ESTUDANDO
A
DOUTRINA
DA
ELEIÇÃO
A eleição é o princípio
fundamental da graça salvadora de Deus. É a soberania de Deus em relação à
salvação do homem. Ela faz parte dos decretos de Deus. Ela é uma expressão de
Sua providência superveniente. Ela concerne somente a uma porção da raça
humana; todavia, ela “é a expressão do amor infinito de Deus para com a raça
humana, remindo o homem do pecado por meio de Cristo e trazendo-o pelo Espírito
Santo ao seu estado de redenção até onde for coerente com os interesses do
final grande reino de Deus”. (Smith, System of Christian Theology, pág. 505). A
eleição pressupõe a pecaminosidade inteira da raça humana e está baseada na
expiação de Cristo.
I. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES
A doutrina bíblica da eleição é
muito mal entendida, muito pervertida, muito abusada e muito oposta. Não
obstante, aos “adultos, que tem os sentidos exercitados em razão do costume
para discernirem tanto o bem como o mal” (Heb. 5:14), ela é uma doutrina
abençoada, gloriosa e proveitável, uma verdadeira mina de riqueza espiritual.
2. É EMINENTEMENTE
ESCRITURÍSTICA.
Tem esta doutrina largo e fundo
alicerce na Escritura, está tecida na própria trama e entremeio da revelação
divina. Como um fio escarlate este gracioso propósito de Deus atravessa o
edifício da Palavra. “A Bíblia não só ensina a doutrina, mas fá-la proeminente,
tão proeminente que só podeis livrar-vos da eleição por livrar-nos da Bíblia”
(Bishop, The Doctrine os Grace). Leia-se a Escritura com referência a esta
doutrina e marque-se toda passagem que indique a relação de Deus com os homens
como um soberano absoluto, também toda declaração que atribua a eleição ou os
frutos dela à Sua escolha e não à vontade e aos atos humanos; toda a ilustração
fornecida de que isto é método costumeiro de Deus; e resultará que escassamente
qualquer livro da Escritura deixará de fornecer testemunho ao fato que, nos
atos da graça, não menos que naqueles da providência, Deus, “faz segundo Sua
vontade no exército do céu e entre os habitantes da terra” (Dan. 4:3-5) (Boyce,
Abstract of Systematic Theology).
3. CONTUDO, ELA TEM MUITOS
OPOSITORES.
Mas desde que esta doutrina é
tão flagrante e humilhante para o homem natural, tão completamente agreste à
mente carnal, tem ela muitos opositores. É mesmo como disse o imortal J. R.
Graves: “Todos os homens são por natureza arminianos e a absoluta soberania de
Deus é uma doutrina odiosa ao coração natural e depravado. Os falsos mestres têm-se
aproveitado deste sentimento natural e por séculos inflamaram os preconceitos
de homens e mulheres cristãos contra o exército da soberania da parte de Deus”
(The Seven Dispensations, pág. 95, 96). Muitas teorias falsas da eleição têm-se
levantado. Estas teorias surgiram através de um esforço para “medir os
mistérios sobrenaturais com a vara torta da razão degenerada” (Ness).
4. O SENTIDO DO ARMINIANISMO.
E qualquer sistema de doutrina
que condiciona o propósito salvador de Deus em atos ou méritos de homens é
essencialmente arminiano. Assim como qualquer sistema que faz do soberano
prazer de Deus base do Seu propósito salvador é essencialmente calvinístico. Se
alguém se apega ao primeiro, é arminiano, ainda que não vá a tudo com Arminio;
se ao último, é calvinista, ainda que não vá a tudo com Calvino. Não há meio
termo entre arminianismo e calvinismo no seu sentido aceito entre os teólogos.
Todo aquele que adota qualquer idéia da eleição, seja qual for, é uma coisa ou
outra. G. W. Northurp, ele mesmo um arminiano, praticamente, diz, ao discutir
se a eleição se condiciona em alguma coisa no homem: “O arminianismo pode ser
considerado como representando todos os sistemas não calvinísticos quanto ao
que respeita ao ponto sob consideração” (Sovereignty of God, pág. 48). E na
segunda parte deste livro, escrito pelo Prof. Robert Watts, de Belfast,
Irlanda, em resposta à primeira parte, temos os “Esboços” de A. A. Hodge
citados como segue: “Qual a base da eterna predestinação de indivíduos para a
salvação? É a fé prevista e o arrependimento dos indivíduos mesmos, no soberano
prazer de Deus? Todo cristão deve tomar um lado ou outro desta questão. Se ele
tomar o lado que faz da fé prevista, fundamento, (ou se ele, como é comum hoje,
faz da fé a causa existente de uma eleição no tempo, o que é essencialmente o
mesmo como a precitada proposição), ele é arminiano, não importando o que ele
mais sustente. Se ele tomar por base o lado que faz o bom prazer de Deus, ele é
calvinista”.
5. CALVINISMO E ARMINIANISMO
TERMOS TEOLÓGICOS.
É necessário compreender que
calvinismo e arminianismo são termos teológicos. Não significam tudo quanto
Calvino ou Arminio creram ou escreveram. Refere-se a dois sistemas antitéticos
de doutrina, um tanto modificado na sua transmissão e tendo a eleição
incondicional e condicional, respectivamente, como seus pontos principais. De
modo que se tornou comum na discussão teológica classificar homens e sistemas
de doutrinas como calvinísticos ou arminianos na base desses dois pontos
principais.
6. O NOME “CALVINISMO” DEFINIDO
E DEFENDIDO.
Alguns crentes na eleição
incondicional rejeitam o nome de calvinismo, mas sem boa causa. Ter a alguém
como calvinista não quer dizer que é um seguidor de Calvino, nem que concorda
com tudo que Calvino escreveu, nem ainda que Calvino fosse o originador do
sistema de doutrina que traz o seu nome. Agostinho, muito antes de Calvino,
ensinou substancialmente o mesmo sistema. Quando alguém se tem na conta de
calvinista, não quer nem mesmo dizer que ele creia, necessariamente, em todos
os cinco pontos de Calvino: pode significar que ele creia somente nesse sistema
na sua maior parte. Dizer que alguém não é calvinista, mas um paulinista, nada
significa. Não há conflito entre calvinismo e paulinismo. Um paulinista é
necessariamente um calvinista. O calvinista não inclui expressamente tudo
quanto Paulo ensinou a respeito de Deus, do homem e da salvação; assim como não
inclui expressamente tudo da fé de qualquer homem, em respeito a esses. Por
exemplo, Calvino não trata expressamente do aspecto subjetivo da salvação, mas
isto não é motivo para alguém renunciar ao nome; porquanto, ao passo que ele
não trata expressamente desse aspecto, também não antagoniza qualquer verdade
da Bíblia com referência a este aspecto. De maneira que alguém pode ser
calvinista e ainda crer em toda a verdade da Bíblia. De fato, se um homem crê
em toda verdade da Bíblia, ele é um calvinista, pouco importando quanto ele
desgoste do nome, nem quão altamente ele o renuncie.
7. O ESPÍRITO E A NATUREZA DO
ARMINIANISMO.
O espírito do arminianismo é o
espírito do modernismo. O arminianismo é um sistema da racionalismo, que, como
o modernismo, faz da razão, em vez da revelação divina, o padrão da verdade.
“A igreja corrompeu-se e
amaldiçoou-se em quase todo tempo pela confiança indevida dos homens nas suas
faculdades raciocinantes. Eles empreenderam pronunciar sobre a razoabilidade ou
inrrazoabilidade de doutrinas infinitamente acima de sua própria razão, as
quais são necessariamente matérias de pura revelação. Na sua presunção buscaram
compreender “as coisas profundas de Deus” e interpretaram as Escrituras não
segundo o seu sentido óbvio, claro, senão segundo as decisões de sua finita
razão” (Rice, God Sovereign and Man Free, p. iii).
Acautele-se o leitor contra esse
espírito soberbo que rejeita a verdade revelada porque a mente torcida e
viciada do homem não pode sondá-la inteiramente. Isto é a fonte principal de
ateísmo e modernismo. “Foi por meio do orgulho raciocinador que o homem caiu,”
e podemos acrescentar que da mesma maneira hoje o homem está caindo para mais
longe de Deus. A razão é um dom divino e, quando usada direito, é uma pérola de
grande preço. Sua própria esfera na religião jaz na justa divisão da palavra;
mas, quando ela se afirma como um paradigma pelo qual se afere a credibilidade
da revelação divina, ela se torna em laço do diabo e em estrada segura para o
inferno. “A revelação constante ataca a arrogância que ímpiamente rebaixa a
credibilidade da palavra divina, a menos que o nosso mísero intelecto possa
compreender as coisas que compete à glória de Deus ocultar. O designo do
Evangelho é humilhar esta tempera e nutrir em nós o espírito de “uma
criancinha”, sem o qual a mente prosseguirá tateando o seu caminho sombrio e
perigoso, até que se perde em dédalos sem fim, desorientado e sem solução
inexplicável em labirintos escuros e intermináveis” (Richard Fuller, Baptist
Doctrines, by C. A. Jenkins).
O arminianismo é a mentira mais
ardilosa que o diabo jamais inventou em toda a sua milenar oposição a Deus. É o
seu supermo esforço para apagar a deidade de Deus. “O arminianismo é a religião
do homem, que pode ser executada pelo homem. O homem é a força principal: com o
homem começa e com o homem perecerá” (Parks). Ele eleva o homem e insulta a
Deus. Ele nutre o orgulho humano e detrata da glória divina.
O arminianismo é a chocadeira do
papismo, de quem a quentura de favor pode facilmente virar em sapos do abismo
sem fundo” (Rous). “É o Benjamin do Papa ... o elixir de anticristianismo; o
mistério do mistério da iniqüidade; o gabinete do Papa; a verdadeira quinta
essência do equívoco” (Leighton). “Põe a Deus na mesma extremidade com Dario,
que alegremente teria salvado a Daniel, mas não pode. Daniel 6:14” (Ness).
Arranca “o grande Jeová mesmo do Seu trono, estabelecendo a dama Sorte para ser
adorada em Seu lugar” (Ness). “Reduz o governo do mundo a mera sorte, ao
selvagem capricho e desordem. Segundo este sistema a natureza, a providência e
a graça são só seções do ateísmo; Deus não tem ingerência na terra e nos Seus
negócios; ou – se isto for monstruoso e revoltante demais – Deus exerce
autoridade sobre a matéria, mas não sobre as mentes e os corações dos homens
... conseqüentemente, a profecia é um absurdo; a providência uma quimera; a
oração uma zombaria; desde que Deus não interfere nos eventos mortais, mas
desampara tudo aos humores desenfreados e às paixões de miríades de agentes
independentes, de nenhum dos quais restringe os caprichos e impulso, por quem
sua vontade é constantemente derrotada e impulsos, por quem sua vontade é
constantemente derrotada e tripudiada” (Richard Fuller, Baptist Doctrines, by
C. A. Jenkins).
Não admira, então que B. F.
Riley diga: “Whitfield foi um metodista calvinístico, o que quer que isto seja,
ainda que seja tão perfeitamente fácil de definir como um batista arminiano.
Nem está livre de falácia e são claramente um ponto esquivo” (The Baptist in
the Building of the Nation).
II. A ELEIÇÃO DEFINIDA
“Deus de Seu próprio propósito,
determinou desde a eternidade salvar um número definito da espécie humana, como
indivíduos, não por ou por causa de qualquer mérito ou obra deles, nem de
qualquer valor deles a Cristo, mas de Seu próprio beneplácito” (J. P. Boyce,
Abstract of Systematic Theology, pág. 347).
“A eleição é aquele eterno ato
de Deus, pelo qual, de Seu soberano prazer e devido a nenhum mérito previsto
neles, Ele escolhe certos dentre o número de homens pecadores para serem os
recipientes da graça especial do Seu Espírito e feitos participantes da
salvação de Cristo” (Strong A. H., Systematic Theology, pág. 427).
III. A ELEIÇÃO É ETERNA
Com isto queremos dizer que a
eleição é sem origem atual: tem sido sempre, assim como Deus tem sido sempre.
1. PROVAS ESTABELECIDAS
A eternidade da eleição se prova
por:
(1) A imutabilidade de Deus.
“Com isto queremos dizer que a
natureza, os atributos e a vontade de Deus estão isentos de toda a mudança ...
Toda mudança deve ser para melhor ou para pior, mas Deus é a perfeição absoluta
e nenhuma mudança para melhor é possível. Mudança para pior seria igualmente
incoerente com a perfeição” (Strong, Systematic Theology). E porque Deus possui
sempre todo o conhecimento e todo o poder, não pode haver ocasião de mudança
nEle.
Para prova escriturística e
ulterior discussão da imutabilidade de Deus vide capítulo sobre “A Natureza e
Atributos de Deus”.
A imutabilidade de Deus nos
ensina que o que quer que Deus queira em qualquer tempo, Ele sempre quis. “Não
pode haver mais um novo pensamento, um novo intento, ou um novo propósito em
Deus, do que haver um novo Deus” (Ness). Conseqüentemente, quando Deus salva um
homem, Ele deve ter sempre intencionado e proposto salva-lo. O propósito e o
intento de salva-lo envolve eleição dele para salvação; logo, a eleição é
eterna. Afirmar doutra maneira é negar a imutabilidade de Deus.
(2) A Presciência de Deus.
Em Romanos 8:29 afirma-se que
Deus pré conheceu os que Ele salva. Esta presciência envolveu um propósito de
os salvar e este propósito de os salvar envolveu eleição. Esta presciência teve
um princípio? Se teve, então houve um tempo em que Deus não foi onisciente e,
portanto, nem perfeito e infinito. Sem perfeição e infinitude não pode haver
Deus. Logo, a presciência de Deus é eterna e, conseqüentemente, eterna é a
eleição; porque está envolvida na presciência, como indicado supra.
Vemos assim quão deletério é o
ensino que a eleição tem lugar no tempo. Todo negador da eternidade da eleição
é um ateu, logicamente. Ele não tem Deus, realmente; porque, tendo logicamente
negado a imutabilidade, a perfeição e a infinitude de Deus, teoricamente
roubou-O de Sua divindade. Contudo, os que ensinam a eternidade da eleição, são
acusados de erguer novos testes de amizade.
(3). Afirmações plenas da
Escritura.
Apelamos aqui para as duas
passagens seguintes:
“Como nos elegeu nEle antes da
fundação do mundo” (Efésios 1:4).
“Por vos ter Deus elegido desde
o princípio para a salvação” (II Tessalonicenses 2:13).
O que teve lugar antes da
fundação do mundo teve lugar antes do princípio do tempo, pois no princípio do
tempo o mundo foi criado (Gênesis 1:1). A primeira passagem supra, então, põe a
eleição definitivamente na eternidade. A segunda passagem quer dizer que, para
sempre, desde o princípio, nossa eleição foi um ato completo. Assim teve lugar
antes do princípio e, desde que na eternidade não há antes nem depois, nunca
houve um tempo em que a eleição não tivera lugar. Este é o sentido de eterno.
2. OBJEÇÕES RESPONDIDAS
A eternidade da eleição está
objetada por alguns:
(1). Que a eleição tem lugar
quando somos salvos, porque estamos eleitos “em” Cristo.
Isto está afirmado em Efésios
1:4, que citamos há pouco. Notai, porém, que esta mesma passagem faz a eleição
eterna. Por que invocarão os homens uma passagem isolada da Escritura contra si
mesma?
A afirmação que fomos eleitos
“em” Cristo não quer dizer senão que Cristo foi o fundamento de nossa eleição
(sendo a eleição na base de Sua obra salvadora), e que nós fomos pré-conhecidos
como estando em Cristo no propósito de Deus. A linguagem aqui é a linguagem d’Aquele
que no Seu propósito, “chama as coisas que não são como se fossem” (Romanos
4:17). Temos um outro exemplo disto em Romanos 8:29,30, onde a chamada, a
justificação e a glorificação dos eleitos todas estão postas no passado. Nós
não estávamos atual e experiencialmente em Cristo na eternidade; nem fomos
atual e experiencialmente chamados, justificados e glorificados na eternidade;
mas estávamos no propósito de Deus e isto é o significado da passagem há pouco
citada.
(2). Que somos eleitos quando
somos salvos na base que a Escritura nunca aplica o termo “eleito” a ninguém,
exceto aos salvos.
Verdade é que o termo “eleito”
faz referência exclusiva às pessoas salvas em alguns lugares da Escritura. Tal
uso do termo pode ser visto em Mateus 22:24; Lucas 18:7; Romanos 8:23; I Pedro
1:2. Estas passagens se referem somente àqueles em que a eleição se aplicou e
se fez experimental; mas não é a este só que se aplicou o termo “eleito” e os
seus equivalentes. Em Efésios 1:4 e II Tessalonicenses 2:13, como já vimos, os
eleitos dizem-se ter sido tais desde a eternidade. Então o termo “ovelha” é
equivalente ao termo “eleito” e em João 10:16 temos a aplicação de Cristo do
termo “ovelha” aos gentios perdidos que ainda estavam para ser salvos. Diz essa
passagem:
“Tenho outras ovelhas que não
são deste aprisco (a nação judaica): a elas também devo trazer e elas ouvirão a
minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.”
Mas, para maior destroço dos
arminianos, achamos que II Timóteo 2:10 aplica o termo “eleito” na sua forma possessiva
aos que não estavam salvos ainda. Diz esta passagem:
“Tudo aturo por amor dos
escolhidos, para que também eles alcancem a salvação em Cristo Jesus com glória
eterna”.
(3). Que somos eleitos quando
somos salvos na base que a Escritura põe a chamada antes da eleição.
É fato que, algumas vezes, em se
referindo tanto à chamada como à eleição dos crentes, ou em aludindo aos
chamados e eleitos, a Escritura menciona primeiro os chamados. Vide Mateus
22:14; II Pedro 1:10; Apocalipse 17:14. Os “chamados” de Mateus 22:14 (a
palavra grega sendo um adjetivo usado substantivamente) são aqueles a quem soa
através de pregação do Evangelho a chamada somente geral, externa e, na maior
parte, ineficaz. Esta classe se compõe de muitos. Mas dos tais, apenas uns poucos,
comparativamente falando, pertencem aos escolhidos, como se evidência pelo fato
que somente os poucos crêem no Evangelho. As outras duas passagens citadas
mencionam a chamada e a eleição na ordem em que se realizam na experiência. Um
conhece sua eleição somente pela chamada (vivificação) que recebeu do Espírito
Santo. Que as passagens dadas supra não fixam a ordem cronológica, ou mesmo a
lógica, da chamada e eleição, está evidente das provas que foram dadas da
eternidade da eleição, e de Romanos 8:29,30, onde a ordem é, manifestamente, a
verdadeira ordem lógica. Ali a presciência e predestinação, que envolvem a
eleição, se colocam antes da chamada. Então Romanos 8:28 afirma que somos
chamados (particularmente, internamente e eficazmente) “segundo o Seu (de Deus)
propósito”. E este propósito envolve eleição. De modo que a eleição deve
preceder a chamada, tanto como o propósito de chamar deve preceder a chamada
atual, uma vez que a chamada é segundo o propósito divino.
Os que forçam esta objeção
contra a eternidade da eleição carecem de notar que a Escritura não nomeia
sempre as coisas tanto na sua ordem lógica como na cronológica; por exemplo, II
Timóteo 1:9 põe a salvação antes da chamada.
(4). Que a eleição tem lugar
quando somos salvos na base que somos eleitos por meio da santificação do
Espírito e crença da verdade.
Esta objeção se baseia na
tradução de II Tessalonicenses 2:13 e I Pedro 1:2 segundo a versão do Rei
Tiago. A primeira passagem diz na referida versão que somos eleitos “para a
salvação por meio da santificação do Espírito e crença da verdade”. A segunda,
na mesma versão, diz que somos “eleitos... pela santificação do Espírito para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”. A preposição grega traduzida
na versão do Rei Tiago “através de” é “em”. E é um tanto desconcertante para os
arminianos notar que a Versão Revista traduz esta preposição por “em” em vez de
“através de”. E é a eles ruinoso notar que N. M. Williams diz desta preposição:
“Ela expressa um estado, não um ato; não “através de”, mas “em”. A preposição
grega rara expressa instrumentalidade” (An American – Baptist – Commentary on
the New Testament).
A preposição grega alude ao
estado em que estava o povo no tempo em que se lhe dirigiu e não significa o
meio pelo qual se tornou eleito de Deus.
3. OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Antes de passar adiante,
desejamos indicar outras poucas passagens que são como um dobre a finados à
teoria infiel de a eleição e a salvação terem lugar simultanemante.
(1). “Tudo o que o Pai me dá
virá a mim” (João 6:37).
Manifesto é que esta passagem
representa o Pai dando gente ao Filho como precedendo sua vinda ao Filho. O ato
de o Pai dar gente ao Filho (pelo qual aqui está significada a eficácia divina
em traze-la à possessão atual do Filho por meio de arrependimento e da fé, o
verbo “dá” estando no presente) envolve uma eleição daqueles assim dados,
porquanto todos não são dados. E desde que o dar precede a salvação, então a
eleição deve preceder a salvação. Este dar, sem dúvida, prova à eternidade da
eleição à luz da imutabilidade de Deus. Mas aqui só nos interessa mostrar que a
eleição precede a salvação. A divina eficácia em trazer homens a Cristo está
aludida em João 6:44,65 e Efésios 1:19,20.
(2). “Creram todos quantos foram
ordenados para a vida eterna” (Atos 13:48).
Esta passagem põe a ordenação de
vida eterna antes da fé e, conseqüentemente, antes da salvação. Esta ordenação
para a vida eterna envolve eleição sobre o mesmo fundamento em que o dar da
primeira passagem envolve eleição.
Tanto quanto a forma da palavra
grega concerne, podia ser tanto média como passiva, mas a preponderância da
opinião erudita considera-a como sendo definitivamente passiva. Assim Hackett
dá a tradução: “Tantos quantos foram nomeados para a vida eterna creram” e ajunta:
“Esta é a única tradução que a filologia da passagem permite”. Mais adiante diz
Hackett: “Alguns traduzem o particípio grego (tetagmenoi) por disposto,
inclinado; porém, estes termos como passivos, ainda que possam significar
disposto externamente – como, por exemplo, traçado, em ordem militar – não eram
usados como um ato da mente”. Jamieson, Fausset and Brown no seu comentário
fazem este significativo comento das palavras em foco: “... não podem ser
interpretadas de algo inferior a isto, que uma divina ordenação para a vida
eterna é a causa, não o efeito, da crença de qualquer homem”.
Alguns têm tentado reviver a
passagem, fazendo com que ela diga: “Todos quantos creram foram ordenados para
a vida eterna”, o que é maneira que teria de dizer que para permitir mesmo a
interpretação que eleição e salvação têm lugar ao mesmo tempo. Mas a construção
grega não consentirá esta transposição. Thayer diz que a passagem se refere a
“tantos quantos foram indicados para obter a vida eterna, ou a quem Deus decretará
vida eterna”.
(3). “Deus escolheu-vos ... para
a salvação” (II Tessalonicenses 2:13).
Desde que os homens são
escolhidos ou eleitos “para” salvação, sua eleição deve preceder a salvação.
Está isto manifesto a todos, exceto uma certa classe de arminianos que são
incapazes de entender português claro.
IV. A ELEIÇÃO FOI PESSOAL,
INDIVIDUAL, PARTICULAR E DISCRIMINATIVA
Sendo obrigados a admitir que
uma eleição de qualquer espécie teve lugar na eternidade, alguns arminianos
sustentam uma outra das seguintes noções:
1. QUE A ELEIÇÃO NA BÍBLIA TEM
REFERÊNCIA SÓ A ISRAEL COMO NAÇÃO E AOS GENTIOS COMO UM TODO, E QUE É SOMENTE
UMA ELEIÇÃO A POSIÇÃO E VANTAGEM, NÃO À VIDA ETERNA.
Diz-se que Deus escolheu Israel
como nação; então, nos dias do Novo Testamento, Deus o rejeitou e o substituiu
pelos gentios como um todo. É crido, pelos que sustentam esta idéia, que a
discussão clássica da eleição em Romanos 9 e 11 não se referem à eleição
individual para a vida eterna senão somente a tal eleição global como estabelecida
acima. O fato de qualquer homem poder sustentar uma posição tal como esta
apenas mostra a que extensão de loucura o preconceito o conduzirá.
Nossa resposta:
(1). Que em Romanos 9 e 11 temos
uma eleição individual de Judeus para a vida eterna, bem como a eleição
nacional de Israel a posição e vantagem, é evidente de:
A. A declaração que Deus tem
misericórdia de quem Ele quer e endurece a quem Ele quer. Romanos 9:18.
Tal declaração é inaplicável a
eleição e rejeição nacionais ou globais. Ela só pode ser aplicada ao trato de
Deus com indivíduos. E que ela assim se aplica tornar-se mais evidente ao passo
que prosseguirmos além na discussão de Paulo.
B. A objeção antecipada desta
maneira de tratar com os homens. Romanos 9:19.
Que é esta objeção em palavras
claras? É isto, como apresentada por A. N. Arnold: “É da vontade de Deus
endurecer um homem, uma vez que a vontade de Deus não pode ser resistida com
vantagem; mas, se é, como pode Deus culpar a pecadores endurecidos?” Pelo Prof.
David Brown a objeção é apresentada como segue: “Esta doutrina é incompatível
com a responsabilidade humana; se Deus escolhe e rejeita, perdoa e castiga a
quem Lhe apraz, por que são culpados os que, se rejeitados por Deus, não podem
evitar pecar e perecer?” E este mesmo comentador prossegue, a dizer que esta
objeção mostra “a natureza real da doutrina objetada: que é a eleição e a
não-eleição à salvação eterna antes de qualquer diferença de caráter pessoal a
única doutrina que podia sugerir a objeção aqui apresentada.”
C. A menção de “vasos de
misericórdia” e “vasos de ira”. Romanos 9:21-23
Isto é inaplicável à eleição
nacional ou global a posição e vantagem. Numa tal eleição as nações não-eleitas
e grupos não podem ser justamente representados como “vasos de ira”, porque tal
eleição não os representa totalmente abandonados à ira. Durante os dias do
trato especial de Deus com os judeus como a nação eleita, outras nações não
estiveram inteiramente excluídas. Indivíduos delas podiam participar das
bênçãos teocráticas de Israel por se submeterem e observarem os ritos de
Israel.
D. A menção de uma porção de
Israel como “a eleição” e “um resto segundo a eleição da graça”. Romanos
11:5,7.
“Neste resto eleito, ajuntando
de uma nação eleita, temos uma eleição dentro de uma eleição, uma eleição de
indivíduos para a vida eterna que pertenciam e um povo a quem Deus elegera aos
privilégios da graça” (An American Commentary of the New Testament)”.
(2) Que os gentios não
substituíram os judeus é evidentes de:
A. O fato de Israel não ter sido
rejeitado no sentido de sua eleição ser revogada.
Israel foi temporariamente
rejeitado de sua posição nacional no plano de Deus, mas, “quanto à eleição”,
ainda é benquisto e ainda será restaurado ao seu lugar (Romanos 11:25-31). O
chamado de Deus, se nacional, global, ou individual, é imudável (Romanos
11:29). Logo, todo falatório de os gentios terem substituído os judeus é puro
idiotice.
B. O argumento de Paulo em
Romanos 9:6.
O argumento de Paulo é que a
incredulidade da grande massa de judeus não abrogou a promessa de Deus a Abraão
com fundamento que a promessa não se aplicou a toda a semente de Abraão. Mas,
se os judeus tivessem sido rejeitados como atinentes à eleição e os gentios os
substituíssem, o argumento de Paulo desenvolver-se-ia alguma coisa como segue:
“A escolha de Abraão e sua
semente não falhou; porque, ainda que Israel tenha sido rejeitado, os gentios
tomaram o seu lugar e Deus tem o direito de escolher a nação que ele quiser aos
privilégios do seu reino visível” (Comentary Jamieson, Fauset, and Brown).
