quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

ESTUDOS BÍBLICOS

A Unidade da Igreja na Cidade


Introdução

Talvez a pessoa que mais influenciou nos últimos 50 anos, sobre o tema da UNIDADE DA IGREJA foi Watchman Nee, com seu livro A Igreja Normal. No fim da década de 30 ( 55 anos atrás) , se editou o livro em Chinês. Logo se traduziu para o Inglês e em meados da década de 60 (30 anos atrás) , tivemos o livro em nossas mãos para os leitores de língua espanhola.

No início do livro já Nee adverte o leitor que: Não se deve fechar a porta com um golpe de "impossível", "ideal porém impraticável". Tal qual é o que tem sucedido com muitos que o leram, hoje está se passando o mesmo com outros que escutam falar sobre tema. Porém o Espírito Santo inquietou a alguns para que como profetas levantem sua vós e falem sobre a UNIDADE DA IGREJA. Alguns o fazem com veemência e fé, e outros são como uma vós no deserto que apenas se ouve. O certo é que hoje não são poucos os que crêem que esta é a palavra de Deus, e que o Senhor vai unir o seu povo. Cada vez são mais os que crêem que João 17 e Efésios 4 terá cumprimento antes da vinda do Senhor. Hoje, as barreiras denominacionais não são tão rígidas como anos atrás. Os pastores de uma mesma localidade se reúnem, se buscam, sentem necessidade uns dos outros, se apreciam, e os irmãos querem estar juntos. Só o Espírito Santo pode fazer isso.

A forte ênfase do livro de Nee ( que é bíblico ) é que em cada localidade não pode haver mais do que uma só igreja. O pensar em duas ou mais igrejas em uma localidade é totalmente antibíblico. O problema que temos nós seres humanos é que, quando nos acostumamos com o anormal e damos por definitivo , então o normal nos parece anormal.

A palavra Igreja e seu uso no Novo Testamento

A palavra igreja vem do vocábulo grego "Ekklesia", que aparece 114 vezes no N. Testamento.

• No singular aparece 17 vezes referindo-se a IGREJA UNIVERSAL. Mt 16:18; Ef 1:22; Cl 1:18; etc.

• No singular aparece 49 vezes referindo-se a IGREJA LOCAL. Mt 18:17; I Cor 1:2; etc.

• No plural aparece 38 vezes e se refere as IGREJAS LOCAIS de diversas localidades. Atos 9:31; II Cor 11:8; Apoc 1:4 e 11; etc.

• Aparece 10 vezes em várias formas. Rom 16:5; Heb 12:23; Atos 19:32,39,40.

A Igreja na Cidade

Nos tempos dos primeiros apóstolos e pais da igreja, a totalidade dos crentes que viviam em uma cidade formavam a ÚNICA igreja daquele lugar. Não havia naqueles dias duas ou mais igrejas coexistindo simultaneamente em uma mesma localidade. Não há nenhum relato bíblico que se refere a pluralidade de igrejas em uma mesma localidade.

No capítulo 11 do livro de Atos se relata o nascimento da igreja em Antioquía. É a primeira comunidade mista onde não existe a parede de divisão, entre Judeus e gentios. Esta mistura , permite ter uma visão mais ampla da extensão do Reino de Deus. Com uma clara visão apostólica, a igreja de Antioquía chega a ser a mais missionária daqueles tempos. Barnabé e Paulo saem de Antioquía fundando as igrejas por todo mundo conhecido. Ao cabo de alguns anos , encontramos a igreja do Senhor em cidades ou localidades como Iconio, Listra, Filipos, Tessalonica, Eféso, Corinto, etc. Em cada localidade fundaram uma só igreja. A nenhum dos apóstolos fundadores havia ocorrido levantar "outra" igreja se já existia uma em cada localidade.. Quando Apólo chegava a uma cidade, não se lhe ocorria levantar "outra igreja" de acordo com seu estilo. Se assim o fizesse estaria realizando uma divisão no corpo de Cristo.

• A igreja mencionada nas Sagradas Escrituras está fundada sobre o princípio de que em cada cidade deve haver uma só igreja.

Para eles era improcedente, por estar reunido com a mesma natureza da igreja, pretender edificar "outra igreja" na mesma localidade quando já havia uma. Tal pretensão supõe atentar contra o corpo de Cristo. Este princípio foi tão claro para os apóstolos que as igrejas se denominava pelo nome da localidade. A única maneira de identificar uma igreja determinada era pelo nome da cidade em que estava:

• "a igreja que estava em Jerusalém" ( At 11: 22)

• "a igreja que estava em Antioquía,"( At 13:1)

• "a igreja de Deus que está em Corinto". ( I Co 1:2 e II Co 1:1)

• "a igreja em Éfeso.... a igreja em Esmirna.... a igreja em Pérgamo.... a igreja em Tiatíra..... etc. ( Ap 2:1, 8, 12, 18...).

Isto deixa muito evidente duas realidades que estamos sustentando:

O nome da cidade dava a cada comunidade a sua identidade. Em cada cidade havia uma única igreja , pois nunca se disse no Novo Testamento: ".... as igrejas que estão em uma determinada cidade." Em outras palavras, a totalidade dos filhos de Deus que viviam em uma cidade formavam a única igreja dessa cidade.

Interpretações errôneas sobre a unidade da igreja

Quando se fala sobre a unidade da igreja, muitos interpretam erroneamente o que isto significa, não porque haja má intenção senão porque nosso contexto de igreja nos desorienta. A situação de anormalidade na qual vivemos não nos permite compreender com clareza como pode funcionar uma igreja em cada localidade. É necessário atuar com paciência e maior dependência do Espírito Santo para que Ele clareie nossos pensamentos e ilumine o nosso espírito.

• Um erro comum é pensar que a igreja da localidade deve funcionar em um só edifício. Estão tão ligado ao conceito igreja-edifício que parece que não se pode pensar em uma só igreja na localidade sem imaginar a todos em um só edifício. Temos que repetir até cansar que o edifício não é a igreja; sem parar, se segue chamando ao edifício com o termo "igreja". Isto faz com que se continue se associando igreja com edifício.

• Outro erro é pensar que todos temos que ser membros da mesma instituição. Todavia é comum pensar que se somos da mesma denominação somos um. Esta herança ficou na igreja pelo ensinamento tão marcado de que cada organização tinha que levantar uma congregação em cada povo ou cidade, ainda que já tivesse outros grupos cristãos estabelecidos, considerando normal as divisões, e que só tinha que manter a unidade denominacional. Graças a Deus, muitos pastores, sem necessidade de romper seus vínculos denominacionais, estão relacionando-se cada vez mais com outros pastores da localidade; não obstante, há outros líderes que Deus está levando há uma relação mais estreita com os pastores de sua cidade, quebrando as barreiras mais tradicionais.

• Um erro todavia mais sutil é pensar que a unidade da igreja em uma cidade consiste em reunir a todos os membros da igreja em uma reunião dominical ou semanal. Por supor que fazer reuniões conjuntas periodicamente que é muito bom; porém seria um erro pensar que a unidade da igreja é fazer reuniões com todo o povo. Bem no começo da renovação nos libertamos da associação igreja-edíficio; porém muitos não conseguem libertar-se da associação igreja-reunião. A reunião conjunta é uma expressão da igreja, porém não é a única nem fundamental. Por muitos anos, a igreja por causa da perseguição não podia ter uma só reunião para expressar sua unidade; não obstante, funcionava como uma só igreja.

