FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO LIVRE
BIBLÍOLOGIA
I
APOSTILA BIBLÍOLOGIA I
I. INTRODUÇÃO
BÍBLICA OU BIBLIOLOGIA
O nosso assunto é o estudo introdutório e
auxiliar das Sagradas Escrituras, para sua melhor compreensão por parte do
leitor. É também chamado Isagoge nos cursos superiores de teologia. Este estudo
auxilia grandemente a compreensão dos fatos da Bíblia. Um ponto saliente nele é
a história da Bíblia mostrando como chegou ela até nós. A necessidade desse
estudo é que, sendo a Bíblia um livro divino, veio a nós por canais humanos,
tornando-se, assim, divino-humana, como também o é a Palavra Viva - Cristo -,
que se tornou também divino humano (Jo 1.1; Ap 19.13).
Pela Bíblia, Deus fala em linguagem humana,
para que o homem possa entendê-lo. Por essa razão, a Bíblia faz alusão a tudo
que é terreno e humano. Ela menciona países, montanhas, rios, desertos, mares,
climas, solos, estradas, plantas, produtos, minérios, comércio, dinheiro,
línguas, raças, usos, costumes, culturas, etc. Isto é, Deus, para fazer-se
compreender, vestiu a Bíblia da nossa linguagem, bem como do nosso modo de
pensar. Se Deus usasse sua linguagem, ninguém o entenderia. Ele, para revelar-se
ao homem, adaptou a Bíblia ao modo humano de perceber as coisas. Destarte, o
autor da Bíblia é Deus, mas os escritores foram homens. Na linguagem figurada
dos Salmos e das diversas outras partes da Bíblia, Deus mesmo é descrito e age
como se fosse homem. A Bíblia chega a esse ponto para que o homem compreenda
melhor o que Deus lhe quer dizer. Isto também explica muitas dificuldades e
aparentes contradições do texto bíblico.
II. O ÂMBITO DESTE ASSUNTO
A Bibliologia estuda a Bíblia sob os
seguintes pontos de vista:
1.
Observações gerais sobre sua leitura e estudo.
2.
Sua estrutura, considerando sua divisão, classificação dos livros,
capítulos, versículos, particularidades e tema central.
3. A
Bíblia considerada como o Livro Divino, isto é, como a Palavra escrita de Deus.
4. O
Cânon sagrado: sua formação e transmissão até nós.
5. A
preservação e tradução do texto da Bíblia. Isto aborda as línguas originais e
os manuscritos bíblicos.
6.
Inclui ainda elementos de história geral da Bíblia, inclusive o Período
Interbíblico ou Intertestamentário, e de auxílios externos no estudo da Bíblia:
geografia bíblica, usos e costumes antigos orientais, sistemas de medidas,
pesos e moedas; cronologia bíblica geral, história das nações antigas
contemporâneas; estudos das personagens e dos livros da Bíblia, e das
dificuldades bíblicas.
III. A RAZÃO DA NECESSIDADE DAS ESCRITURAS
Deus se tem revelado através dos tempos por
meio de suas obras, isto é, da criação (SI 19.1-6; Rm 1.20). Porém, na Palavra
de Deus temos uma revelação especial e muito maior. É dupla esta revelação: a)
na Bíblia, que é a PALAVRA DE DEUS ESCRITA, e b) em Cristo, que é PALAVRA DE
DEUS VIVA (Jo 1.1). Esta dupla revelação é es¬pecial, porque tornou-se necessária devido à queda do homem. 10
IV. A NECESSIDADE DO ESTUDO DAS ESCRITURAS
Isto está implícito em Salmo 119.130;
Isaías 34.16; 2 Timóteo 2.15;
1 Pedro 3.15, e nos conduz
a dois pontos de suma importância: a) porque devemos estudar a Bíblia, e b)
como devemos estudar a Bíblia.
Estudar é mais que ler; é aplicar a mente a
um assunto, de modo sistemático e constante.
1. Porque devemos estudar a Bíblia
a.
Ela é o único manual do crente na vida cristã e no trabalho do Senhor. O
crente foi salvo para servir ao Senhor (Ef 2.10; 1 Pe 2.9).
Sendo a Bíblia o livro texto do cristão, é
importante que ele a maneje bem, para o fiel desempenho de sua missão (2 Tm
2.15). Um bom profissional sabe empregar com eficiência as ferramentas de seu
ofício. Essa eficiência não é automática: vem pelo estudo e prática. Assim deve
ser o crente com relação ao seu manual - a Bíblia. Entre as promessas de Deus
nesse sentido, temos uma muito maravilhosa em Isaías 55.11. Deus declara aí que
sua Palavra não voltará vazia. Portanto, quando alguém toma tempo para estudar
com propósito a Palavra de Deus, o efeito será glorioso quanto à edificação
espiritual e ao engrandecimento do reino de Deus.
b.
