composto exclusivamente dos descendentes de Abraão; mas a IGREJA não é UM CORPO NACIONAL, porque não se compõe dos descendentes de uma só nação, porém de INDIVÍDUOS chamados de todas as nações, tribos, povos e línguas. Que Israel e a IGREJA são diferentes e separados, e portanto não os podemos misturar, fica claro no fato de que sua Eleição foi feita em épocas diferentes; e que a ELEIÇÃO da IGREJA é ANTERIOR a ELEIÇÃO de ISRAEL. Israel foi escolhido desde a FUNDAÇÃO DO MUNDO (Mat. 25:34); A IGREJA foi escolhida (ELEITA) antes da FUNDAÇÃO DO MUNDO (Ef. 1:4-6).
Desde a criação do homem, Deus tem estabelecido na Sua Palavra, o Seu Plano de ter um povo separado para o Seu Nome. Essa maravilhosa história iniciou-se e teve seqüência com os nossos primeiros pais: Adão, Abel, Sete, Matusalém, Enoque e Noé (este, salvo do dilúvio por sua justiça e fé em Deus). Após o dilúvio, Deus escolheu a Abraão e seus descendentes - O povo de Israel, no meio do qual habitou, sendo o Seu Guia, Pastor, Pai, Rei, Senhor e Salvador. Israel foi a "congregação" de Deus, no Antigo Testamento. Quando a Congregação de Israel rejeitou o seu Redentor, entregando-o a morte de cruz, a salvação foi estendida a todos os povos gentios, aos que crerem no Seu Nome - JESUS (João 1:12), em cumprimento a profecia do profeta Isaías (42:1-6; 49:6), citada no primeiro Concílio de Jerusalém (Atos 15:14-17), antes ouvida por Paulo na visão a caminho de Damasco, e mais tarde mencionada por ele mesmo aos Romanos (11:11).

                                                         É O CORPO DE CRISTO
Em Ef 1:22,23. lemos, "E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o construiu como cabeça da IGREJA, que é O SEU CORPO...". No versículo 20 é demonstrado que para ser a CABEÇA, Cristo foi colocado a direita (lugar de PODER) nos céus. Assim, primeiro foi formada a CABEÇA para dar vida ao CORPO. A IGREJA assim veio a ser o CORPO e a CABEÇA é CRISTO. Para ver como é que este CORPO funciona e foi formado nos é revelado em I Cor. 12:12,13.
a) O CORPO é um;
b) Tem muitos membros;
c) Muitos membros formam um CORPO - assim é CRISTO;
d) Por um mesmo ESPÍRITO somos TODOS batizados (batismo com o Espírito Santo) em um CORPO;
e) Todos temos bebido do mesmo ESPÍRITO.
Vemos deste modo que - O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO nos incorpora (torna uma parte) do CORPO DE CRISTO.
É por isto que NÃO PODIA existir (haver) A IGREJA até o DIA DE PENTECOSTES (Atos 1:8; 2:1-4).
Na sua epístola aos Efésios, aonde trata quase que exclusivamente do que é a IGREJA, Paulo enfatiza este BATISMO - "HÁ UM SÓ CORPO (A IGREJA) É UM SÓ ESPÍRITO, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;
Um só Senhor, Uma só fé, Um só batismo, Um só Deus (o Senhor JESUS Cristo) o qual é sobre todos, e por todos e em todos (Ef. 4:4-6).
Para que não haja erro (confusão) do que Paulo está se referindo, ao falar de UM CORPO, em I Cor. 12:27 diz, "Vós sois o CORPO DE CRISTO."; e em Rom 12:5 o reafirma dizendo, "Assim nós, que somos muitos, somos UM SÓ CORPO EM CRISTO."
O fato de que a IGREJA é UM CORPO composto de MEMBROS VIVOS nos mostra que ela não é uma organização, mas um ORGANISMO. Uma organização pode ser desmantelada parte por parte e voltar a ser organizada para que funcione novamente. Um ORGANISMO é diferente em que, sendo composto por membros vivos, ele não pode ser desmantelado e depois ser colocado novamente em funcionamento. Exemplo: Arrancamos o coração, ou o cérebro, ou qualquer outro órgão vital dum ser humano e não conseguiremos os colocar ou montar de volta para que o órgão funcione. Essa é a diferença de ORGANIZAÇÃO para ORGANISMO. No CORPO DE CRISTO é assim. Portanto, não podemos perder membros do SEU CORPO, pois isto seria multilá-lo. Mas temos uma CERTEZA, e esta é de que a IGREJA não pode, e não morrerá porque Cristo, que é A CABEÇA, está VIVO e VIVE ETERNAMENTE. É ELE que dá VIDA ao CORPO (A IGREJA) (Apoc. 1:18; Col. 3:4). Ele já deu a SUA VIDA pela IGREJA (Ef. 5:23-25).
Por que chama-se a IGREJA de O CORPO DE CRISTO? Porque é através do corpo (cada crente é uma parte desse corpo) que é CABEÇA, que é Cristo, pode se manifestar. Cristo pode ser visto hoje só por meio da vida de cada crente. São os crentes que, ao se manifestarem pelo seu modo de viver, REVELAM ao mundo quem é CRISTO (Fil. 1:21). O HOMEM PERFEITO. Desde que CRISTO é a CABEÇA e o CORPO é a IGREJA, vemos que uma CABEÇA PERFEITA como CRISTO pode tornar o CORPO PERFEITO. "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores. Querendo o APERFEIÇOAMENTO DOS SANTOS, para a OBRA DO MINISTÉRIO, para edificação do CORPO DE CRISTO; até que todos cheguemos a unidade da fé... A VARÃO PERFEITO, a medida da estatura completa de Cristo." (Ef.4:11-13).
6) A IGREJA É DESCRITA POR PAULO EM I COR. 3:9-17 COMO:
A figura dum EDIFÍCIO ou de um TEMPLO, de quem Cristo é a PEDRA ANGULAR (principal da esquina). "No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois EDIFICADOS para morada de Deus em Espirito." (Ef. 2:21,22) S. João 1:14 diz que, "O Verbo (A PALAVRA - JESUS) se fez carne, e habitou entre nós".
a. Deus se manifestou em carne - JESUS;
b. A GLÓRIA SHEKINAH estava tabernacularizada no CORPO de JESUS CRISTO;
c. Isto foi uma demonstração do que faria em nós para nos tornar a morada de Deus em Espirito.
d. Quem nos vê (os crentes batizados com o Espírito Santo) está vendo o CORPO de CRISTO ou a morada de Deus em Espírito.
7) É A NOIVA DE CRISTO
No presente tempo a IGREJA é uma NOIVA dada em casamento. "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo." (II Cor. 11:2)
primeiro Adão teve sua esposa. Gen. 2:18, 21-24 nos fala de como Adão obteve sua esposa, "E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada VAROA, porquanto do VARÃO foi tomada."
segundo Adão, JESUS Cristo, viveu só durante sua vida na terra; mas um profundo sono o acometeu - o sono da morte - e seu lado foi ferido, e como RESULTADO da EXPIAÇÃO que fez na CRUZ, saiu do seu lado (como saiu do primeiro Adão uma esposa) - a IGREJA, a qual o ESPIRITO SANTO deu VIDA no DIA de PENTECOSTES. Da mesma maneira que Adão disse de Eva, "Esta é osso dos meus ossos e carne da minha carne", a IGREJA pode dizer "Somos membros do SEU CORPO, da sua carne, e dos seus ossos". (Ef. 5:22-33).
a) Eva foi apresentada (trazida) a Adão. Do mesmo modo a IGREJA a CRISTO, Ef. 5:27.
b) Eva foi dada (casada) a Adão, assim como a IGREJA o será a CRISTO, Gen. 2:24; Mat. 19:4,5; Ef. 5:31.