Não confundamos a unidade da igreja com estar todos debaixo de um mesmo teto, nem com uma só instituição legal, nem tampouco com a reunião . Nosso contexto de igreja é o que nos condiciona a pensar que esta conduta coletiva é a mais importante expressão da unidade da igreja.

A Igreja: Um só Corpo

A igreja deve funcionar em cada localidade como UM SÓ CORPO. Ao pensar na igreja como UM SÓ CORPO nos liberamos de limitar a unidade da igreja a edifícios, reuniões ou instituições. E abrimos nossa mente a multiforme sabedoria de Deus para entender o funcionamento da igreja da cidade. Quando pensamos em um corpo, pensamos em algo dinâmico, não estático; flexível , não rígido; adaptável, dócil. A figura do corpo é muito eloqüente e funcional; porque uma vez que em um corpo, estão todos os seus membros sujeitos uns aos outros formando uma unidade orgânica. Paulo declara em Efésios 4: 16 "do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, ..." Quando pensamos na igreja como corpo, fica mais claro que há coisas que são circunstanciais . Pode celebrar-se na localidade uma reunião, ou dez reuniões, ou cinqüenta reuniões em lugares diferentes. Podem ter um edifício, ou muitos edifícios, ou nenhum. Todas estas coisas são circunstanciais. O ser uma só igreja na cidade não depende destas coisas que estamos considerando. Porém é fundamental que a igreja em cada cidade chegue a "SER" UM SÓ CORPO, de um modo real, funcional e visível .

• I Co 12: 20 Agora, porém, há muitos membros, mas um só corpo.

• I Co 12: 27 Ora, vós sois corpo de Cristo, e individualmente seus membros.

• Ef 1: 22,23 e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas.

• Cl 1: 18 também ele é a cabeça do corpo, da igreja; .....

Os Apóstolos: ( Anciãos ) Fator de Unidade

Jesus Cristo é o cabeça da igreja. Ele é quem governa e tem toda autoridade. Ele é quem cobre, santifica e sustenta. Portanto a autoridade da igreja é uma autoridade delegada e está diretamente relacionada com a submissão que se manifesta ao cabeça; porém, fundamentalmente, a submissão aos Apóstolos ( anciãos = mais experientes ), já que estes são os guias e canais para abençoar o povo.

Quando os reis de Israel faziam a vontade de Deus, e o povo seguia essa linha de conduta, e honravam o Senhor Ele os abençoava. Por outro lado quando os reis viviam conforme os seus próprios caminhos, o povo sofria as conseqüências e se apartava do Senhor. No concílio de Jerusalém se reuniram os apóstolos e anciãos para tratar sobre o tema da circuncisão. Logo, comunicaram a igreja o seguinte: "nos pareceu bem a nós e ao Espírito Santo...."

Em Antioquía foi o Espírito Santo que falou aos líderes da igreja acerca de Paulo e Barnabé. Essa relação com o Espírito Santo é que outorga autoridade aos apóstolos e anciãos para conduzir o povo nos propósitos de Deus e levar a igreja ao cumprimento de sua vontade.

A vontade de Deus é a UNIDADE DA SUA IGREJA. Os líderes da igreja podem ser um meio para unir o povo do Senhor ou para dividir ainda mais a casa de Deus. Os pastores de cada localidade devem funcionar como um só presbitério. Deus nos conceda graça para sermos fator de unidade.

A Igreja : Um só Fundamento

A preocupação do apóstolo Paulo foi a unidade da igreja em uma mesma localidade. Não há nenhum conceito que permita que os crentes de uma mesma localidade se dividam, formando grupos em torno do ministério de diferentes apóstolos. Alguns diziam "eu sou de Paulo", outros "eu sou de Apólo", ou "eu sou de Cefas", o " eu sou de Cristo". O apóstolo declara: "Ninguém pode por outro fundamento além do que já esta posto, o qual é Jesus Cristo".

Cuidados e Advertências

A unidade da igreja não é a unidade da "vassoura" onde se ajunta tudo: tudo que se chama "igreja", tudo que se chama "cristão".

• A unidade se dá com aqueles que são da mesma espécie: com quem deve ser?, com somente os evangélicos? , com os protestantes? , com os católicos?, com quem?, com os que nasceram de novo? Ainda que alguns digam que tiveram uma experiência de conversão, ainda que digam que nasceram de novo, hoje constatamos que isso não é nenhuma garantia de que são filhos de Deus. Jesus nos ensinou a diferenciar entre os que "são" e os que se "dizem"; Jesus disse: POR SEUS FRUTOS OS CONHECEREIS. O santo só se une com o santo. A espiritualidade na igreja trará como conseqüência a unidade. Se quisermos unir o carnal com o espiritual, provocaremos mais divisão. A casa de Saul e a casa de Davi não puderam marchar juntas, porém na medida em que o espiritual vai se fortalecendo a carne irá se debilitando e alcançar-se a maior unidade.

• A unidade vem com o reconhecimento de autoridade. A unidade não deve dar-se só porque estamos de acordo. Estar de acordo é necessário, como é a santidade e a integridade. Porém também é necessário o reconhecimento de autoridade. Sempre me chamou a atenção Atos 8:1, onde se diz: "que todos foram dispersos, exceto os apóstolos". No meu entender esta unidade apostólica foi o ponto de referência para a unidade da igreja. Também a atitude de Paulo, que não decide por sua própria conta a não circuncisão dos gentios, senão que sobe a Jerusalém para tratar do assunto com os demais apóstolos, reflete a unidade que havia na igreja. Isto se dava pelo reconhecimento do princípio de autoridade. Paulo podia ter decidido por sua própria conta nas igrejas que havia fundado e que estavam sob os seus cuidados; porém consciente de que a igreja é uma, se submete a toda autoridade. Logo, o apóstolo Pedro em sua carta reconhece o ministério e a revelação que havia em Paulo, o apóstolo; o reconhecimento desta autoridade mantinha e deixa evidente a unidade que havia na igreja . Devemos reconhecer os ministérios e os dons que Deus vai levantando na localidade onde residimos se quisermos alcançar a unidade.

Nossa Vocação Pela Unidade

Por causa das divisões da igreja temos empobrecido. Os ricos recursos ministeriais do corpo de Cristo estão dispersos. A maioria das congregações tem um ministério uni-pastoral ( singular) . Um só homem não reúne em si mesmo todos os dons e ministérios. Estamos desarticulados. Não funcionamos como um corpo. A bíblia nos fala de diversidade de ministérios. Onde estão? Onde estão os apóstolos e os profetas? Onde estão os que pastoreiam os pastores? Todavia não existe suficiente consciência de que um dos grandes dramas da igreja é a solidão ministerial? Até quando seguiremos assim? A igreja em cada localidade deve funcionar como um só corpo. Deve assumir, com todas as congregações do lugar, sua IDENTIDADE como A IGREJA DA CIDADE, pois tão somente em unidade poderá cumprir com sua missão integral no mundo.

Se juntos aos nossos irmãos da localidade assumimos nossa responsabilidade de que somos luz e sal, os problemas da cidade se tornam nossos problemas e assumimos nosso compromisso. Os pobres, os órfãos, as viúvas que estão desamparadas, as crianças e anciãos abandonados, os que sofrem injustiças, etc. , serão o peso da igreja da cidade.

Porém quando vemos todos estes problemas, e estamos sós nos apavoramos e dizemos: impossível para a nossa congregação. Porém quando enfrentamos em conjunto com os demais irmãos, PODEMOS; porque no corpo estão todos os recursos. Por causa da divisão estamos gastando mal os nossos esforços e duplicando os nossos trabalhos. NECESSITAMOS DA UNIDADE.