(3) Que há uma eleição
individual dos gentios, tanto como dos judeus à vida eterna é evidente de:
A. Romanos 9:24.
Neste verso Paulo segue sua
referência a “vasos de misericórdia ... que para gloria já dantes preparou” com
a afirmação (V. 24): “Mesmo nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus,
mas dentre os gentios também”. Isto mostra-nos claramente que os “vasos de
misericórdia” que são manifestante indivíduos eleitos, constitúem-se tanto de
judeus como de gentios. Temos assim uma eleição individual de gentios bem como
de judeus. Sobre este verso o Prof. Brown nota luminosamente: “Aqui, pela
primeira vez neste capítulo, introduz-se a chamada dos gentios; tudo antes
dizendo respeito não à substituição dos judeus rejeitados pelos gentios
chamados, mas à escolha de uma porção do mesmo Israel. Fora total a rejeição de
Israel, a promessa de Deus a Abraão não se teria cumprido pela substituição
deles pelos gentios; mas sendo só parcial a rejeição de Israel, a conservação
de um “resto”, no qual a promessa valeu, porém “segundo a eleição da graça”. E
agora, pela primeira vez, o apóstolo nos diz que, a par com este resto eleito
de Israel, é propósito de Deus “tirar dos gentios um povo para Seu nome.” (Atos
15:14).
B. Referências à eleição em
outros livros do Novo Testamento.
Estas referências aparecem
nalgum lugar nesta discussão, pelo que não precisam ser mencionadas aqui. Vire
o leitor as páginas deste capítulo e note estas referências, marcando quão
certo elas se referem a uma eleição individual para a salvação. Note
especialmente II Tessalonicenses 2:13 em contraste com a teoria que a eleição é
só para posição e vantagem e não para salvação.
C. Todos os argumentos que
dirigimos agora à segundo teoria, a qual nega que a eleição foi individual.
Esta segunda teoria é:
2. QUE A ELEIÇÃO ETERNA SE
APLICA SOMENTE À CLASSE DOS “QUEM QUER QUE QUEIRA”.
A falsidade desta teoria se
prova por:
(1). A presciência de Deus dos
que Ele salva.
Romanos 8:29 afirma a
presciência de Deus dos que Ele salva. E desde que Deus pré conhece os que Ele
salva, Sua eleição deles não podia ter sido mera eleição de classe. Eleger uma
classe com total conhecimento prévio dos que ao certo hão de compor essa classe
é igual a uma individual de cada um na classe.
(2). O fato de os nomes dos
eleitos estarem escritos no livro da vida.
Que os nomes dos eleitos estavam
escritos no livro da vida na eternidade está provado por Apocalipse 17:8, que
diz:
“A besta que viste, foi e já não
é, e há de subir do abismo e ir-se à perdição. E os que habitam na terra (cujos
nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se
admirarão vendo a besta que era e já não é, ainda que é.”
Esta passagem, falando daqueles
cujos nomes não estavam escritos no livro da vida, implica distintamente que
houve alguns cujos nomes estavam escritos no livro da vida “desde a fundação do
mundo”. “Desde a fundação do mundo”, diz Justin A. Smith, “é o modo do Novo
Testamento representar o que teve lugar no passado remoto, antes do tempo,
medido nos períodos deste mundo, existir” (An American Commentary on the New
Testament).
Este escrever dos nomes dos
eleitos no livro da vida certamente faz a eleição individual e pessoal.
(3). O fato que Deus salva gente
como indivíduos
A imutabilidade de Deus, como já
indicamos, leva-nos a crer que Deus propôs eternamente fazer tudo o que Ele
faz. Portanto, desde que Ele salva o povo como indivíduos, Ele deve ter tido um
propósito eterno de os salvar como indivíduos. Este propósito eterno é igual à
eleição, e assim está provado ser a eleição individual.
Tudo destes argumentos mostra
também que em nenhum sentido a eleição respeita a todos os homens: ela toca
somente à aqueles a quem Deus salva atualmente. Todos os outros Ele passou,
deixando-os sofrer a justa penalidade dos seus pecados no inferno.
V. ELEIÇÃO NÃO SE BASEOU NA FÉ
PREVISTA DOS ELEITOS
Certo é que Deus previu a fé dos
eleitos. E também é certo que este pré-conhecimento não foi o fundamento da
eleição. Prosseguimos a provar que a eleição não se baseou na fé prevista dos
eleitos por induzir algumas objeções à teoria que baseia a eleição na fé
prevista dos eleitos. Veremos então que esta teoria não elimina algumas das
objeções mais fortes que os arminianos alegam contra a doutrina da eleição
incondicional. Primeiro tomaremos as:
1. OBJEÇÕES A TEORIA QUE A
ELEIÇÃO SE BASEOU NA FÉ PREVISTA DOS ELEITOS
E, antes de dar essas objeções,
desejamos indicar o fato que elas se aplicam com igual força à teoria que somos
eleitos quando somos salvos, pois ambas as teorias igualmente condicionam a
eleição na fé.
(1). Esta teoria nega que a fé
seja um dom de Deus e faz dela um exercício do coração natural.
Nenhum advogado judicioso desta
teoria pode sustentar que a fé seja o dom de Deus, que se opera em nós pela
força regeneradora do Espírito Santo. O notável Agostinho, no seu livro das
Retratações, habilmente reconhece o seu erro em ter pensado uma vez que a
eleição se baseia na fé prevista, dizendo: “Eu nunca podia ter afirmado que
Deus, ao escolher homens para a vida, tivesse qualquer respeito à sua fé,
tivera eu considerado devidamente que a fé é o Seu próprio dom”. A fé é a
salvação em germe. Portanto, dizer que Deus dá a fé e então nos salva
eletivamente por causa dessa fé prevista, equivale a dizer que Deus salva e
então, por causa disso, elege-nos para a salvação. Daí, a única idéia óbvia que
pode ser tomada pelos que crêem que a eleição se baseia na fé prevista é que a
fé precede a vivificação poderosa do Espírito Santo e que é, portanto, um exercício
do coração natural. Isto implica as seguintes coisas que a Escritura nega:
A. Que uma coisa limpa pode sair
de uma impura.
Certamente que a fé é limpa e
santa. O coração natural é, certamente impuro e ímpio. Jeremias 17:9 ensina que
o coração natural é desesperadamente ímpio. E em Romanos 7:18 Paulo diz que na
sua natureza carnal não havia bem algum. Mais ainda, a doutrina de depravação
total, como ensinada na Escritura e crida pelos batistas, afirma que toda
faculdade do homem está poluída pelo pecado, e, portanto, é impura e ímpia.
Agora, pode a fé, princípio
limpo, proceder do coração natural, coisa impura? Respondemos que não pode, e
isso por duas razões, a saber:
(a) A lei inexorável que igual
gera igual. Isto é uma lei universal. Opera em todas as camadas. É um axioma.
Expressa-se esta lei figuradamente no brocardo que a água não pode levantar-se
acima do seu nível.
(b) A afirmação de Jó.
Referíamo-nos aqui a Jó 14:4, que diz: “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém”.
B. Que um que está acostumado a
fazer o mal pode voltar a fazer o bem.
O pecador está acostumado a
fazer o mal. A fé é uma boa coisa. Pode então o pecador exerce-la enquanto está
no estado natural? Jeremias afirma fortemente a impossibilidade de o pecador
fazer isto. Ele diz: “pode o etíope mudar sua pele ou o leopardo suas manchas?
Assim podeis vós fazer o bem sendo acostumados a fazer o mal?” (13:23). Assim
Jeremias diz que é tão impossível ao homem natural fazer o bem e, exercer a fé,
como é ao negro fazer-se branco ou ao leopardo despir-se do seu manto malhado.
C. Que o que está na carne pode
agradar a Deus.
A fé é agradável a Deus. A menos
que alguém seja vivificado pelo Espírito Santo, está na carne, isto é, está sob
o poder dominador da natureza carnal. Pode então alguém exercer a fé antes de
ser vivificado? Não segundo Paulo, que diz: “A mente da carne é inimizade
contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem na verdade pode estar: e
os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7,8).
D. Que o homem natural pode
receber as coisas espirituais.
A fé salvadora é a recepção de
Jesus Cristo como Salvador de alguém. Cristo como salvador é certamente uma
coisa espiritual. Receber a Cristo como salvador de alguém é mais do que
receber a verdade intelectualmente. Deve o tal ter um convencimento cordial de
sua condição perdida e de sua completa inabilidade para salvar-se a si mesmo.
Deve o tal ter também uma convicção cordial quanto ao poder salvador de Cristo
e de como o homem participa desse poder. Deve haver uma apreciação real destas
coisas. E estas coisas, quando devidamente apreciadas na sua profunda
significação, são certamente coisas espirituais. E foi com referência a “Cristo
e Ele crucificado” que Paulo escreveu quando disse: “O homem natural não recebe
as coisas do Espírito de Deus, pois são loucura para ele e ele não pode
conhece-las, porque são discernidas espiritualmente.” (I Coríntios 2:14).
(2). Esta teoria faz a eleição
depender do correr e do querer do homem.
Contudo, ao discutir a eleição,
diz Paulo: “Não é do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”
(Romanos 9:16).
(3). Esta teoria nega a salvação
pela graça e dá ao homem base para gloriar-se diante de Deus.
Se Deus está representado como
contemplando através dos séculos e prevendo que uns certos creriam aparte de
qualquer soberano propósito para traze-los à fé, tendo a estes elegido por
causa desta fé prevista, não pode ser negado que Deus salva somente os que
estão melhores do que a parte comum da humanidade. A grande maioria dos homens
prossegue na incredulidade, o que indica neles um espírito muito pior do que
seria indicado neles se cressem. Daí, os que crêem, em princípios arminianos,
são melhores em si mesmos (porque a fé, se for uma condição de eleição, deve,
como já o mostramos, proceder o poder vivificador do Espírito Santo e vem,
portanto dó coração natural) do que os que não crêem. Segue-se,
conseqüentemente, como a noite ao dia, que Deus salva somente os que são melhor
do que outros. E essa bondade, conquanto mesmo consista só de fé, não pode ser
excluída da categoria de atos meritórios. A fé é o germe da santidade. Sim,
mas, é a própria expressão de uma disposição santa. De sorte que, o que crê que
Deus elegeu homens sob condições de sua fé, deve se ele for capaz de pensar,
aceitar a proposição que Deus elegeu salvar homens sobre o fundamento do seu
próprio mérito parcial. Nenhum crente de eleição condicionada na fé pode
sustentar coerentemente a salvação pela graça.
Os arminianos sustentam,
comumente, que Deus não pode com justiça passar pelos caídos, como os da
eleição incondicional o representam passando pelos não-eleitos. Mas, “se Deus
não pudesse com justiça ter passado pelo homem quando ele caiu, Deus lhe teria
feito uma injustiça ter passado por ele, e quando, em vez de passar por ele, o
visitou, Deus estava simplesmente executando para com ele um ato de justiça. É
um abuso crasso de linguagem, seguramente, chamar ato de graça uma semelhante
interposição. Os arminianos estão sempre reclamando que são os defensores da
“Livre graça”, mas os seus princípios ... provaram demonstrativamente que a
pretensão está absolutamente destituída de garantia, que pela natureza da
economia, quer pela história de sua administração” (Watts, Sovereignty of God,
pág. 13).
“Só há dois sistemas de
teologia. Um deles dá toda a glória a Deus; os demais a dividem com o homem”
(J. W. Porter, Random Remarks – on election – pág. 41).
Segundo a teoria agora refutada,
um homem salvo pode dizer: “Pai, agradeço-Te teres mandado a Cristo morrer por
mim e agradeço-Te por me ofereceres a salvação, porque, a menos que tivesses
feito estas coisas, eu não podia me salvar. E agradeço-Te que me influenciaste
pelo Espírito. Mas, Pai, posso agradecer só a mim mesmo ter eu aceitado Tua
oferta de misericórdia. O crédito disso a mim pertencem, uma vez que nada do
que fizeste foi suficiente para causar irresistivelmente a minha aceitação de
Tua livre mercê. Fizeste tanto pelos outros que ainda estão perdidos como
fizeste por mim antes de eu crer; logo, eu a mim mesmo me fiz diferir dos
demais. Pai, não pode com justiça negar-me o direito de gloriar-me nisto e
jactar-me disso por toda a eternidade, como ficarei especialmente movido a
faze-lo quando penso na condição dos perdidos no inferno e me lembro de que foi
meu ato que me guardou de estar no inferno. De alguma maneira, ou por
hereditariedade, treino ou qualquer outra coisa, fui melhor do que eles, porque
me submeti a Ti e eles não. Assim, ainda mesmo que a salvação foi mais de Tua
graça, todavia não o foi inteiramente; porque Tu não me terias salvo se eu não
fora melhor do que aqueles que perecem.”
Ao contrário, é-nos dito no
santo escrito que Deus arranjou a dispensação de Sua graça “para que nenhuma
carne se glorie perante Deus” (I Coríntios 1:29).
(4). Esta teoria faz da eleição
uma farça.
“Se os homens fossem previstos
como possuídos de fé e santidade, antes de sua eleição e independentes dela,
seria difícil conceber que ocasião houve para serem eleitos. Não haveria
necessidade dela para garantir sua felicidade final. Porque o Juiz de toda a
terra deve fazer justiça e a miséria eterna jamais foi designada para ser a
porção de qualquer um que creia e seja santo; que paz e salvação estão ligadas
inseparavelmente a um tal estado e a tais caracteres. Ter ordenado esses para a
felicidade e glória, que foram previstos estar assim qualificados, teria,
portanto, sido em tudo desnecessário” (A. Booth, Reign of Grace, pág. 63).
Assim o arminianismo faz da
eleição um termo desnecessário e sem sentido.
(5). Esta teoria representa-nos
como sendo eleitos porque fomos previstos como santos mais do que se devêssemos
ser santos.
O crente é santo; isto é, é uma
pessoa santificada. Assim, ensinar que fomos eleitos porque fomos previstos
como crentes é ensinar que fomos eleitos porque fomos previstos como sendo
santo; mas a Escritura ensina que fomos escolhidos em Cristo “para que fossemos
santos”. (Efésios 1:4).
(6). Esta teoria faz a eleição
por causa da adoção mais do que para adoção.
Todos os crentes foram adotados,
porque a adoção é por meio da fé (Gálatas 3:26). Assim, se a eleição tivesse
sido baseada na fé prevista, teria sido também baseada na adoção prevista; mas
a Escritura ensina que a predestinação (que envolve eleição) é “para adoção”
(Efésios 1:5).
(7). Esta teoria destrói a
soberania de Deus.
Segundo o arminianismo, Deus
está sem poder para salvar a qualquer pessoa, exceto os que por si mesmos
consentem em salvar-se. Assim, “Deus está sem poder ante a majestade da vontade
arrogante do homem. Os pecadores têm a glória de sua própria salvação. Orar a
Deus para converter um homem é absurdo. Deus elege o homem porque prevê que o
homem eleger-se-á a si mesmo” (S. R. Mason, como citado aprovadamente por A. H.
Strong Systematic Theology, pág. 433).
Os arminianos imaginaram esta
teoria para eliminar certas objeções que eles inventaram contra a eleição
incondicional. Objetam à certeza que prevalece sob a eleição incondicional,
porque fantasiam que esta certeza abroga a livre agência do homem. Mas a teoria
em consideração envolve nada menos um grau de certeza. Se Deus prevê que uma
coisa vai ser, é absolutamente certo ser. Nada o poderia fazer mais certo.
Eles não gostam de pensar de alguns
homens nascidos no mundo sem nenhuma possibilidade de salvação. Mas a teoria em
consideração envolve a mesma coisa; pois, certamente, se Deus previu os que
creriam, também previu os que não creriam, e não há possibilidade destes jamais
crerem.
Eles pensam que a eleição
incondicional coloca a responsabilidade dos que perecem sobre Deus, mas sua
admissão da presciência de Deus está igualmente aberta à mesma objeção, como
mostrado na seguinte citação: “Eu logo admito que a mera previsão de um evento que
não podemos impedir e não temos a faculdade de realizar não nos envolve em
responsabilidade alguma. Mas, quando o Criador, de Seu próprio prazer soberano
chama a existência um agente inteligente, amolda-o com certos poderes e
apetites e o coloca no meio de cenas em que eles vêem claramente tentações que
o sobrepujarão, num tal caso é auto-evidente que as nossas débeis faculdades
não podem separar presciência de pré-ordenação. A negativa, portanto, de
pré-ordenação não mitiga qualquer objeção: apenas esconde a dificuldade aos
ignorantes” (Richard Fuller, Baptist Doctrines, by C. A. Jenkins).
Romanos 8:29 e I Pedro 1:2 têm
sido invocadas em amparo da teoria que a eleição está baseada na previsão que
Deus tem da fé dos eleitos; mas, presciência e previsão não são idênticas no
sentido. Ao comentar Romanos 8:29, diz o Prof. Brown: “No capítulo 11:2 e nos
Salmos 1:6 o “conhecimento” que Deus tem do Seu povo não pode restringir-se a
mera previsão de eventos futuros ou familiaridade com o que se vai passando
aqui em baixo... A presciência que Deus tem do Seu próprio povo quer dizer Sua
complacência peculiar e graciosa para com ele povo.” (Commentary, Jamieson,
Fausset e Brown). Dizer que Romanos 8:29 quer dizer que a quem Deus previu como
os que de si mesmos crêem “é lançar sobre o texto o que é contrário a todo o
espírito e mesmo à letra do ensino apostólico” (ibid). A mesma palavra em
Romanos 8:29 aparece de novo na sua forma de particípio em I Pedro 1:20, onde
ela se refere a Cristo na Sua obra redentora. Aí ela certamente não pode
limitar-se ao simples sentido se previsão. É uma noção comum que I Pedro 1:2
representa a presciência como logicamente antecedendo a eleição, mas tal noção
não se contém na passagem em foco: esta ensina, simplesmente, que a eleição é
agradável à presciência de Deus. A expressão “eleitos ... segundo a presciência
de Deus” tem o mesmo sentido que “eleitos na presciência de Deus”. Os referidos
foram leitos em que Deus, antes que o mundo existisse, os olhou com especial e
graciosa complacência. A palavra presciência em I Pedro 1:2 está definida no
Léxico de Thayer como significado “antepensamento, prearranjamento”.
Qualquer presciência que
implique certeza, como é o caso am ambas as passagens em discussão, deve ser
considerada como logicamente subseqüente ao propósito ou decreto de Deus. Vide
Atos 2:23. “Logicamente, ainda que não cronologicamente, o decreto vem antes da
presciência”, (Strong). “Donde vem o conhecimento de Deus da futurição de
quaisquer eventos, exceto do conhecimento do Seu propósito de causar ou
permitir que eles viessem a acontecer?” (Boyce). “A presciência de Deus
descansa sobre o Seu determinado conselho” (Graves, The Seven Dispensations,
pág. 100).
VI. A ELEIÇÃO É PARA A SALVAÇÃO
Declara-se esta verdade em II
Tessalonicenses 2:13, que diz: “Deus vos escolheu para a salvação desde o
princípio”.
Notai três coisas desta
passagem:
1. ELEIÇÃO NÃO É SALVAÇÃO
Os arminianos acusam que a
eleição incondicional quer dizer salvação incondicional e que nós ensinamos que
os homens foram atualmente salvos na eternidade. Ambas as coisas são sem
fundamento, porque a eleição não é salvação. Fomos incondicionalmente eleitos
na eternidade para uma salvação condicional no tempo. E quando falamos da salvação
como sendo condicional, não queremos dizer que a salvação dos eleitos seja de
qualquer modo fortuita ou incerta, mas somente que certas condições
(arrependimento e fé) devem cumprir-se antes que eles venham a possuir a
salvação. Uma condição é “alguma coisa que necessariamente precede um
resultado, MAS NÃO O PRODUZ”. Na eternidade a salvação dos eleitos se propôs e
os eleitos são falados no propósito de Deus como chamados, justificados e
glorificados (Romanos 8:29-30), mas isto é simplesmente a linguagem dAquele
que, no Seu propósito, “chama as coisas que não são como se fossem” (Romanos
4:17). Muitas passagens ensinam claramente que a salvação atual tem lugar no
tempo e por isto contendemos fortemente. Não temos paciência de espécie alguma
com a teoria de a salvação que tem lugar no tempo ser só salvação temporal, ou
salvação no que ela respeita a esta vida.
O diabo não se cansa de inventar
noções contrárias à verdade. Ele já levou alguns a dizerem que a eleição da
Bíblia é meramente para serviço; mas a Palavra de Deus posta-se de cara contra
esta tola noção, revelando-nos que fomos escolhidos “para a salvação”.
Outra noção diabólica é que a
eleição é meramente para privilégios e oportunidades externos; mas II
Tessalonicenses 2:13 mata essa noção também.
VII. A ELEIÇÃO INCLUI TODOS QUE
EM TODO TEMPO SE SALVAREM
Alguns têm a idéia que a eleição
inclui somente tantos em cada geração quanto necessário para garantirem que o
Evangelho seja crido e proclamado. Outros têm a noção que em adição aos eleitos
faça-se espaço para “quem quer que queira”. A afirmação supra nega ambos estes
pareceres. Certo é que a eleição inclui a todos quantos forem salvos, porque:
O homem, na sua condição natural
não pode vir a Cristo. Cf. Jeremias 17:9; Provérbios 4:23; Jó 14:4; Jeremias
13:23; João 12:39,40; Romanos 8:7,8; II Coríntios 2:14. A habilidade para vir a
Cristo, por tanto, é divinamente dada, como estabelecido em João 6:35. Logo,
ninguém pode vir a Cristo e ser salvo a não ser aqueles a quem Deus comunica a
habilidade para virem. Já notamos previamente que a imutabilidade de Deus nos
ensina que o que quer que Deus faça em qualquer tempo deve Ele ter sempre
proposto fazer. Conseqüentemente, na eternidade Ele se propôs dar a habilidade
para virem a Cristo a todos quantos Ele atualmente a dá no tempo. Este
propósito é igual à eleição. E desde que ninguém pode vir exceto aqueles a quem
esta habilidade é dada, todos incluídos no propósito de Deus, o que é igual a
eleição, segue-se que ninguém jamais se salvará exceto os eleitos. Os eleitos e
os “quem quer que queira” são um, desde que ninguém pode querer virar-se para
Cristo senão quando Deus neles opera o querer.
A salvação é do Senhor. Desde
que Deus é onisciente, Ele soube exato a quem salvaria. Este conhecimento
envolveu um propósito de salva-los. Este propósito, como observamos antes,
iguala à eleição. Assim a eleição inclui todos quantos em qualquer tempo serão
salvos, porque ela inclui a todos quantos Deus soube que salvaria.
3. O FATO QUE NINGUÉM EXCETO OS
ELEITOS ENTRARÃO NA NOVA JERUSALÉM PROVA-O
Apocalipse 21:27 diz-nos que os
habitantes da Nova Jerusalém serão “somente aqueles que estão escritos no livro
da vida do Cordeiro”. Vimos que o escrever de nomes no livro da vida teve lugar
no passado remoto, antes do princípio do tempo, como o sabemos; e isso é,
portanto, equivalente a eleição. Então Nova Jerusalém será habitada somente
pelos eleitos. Se outros se salvam, fariam melhor carregando uma tenda com
eles, porque terão de acampar fora de Nova Jerusalém. Só os eleitos entrarão.
VIII. O FIM DA ELEIÇÃO ESTÁ
INSEPARÁVELMENTE LIGADO COM TODOS OS MEIOS NECESSÁRIOS PARA SUA REALIZAÇÃO
Ao mesmo tempo Deus escolheu o
Seu povo e ordenou todos os meios necessários para realizar sua salvação
completa e final. Tais meios estavam inseparavelmente ligados à eleição no
decreto de Deus. Não simpatizamos com o cascadurismo, o hipercalvinismo. Dizer
que os eleitos se salvarão se nalgum tempo crerem ou não é mal entender
claramente a conexão entre a eleição e os meios que Deus ordenou para o
cumprimento do fim da eleição.
Salvação, espiritual, temporal e
eterna é pela graça por meio da fé (Efésios 2:8-10; Romanos 5:1; Gálatas 3:26).
Todos os pagões que morrem sem ouvir o Evangelho estarão perdidos (Romanos
1:19,20; 2:12). A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Romanos
10:17).
Onde quer que Deus tenha uma
alma eleita, na plenitude do Seu próprio tempo Ele de algum modo mandará o
Evangelho chamar essa tal das trevas para a luz. Vide II Tessalonicenses 2:14.
Assim Filipe foi enviado ao eunuco eleito e assim se deu a Paulo sofrer para
que os eleitos obtivessem salvação eterna (II Timóteo 2:10). Assim temos o
vínculo divino entre a eleição e as missões.
Alguns acusam que a eleição
incondicional faz todos os meios inúteis. Dizem que se o caso é tal com o homem
que ele não pode por natureza receber coisas espirituais e deve ser vivificado
pelo Espírito antes de poder voltar do pecado, sendo certo voltar quando é
vivificado, então por que pregar-lhe? Nós lhe pregamos, primeiro que tudo,
porque Deus o mandou. Aceitamos a Palavra de Deus, quer possamos arrazoar
porque ele fala assim é assado ou não. Não fazemos de nossa razão o padrão de
obediência ou de verdade, como é o caso com os arminianos. Mas, por outro lado,
descobrimos a palavra de Deus ensinando que Deus chama os Seus eleitos pela
Palavra, desde que a Palavra é o instrumento do Espírito na regeneração (João
3:5; Efésios 5:25, 26; Tito 3:5; Tiago 1:18; I Pedro 1:23). Não há mais
inconveniente entre pregar o Evangelho aos espiritualmente mortos do que houve
em Cristo de pé diante do túmulo de Lázaro, morto há quatro dias e dizendo:
“Lázaro, sai para fora.” Enquanto permaneceu morto, Lázaro não pode ouvir e
muito menos obedecer à ordem; mas o poder doador de vida vindo de Deus
acompanhou a palavra de Cristo e Lázaro tanto ouviu como saiu. Cabe-nos a nós
pregar o Evangelho a toda a criatura, porque assim Cristo mandou. Cabe a Deus
trazer os mortos à vida. Vide também a parábola dos ossos secos no vale, onde
temos um quadro de convensão pela pregação (Ezequiel 37). Os ossos estavam sem
vida; todavia, pregar-lhes não foi em vão.
E os arminianos perguntaram:
“Porque orar pelos perdidos uma vez que todos os eleitos de Deus serão salvos e
nenhuns outros poderão salvar-se?” Oramos pelos perdidos pela mesma razão
porque Paulo orou pelos homens, mesmo que ensinasse a eleição incondicional.
Oramos pelos perdidos pela mesma razão porque Cristo orou pela segurança dos
crentes, mesmo que essa segurança já estivesse certa. Vide João 17:11. Orar
pela salvação dos eleitos não é mais irrazoável do que Cristo orar pela
segurança dos crentes. Cristo também orou pela restauração de Sua primeira
glória com o Pai. Vide João 17:5. Foi isso em qualquer sentido incerto? A
oração, bem como a pregação, é um meio de Deus executar Sua vontade. Os seus
propósitos são fixos soberanamente e imutáveis eternamente, mas Ele não os
fixou independentemente dos meios.
IX. A ELEIÇÃO NÃO É CASCADURISMO
É costumeiro aos arminianos
censurar a doutrina bíblica da eleição por se referirem a ela como
“cascadurismo”. Que Deus os perdoe, porque eles não sabem o que fazem. Que a
eleição não é cascadurismo, prova-se pelos seguintes fatos:
Isto está provado pelas
passagens dadas a cima, que mostram que a regeneração é por meio da Palavra. E
também se prova por II Tessalonicenses 2:13,14. Os eleitos foram escolhidos
para a “salvação em santificação do Espírito e fé na verdade”. A isto Paulo diz:
“são chamados pelo nosso Evangelho”. Os cascaduras típicos negam a
indispensável necessidade do Evangelho na regeneração. Por esta razão mostram
pouco interesse do cumprimento da grande comissão.