A IGREJA é tanto a NOIVA como a ESPOSA de CRISTO; foi assim também com EVA que era parte do corpo de Adão antes de ser a esposa dele.
A Igreja é a mais excelente obra do Criador, por ter-lhe custado o mais alto preço: o Seu próprio sangue, no corpo que Ele tomou - JESUS CRISTO, para salvar a humanidade (At. 20:28; Tito 2:14; 1Ped. 1:13-18).

Como já vimos, a IGREJA teve suas ORIGENS na mente de Deus ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, mas não veio a existência até que CRISTO ascendeu aos céus.
No verão do terceiro ano do ministério de CRISTO, quando ISRAEL já o tinha praticamente rejeitado, quando a "sombra da CRUZ" se parecia projetar sobre ele, e sabendo que tendo "oferecido" o REINO esta oferta seria RETIRADA e a IGREJA seria estabelecida, desejando preparar seus discípulos para o que estava por vir, JESUS os levou até Cessaréia de Filipo, e ali lhes perguntou, de acordo com Mat. 16:13-20, "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?". Depois que ouviu os discípulos falar do que os homens diziam ser Ele, fez a pergunta, agora dirigida a eles, "E vós, quem dizeis que eu sou?". Simão Pedro respondeu, "Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo", ao que JESUS respondeu, "... tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei A MINHA IGREJA, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." Lendo o versículo na forma literal não percebemos as palavras na sua mensagem e seu significado espiritual.
PEDRO no idioma Grego quer dizer "pedra" (pequena).
PETRA no idioma Grego quer dizer "pedra" mas no sentido de uma enorme massa de pedra, ou seja, ROCHA
CRISTO é a ROCHA, portanto as palavras de JESUS simplesmente aludiram a confissão de Pedro, que diz "TU ÉS O CRISTO" - A ROCHA. Para confirmar isto, deixamos o próprio Apóstolo falar na sua epístola (I Pedro 2:4-8), aonde chama Ele (JESUS) de:
1) PEDRA VIVA (Vs. 4)
2) PEDRA PRINCIPAL DA ESQUINA (Vs. 6)
3) A PEDRA que os edificadores rejeitaram (reprovaram)(Vs. 7)
4) Para os incrédulos:
a) PEDRA DE TROPEÇO
b) ROCHA DE ESCÂNDALO
O Apóstolo Paulo diz em Ef. 2:20-22, "Edificados sobre o FUNDAMENTO dos apóstolos e dos profetas, de que JESUS CRISTO é a PEDRA PRINCIPAL DA ESQUINA; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para TEMPLO SANTO no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para "MORADA DE DEUS EM ESPÍRITO".
A FUNDAÇÃO da IGREJA aconteceu com a MORTE, RESSURREIÇÃO e ASCENSÃO de CRISTO, quando ele se tornou a ROCHA DA ESQUINA da fundação ou do FUNDAMENTO da IGREJA. Nesta PEDRA DA ESQUINA surgiu a IGREJA no Dia de Pentecostes com mais 120 pedras que amarravam bem o fundamento e naquele mesmo dia mais 3.000 (três mil) outras pedras foram colocadas na estrutura do EDIFÍCIO (a IGREJA - Atos 2,4). Poucos dias depois mais 5.000 (cinco mil) pedras foram acrescentadas ao glorioso EDIFÍCIO para morada de Deus em espirito. Assim, através dos séculos, até chegar a nós, milhões tem sido agregados e assim, "Sois edificados CASA ESPIRITUAL e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por JESUS CRISTO" (I Pedro 2:5). Quando JESUS disse a Pedro que edificaria Sua IGREJA na confissão de Pedro ("TU ÉS CRISTO" - A ROCHA), ele disse, em Mat. 16:18, "... e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Quer dizer, as portas do HADES o qual vemos em Lucas 16:26 que é, "... um grande ABISMO (que está dividido em duas partes)... de sorte que os que quisessem passar (de um lado para outro)... não poderiam." As chaves da porta desse lugar (o inferno) estão com JESUS (Apoc. 1:17-18), o que vem a ser um golpe muito grande na Igreja Católica Romana de que Pedro tem estas chaves.
As chaves que JESUS deu a Pedro são AS CHAVES DO REINO DOS CÉUS (Mat. 16:19), e estas Pedro usou no Dia de Pentecostes para dar entrada ao Reino dos Céus - a IGREJA - a 3.000 (três mil) almas. Estas chaves são três:
1) Arrependimento
2) Batismo nas águas em NOME DE JESUS
3) Batismo com o Espirito Santo (Atos 2:38).
Então quem pertence a IGREJA? Se a IGREJA começou no Dia de Pentecostes e se completa no ARREBATAMENTO da SEGUNDA VINDA de CRISTO, o qual é a IGREJA que constituí a NOIVA de CRISTO? Por lógica os que entraram pela porta da qual pertencem as chaves de Atos 2:38. Apenas os que entrarem usando essas chaves entre o Dia de Pentecostes e o Arrebatamento na Segunda Vinda de CRISTO pertencem a Igreja.
                                                                 A MISSÃO DA IGREJA
Desde que a IGREJA não é uma ORGANIZAÇÃO, mas sim um ORGANISMO, A IGREJA não é:
Um clube social,
Um lugar de lazer
Um negocio para vender indulgencias ou outras mercadorias,

Um reformatório para "reformar" viciados e outras espécies que ajudam só o corpo físico da pessoa. A obra social não é a missão da IGREJA (Mar. 14:7).
1) Nos dias que CRISTO andou na terra com seus discípulos o mundo era cheio de misérias e vícios, mas JESUS não organizou nenhuma agencia social ou reformatória, o que na verdade é obrigação do governo e do Estado e NÃO da IGREJA.
2) CRISTO mostrou que os males do mundo são causados pelo PECADO, e que o único caminho para a erradicação do pecado a pela REGENERAÇÃO do SER HUMANO, a começar de dentro do coração. Assim JESUS deu o EVANGELHO ao mundo.
3) A missão da IGREJA é a de levar o EVANGELHO a todo o mundo (Mar. 16:15; Rom 1:16).
4) O EVANGELHO não é um sistema de Ética, ou código de moral mas, sim, é o PODER de DEUS para SALVAÇÃO a TODOS os que CRÊEM.
5) O propósito do EVANGELHO não é o de salvar todo o mundo mas de salvar indivíduos que formarão o CORPO DE CRISTO, que é a IGREJA.
6) O grande erro que muitos tem feito é que tem tomado As Promessas que Deus fez a Israel apropriando-as ou aplicando-as a IGREJA, crendo assim que a IGREJA deve governar a sociedade, países ou o mundo. Estas Promessas são para Israel na Dispensação Milenial e não para a IGREJA.
Tão logo que a IGREJA entra em alianças com parlamentos, senados, congressos de deputados, governadores e prefeitos para ajudar a REFORMAR a sociedade, nega sua verdadeira MISSÃO que é pregar o EVANGELHO (o poder de Deus na Sua Palavra) a TODA CRIATURA, trocando sua missão de salvar as almas pela de reformar o homem físico carnal. Deste modo não poderá produzir os frutos para conseguir O HOMEM ESPIRITUAL.