• Não nos resignemos a uma igreja dividida, como inimigos guerreando.

• Não nos conformemos com o fato de nossas congregações estejam mais ou menos bem.

• Não aceitemos a teologia da resignação, que diz que somos um em espírito.

• Não condenemos aquele que não vê, não compreende, ou que não tem fé. Só Deus pode revelar a sua palavra.

• Cremos que a unidade da igreja tem que ter sua expressão prática na localidade e que todos os crentes da cidade formam um só corpo.

• Cremos que Deus paulatinamente irá restaurando a unidade de sua igreja em cada cidade ou povo.

• Cremos que Deus previamente através do Espírito Santo, nos levará a um nível de santidade e espiritualidade que fará DESEJAVEL a unidade.

• Cremos que Deus fará, pois a unidade da igreja é um milagre tão grande que só Deus pode fazer.

• Cremos que a cruz irá operando em cada um dos pastores, depondo toda atitude carnal que impede a unidade.



A Edificação da Igreja



O plano de Deus é edificar a Igreja; isso é o que Deus se propôs. Interessa a todo arquiteto que seu projeto se realize exatamente conforme foi projetado. E isso é o que o Senhor quer. Agora. Como se edifica a Igreja? Eu quero destacar seis coisas que Paulo mostra de maneira direta ou indireta em sua 1a. epístola a Timóteo.

O Amor

A primeira coisa que Paulo mostra a Timóteo é que a Igreja se edifica pelo amor. “Pois o propósito deste mandamento é o amor nascido de coração limpo, e de boa consciência, e de fé não fingida” (1Tm1:5). Paulo está dizendo: “Timóteo, cuidado com todas as palavras e os ensinos que geram disputas e não realizam o plano de Deus; não é a edificação de Deus”. Também foi Paulo quem disse: “o conhecimento envaidece, mas o amor edifica” (1Co8:1). É importante que tenhamos conhecimento e que possamos transmitir, mas somente o conhecimento, pode nos envaidecer. Paulo não está defendendo a ignorância, está defendendo o amor. O amor edifica. E se ao amor agregarmos conhecimento, Maravilhoso! Mas o importante aqui é o amor. Em Efésios 4 Paulo diz: “todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função”

A Igreja se edifica em amor. Irmãos, podemos ter grandes revelações, podemos ter tal fé que transporte montes, podemos conhecer todos os mistérios e ter todos os dons e carismas, mas sem amor, de que nos serve? Seremos como o metal que ressoa ou o címbalo que retine. Nada pode suplantar o amor. Deus é amor, e onde há amor Deus está, e no meio da fraternidade edifica a Igreja. Se tu queres contribuir para a realização do plano de Deus, ama a teus irmãos! O amor edifica. A Igreja vai se edificando em amor.

O que é edificar? Além do conceito da edificação individual, edificar significa unir pedra com pedra. Alguém pega uma pedra, lhe põe argamassa e a une a outra pedra. Edificar é unir pedra com pedra, e assim vai se levantando a parede. E disse o apóstolo Paulo: “Qual é o vínculo perfeito que vos une? O amor!”. Assim, quando estamos amando-nos, a Igreja está se edificando. Não é por muitas e eloqüentes palavras. A palavra tem seu lugar, com já veremos, mas primeiro vem o amor.

Agora, irmãos, o amor é fruto do Espírito. Esta palavra “amor”, vocês já sabem, é ágape, que é amor de Deus. É um amor que pensa no bem do outro, que se sacrifica para o bem do outro, que se entrega, que procura de todas as maneiras servir, abençoar. Isso é o que Deus fez conosco. Esse ágape, disse Paulo, “foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo”. Deus é amor. O espírito Santo é Deus morando em nós. E como Deus é amor, o Espírito Santo é amor. Ele derrama este amor em nossos corações, e este amor flui, nasce, brota, de um coração limpo. “O propósito deste mandamento é o amor nascido de coração limpo”, disse Paulo, “de boa consciência, e de fé não fingida”.

Jesus disse, falando do Espírito Santo: “o que bebe da água que eu lhe der, se fará nele uma fonte que jorra para a vida eterna”. Também disse: “Quem crê em mim, do seu interior fluirão rios de água viva”.E Paulo disse que é o amor nascido de um coração limpo. Este é o Espírito Santo morando em nós, a vida de Deus fluindo para os irmãos, para os novos, para os antigos, para todos. Este é o amor do Senhor.

Quando pecamos, o Espírito se entristece em nós. Ele é muito sensível e deixa de fluir. Se apaga. Por isso diz: “o amor nascido de coração limpo”. É importante manter o coração limpo. E diz também “de boa consciência”. O que é uma boa consciência? É esse conhecimento que temos de nós mesmos. Quando pecamos, o Espírito se entristece, se apaga. Nossa consciência, se é boa, quer dizer, se funciona bem, nos chama a atenção. Quando pecamos, acende-se uma luz vermelha em nosso interior. É como o apito do árbitro que soa em uma partida. É importante que obedeçamos a nossa consciência. Quando ela nos diz: “o que fizeste é errado, o Espírito se entristeceu dentro de ti”, precisamos obedece-la.

Não somos perfeitos, todos pecamos. Muitas vezes pecamos com palavras. A própria palavra do Senhor nos insta a não pecar, mas se pecamos, indica qual é o caminho para limpar nosso coração. Se pecamos, ofendemos, lastimamos, mentimos, roubamos, ou fizemos qualquer coisa que desagrada a Deus. Necessitamos obedecer nossa consciência, obedecer também a Deus e confessar nosso pecado. Se não obedecemos, a consciência segue dizendo-nos: “O que fizeste está errado”. Mas se endurecermos o coração ao chamado da consciência, vamos ficando insensíveis.

Parece que quando pecamos, a consciência atua mais forte, e se não a atendemos, vai suavizando, até que pode chegar o momento em que já é uma coisa muito leve que acontece conosco. Temos que tomar o cuidado de não rejeitar o trabalho da nossa consciência.

Veja o que disse Paulo a Timóteo nos v18 a 20: “Timóteo, meu filho, dou-lhe esta instrução, segundo as profecias já proferidas a seu respeito, para que, seguindo-as, você combata o bom combate, mantendo a fé e a boa consciência que alguns rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé. Entre eles estão Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para que aprendam a não blasfemar”. Este quadro é tremendo. O que é que eles rejeitaram? Himeneu e Alexandre parece que pecaram, e suas consciências eram boas. Ela os advertiu uma e outra vez, mas eles a rejeitaram, e ao rejeitarem a consciência, naufragaram na fé.

Que tem a ver a fé com a boa consciência? Tem muito a ver, porque a fé também é fruto do Espírito. É o Espírito que produz em nós o amor e é o Espírito que produz em nós a fé. E aqui Paulo usa uma figura marítima, o naufrágio. Sabe como se produz um naufrágio? Imaginemos um bote e alguém que ai remando e de repente percebe que se fez em seu barco um pequeno furo e que está entrando água. Quando pecamos, se faz um furo em nosso bote e começa a entrar água. Que temos que fazer? Consertar, e não seguir assim. A princípio, parece que tudo vai bem, e o bote flutua. Mas continua entrando água devagar.