2. OS CACADURAS E MISSIONÁRIOS
NÃO DISCORDARAM A RESPEITO DA ELEIÇÃO
(1). Discordam sobre “missões,
educação, sustento de pastores e outros empreendimentos religiosos” (Jarrel,
pág. 431).
(2). No dividirem-se,
apegaram-se à eleição incondicional.
Não serei desafiado a provar que
os cascaduras apegam-se a esta doutrina. Que os missionários também o fizeram
está provado pelo testemunho de Spencer, o qual diz que os missionários “que
abraçaram o corpo principal da denominação sustentaram os sentimentos
doutrinários de André Fuller”, o qual creu na eleição incondicional, mesmo que
ensinasse um sacrifício de suficiência universal. Vide History of Kentucky
Baptist, Vol. I, pág. 645.
3. NÃO HÁ AINDA NENHUMA
DIFERENÇA ENTRE OS MISSIONÁRIOS E OS CASCADURAS SOBRE A MATÉRIA DE ELEIÇÃO SER
INCONDICIONAL
Isto se prova por:
(1). O fato de ambos aceitarem a
decisão sobre eleição na Confissão de Fé de Filadélfia.
Os cascaduras ainda aceitam
isto. E entre os missionários esta confissão “ainda é largamente usada, sendo
no Sul, provavelmente, a mais influente de todas as confissões” (McGlothin,
Baptist Confessions of Faith, pág. 298).
(2). O fato de a eleição
incondicional ser ensinada na outra grande confissão batista americana, a de
New Hampshire.
Vide prova disto sob ulterior
discussão de eleição incondicional como doutrina batista.
(3). O fato de todos os nossos
compêndios teológicos padrões e todos os livros doutrinários escritos por
batistas representativos reconhecidos ensinarem esta doutrina .
Para prova disto vide discussão
referida imediatamente acima.
4. OS CRENTES BATISTAS NA
ELEIÇÃO INCONDICIONAL, LIGADA COM O EVANGELHO COMO UM MEIO INDISPENSÁVEL NA
REGENERAÇÃO, TEM SIDO SEMPRE AGRESSIVIDÍSSIMOS NA PROPAGAÇÃO DO EVANGELHO
A visão e o esforço missionário
originaram-se, não entre os batistas gerais (arminianos), nem ainda entre
qualquer outra denominação arminiana, mas entre os batistas particulares
(calvinísticos) da Inglaterra. Vide os anais na maioria de quaisquer histórias
batistas. Robert Hall, Sr. Andrew Fuller e William Carey foram os líderes
luminares.
O esforço missionários mundial
americano originou na Associação de Filadélfia, a qual adotou a detestada
Confissão de Fé de Filadélfia. Vide “The Story of Baptist”, Cook, pág. 327). “A
Associação de Filadélfia rapidamente se tornou a corporação líder de batistas
americanos, posição que ela até hoje não perdeu inteiramente (1897). Muito de
toda a coisa boa em nossa história, de 1700 a 1850, pode ser traçado à sua iniciativa
ou cooperação ativa” (Vedder, Short History of Baptists, pág. 204).
X. A ELEIÇÃO NÃO É DUPLO
SEMENTISMO
Isto aí é outro epíteto com que
os arminianos se deliciam em aplicar à doutrina bíblica de eleição. Em síntese,
duplo sementismo sustenta que Adão e Eva geraram duas sementes, uma de Deus e
outra da serpente. Daniel Parker, que propalou esta doutrina, ensinou que a
semente de Deus “foram os filhos atuais de Deus desde a eternidade” e que a
semente da serpente foram “gerados do diabo” (Atas of General Association of
Baptist in Kentucky, 1837, pág. 11).
Nenhuma semelhante doutrina a
esta está envolvida em eleição incondicional. Mostramos que a eleição é “para a
salvação” e, portanto, não é salvação. A salvação tem lugar no tempo. Todos os
homens são filhos do diabo até que se tornem filhos de Deus pela regeneração e
pela fé (I João 3:9,10).
XI. A ELEIÇÃO NÃO ENVOLVE
FATALISMO
Os que não podem ver a diferença
entre eleição e fatalismo carecem de consultar um bom dicionário. “O fado é
pagão uma força irresistível, irracional, determinando todos os eventos com
nenhuma conexão manifesta com a razão ou a justiça”. Pré-ordenação e
predestinação são cristãs, denotando a ordem racional e justa, ou o decreto do
Deus supremo e onisciente”.
A. R. McGehee disse uma vez o
seguinte concernente à diferença entre fastalismo e predestinação: “Fatalismo é
aquela teoria da vida que ensina que todo o destino está fixado desde o
princípio, e que as circunstâncias e atos intermediários não afetam esse
destino fixado. O fim em vista, quer bom ou mal é alçando por simples fíat ou
capricho, e pouca conta se faz de moralidade ou propósito, com escassa ênfase
na personalidade divina ou humana. É uma filosofia e não uma religião. Em
contrate, o determinismo sustenta que o fim ou destino em vista é efetuado por
uma combinação de todos os atos e circunstâncias precedentes. A eleição, por
outro lado é moral e pessoal e intencionada, e os eventos são divinamente
ordenados e controlados a produzirem certos valores morais.”
Mas o arminianismo ou deve negar
a presciência de Deus ou trancar-se em vago fatalismo. Se Deus previu o destino
final de cada homem, estão o destino foi ajustado e fixado na eternidade.
Porque então foi fixado? Os arminianos têm de um lado um trono vazio e de outro
um futuro fixado. Para eles só há duas saídas: ou eles podem prosseguir com sua
infidelidade na direção do seu término lógico e negar a presciência de Deus, ou
podem reconhecer a sorte como o determinador dos eventos humanos. Faça cada
arminiano sua escolha e então escreva-nos a respeito.
Dissemos que há só dois caminhos
para o arminiano. Isso é verdade por tanto tempo enquanto ele ficar arminiano.
Mas há, depois de tudo, uma saída do dilema que é seguro e feliz: reconhecer a
verdade da soberania absoluta de Deus. Desejamos que todo arminiano pudesse
conhecer o conforto e o gozo que a aceitação dessa verdade traz.
XII. A ELEIÇÃO É PERFEITAMENTE
COERENTE COM A LIVRE AGÊNCIA DO HOMEM
Para definição e discussão geral
da livre agência vide capítulo XIX.
A doutrina bíblica da eleição
representa o homem na sua condição natural como completamente escravizado pelo
pecado, sem nenhuma habilidade nas coisas espirituais. Também representa Deus
como tomando a iniciativa na conversão por vivificar o pecador morto para a
vida logicamente antes do seu arrependimento e da sua fé. Mas para a prova de
que isto não envolve um conflito entre a livre agência e a eleição vide no
capítulo XIX a discussão sob a epígrafe “Livre Agência do Homem Natural” e
“Livre Agência e Conversão”.
XIII. A ELEIÇÃO NÃO DESTRÓI A
RESPONSABILIDADE DO PECADOR
Quando Paulo escreveu a sua maravilhosa
epístola aos Romanos, ele antecipou a objeção que é muitas vezes feita à
sabedoria de Deus tratando com os homens sobre o fundamento que ela destrói a
responsabilidade do pecador. Diz Paulo: “Tu então me dirás: Por que se queixa
ele ainda? Pois quem resistiu à Sua vontade?” (Romanos 9:19). Em outras
palavras: “Se Deus escolhe e rejeita, perdoa e pune a quem Lhe apraz, por que
são censurados os que, se rejeitados por Ele, não podem deixar de pecar e
perecer?” Ou, se Deus salva a todos que Ele escolhe salvar, deixando o resto
num estado de impotência espiritual, do qual não podem livrar-se, sendo certo
persistir no pecado para sua condenação eterna, por que Ele censura os que
continuam no pecado? Isto mostra claramente, como já indicamos, que Paulo
ensinou a eleição incondicional e a total inabilidade espiritual do homem
natural. Uma objeção semelhante não seria sugerida por qualquer outra doutrina.
1. ESTA OBJEÇÃO É ÍMPIA.
Em resposta a essa objeção, diz
Paulo: “Mas antes, ó homem! Quem és tu, que contesta contra Deus? Porventura a
coisa formada dirá ao que a formou: Porque me fizeste assim?” (Romanos 9:20).
Paulo respondeu, assim como respondemos a semelhantes objeções, que o homem não
tem direito, sob quaisquer circunstâncias, de discutir qualquer coisa que Deus
faz. Deus não está sob obrigação alguma de dar contas de Si mesmo ao homem. O
arminiano não merece nenhuma consideração mais.
Mas o inquiridor reverente, que
prontamente aceita tudo quanto Deus revelou e deseja, para a sua própria edificação
espiritual, saber tudo que ele possa aprender da Palavra de Deus a respeito dos
caminhos infinitamente sábios e santos dAquele cuja presença é como chama de
fogo e cuja glória Ele elevou sobre os céus, esse merece mais consideração.
Daí, por amor de um tal inquiridor, notamos ainda:
2. AS DUAS FASES DA VONTADE DE
DEUS
Dissemos que Deus salva a todos
quantos ele escolhe ou quer salvar. Doutro lado, Deus “ordena que todos os
homens em toda a parte se arrependam” (Atos 17:30). Ele também manda que o Evangelho
seja pregado a toda criatura” (Marcos 16:15). E o Evangelho é o chamado geral
de Deus.
Por chamado geral e convite
geral queremos dizer tais como os que se estendem a outros tanto como os
eleitos. Tomamos o convite de Cristo para incluir expressamente os que lutam
pela salvação por meio de observâncias legais, estando assim sobrecarregados.
Demasiado é presumir que todos desta classe que ouvem estas palavras vêem a
Cristo. Assim, este convite foi geral.
Sendo também devidamente
acompanhado do convite geral, tal como o que Cristo fez (Mateus 11:28). Isto
evidência que deve ser feita uma distinção em tratar com a vontade de Deus.
DEUS FEZ ESSA DISTINÇÃO PARA NÓS. Vós o achareis em Deuteronômio 29:9. Lá se
divide em vontade secreta e revelada. Esta distinção ali se faz porque está
indicado nos capítulos 29 e 30 que os israelitas seriam permitidos de Deus a
assim desobedece-Lo que lhes mandaria o cativeiro e finalmente os dispersaria
pelos quatro ventos da terra. Era Sua vontade secreta permitir isto; mas Sua
vontade revelada foi que obedecessem. Isso fixou a responsabilidade deles,
segundo Deuteronômio 29:9 indica claramente.
Esta distinção entre a vontade
secreta e a vontade revelada de Deus “não põe”, como tem sido acusado, “uma
duplicidade intolerável entre o Ser de Deus, que O acuse – sit vênia verbo – de
falsidade e engano” (Schaff). Basea-se num fato da experiência humana. A
vontade revelada de Deus expressa Sua preferência imanente nas coisas
consideradas em si mesmos e fora do Seu propósito perfeito e santo. Que houve
uma diferença imanente de Deus nas coisas abstraídas do todo e o Seu propósito
consumado está imperfeitamente ilustrado no seguinte exemplo. Um pai amoroso
não tem prazer no sofrimento de um filhinho, todavia, para o bem e a felicidade
futura do filhinho, o pai inflige-lhe sofrimento a modo de castigo. O pai
emprega assim uma coisa que é desagradável em si mesma para consecução de um
propósito. Deus não se agrada do pecado, considerado em si mesmo; mas, na
realização do Seu propósito, agradou-lhe permitir o pecado e domina-lo para Sua
glória.
A eleição não impõe nenhuma
restrição aos não eleitos. Ela não os afeta ativamente de modo algum. Ela
deixa-os exatamente na mesma condição em que estariam se não houvesse nenhuma
tal coisa com a eleição, a saber, uma condição de impotência espiritual e
condenação, tal como todos os pecadores estão por natureza. Uma eleição de
alguns para a vida não implica uma eleição de alguns para a morte. A morte do
ímpio não é o resultado da eleição, mas dos justos tratos de Deus com ele como
pecador. É o justo salário daquele ímpio (Romanos 6:23). Na eleição Deus
simplesmente escolhe dentre a massa inteira da humanidade depravada aqueles a
quem Lhe apraz salvar por justas e santas razões só dEle conhecidas. O resto
ele simplesmente os deixa às justas conseqüências do seu pecado. Se um homem
rico escolhe um mendigo e lhe dá riquezas, pode isso ser dito que, em fazendo
assim, o rico elege todos os demais mendigos para sofrerem perpétua pobreza?
4. RESPONSABILIDADE E
INABILIDADE ESPIRITUAL
O pecador está sem habilidade
espiritual, mas isso não destrói sua responsabilidade. Que a responsabilidade
depende da habilidade atual é máxima furta-cor teológica que não pode suster-se
na luz dos fatos escriturísticos. O pagão é responsável por subsistir à luz da
consciência que ele possui concernente à Palavra de Deus. Compare Romanos
2:12-16. Mas ele não pode fazer isto; porque se alguns pudessem, não haveria
base para sua condenação, segundo a passagem supra, e eles se salvariam pelas
obras, pelas quais a Escritura diz que ninguém pode ser salvo. Então aqueles
que ouvem a Lei são para ser julgados por ela. Quer isso dizer que eles são
responsáveis a obedecer a Lei: mas eles não podem fazer isso, porque a voz da
Lei fecha toda boca (Romanos 3:19). Daí, a responsabilidade não depende da
habilidade presente e a inabilidade não destrói a responsabilidade.
5. O HOMEM RESPONSÁVEL POR SUA
INABILIDADE ESPIRITUAL.
Mas ao passo que a
responsabilidade não depende na habilidade presente, ela apóia-se na habilidade
original. Originalmente tinha o homem habilidade nas coisas espirituais. Esta
habilidade ele malbaratou (perdeu) na queda de Adão. A raça inteira participou
desta queda. É o ensino de Romanos 5:12. “O pecaram” da Versão do Rei Tiago é a
tradução do tempo aoristo no grego. O tempo aoristo é o modo indicativo (e
alguns outros modos), no qual expressa ação indicada no passado. Romanos 5:12,
portanto, não alude a um curso de pecado seguido por cada individuo, mas a uma
apostasia, da apostasia de Adão todos participaram. O modo em que todos da raça
de Adão tomaram parte na queda está fortemente estabelecido por A. H. Strong
como segue:
“A vida total a humanidade
estava então em Adão: a raça tinha como ainda tem o seu ser somente nele. Sua
essência ainda não estava individualizada; suas forças ainda não estavam
distribuídas; os poderes que agora existem em homem separados estavam então
unificados e localizados em Adão; a vontade de Adão era ainda a vontade da
espécie. No ato livre de Adão a vontade da raça revoltou-se contra Deus e a
natureza da raça corrompeu-se. A natureza que agora possuímos é vontade de Adão
era ainda a vontade da espécie. No ato livre de Adão a vontade da raça
revoltou-se contra Deus e a natureza da raça corrompeu-se. À natureza que agora
possuímos é a mesma que se corrompeu em Adão – não a mesma em espécie meramente
senão a mesma como que fluindo dele continuamente para nós (Systematic
Theology, pág. 328).
Tendo pecado em Adão, cada
descendente de Adão é responsável pela depravação e inabilidade espiritual
assim incorrida.
XIV. A ELEIÇÃO É PERFEITAMENTE
CONSISTENTE COM À JUSTIÇA DE DEUS
Paulo também antecipou esta
objeção à sua doutrina (Romanos 9:14), o que mostra que ele ensinou a eleição
incondicional pois nenhuma outra teoria da eleição teria sugerida esta objeção.
Se, por acaso, alguém que mal entendesse sua doutrina tivesse apresentado a
objeção, este era o lugar para ele apresentar claramente que sua doutrina de
eleição não estava aberta a essa objeção porque ensinou que a eleição estava
baseada na fé prevista dos eleitos. Paulo certamente teria feito isto, se
tivesse sido arminiano; mas, em vez, despediu-a como sendo prepóstera, dizendo:
de maneira nenhuma. Então ele prosseguiu a responder à objeção com a própria
declaração de Deus concernentes Seu trato soberano com os homens.
Examinemos mais a objeção,
notamos:
1. JUSTIÇA E PARCIALIDADE
Entre outras noções cruas e
inescriturísticas, merece lugar importante a idéia que a justiça e a
parcialidade são necessariamente antagônicas. Nós não somos mandados a ser
parciais, mas em nenhum lugar Deus diz que Ele não é parcial. A sabedoria, a
independência e a soberania dão-Lhe direitos que a nossa ignorância, sujeição e
dependência nos negam. A Escritura mostra que Deus é parcial. Ele é parcial aos
homens caídos em comparação com os anjos caídos no sentido de, com alguns dos
primeiros, ter promovido redenção, ao passo que os últimos todos estão
“reservados em cadeias eternas e nas trevas para o julgamento daquele grande
dia”. (Judas 6). Ele foi parcial à nação judaica em comparação com as nações
pagãs. Ele é parcial à gente das assim chamadas terras cristãs em comparação
com o povo das terras pagãs, em que a primeira tem a luz do Evangelho, enquanto
a última, em muitos casos, vive através da vida na ignorância do Evangelho que
é o único meio de salvação.
Quanto à parcialidade ser
injusta, depende das circunstâncias. O ministro, no seu trato com os que
persistem no pecado, não é para conceder que qualquer coisa o faça desculpar
alguns onde todos são igualmente culpados (I Timóteo 5:21). E não devemos
preferir alguns homens em favor ou honra por causa das riquezas ou qualquer
coisa semelhante (Tiago 2:4). Em outras palavras, devemos tratar com os homens
conforme com o que eles realmente merecem; mas, na salvação, Deus trata com os
inteiramente mal merecidos; porque a graça é favor imerecido e favor não devido
como obrigação. Logo, Deus pode distribuir Sua graça entre os homens como Lhe ditem
Sua perfeita sabedoria e santidade. Em assim fazendo, Ele elegeu alguns para a
vida e a outros deixou perecerem como a justa conseqüência dos seus pecados.
Quem ousará negar-Lhe este direito?
Não pode o Deus soberano de tudo
Dispensar os Seus favores como
Lhe apraz;
Escolher alguns para a vida,
enquanto outros caem,
E ser justo e santo contudo
ainda?
2. DEUS NADA DEVE AO HOMEM
Precisa isto de ser enfatizado.
Se ao homem devesse Deus algo, então a salvação seria por dívida e não por
graça. Dirão alguns que Deus deve ao homem uma oportunidade de se salvar. Deu
Ele esta oportunidade aos pagãos que morreram sem o Evangelho? Uma oportunidade
de se salvar não alcança nada para o homem. Podia alguém falar igualmente de se
dar a um homem totalmente paralítico a oportunidade de andar. Todo homem que
não está fisicamente tolhido tem toda a oportunidade possível de andar; mas a
oportunidade é de nenhum valor ao tal na ausência de habilidade. Os perdidos
estão espiritualmente mortos. Eles devem ter habilidade de vir a Cristo (João
6:65). Dirão alguns que Deus deve esta habilidade ao homem, mas esta habilidade
é a salvação em germe e daí, se Deus deve esta habilidade, a salvação não é por
graça. E supondo que Deus desse tal habilidade a todos os homens, como os arminianos
por ela contendem, e então eles recusassem empregar esta habilidade; não
ficaria Deus desobrigado de qualquer compromisso de renovar essa habilidade?
Esta é a posição do homem. Uma vez ele teve habilidade, mas veio um tempo em
que ele a desperdiçou e assim a perdeu. Teve isto lugar em Adão, no qual diz
Deus que todos pecaram. Está agora Deus na obrigação de renovar essa
habilidade?
3. DEUS PODE FAZER O QUE ELE
QUIZER COM O QUE É DELE
Deus assevera o mesmo direito
sobre a humanidade que o oleiro tem sobre o barro (Romanos 9:21-23). “Vede, ó
desprezadores, espantai e perecei” (Atos 13:41). Contudo, seja dito, para
prevenir mal entendido, que o método de Deus “fazer vasos de ira preparados
para destruição” é diferente do Seu método de fazer “vasos de misericórdia”.
Este último é um ato de graça soberana. O primeiro é um ato de justiça
permissiva. Executa Ele o último pela operação eficiente de sua graça; o
primeiro Ele não causa eficazmente, mas só permite por sábias e santas razões
conhecidas completamente só por Ele.
XV. A ELEIÇÃO NÃO FAZ DE DEUS UM
RESPEITADOR DE PESSOAS
Quando as Escrituras nos dizem
que Deus não é um respeitador de pessoas, elas querem dizer que os tratos de
Deus com os homens não se determinam pelas diferenças externas de raça,
riquezas, posição social ou coisa parecida. Isto a Escritura insinua
distintamente. Vide 2 Samuel 14:14; Atos 10:34; 1 Pedro 1:17. Ter respeito a
pessoas é fazer uma diferença entre pessoas igualmente merecedoras, mas não
envolve nenhum respeito de pessoas para fazer uma diferença entre os
inteiramente não merecedores. Deus assim tem feito em vários casos como
indicados na discussão supra de justiça e parcialidade.
XVI. A ELEIÇÃO NÃO IMPLICA QUE
DEUS CRIOU OS NÃO ELEITOS MERAMENTE PARA CONDENÁ-LOS
Deus não tem prazer na
destruição dos ímpios, como uma coisa em si mesma. Pela contrário, a salvação
dos homens é coisa que é, em si mesma, agradável a Deus. Mas Ele fez o homem
para Sua glória. De algum modo, não inteiramente compreensível à mente finita,
subserve essa glória que alguns homens pereçam. Assim Deus quis permiti-lo, mas
não porque Ele seja alguém que exulte com o sofrimento do homem. Podemos ficar
seguros que Deus salvará o maior número que Ele pode salvar sem detrimento à
manifestação mais gloriosa do Seu caráter como um todo. Finalmente, veremos por
completo a santidade do propósito de Deus.
O crente na eleição
incondicional não está mais na obrigação de responder a esta objeção do que o
crente na presciência de Deus que nega a eleição incondicional, que a um tal
ocorre a pergunta inevitável: Porque Deus criou aqueles que Ele soube que
pereceriam? Richard Fuller estava exatamente certo em dizer que a presciência
da parte de Deus e a pré- ordenação não podem ser separados. (Voltai e lede
outra vez suas palavras à página 54.) A negação da pré-ordenação “só oculta a
dificuldade ao ignorante” (Richard Fuller).
XVII. A ELEIÇÃO CONFORME AQUI
ESTÁ EXPOSTA É UMA DOUTRINA BATISTA
Viemos agora mostrar que a
doutrina da eleição incondicional é uma doutrina batista. Para prova disto
chamamos a atenção para o seguinte:
(1) Os paterinos.
Dos paterinos diz W. A. Jarrell:
“Eles apelavam para os textos do nono capítulo de Romanos, por outros usados,
para prova da doutrina da eleição incondicional” (Church Perpetuity, pág. 139).
(2). Waldenses e Albingenses.
Um artigo de uma velha confissão
Waldense, segundo citada por C. H. Spurgeon, diz o seguinte:
“Que Deus salve da corrupção e
da condenação aqueles a quem Ele escolheu desde as fundações do mundo, não por
qualquer disposição, fé, ou santidade que Ele previu neles, mas por Sua
misericórdia em Cristo Jesus Seu Filho, passando por todo o resto, segundo a
razão irrepreensível de Sua própria livre vontade e justiça” (Spurgeon’s
Sermons, Vol. 2, pág. 69).
O Prof. A. A. Hodge, do
Seminário de Princeton, diz: “Os waldenses... eram todos calvinistas”.
“Entre os crentes mais antigos
no sistema de doutrina chamado calvinístico podemos, com grande propriedade,
mencionar os waldenses e albingenses, - aquelas eminentes e honradas
testemunhas pela verdade, durante o longo período quando a igreja e o mundo
foram assolados por erro grasso e imoralidade”. (Rice, God Sovereign and Man
Free).
“Gualtier, um monge jesuíta, nas
suas tábuas cronográficas traçou um catálogo consistindo de noventa
particulares, no qual Ele mostra que os princípios dos waldenses e os dos
calvinistas coincidem mutuamente.
“Lidanus, bispo católico da Sé
de Ghent, que escreveu em defesa dos postulados da Igreja de Roma, aí por 1550,
chama a Calvino “o herdeiro das doutrinas dos waldenses” (Jones’s Church
History, pág. 357).
NOTA – O Prof. Hodge e os dois
jesuítas aqui citados estão, evidentemente, deslocados de sua epígrafe – Trad.
(3). Anabatistas.
A fé dos anabatistas a respeito
da eleição está estabelecida por um dos seus líderes como segue:
“Cristo, o Cordeiro de Deus, foi
desde o princípio do mundo um mediador entre Deus e os homens, e ficará
mediador até ao fim. De que homens? De vós e eu apenas? Não assim, mas de todos
os homens a quem Deus o deu por possessão.”
(4). Batistas particulares da
Inglaterra.
Os batistas americanos
descenderam diretamente dos batistas particulares da Inglaterra, com os quais
se associaram homens tais como John Bunyan, Andrew Fuller e William Carey.
Denominaram-se “Particular” porque creram numa expiação só para os eleitos.
Isto seria bastante para mostrar sua posição a respeito da eleição, mas temos
prova explícita desta posição na sua grande confissão de fé, chamada a
Confissão de Londres. Esta confissão foi mais tarde adotada pela Associação de
Filadélfia na América e o seu testemunho concernente à eleição será achado
abaixo.
2. CONFISSÕES DE FÉ BATISTAS
(1). A confissão de Filadélfia.
Diz a Confissão de Fé de
Filadélfia: “Conquanto Deus saiba o que possa ou venha a acontecer sobre todas
as supostas condições, contudo Ele não decretou o que quer que seja porque Ele
previu como coisa futura, ou como aquilo que viria a se passar em certas
condições. Pelo decreto de Deus, para manifestação de Sua glória, alguns homens
e anjos estão predestinados ou preordenados para a vida eterna por meio de
Jesus Cristo, ao louvor de Sua gloriosa graça; outros sendo deixados a agir nos
seus pecados para sua justa condenação, ao louvor de Sua gloriosa justiça.”
(2). A confissão de New
Hampshire.
A confissão de New Hampshire
originou-se no meio de forte influência arminiana; conseqüentemente, sua
posição a respeito da eleição está benignamente expressa. Não obstante, ela
fala da eleição como o “propósito eterno de Deus”. Aqui não há eleição no tempo
e o artigo sobre o arrependimento e a fé liga esta confissão ao ensino que o
eterno propósito eletivo de Deus foi incondicional. Diz:
“Cremos que o arrependimento e a
fé são deveres sagrados e também graças inseparáveis operadas em nossas almas
pelo Espírito regenerador de Deus”.
Então o artigo sobre a
regeneração fala do arrependimento e da fé como frutos da regeneração.
Nenhum negador da eleição
incondicional pode aceitar qualquer desse postulados, os quais só se harmonizam
com a eleição incondicional. Todos os negadores da eleição incondicional crêem
que o arrependimento e a fé são no mínimo, logicamente, se não
cronologicamente, anteriores à regeneração.
(3). Outras confissões
Segundo o Prof. W. J.
McGlohtniel, eleição incondicional está ensinada em alemão, francês, belga,
suíço, dinamarquês, húngaro e confissões batista russas. Vide “Baptist
Confessions of Faith”, pág. 334.
3. PREGADORES E ESCRITORES
BATISTAS REPRESENTATIVOS
J. W. Porter, pregador eminente,
redator, autor e erudito: “1. A
eleição teve lugar na eternidade. 2. Foi uma eleição individual. 3. Baseou-se
inteiramente na boa vontade de Deus e não no mérito previsto dos eleitos”.