                                                   O DESTINO DA IGREJA
A IGREJA será arrebatada, e este evento acontecerá em duas fases:
1) Os mortos em CRISTO
2) Os que estão vivos
I Tes. 4:16-17 diz, "Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus;
a) e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro,
b) Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos ARREBATADOS JUNTAMENTE COM ELES nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares,
(Isto é, duas coisas acontecerão simultaneamente) e assim estaremos sempre com o Senhor.")
Enoque (Gen. 5:24) e Elias (II Reis 2:11) são "tipos" do "arrebatamento da IGREJA e seus santos." O quadro no Monte da Transfiguração são "tipos" da IGREJA já arrebatada estando com o Senhor nos ares (Mar. 9:2-9).
1) Moisés - o "tipo" dos santos ressuscitados.
2) Elias - o "tipo" dos santos arrebatados.
JESUS revelou isso a Marta em S. João 11:25,26, "Eu sou a RESSURREIÇÃO e a VIDA; quem crê em mim, ainda que esteja morto, VIVERÁ; e todo aquele que VIVE, e crê em mim, nunca morrerá..." Harmonize esta Escritura com o que disse Paulo em I Tes. 4:16-17 e verá que tudo encaixa perfeitamente.
No seu capitulo IMORTAL, acerca da RESSURREIÇÃO (I Cor. 15:1-58), depois de descrever a "ordem" da ressurreição (vs. 22-24), Paulo prossegue a nos dizer o que acontecerá com os SANTOS que estiverem vivos. "Eis aqui vos digo um mistério:...
1) nem todos dormiremos (morreremos),
2) mas todos seremos transformados,
3) Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a ultima trombeta; porque a trombeta soará,
a) e os mortos ressuscitarão incorruptíveis,
b) e nós seremos transformados.
4) Porque convém que:
a) isto que é corruptível se revista de incorruptibilidade,
b) e isto que é mortal se revestir de imortalidade, então cumprisse- á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitoria?" (vs. 51-55) Somente aqueles que estarão vivos poderão gritar essas duas ultimas frases com todo o direito. Outra vez, veja como I Tes. 4:16-17 corresponde perfeitamente, declarando que o ARREBATAMENTO e a RESSURREIÇÃO serão duas coisas que acontecerão simultaneamente (Mat. 24:27).
Em II Cor. 5:1-4, expressando o seu anseio que é o mesmo de todos nós, os santos de CRISTO JESUS, Paulo diz, "Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre (nosso corpo) deste tabernáculo se desfizer (morrer), temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E por isso também gememos (neste corpo) desejando ser revestidos da nossa habitação, que é a do céu; Se todavia, estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo (corpo), gememos carregados; não porque queremos ser despidos (pela morte), mas revestidos (pela imortalidade), para que o mortal seja absorvido pela vida (o corpo seja transformado)." Em Fil. 3:11-14, "Para ver se de alguma maneira posso chegar a ressurreição dos mortos. Não que já a tenha alcançado... Prossigo para o ALVO, pelo PRÊMIO da soberana vocação de Deus em CRISTO JESUS." Em outras palavras, o PRÊMIO será para os que, sem morrer, possam ser trasladados (arrebatados).
                                                        A ÉPOCA DO ARREBATAMENTO
Tanto os que ensinam que a IGREJA irá passar pela GRANDE TRIBULAÇÃO, como os que ensinam que chegará até o meio dos sete anos da GRANDE TRIBULAÇÃO, quando o homem de pecado se manifestar - isto é, o ANTICRISTO se dá a conhecer - não conhecem que essa época é para os SANTOS, mas só para os SANTOS do povo JUDEU, e que é conhecida como o TEMPO de ANGUSTIA para JACÓ (Jer. 30:7) e da GRANDE TRIBULAÇÃO (Mat. 24:21). Portanto, a IGREJA não passa pelo período da GRANDE TRIBULAÇÃO que haverá aqui na terra, porque ela terá sido trasladada (os que morreram em Cristo) e arrebatada (os que estiverem vivos). E assim estaremos sempre com o Senhor (I Tes. 4:13-18).
A GRANDE TRIBULAÇÃO não é para o aperfeiçoamento da IGREJA, pois não tem nada a ver com a IGREJA. Esta estará com Cristo nos ares (atmosfera). A IGREJA é arrebatada quando começa a GRANDE TRIBULAÇÃO. A GRANDE TRIBULAÇÃO será aqui na terra para os JUDEUS. A IGREJA estará nesse período recebendo O Galardão nas Bodas do Cordeiro ( Mat. 22:1-14; Apoc. 4:1-2; 19:7-9). (Veja os capítulos da Segunda Vinda de Cristo.)
                                              O JULGAMENTO DA IGREJA
1) Será para os CRENTES, pelas suas obras.
2) Será depois que a IGREJA for arrebatada.
3) Será no Tribunal de Cristo (II Cor. 5:10; I Cor. 3:11-15).
4) O resultado - um galardão.
Assim que vemos que o JULGAMENTO da IGREJA é para o futuro. II Cor 5:10 diz, "Porque todos (a IGREJA) devemos comparecer ante o TRIBUNAL DE CRISTO, para que cada um receba (galardão) segundo tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal."
a) Não será um julgamento no sentido de ACUSAÇÃO, mas no sentido de I Cor. 9:24-27, "... os que correm no estádio,... um só leva o PRÊMIO? Correi de tal modo que o alcanceis."
b) Não é um julgamento por pecados mas de OBRAS, como está descrito em I Cor. 3:11-15, o "fundamento... é JESUS CRISTO... se alguém formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um... o dia a declarará... e o fogo provará qual seja a obra de cada um."
c) O galardão (ou prêmio) será representado na coroação do CRENTE:
1) A coroa da VIDA (Tiago 1:12; Apoc:2:10).
2) A coroa de GLÓRIA (I Pedro 5:2-4).
3) A coroa de ALEGRIA (I Tes. 2:19,20; Fil. 4:1).
4) A coroa da JUSTIÇA (II Tim. 4:8).
5) A coroa INCORRUPTÍVEL (I Cor. 9:25).
Então vivamos preparados para o ARREBATAMENTO e o JULGAMENTO da IGREJA (I João 2:28).
                                                                   AS BODAS DA IGREJA
Apoc. 19:7-9 diz, "Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e damos-lhe glória: porque vindas são as BODAS DO CORDEIRO, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos. E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados a CEIA das BODAS DO CORDEIRO."
Notemos bem que não disse "as bodas da noiva", mas do CORDEIRO. Este grande evento não será tanto a consumação das "esperanças" da NOIVA, mas a consumação do PLANO DE DEUS, que Ele estabeleceu ANTES da fundação do mundo (Ef. 1:4).
Nas bodas dos reis daqui da terra nada poderia ser comparável ao INCOMPARÁVEL, pois nas BODAS DO CORDEIRO haverá a UNIÃO dos céus e da terra:
a) JESUS e dos céus;
b) a IGREJA foi tirada da terra.
Esta UNIÃO nunca será quebrada, pois o que Deus une que não o separe o homem (ou, o homem não o pode separar). Depois das BODAS DO CORDEIRO, quando JESUS (o esposo) tiver recebido o REINO, voltará a terra. Lhe será dado o TRONO DE DAVI no qual reinará aqui na terra por 1.000 (mil) anos (Apoc. 20: 1-6). Quando os mil anos se terminarem haverá o JUÍZO FINAL, o GRANDE TRONO BRANCO (Apoc. 20:11; 22:1-7).