Assim é quando pecamos: a consciência nos adverte, e nós a rejeitamos. E seguimos pregando, seguimos cantando, seguimos orando. Parece que tudo segue igual, nada muda. Mas de um momento a outro, o que acontece com esse bote? Quando o peso da água já é suficiente, em um instante o bote afunda.

É importante ter esta prática em nossa vida: obedecer à voz da consciência, obedecer ao Senhor em Sua Palavra, confessar nossos pecados. Se você ofendeu sua esposa, seu marido, se disse alguma mentira a algum irmão, a seu patrão, ou a algum empregado, se cometeu algum pecado sexual em segredo, se viste na televisão ou na Internet alguma coisa indecente – e hoje há muita – sua consciência foi manchada, sua consciência o incomoda, você fez o que não devia, olhou o que não devia olhar. Deus não o condena, guia-o ao arrependimento.

Confesse seu pecado as pessoas envolvidas, e a um dos irmãos. “confessai vossas faltas uns aos outro,e orai uns pelos outros para serem curados”. Este amor é o que edifica a Igreja, e este amor nasce de um coração limpo, de uma boa consciência e de uma fé não fingida. Dessas coisas desviando-se alguns apartaram-se a palavras vãs, mas no coração não estão crendo no que dizem.

O amor é de Deus, não é obra nossa. É Cristo em nós. Necessitamos viver no Espírito 24 horas por dia, pra que o Espírito flua em nós e este amor edifique a Igreja.

A Oração

A segunda coisa que Paulo ensina aqui que edifica a Igreja, e não só a Igreja, mas que necessitamos também em nossa responsabilidade ante o mundo, está no capítulo 2: “Exorto-vos antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens” e segue falando como devemos orar pelos reis, pelas autoridades. No versículo 8 ele diz: “quero, pois, que os homens orem em todo lugar, levantando mãos santas, sem ira e sem discussões”. Irmãos, a Igreja se edifica pela oração. O que é a oração? É o testemunho mais eloqüente de nossa incapacidade e debilidade.

Por que oramos? Nós não podemos edificar a Igreja, não podemos sequer converter um menino de oito anos, nem podemos transformar o pecador. Não podemos dar crescimento; podemos plantar e regar, mas não podemos dar crescimento. Podemos pregar, mas não podemos dar espírito de sabedoria e revelação. É obra de Deus.

A edificação da Igreja é obra de Deus, não é obra humana. E nós temos que orar como testemunho de humildade e incapacidade. “Senhor eu não posso. O único que pode edificar, o único que pode mudar, transformar, visitar, abençoar, revelar, dar dons, és tu!”. Nos prostramos diante Dele para dizer: “Senhor, se tu não fizeres, ninguém pode fazer”. Temos que orar com súplicas, petições e ações de graças.

Irmãos, para que a Igreja seja a Igreja que Deus planejou desde antes da fundação do mundo, necessitamos orar a sós, a dois, em grupos pequenos, com toda a congregação, e em todo lugar. Paulo disse: “quero que os homens orem em todo lugar”. Irmão, quando comes, oras; quando diriges, oras; quando trabalhas, oras; quando vais, quando vens, quando caminhas, quando dormes... Em todo tempo podes estar orando, ao deitar-te ao levantar-te. A Igreja se edifica pela oração.

O Exemplo

Terceira coisa. Ao ler está epístola encontro algo muito importante: A Igreja se edifica pelo exemplo, pelo bom exemplo. Jesus era exemplo em tudo aquilo que ensinava. Ele podia dizer a seus discípulo: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”, “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Amados, a Igreja se edifica pelo exemplo.

No capítulo 3, Paulo diz a Timóteo: “Se alguém deseja ser bispo , deseja uma nobre função. É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, moderado, sensato, respeitável, hospitaleiro e apto para ensinar..." em outras palavras, em resumo: que seja um exemplo na Igreja. É o que Pedro disse em sua primeira epístola, no capítulo 5. A Igreja se edifica por modelos. Nós que estamos a frente, e todos que temos alguma responsabilidade, e todos que temos que ensinar a outros. A forma de edificar a Igreja é através do exemplo.

Por que? Porque as pessoas não vão seguir seu ensino, vão seguir seu exemplo. Você pode, no início, impressionar bem aos novos com seu ensino e pregação, mas com o tempo vão seguir seu exemplo. Assim, Paulo nos diz como tem que ser os anciãos ou bispos, como tem que ser os diáconos, como tem que ser a mulheres, e finalmente diz a Timoteo: “Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza”. Timóteo, sim, tens que ensinar; sim, tens que instruir, mas é fundamental que seja um exemplo. A Igreja se edifica pelo exemplo.

Vejam, irmãos, estive estudando esta carta, e encontro muitas virtudes de caráter que se mencionam aqui. Virtudes de caráter. O que é caráter? É o que nós somos, nossa forma de ser. Não é tão importante o que fazemos, mas sim o que somos, como somos e atuamos. Nestes 6 capítulos são mencionadas cerca de 60 virtudes de caráter. Desafio você a encontra-las e estuda-las. Só quando se fala de bispos e diáconos, há um montão de virtudes de caráter, e a Timóteo fala várias outras. Não temos tempo para entrar em detalhes, mas em essência, Paulo está afirmando este princípio: A Igreja se edifica primeiro pelo amor, segundo, pela oração, terceiro, pelo exemplo.

Que equivocadamente nos têm ensinado: “Não tem que olhar para os homens, tem que olhar para Cristo”. E quanto de nós, pastores, dissemos nos anos de nossa ignorância ministerial: “Não olhe para mim, olhe para Cristo”. Paulo não dizia isso. O que ele dizia? “Sejam meus imitadores como eu sou de Cristo”. Se você critica os irmãos ausentes, os novos vão aprender a criticar, se você critica quem não está presente, seus filhos vão fazer o mesmo. Se você reclama, os que estão próximos a você vão aprender a reclamar. Se fala palavras de esperança, de fé, de ânimo, de vitória... Ensina com o exemplo. Como nós somos, assim serão as gerações que virão.

Paulo diz a Timóteo: “Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso”, falando do amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males, “e busque a justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão”. Se você é egoísta, os que virão serão egoístas; se você é avarento, isso se imporá sobre a Igreja. Se você é generoso, dadivoso, serviçal, os que te seguem vão aprender a ser assim também. Os que vêm do mundo estão olhando e observando, e necessitam referência. A Igreja se edifica pelo exemplo. “Seja exemplo para os crentes”. Em que? Em tudo! Em palavra, em conduta, em amor, em espírito, em fé, em pureza. Tudo que quiser ver nos outros, seja exemplo do que você entende que deve ser a Igreja.

A Palavra

A Igreja se edifica pelo amor; segundo, pela oração; terceiro, pelo exemplo, e finalmente chegamos onde queríamos chegar: a Palavra. Mas se há palavra e não há amor, oração, exemplo; estamos desperdiçando a palavra. Então, o que é importante é o que dissemos até aqui: o amor que nasce de um coração puro, a oração e o exemplo. Agora prossigamos para a Palavra.

Paulo, vez após vez, fala aqui da santa doutrina. E no capítulo 4 diz: “Se você transmitir essas instruções aos irmãos, será um bom ministro de Cristo Jesus, nutrido com as verdades da fé e da boa doutrina que tem seguido. Rejeite, porém, as fábulas profanas e tolas, e exercite-se na piedade...esta é uma palavra fiel e digna de plena aceitação...ordene e ensine estas coisas... dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino. Não negligencie o dom que lhe foi dado por mensagem profética com imposição de mãos dos presbíteros...atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem”.