F. F. Gibson, evangelista e
pastor da maior igreja batista de Kentucky, a igreja de Walnut Street em
Louisville: “Primeiro, a eleição é pessoal. Segundo, a eleição é eterna.
Terceiro, a eleição não foi em vista de fé ou boas obras previstas”.
Roy Mason (Tampa, Fla.), redator
de “Faith and Life” autor de “The Church that Jesus Built”; - “Deus, em graça
soberana, agindo sobre fundamentos bons e justos, conhecidos só dEle, na
eternidade, antes da fundação do mundo, escolheu certas pessoas para Si mesmo
dentre a raça humana. Ao mesmo tempo em que Deus elegeu incondicionalmente
esses para a vida eterna, da mesma maneira ordenou o meio suficiente para
trazer os eleitos no tempo a um conhecimento salvador dEle mesmo. Esta eleição
não é aparte de Cristo, mas é em Cristo e o fim (a salvação dos eleitos) está
inseparavelmente ligado com os meios ordenados por Deus para fazer acontecer a
coisa ordenada”. (De uma carta ao autor).
David Burris, redator de
“Baptist Sentinel” Oakdale, Tenn.; – “O propósito da eleição não pode ser
condicionado sobre qualquer mérito ou fé dos escolhidos, uma vez que não há tal
mérito. Isto é especialmente verdadeiro desde que a fé do homem está prevista
somente como o resultado da obra da graça de Deus... A fé, como efeito da
eleição, não pode ser ao mesmo tempo a causa da eleição” (The Baptist).
R. A. Venable: - “Não posso
concordar com eles (Metodistas) quanto à doutrina da eleição e predestinação.
Eles sustentam que a eleição de Deus para a salvação baseou-se na Sua
presciência; que Deus previu que alguns creriam e a todos quantos Ele soube que
creriam Ele elegeu para a salvação. A soberana vontade de Deus nada teve a ver
em decidir Sua graça elegente. Isto creio eu estar tanto contra a razão como
contra a revelação”. (Why
Baptist and Not Methodist, in Baptist Why and Why Not, pág. 123, published by
Baptist Sunday School Board, Nasville, Tenn).
Robert Watts, Belfast. Ire., em
artigos escritos a pedido de T. T. Eaton, publicados no Western Recorder
durante a redatoridade de Eaton, publicados mais tarde em livro pelo Baptist
Book Concern: - “A favor do calvinismo pode-se pretender que é o sistema
doutrinário deduzido das Escrituras”. E mais além, ao falar da noção arminiana
de eleição estar baseada na fé prevista. – “Não está manifesto que tal noção
tira o governo de Seus agentes morais fora das mãos de Deus? e ela não o
apresenta como ocupando a posição de um mero espectador, cuja linha de ação se
determina pelas criaturas de Sua criação?” (Sovereignty of God, pág. 63, 128).
J. B. Moody, autor de mais
quarenta livros, aos noventa e cinco anos, disse: “A eleição para a salvação é
soberana, eterna, incondicional, com meios e agências predestinados para
assegurar os esponsais de uma noiva e torná-la esposa do Cordeiro, vicariamente
redimida” (The Plan and Way of Salvation, pág. 5).
D. F. Estes, em “New Testament
Theology”, pág. 180: - “Sobre que depende esta escolha divina nunca se faz
depender de uma escolha prévia do homem por Deus, mas faz-se antecipar à ação
do homem.”
D. B. Ford, ao comentar Romanos
8:29: Que... a eleição... não depende da presciência de Deus de nossa fé ou
bondade é também evidente da declaração do ... apóstolo, que somos escolhidos
em Cristo “antes da fundação do mundo para que fossemos santos.” Vide Efésios
1:4” (American (Baptist) Commentary on the New Testament).
A. N. Arnold, ao comentar a
mesma passagem: “Esta presciência não deve ser explicada como a presciência
meramente do seu arrependimento e fé futuros, porque isso faria do seu
arrependimento e fé a causa e não, como verdadeiramente são, a conseqüência de
sua pré-ordenação. Vide 1 Coríntios 4:7” (An
American (Baptist) Commentary on the New Testament).
Alvah Hovey, redator geral do
mentário supra, citado por Strong: “As Escrituras nos proíbem de achar razões
para eleição na ação moral do homem antes do novo nascimento e meramente nos
enviam à vontade e misericórdia soberanas de Deus, isto é, elas ensinam a
doutrina de eleição pessoal” (Systematic Theology, pág. 427).
W. T. Conner (Southwestern
Seminary), autor de “The System of Christian Doctrine”, diz: “Na doutrina da eleição
quer dizer que Deus salva em prossecução de um propósito eterno. Isto inclui
todas as influências do Evangelho, a obra do Espírito e assim por diante, que
guiam o homem a arrepender-se dos seus pecados e aceitar a Cristo. Tanto quanto
a liberdade do homem está em jogo, a doutrina da eleição não quer dizer que
Deus decreta salvar um homem independente de sua vontade: antes significa que
Deus propõe guiar um homem numa tal direção que ele aceitará livremente o
Evangelho e será salvo”.
B. H. Carroll, no Comentário em
Efésios, pág. 79: “Ordenar é decretar, e a pré-ordenação é um decreto antemão.
Quem foi ordenado? Os indivíduos que foram escolhidos. Para que foram eles
ordenados? Para adoção como filhos. Por meio de quem foram eles adotados como
filhos? Por meio de Cristo. Segundo que foi esta pré-ordenação de adoção como
filhos por meio de Cristo? Segundo a boa vontade de Sua vontade. NÃO PODER SER
SEGUNDO QUALQUER COISA EM NÓS; FOI ANTERIOR AO NOSSO SER”.
J. R. Graves, e, “The Seven
Dispensations”, pág. 100: A semente de Abraão foram aqueles que tiveram a fé de
Abraão, uma Semente Espiritual, - crentes; foram todos a quem Deus previu desde
o princípio que creriam em Seu Filho, Jesus Cristo, e viriam a Ele. MAS, COMO A
PRESCIÊNCIA DE DEUS DESCANÇA NO SEU DETERMINADO CONSELHO, ESTA “SEMENTE” SE
COMPÕE DE TODOS, EM TODOS OS TEMPOS, A QUEM DEUS DETERMINOU SALVAR, E AQUELES
NO TEMPO, DEUS EFICAZMENTE, POR SEU SANTO ESPÍRITO E SEM VIOLENTAR SUAS
VONTADES OU AGÊNCIA MORAL, ATRAI A SEU FILHO”.
John Broadus, no seu comentário
de Mateus 22:14: “Do lado divino vemos que as escrituras ensinam uma eleição
eterna de homens para a vida eterna simplesmente pela boa vontade de Deus”.
J. M. Pendleton, em “Christian
Doctrines”, pág. 107 e 108: “Alguns há que fazem da fé e das boas obras o
fundamento da eleição; isto é, supõem que Deus elegeu o Seu povo porque Ele
previu sua fé e boas obras. Esta idéia transpõe a causa e o efeito, pois faz a
eleição dependentes da fé e das boas obras, enquanto a fé e as boas obras são
escriturísticamente dependentes da eleição ... A idéia arminiana está sem
fundamento na Palavra de Deus, porque a eleição é a fonte, única fonte, donde
jorra a fé, santidade e as boas obras”.
E. C. Dargan, em “The Doctrines
of Faith”, pág. 128: “Há condição à escolha de Deus? Ele escolhe porque Ele
prevê que os homens se arrependerão, ou sob condição de fé? Não; ao escolher
salvar homens Deus é soberano, livre, espontâneo, gracioso agindo por Sua
própria iniciativa”.
A. H. Strong, em “Systematic
Theology”, pág. 427: “A eleição é aquele ato eterno de Deus pelo qual, no seu
soberano prazer, e por causa de nenhum mérito previsto neles, escolhe a certos
do número de homens pecadores para serem os recipientes da graça especial do
Seu Espírito e assim para serem feitos participantes voluntários da salvação de
Cristo”.
E. Y. Mullins, em “The Christian
Religion in its Doctrinal Expression”, pág. 343: “Deus escolhe homens para a
salvação por causa de suas boas obras ou porque Ele prevê que eles crerão no
Evangelho quando lhes for pregado? Além de toda a dúvida Deus prevê sua fé e a
fé é uma condição de salvação. A pergunta é se é também o fundamento da
salvação. As Escrituras respondem negativamente a esta pergunta. O Evangelho é
eficaz com uns e não com outros, porque a graça de Deus é operativa num caso
além do grau de sua ação no outro”.
J. P. Boyce, em “Systematic
Theology”, pág. 427: “Deus, do Seu próprio propósito, determinou desde a
eternidade salvar um número definido da humanidade como indivíduos, não para ou
por causa de qualquer mérito ou obra deles por qualquer valor para com Deus,
mas de Sua própria boa vontade”.
Alguns membros excluídos da
Igreja Batista de Benton (Ky.), em maio de 1933, entraram com um processo para
a possessão da propriedade da igreja com fundamento de a igreja ter-se afastado
da fé e da disciplina dos batistas. Baseou-se a queixa, em parte, no fato que a
igreja adotara uma confissão de fé na qual ela estava acusada que o “Artigo Nº
10 é segundo a ordem da Confissão de Fé de Filadélfia”. As Escrituras, bem como
a posição histórica dos batistas, negam aos tribunais civis o direito de
decidirem matérias eclesiásticas e a Igreja Batista de Benton nunca teria
escolhido um semelhante tribunal. Mas, sendo levada ao tribunal pelos seus
opositores, eles apresentaram ser o caso. Os opositores tiveram amplo tempo e
oportunidade de apresentarem o seu. Claro que fizeram isto até ao verdadeiro
limite de habilidade. Tiveram auxílio amplamente rude. A evidência toda junta abarcou
seiscentas páginas de arquivos. Nenhuma questão de interpretação da Escritura
foi considerada pelo tribunal. O processo foi todo quanto à questão da fé e
prática batista conforme especificada na evidência. O sentimento público foi
contra a Igreja Batista de Benton. Por causa destas circunstâncias, a decisão
do tribunal é uma vitória decisiva para a verdade e a prova convincente que os
batistas mantém a eleição incondicional. Esta decisão foi dada pelo juiz
especial C. C. Grassham, de Paducah, Ky., a 1º de setembro de 1934 e está
temperada com discrição e razoabilidade. É eminentemente digna de conservação
como um documento da liberdade batista bem como um que sustém testemunho à fé
histórica dos batistas. Diz em parte: “A Confissão de Fé de Benton não ensina
fatalismo nem constitui um afastamento da fé ensinada pelas igrejas
missionárias (batistas), segundo a prepondência da prova. Está abundantemente
mostrado que a Confissão de Fé de Filadélfia não foi expressamente repelida, ou
por essa matéria criticada pelas igrejas batistas do Norte ou do Sul e que
muitas delas, mormente no Sul, ainda aderem à confissão de Fé original de
Filadélfia.”
XVIII. A ELEIÇÃO CONFORME
ESTABELECIDA AQUI, É UMA DOUTRINA PROVEITOSA
A eleição incondicional
provou-se nas vidas dos seus advogados. Os mais eminentes, os mais corajosos,
os mais agressivamente missionários e os homens mais santos do mundo religiosos
a sustentaram. A maior revolução religiosa da História – a reforma, foi operada
por calvinistas. Os calvinistas forneceram quase todos os mártires. O
arminianismo não gera o estofo de que os márteres são feitos: é construído mais
sobre o sentimento e o sentimento nunca fez um mártir. “O que quer que haja de
doutrina evangélica e de liberdade civil ou religiosa no mundo, deve-se abaixo
de Deus, aos escritos e à pregação de calvinistas” (Rice, God Sovereign and Man
Free, pág. 15). Durante a idade média a sã doutrina e a moralidade pura acharam
um retiro nos contra-fortes dos Alpes, foram admiravelmente dependidas e
conservadas pelos waldenses e albingenses calvinistas” (ibíd, pág. 14). Do
exército calvinístico de Cromwel diz Macaulay: “O que distinguiu o exército de
Cromwell dos demais exército foi a moralidade austera e o temor de Deus que
permearam todas as fileiras.” O esforço missionário mundial de hoje nasceu
entre os calvinistas em ambos os hemisférios. Diz dele Spurgeon: “Por esta
verdade faço uma peregrinação pelo passado ao passo que ando, vejo pai após
pai, confessor após confessor, mártir após mártir, de pé para me darem a mão.
Fosse eu um pelagiano ou um crente na vontade livre (no sentido errôneo), eu
teria de caminhar sozinho durante séculos: aqui e ali um herege, de caráter não
muito honroso, podia erguer-se e chamar-me irmão, mas tomando essas coisas para
serem os paradigmas de minha vida, vejo a terra dos antigos povoada por irmãos
meus” (Sermons, Vol. 2, pág. 69). Considerando o passado imediato, achamos que
todo batista digno ensinou a eleição incondicional.
A utilidade da eleição
incondicional, como evidenciadas supra, está baseada no fato que:
1. ELA DÁ UMA IDÉIA EXALTADA DE
DEUS.
Quando Moisés tinha dito a
Israel da escolha soberana que Deus fizera dele, não por causa de qualquer
coisa nele Israel, também disse: “Saiba, pois, que o Senhor teu Deus é Deus” (Deuteronômio
7:9). É um dos propósitos da eleição ensinar isto. O Deus dos calvinistas está
“elevado e erguido” e a “terra toda está cheia de Sua glória” (Isaías 6:1,3). O
Deus dos arminianos está constantemente tripudiado sob o pé dos homens e a
terra inteira está cheia de sua derrota. Com o Deus dos calvinistas “todos os
habitantes da terra reputam-se em nada; faz segundo à Sua vontade no exército
do céu entre os habitantes da terras; ninguém pode deter Sua mão e dizer-Lhe:
Que fazes?” (Daniel 4:35). Mas com o deus dos arminianos a terra está povoada
de gigantes que são maiores do que ele é. Ele faz o melhor para cumprir sua
vontade entre os homens, mas há! a vontade senhorial do homem é fortíssima para
o seu deus. Sua mão está tristemente detida, porque tenta salvar todos os
homens e, no entanto, só consegue salvar apenas uma minoria de adultos
responsáveis. Ele não ousa discriminar entre os homens, porque então o homem
soberbo podia corretamente desafiá-lo e exigir: “Que fazes?” Isto é na
realidade o deus imaginário que o arminiano adora. Um Deus exaltado opera temor
nos homens. Com um Deus semelhante o homem tenta grandes coisas e espera
grandes coisas e também possui uma santa ousadia.
2. ELA ESTIMULA A FÉ.
Todas as questões envolvidas na
eleição não podem ser arrazoadas à completa satisfação da mente carnal. Daí, a
Palavra de Deus sobre a eleição deve ser aceita pela fé. Quando alguém assim a
aceita, descobrirá que a sua fé foi provada e revigorada. Um Deus exaltado
também inspira fé indômita.
3. ELA PREPARA O CAMINHO PARA A
ACEITAÇÃO DE OUTRAS VERDADES.
Quando alguém aceitou os
mistérios da eleição pela fé, foi desviado da razão como padrão de sua fé e
está então preparado para tomar a palavra de Deus sobre todo assunto sem
indagação duvidosa.
4. ELA CONDUZ PARA COM A
PREGAÇÃO DE TODO O CONSELHO DE DEUS
De maneira que muitos pregadores
fazem da diplomacia o guia de sua pregação, em vez de buscarem a direção do
Espírito Santo. A razão disto é que eles não possuem a fé para confiarem na
benção de Deus sobre as porções de Sua Palavra que não são prontamente aceitas
pelos homens em geral; mas, quando alguém aprendeu a crer e a pregar a eleição,
aprendeu a confiar na benção de Deus sobre Sua palavra quando se calcula que
ela provoque a oposição dos homens. Isto prepara o caminho para pregar-se
outras muitas verdades necessitadas, mas indesejáveis.
5. ELA É A MAIS FORMIDÁVEL
BARREIRA CONTRA O MODERNISMO.
Isto não é só verdade pelas
razões já afirmadas: é também verdadeiro porque, tanto quanto o homem crê na
sua impotência espiritual absoluta, por natureza, não pode negar, logicamente,
a necessidade de uma revelação sobrenatural e uma intervenção sobrenatural para
sua salvação. “A história da igreja cristã não proporciona um caso de uma seita
sustentando as doutrinas dos Decretos Divinos e da Livre Agência do homem e
rejeitando qualquer doutrina fundamental do cristianismo”. (Rice, God Sovereign
and Man Free, pág. 18).
6. ELA OFERECE O FUNDAMENTO MAIS
DURADOURO PARA SEGURANÇA DOS SALVOS.
Sem a eleição soberana a
segurança dos salvos paira no meio do ar sem nenhum apoio lógico. E muitíssimos
dos que têm negado a eleição soberana têm também negado a segurança dos salvos.
São coerentes. As duas permanecem juntamente e caem juntas, de um ponto de
vista lógico.
7. ELA EXCLUI TODA A JACTÂNCIA E
GERA HUMILDADE, GRATIDÃO E DEVOÇÃO.
Deus arranjou a dispensação de
Sua graça de modo que a jactância está excluída (Romanos 3:27) e “que nenhuma
carne se glorie diante de Deus” (1 Coríntios 1:29). Isto é alcançado através da
concessão soberana de Sua graça aos Seus escolhidos pela Sua própria boa
vontade e não para ou por causa de algo neles. Sob a eleição o crente não pode
dizer mais do que “pela graça de Deus sou o que sou” (1 Coríntios 15:10). E, em
resposta à pergunta: “Quem te fez a ti diferir” (1 Coríntios 4:7), o crente
deve responder: “D e u s”. Só a eleição incondicional ensina isto. A eleição
condicional dá ocasião ao homem de jactar-se. Segundo ela, o santo fez-se
diferir do incrédulo; mas, segundo a eleição incondicional, a diferença entre o
santo no santuário e o ébrio na sarjeta se deve inteiramente à eficácia da
graça soberana de Deus. Este fato gera humildade e também gera profunda
gratidão saber que Deus, pela Sua graça soberana e irresistível, nos salvou quando
podia, em justiça a nós, nos ter deixado sofrer as conseqüências merecidas de
nossos pecados nas chamas do gehena. Esta gratidão produz serviço devotado pela
“fé operando por meio do amor” (Gálatas 5:6), pois “amamos, porque Ele primeiro
nos amou a nós” (1 João 4:19).
8. ELA ENCORAJA O EMPREGO DE
MEIOS.
Já acentuamos o fato que a
eleição está inseparavelmente ligada aos meios ordenados por Deus para
efetuarem a salvação dos eleitos. Vendo que os meios estão incluídos no plano
de Deus, alegrar-nos-emos em usa-los se os nossos corações estiverem direitos
com Ele. Temos então o encorajamento de sabermos que Deus abençoará sempre o
nosso emprego dos meios quando somos dirigidos do Espírito Santo, porque o
Espírito Santo jamais nos dirigirá doutro modo senão de acordo com o plano de
Deus. É somente na base da eleição incondicional que Deus pode prometer que a
Sua Palavra não voltará a Ele vazia. E é assim que podemos saber que o nosso
trabalho “não é vão no Senhor.” (1 Coríntios 15:58).
A doutrina da eleição
incondicional, firmada no ajuste e conexão adequados, fará sempre missionários
os crentes nela. Ela forneceu a Paulo o seu motivo missionário (2 Timóteo
2:10). Também a nós nos fornecerá o nosso, quando crermos toda a verdade a
respeito dela. Não é estranho que todos os grandes líderes missionários
pioneiros foram crentes na eleição incondicional.
9. ELA PREVÊ O MOTIVO CORRETO NA
EVANGELIZAÇÃO.
Deus salva os homens para sua
própria glória (Efésios 1:12). A glorificação de Deus, então, deveria ser o nosso
primeiro motivo no evangelismo, mais do que livrar homens do inferno. É a
eleição incondicional que imprime isto profundamente em nossos corações.
10. ELA PRODUZ EVANGELISMO SÃO.
Os da eleição condicional
imaginam que Deus está fazendo o mais que pode para salvar o maior número
possível. Por essa razão tornam-se obsedados em contar narizes e relatar
números. Esta obsessão os leva a rodearem terra e céu em busca de profissões. E
fazem o máximo de seus convertidos duas vezes mais filhos do inferno do que
antes. Assim temos em nossas igrejas uma multidão de incircuncisos que fala a
linguagem de Ashdod e constantemente cobiça as panelas de carne do Egito. O
evangelismo inescriturístico e de alta pressão tem sido maior maldição singular
que os batistas jamais sofreram.
A eleição incondicional nos
ensina, como diz Alvah Hovey, que “Deus tem alguma outra razão além da de
salvar tantos quantos possível pela maneira em que Ele distribui Sua graça”.
Por essa razão os da eleição incondicional não vão após números senão
simplesmente fazer a vontade de Deus. Como Paulo, eles “aturam tudo”, não por
amor de números, mas “por amor dos eleitos, para que eles também obtenham a
salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna” (2 Timóteo 2:10). Por essa
razão os da eleição incondicional estão dispostos a ficar dentro do plano de
Deus no evangelismo e “lutar licitamente”, sabendo que Deus pode executar Sua
vontade e que nenhuma alta pressão humana é necessária, desde que ninguém pode
vir a Cristo sem a atração soberana de Deus e desde que todos a quem Deus atrai
virão pela pregação da Palavra de Deus. Assim os da eleição incondicional
pregam a Palavra “a tempo e fora de tempo”, tanto pública como em particular, e
então esperam em Deus no espírito de oração, pois sabem que é “Deus que dá o
crescimento” (1 Coríntios 3:7).
11. ELA TENDE PARA A SALVAÇÃO
DOS PECADORES.
A eleição não é especificamente
para pecadores. A eles cabe pensar sobre sua necessidade, mais do que imaginar
se foram eleitos ou não. Todo homem que vier a Cristo descobrirá que foi
eleito; mas, ao passo que a eleição não é especificamente para pecadores em
geral, contudo Cristo a pregou a pecadores endurecidos (Mateus 11:25,26; João
6:37, 44, 65, 10:26). E, se for pregada, pecadores a ouvirão na certa. Tendo-a
ouvido, é melhor que se safe de suas desfigurações. Assim, loucura é falar de
se não pregar a eleição a pecadores. C. H. Spurgeon, o maior evangelista
moderno, pregou-a muitas vezes a pecadores e disse uma vez que nunca a pregou
sem conversões. Quando devidamente apresentada, a eleição sendo a verdade de
Deus, é proveitosa, mesmo a pecadores, como Deus aprouver usá-la. Ela tende
para a salvação de pecadores nas seguintes maneiras:
(1). Ela tende a deslocar o
pecador de toda esperança nos seus próprios esforços.
A eleição ensina que a salvação
é inteiramente de Deus; daí, os esforços do homem de salvar-se por si mesmos
são absolutamente fúteis. Assim observemos com Spurgeon: “Em primeiro lugar, a
doutrina da eleição, aplicada pelo Espírito Santo, aniquila para sempre todos
os esforços da carne. É objetivo da pregação arminiana fazer os homens ativos,
- excita-los a fazerem o que puderem, mas o fim e o objetivo devidos da
pregação do Evangelho é fazer os homens sentirem que eles não têm de si nenhum
poder e larga-los cadáveres ao pé do trono de Deus” (Spurgeon’s Sermons, Vol.
8, pág. 235).
(2). Ela tende a despertar
pecadores descuidados.
Há duas causas para falta de
interesse dos pecadores a respeito de sua salvação. (1). Ou a mente do pecador
está tão cheia de pensamentos das coisas mundanas que os pensamentos sobre a
salvação se amontoam fora, ou (2) o pecador se conforta com o pensamento de que
se virará para Cristo antes de morrer. A eleição é tão contrária à mente carnal
que atravanca a mente da primeira classe de pecadores quando ela é pregada:
eles não podem conserva-la fora uma vez ouvida. Quando uma vez na mente, a
eleição prepara o caminho para a pergunta se o pecador individual é um dos
eleitos ou não. Chegando a refletir sobre a pergunta, o pecador está pronto
para a mensagem de como ele pode saber que é um dos eleitos. Essa mensagem é:
“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. Uma contemplação da doutrina da
eleição devera conduzir o pecador a dizer: “É assim? Estou eu absolutamente nas
mãos de Deus? Pode Ele salvar-me ou condenar-me como quiser? Então clamarei a
Ele: ó Deus! Salva-me da ira vindoura, do tormento eterno, do banimento da Tua
presença! Salva-me, ó Deus! Que queres que eu faça? Oh! Que queres que eu faça,
que eu possa achar favor e viver?” (Spurgeon’s Sermons, Vol. 8, pág. 239).
Então a eleição mostra à segunda
classe de pecadores acima mencionada que eles não têm razão para esperar que
possam voltar-se para Cristo na hora undécima, desde que a habilidade para
voltar não está no homem por natureza. Isto os devera despertar a apresentar o
pensamento e dirigir suas mentes pelo curso esboçado supra.
(3). Ela dá encorajamento ao
pecador despertado.
Ela o faz nas duas seguintes
maneiras como indicadas por Spurgeon:
A. “Somos todos prisioneiros,
condenados a morrer. Deus, como soberano, tem o direito de perdoar a quem Lhe
apraz. Agora, imaginai um número de nós encerrados numa célula condenada, todos
culpados. Um dos criminosos diz a si mesmo: “Sei que não tenho razão para
esperar ser livrado. Não sou rico. Se tivesse alguns parentes ricos... Podia
ser achado louco e solto... Se eu tivesse a educação de alguns homens, podia
contar com alguma consideração. Não sou um homem de prol ou posição; sou um
homem sem mérito e influência, logo não posso esperar que eu seja selecionado
como um a ser salvo. Não; Creio que se as autoridades presentes de nossa
sociedade fossem as pessoas a serem levadas em consideração, um homem que fosse
pobre pudesse ter uma oportunidade muito escassa de esperar qualquer livramento
gracioso; mas, quando Deus é o grande soberano, o caso é diferente; porque,
quando argumentamos assim: Eis-me aqui, minha salvação depende inteiramente da
vontade de Deus; há alguma oportunidade para mim? Notamos a lista dos que Ele
salvou e achamos que Ele salva o pobre, o analfabeto, o ímpio, o ateu, o pior
dos piores, as coisas vis e as desprezadas. Bem, que dizemos? Então por que Ele
não me salva a mim? Por que não me salva? Se não devo procurar alguma razão em
mim mesmo, porque devera salvar-me? Nunca acharei qualquer razão e,
conseqüentemente, nunca terei esperança. Mas se é para eu ser salvo em razão
alguma, sendo que Deus quer salvar-me, ah! Então há esperança para mim.
Aproximar-me-ei do gracioso Rei; farei como Ele me ordena; confiarei no Seu
querido Filho e serei salvo”. Assim esta doutrina abre a porta da esperança ao
pior dos piores e as únicas pessoas a quem desencoraja são os fariseus, que
dizem “Senhor, graças Te dou que não sou como os demais homens”. Estes
espíritos orgulhosos que dizem: “Não; se não sou salvo por alguma coisa boa em
mim mesmo, então serei condenado!” “como condenados serão, e com uma vingança,
também” (Spurgeon’s Sermons, Vol. 8, pág. 236).
B. “Mais ainda, não vedes, caros
amigos, como a doutrina da eleição conforta o pecador no assunto de poder? Sua
queixa é: “Acho que não tenho poder para crer; não tenho poder espiritual de
espécie alguma”. A eleição curva-se e segreda ao seu ouvido: “Mas, se Deus quer
salvar-vos, Ele dá poder, dá vida, dá a graça;” portanto, desde que Ele deu
poder e força a outros tão fracos como vós, porque não vós? Tenha coragem; olhe
para a Cruz de Cristo e viva”. (Ibid. pág. 237).