                       FUNDAÇÃO HISTÓRICA E EXPANSÃO DO CRISTIANISMO

1) CONDIÇÕES POLÍTICAS E RELIGIOSAS DA ÉPOCA:
O cristianismo não veio a preencher um vácuo religioso. Na época do seu surgimento, pululavam na mente dos homens, concepções várias do Universo, da religião, do pecado e da recompensa e punição. O cristianismo tinha de defrontar-se com elas e procurar ajustar-se. Não se tratava, portanto, de semear em solo virgem. As concepções já existentes forneciam muito do material a ser usado na formação da sua estrutura. Muitas dessas idéias feneceram e desapareceram do mundo moderno. Além dos diversos conceitos comuns a religião popular, o mundo a que se dirigiu o cristianismo devia muito a influencia especifica do pensamento grego. As idéias helênicas dominavam a inteligência do império Romano. Durante o período em que surgiu o cristianismo, os antigos sistemas filosóficos sofreram mudanças notáveis. A tendência ao sincretismo (conciliação dos princípios de várias doutrinas) era largamente difundida e as várias escolas influenciavam-se mutuamente. Por exemplo: a Ética rigorosa original dos estóicos foi modificada pela idéia do termo médio aristotélico. O celebre filósofo estóico Possidônio (135-51 a.C.) mostra influencia platônica. Foi, aliás um dos espíritos mais universais da antigüidade. O caráter sincretico do pensamento helênico torna-se evidente em muitos pais da Igreja. Pode-se dizer que ao tempo de Cristo, a tendência principal do pensamento mais refinado em Roma e nas províncias encaminhavam-se em direção ao monoteísmo panteísta, ao conceito de Deus como bom, contrastando com o caráter amoral das antigas divindades gregas e romanas: a crença numa providência divina, soberana, a idéia de que a verdadeira religião não consiste em cerimonias, mas em imitação das qualidades morais de Deus e é uma atitude mais humana para com as criaturas.
Faltavam a filosofia de então, dois exemplos que o cristianismo viria realçar, a saber: a certeza que só pode advir da crença numa revelação divina, e a idéia de lealdade a uma pessoa.
O povo em geral, no entanto, desfrutava de poucos benefícios advindos do pensamento filosófico. Campeava no seu meio a superstição mais crua. Se é verdade que o predomínio das velhas religiões da Grécia e de Roma diminuíra, não menos verdade é que o povo comum permanecia na crença em deuses muitos e senhores vários.
Cada cidade, cada profissão, a agricultura, a primavera, o lar, os eventos principais da existência, o casamento, o nascimento - tudo tinha o seu patrono na pessoa de um deus ou deusa (essas nações viriam mais tarde a aparecer na história cristã sob forma de veneração de santos). Advinhos e mágicos, especialmente os de raça judaica, faziam comércio próspero entre os ignorantes, que criam que a preservação do Estado estava condicionada a prática desses cultos pagãos.
Essas idéias populares não encontravam oposição da parte dos mais cultos, os quais em geral, admitiam que as velhas religiões tinham valor policial, e consideravam as cerimonias do Estado, como uma necessidade do homem comum. Sêneca expressou sem rodeios a opinião dos filósofos, ao declarar que "o homem sábio observa todos os costumes da religião, tais como ordenados pela Lei, e não como agradáveis aos deuses".
Eram as massas que apelavam os pregadores cínicos desse período. A corrupção moral do império favoreceu o reavivamento desse antigo credo de independência e auto-suficiência. Seu campeão fora Diogenes de Sinope (400-325 a.C.). Embora muitos desses pregadores intinerantes fossem grosseiros e mesmo obscenos, havia os que eram dignos de honra, como Dio Crisostomo (40-112 d.C.), que discursava contra o vício e a sensualidade, propunha a vida do campo como muito superior a do citadino abastado, e proclamava uma mensagem de harmonia mundial e verdadeira piedade, fundamentada na idéia universal e inata de Deus. Por razões patrióticas, os imperadores mais atilados procuravam fortalecer as religiões populares antigas e transformá-las em adoração do Estado e do seu chefe. Na verdade, foi nos dias da república que começou a deificação patriótica do Estado Romano. Já em 195 a.C., encontrava-se em Esmirna o culto da Dea Roma. Essa reverencia era favorecida pela popularidade do império nas províncias, já que ele assegurava um governo melhor do que o da republica. Em 29 a.C., Pergamo já dispunha de um templo dedicado a Roma e a Augusto. Espalhou-se rapidamente esse culto dedicado ao governante como corporificação do Estado, ou, melhor dizendo, ao seu "gênio" ou espirito que nele habitava. Criou-se logo um sistema sacerdotal patrocinado pelo Estado dividido e organizado em províncias, encarregado da celebração não só do culto como também dos jogos anuais em larga escala. Foi essa, provavelmente a organização de caráter religioso mais desenvolvida ao tempo do primeiro império; ainda esta, por ser verificado com exatidão o grau de influencia que exerceu sobre as instituições cristãs. Do ponto de vista do homem moderno, havia nesse sistema muito mais patriotismo do que religião. Mas a sensibilidade cristã primitiva considerava a adoração do imperador absolutamente irreconciliável com a lealdade a Cristo. A descrição da Igreja de Pergamo (Ap.2:13) e exemplo típico dessa opinião. Para os romanos, a recusa dos cristãos em render culto ao imperador parecia pura e simples traição, razão porque se iniciou a grande era dos mártires.
A necessidade que o homem tem de religião é muito mais profunda do que de filosofias ou cerimonias. A grande maioria dos que sentiam necessidade de ordem religiosa, simplesmente adotavam as religiões orientais, notadamente as que demonstravam preocupação com a redenção, marcada pelo misticismo e o sacramentismo.
Resumindo a situação do mundo pagão na época de Cristo, pode se dizer que eram evidentes certas necessidades religiosas, mesmo em meio a grande confusão e expressas em formas as mais variadas. Para fazer face as exigências da época, uma religião teria de pregar um Deus único e justo, embora deixasse lugar para inúmeros espíritos bons e maus. Teria de possuir uma relação definida da vontade de Deus, isto é, de uma Escritura dotada de autoridade como era o caso do judaísmo. Teria de inculcar nos seus seguidores a virtude da negação do mundo, baseada em ações morais agradáveis a vontade e a natureza do seu Deus. Teria de apontar uma vida futura repleta de recompensas e castigos. Deveria dispor de ritos simbólicos de iniciação e prometer efetivo perdão de pecados. Teria de possuir um Deus-redentor com o qual os homens pudessem unir-se mediante atos sacramentais. Deveria pregar a irmandade de todos os homens, ou, ao menos dos seus seguidores.
Por mais simples que fosse o seu começo, o cristianismo tinha de possuir tais características, ou delas apropriar-se, a fim de conquistar o Império Romano, ou tornar-se-ia uma religião universal. Em sentido muito mais amplo do que se pensava, o cristianismo surgiu "NA PLENITUDE DOS TEMPOS". Para os que crêem na providencia de Deus, é evidente a importância fundamental nessa preparação, por mais que se reconheça o fato de que algumas das características do cristianismo primitivo levavam o timbre e as limitações da época e tem de ser joeiradas (escolhidas) para que nele se percebam os elementos eternos.
                                             ANTECEDENTES JUDAICOS
O Desenvolvimento nos seis séculos anteriores ao nascimento de Cristo, foi determinado pelos eventos concretos da História. Desde a conquista de Jerusalém por Nabucodonozor, em 586 a.C., a Judéia estava sob controle político estrangeiro. Apesar de todas as intervenções políticas sofridas por esse povo, por tão longo tempo, não lhes foi tirada a convicção de que era uma nação eleita, "povo santo", que vivia sob o domínio da Lei santa de Javé.