A Palavra de Deus chega a nós de duas maneiras: Jesus pregava e ensinava. Também curava os enfermos, mas quanto à palavra, é dito várias vezes: “Jesus pregava e ensinava”. As duas coisas são necessárias. Vou explicar assim: a palavra de Deus chega a nós de dois modos diferentes: como verdade e como mandamento. Por exemplo, se eu digo “Cristo morreu por nossos pecados”. O que é isso? Verdade ou mandamento? Verdade! Se eu digo “Ama a teu próximo como a ti mesmo”, é um mandamento.

Nas Escrituras, a soma de todas as verdades, se chama kerigma em grego. E a soma de todos os mandamentos se chama didaké. A palavra didaké está traduzida por doutrina ou ensino. A palavra kerigma está traduzida por pregação. E Paulo diz no capítulo 2 v7 que o Senhor o constituiu “pregador e apóstolo, digo a verdade, não minto, mestre da verdadeira fé entre os gentios”. Apostolo significa enviado; pregador vem de kerigma. Em grego ao pregador se diz kerus, e ao mestre didaskalos, que vem de didaké.

O kerigma é a proclamação da verdade, que revela a pessoa de Cristo e a obra de Cristo. A verdade afirma, o tom é afirmativo. O mandamento por sua vez tem tom imperativo, dá ordens, revelando a vontade de Deus. Portanto, o kerigma proclama e revela a Cristo, sua pessoa e sua obra, a didaké revela a vontade de Deus para nós.

Para sua edificação a Igreja necessita destas duas coisas. O kerigma revelando a Cristo, e a didaké revelando a vontade de Cristo para nós. Quando alguém proclama o kerígma, o kerigma exige fé. O mandamento exige obediência.

A didaké é simples, é clara, direta. Todos a entendem. Toca todas as áreas da vida: família, trabalho, sexo, dinheiro, adoração, serviço, relacionamento com as pessoas, relacionamento com Deus. A didaké equivale à parte moral da lei, é equivalente aos Dez Mandamentos, porém mais aprofundados. O objetivo da didaké é fazermos como Cristo; por isso sempre diz: “como Cristo”, ou “como eu amei a vós”, “maridos, amem suas esposas... como Cristo amou a Igreja”.

Tanto didaké como kerigma são palavra de Deus e revelam a vontade de Deus para todos nós. Seu conteúdo não se impõe pela lógica ou raciocínio, mas pela autoridade de Jesus. “Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer”, é um mandamento. Obedecemos. Ele é o Senhor.

Necessitamos conhecer a didaké e encarná-la em nossas vidas, vive-la, e divulga-la. E, irmãos, o mais maravilhoso é que a didaké não é uma coisa interminável. A didaké é relativamente breve. Em Mateus 5, 6 e 7, três capítulos, está a didaké de Jesus. E se quisermos completá-la um pouco mais, podemos agregar Efésios 4, 5 e 6. Temos assim, 80% de toda didaké do Novo Testamento. É uma coisa simples, mas profunda, que comunica a vontade de Deus! E se quisermos completar um pouco mais e chegar a 90% da didaké, podemos agregar Romanos 12, 13, 13, 15 e 16. Temos então dez capítulos do Novo Testamento e quase toda a didaké está contida aí, mandamentos que revelam a vontade de Deus.

Mas não podemos somente dar a didaké, temos que dar o kerigma. Não podemos dar somente o kerigma, temos que dar também a didaké. Estas duas coisas têm que caminhar juntas para edificar a Igreja. Só com o kerigma, nos inflamamos, nos entusiasmamos. Somos abençoados no momento, mas fica tudo ali, na glória do momento, na inspiração do kerigma. Mas temos que descer do kerigma para a didaké, para a vida prática. No kerigma há dynamis, há poder de Deus para nós. Na didaké está a vontade de Deus para nossa vida prática e cotidiana. Assim se edifica a Igreja

Para dar um exemplo, muitas vezes comparamos o kerigma com a locomotiva de um trem, e a didaké com os vagões. É muito difícil puxar os vagões sem uma locomotiva. Mas, para que serve a locomotiva, se não para levar os vagões? O importante é que os vagões cheguem ao destino. E assim, os mandamentos de Deus sem a locomotiva que é o kerigma podem ficar muito pesados, muito incômodos, difíceis e impossíveis de cumprir. Mas Deus mandou seu Filho. Bendito seja o Senhor! “É Cristo és vós... já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim”.

A didaké diz que você tem que abençoar os que lhe maldizem, perdoar os que lhe ofendem. Essa é a didaké, o mandamento.E o kerigma diz: “já não sou eu quem vive, mas cristo vive em mim”. Então, como vou obedecer o mandamento? Através de Cristo que vive em mim. A didaké sem o kerigma seria uma coisa muito pesado, difícil de cumprir; mas só o kerigma, sem a didaké, ficaríamos só no entusiasmo, sem concretizar na vida prática. Por isso, Paulo põe este equilíbrio, e mostra a Timóteo o que realmente ele tem que fazer.

A Autoridade de Deus

A quinta coisa que encontro nesta carta é a autoridade, a autoridade de Deus. Quero explicar. Paulo tem uma clara visão do Reino de Deus. Ele proclama nesta carta uma vez após outra Jesus Cristo como o Kyrios, o Senhor. O Kyrios significa a autoridade absoluta, o dono. Ele proclama no versículo 1:17, em uma doxologia mui linda: “Portanto, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único e sábio Deus, seja a honra e a glória pelos séculos dos séculos. Amém”.

Ele é o Rei. A autoridade do Rei. E no capítulo 6 há outra doxologia tremenda. Diz: “a qual Deus fará se cumprir no seu devido tempo. Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A ele sejam honra e poder para sempre. Amém”. No Império Romano, todos os imperadores morriam, mas Paulo estava falando de Um que é imortal, é invisível,

Os imperadores romanos eram visíveis, mas todos eles eram mortais e se foram. Mas há um só que é soberano, Rei dos reis, e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível! “Ai qual seja a honra e o domínio para sempre”. Que quer dizer para sempre? Por toda a eternidade. Assim, ao escrever isto, Paulo tinha uma visão muito clara do Reino de Deus, a autoridade de Deus e o Senhorio de Jesus Cristo.

Pois Deus, que é a suprema autoridade, deu toda a autoridade a seu Filho, o Kyrios, o Senhor. E Cristo deu autoridade aos apóstolos. Assim, Paulo, que é apostolo, é autoridade delegada por Deus, é pai espiritual de Timóteo. E Timóteo é seu filho espiritual. Aqui há autoridade. E lhe diz: “Te mandei a Éfeso, te roguei que fosses a Éfeso”. E o tom que fala, ainda que amável e amoroso, é de autoridade, e lhe instrui o que tem que fazer e o que não tem que fazer. “Este mandamento, filho Timóteo, te encarrego, rejeita isso, evita aquilo”. Está lhe dando, com autoridade do Senhor, tudo o que ele tem que fazer e não fazer.

A Igreja se edifica pela autoridade de Deus. Essa autoridade vem de Deus a Cristo, de Cristo aos apóstolos e dos apóstolos, neste caso, a Timóteo, um filho espiritual, a quem envia a Éfeso. Paulo o envia e Timóteo obedece. Alguns dizem: “Não, não, não; eu obedeço a Deus”. Não só a Deus. Tem que obedecer a Deus e aos pais, aos apóstolos, aos pastores. Há autoridade na casa de Deus.