A DOUTRINA DA ELEIÇÃO
Capítulo XX
A DOUTRINA DA ELEIÇÃO
A eleição é o princípio
fundamental da graça salvadora de Deus. É a soberania de Deus em relação à
salvação do homem. Ela faz parte dos decretos de Deus. Ela é uma expressão de
Sua providência superveniente. Ela concerne somente a uma porção da raça
humana; todavia, ela “é a expressão do amor infinito de Deus para com a raça
humana, remindo o homem do pecado por meio de Cristo e trazendo-o pelo Espírito
Santo ao seu estado de redenção até onde for coerente com os interesses do
final grande reino de Deus”. (Smith, System of Christian Theology, pág. 505). A
eleição pressupõe a pecaminosidade inteira da raça humana e está baseada na
expiação de Cristo.
I. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
PRELIMINARES
A doutrina bíblica da eleição é
muito mal entendida, muito pervertida, muito abusada e muito oposta. Não
obstante, aos “adultos, que tem os sentidos exercitados em razão do costume
para discernirem tanto o bem como o mal” (Heb. 5:14), ela é uma doutrina
abençoada, gloriosa e proveitável, uma verdadeira mina de riqueza espiritual.
2. É EMINENTEMENTE
ESCRITURÍSTICA.
Tem esta doutrina largo e fundo
alicerce na Escritura, está tecida na própria trama e entremeio da revelação
divina. Como um fio escarlate este gracioso propósito de Deus atravessa o edifício
da Palavra. “A Bíblia não só ensina a doutrina, mas fá-la proeminente, tão
proeminente que só podeis livrar-vos da eleição por livrar-nos da Bíblia”
(Bishop, The Doctrine os Grace). Leia-se a Escritura com referência a esta
doutrina e marque-se toda passagem que indique a relação de Deus com os homens
como um soberano absoluto, também toda declaração que atribua a eleição ou os
frutos dela à Sua escolha e não à vontade e aos atos humanos; toda a ilustração
fornecida de que isto é método costumeiro de Deus; e resultará que escassamente
qualquer livro da Escritura deixará de fornecer testemunho ao fato que, nos
atos da graça, não menos que naqueles da providência, Deus, “faz segundo Sua
vontade no exército do céu e entre os habitantes da terra” (Dan. 4:3-5) (Boyce,
Abstract of Systematic Theology).
3. CONTUDO, ELA TEM MUITOS
OPOSITORES.
Mas desde que esta doutrina é
tão flagrante e humilhante para o homem natural, tão completamente agreste à
mente carnal, tem ela muitos opositores. É mesmo como disse o imortal J. R.
Graves: “Todos os homens são por natureza arminianos e a absoluta soberania de
Deus é uma doutrina odiosa ao coração natural e depravado. Os falsos mestres
têm-se aproveitado deste sentimento natural e por séculos inflamaram os
preconceitos de homens e mulheres cristãos contra o exército da soberania da
parte de Deus” (The Seven Dispensations, pág. 95, 96). Muitas teorias falsas da
eleição têm-se levantado. Estas teorias surgiram através de um esforço para
“medir os mistérios sobrenaturais com a vara torta da razão degenerada” (Ness).
4. O SENTIDO DE ARMINIANISMO.
E qualquer sistema de doutrina
que condiciona o propósito salvador de Deus em atos ou méritos de homens é
essencialmente arminiano. Assim como qualquer sistema que faz do soberano prazer
de Deus base do Seu propósito salvador é essencialmente calvinístico. Se alguém
se apega ao primeiro, é arminiano, ainda que não vá a tudo com Arminio; se ao
último, é calvinista, ainda que não vá a tudo com Calvino. Não há meio termo
entre arminianismo e calvinismo no seu sentido aceito entre os teólogos. Todo
aquele que adota qualquer idéia da eleição, seja qual for, é uma coisa ou
outra. G. W. Northurp, ele mesmo um arminiano, praticamente, diz, ao discutir
se a eleição se condiciona em alguma coisa no homem: “O arminianismo pode ser
considerado como representando todos os sistemas não calvinísticos quanto ao
que respeita ao ponto sob consideração” (Sovereignty of God, pág. 48). E na
segunda parte deste livro, escrito pelo Prof. Robert Watts, de Belfast,
Irlanda, em resposta à primeira parte, temos os “Esboços” de A. A. Hodge
citados como segue: “Qual a base da eterna predestinação de indivíduos para a
salvação? É a fé prevista e o arrependimento dos indivíduos mesmos, no soberano
prazer de Deus? Todo cristão deve tomar um lado ou outro desta questão. Se ele
tomar o lado que faz da fé prevista, fundamento, (ou se ele, como é comum hoje,
faz da fé a causa existente de uma eleição no tempo, o que é essencialmente o
mesmo como a precitada proposição), ele é arminiano, não importando o que ele
mais sustente. Se ele tomar por base o lado que faz o bom prazer de Deus, ele é
calvinista”.
5. CALVINISMO E ARMINIANISMO
TERMOS TEOLÓGICOS.
É necessário compreender que
calvinismo e arminianismo são termos teológicos. Não significam tudo quanto
Calvino ou Arminio creram ou escreveram. Refere-se a dois sistemas antitéticos
de doutrina, um tanto modificado na sua transmissão e tendo a eleição
incondicional e condicional, respectivamente, como seus pontos principais. De
modo que se tornou comum na discussão teológica classificar homens e sistemas
de doutrinas como calvinísticos ou arminianos na base desses dois pontos
principais.
6. O NOME “CALVINISMO” DEFINIDO
E DEFENDIDO.
Alguns crentes na eleição
incondicional rejeitam o nome de calvinismo, mas sem boa causa. Ter a alguém
como calvinista não quer dizer que é um seguidor de Calvino, nem que concorda
com tudo que Calvino escreveu, nem ainda que Calvino fosse o originador do
sistema de doutrina que traz o seu nome. Agostinho, muito antes de Calvino,
ensinou substancialmente o mesmo sistema. Quando alguém se tem na conta de
calvinista, não quer nem mesmo dizer que ele creia, necessariamente, em todos
os cinco pontos de Calvino: pode significar que ele creia somente nesse sistema
na sua maior parte. Dizer que alguém não é calvinista, mas um paulinista, nada
significa. Não há conflito entre calvinismo e paulinismo. Um paulinista é
necessariamente um calvinista. O calvinista não inclui expressamente tudo
quanto Paulo ensinou a respeito de Deus, do homem e da salvação; assim como não
inclui expressamente tudo da fé de qualquer homem, em respeito a esses. Por
exemplo, Calvino não trata expressamente do aspecto subjetivo da salvação, mas
isto não é motivo para alguém renunciar ao nome; porquanto, ao passo que ele
não trata expressamente desse aspecto, também não antagoniza qualquer verdade
da Bíblia com referência a este aspecto. De maneira que alguém pode ser
calvinista e ainda crer em toda a verdade da Bíblia. De fato, se um homem crê
em toda verdade da Bíblia, ele é um calvinista, pouco importando quanto ele
desgoste do nome, nem quão altamente ele o renuncie.
7. O ESPÍRITO E A NATUREZA DO
ARMINIANISMO.
O espírito do arminianismo é o
espírito do modernismo. O arminianismo é um sistema da racionalismo, que, como
o modernismo, faz da razão, em vez da revelação divina, o padrão da verdade.
“A igreja corrompeu-se e
amaldiçoou-se em quase todo tempo pela confiança indevida dos homens nas suas
faculdades raciocinantes. Eles empreenderam pronunciar sobre a razoabilidade ou
inrrazoabilidade de doutrinas infinitamente acima de sua própria razão, as
quais são necessariamente matérias de pura revelação. Na sua presunção buscaram
compreender “as coisas profundas de Deus” e interpretaram as Escrituras não
segundo o seu sentido óbvio, claro, senão segundo as decisões de sua finita
razão” (Rice, God Sovereign and Man Free, p. iii).
Acautele-se o leitor contra esse
espírito soberbo que rejeita a verdade revelada porque a mente torcida e viciada
do homem não pode sondá-la inteiramente. Isto é a fonte principal de ateísmo e
modernismo. “Foi por meio do orgulho raciocinador que o homem caiu,” e podemos
acrescentar que da mesma maneira hoje o homem está caindo para mais longe de
Deus. A razão é um dom divino e, quando usada direito, é uma pérola de grande
preço. Sua própria esfera na religião jaz na justa divisão da palavra; mas,
quando ela se afirma como um paradigma pelo qual se afere a credibilidade da
revelação divina, ela se torna em laço do diabo e em estrada segura para o
inferno. “A revelação constante ataca a arrogância que ímpiamente rebaixa a
credibilidade da palavra divina, a menos que o nosso mísero intelecto possa
compreender as coisas que compete à glória de Deus ocultar. O designo do
Evangelho é humilhar esta tempera e nutrir em nós o espírito de “uma
criancinha”, sem o qual a mente prosseguirá tateando o seu caminho sombrio e
perigoso, até que se perde em dédalos sem fim, desorientado e sem solução
inexplicável em labirintos escuros e intermináveis” (Richard Fuller, Baptist
Doctrines, by C. A. Jenkins).
O arminianismo é a mentira mais
ardilosa que o diabo jamais inventou em toda a sua milenar oposição a Deus. É o
seu supermo esforço para apagar a deidade de Deus. “O arminianismo é a religião
do homem, que pode ser executada pelo homem. O homem é a força principal: com o
homem começa e com o homem perecerá” (Parks). Ele eleva o homem e insulta a
Deus. Ele nutre o orgulho humano e detrata da glória divina.
O arminianismo é a chocadeira do
papismo, de quem a quentura de favor pode facilmente virar em sapos do abismo
sem fundo” (Rous). “É o Benjamin do Papa ... o elixir de anticristianismo; o
mistério do mistério da iniqüidade; o gabinete do Papa; a verdadeira quinta
essência do equívoco” (Leighton). “Põe a Deus na mesma extremidade com Dario,
que alegremente teria salvado a Daniel, mas não pode. Daniel 6:14” (Ness).
Arranca “o grande Jeová mesmo do Seu trono, estabelecendo a dama Sorte para ser
adorada em Seu lugar” (Ness). “Reduz o governo do mundo a mera sorte, ao
selvagem capricho e desordem. Segundo este sistema a natureza, a providência e
a graça são só seções do ateísmo; Deus não tem ingerência na terra e nos Seus
negócios; ou – se isto for monstruoso e revoltante demais – Deus exerce
autoridade sobre a matéria, mas não sobre as mentes e os corações dos homens
... conseqüentemente, a profecia é um absurdo; a providência uma quimera; a
oração uma zombaria; desde que Deus não interfere nos eventos mortais, mas
desampara tudo aos humores desenfreados e às paixões de miríades de agentes
independentes, de nenhum dos quais restringe os caprichos e impulso, por quem
sua vontade é constantemente derrotada e impulsos, por quem sua vontade é
constantemente derrotada e tripudiada” (Richard Fuller, Baptist Doctrines, by
C. A. Jenkins).
Não admira, então que B. F.
Riley diga: “Whitfield foi um metodista calvinístico, o que quer que isto seja,
ainda que seja tão perfeitamente fácil de definir como um batista arminiano.
Nem está livre de falácia e são claramente um ponto esquivo” (The Baptist in
the Building of the Nation).
II. A ELEIÇÃO DEFINIDA
“Deus de Seu próprio propósito,
determinou desde a eternidade salvar um número definito da espécie humana, como
indivíduos, não por ou por causa de qualquer mérito ou obra deles, nem de
qualquer valor deles a Cristo, mas de Seu próprio beneplácito” (J. P. Boyce,
Abstract of Systematic Theology, pág. 347).
“A eleição é aquele eterno ato
de Deus, pelo qual, de Seu soberano prazer e devido a nenhum mérito previsto
neles, Ele escolhe certos dentre o número de homens pecadores para serem os
recipientes da graça especial do Seu Espírito e feitos participantes da
salvação de Cristo” (Strong A. H., Systematic Theology, pág. 427).
III. A ELEIÇÃO É ETERNA
Com isto queremos dizer que a
eleição é sem origem atual: tem sido sempre, assim como Deus tem sido sempre.
1. PROVAS ESTABELECIDAS
A eternidade da eleição se prova
por:
(1) A imutabilidade de Deus.
“Com isto queremos dizer que a
natureza, os atributos e a vontade de Deus estão isentos de toda a mudança ...
Toda mudança deve ser para melhor ou para pior, mas Deus é a perfeição absoluta
e nenhuma mudança para melhor é possível. Mudança para pior seria igualmente
incoerente com a perfeição” (Strong, Systematic Theology). E porque Deus possui
sempre todo o conhecimento e todo o poder, não pode haver ocasião de mudança
nEle.
Para prova escriturística e
ulterior discussão da imutabilidade de Deus vide capítulo sobre “A Natureza e
Atributos de Deus”.
A imutabilidade de Deus nos
ensina que o que quer que Deus queira em qualquer tempo, Ele sempre quis. “Não
pode haver mais um novo pensamento, um novo intento, ou um novo propósito em
Deus, do que haver um novo Deus” (Ness). Conseqüentemente, quando Deus salva um
homem, Ele deve ter sempre intencionado e proposto salva-lo. O propósito e o
intento de salva-lo envolve eleição dele para salvação; logo, a eleição é
eterna. Afirmar doutra maneira é negar a imutabilidade de Deus.
(2) A Presciência de Deus.
Em Romanos 8:29 afirma-se que
Deus pré conheceu os que Ele salva. Esta presciência envolveu um propósito de
os salvar e este propósito de os salvar envolveu eleição. Esta presciência teve
um princípio? Se teve, então houve um tempo em que Deus não foi onisciente e,
portanto, nem perfeito e infinito. Sem perfeição e infinitude não pode haver
Deus. Logo, a presciência de Deus é eterna e, conseqüentemente, eterna é a
eleição; porque está envolvida na presciência, como indicado supra.
Vemos assim quão deletério é o
ensino que a eleição tem lugar no tempo. Todo negador da eternidade da eleição
é um ateu, logicamente. Ele não tem Deus, realmente; porque, tendo logicamente
negado a imutabilidade, a perfeição e a infinitude de Deus, teoricamente
roubou-O de Sua divindade. Contudo, os que ensinam a eternidade da eleição, são
acusados de erguer novos testes de amizade.
(3). Afirmações plenas da
Escritura.
Apelamos aqui para as duas
passagens seguintes:
“Como nos elegeu nEle antes da
fundação do mundo” (Efésios 1:4).
“Por vos ter Deus elegido desde
o princípio para a salvação” (II Tessalonicenses 2:13).
O que teve lugar antes da
fundação do mundo teve lugar antes do princípio do tempo, pois no princípio do
tempo o mundo foi criado (Gênesis 1:1). A primeira passagem supra, então, põe a
eleição definitivamente na eternidade. A segunda passagem quer dizer que, para
sempre, desde o princípio, nossa eleição foi um ato completo. Assim teve lugar
antes do princípio e, desde que na eternidade não há antes nem depois, nunca
houve um tempo em que a eleição não tivera lugar. Este é o sentido de eterno.
2. OBJEÇÕES RESPONDIDAS
A eternidade da eleição está
objetada por alguns:
(1). Que a eleição tem lugar
quando somos salvos, porque estamos eleitos “em” Cristo.
Isto está afirmado em Efésios
1:4, que citamos há pouco. Notai, porém, que esta mesma passagem faz a eleição
eterna. Por que invocarão os homens uma passagem isolada da Escritura contra si
mesma?
A afirmação que fomos eleitos
“em” Cristo não quer dizer senão que Cristo foi o fundamento de nossa eleição
(sendo a eleição na base de Sua obra salvadora), e que nós fomos pré-conhecidos
como estando em Cristo no propósito de Deus. A linguagem aqui é a linguagem
d’Aquele que no Seu propósito, “chama as coisas que não são como se fossem”
(Romanos 4:17). Temos um outro exemplo disto em Romanos 8:29,30, onde a
chamada, a justificação e a glorificação dos eleitos todas estão postas no
passado. Nós não estávamos atual e experiencialmente em Cristo na eternidade;
nem fomos atual e experiencialmente chamados, justificados e glorificados na
eternidade; mas estávamos no propósito de Deus e isto é o significado da
passagem há pouco citada.
(2). Que somos eleitos quando
somos salvos na base que a Escritura nunca aplica o termo “eleito” a ninguém,
exceto aos salvos.
Verdade é que o termo “eleito”
faz referência exclusiva às pessoas salvas em alguns lugares da Escritura. Tal
uso do termo pode ser visto em Mateus 22:24; Lucas 18:7; Romanos 8:23; I Pedro
1:2. Estas passagens se referem somente àqueles em que a eleição se aplicou e
se fez experimental; mas não é a este só que se aplicou o termo “eleito” e os
seus equivalentes. Em Efésios 1:4 e II Tessalonicenses 2:13, como já vimos, os
eleitos dizem-se ter sido tais desde a eternidade. Então o termo “ovelha” é equivalente
ao termo “eleito” e em João 10:16 temos a aplicação de Cristo do termo “ovelha”
aos gentios perdidos que ainda estavam para ser salvos. Diz essa passagem:
“Tenho outras ovelhas que não
são deste aprisco (a nação judaica): a elas também devo trazer e elas ouvirão a
minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.”
Mas, para maior destroço dos
arminianos, achamos que II Timóteo 2:10 aplica o termo “eleito” na sua forma
possessiva aos que não estavam salvos ainda. Diz esta passagem:
“Tudo aturo por amor dos
escolhidos, para que também eles alcancem a salvação em Cristo Jesus com glória
eterna”.
(3). Que somos eleitos quando
somos salvos na base que a Escritura põe a chamada antes da eleição.
É fato que, algumas vezes, em se
referindo tanto à chamada como à eleição dos crentes, ou em aludindo aos
chamados e eleitos, a Escritura menciona primeiro os chamados. Vide Mateus
22:14; II Pedro 1:10; Apocalipse 17:14. Os “chamados” de Mateus 22:14 (a
palavra grega sendo um adjetivo usado substantivamente) são aqueles a quem soa
através de pregação do Evangelho a chamada somente geral, externa e, na maior
parte, ineficaz. Esta classe se compõe de muitos. Mas dos tais, apenas uns
poucos, comparativamente falando, pertencem aos escolhidos, como se evidência
pelo fato que somente os poucos crêem no Evangelho. As outras duas passagens
citadas mencionam a chamada e a eleição na ordem em que se realizam na
experiência. Um conhece sua eleição somente pela chamada (vivificação) que
recebeu do Espírito Santo. Que as passagens dadas supra não fixam a ordem
cronológica, ou mesmo a lógica, da chamada e eleição, está evidente das provas
que foram dadas da eternidade da eleição, e de Romanos 8:29,30, onde a ordem é,
manifestamente, a verdadeira ordem lógica. Ali a presciência e predestinação,
que envolvem a eleição, se colocam antes da chamada. Então Romanos 8:28 afirma
que somos chamados (particularmente, internamente e eficazmente) “segundo o Seu
(de Deus) propósito”. E este propósito envolve eleição. De modo que a eleição
deve preceder a chamada, tanto como o propósito de chamar deve preceder a
chamada atual, uma vez que a chamada é segundo o propósito divino.
Os que forçam esta objeção
contra a eternidade da eleição carecem de notar que a Escritura não nomeia
sempre as coisas tanto na sua ordem lógica como na cronológica; por exemplo, II
Timóteo 1:9 põe a salvação antes da chamada.
(4). Que a eleição tem lugar
quando somos salvos na base que somos eleitos por meio da santificação do
Espírito e crença da verdade.
Esta objeção se baseia na
tradução de II Tessalonicenses 2:13 e I Pedro 1:2 segundo a versão do Rei
Tiago. A primeira passagem diz na referida versão que somos eleitos “para a
salvação por meio da santificação do Espírito e crença da verdade”. A segunda,
na mesma versão, diz que somos “eleitos... pela santificação do Espírito para a
obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo”. A preposição grega traduzida
na versão do Rei Tiago “através de” é “em”. E é um tanto desconcertante para os
arminianos notar que a Versão Revista traduz esta preposição por “em” em vez de
“através de”. E é a eles ruinoso notar que N. M. Williams diz desta preposição:
“Ela expressa um estado, não um ato; não “através de”, mas “em”. A preposição
grega rara expressa instrumentalidade” (An American – Baptist – Commentary on
the New Testament).
A preposição grega alude ao
estado em que estava o povo no tempo em que se lhe dirigiu e não significa o
meio pelo qual se tornou eleito de Deus.
3. OUTRAS CONSIDERAÇÕES
Antes de passar adiante,
desejamos indicar outras poucas passagens que são como um dobre a finados à
teoria infiel de a eleição e a salvação terem lugar simultanemante.
(1). “Tudo o que o Pai me dá
virá a mim” (João 6:37).
Manifesto é que esta passagem
representa o Pai dando gente ao Filho como precedendo sua vinda ao Filho. O ato
de o Pai dar gente ao Filho (pelo qual aqui está significada a eficácia divina
em traze-la à possessão atual do Filho por meio de arrependimento e da fé, o
verbo “dá” estando no presente) envolve uma eleição daqueles assim dados,
porquanto todos não são dados. E desde que o dar precede a salvação, então a
eleição deve preceder a salvação. Este dar, sem dúvida, prova à eternidade da
eleição à luz da imutabilidade de Deus. Mas aqui só nos interessa mostrar que a
eleição precede a salvação. A divina eficácia em trazer homens a Cristo está
aludida em João 6:44,65 e Efésios 1:19,20.
(2). “Creram todos quantos foram
ordenados para a vida eterna” (Atos 13:48).
Esta passagem põe a ordenação de
vida eterna antes da fé e, conseqüentemente, antes da salvação. Esta ordenação
para a vida eterna envolve eleição sobre o mesmo fundamento em que o dar da
primeira passagem envolve eleição.
Tanto quanto a forma da palavra
grega concerne, podia ser tanto média como passiva, mas a preponderância da
opinião erudita considera-a como sendo definitivamente passiva. Assim Hackett
dá a tradução: “Tantos quantos foram nomeados para a vida eterna creram” e
ajunta: “Esta é a única tradução que a filologia da passagem permite”. Mais
adiante diz Hackett: “Alguns traduzem o particípio grego (tetagmenoi) por
disposto, inclinado; porém, estes termos como passivos, ainda que possam
significar disposto externamente – como, por exemplo, traçado, em ordem militar
– não eram usados como um ato da mente”. Jamieson, Fausset and Brown no seu
comentário fazem este significativo comento das palavras em foco: “... não
podem ser interpretadas de algo inferior a isto, que uma divina ordenação para
a vida eterna é a causa, não o efeito, da crença de qualquer homem”.
Alguns têm tentado reviver a
passagem, fazendo com que ela diga: “Todos quantos creram foram ordenados para
a vida eterna”, o que é maneira que teria de dizer que para permitir mesmo a
interpretação que eleição e salvação têm lugar ao mesmo tempo. Mas a construção
grega não consentirá esta transposição. Thayer diz que a passagem se refere a
“tantos quantos foram indicados para obter a vida eterna, ou a quem Deus
decretará vida eterna”.
(3). “Deus escolheu-vos ... para
a salvação” (II Tessalonicenses 2:13).
Desde que os homens são
escolhidos ou eleitos “para” salvação, sua eleição deve preceder a salvação.
Está isto manifesto a todos, exceto uma certa classe de arminianos que são
incapazes de entender português claro.
IV. A ELEIÇÃO FOI PESSOAL,
INDIVIDUAL, PARTICULAR E DISCRIMINATIVA
Sendo obrigados a admitir que
uma eleição de qualquer espécie teve lugar na eternidade, alguns arminianos
sustentam uma outra das seguintes noções:
1. QUE A ELEIÇÃO NA BÍBLIA TEM
REFERÊNCIA SÓ A ISRAEL COMO NAÇÃO E AOS GENTIOS COMO UM TODO, E QUE É SOMENTE
UMA ELEIÇÃO A POSIÇÃO E VANTAGEM, NÃO À VIDA ETERNA.
Diz-se que Deus escolheu Israel
como nação; então, nos dias do Novo Testamento, Deus o rejeitou e o substituiu
pelos gentios como um todo. É crido, pelos que sustentam esta idéia, que a
discussão clássica da eleição em Romanos 9 e 11 não se referem à eleição
individual para a vida eterna senão somente a tal eleição global como
estabelecida acima. O fato de qualquer homem poder sustentar uma posição tal
como esta apenas mostra a que extensão de loucura o preconceito o conduzirá.
Nossa resposta:
(1). Que em Romanos 9 e 11 temos
uma eleição individual de Judeus para a vida eterna, bem como a eleição
nacional de Israel a posição e vantagem, é evidente de:
A. A declaração que Deus tem
misericórdia de quem Ele quer e endurece a quem Ele quer. Romanos 9:18.
Tal declaração é inaplicável a
eleição e rejeição nacionais ou globais. Ela só pode ser aplicada ao trato de
Deus com indivíduos. E que ela assim se aplica tornar-se mais evidente ao passo
que prosseguirmos além na discussão de Paulo.
B. A objeção antecipada desta
maneira de tratar com os homens. Romanos 9:19.
Que é esta objeção em palavras
claras? É isto, como apresentada por A. N. Arnold: “É da vontade de Deus
endurecer um homem, uma vez que a vontade de Deus não pode ser resistida com
vantagem; mas, se é, como pode Deus culpar a pecadores endurecidos?” Pelo Prof.
David Brown a objeção é apresentada como segue: “Esta doutrina é incompatível
com a responsabilidade humana; se Deus escolhe e rejeita, perdoa e castiga a
quem Lhe apraz, por que são culpados os que, se rejeitados por Deus, não podem
evitar pecar e perecer?” E este mesmo comentador prossegue, a dizer que esta
objeção mostra “a natureza real da doutrina objetada: que é a eleição e a
não-eleição à salvação eterna antes de qualquer diferença de caráter pessoal a
única doutrina que podia sugerir a objeção aqui apresentada.”
C. A menção de “vasos de
misericórdia” e “vasos de ira”. Romanos 9:21-23
Isto é inaplicável à eleição
nacional ou global a posição e vantagem. Numa tal eleição as nações não-eleitas
e grupos não podem ser justamente representados como “vasos de ira”, porque tal
eleição não os representa totalmente abandonados à ira. Durante os dias do
trato especial de Deus com os judeus como a nação eleita, outras nações não
estiveram inteiramente excluídas. Indivíduos delas podiam participar das
bênçãos teocráticas de Israel por se submeterem e observarem os ritos de
Israel.
D. A menção de uma porção de
Israel como “a eleição” e “um resto segundo a eleição da graça”. Romanos
11:5,7.
“Neste resto eleito, ajuntando
de uma nação eleita, temos uma eleição dentro de uma eleição, uma eleição de
indivíduos para a vida eterna que pertenciam e um povo a quem Deus elegera aos
privilégios da graça” (An American Commentary of the New Testament)”.
(2) Que os gentios não
substituíram os judeus é evidentes de:
A. O fato de Israel não ter sido
rejeitado no sentido de sua eleição ser revogada.
Israel foi temporariamente rejeitado
de sua posição nacional no plano de Deus, mas, “quanto à eleição”, ainda é
benquisto e ainda será restaurado ao seu lugar (Romanos 11:25-31). O chamado de
Deus, se nacional, global, ou individual, é imudável (Romanos 11:29). Logo,
todo falatório de os gentios terem substituído os judeus é puro idiotice.
B. O argumento de Paulo em
Romanos 9:6.
O argumento de Paulo é que a
incredulidade da grande massa de judeus não abrogou a promessa de Deus a Abraão
com fundamento que a promessa não se aplicou a toda a semente de Abraão. Mas,
se os judeus tivessem sido rejeitados como atinentes à eleição e os gentios os
substituíssem, o argumento de Paulo desenvolver-se-ia alguma coisa como segue:
“A escolha de Abraão e sua
semente não falhou; porque, ainda que Israel tenha sido rejeitado, os gentios
tomaram o seu lugar e Deus tem o direito de escolher a nação que ele quiser aos
privilégios do seu reino visível” (Comentary Jamieson, Fauset, and Brown).