A esperança Messiânica, nutrida tanto pelos fariseus como pelo povo em geral, era fruto da forte consciência nacional e da fé em Deus. Nos tempos da opressão nacional ela tornava ainda mais vigorosa. Tornara-se débil ao tempo do governo dos primeiros Macabeus quando uma dinastia temente a Deus trouxera independência ao povo. A tradição familiar, porém, foi abandonada pelos últimos Macabeus, Os romanos conquistaram o pais em 63 a.C. Do ponto de vista estritamente judaico, a situação em nada melhorou quando um aventureiro, pelo sangue, meio judeu, Herodes, filho do idumeu Antipater, governava como rei vassalo do poder romano, entre 37 a.C. e 4a.C.
O povo considerava-o instrumento dócil nas mãos dos romanos e, no fundo, um helenizante, apesar dos inegáveis serviços que prestou a prosperidade material do pais e da suntuosa reconstrução do templo por ele empreendida. Os herodianos eram odiados tanto pelos fariseus, quanto por Saduceus. Morto Herodes, seu reino foi dividido entre três dos seus filhos: Arquelau tornou-se tetrarca da Judéia, Samaria e Iduméia (4 a.C. - 6 d.C.); Herodes Antipas tetrarca da Galiléia e Peréia (4 a.C.-39 d.C.), e Felipe, tetrarca da região situada a leste e nordeste do mar da Galiléia, predominantemente pagã. Arquelau suscitou profundas inimizades, foi deposto pelo imperador Augusto e sucedido por um procurador romano. O ocupante deste cargo, entre 26 e 36 d.C. era Pôncio Pilatos.
Diante de condições políticas tão desalentadoramente adversas, parecia que só por intervenção divina mediante um Messias, e o estabelecimento de um reino de Deus, no qual floresceria um judaísmo libertado e poderoso, sob o governo de um Rei messiânico justo, de descendência davidica, reino esse para o qual concorreria todos os judeus dispersos pelo império romano. Seria o início de uma idade áurea. Para o judeu comum, era provável que isso significasse simplesmente a expulsão dos romanos por intervenção divina e a restauração do reino de Israel. Exemplo da crença dos judeus nessa intervenção divina, foi a pergunta dos discípulos ao Senhor, no monte da ascensão: "Restaurarás Tu neste tempo, o reino a Israel?"
O Caminho para JESUS foi preparado por João Batista, o precursor do Messias. De vida ascética, pregou na região do Jordão que o julgamento de Israel estava próximo e que o Messias estava prestes a chegar. Desprezando todo formalismo religioso e qualquer dependência em relação a descendência de Abraão, proclamava a mensagem dos antigos profetas: "Arrependei-vos, fazei justiça..." As instruções que dava aos vários tipos de ouvintes eram simples e radicalmente não legalistas. Batizava seus discípulos como sinal de purificação dos seus pecados. (O ato do batismo talvez simbolizasse submissão ao rio de fogo que se aproximava, pelo qual Deus haveria de purificar e redimir o mundo). Ensinava-lhes um tipo especial de oração. João Batista foi descrito por JESUS como o último dos profetas e um dos maiores entre eles. Embora muitos dos seus seguidores se tivessem tornado discípulos de JESUS, alguns deles continuaram independentes, sendo encontrados por Paulo, muitos anos mais tarde, no seu ministério, em Éfeso (At.19:4) João Batista descendia de uma geração sacerdotal, tanto por Isabel, como por Zacarias, ambos descendentes de Arão. Sua mãe, Isabel, era prima de Maria, mãe do Senhor, que era da tribo de Judá. O seu nascimento foi anunciado por um anjo de Deus, enquanto seu pai ministrava o sacerdócio, no templo.
Dando continuidade aos antecedentes judaicos da IGREJA CRISTÃ, o seu Fundador, JESUS CRISTO, foi, segundo a carne, o maior de todos os judeus. O Evangelho de Mateus, registra sua genealogia, partindo de José (seu pai emprestado), para provar que ele descendia de Davi, portanto, com todo o direito de ser o Messias - Rei de Israel (Mat.1:1-17).
                                               O FUNDADOR DA IGREJA
Depois de ter sido batizado por João Batista (nesta oportunidade, Cristo recebeu a "unção" do Espirito Santo), JESUS imediatamente começou a pregar o Evangelho do Reino de Deus, e a curar os atribulados na Galiléia, granjeando desde logo grande número de seguidores dentre o povo. Reuniu ao redor de si um grupo pequeno de companheiros mais íntimos (os apóstolos), e um outro maior de discípulos menos chegados. Tendo iniciado o seu ministério de salvação aos trinta anos de idade, durante três anos e meio, Cristo palmilhou as terras da Palestina, da Galileia a Judéia, de Jerusalém a Síria, semeando a paz, o amor, a liberdade aos cativos; dando vista aos cegos, curando leprosos e paralíticos, expulsando os demônios e ressuscitando mortos. No ensino de JESUS, "o reino de Deus" subentende-se o reconhecimento da soberania e paternidade de Deus. Devemos amá-lo, e ao nosso próximo. O padrão ético do reino é o mais elevado que se possa conceber: "...Portanto, sede vós perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celeste", implica em atitude absolutamente enérgica em relação ao "eu", é ilimitada disposição de perdoar em relação aos outros. O perdoar aos outros é condição necessária para que Deus nos perdoe. Quando Ele escolheu os seus primeiros seguidores os doze discípulos, que logo mais estavam consagrados "apóstolos" do Senhor, Cristo JESUS iniciava uma Nova Ordem: era a restauração da verdadeira adoração a Deus, em espirito e em verdade, uma religião diferente daquela conhecida e praticada tradicionalmente pelos escribas e fariseus, que consistia em formalidades, regras e costumes puramente dos homens, onde a verdadeira adoração ao Deus de Israel, estava apenas nas palavras dos patriarcas e profetas registradas no Torá, porém, longe da prática. Cristo dizia: "Misericórdia quero, e não sacrifício; amai a vossos inimigos, orai pelos que vos perseguem." Era a lei do amor, da misericórdia, da liberdade, da sinceridade. Em lugar da religião de exterioridade, de obras meritórias e de cerimonias, JESUS apregoou a idéia de que a piedade consiste no amor ao próximo a um Deus que é Pai e a um próximo que é irmão - manifesto principalmente numa atitude do coração e da vida interior, tendo como fruto os atos externos. A força propulsora dessa vida é a lealdade ao próprio JESUS como revelação do Pai, o tipo da humanidade redimida.
Cristo dispensou a sabedoria dos sábios de seus dias (os escribas os principais dos fariseus, os sacerdotes e sumo-sacerdotes), para confiar a liderança da sua Igreja ao "pequeninos" ... Graças te dou, ó Pai! Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos! A atitude de JESUS, tal como a dos da sua época, era fortemente escatológica. Sentia Ele que, embora começasse agora, o Reino se manifestaria com poder muito maior no futuro próximo. O fim da presente época não parecia muito distante. Não há duvida de que muitos dos seus pronunciamentos e idéias encontram paralelo no pensamento religioso da época. Seu efeito global, porém, foi revolucionário. Ele os ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas. JESUS podia dizer que o menor dos seus discípulos era maior do que João Batista, e que o céu e a terra haveriam de passar, mas não as suas palavras. Chamava a si os cansados e oferecia-lhes descanso. Aos que O confessassem diante dos homens, prometia que haveria de confessá-los diante do Pai. Declarava que "ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar". Afirmava que tinha autoridade para perdoar pecados, e proclamava-se Senhor do sábado que, no pensamento popular, era o que havia de mais sagrado na Lei dada por Deus ao povo judeu. De outro lado, não era menor a clareza com que sentia sua própria humanidade e limitações. Ele orava e ensinava os discípulos a orar. Declarava não saber o dia e a hora do fim do presente século, coisa que só o Pai conhecia. Não lhe competia resolver quem, quando da sua exaltação, havia de sentar-se a sua direita ou a sua esquerda. Orava para que se cumprisse não a sua vontade, mas a vontade do Pai. E, na agonia da cruz, clamou: Deus meu, pôr que me desamparaste?