A Igreja se edifica por autoridade. Hebreus 13:17 diz: “Obedecei a vossos pastores porque eles velam por vossas almas”. Veja em 1Tm5:20 outra exortação: “Aos que persistem em pecar repreende-os diante de todos para que os demais também temam”. Repreende diante de todos? Sim. A quem? Não ao que peca uma vez ou ao que peca duas vezes. Este pode admoestar pessoalmente. Mas ao que persiste em pecar, que quer seguir pecando, repreende-o diante de todos.

Agora, no exercício da autoridade não pode haver prejuízos. Como diz: “Eu o exorto solenemente, diante de Deus, de Cristo Jesus e dos anjos eleitos, a que procure observar essas instruções sem parcialidade; e não faça nada por favoritismo. Não se precipite em impor as mãos sobre ninguém e não participe dos pecados dos outros. Conserve-se puro.”. No uso da autoridade não pode haver abuso, nem prejulgamento, nem parcialidade.Tem que ser algo puro como o senhor realmente quer.

Se não há autoridade, o ensino se perde. Se não sabe, ensina-o. Se sabe e pratica, anima-o, alegra-te com ele. Se não pratica, admoesta-o e relembra-o. Se peca, na primeira vez admoesta-o, na segunda repreende-o. E assim, com tudo que o senhor nos instrui. Se não há autoridade o ensino se perde.

Quando há autoridade, os irmãos aprendem que tem que obedecer. Assim é a Igreja. È a casa de Deus e em toda Casa, e em toda família, há autoridade.

Instrução pessoal

E finalmente, o sexto ponto nesta epístola que é importante para a edificação da Igreja é a instrução pessoal ou o discipulado. Vou explicar. No capítulo 5 especialmente vê-se claramente isso. Nem todas as situações são iguais. Paulo diz a Timóteo: “Não repreendas ao ancião, antes exorta-o como a um pai; aos mais jovens, como a irmão; às idosas, como a mães; às jovens, como a irmãs, com toda pureza. Honra as verdadeiras viúvas. Mas se alguma viúva tem filhos, ou netos, aprendam estes primeiro a ser piedosos com sua própria família...”.

O que está dizendo? Não se pode tratar igualmente todas as pessoas. Cada um é cada um. Não se pode tratar um ancião como a um jovem; não se pode tratar um jovem como uma moça. É necessário um trato personalizado e adequado a cada um, segundo a graça, segundo a necessidade, segundo a pessoa, segundo a situação de cada um.

Em seguida fala das viúvas, e você pode observar ao estudar o capítulo 5 que há viúvas e viúvas. Há viúvas jovens, a quem ele recomenda que se casem de novo; há viúvas mais velhas que tem um testemunho excelente, que deve-se coloca-las na lista das irmãs que servem a igreja e precisam ser sustentadas economicamente; há outras que não. Então, não são todos iguais. Do púlpito não se pode conhecer a todos, desde uma grande reunião não se pode chegar a adequadamente a todos.

Por exemplo, um dia prego sobre a didaké que é necessário trabalhar, trabalhar materialmente, ganhar seu sustento de cada dia, e todos escutam a mesma palavra. Mas ali há um irmão que trabalha demais, e eu estou enfatizando que tem que trabalhar. Ele está trabalhando 14 horas por dia, e se sente confirmado em seu trabalho material. E há outro que é folgado para o trabalho, e esse recebe a palavra superficialmente. Não se pode alcançar a todos adequadamente em sua edificação. Aquele que está trabalhando demais, já está sacrificando sua família, está descuidando da obra, quem sabe está trabalhando demais não porque necessite mas por ambição. Este se sentirá confirmado em seu erro. O que está faltando? A instrução pessoal. Precisa conhece-lo, tem que ser pai espiritual, tem que se aproximar desse irmão com amor, com oração, com graça, mas com firmeza e dizer: “Irmão, você está trabalhando demais; não precisa trabalhar tanto”. A um você precisa dizer “Descansa!”, e a outro precisa dizer “Trabalhe mais!”.

Mas quando pregamos, a palavra é geral; faz falta a instrução pessoal. A Igreja se edifica com instrução pessoal. Cada irmão precisa ser conhecido por alguém de forma mais próxima, para instruí-lo e orienta-lo mais especificamente.

Um dia prego que o homem é o cabeça da casa e que tem que assumir a autoridade e a responsabilidade, porque Deus o colocou como cabeça. Mas acontece que tem um irmão que é um tirano em sua casa, um déspota com sua esposa, e depois de me ouvir pregar diz: “Viu o que o pastor disse? Aqui eu sou a autoridade”. E minha palavra que era palavra de Deus, didaké, em vez de ajuda-lo, confirmou sua tirania e seu erro. Sem a instrução pessoal mão se pode edificar.

Precisa conhecer, aproximar-se e dizer: “Irmão, a Bíblia diz que seja cabeça, mas você é um cabeção. Não exagere, vá mais devagar. Deus lhe deu uma esposa, escute a sua esposa as vezes. Ele lhe deu uma ajudadora idônea. Você a está anulando, a está afastando. Não é assim irmão, não é assim”. Precisa uma instrução pessoal.

Outro precisa ser fortalecido. Para uma irmã eu tive que dizer: “Irmã, não afrouxe, enfrente seu marido”, porque fazia falta dizer-lhe isso. Mas não posso ensinar isso como doutrina, era uma instrução muito particular, muito pessoal. E no capítulo 5 há muita instrução particular, pessoal, e sobre tudo o que disse a Timóteo.

Por isso, irmãos, precisamos da instrução pessoal para saber em cada situação escutar, aconselhar, exortar. Alguns necessitam ânimo, outros necessitam oração, outros apenas ser ouvidos, compreendidos, amados. As vezes não sabemos o que dizer a pessoa, damos-lhe um abraço, e choramos com o que chora, e já se vai consolando.

Assim, é indispensável para a edificação da Igreja a instrução pessoal. Cada pessoa é valiosa, cada pessoa é amada por Deus, e Ele quer chegar a cada um com sua graça, com seu amor, com sua medida justa do que cada um precisa. Amém.





A Igreja Rumo à

Sua Plenitude

INTRODUÇÃO

Desde o começo do Século XX, a Igreja tem sido muito abençoada, inspirada e avivada ao ter como referência a igreja do primeiro século, especialmente ao ler e estudar o livro de Atos dos Apóstolos. Foi assim que ' nasceu o avivamento pentecostal no começo do século passado. No segundo terço do século surgiram os movimentos de curas divinas. E no último terço do século XX nasceu o movimento carismático ou de renovação. Cada um destes movimentos contribuiu com uma nova riqueza e graça ao Corpo de Cristo em todo o mundo.

A maioria dos que estamos aqui fomos alcançados pela terceira destas três grandes ondas do século passado. Temos uma experiência bastante comum; uma visão e uma herança similares. A palavra “restauração” tem sido uma palavra-chave para muitos de nós, e um conceito importante em nossa visão e compreensão dos princípios eternos da Palavra de Deus. Nos tem ajudado muito na recuperação de verdades, riquezas, dons e práticas que a igreja lamentavelmente havia perdido através dos séculos. Contudo, o conceito de “restauração”, involuntária e inadvertidamente, pode ter produzido em nós um condicionamento ou uma limitação quanto à visão da igreja que Deus quer.