(3) Que há uma eleição
individual dos gentios, tanto como dos judeus à vida eterna é evidente de:
A. Romanos 9:24.
Neste verso Paulo segue sua
referência a “vasos de misericórdia ... que para gloria já dantes preparou” com
a afirmação (V. 24): “Mesmo nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus,
mas dentre os gentios também”. Isto mostra-nos claramente que os “vasos de
misericórdia” que são manifestante indivíduos eleitos, constitúem-se tanto de
judeus como de gentios. Temos assim uma eleição individual de gentios bem como
de judeus. Sobre este verso o Prof. Brown nota luminosamente: “Aqui, pela
primeira vez neste capítulo, introduz-se a chamada dos gentios; tudo antes
dizendo respeito não à substituição dos judeus rejeitados pelos gentios
chamados, mas à escolha de uma porção do mesmo Israel. Fora total a rejeição de
Israel, a promessa de Deus a Abraão não se teria cumprido pela substituição
deles pelos gentios; mas sendo só parcial a rejeição de Israel, a conservação
de um “resto”, no qual a promessa valeu, porém “segundo a eleição da graça”. E
agora, pela primeira vez, o apóstolo nos diz que, a par com este resto eleito
de Israel, é propósito de Deus “tirar dos gentios um povo para Seu nome.” (Atos
15:14).
B. Referências à eleição em
outros livros do Novo Testamento.
Estas referências aparecem
nalgum lugar nesta discussão, pelo que não precisam ser mencionadas aqui. Vire
o leitor as páginas deste capítulo e note estas referências, marcando quão
certo elas se referem a uma eleição individual para a salvação. Note
especialmente II Tessalonicenses 2:13 em contraste com a teoria que a eleição é
só para posição e vantagem e não para salvação.
C. Todos os argumentos que
dirigimos agora à segundo teoria, a qual nega que a eleição foi individual.
Esta segunda teoria é:
2. QUE A ELEIÇÃO ETERNA SE
APLICA SOMENTE À CLASSE DOS “QUEM QUER QUE QUEIRA”.
A falsidade desta teoria se
prova por:
(1). A presciência de Deus dos
que Ele salva.
Romanos 8:29 afirma a
presciência de Deus dos que Ele salva. E desde que Deus pré conhece os que Ele
salva, Sua eleição deles não podia ter sido mera eleição de classe. Eleger uma
classe com total conhecimento prévio dos que ao certo hão de compor essa classe
é igual a uma individual de cada um na classe.
(2). O fato de os nomes dos
eleitos estarem escritos no livro da vida.
Que os nomes dos eleitos estavam
escritos no livro da vida na eternidade está provado por Apocalipse 17:8, que
diz:
“A besta que viste, foi e já não
é, e há de subir do abismo e ir-se à perdição. E os que habitam na terra (cujos
nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se
admirarão vendo a besta que era e já não é, ainda que é.”
Esta passagem, falando daqueles
cujos nomes não estavam escritos no livro da vida, implica distintamente que
houve alguns cujos nomes estavam escritos no livro da vida “desde a fundação do
mundo”. “Desde a fundação do mundo”, diz Justin A. Smith, “é o modo do Novo
Testamento representar o que teve lugar no passado remoto, antes do tempo,
medido nos períodos deste mundo, existir” (An American Commentary on the New Testament).
Este escrever dos nomes dos
eleitos no livro da vida certamente faz a eleição individual e pessoal.
(3). O fato que Deus salva gente
como indivíduos
A imutabilidade de Deus, como já
indicamos, leva-nos a crer que Deus propôs eternamente fazer tudo o que Ele
faz. Portanto, desde que Ele salva o povo como indivíduos, Ele deve ter tido um
propósito eterno de os salvar como indivíduos. Este propósito eterno é igual à
eleição, e assim está provado ser a eleição individual.
Tudo destes argumentos mostra
também que em nenhum sentido a eleição respeita a todos os homens: ela toca
somente à aqueles a quem Deus salva atualmente. Todos os outros Ele passou,
deixando-os sofrer a justa penalidade dos seus pecados no inferno.
V. ELEIÇÃO NÃO SE BASEOU NA FÉ
PREVISTA DOS ELEITOS
Certo é que Deus previu a fé dos
eleitos. E também é certo que este pré-conhecimento não foi o fundamento da
eleição. Prosseguimos a provar que a eleição não se baseou na fé prevista dos
eleitos por induzir algumas objeções à teoria que baseia a eleição na fé
prevista dos eleitos. Veremos então que esta teoria não elimina algumas das
objeções mais fortes que os arminianos alegam contra a doutrina da eleição
incondicional. Primeiro tomaremos as:
1. OBJEÇÕES A TEORIA QUE A
ELEIÇÃO SE BASEOU NA FÉ PREVISTA DOS ELEITOS
E, antes de dar essas objeções,
desejamos indicar o fato que elas se aplicam com igual força à teoria que somos
eleitos quando somos salvos, pois ambas as teorias igualmente condicionam a
eleição na fé.
(1). Esta teoria nega que a fé
seja um dom de Deus e faz dela um exercício do coração natural.
Nenhum advogado judicioso desta
teoria pode sustentar que a fé seja o dom de Deus, que se opera em nós pela
força regeneradora do Espírito Santo. O notável Agostinho, no seu livro das
Retratações, habilmente reconhece o seu erro em ter pensado uma vez que a
eleição se baseia na fé prevista, dizendo: “Eu nunca podia ter afirmado que
Deus, ao escolher homens para a vida, tivesse qualquer respeito à sua fé,
tivera eu considerado devidamente que a fé é o Seu próprio dom”. A fé é a
salvação em germe. Portanto, dizer que Deus dá a fé e então nos salva
eletivamente por causa dessa fé prevista, equivale a dizer que Deus salva e
então, por causa disso, elege-nos para a salvação. Daí, a única idéia óbvia que
pode ser tomada pelos que crêem que a eleição se baseia na fé prevista é que a
fé precede a vivificação poderosa do Espírito Santo e que é, portanto, um
exercício do coração natural. Isto implica as seguintes coisas que a Escritura
nega:
A. Que uma coisa limpa pode sair
de uma impura.
Certamente que a fé é limpa e
santa. O coração natural é, certamente impuro e ímpio. Jeremias 17:9 ensina que
o coração natural é desesperadamente ímpio. E em Romanos 7:18 Paulo diz que na
sua natureza carnal não havia bem algum. Mais ainda, a doutrina de depravação
total, como ensinada na Escritura e crida pelos batistas, afirma que toda
faculdade do homem está poluída pelo pecado, e, portanto, é impura e ímpia.
Agora, pode a fé, princípio
limpo, proceder do coração natural, coisa impura? Respondemos que não pode, e
isso por duas razões, a saber:
(a) A lei inexorável que igual
gera igual. Isto é uma lei universal. Opera em todas as camadas. É um axioma.
Expressa-se esta lei figuradamente no brocardo que a água não pode levantar-se
acima do seu nível.
(b) A afirmação de Jó.
Referíamo-nos aqui a Jó 14:4, que diz: “Quem do imundo tirará o puro? Ninguém”.
B. Que um que está acostumado a
fazer o mal pode voltar a fazer o bem.
O pecador está acostumado a
fazer o mal. A fé é uma boa coisa. Pode então o pecador exerce-la enquanto está
no estado natural? Jeremias afirma fortemente a impossibilidade de o pecador
fazer isto. Ele diz: “pode o etíope mudar sua pele ou o leopardo suas manchas?
Assim podeis vós fazer o bem sendo acostumados a fazer o mal?” (13:23). Assim
Jeremias diz que é tão impossível ao homem natural fazer o bem e, exercer a fé,
como é ao negro fazer-se branco ou ao leopardo despir-se do seu manto malhado.
C. Que o que está na carne pode
agradar a Deus.
A fé é agradável a Deus. A menos
que alguém seja vivificado pelo Espírito Santo, está na carne, isto é, está sob
o poder dominador da natureza carnal. Pode então alguém exercer a fé antes de
ser vivificado? Não segundo Paulo, que diz: “A mente da carne é inimizade
contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem na verdade pode estar: e
os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Romanos 8:7,8).
D. Que o homem natural pode
receber as coisas espirituais.
A fé salvadora é a recepção de
Jesus Cristo como Salvador de alguém. Cristo como salvador é certamente uma
coisa espiritual. Receber a Cristo como salvador de alguém é mais do que
receber a verdade intelectualmente. Deve o tal ter um convencimento cordial de
sua condição perdida e de sua completa inabilidade para salvar-se a si mesmo.
Deve o tal ter também uma convicção cordial quanto ao poder salvador de Cristo
e de como o homem participa desse poder. Deve haver uma apreciação real destas
coisas. E estas coisas, quando devidamente apreciadas na sua profunda
significação, são certamente coisas espirituais. E foi com referência a “Cristo
e Ele crucificado” que Paulo escreveu quando disse: “O homem natural não recebe
as coisas do Espírito de Deus, pois são loucura para ele e ele não pode conhece-las,
porque são discernidas espiritualmente.” (I Coríntios 2:14).
(2). Esta teoria faz a eleição
depender do correr e do querer do homem.
Contudo, ao discutir a eleição,
diz Paulo: “Não é do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”
(Romanos 9:16).
(3). Esta teoria nega a salvação
pela graça e dá ao homem base para gloriar-se diante de Deus.
Se Deus está representado como
contemplando através dos séculos e prevendo que uns certos creriam aparte de
qualquer soberano propósito para traze-los à fé, tendo a estes elegido por
causa desta fé prevista, não pode ser negado que Deus salva somente os que
estão melhores do que a parte comum da humanidade. A grande maioria dos homens
prossegue na incredulidade, o que indica neles um espírito muito pior do que
seria indicado neles se cressem. Daí, os que crêem, em princípios arminianos,
são melhores em si mesmos (porque a fé, se for uma condição de eleição, deve,
como já o mostramos, proceder o poder vivificador do Espírito Santo e vem,
portanto dó coração natural) do que os que não crêem. Segue-se,
conseqüentemente, como a noite ao dia, que Deus salva somente os que são melhor
do que outros. E essa bondade, conquanto mesmo consista só de fé, não pode ser
excluída da categoria de atos meritórios. A fé é o germe da santidade. Sim,
mas, é a própria expressão de uma disposição santa. De sorte que, o que crê que
Deus elegeu homens sob condições de sua fé, deve se ele for capaz de pensar,
aceitar a proposição que Deus elegeu salvar homens sobre o fundamento do seu
próprio mérito parcial. Nenhum crente de eleição condicionada na fé pode
sustentar coerentemente a salvação pela graça.
Os arminianos sustentam,
comumente, que Deus não pode com justiça passar pelos caídos, como os da
eleição incondicional o representam passando pelos não-eleitos. Mas, “se Deus
não pudesse com justiça ter passado pelo homem quando ele caiu, Deus lhe teria
feito uma injustiça ter passado por ele, e quando, em vez de passar por ele, o
visitou, Deus estava simplesmente executando para com ele um ato de justiça. É
um abuso crasso de linguagem, seguramente, chamar ato de graça uma semelhante
interposição. Os arminianos estão sempre reclamando que são os defensores da
“Livre graça”, mas os seus princípios ... provaram demonstrativamente que a
pretensão está absolutamente destituída de garantia, que pela natureza da
economia, quer pela história de sua administração” (Watts, Sovereignty of God,
pág. 13).
“Só há dois sistemas de
teologia. Um deles dá toda a glória a Deus; os demais a dividem com o homem”
(J. W. Porter, Random Remarks – on election – pág. 41).
Segundo a teoria agora refutada,
um homem salvo pode dizer: “Pai, agradeço-Te teres mandado a Cristo morrer por
mim e agradeço-Te por me ofereceres a salvação, porque, a menos que tivesses
feito estas coisas, eu não podia me salvar. E agradeço-Te que me influenciaste
pelo Espírito. Mas, Pai, posso agradecer só a mim mesmo ter eu aceitado Tua
oferta de misericórdia. O crédito disso a mim pertencem, uma vez que nada do
que fizeste foi suficiente para causar irresistivelmente a minha aceitação de
Tua livre mercê. Fizeste tanto pelos outros que ainda estão perdidos como
fizeste por mim antes de eu crer; logo, eu a mim mesmo me fiz diferir dos
demais. Pai, não pode com justiça negar-me o direito de gloriar-me nisto e
jactar-me disso por toda a eternidade, como ficarei especialmente movido a
faze-lo quando penso na condição dos perdidos no inferno e me lembro de que foi
meu ato que me guardou de estar no inferno. De alguma maneira, ou por hereditariedade,
treino ou qualquer outra coisa, fui melhor do que eles, porque me submeti a Ti
e eles não. Assim, ainda mesmo que a salvação foi mais de Tua graça, todavia
não o foi inteiramente; porque Tu não me terias salvo se eu não fora melhor do
que aqueles que perecem.”
Ao contrário, é-nos dito no
santo escrito que Deus arranjou a dispensação de Sua graça “para que nenhuma
carne se glorie perante Deus” (I Coríntios 1:29).
(4). Esta teoria faz da eleição
uma farça.
“Se os homens fossem previstos
como possuídos de fé e santidade, antes de sua eleição e independentes dela,
seria difícil conceber que ocasião houve para serem eleitos. Não haveria
necessidade dela para garantir sua felicidade final. Porque o Juiz de toda a
terra deve fazer justiça e a miséria eterna jamais foi designada para ser a
porção de qualquer um que creia e seja santo; que paz e salvação estão ligadas
inseparavelmente a um tal estado e a tais caracteres. Ter ordenado esses para a
felicidade e glória, que foram previstos estar assim qualificados, teria,
portanto, sido em tudo desnecessário” (A. Booth, Reign of Grace, pág. 63).
Assim o arminianismo faz da
eleição um termo desnecessário e sem sentido.
(5). Esta teoria representa-nos
como sendo eleitos porque fomos previstos como santos mais do que se devêssemos
ser santos.
O crente é santo; isto é, é uma
pessoa santificada. Assim, ensinar que fomos eleitos porque fomos previstos
como crentes é ensinar que fomos eleitos porque fomos previstos como sendo
santo; mas a Escritura ensina que fomos escolhidos em Cristo “para que fossemos
santos”. (Efésios 1:4).
(6). Esta teoria faz a eleição
por causa da adoção mais do que para adoção.
Todos os crentes foram adotados,
porque a adoção é por meio da fé (Gálatas 3:26). Assim, se a eleição tivesse sido
baseada na fé prevista, teria sido também baseada na adoção prevista; mas a
Escritura ensina que a predestinação (que envolve eleição) é “para adoção”
(Efésios 1:5).
(7). Esta teoria destrói a
soberania de Deus.
Segundo o arminianismo, Deus
está sem poder para salvar a qualquer pessoa, exceto os que por si mesmos
consentem em salvar-se. Assim, “Deus está sem poder ante a majestade da vontade
arrogante do homem. Os pecadores têm a glória de sua própria salvação. Orar a
Deus para converter um homem é absurdo. Deus elege o homem porque prevê que o
homem eleger-se-á a si mesmo” (S. R. Mason, como citado aprovadamente por A. H.
Strong Systematic Theology, pág. 433).
Os arminianos imaginaram esta
teoria para eliminar certas objeções que eles inventaram contra a eleição
incondicional. Objetam à certeza que prevalece sob a eleição incondicional,
porque fantasiam que esta certeza abroga a livre agência do homem. Mas a teoria
em consideração envolve nada menos um grau de certeza. Se Deus prevê que uma
coisa vai ser, é absolutamente certo ser. Nada o poderia fazer mais certo.
Eles não gostam de pensar de
alguns homens nascidos no mundo sem nenhuma possibilidade de salvação. Mas a
teoria em consideração envolve a mesma coisa; pois, certamente, se Deus previu
os que creriam, também previu os que não creriam, e não há possibilidade destes
jamais crerem.
Eles pensam que a eleição
incondicional coloca a responsabilidade dos que perecem sobre Deus, mas sua
admissão da presciência de Deus está igualmente aberta à mesma objeção, como
mostrado na seguinte citação: “Eu logo admito que a mera previsão de um evento
que não podemos impedir e não temos a faculdade de realizar não nos envolve em
responsabilidade alguma. Mas, quando o Criador, de Seu próprio prazer soberano
chama a existência um agente inteligente, amolda-o com certos poderes e
apetites e o coloca no meio de cenas em que eles vêem claramente tentações que
o sobrepujarão, num tal caso é auto-evidente que as nossas débeis faculdades
não podem separar presciência de pré-ordenação. A negativa, portanto, de
pré-ordenação não mitiga qualquer objeção: apenas esconde a dificuldade aos
ignorantes” (Richard Fuller, Baptist Doctrines, by C. A. Jenkins).
Romanos 8:29 e I Pedro 1:2 têm
sido invocadas em amparo da teoria que a eleição está baseada na previsão que
Deus tem da fé dos eleitos; mas, presciência e previsão não são idênticas no
sentido. Ao comentar Romanos 8:29, diz o Prof. Brown: “No capítulo 11:2 e nos
Salmos 1:6 o “conhecimento” que Deus tem do Seu povo não pode restringir-se a
mera previsão de eventos futuros ou familiaridade com o que se vai passando
aqui em baixo... A presciência que Deus tem do Seu próprio povo quer dizer Sua
complacência peculiar e graciosa para com ele povo.” (Commentary, Jamieson,
Fausset e Brown). Dizer que Romanos 8:29 quer dizer que a quem Deus previu como
os que de si mesmos crêem “é lançar sobre o texto o que é contrário a todo o
espírito e mesmo à letra do ensino apostólico” (ibid). A mesma palavra em
Romanos 8:29 aparece de novo na sua forma de particípio em I Pedro 1:20, onde
ela se refere a Cristo na Sua obra redentora. Aí ela certamente não pode
limitar-se ao simples sentido se previsão. É uma noção comum que I Pedro 1:2
representa a presciência como logicamente antecedendo a eleição, mas tal noção
não se contém na passagem em foco: esta ensina, simplesmente, que a eleição é
agradável à presciência de Deus. A expressão “eleitos ... segundo a presciência
de Deus” tem o mesmo sentido que “eleitos na presciência de Deus”. Os referidos
foram leitos em que Deus, antes que o mundo existisse, os olhou com especial e
graciosa complacência. A palavra presciência em I Pedro 1:2 está definida no
Léxico de Thayer como significado “antepensamento, prearranjamento”.
Qualquer presciência que
implique certeza, como é o caso am ambas as passagens em discussão, deve ser
considerada como logicamente subseqüente ao propósito ou decreto de Deus. Vide
Atos 2:23. “Logicamente, ainda que não cronologicamente, o decreto vem antes da
presciência”, (Strong). “Donde vem o conhecimento de Deus da futurição de
quaisquer eventos, exceto do conhecimento do Seu propósito de causar ou
permitir que eles viessem a acontecer?” (Boyce). “A presciência de Deus
descansa sobre o Seu determinado conselho” (Graves, The Seven Dispensations,
pág. 100).
VI. A ELEIÇÃO É PARA A SALVAÇÃO
Declara-se esta verdade em II
Tessalonicenses 2:13, que diz: “Deus vos escolheu para a salvação desde o
princípio”.
Notai três coisas desta
passagem:
1. ELEIÇÃO NÃO É SALVAÇÃO
Os arminianos acusam que a
eleição incondicional quer dizer salvação incondicional e que nós ensinamos que
os homens foram atualmente salvos na eternidade. Ambas as coisas são sem
fundamento, porque a eleição não é salvação. Fomos incondicionalmente eleitos
na eternidade para uma salvação condicional no tempo. E quando falamos da
salvação como sendo condicional, não queremos dizer que a salvação dos eleitos
seja de qualquer modo fortuita ou incerta, mas somente que certas condições
(arrependimento e fé) devem cumprir-se antes que eles venham a possuir a
salvação. Uma condição é “alguma coisa que necessariamente precede um
resultado, MAS NÃO O PRODUZ”. Na eternidade a salvação dos eleitos se propôs e
os eleitos são falados no propósito de Deus como chamados, justificados e
glorificados (Romanos 8:29-30), mas isto é simplesmente a linguagem dAquele
que, no Seu propósito, “chama as coisas que não são como se fossem” (Romanos
4:17). Muitas passagens ensinam claramente que a salvação atual tem lugar no
tempo e por isto contendemos fortemente. Não temos paciência de espécie alguma
com a teoria de a salvação que tem lugar no tempo ser só salvação temporal, ou
salvação no que ela respeita a esta vida.
O diabo não se cansa de inventar
noções contrárias à verdade. Ele já levou alguns a dizerem que a eleição da
Bíblia é meramente para serviço; mas a Palavra de Deus posta-se de cara contra
esta tola noção, revelando-nos que fomos escolhidos “para a salvação”.
Outra noção diabólica é que a
eleição é meramente para privilégios e oportunidades externos; mas II
Tessalonicenses 2:13 mata essa noção também.
VII. A ELEIÇÃO INCLUI TODOS QUE
EM TODO TEMPO SE SALVAREM
Alguns têm a idéia que a eleição
inclui somente tantos em cada geração quanto necessário para garantirem que o
Evangelho seja crido e proclamado. Outros têm a noção que em adição aos eleitos
faça-se espaço para “quem quer que queira”. A afirmação supra nega ambos estes
pareceres. Certo é que a eleição inclui a todos quantos forem salvos, porque:
O homem, na sua condição natural
não pode vir a Cristo. Cf. Jeremias 17:9; Provérbios 4:23; Jó 14:4; Jeremias
13:23; João 12:39,40; Romanos 8:7,8; II Coríntios 2:14. A habilidade para vir a
Cristo, por tanto, é divinamente dada, como estabelecido em João 6:35. Logo,
ninguém pode vir a Cristo e ser salvo a não ser aqueles a quem Deus comunica a
habilidade para virem. Já notamos previamente que a imutabilidade de Deus nos
ensina que o que quer que Deus faça em qualquer tempo deve Ele ter sempre proposto
fazer. Conseqüentemente, na eternidade Ele se propôs dar a habilidade para
virem a Cristo a todos quantos Ele atualmente a dá no tempo. Este propósito é
igual à eleição. E desde que ninguém pode vir exceto aqueles a quem esta
habilidade é dada, todos incluídos no propósito de Deus, o que é igual a
eleição, segue-se que ninguém jamais se salvará exceto os eleitos. Os eleitos e
os “quem quer que queira” são um, desde que ninguém pode querer virar-se para
Cristo senão quando Deus neles opera o querer.
A salvação é do Senhor. Desde
que Deus é onisciente, Ele soube exato a quem salvaria. Este conhecimento
envolveu um propósito de salva-los. Este propósito, como observamos antes,
iguala à eleição. Assim a eleição inclui todos quantos em qualquer tempo serão
salvos, porque ela inclui a todos quantos Deus soube que salvaria.
3. O FATO QUE NINGUÉM EXCETO OS
ELEITOS ENTRARÃO NA NOVA JERUSALÉM PROVA-O
Apocalipse 21:27 diz-nos que os
habitantes da Nova Jerusalém serão “somente aqueles que estão escritos no livro
da vida do Cordeiro”. Vimos que o escrever de nomes no livro da vida teve lugar
no passado remoto, antes do princípio do tempo, como o sabemos; e isso é,
portanto, equivalente a eleição. Então Nova Jerusalém será habitada somente
pelos eleitos. Se outros se salvam, fariam melhor carregando uma tenda com
eles, porque terão de acampar fora de Nova Jerusalém. Só os eleitos entrarão.
VIII. O FIM DA ELEIÇÃO ESTÁ
INSEPARÁVELMENTE LIGADO COM TODOS OS MEIOS NECESSÁRIOS PARA SUA REALIZAÇÃO
Ao mesmo tempo Deus escolheu o
Seu povo e ordenou todos os meios necessários para realizar sua salvação
completa e final. Tais meios estavam inseparavelmente ligados à eleição no
decreto de Deus. Não simpatizamos com o cascadurismo, o hipercalvinismo. Dizer
que os eleitos se salvarão se nalgum tempo crerem ou não é mal entender
claramente a conexão entre a eleição e os meios que Deus ordenou para o
cumprimento do fim da eleição.
Salvação, espiritual, temporal e
eterna é pela graça por meio da fé (Efésios 2:8-10; Romanos 5:1; Gálatas 3:26).
Todos os pagões que morrem sem ouvir o Evangelho estarão perdidos (Romanos
1:19,20; 2:12). A fé vem pelo ouvir e o ouvir pela Palavra de Deus (Romanos
10:17).
Onde quer que Deus tenha uma
alma eleita, na plenitude do Seu próprio tempo Ele de algum modo mandará o
Evangelho chamar essa tal das trevas para a luz. Vide II Tessalonicenses 2:14.
Assim Filipe foi enviado ao eunuco eleito e assim se deu a Paulo sofrer para
que os eleitos obtivessem salvação eterna (II Timóteo 2:10). Assim temos o
vínculo divino entre a eleição e as missões.
Alguns acusam que a eleição
incondicional faz todos os meios inúteis. Dizem que se o caso é tal com o homem
que ele não pode por natureza receber coisas espirituais e deve ser vivificado
pelo Espírito antes de poder voltar do pecado, sendo certo voltar quando é
vivificado, então por que pregar-lhe? Nós lhe pregamos, primeiro que tudo,
porque Deus o mandou. Aceitamos a Palavra de Deus, quer possamos arrazoar
porque ele fala assim é assado ou não. Não fazemos de nossa razão o padrão de
obediência ou de verdade, como é o caso com os arminianos. Mas, por outro lado,
descobrimos a palavra de Deus ensinando que Deus chama os Seus eleitos pela
Palavra, desde que a Palavra é o instrumento do Espírito na regeneração (João
3:5; Efésios 5:25, 26; Tito 3:5; Tiago 1:18; I Pedro 1:23). Não há mais
inconveniente entre pregar o Evangelho aos espiritualmente mortos do que houve
em Cristo de pé diante do túmulo de Lázaro, morto há quatro dias e dizendo: “Lázaro,
sai para fora.” Enquanto permaneceu morto, Lázaro não pode ouvir e muito menos
obedecer à ordem; mas o poder doador de vida vindo de Deus acompanhou a palavra
de Cristo e Lázaro tanto ouviu como saiu. Cabe-nos a nós pregar o Evangelho a
toda a criatura, porque assim Cristo mandou. Cabe a Deus trazer os mortos à
vida. Vide também a parábola dos ossos secos no vale, onde temos um quadro de
convensão pela pregação (Ezequiel 37). Os ossos estavam sem vida; todavia,
pregar-lhes não foi em vão.
E os arminianos perguntaram:
“Porque orar pelos perdidos uma vez que todos os eleitos de Deus serão salvos e
nenhuns outros poderão salvar-se?” Oramos pelos perdidos pela mesma razão
porque Paulo orou pelos homens, mesmo que ensinasse a eleição incondicional.
Oramos pelos perdidos pela mesma razão porque Cristo orou pela segurança dos
crentes, mesmo que essa segurança já estivesse certa. Vide João 17:11. Orar
pela salvação dos eleitos não é mais irrazoável do que Cristo orar pela
segurança dos crentes. Cristo também orou pela restauração de Sua primeira
glória com o Pai. Vide João 17:5. Foi isso em qualquer sentido incerto? A
oração, bem como a pregação, é um meio de Deus executar Sua vontade. Os seus
propósitos são fixos soberanamente e imutáveis eternamente, mas Ele não os
fixou independentemente dos meios.