Está nesses pronunciamentos o mistério da Sua pessoa. Sua humanidade é tão evidente quanto a sua divindade: Ele podia dizer: "EU E O PAI SOMOS UM; QUEM ME VÊ A MIM VÊ O PAI; ANTES QUE ABRAÃO EXISTISSE EU SOU". Na sua natureza divina, Ele podia: andar sobre o mar, como em terra seca; repreender o mar e o vento, e estes Lhe obedeciam; transformar água em vinho, multiplicar pães e peixes para alimentar multidões; limpar leprosos, dar vista a cegos, ressuscitar mortos, e dar Vida Eterna aos que nEle cressem.
O que deu imensa significação ao que JESUS ensinava e era, foi a convicção dos seus discípulos de que a sua morte não era o fim, isto é, foi a fé na Sua Ressurreição. O "como" dessa convicção constitui um dos problemas históricos mais enigmáticos. O fato de tal convicção é, não obstante, irrefutável. Ao que parece, o primeiro de quem ela apossou foi Pedro (1Cor.15:5), o qual ao menos nesse sentido, foi o apóstolo que se constituiu em "pedra fundamental" da Igreja. Tal convicção era comum a todos os primeiros discípulos. Foi o ponto decisivo na conversão de Paulo. Transmitiu coragem aos discípulos dispersos, reuniu-os de novo e fez deles "testemunhas". De agora em diante, eles tinham um Senhor Ressurrecto, exaltado em glória, e no entanto, sempre interessado neles. Com um realismo muito mais profundo do que o judaísmo jamais imaginara, o Messias da Esperança judaica tinha de fato vivido, morrido e ressurgido novamente para sua salvação. Tais convicções tornaram-se ainda mais sólidas nas experiências do dia de Pentecostes.
                                                A IGREJA NA ERA APOSTÓLICA
a) - O DERRAMAMENTO DO ESPIRITO SANTO
Conforme as últimas instruções do Senhor JESUS antes da sua ascensão (Atos Cap.1:1-8), os discípulos deveriam permanecer em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos do poder do Espirito Santo. Só assim estariam capacitados a iniciarem a Obra de evangelização.
O Capítulo 2 de Atos narra a descida do Espirito Santo sobre os discípulos reunidos no Cenáculo, no Dia de Pentecostes, 10 dias após Sua ascensão, 50 dias após Sua ressurreição, em cumprimento a profecia do profeta Joel (2:28), acontecimento que despertou a curiosidade do povo judeu de várias partes do mundo que se encontravam em Jerusalém, para a festa de Pentecostes, exigindo, assim, a primeira pregação, feita por S. Pedro, da qual resultou a conversão de quase três mil almas (At.14-41).
No Capitulo 3, encontramos o primeiro milagre realizado pelos apóstolos, em nome de JESUS, confirmando a Sua obra. Este milagre seguido da segunda pregação por parte de Pedro e João, trazendo a conversão mais cinco mil almas, causou grande perturbação aos principais dos sacerdotes, levando-os a prenderem Pedro e João para serem interrogados perante o Sinédrio, tendo-os soltado no dia seguinte. Outra prisão é registrada no Cap. 5:17,18, quando os apóstolos foram soltos milagrosamente pelo anjo do Senhor, prosseguindo na santa missão, e a Igreja crescia maravilhosamente.
b) - A EXPANSÃO DO CRISTIANISMO
O fato de os cristãos pregarem JESUS como o verdadeiro Messias, e o medo da conseqüente desconsideração do ritual histórico, levaram os judeus helenistas farisaicos ao ataque, de que resultou a morte do primeiro mártir cristão Estevão - apedrejado pela multidão. Conseqüência imediata foi uma dispersão da congregação de Jerusalém. Foi assim que a semente do cristianismo começou a ser semeada pela Judéia, Samaria e mesmo em regiões mais remotas, como Cesaréia, Damasco, Antioquia e a Ilha de Chipre. A paz relativa desfrutada pela Igreja de Jerusalém, logo após o martírio de Estevão, foi perturbada por uma perseguição mais severa instigada em 44d.C., por Herodes Agripa-I. Pedro foi preso, mas escapou milagrosamente; Tiago (apóstolo) foi decapitado. O pouco de verdade que se possa provar esteja implícita, na tradição de que os apóstolos deixaram Jerusalém doze anos após a crucificação, vincula-se a dispersão que se seguiu a essa perseguição. A liderança da Igreja em Jerusalém passou a Tiago, o irmão do Senhor, ate 63 d.C.
A perseguição que deu causa ao martírio de Estevão, teve também como conseqüência o fato de o cristianismo ter sido levado para além das fronteiras da Palestina. Missionários, cujos nomes ficaram esquecidos, pregaram Cristo aos seus irmãos de raça judaica.
Em Antioquia um fato novo viria acontecer: Capital da Síria, Antioquia era cidade de grande importância, notavelmente cosmopolita, verdadeira encruzilhada em que se encontravam gregos, sírios e judeus. Ali a nova fé foi pregada aos gregos, e o resultado consistiu no fato de o Evangelho espalhar-se entre homens de cepa gentílica. Começaram a ser apelidados de "cristãos" pelo populacho. Só por volta do século II é que os seguidores de Cristo começaram a aplicar essa designação a si mesmos, embora ela já antes se tivera tornado popular entre os pagãos. Antioquia não ficou sendo o ponto final do esforço de expansão dos cristãos. No ano 51 ou 52, na própria cidade de Roma, a atenção do governo dirigido por Cláudio, foi suscitada por alguns tumultos havidos entre os judeus da cidade, como conseqüência da pregação feita por missionários cristãos desconhecidos. Neste primeiro período porém, Antioquia foi o centro da expansão e ponto focal importante da atividade cristã.
Paulo, logo após sua conversão, pregou primeiramente na Arábia. Três anos após sua conversão visitou rapidamente Jerusalém, onde esteve com Pedro e Tiago, irmão do Senhor. Durante anos trabalhou na Síria, e na Cilícia, enfrentando perigos, sofrimentos e fraqueza física (2Cor Caps. 11 e 12). Não poderia ter deixado de pregar aos gentios. De Antioquia, partiu com Barnabé, em viajem missionária, que os levou a Chipre, Perga, Antioquia da Psidia, Icônio, Listra e Derbe. Foi essa a primeira viajem missionária, descrita nos capítulos 13 e 14 de Atos. Ao que parece, esse foi o esforço mais frutífero da História da Igreja. Como resultado, estabelecesse um grupo de congregações no Sul da Ásia menor, as quais Paulo mais tarde se dirigiria pelo nome de "Igrejas da Galáxia".
O crescimento da Igreja em Antioquia e o estabelecimento de congregações mistas em Chipre e na Galáxia fez com que assumisse maiores dimensões o problema da relação entre os gentios e a Lei.