Jesus não disse “restaurarei minha igreja”, mas “edificarei minha igreja” (Mateus 16:18). Isto já vimos no ano passado. Se por “restauração” da igreja queremos dizer a recuperação dos princípios bíblicos que como igreja tínhamos perdido ou ignorado, está tudo bem. Mas se ao falar da “restauração” da igreja pretendemos voltar a ser como as igrejas do primeiro século, estamos mal. Lembremos que muitas da igrejas do Novo Testamento eram bastante problemáticas. Os coríntios eram carnais. Os gálatas se voltaram à lei. Em Éfeso havia ameaça de divisão. Das 7 igrejas da Ásia, poucas constituem um bom exemplo para nós. A própria igreja de Jerusalém não queria sair de Jerusalém, e só prejudicava os judeus.

Ao estudar as primeiras cartas escritas por Paulo, temos a impressão de que no começo de seu ministério ele tinha a idéia de que em sua geração se completaria a edificação de toda a igreja, e que Jesus voltaria rapidamente. Mas, ao estudar as cartas seguintes, como Efésios, percebemos claramente que Paulo advertia sobre os sinais futuros e que , antes do retorno de Cristo, a igreja alcançaria sua plenitude histórica:

“...para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesús.” (Efésios 2.7).

“... até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo...” (Efésios 4.13).

“...para apresentar-se a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e em defeito.” (Efésios 5.27).



O PROJETO ETERNO DE DEUS

Nossa referência absoluta para a edificação da igreja não é a igreja dos séculos passados, nem sequer a igreja do primeiro século. Nossa referência é a igreja anterior a todos os séculos, a igreja que Deus se propôs a ter antes da fundação do mundo.



A igreja é o projeto eterno de Deus

Ela não nasceu na mente de Deus há 2.000 anos, quando enviou o Seu Filho ao mundo. A igreja estava na mente e no coração de Deus desde os séculos eternos, desde “antes da fundação do mundo”.

A igreja não foi o “Plano B” de Deus depois da queda do homem. A igreja é o “Plano A” de Deus desde antes de exisitirem homens ou demônios. A queda foi um desvio, um atentado contra o projeto eterno de Deus. A redenção fez as coisas voltarem ao plano original.

A igreja é a família que Deus se propôs a ter segundo o seu beneplácito, segundo a sua vontade, segundo as abundantes riquezas da sua graça. O pecado revelou a grandeza inimaginável da graça de Deus.

Este projeto eterno de Deus que é a igreja, tem um propósito eterno, que, como um estribilho, se repete três vezes nesse extraordinário ‘magnificat’ de Paulo em Efésios 1.3-14.

“... para louvor da glória de sua graça” (v.6)

“... para louvor da sua glória” (v.12)

“... em louvor da sua glória” (v.14)

A igreja tem uma só razão de ser: manifestar neste século e no vindouro a glória de Deus.

Para que se cumpra plenamente o propósito do projeto eterno de Deus, a igreja deve ter necessariamente aqui na terra três características:

QUALIDADE – UNIDADE - QUANTIDADE

Jesus disse:

“…edificarei minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18)

Hoje, Jesus conta com todos os recursos necessários para edificar a igreja gloriosa que o Pai planejou na eternidade passada. Ele tem toda autoridade e poder no céu e na terra, e a ordem de cumprir o plano do Pai segundo Seu propósito eterno. Aleluia!

Cristo fará! Edificará sua igreja! Não qualquer classe de igreja, senão aquela que chegue a ser uma. Acabarão todas as divisões aqui na terra. Será santa. Será o fim da mediocridade, da carnalidade, do mundanismo. Deixaremos de ser crianças, alcançaremos a estatura da plenitude de Cristo. Seremos cheios de toda a plenitude de Deus. A oração de Cristo em João 17 será plenamente respondida pelo Pai. Todos seremos um. Seremos santos. E o mundo crerá que Jesus, em verdade, é o Filho de Deus. Haverá um grande avivamento mundial em meio a todas as nações. Centenas de milhares se converterão ao Senhor. Inclusive Israel crerá que Jesus é o Messias; e como disse Paulo: “Porque, se o fato de terem sido eles rejeitados trouxe reconciliação ao mundo, que será o seu restabelecimento, senão vida dentre os mortos?” (Romanos 11.15).

COMO AVANÇAR NA PRÁTICA EM DIREÇÃO À UNIDADE DA IGREJA?

A IGREJA RUMO À SUA PLENITUDE

(Plenitude-Unidade-Desenvolvimento)

Nos cabe tratar do sub-tema DESENVOLVIMENTO. Pediram-me para enfocar especificamente o desenvolvimento a caminho da unidade da igreja.

Como avançar na prática até a unidade que Deus predeterminou para sua igreja?

Como chegar mesmo à unidade da igreja?

(A frase original surgiu em inglês: “How to bring about the unity of the church”).

O PROGRAMA DE CRISTO:

A fim de executar o projeto de Deus, Cristo tem um programa: dar dons aos homens. E, com estes dons, constituir

“uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do Corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Efésios 4.11-13).

A necessidade dos apóstolos e profetas hoje

- Os apóstolos e profetas são homens que têm revelação de Deus acerca do mistério de Cristo e da igreja. Não é suficiente ter a Bíblia, lê-la, pregar sobre ela (já temos feito isto por séculos, graças a Deus!). A igreja necessita de revelação para comprender e experimentar a mensagem da Bíblia em sua plenitude. Os canais dessa revelação são os apóstolos e profetas (Efésios 3:4-5). A função dos apóstolos e profetas de hoje não é receber “novas” revelações, ou pregar “outro evangelho”, mas captar, comprender e comunicar à igreja e a outros ministérios a velha e única mensagem, que já foi revelada aos apóstolos e profetas do primeiro século, e que temos escrita no Novo Testamento.

- A responsabilidade dos apóstolos é edificar uma só igreja, não muitas igrejas. Sua função não é edificar sua igreja particular, o seu “reininho”. Isso seria trair ao Senhor e desperdiçar seu dom ministerial. Sua verdadeira função é edificar a igreja do Senhor segundo o projeto eterno de Deus. O apóstolo Paulo, ainda que se reconheça a si mesmo pai espiritual dos coríntios, sob nenhum ponto de vista permite que os coríntios se dividam alinhando-se atrás de diferentes apóstolos: Paulo, Cefas ou Apolo.

- A igreja sairá do quadro atual de divisão na medida em que surjam apóstolo e profetas conforme o coração de Deus. Homens vazios de si mesmos e de toda a ambição pessoal, que só busquem a glória de Cristo e reconheçam como único cabeça da igreja a Jesus Cristo, o Senhor.

- Qual é a característica de um apóstolo? Um apóstolo é um enviado de Deus ao mundo com uma missão específica: criar, usando os dons e a graça que Deus lhe deu, igreja onde não há igreja. Os apóstolos e profetas são homens de fé, de intrepidez, autoridade e poder. Homens humildes e pacientes, cheios de graça e amor; mas, também, homens fortes em Deus, que se esforçam para chegar a um lugar e arrancar, derrubar, plantar, colocar fundamentos e edificar, mudar a história do lugar. São pioneiros, valentes, sofridos. Muitas vezes incompreendidos, algunas vezes perseguidos. Mas nada os detém. Seguem adiante, têm uma missão, uma comissão, e não vão parar até o seu cumprimento. Hoje precisamos desta classe de apóstolos. Homens que conhecem o quadro atual da igreja no mundo. E enquanto muitos por aí dizem: “A unidade da igreja? Isso é algo impossível!”, os apóstolos têm seus olhos postos naquele que diz: “Eu edificarei minha igreja”. E declaram: “Senhor, tu o farás. És poderoso para realizar tudo que tens prometido”. São homens que crêem que a igreja crescerá em qualidade, em unidade e que milhões e milhões virão a Cristo e serão parte dessa única e gloriosa igreja do Senhor!