IX. A ELEIÇÃO NÃO É CASCADURISMO
É costumeiro aos arminianos
censurar a doutrina bíblica da eleição por se referirem a ela como
“cascadurismo”. Que Deus os perdoe, porque eles não sabem o que fazem. Que a
eleição não é cascadurismo, prova-se pelos seguintes fatos:
Isto está provado pelas
passagens dadas a cima, que mostram que a regeneração é por meio da Palavra. E
também se prova por II Tessalonicenses 2:13,14. Os eleitos foram escolhidos
para a “salvação em santificação do Espírito e fé na verdade”. A isto Paulo
diz: “são chamados pelo nosso Evangelho”. Os cascaduras típicos negam a
indispensável necessidade do Evangelho na regeneração. Por esta razão mostram
pouco interesse do cumprimento da grande comissão.
2. OS CACADURAS E MISSIONÁRIOS
NÃO DISCORDARAM A RESPEITO DA ELEIÇÃO
(1). Discordam sobre “missões,
educação, sustento de pastores e outros empreendimentos religiosos” (Jarrel,
pág. 431).
(2). No dividirem-se,
apegaram-se à eleição incondicional.
Não serei desafiado a provar que
os cascaduras apegam-se a esta doutrina. Que os missionários também o fizeram
está provado pelo testemunho de Spencer, o qual diz que os missionários “que
abraçaram o corpo principal da denominação sustentaram os sentimentos
doutrinários de André Fuller”, o qual creu na eleição incondicional, mesmo que
ensinasse um sacrifício de suficiência universal. Vide History of Kentucky
Baptist, Vol. I, pág. 645.
3. NÃO HÁ AINDA NENHUMA
DIFERENÇA ENTRE OS MISSIONÁRIOS E OS CASCADURAS SOBRE A MATÉRIA DE ELEIÇÃO SER
INCONDICIONAL
Isto se prova por:
(1). O fato de ambos aceitarem a
decisão sobre eleição na Confissão de Fé de Filadélfia.
Os cascaduras ainda aceitam
isto. E entre os missionários esta confissão “ainda é largamente usada, sendo
no Sul, provavelmente, a mais influente de todas as confissões” (McGlothin,
Baptist Confessions of Faith, pág. 298).
(2). O fato de a eleição
incondicional ser ensinada na outra grande confissão batista americana, a de
New Hampshire.
Vide prova disto sob ulterior
discussão de eleição incondicional como doutrina batista.
(3). O fato de todos os nossos
compêndios teológicos padrões e todos os livros doutrinários escritos por
batistas representativos reconhecidos ensinarem esta doutrina .
Para prova disto vide discussão
referida imediatamente acima.
4. OS CRENTES BATISTAS NA
ELEIÇÃO INCONDICIONAL, LIGADA COM O EVANGELHO COMO UM MEIO INDISPENSÁVEL NA
REGENERAÇÃO, TEM SIDO SEMPRE AGRESSIVIDÍSSIMOS NA PROPAGAÇÃO DO EVANGELHO
A visão e o esforço missionário
originaram-se, não entre os batistas gerais (arminianos), nem ainda entre
qualquer outra denominação arminiana, mas entre os batistas particulares
(calvinísticos) da Inglaterra. Vide os anais na maioria de quaisquer histórias
batistas. Robert Hall, Sr. Andrew Fuller e William Carey foram os líderes
luminares.
O esforço missionários mundial
americano originou na Associação de Filadélfia, a qual adotou a detestada
Confissão de Fé de Filadélfia. Vide “The Story of Baptist”, Cook, pág. 327). “A
Associação de Filadélfia rapidamente se tornou a corporação líder de batistas
americanos, posição que ela até hoje não perdeu inteiramente (1897). Muito de toda
a coisa boa em nossa história, de 1700 a 1850, pode ser traçado à sua iniciativa
ou cooperação ativa” (Vedder, Short History of Baptists, pág. 204).
X. A ELEIÇÃO NÃO É DUPLO
SEMENTISMO
Isto aí é outro epíteto com que
os arminianos se deliciam em aplicar à doutrina bíblica de eleição. Em síntese,
duplo sementismo sustenta que Adão e Eva geraram duas sementes, uma de Deus e
outra da serpente. Daniel Parker, que propalou esta doutrina, ensinou que a
semente de Deus “foram os filhos atuais de Deus desde a eternidade” e que a
semente da serpente foram “gerados do diabo” (Atas of General Association of
Baptist in Kentucky, 1837, pág. 11).
Nenhuma semelhante doutrina a
esta está envolvida em eleição incondicional. Mostramos que a eleição é “para a
salvação” e, portanto, não é salvação. A salvação tem lugar no tempo. Todos os
homens são filhos do diabo até que se tornem filhos de Deus pela regeneração e
pela fé (I João 3:9,10).
XI. A ELEIÇÃO NÃO ENVOLVE
FATALISMO
Os que não podem ver a diferença
entre eleição e fatalismo carecem de consultar um bom dicionário. “O fado é
pagão uma força irresistível, irracional, determinando todos os eventos com
nenhuma conexão manifesta com a razão ou a justiça”. Pré-ordenação e
predestinação são cristãs, denotando a ordem racional e justa, ou o decreto do
Deus supremo e onisciente”.
A. R. McGehee disse uma vez o
seguinte concernente à diferença entre fastalismo e predestinação: “Fatalismo é
aquela teoria da vida que ensina que todo o destino está fixado desde o
princípio, e que as circunstâncias e atos intermediários não afetam esse
destino fixado. O fim em vista, quer bom ou mal é alçando por simples fíat ou
capricho, e pouca conta se faz de moralidade ou propósito, com escassa ênfase
na personalidade divina ou humana. É uma filosofia e não uma religião. Em
contrate, o determinismo sustenta que o fim ou destino em vista é efetuado por
uma combinação de todos os atos e circunstâncias precedentes. A eleição, por
outro lado é moral e pessoal e intencionada, e os eventos são divinamente
ordenados e controlados a produzirem certos valores morais.”
Mas o arminianismo ou deve negar
a presciência de Deus ou trancar-se em vago fatalismo. Se Deus previu o destino
final de cada homem, estão o destino foi ajustado e fixado na eternidade. Porque
então foi fixado? Os arminianos têm de um lado um trono vazio e de outro um
futuro fixado. Para eles só há duas saídas: ou eles podem prosseguir com sua
infidelidade na direção do seu término lógico e negar a presciência de Deus, ou
podem reconhecer a sorte como o determinador dos eventos humanos. Faça cada
arminiano sua escolha e então escreva-nos a respeito.
Dissemos que há só dois caminhos
para o arminiano. Isso é verdade por tanto tempo enquanto ele ficar arminiano.
Mas há, depois de tudo, uma saída do dilema que é seguro e feliz: reconhecer a
verdade da soberania absoluta de Deus. Desejamos que todo arminiano pudesse
conhecer o conforto e o gozo que a aceitação dessa verdade traz.
XII. A ELEIÇÃO É PERFEITAMENTE
COERENTE COM A LIVRE AGÊNCIA DO HOMEM
Para definição e discussão geral
da livre agência vide capítulo XIX.
A doutrina bíblica da eleição
representa o homem na sua condição natural como completamente escravizado pelo
pecado, sem nenhuma habilidade nas coisas espirituais. Também representa Deus
como tomando a iniciativa na conversão por vivificar o pecador morto para a
vida logicamente antes do seu arrependimento e da sua fé. Mas para a prova de
que isto não envolve um conflito entre a livre agência e a eleição vide no
capítulo XIX a discussão sob a epígrafe “Livre Agência do Homem Natural” e
“Livre Agência e Conversão”.
XIII. A ELEIÇÃO NÃO DESTRÓI A
RESPONSABILIDADE DO PECADOR
Quando Paulo escreveu a sua
maravilhosa epístola aos Romanos, ele antecipou a objeção que é muitas vezes
feita à sabedoria de Deus tratando com os homens sobre o fundamento que ela
destrói a responsabilidade do pecador. Diz Paulo: “Tu então me dirás: Por que
se queixa ele ainda? Pois quem resistiu à Sua vontade?” (Romanos 9:19). Em
outras palavras: “Se Deus escolhe e rejeita, perdoa e pune a quem Lhe apraz,
por que são censurados os que, se rejeitados por Ele, não podem deixar de pecar
e perecer?” Ou, se Deus salva a todos que Ele escolhe salvar, deixando o resto
num estado de impotência espiritual, do qual não podem livrar-se, sendo certo
persistir no pecado para sua condenação eterna, por que Ele censura os que
continuam no pecado? Isto mostra claramente, como já indicamos, que Paulo
ensinou a eleição incondicional e a total inabilidade espiritual do homem
natural. Uma objeção semelhante não seria sugerida por qualquer outra doutrina.
1. ESTA OBJEÇÃO É ÍMPIA.
Em resposta a essa objeção, diz
Paulo: “Mas antes, ó homem! Quem és tu, que contesta contra Deus? Porventura a
coisa formada dirá ao que a formou: Porque me fizeste assim?” (Romanos 9:20).
Paulo respondeu, assim como respondemos a semelhantes objeções, que o homem não
tem direito, sob quaisquer circunstâncias, de discutir qualquer coisa que Deus
faz. Deus não está sob obrigação alguma de dar contas de Si mesmo ao homem. O
arminiano não merece nenhuma consideração mais.
Mas o inquiridor reverente, que
prontamente aceita tudo quanto Deus revelou e deseja, para a sua própria
edificação espiritual, saber tudo que ele possa aprender da Palavra de Deus a
respeito dos caminhos infinitamente sábios e santos dAquele cuja presença é
como chama de fogo e cuja glória Ele elevou sobre os céus, esse merece mais
consideração. Daí, por amor de um tal inquiridor, notamos ainda:
2. AS DUAS FASES DA VONTADE DE
DEUS
Dissemos que Deus salva a todos
quantos ele escolhe ou quer salvar. Doutro lado, Deus “ordena que todos os
homens em toda a parte se arrependam” (Atos 17:30). Ele também manda que o
Evangelho seja pregado a toda criatura” (Marcos 16:15). E o Evangelho é o
chamado geral de Deus.
Por chamado geral e convite
geral queremos dizer tais como os que se estendem a outros tanto como os
eleitos. Tomamos o convite de Cristo para incluir expressamente os que lutam
pela salvação por meio de observâncias legais, estando assim sobrecarregados.
Demasiado é presumir que todos desta classe que ouvem estas palavras vêem a
Cristo. Assim, este convite foi geral.
Sendo também devidamente
acompanhado do convite geral, tal como o que Cristo fez (Mateus 11:28). Isto
evidência que deve ser feita uma distinção em tratar com a vontade de Deus.
DEUS FEZ ESSA DISTINÇÃO PARA NÓS. Vós o achareis em Deuteronômio 29:9. Lá se
divide em vontade secreta e revelada. Esta distinção ali se faz porque está
indicado nos capítulos 29 e 30 que os israelitas seriam permitidos de Deus a
assim desobedece-Lo que lhes mandaria o cativeiro e finalmente os dispersaria
pelos quatro ventos da terra. Era Sua vontade secreta permitir isto; mas Sua
vontade revelada foi que obedecessem. Isso fixou a responsabilidade deles, segundo
Deuteronômio 29:9 indica claramente.
Esta distinção entre a vontade
secreta e a vontade revelada de Deus “não põe”, como tem sido acusado, “uma
duplicidade intolerável entre o Ser de Deus, que O acuse – sit vênia verbo – de
falsidade e engano” (Schaff). Basea-se num fato da experiência humana. A
vontade revelada de Deus expressa Sua preferência imanente nas coisas
consideradas em si mesmos e fora do Seu propósito perfeito e santo. Que houve
uma diferença imanente de Deus nas coisas abstraídas do todo e o Seu propósito
consumado está imperfeitamente ilustrado no seguinte exemplo. Um pai amoroso
não tem prazer no sofrimento de um filhinho, todavia, para o bem e a felicidade
futura do filhinho, o pai inflige-lhe sofrimento a modo de castigo. O pai emprega
assim uma coisa que é desagradável em si mesma para consecução de um propósito.
Deus não se agrada do pecado, considerado em si mesmo; mas, na realização do
Seu propósito, agradou-lhe permitir o pecado e domina-lo para Sua glória.
A eleição não impõe nenhuma
restrição aos não eleitos. Ela não os afeta ativamente de modo algum. Ela
deixa-os exatamente na mesma condição em que estariam se não houvesse nenhuma
tal coisa com a eleição, a saber, uma condição de impotência espiritual e
condenação, tal como todos os pecadores estão por natureza. Uma eleição de
alguns para a vida não implica uma eleição de alguns para a morte. A morte do
ímpio não é o resultado da eleição, mas dos justos tratos de Deus com ele como
pecador. É o justo salário daquele ímpio (Romanos 6:23). Na eleição Deus
simplesmente escolhe dentre a massa inteira da humanidade depravada aqueles a
quem Lhe apraz salvar por justas e santas razões só dEle conhecidas. O resto
ele simplesmente os deixa às justas conseqüências do seu pecado. Se um homem
rico escolhe um mendigo e lhe dá riquezas, pode isso ser dito que, em fazendo
assim, o rico elege todos os demais mendigos para sofrerem perpétua pobreza?
4. RESPONSABILIDADE E
INABILIDADE ESPIRITUAL
O pecador está sem habilidade
espiritual, mas isso não destrói sua responsabilidade. Que a responsabilidade
depende da habilidade atual é máxima furta-cor teológica que não pode suster-se
na luz dos fatos escriturísticos. O pagão é responsável por subsistir à luz da
consciência que ele possui concernente à Palavra de Deus. Compare Romanos
2:12-16. Mas ele não pode fazer isto; porque se alguns pudessem, não haveria
base para sua condenação, segundo a passagem supra, e eles se salvariam pelas
obras, pelas quais a Escritura diz que ninguém pode ser salvo. Então aqueles
que ouvem a Lei são para ser julgados por ela. Quer isso dizer que eles são
responsáveis a obedecer a Lei: mas eles não podem fazer isso, porque a voz da
Lei fecha toda boca (Romanos 3:19). Daí, a responsabilidade não depende da
habilidade presente e a inabilidade não destrói a responsabilidade.
5. O HOMEM RESPONSÁVEL POR SUA
INABILIDADE ESPIRITUAL.
Mas ao passo que a
responsabilidade não depende na habilidade presente, ela apóia-se na habilidade
original. Originalmente tinha o homem habilidade nas coisas espirituais. Esta
habilidade ele malbaratou (perdeu) na queda de Adão. A raça inteira participou
desta queda. É o ensino de Romanos 5:12. “O pecaram” da Versão do Rei Tiago é a
tradução do tempo aoristo no grego. O tempo aoristo é o modo indicativo (e
alguns outros modos), no qual expressa ação indicada no passado. Romanos 5:12,
portanto, não alude a um curso de pecado seguido por cada individuo, mas a uma
apostasia, da apostasia de Adão todos participaram. O modo em que todos da raça
de Adão tomaram parte na queda está fortemente estabelecido por A. H. Strong
como segue:
“A vida total a humanidade
estava então em Adão: a raça tinha como ainda tem o seu ser somente nele. Sua
essência ainda não estava individualizada; suas forças ainda não estavam
distribuídas; os poderes que agora existem em homem separados estavam então
unificados e localizados em Adão; a vontade de Adão era ainda a vontade da
espécie. No ato livre de Adão a vontade da raça revoltou-se contra Deus e a natureza
da raça corrompeu-se. A natureza que agora possuímos é vontade de Adão era
ainda a vontade da espécie. No ato livre de Adão a vontade da raça revoltou-se
contra Deus e a natureza da raça corrompeu-se. À natureza que agora possuímos é
a mesma que se corrompeu em Adão – não a mesma em espécie meramente senão a
mesma como que fluindo dele continuamente para nós (Systematic Theology, pág.
328).
Tendo pecado em Adão, cada
descendente de Adão é responsável pela depravação e inabilidade espiritual
assim incorrida.
XIV. A ELEIÇÃO É PERFEITAMENTE
CONSISTENTE COM À JUSTIÇA DE DEUS
Paulo também antecipou esta
objeção à sua doutrina (Romanos 9:14), o que mostra que ele ensinou a eleição
incondicional pois nenhuma outra teoria da eleição teria sugerida esta objeção.
Se, por acaso, alguém que mal entendesse sua doutrina tivesse apresentado a
objeção, este era o lugar para ele apresentar claramente que sua doutrina de
eleição não estava aberta a essa objeção porque ensinou que a eleição estava
baseada na fé prevista dos eleitos. Paulo certamente teria feito isto, se
tivesse sido arminiano; mas, em vez, despediu-a como sendo prepóstera, dizendo:
de maneira nenhuma. Então ele prosseguiu a responder à objeção com a própria
declaração de Deus concernentes Seu trato soberano com os homens.
Examinemos mais a objeção,
notamos:
1. JUSTIÇA E PARCIALIDADE
Entre outras noções cruas e
inescriturísticas, merece lugar importante a idéia que a justiça e a
parcialidade são necessariamente antagônicas. Nós não somos mandados a ser
parciais, mas em nenhum lugar Deus diz que Ele não é parcial. A sabedoria, a
independência e a soberania dão-Lhe direitos que a nossa ignorância, sujeição e
dependência nos negam. A Escritura mostra que Deus é parcial. Ele é parcial aos
homens caídos em comparação com os anjos caídos no sentido de, com alguns dos
primeiros, ter promovido redenção, ao passo que os últimos todos estão
“reservados em cadeias eternas e nas trevas para o julgamento daquele grande
dia”. (Judas 6). Ele foi parcial à nação judaica em comparação com as nações
pagãs. Ele é parcial à gente das assim chamadas terras cristãs em comparação
com o povo das terras pagãs, em que a primeira tem a luz do Evangelho, enquanto
a última, em muitos casos, vive através da vida na ignorância do Evangelho que
é o único meio de salvação.
Quanto à parcialidade ser
injusta, depende das circunstâncias. O ministro, no seu trato com os que
persistem no pecado, não é para conceder que qualquer coisa o faça desculpar
alguns onde todos são igualmente culpados (I Timóteo 5:21). E não devemos
preferir alguns homens em favor ou honra por causa das riquezas ou qualquer
coisa semelhante (Tiago 2:4). Em outras palavras, devemos tratar com os homens
conforme com o que eles realmente merecem; mas, na salvação, Deus trata com os
inteiramente mal merecidos; porque a graça é favor imerecido e favor não devido
como obrigação. Logo, Deus pode distribuir Sua graça entre os homens como Lhe
ditem Sua perfeita sabedoria e santidade. Em assim fazendo, Ele elegeu alguns
para a vida e a outros deixou perecerem como a justa conseqüência dos seus
pecados. Quem ousará negar-Lhe este direito?
Não pode o Deus soberano de tudo
Dispensar os Seus favores como
Lhe apraz;
Escolher alguns para a vida,
enquanto outros caem,
E ser justo e santo contudo
ainda?
2. DEUS NADA DEVE AO HOMEM
Precisa isto de ser enfatizado.
Se ao homem devesse Deus algo, então a salvação seria por dívida e não por
graça. Dirão alguns que Deus deve ao homem uma oportunidade de se salvar. Deu
Ele esta oportunidade aos pagãos que morreram sem o Evangelho? Uma oportunidade
de se salvar não alcança nada para o homem. Podia alguém falar igualmente de se
dar a um homem totalmente paralítico a oportunidade de andar. Todo homem que
não está fisicamente tolhido tem toda a oportunidade possível de andar; mas a
oportunidade é de nenhum valor ao tal na ausência de habilidade. Os perdidos
estão espiritualmente mortos. Eles devem ter habilidade de vir a Cristo (João
6:65). Dirão alguns que Deus deve esta habilidade ao homem, mas esta habilidade
é a salvação em germe e daí, se Deus deve esta habilidade, a salvação não é por
graça. E supondo que Deus desse tal habilidade a todos os homens, como os
arminianos por ela contendem, e então eles recusassem empregar esta habilidade;
não ficaria Deus desobrigado de qualquer compromisso de renovar essa
habilidade? Esta é a posição do homem. Uma vez ele teve habilidade, mas veio um
tempo em que ele a desperdiçou e assim a perdeu. Teve isto lugar em Adão, no
qual diz Deus que todos pecaram. Está agora Deus na obrigação de renovar essa
habilidade?
3. DEUS PODE FAZER O QUE ELE
QUIZER COM O QUE É DELE
Deus assevera o mesmo direito
sobre a humanidade que o oleiro tem sobre o barro (Romanos 9:21-23). “Vede, ó
desprezadores, espantai e perecei” (Atos 13:41). Contudo, seja dito, para
prevenir mal entendido, que o método de Deus “fazer vasos de ira preparados
para destruição” é diferente do Seu método de fazer “vasos de misericórdia”.
Este último é um ato de graça soberana. O primeiro é um ato de justiça
permissiva. Executa Ele o último pela operação eficiente de sua graça; o
primeiro Ele não causa eficazmente, mas só permite por sábias e santas razões
conhecidas completamente só por Ele.
XV. A ELEIÇÃO NÃO FAZ DE DEUS UM
RESPEITADOR DE PESSOAS
Quando as Escrituras nos dizem
que Deus não é um respeitador de pessoas, elas querem dizer que os tratos de
Deus com os homens não se determinam pelas diferenças externas de raça,
riquezas, posição social ou coisa parecida. Isto a Escritura insinua distintamente.
Vide 2 Samuel 14:14; Atos 10:34; 1 Pedro 1:17. Ter respeito a pessoas é fazer
uma diferença entre pessoas igualmente merecedoras, mas não envolve nenhum
respeito de pessoas para fazer uma diferença entre os inteiramente não
merecedores. Deus assim tem feito em vários casos como indicados na discussão
supra de justiça e parcialidade.
XVI. A ELEIÇÃO NÃO IMPLICA QUE
DEUS CRIOU OS NÃO ELEITOS MERAMENTE PARA CONDENÁ-LOS
Deus não tem prazer na
destruição dos ímpios, como uma coisa em si mesma. Pela contrário, a salvação
dos homens é coisa que é, em si mesma, agradável a Deus. Mas Ele fez o homem
para Sua glória. De algum modo, não inteiramente compreensível à mente finita,
subserve essa glória que alguns homens pereçam. Assim Deus quis permiti-lo, mas
não porque Ele seja alguém que exulte com o sofrimento do homem. Podemos ficar
seguros que Deus salvará o maior número que Ele pode salvar sem detrimento à
manifestação mais gloriosa do Seu caráter como um todo. Finalmente, veremos por
completo a santidade do propósito de Deus.
O crente na eleição
incondicional não está mais na obrigação de responder a esta objeção do que o
crente na presciência de Deus que nega a eleição incondicional, que a um tal
ocorre a pergunta inevitável: Porque Deus criou aqueles que Ele soube que
pereceriam? Richard Fuller estava exatamente certo em dizer que a presciência
da parte de Deus e a pré- ordenação não podem ser separados. (Voltai e lede
outra vez suas palavras à página 54.) A negação da pré-ordenação “só oculta a
dificuldade ao ignorante” (Richard Fuller).
XVII. A ELEIÇÃO CONFORME AQUI
ESTÁ EXPOSTA É UMA DOUTRINA BATISTA
Viemos agora mostrar que a
doutrina da eleição incondicional é uma doutrina batista. Para prova disto
chamamos a atenção para o seguinte:
(1) Os paterinos.
Dos paterinos diz W. A. Jarrell:
“Eles apelavam para os textos do nono capítulo de Romanos, por outros usados,
para prova da doutrina da eleição incondicional” (Church Perpetuity, pág. 139).
(2). Waldenses e Albingenses.
Um artigo de uma velha confissão
Waldense, segundo citada por C. H. Spurgeon, diz o seguinte:
“Que Deus salve da corrupção e
da condenação aqueles a quem Ele escolheu desde as fundações do mundo, não por
qualquer disposição, fé, ou santidade que Ele previu neles, mas por Sua
misericórdia em Cristo Jesus Seu Filho, passando por todo o resto, segundo a
razão irrepreensível de Sua própria livre vontade e justiça” (Spurgeon’s
Sermons, Vol. 2, pág. 69).
O Prof. A. A. Hodge, do
Seminário de Princeton, diz: “Os waldenses... eram todos calvinistas”.
“Entre os crentes mais antigos
no sistema de doutrina chamado calvinístico podemos, com grande propriedade,
mencionar os waldenses e albingenses, - aquelas eminentes e honradas
testemunhas pela verdade, durante o longo período quando a igreja e o mundo
foram assolados por erro grasso e imoralidade”. (Rice, God Sovereign and Man
Free).
“Gualtier, um monge jesuíta, nas
suas tábuas cronográficas traçou um catálogo consistindo de noventa
particulares, no qual Ele mostra que os princípios dos waldenses e os dos
calvinistas coincidem mutuamente.
“Lidanus, bispo católico da Sé
de Ghent, que escreveu em defesa dos postulados da Igreja de Roma, aí por 1550,
chama a Calvino “o herdeiro das doutrinas dos waldenses” (Jones’s Church
History, pág. 357).
NOTA – O Prof. Hodge e os dois
jesuítas aqui citados estão, evidentemente, deslocados de sua epígrafe – Trad.
(3). Anabatistas.
A fé dos anabatistas a respeito
da eleição está estabelecida por um dos seus líderes como segue:
“Cristo, o Cordeiro de Deus, foi
desde o princípio do mundo um mediador entre Deus e os homens, e ficará
mediador até ao fim. De que homens? De vós e eu apenas? Não assim, mas de todos
os homens a quem Deus o deu por possessão.”
(4). Batistas particulares da
Inglaterra.
Os batistas americanos
descenderam diretamente dos batistas particulares da Inglaterra, com os quais
se associaram homens tais como John Bunyan, Andrew Fuller e William Carey.
Denominaram-se “Particular” porque creram numa expiação só para os eleitos.
Isto seria bastante para mostrar sua posição a respeito da eleição, mas temos
prova explícita desta posição na sua grande confissão de fé, chamada a
Confissão de Londres. Esta confissão foi mais tarde adotada pela Associação de
Filadélfia na América e o seu testemunho concernente à eleição será achado
abaixo.
2. CONFISSÕES DE FÉ BATISTAS
(1). A confissão de Filadélfia.
Diz a Confissão de Fé de
Filadélfia: “Conquanto Deus saiba o que possa ou venha a acontecer sobre todas
as supostas condições, contudo Ele não decretou o que quer que seja porque Ele
previu como coisa futura, ou como aquilo que viria a se passar em certas
condições. Pelo decreto de Deus, para manifestação de Sua glória, alguns homens
e anjos estão predestinados ou preordenados para a vida eterna por meio de
Jesus Cristo, ao louvor de Sua gloriosa graça; outros sendo deixados a agir nos
seus pecados para sua justa condenação, ao louvor de Sua gloriosa justiça.”
(2). A confissão de New
Hampshire.
A confissão de New Hampshire
originou-se no meio de forte influência arminiana; conseqüentemente, sua
posição a respeito da eleição está benignamente expressa. Não obstante, ela
fala da eleição como o “propósito eterno de Deus”. Aqui não há eleição no tempo
e o artigo sobre o arrependimento e a fé liga esta confissão ao ensino que o
eterno propósito eletivo de Deus foi incondicional. Diz:
“Cremos que o arrependimento e a
fé são deveres sagrados e também graças inseparáveis operadas em nossas almas
pelo Espírito regenerador de Deus”.
Então o artigo sobre a
regeneração fala do arrependimento e da fé como frutos da regeneração.
Nenhum negador da eleição
incondicional pode aceitar qualquer desse postulados, os quais só se harmonizam
com a eleição incondicional. Todos os negadores da eleição incondicional crêem
que o arrependimento e a fé são no mínimo, logicamente, se não
cronologicamente, anteriores à regeneração.
(3). Outras confissões
Segundo o Prof. W. J.
McGlohtniel, eleição incondicional está ensinada em alemão, francês, belga,
suíço, dinamarquês, húngaro e confissões batista russas. Vide “Baptist
Confessions of Faith”, pág. 334.
3. PREGADORES E ESCRITORES
BATISTAS REPRESENTATIVOS
J. W. Porter, pregador eminente,
redator, autor e erudito: “1. A
eleição teve lugar na eternidade. 2. Foi uma eleição individual. 3. Baseou-se
inteiramente na boa vontade de Deus e não no mérito previsto dos eleitos”.