A congregação de Antioquia era agitada por visitantes vindos de Jerusalém, que afirmavam: "Se não vos circuncidardes segundo o costume da Lei de Moisés, não podereis ser salvos" (At.15:4).
Paulo resolveu servir-se de um caso concreto para chegar a uma conclusão: levando consigo a Tito, um converso gentio não circuncidado, como exemplo concreto de cristianismo não legalista, foi com Barnabé a Jerusalém e entrevistou-se pessoalmente com os lideres da Igreja. O resultado dessa entrevista, de que participaram Pedro, João e Tiago (irmão do Senhor), foi o reconhecimento cordial da genuinidade do trabalho de Paulo entre os gentios, e um acordo no sentido de dividir o âmbito dos trabalhos: os lideres de Jerusalém continuariam a missão entre os judeus, mantendo evidentemente a Lei, enquanto Paulo e Barnabé levariam a mensagem aos gentios, dispensando a insistência da Lei (Gal. 2:1-10).
Qual seria a relação entre judeus e gentios numa Igreja mista? Poderiam judeus e gentios comer juntos? essa questão levou a uma forte discussão pública na congregação de Jerusalém, da qual resultou o conhecido "Concílio de Jerusalém" (provavelmente. ano 49).
Seguiram-se então os poucos anos de maior atividade missionária de Paulo, o período em que escreveu todas as suas Cartas.

Levando consigo a Silas, proveniente de Jerusalém, mas cidadão romano, Paulo separou-se de Barnabé, por causa da discordância com respeito a comida e a conduta de Marcos, primo de Barnabé. Durante uma viajem pela Galáxia, juntou-se a ele Timóteo Impedidos de trabalhar na região ocidental da Ásia Menor, Paulo e seus companheiros entraram na Macedonia, fundando Igrejas em Filipos e Tessalônica. Foram recebidos com frieza em Atenas e passaram dezoito meses em Corinto, onde obtiveram grande sucesso (provavelmente entre 51 e 53). Em Éfeso, onde o cristianismo já tinha se estabelecido, iniciou um ministério que durou três anos (53 a 56?). Apesar do sucesso que obteve, Paulo teve de enfrentar grande oposição e perigos tais, que chegou a desesperar da vida (2Cor.1:8). Ainda nos dias de Paulo, o Evangelho já havia expandido tanto, que ele chegou a escrever que o Evangelho havia chegado em todo o mundo (conhecido da época). Convém lembrar que entre os convertidos no dia de Pentecostes, havia judeus e prosélitos de cerca de 15 países ou regiões diferentes, desde a Líbia, Egito, Arábia, Síria, Ásia Menor, Bitinia e Ponto, Mesopotamia, Capadócia, Partos e Medas, Creta até Roma, de onde, sem dúvida alcançou o resto do mundo ocidental. É certo que o eunuco etíope levou o Evangelho para a sua terra, que por certo alcançou grande parte da África conhecida na época.
Pouco se sabe da vida dos outros apóstolos (exceto Pedro, João e Tiago, este último, martirizado logo no início da Igreja). Mesmo de Mateus, temos apenas o seu Evangelho, do qual não temos nenhuma informação precisa do ano em que foi escrito. Da pessoa de Mateus, nada mais se sabe. Tomé, segundo a tradição, trabalhou na Pérsia (possivelmente na Índia), onde sofreu o martírio. De Santo André, informam que sofreu o martírio na Acaia (Grécia). Dos demais, nada mais se informam, além de que o grupo permaneceu coeso, até o martírio. (cont.)
                                  A IGREJA NO PERÍODO PÓS-APOSTÓLICO
a) - O FIM DA ERA APOSTÓLICA
São desconhecidos os fatos referentes a vida da maioria dos apóstolos. A perseguição iniciada por Nero, foi feroz e restringiu-se aos limites da capital do império. Depois do grande incêndio de Roma, em julho de 64, levantaram-se, provavelmente por instigação de Nero, acusações que envolviam injustamente os cristãos. Nero queria com isso desviar os rumores que o apontavam como culpado. Inúmeros cristãos foram mortos em meio a horríveis torturas nos jardins do Vaticano, onde o imperador transformou o martírio dos cristãos em espetáculo público. Desde então, Nero passou a ser considerado o protótipo do Anti-Cristo pela tradição cristã. A Igreja romana, porém, não só sobreviveu a essa provação como fortaleceu-se. A destruição de Jerusalém, no ano 70, foi um evento de importância mais permanente, pois quase pôs fim a já decrescente influencia das congregações da Palestina sobre os aspectos mais vastos da Igreja. Tal colapso aliado ao rápido crescimento do número de conversos de origem pagã, logo fez com que a luta de Paulo em favor da liberdade, em relação a Lei judaica, perdesse sua importância. Antioquia, Roma, e, antes do fim do século, Éfeso, tornaram-se então os centros principais da expansão do cristianismo. Apesar de um ou outro indício reservado os quarenta anos entre 70 e 110, são até hoje um dos períodos mais obscuros da história da Igreja. Só temos a lamentar tal fato, pois essa foi uma época de rápidas mudanças na própria Igreja.
b) - A ENTRADA DE HERESIAS NA IGREJA
Quando mais tarde, os característicos da Igreja voltam a ser claramente identificados, nota-se que pouquíssimos traços distintivos deixados por Paulo estão presentes. Muitos outros missionários além de Paulo, hoje desconhecidos, devem ter trabalhado. Além disso, a penetração de idéias provindas de fontes outras que não as cristãs, sem dúvida trazidas por conversos de antecedentes pagãos, modificaram as crenças e as práticas cristãs, especialmente no que tange aos sacramentos, aos jejuns e ao surgimento das formulas litúrgicas (cerimonial do culto), e sem dúvida, também a interpretação errada da Teologia, com a crença na trindade, pois, essa doutrina começou a ser defendida, precisamente por "mestres cristãos" de formação pagã.
Já no declinar do primeiro século, especialmente na Ásia Menor, haviam se espalhado concepções que negavam a humanidade e a morte efetiva de JESUS, afirmando que Ele não viera na carne, mas sim, no aspecto de um fantasma, aparência docética (Já nos dias do Apóstolo João, corriam esses pensamentos. Confira 1Joao 1:1-3; 2:22; 4:2,3). Argumentavam que Cristo, na realidade apareceu e ensinou os seus discípulos mas, durante esse tempo era um ser celestial e não carne e sangue. Por volta do ano 135 a 160, surgiu ou foi se consolidando o agnosticismo (filosofia de auto-conhecimento de Deus).
O agnosticismo representava um enorme perigo para a Igreja. Solapava os fundamentos do cristianismo. O seu deus não é o Deus do A.T., o qual para eles era considerado um ser inferior e perverso. O seu Cristo não tivera encarnação, morte e ressurreição reais. Sua salvação restringia-se a uns poucos "iluminados".
A tradição cristã atribuía a Simão o magico, a fundação do gnosicismo. Porém, pouco se conhece de concreto a respeito de sua relação com esta doutrina. Mais provavelmente, cabe a pensadores "brilhantes" da época, tais como Satornilo de Antioquia (150), Basilides de Alexandria (130), e, com destaque especial, Valentino, que trabalhou em Roma entre 135 e 165 aproximadamente. A escola gnostica produziu ainda, entre muitos outros:

MARCIÃO (139), atacava toda sorte de judaísmo ou legalismo, afirmava que o Deus do A.T. não era o mesmo revelado no Cristo. O Deus do Antigo Testamento era um Deus justo e vingativo. Cristo e a manifestação docética do Deus bom e misericordioso, até então desconhecido. Por conseguinte, o A.T. e seu Deus tem de ser rejeitados pelos cristãos. Com seus seguidores, Marcião fundou uma Igreja separada, compilaram um cânon de livros sagrados, composto de dez epístolas de Paulo (omitindo as pastorais) e do Evangelho de Lucas. Eliminou desses livros todas as passagens que subentendessem que Cristo considerava o Deus do A.T. seu Pai, ou de alguma maneira relacionado com Ele. Dentre os movimentos vinculados ao agnosticismo, o de Marcião foi provavelmente o mais perigoso. Separava o cristianismo de suas raízes históricas de modo tão radical, quanto o fizeram as teorias gnosticas mais abstratas. Negava a encarnação real de Cristo e condenava o A.T. e seu Deus. As igrejas de Marcião espalharam-se muito notadamente no oriente, e existiram até o século V.