A necessidade da revelação hoje

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele...” (Efésios 1.17-18).

Precisamos de revelação para ver que a divisão atual da igreja não glorifica a Deus, que é algo completamente contrário ao seu projeto eterno, que não tem nenhum fundamento bíblico nem teológico, e que se constitui num grande estorvo para que o mundo creia no evangelho (João 17:21).

Precisamos de revelação para nos limparmos completamente dos paradigmas “evangélicos” de divisão e dos argumentos humanos que querem justificar a divisão atual até usando versículos bíblicos.

Um só corpo, uma só cabeça

“Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidade pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Efésios 4.15-16).

A igreja é um corpo só. Um corpo é um organismo vivo em que todos os membros estão unidos entre si. Um corpo é uma unidade orgânica e funcional. Esta é a figura mais reiterada no Novo Testamento para representar a igreja.

Hoje a igreja evangélica está dividida em milhares de “corpinhos”. Temos conseguido o absurdo: dividir o indivisível. Temos despedaçado o corpo de Cristo.

Estamos como o vale dos ossos secos de Ezequiel 37. O pecado da Igreja Católica é sua “mariolatria” e seu culto às imagens e aos santos. O pecado da Igreja Evangélica é sua terrível divisão. Qual é pior? Qual dos dois é mais fácil resolver?

Deus nos diz hoje: Filho do homem, se unirão estes ossos? Minha igreja voltará a ser um só corpo?

– Senhor, é muito difícil… quase impossível … mas Tu sabes.

- Tem razão. Eu sei. Portanto, profetize, dizendo o que Eu digo: “… até que todos cheguemos à unidade da fé…” “todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta…”

Isto acontecá em todos os níveis: congregacional, na cidade, na nação e também em âmbito internacional. Em muitos países já começou. O início é geralmente simples, despretencioso, às vezes imperceptível, mas se torna muito importante se Deus é quem está à frente.

A igreja da cidade

De acordo com os princípios bíblicos a igreja é uma só. A forma correta de manifestar essa unidade no mundo é em cada cidade. Hoje, mais do que nunca, o mundo está aglomerado em cidades. O princípio que Watchman Nee redescobriu e deu tanta ênfase: Uma só igreja em cada cidade. Em uma cidade pode haver centenas de congregações, e inclusive um número muitos maior de pequenas comunidades nas casas, mas uma só igreja, debaixo de um só presbitério.

A Igreja Católica tem conservado bem alguns princípios através dos séculos, e um deles é este: Uma só igreja em cada cidade, a qual é chamada de diocese. Pode haver muitas paróquias, mas todas elas formam a única igreja na cidade. Eles mantêm essa unidade debaixo da autoridade do bispo (praticam o episcopado monárquico, o qual não estou afirmando que seja bíblico ou correto).

Nos últimos 20 anos, em muitas cidades da América Latina e do mundo têm surgido Conselhos de Pastores. Em nosso país, Argentina, há 20 anos só havia Conselho de Pastores em duas cidades: Santa Fé e Resistência. Hoje, existem mais de 200 cidades na Argentina onde funcionam Conselhos Pastorais. Alguns deles ainda são frágeis e problemáticos. Outros, como na cidade de Rosário, é um exemplo. Em muitos Conselhos vem crescendo a visão da Igreja da Cidade. É o início do fim de todas as divisões denominacionais. É necessário dar força a esses Conselhos com a visão de Deus. Esses Conselhos de hoje serão o presbitério de amanhã. Chegará o dia em que não haverá mais Igreja Batista, Igreja Pentecostal, Igreja Renovada, etc. Seremos só IGREJA. Haverá uma só igreja em cada cidade.

Podemos imaginar o potencial de recursos humanos, econômicos e sociais que isto significa! Podemos imaginar o potencial sobrenatural que isto vai desencadear! Quando Deus vir o seu povo unido em cada cidade,o que ele não fará? Que oração ficará sem resposta? Os demônios tombarão, as potestadores dos ares cairão, e o Reino de Deus avançará como nunca na história. “Pai, que sejam um para que o mundo creia”. Seremos um, e o mundo crerá!



PONTO DE INFLEXÃO

- O derramamento do Espírito Santo no último terço deste século tem ultrapassado todas as barreiras denominacionais. Hoje praticamente não se distinguem as igrejas pentecostais das não-pentecostais. Algunas igrejas não-pentecostais são mais pentecostais que as pentecostais. Muitas reuniões católicas são muito “evangélicas”. O que está acontecendo? Deus está cumprindo a sua promessa de derramar seu Espírito sobre toda carne. E vai chegar até o cumprimento pleno.

Estamos num ponto de inflexão na história da igreja. As linhas divergentes dos últimos 500 anos foram quebradas para tornarem-se linhas convergentes. Quantos anos demorará este processo até que sejamos “perfeitos em unidade” como pediu Jesus? (João 17:23). Mas sabemos que assim será.

Em nossa experiência na América Latina, temos aprendido que este processo deve ser gradual e progressivo, e que requer muita paciência, amor e fé. O processo não é sempre uma linha ascendente. Há avanços e retrocessos. Devemos perseverar, crer, interceder, orar, lutar, e voltar a crer que Aquele que começou a boa obra há de completá-la.

Temos aprendido pela experiência que há três passos progressivos para crescer na comunhão:

Conhecimento. É fundamental que nos conheçamos pessoalmente, que sejamos amigos, que abramos o coração, que tenhamos comunhão, que cultivemos e desenvolvamos uma amizade. Não há atalhos, isto requer tempo, e tempo de qualidade juntos. Isto nos levará ao segundo nível de comunhão:

Confiança. Na medida em que nos conhecemos crescerá a confiança (ou não). Se não temos confiança uns nos outros, não podemos avançar ao nível seguinte:

Compromisso. É importante respeitar este processo a fim de que construamos relacionamentos firmes, duráveis e comprometido uns com os outros.

Este processo aconteceu e está acontecendo entre nós a nível de cidade, a nível nacional, a nível regional ou continental, e agora com a IAF estamos crescendo para chegar à unidade e ao compromisso a nível internacional.



CONCLUSÃO

Na realidade a minha função tem sido dar uma introdução a este tema. A resposta virá de Deus, através de cada um de vocês nos grupos de discussão.



PARA OS GRUPOS DE DISCUSSÃO:

Trabalharemos em torno das seguintes perguntas:

1 – Quais são os principais argumentos humanos que devemos superar para avançar com mais certeza sobre a unidade que Deus quer?

2 – Quais são as principais barreiras pessoais que temos de superar em nosso interior para avançarmos a caminho da unidade? Que posições ou atitudes devemos derrubar em nós mesmos para não atrapalhar a unidade que Deus está construindo? (Tempo de reflexão, arrependimento e confissão)

3 – Quais são a sua visão e fé para avançar rumo à unidade em sua própria cidade e país? Como podemos ser fatores de unidade em nossa cidade, país e mundo?

4 – Como transmitir esta visão de Deus ao resto do Corpo de Cristo e às novas gerações?

5 – Como podemos progredir em direção à unidade da fé neste grupo? Como podemos crecer em nossa relação dentro deste círculo de comunhão apostólica internacional em direção à unidade da igreja do Senhor a nível mundial?

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