F. F. Gibson, evangelista e
pastor da maior igreja batista de Kentucky, a igreja de Walnut Street em
Louisville: “Primeiro, a eleição é pessoal. Segundo, a eleição é eterna.
Terceiro, a eleição não foi em vista de fé ou boas obras previstas”.
Roy Mason (Tampa, Fla.), redator
de “Faith and Life” autor de “The Church that Jesus Built”; - “Deus, em graça
soberana, agindo sobre fundamentos bons e justos, conhecidos só dEle, na
eternidade, antes da fundação do mundo, escolheu certas pessoas para Si mesmo
dentre a raça humana. Ao mesmo tempo em que Deus elegeu incondicionalmente
esses para a vida eterna, da mesma maneira ordenou o meio suficiente para
trazer os eleitos no tempo a um conhecimento salvador dEle mesmo. Esta eleição
não é aparte de Cristo, mas é em Cristo e o fim (a salvação dos eleitos) está
inseparavelmente ligado com os meios ordenados por Deus para fazer acontecer a
coisa ordenada”. (De uma carta ao autor).
David Burris, redator de
“Baptist Sentinel” Oakdale, Tenn.; – “O propósito da eleição não pode ser
condicionado sobre qualquer mérito ou fé dos escolhidos, uma vez que não há tal
mérito. Isto é especialmente verdadeiro desde que a fé do homem está prevista
somente como o resultado da obra da graça de Deus... A fé, como efeito da
eleição, não pode ser ao mesmo tempo a causa da eleição” (The Baptist).
R. A. Venable: - “Não posso
concordar com eles (Metodistas) quanto à doutrina da eleição e predestinação.
Eles sustentam que a eleição de Deus para a salvação baseou-se na Sua
presciência; que Deus previu que alguns creriam e a todos quantos Ele soube que
creriam Ele elegeu para a salvação. A soberana vontade de Deus nada teve a ver
em decidir Sua graça elegente. Isto creio eu estar tanto contra a razão como
contra a revelação”. (Why
Baptist and Not Methodist, in Baptist Why and Why Not, pág. 123, published by
Baptist Sunday School Board, Nasville, Tenn).
Robert Watts, Belfast. Ire., em
artigos escritos a pedido de T. T. Eaton, publicados no Western Recorder
durante a redatoridade de Eaton, publicados mais tarde em livro pelo Baptist
Book Concern: - “A favor do calvinismo pode-se pretender que é o sistema
doutrinário deduzido das Escrituras”. E mais além, ao falar da noção arminiana
de eleição estar baseada na fé prevista. – “Não está manifesto que tal noção
tira o governo de Seus agentes morais fora das mãos de Deus? e ela não o
apresenta como ocupando a posição de um mero espectador, cuja linha de ação se
determina pelas criaturas de Sua criação?” (Sovereignty of God, pág. 63, 128).
J. B. Moody, autor de mais
quarenta livros, aos noventa e cinco anos, disse: “A eleição para a salvação é
soberana, eterna, incondicional, com meios e agências predestinados para
assegurar os esponsais de uma noiva e torná-la esposa do Cordeiro, vicariamente
redimida” (The Plan and Way of Salvation, pág. 5).
D. F. Estes, em “New Testament
Theology”, pág. 180: - “Sobre que depende esta escolha divina nunca se faz
depender de uma escolha prévia do homem por Deus, mas faz-se antecipar à ação
do homem.”
D. B. Ford, ao comentar Romanos
8:29: Que... a eleição... não depende da presciência de Deus de nossa fé ou
bondade é também evidente da declaração do ... apóstolo, que somos escolhidos
em Cristo “antes da fundação do mundo para que fossemos santos.” Vide Efésios
1:4” (American (Baptist) Commentary on the New Testament).
A. N. Arnold, ao comentar a
mesma passagem: “Esta presciência não deve ser explicada como a presciência
meramente do seu arrependimento e fé futuros, porque isso faria do seu
arrependimento e fé a causa e não, como verdadeiramente são, a conseqüência de
sua pré-ordenação. Vide 1 Coríntios 4:7” (An
American (Baptist) Commentary on the New Testament).
Alvah Hovey, redator geral do
mentário supra, citado por Strong: “As Escrituras nos proíbem de achar razões
para eleição na ação moral do homem antes do novo nascimento e meramente nos
enviam à vontade e misericórdia soberanas de Deus, isto é, elas ensinam a
doutrina de eleição pessoal” (Systematic Theology, pág. 427).
W. T. Conner (Southwestern
Seminary), autor de “The System of Christian Doctrine”, diz: “Na doutrina da
eleição quer dizer que Deus salva em prossecução de um propósito eterno. Isto
inclui todas as influências do Evangelho, a obra do Espírito e assim por
diante, que guiam o homem a arrepender-se dos seus pecados e aceitar a Cristo.
Tanto quanto a liberdade do homem está em jogo, a doutrina da eleição não quer
dizer que Deus decreta salvar um homem independente de sua vontade: antes
significa que Deus propõe guiar um homem numa tal direção que ele aceitará
livremente o Evangelho e será salvo”.
B. H. Carroll, no Comentário em
Efésios, pág. 79: “Ordenar é decretar, e a pré-ordenação é um decreto antemão.
Quem foi ordenado? Os indivíduos que foram escolhidos. Para que foram eles
ordenados? Para adoção como filhos. Por meio de quem foram eles adotados como
filhos? Por meio de Cristo. Segundo que foi esta pré-ordenação de adoção como
filhos por meio de Cristo? Segundo a boa vontade de Sua vontade. NÃO PODER SER
SEGUNDO QUALQUER COISA EM NÓS; FOI ANTERIOR AO NOSSO SER”.
J. R. Graves, e, “The Seven
Dispensations”, pág. 100: A semente de Abraão foram aqueles que tiveram a fé de
Abraão, uma Semente Espiritual, - crentes; foram todos a quem Deus previu desde
o princípio que creriam em Seu Filho, Jesus Cristo, e viriam a Ele. MAS, COMO A
PRESCIÊNCIA DE DEUS DESCANÇA NO SEU DETERMINADO CONSELHO, ESTA “SEMENTE” SE
COMPÕE DE TODOS, EM TODOS OS TEMPOS, A QUEM DEUS DETERMINOU SALVAR, E AQUELES
NO TEMPO, DEUS EFICAZMENTE, POR SEU SANTO ESPÍRITO E SEM VIOLENTAR SUAS
VONTADES OU AGÊNCIA MORAL, ATRAI A SEU FILHO”.
John Broadus, no seu comentário
de Mateus 22:14: “Do lado divino vemos que as escrituras ensinam uma eleição
eterna de homens para a vida eterna simplesmente pela boa vontade de Deus”.
J. M. Pendleton, em “Christian
Doctrines”, pág. 107 e 108: “Alguns há que fazem da fé e das boas obras o
fundamento da eleição; isto é, supõem que Deus elegeu o Seu povo porque Ele
previu sua fé e boas obras. Esta idéia transpõe a causa e o efeito, pois faz a
eleição dependentes da fé e das boas obras, enquanto a fé e as boas obras são
escriturísticamente dependentes da eleição ... A idéia arminiana está sem
fundamento na Palavra de Deus, porque a eleição é a fonte, única fonte, donde
jorra a fé, santidade e as boas obras”.
E. C. Dargan, em “The Doctrines
of Faith”, pág. 128: “Há condição à escolha de Deus? Ele escolhe porque Ele
prevê que os homens se arrependerão, ou sob condição de fé? Não; ao escolher
salvar homens Deus é soberano, livre, espontâneo, gracioso agindo por Sua
própria iniciativa”.
A. H. Strong, em “Systematic
Theology”, pág. 427: “A eleição é aquele ato eterno de Deus pelo qual, no seu
soberano prazer, e por causa de nenhum mérito previsto neles, escolhe a certos
do número de homens pecadores para serem os recipientes da graça especial do
Seu Espírito e assim para serem feitos participantes voluntários da salvação de
Cristo”.
E. Y. Mullins, em “The Christian
Religion in its Doctrinal Expression”, pág. 343: “Deus escolhe homens para a
salvação por causa de suas boas obras ou porque Ele prevê que eles crerão no
Evangelho quando lhes for pregado? Além de toda a dúvida Deus prevê sua fé e a
fé é uma condição de salvação. A pergunta é se é também o fundamento da
salvação. As Escrituras respondem negativamente a esta pergunta. O Evangelho é
eficaz com uns e não com outros, porque a graça de Deus é operativa num caso
além do grau de sua ação no outro”.
J. P. Boyce, em “Systematic
Theology”, pág. 427: “Deus, do Seu próprio propósito, determinou desde a
eternidade salvar um número definido da humanidade como indivíduos, não para ou
por causa de qualquer mérito ou obra deles por qualquer valor para com Deus,
mas de Sua própria boa vontade”.
Alguns membros excluídos da
Igreja Batista de Benton (Ky.), em maio de 1933, entraram com um processo para
a possessão da propriedade da igreja com fundamento de a igreja ter-se afastado
da fé e da disciplina dos batistas. Baseou-se a queixa, em parte, no fato que a
igreja adotara uma confissão de fé na qual ela estava acusada que o “Artigo Nº
10 é segundo a ordem da Confissão de Fé de Filadélfia”. As Escrituras, bem como
a posição histórica dos batistas, negam aos tribunais civis o direito de
decidirem matérias eclesiásticas e a Igreja Batista de Benton nunca teria
escolhido um semelhante tribunal. Mas, sendo levada ao tribunal pelos seus
opositores, eles apresentaram ser o caso. Os opositores tiveram amplo tempo e
oportunidade de apresentarem o seu. Claro que fizeram isto até ao verdadeiro
limite de habilidade. Tiveram auxílio amplamente rude. A evidência toda junta
abarcou seiscentas páginas de arquivos. Nenhuma questão de interpretação da
Escritura foi considerada pelo tribunal. O processo foi todo quanto à questão
da fé e prática batista conforme especificada na evidência. O sentimento
público foi contra a Igreja Batista de Benton. Por causa destas circunstâncias,
a decisão do tribunal é uma vitória decisiva para a verdade e a prova
convincente que os batistas mantém a eleição incondicional. Esta decisão foi
dada pelo juiz especial C. C. Grassham, de Paducah, Ky., a 1º de setembro de
1934 e está temperada com discrição e razoabilidade. É eminentemente digna de
conservação como um documento da liberdade batista bem como um que sustém
testemunho à fé histórica dos batistas. Diz em parte: “A Confissão de Fé de
Benton não ensina fatalismo nem constitui um afastamento da fé ensinada pelas
igrejas missionárias (batistas), segundo a prepondência da prova. Está
abundantemente mostrado que a Confissão de Fé de Filadélfia não foi
expressamente repelida, ou por essa matéria criticada pelas igrejas batistas do
Norte ou do Sul e que muitas delas, mormente no Sul, ainda aderem à confissão
de Fé original de Filadélfia.”
XVIII. A ELEIÇÃO CONFORME
ESTABELECIDA AQUI, É UMA DOUTRINA PROVEITOSA
A eleição incondicional
provou-se nas vidas dos seus advogados. Os mais eminentes, os mais corajosos,
os mais agressivamente missionários e os homens mais santos do mundo religiosos
a sustentaram. A maior revolução religiosa da História – a reforma, foi operada
por calvinistas. Os calvinistas forneceram quase todos os mártires. O
arminianismo não gera o estofo de que os márteres são feitos: é construído mais
sobre o sentimento e o sentimento nunca fez um mártir. “O que quer que haja de
doutrina evangélica e de liberdade civil ou religiosa no mundo, deve-se abaixo
de Deus, aos escritos e à pregação de calvinistas” (Rice, God Sovereign and Man
Free, pág. 15). Durante a idade média a sã doutrina e a moralidade pura acharam
um retiro nos contra-fortes dos Alpes, foram admiravelmente dependidas e
conservadas pelos waldenses e albingenses calvinistas” (ibíd, pág. 14). Do
exército calvinístico de Cromwel diz Macaulay: “O que distinguiu o exército de
Cromwell dos demais exército foi a moralidade austera e o temor de Deus que
permearam todas as fileiras.” O esforço missionário mundial de hoje nasceu
entre os calvinistas em ambos os hemisférios. Diz dele Spurgeon: “Por esta
verdade faço uma peregrinação pelo passado ao passo que ando, vejo pai após
pai, confessor após confessor, mártir após mártir, de pé para me darem a mão.
Fosse eu um pelagiano ou um crente na vontade livre (no sentido errôneo), eu
teria de caminhar sozinho durante séculos: aqui e ali um herege, de caráter não
muito honroso, podia erguer-se e chamar-me irmão, mas tomando essas coisas para
serem os paradigmas de minha vida, vejo a terra dos antigos povoada por irmãos
meus” (Sermons, Vol. 2, pág. 69). Considerando o passado imediato, achamos que
todo batista digno ensinou a eleição incondicional.
A utilidade da eleição
incondicional, como evidenciadas supra, está baseada no fato que:
1. ELA DÁ UMA IDÉIA EXALTADA DE
DEUS.
Quando Moisés tinha dito a
Israel da escolha soberana que Deus fizera dele, não por causa de qualquer
coisa nele Israel, também disse: “Saiba, pois, que o Senhor teu Deus é Deus”
(Deuteronômio 7:9). É um dos propósitos da eleição ensinar isto. O Deus dos
calvinistas está “elevado e erguido” e a “terra toda está cheia de Sua glória”
(Isaías 6:1,3). O Deus dos arminianos está constantemente tripudiado sob o pé
dos homens e a terra inteira está cheia de sua derrota. Com o Deus dos
calvinistas “todos os habitantes da terra reputam-se em nada; faz segundo à Sua
vontade no exército do céu entre os habitantes da terras; ninguém pode deter
Sua mão e dizer-Lhe: Que fazes?” (Daniel 4:35). Mas com o deus dos arminianos a
terra está povoada de gigantes que são maiores do que ele é. Ele faz o melhor
para cumprir sua vontade entre os homens, mas há! a vontade senhorial do homem
é fortíssima para o seu deus. Sua mão está tristemente detida, porque tenta
salvar todos os homens e, no entanto, só consegue salvar apenas uma minoria de
adultos responsáveis. Ele não ousa discriminar entre os homens, porque então o
homem soberbo podia corretamente desafiá-lo e exigir: “Que fazes?” Isto é na
realidade o deus imaginário que o arminiano adora. Um Deus exaltado opera temor
nos homens. Com um Deus semelhante o homem tenta grandes coisas e espera
grandes coisas e também possui uma santa ousadia.
2. ELA ESTIMULA A FÉ.
Todas as questões envolvidas na
eleição não podem ser arrazoadas à completa satisfação da mente carnal. Daí, a
Palavra de Deus sobre a eleição deve ser aceita pela fé. Quando alguém assim a
aceita, descobrirá que a sua fé foi provada e revigorada. Um Deus exaltado
também inspira fé indômita.
3. ELA PREPARA O CAMINHO PARA A
ACEITAÇÃO DE OUTRAS VERDADES.
Quando alguém aceitou os mistérios
da eleição pela fé, foi desviado da razão como padrão de sua fé e está então
preparado para tomar a palavra de Deus sobre todo assunto sem indagação
duvidosa.
4. ELA CONDUZ PARA COM A
PREGAÇÃO DE TODO O CONSELHO DE DEUS
De maneira que muitos pregadores
fazem da diplomacia o guia de sua pregação, em vez de buscarem a direção do
Espírito Santo. A razão disto é que eles não possuem a fé para confiarem na
benção de Deus sobre as porções de Sua Palavra que não são prontamente aceitas
pelos homens em geral; mas, quando alguém aprendeu a crer e a pregar a eleição,
aprendeu a confiar na benção de Deus sobre Sua palavra quando se calcula que
ela provoque a oposição dos homens. Isto prepara o caminho para pregar-se
outras muitas verdades necessitadas, mas indesejáveis.
5. ELA É A MAIS FORMIDÁVEL
BARREIRA CONTRA O MODERNISMO.
Isto não é só verdade pelas
razões já afirmadas: é também verdadeiro porque, tanto quanto o homem crê na
sua impotência espiritual absoluta, por natureza, não pode negar, logicamente,
a necessidade de uma revelação sobrenatural e uma intervenção sobrenatural para
sua salvação. “A história da igreja cristã não proporciona um caso de uma seita
sustentando as doutrinas dos Decretos Divinos e da Livre Agência do homem e
rejeitando qualquer doutrina fundamental do cristianismo”. (Rice, God Sovereign
and Man Free, pág. 18).
6. ELA OFERECE O FUNDAMENTO MAIS
DURADOURO PARA SEGURANÇA DOS SALVOS.
Sem a eleição soberana a
segurança dos salvos paira no meio do ar sem nenhum apoio lógico. E muitíssimos
dos que têm negado a eleição soberana têm também negado a segurança dos salvos.
São coerentes. As duas permanecem juntamente e caem juntas, de um ponto de
vista lógico.
7. ELA EXCLUI TODA A JACTÂNCIA E
GERA HUMILDADE, GRATIDÃO E DEVOÇÃO.
Deus arranjou a dispensação de
Sua graça de modo que a jactância está excluída (Romanos 3:27) e “que nenhuma
carne se glorie diante de Deus” (1 Coríntios 1:29). Isto é alcançado através da
concessão soberana de Sua graça aos Seus escolhidos pela Sua própria boa vontade
e não para ou por causa de algo neles. Sob a eleição o crente não pode dizer
mais do que “pela graça de Deus sou o que sou” (1 Coríntios 15:10). E, em
resposta à pergunta: “Quem te fez a ti diferir” (1 Coríntios 4:7), o crente
deve responder: “D e u s”. Só a eleição incondicional ensina isto. A eleição
condicional dá ocasião ao homem de jactar-se. Segundo ela, o santo fez-se
diferir do incrédulo; mas, segundo a eleição incondicional, a diferença entre o
santo no santuário e o ébrio na sarjeta se deve inteiramente à eficácia da
graça soberana de Deus. Este fato gera humildade e também gera profunda
gratidão saber que Deus, pela Sua graça soberana e irresistível, nos salvou
quando podia, em justiça a nós, nos ter deixado sofrer as conseqüências
merecidas de nossos pecados nas chamas do gehena. Esta gratidão produz serviço
devotado pela “fé operando por meio do amor” (Gálatas 5:6), pois “amamos,
porque Ele primeiro nos amou a nós” (1 João 4:19).
8. ELA ENCORAJA O EMPREGO DE
MEIOS.
Já acentuamos o fato que a eleição
está inseparavelmente ligada aos meios ordenados por Deus para efetuarem a
salvação dos eleitos. Vendo que os meios estão incluídos no plano de Deus,
alegrar-nos-emos em usa-los se os nossos corações estiverem direitos com Ele.
Temos então o encorajamento de sabermos que Deus abençoará sempre o nosso
emprego dos meios quando somos dirigidos do Espírito Santo, porque o Espírito
Santo jamais nos dirigirá doutro modo senão de acordo com o plano de Deus. É
somente na base da eleição incondicional que Deus pode prometer que a Sua
Palavra não voltará a Ele vazia. E é assim que podemos saber que o nosso
trabalho “não é vão no Senhor.” (1 Coríntios 15:58).
A doutrina da eleição
incondicional, firmada no ajuste e conexão adequados, fará sempre missionários
os crentes nela. Ela forneceu a Paulo o seu motivo missionário (2 Timóteo
2:10). Também a nós nos fornecerá o nosso, quando crermos toda a verdade a
respeito dela. Não é estranho que todos os grandes líderes missionários
pioneiros foram crentes na eleição incondicional.
9. ELA PREVÊ O MOTIVO CORRETO NA
EVANGELIZAÇÃO.
Deus salva os homens para sua
própria glória (Efésios 1:12). A glorificação de Deus, então, deveria ser o
nosso primeiro motivo no evangelismo, mais do que livrar homens do inferno. É a
eleição incondicional que imprime isto profundamente em nossos corações.
10. ELA PRODUZ EVANGELISMO SÃO.
Os da eleição condicional
imaginam que Deus está fazendo o mais que pode para salvar o maior número
possível. Por essa razão tornam-se obsedados em contar narizes e relatar
números. Esta obsessão os leva a rodearem terra e céu em busca de profissões. E
fazem o máximo de seus convertidos duas vezes mais filhos do inferno do que
antes. Assim temos em nossas igrejas uma multidão de incircuncisos que fala a
linguagem de Ashdod e constantemente cobiça as panelas de carne do Egito. O
evangelismo inescriturístico e de alta pressão tem sido maior maldição singular
que os batistas jamais sofreram.
A eleição incondicional nos
ensina, como diz Alvah Hovey, que “Deus tem alguma outra razão além da de
salvar tantos quantos possível pela maneira em que Ele distribui Sua graça”.
Por essa razão os da eleição incondicional não vão após números senão
simplesmente fazer a vontade de Deus. Como Paulo, eles “aturam tudo”, não por
amor de números, mas “por amor dos eleitos, para que eles também obtenham a
salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna” (2 Timóteo 2:10). Por essa
razão os da eleição incondicional estão dispostos a ficar dentro do plano de
Deus no evangelismo e “lutar licitamente”, sabendo que Deus pode executar Sua
vontade e que nenhuma alta pressão humana é necessária, desde que ninguém pode
vir a Cristo sem a atração soberana de Deus e desde que todos a quem Deus atrai
virão pela pregação da Palavra de Deus. Assim os da eleição incondicional
pregam a Palavra “a tempo e fora de tempo”, tanto pública como em particular, e
então esperam em Deus no espírito de oração, pois sabem que é “Deus que dá o
crescimento” (1 Coríntios 3:7).
11. ELA TENDE PARA A SALVAÇÃO
DOS PECADORES.
A eleição não é especificamente
para pecadores. A eles cabe pensar sobre sua necessidade, mais do que imaginar
se foram eleitos ou não. Todo homem que vier a Cristo descobrirá que foi
eleito; mas, ao passo que a eleição não é especificamente para pecadores em
geral, contudo Cristo a pregou a pecadores endurecidos (Mateus 11:25,26; João
6:37, 44, 65, 10:26). E, se for pregada, pecadores a ouvirão na certa. Tendo-a
ouvido, é melhor que se safe de suas desfigurações. Assim, loucura é falar de
se não pregar a eleição a pecadores. C. H. Spurgeon, o maior evangelista
moderno, pregou-a muitas vezes a pecadores e disse uma vez que nunca a pregou
sem conversões. Quando devidamente apresentada, a eleição sendo a verdade de
Deus, é proveitosa, mesmo a pecadores, como Deus aprouver usá-la. Ela tende
para a salvação de pecadores nas seguintes maneiras:
(1). Ela tende a deslocar o
pecador de toda esperança nos seus próprios esforços.
A eleição ensina que a salvação
é inteiramente de Deus; daí, os esforços do homem de salvar-se por si mesmos
são absolutamente fúteis. Assim observemos com Spurgeon: “Em primeiro lugar, a
doutrina da eleição, aplicada pelo Espírito Santo, aniquila para sempre todos
os esforços da carne. É objetivo da pregação arminiana fazer os homens ativos,
- excita-los a fazerem o que puderem, mas o fim e o objetivo devidos da
pregação do Evangelho é fazer os homens sentirem que eles não têm de si nenhum
poder e larga-los cadáveres ao pé do trono de Deus” (Spurgeon’s Sermons, Vol.
8, pág. 235).
(2). Ela tende a despertar
pecadores descuidados.
Há duas causas para falta de
interesse dos pecadores a respeito de sua salvação. (1). Ou a mente do pecador
está tão cheia de pensamentos das coisas mundanas que os pensamentos sobre a
salvação se amontoam fora, ou (2) o pecador se conforta com o pensamento de que
se virará para Cristo antes de morrer. A eleição é tão contrária à mente carnal
que atravanca a mente da primeira classe de pecadores quando ela é pregada:
eles não podem conserva-la fora uma vez ouvida. Quando uma vez na mente, a
eleição prepara o caminho para a pergunta se o pecador individual é um dos
eleitos ou não. Chegando a refletir sobre a pergunta, o pecador está pronto
para a mensagem de como ele pode saber que é um dos eleitos. Essa mensagem é:
“Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo”. Uma contemplação da doutrina da
eleição devera conduzir o pecador a dizer: “É assim? Estou eu absolutamente nas
mãos de Deus? Pode Ele salvar-me ou condenar-me como quiser? Então clamarei a
Ele: ó Deus! Salva-me da ira vindoura, do tormento eterno, do banimento da Tua
presença! Salva-me, ó Deus! Que queres que eu faça? Oh! Que queres que eu faça,
que eu possa achar favor e viver?” (Spurgeon’s Sermons, Vol. 8, pág. 239).
Então a eleição mostra à segunda
classe de pecadores acima mencionada que eles não têm razão para esperar que
possam voltar-se para Cristo na hora undécima, desde que a habilidade para
voltar não está no homem por natureza. Isto os devera despertar a apresentar o
pensamento e dirigir suas mentes pelo curso esboçado supra.
(3). Ela dá encorajamento ao
pecador despertado.
Ela o faz nas duas seguintes
maneiras como indicadas por Spurgeon:
A. “Somos todos prisioneiros,
condenados a morrer. Deus, como soberano, tem o direito de perdoar a quem Lhe
apraz. Agora, imaginai um número de nós encerrados numa célula condenada, todos
culpados. Um dos criminosos diz a si mesmo: “Sei que não tenho razão para
esperar ser livrado. Não sou rico. Se tivesse alguns parentes ricos... Podia
ser achado louco e solto... Se eu tivesse a educação de alguns homens, podia
contar com alguma consideração. Não sou um homem de prol ou posição; sou um
homem sem mérito e influência, logo não posso esperar que eu seja selecionado
como um a ser salvo. Não; Creio que se as autoridades presentes de nossa
sociedade fossem as pessoas a serem levadas em consideração, um homem que fosse
pobre pudesse ter uma oportunidade muito escassa de esperar qualquer livramento
gracioso; mas, quando Deus é o grande soberano, o caso é diferente; porque,
quando argumentamos assim: Eis-me aqui, minha salvação depende inteiramente da
vontade de Deus; há alguma oportunidade para mim? Notamos a lista dos que Ele
salvou e achamos que Ele salva o pobre, o analfabeto, o ímpio, o ateu, o pior
dos piores, as coisas vis e as desprezadas. Bem, que dizemos? Então por que Ele
não me salva a mim? Por que não me salva? Se não devo procurar alguma razão em
mim mesmo, porque devera salvar-me? Nunca acharei qualquer razão e,
conseqüentemente, nunca terei esperança. Mas se é para eu ser salvo em razão
alguma, sendo que Deus quer salvar-me, ah! Então há esperança para mim.
Aproximar-me-ei do gracioso Rei; farei como Ele me ordena; confiarei no Seu
querido Filho e serei salvo”. Assim esta doutrina abre a porta da esperança ao
pior dos piores e as únicas pessoas a quem desencoraja são os fariseus, que
dizem “Senhor, graças Te dou que não sou como os demais homens”. Estes
espíritos orgulhosos que dizem: “Não; se não sou salvo por alguma coisa boa em
mim mesmo, então serei condenado!” “como condenados serão, e com uma vingança,
também” (Spurgeon’s Sermons, Vol. 8, pág. 236).
B. “Mais ainda, não vedes, caros
amigos, como a doutrina da eleição conforta o pecador no assunto de poder? Sua
queixa é: “Acho que não tenho poder para crer; não tenho poder espiritual de
espécie alguma”. A eleição curva-se e segreda ao seu ouvido: “Mas, se Deus quer
salvar-vos, Ele dá poder, dá vida, dá a graça;” portanto, desde que Ele deu
poder e força a outros tão fracos como vós, porque não vós? Tenha coragem; olhe
para a Cruz de Cristo e viva”. (Ibid. pág. 237).
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