MONTANO, fundador do montanismo (156-200?). Ao contrário do gnosticismo, o montanismo foi um movimento de origem claramente cristã. Na maioria das Igrejas do século II, a primitiva esperança na próxima volta de Cristo, desaparecia. A consciência do Espirito, característica da Igreja Apostólica, praticamente extinguira-se. Com o declínio do sentido da ação constante e imediata do Espirito, ia crescendo a ênfase na sua importância como agente da revelação. Fora o Espirito Santo quem guiara os escritores do A.T. para o pensamento cristão do começo do século II, havia uma diferenciação entre o Espirito Santo e Cristo, mas eram ambos considerados Deus. Isso é evidente na fórmula batismal trinitária que, a essa época já estava substituindo a primitiva apostólica "EM NOME DE JESUS CRISTO".
Ao fim do século I e começo do século II a fórmula trinitária já era de uso freqüente. TERTULIANO, foi o mais fiel discípulo do montanismo. Converteu-se a essa doutrina por volta do ano 200, atraído por suas exigências ascéticas. Em Cartago, os seguidores de Tertuliano subsistiram até o tempo de Agostinho. Este Tertuliano, influente discípulo de Montano, foi o primeiro defensor público da doutrina da trindade. Como sempre, a doutrina não oferece segurança; os seus seguidores são inseguros na exposição da mesma.
Vejamos a teologia tertuliana que tenta ensinar a trindade: - "O Pai, o Filho e o Espirito Santo, todos são de um, por unidade de substancia, embora ainda esteja oculto o mistério da dispensação que atribui a unidade numa trindade, colocando em ordem Pai, Filho e Espirito Santo. Três, contudo, não em substancia, mas em forma; não em poder, mas em aparência; pois eles são de uma mesma substancia e de uma só essência e de um poder só, já que é de um só Deus que esses graus e formas e aspectos são reconhecidos com o nome de Pai, Filho e Espirito Santo." Tertuliano descreve essas distinções da Divindade como pessoas. No pensamento de Tertuliano essa unidade de substancia é material, pois a influencia estóica é que estava sujeito era bastante para fazê-lo afirmar que Deus é corpo e que o espirito tem uma substancia corpórea de sua própria espécie, e que, por derivarem-se do Pai por emanação, o Filho e o Espirito Santo são subordinados a Ele. Tertuliano afirmava ainda: "Os simples, os quais constituem a maioria dos fieis, mostram-se perplexos diante da explanação dos "três em um", alegando que a sua própria fé os afasta da pluralidade de deuses existentes no mundo e os leva ao ÚNICO DEUS VERDADEIRO. Era-lhes difícil perceber a distinção entre a idéia trinitária e as afirmações triteistas. A obra de Tertuliano "Contra Praxeas", foi, sem dúvida, a responsável pela definição, e mais tarde a dogmatizacao da doutrina da trindade, sendo confirmada por um dos seus discípulos - Novaciano de Roma (240-250), no seu tratado sobre a trindade e Atanasio (325?).
NOVACIANO, chegava até a sugerir a idéia de uma "trindade social' Comentando o texto de João 10:30 "Eu e o Pai somos um", afirmava que Cristo disse: "uma só coisa". Entendem os hereges que Ele não disse: "uma pessoa", pois a palavra "um" no neutro, subentende o acordo social, e não a unidade pessoal. Como em todos os expoentes do pensamento trinitário, não poderia faltar, também a este, a dúvida da sua própria exposição, quando conclui: "Cristo era plenamente Deus e, ao mesmo tempo, plenamente homem".
Ainda entre os expoentes trinitários, encontramos Dionisio, bispo de Roma (259-268), que foi um ferrenho perseguidor dos sabelianos (que pregavam a Unicidade de Deus).
c) A GRANDE BATALHA TEOLÓGICA
Se por um lado a heresia em torno da interpretação da Doutrina de Deus, penetrava na Igreja, através de pensadores de formação pagã como vimos em Tertuliano, Cipriano, Montano e outros, defensores da doutrina da trindade, entre outras heresias, encontramos de outro lado, vozes firmes na defesa da Unicidade de Deus, como INÁCIO de Antioquia que professava o mesmo tipo de Cristologia encontrado no Evangelho de João. Afirma que o sangue de Cristo e o sangue de Deus; saúda os cristãos romanos em nome de JESUS Cristo nosso Deus". A idéia mais original de Inácio é a de que a encarnação foi a manifestação de Deus para revelar uma nova humanidade.
Antes de Cristo, o mundo estava sob o poder do diabo e da morte. Cristo trouxe a vida e a imortalidade. Já mais a frente, ao mesmo tempo de Cipriano, encontramos o líder mais notável da escola modalista, cujo nome ficou até hoje vinculado a esse pensamento cristológico:
SABÉLIO (de onde os unicistas são apelidados de sabelianos ou sabelitas), afirmava: "Pai, Filho e Espirito Santo" são um só e o mesmo. Pai, Filho e Espirito Santo, são nomes (títulos) do Deus único, que se manifesta de formas diferentes, segundo as circunstancias. Enquanto Pai, é o Legislador do A.T.; enquanto Filho, é encarnado; enquanto Espirito Santo, é o inspirador dos apóstolos. Mas é o mesmo e único Deus que assim aparece nessas relações sucessivas, e transitórias, exatamente como se pode a um mesmo indivíduo atribuir títulos diferentes, segundo os diversos papeis que represente. Embora tenha sido excomungado em Roma, Sabelio granjeou inúmeros seguidores no oriente, especialmente no Egito e na Líbia. Não deixou de influenciar consideravelmente o que viria a ser considerado a "CRISTOLOGIA ORTODOXA". A identificação absoluta entre Pai, Filho e Espirito Santo, por ele proposta, foi rejeitada, mas subentendia uma noção de igualdade que veio por fim, como no caso de Agostinho suplantar a idéia de subordinação do Filho e do Espirito Santo, que caracterizava a cristologia defendida por Tertuliano. Calixto, em sua explanação da Cristologia, explicava: Pai, Filho e Logos, são nomes do Espirito único e indivisível. Filho é a designação própria daquele que se tornou visível - JESUS, ao passo que o Pai e o Espirito que nele habitava. Essa presença do Pai em JESUS é o "Logos". CALIXTO asseverava claramente que o Pai não padecera na cruz, mas sofrera com os sofrimentos do Filho JESUS. No entanto, o Pai, "depois de tomar sobre Si a nossa carne elevou-a a natureza da divindade, mediante a união dela consigo e a fez "uma", de forma tal que O PAI E O FILHO DEVEM SER CONSIDERADOS "UM SÓ DEUS!".



fontes: "A História da Igreja Cristã" (W.Walker)



" Dicionário da Bíblia - John D. Davis"

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