Ela alimenta nossas almas (Jr 15.16;
Mt 4.4; 1 Pe 2.2). Não há dúvida de que o estudo da Palavra de Deus traz
nutrição e crescimento espiritual. Ela é tão indispensável à alma, como o pão
ao corpo. Nas passagens acima, ela é comparada ao alimento, porém, este só
nutre o corpo quando é absorvido pelo organismo. O texto de 1 Pedro 2.2 fala do
intenso apetite dos recém-nascidos; assim deve ser o nosso desejo pela Palavra.
Bom apetite pela Bíblia é sinal de saúde espiritual.
COMO ESTÁ O SEU
APETITE PELA BÍBLIA, MEU QUERIDO(A) IRMÃO (A)?
c.
Ela é o instrumento que o Espírito Santo usa (Ef 6.17). Se em nós houver
abundância da Palavra de Deus. o Espírito Santo terá o instrumento com que
operar. É preciso, pois. meditar nela (Js 1.8; SI 1.2). Ê preciso deixar que
ela domine todas as esferas da nossa vida. nossos pensamentos, nosso coração e,
assim, molde todo o nosso viver diário. Em suma: precisamos ficar saturados da
Palavra de Deus.
Um requisito primordial para Deus responder
às nossas orações é estarmos saturados da sua Palavra (Jo 15.7). Aqui está, em
parte, a razão de muitas orações não serem respondidas: desinteresse pela
Palavra de Deus. (Leia o texto outra vez.) Pelo menos três fatos estão
implícitos aqui: a) Na oração precisamos apoiar nossa fé nas promessas de Deus,
e essas promessas estão na Bíblia, b) Por sua vez, a Palavra de Deus produz fé
em nós (Rm 10.17). c) Devemos fazer nossas petições segundo a vontade de Deus
(1 Jo 5.14), e um dos meios de saber-se a vontade de Deus é através da sua
Palavra.
Na vida cristã, e no trabalho do Senhor em
geral, o Espírito Santo só nos lembrará o texto bíblico preciso, se de antemão
o conhecermos (Jo 14.26). - É possível o leitor ser lembrado de algo que não
sabe? Pense se é possível! Portanto, o Espírito Santo quer não somente encher o
crente, mas também encontrar nele o instrumento com que operar a Palavra de Deus.
Ter o Espírito e não conhecer a Palavra,
conduz ao fanatismo. Pessoas assim querem usar o Espírito em vez de Ele
usá-las. Conhecer a Palavra e não ter o Espírito conduz ao formalismo. Estes
dois extremos são igualmente perigosos.
d. Ela enriquece espiritualmente a vida do
cristão (SI 119.72). Essas riquezas vêm pela revelação do Espírito,
primeiramente (Ef 1.17). O leitor que procurar entender a Bíblia somente
através do intelecto, muito cedo desistirá do seu intento. Só o Espírito de
Deus conhece as coisas de Deus (1 Co 2.10). Um renomado expositor cristão
afirma que há 32.000 promessas na Bíblia toda! Pensai que fonte de riqueza há
ali! Entre as riquezas derivadas da Bíblia está a formação do caráter ideal,
bem como a moldagem da vida cristã como um todo. É a Bíblia a melhor diretriz
de conduta humana; a melhor formadora do caráter. Os princípios que modelam
nossa vida devem proceder dela.
A falta de uma correta e pronta orientação
espiritual dentro da Palavra de Deus. especialmente quanto a novos convertidos,
tem resultado em inúmeras vidas desequilibradas, doentes pelo resto da
existência. Essas, só um milagre de Deus pode reajustá-las. Pessoas assim,
ferem-se a si mesmas e aos que as rodeiam.
A Bíblia é a revelação de Deus à
humanidade. Tudo que Deus tem para o homem e requer do homem, e tudo que o
homem precisa saber espiritualmente da parte de Deus quanto à sua redenção,
conduta cristã e felicidade eterna, está revelado na Bíblia. Deus não tem outra
revelação escrita além da Bíblia. Tudo o que o homem tem a fazer é tomar o
Livro e apropriar-se dele pela fé. O autor da Bíblia é Deus, seu real intérprete
é o Espírito Santo, e seu tema central é o Senhor Jesus Cristo. O homem deve
ler a Bíblia para ser sábio, crer na Bíblia para ser salvo, e praticar a Bíblia
para ser santo.
2. Como devemos estudar a Bíblia
a.
Leia a Bíblia conhecendo seu autor. Isto é de suprema importância, é a
melhor maneira de estudar a Bíblia. Ela é o único livro cujo autor está sempre
presente quando é lida. O autor de um livro é a pessoa que melhor pode explicá-lo.
A Bíblia é um livro fácil e ao mesmo tempo
difícil; simples e ao mesmo tempo complexo. Não basta apenas ler suas palavras
e analisar suas declarações. Tudo isso é indispensável, mas não basta. É
preciso conhecer e amar o Autor do Livro. Conhecendo o Autor, a compreensão
será mais fácil.
Façamos como Maria, que aprendia aos pés do
Mestre (Lc 10.39). Esse é ainda o melhor lugar para o aluno!
b.
Leia a Bíblia diariamente (Dt 17.19). Esta regra é excelente. Presume-se
que 90fr dos crentes não lêem a Bíblia diariamente: não é de admirar haver
tantos crentes frios nas igrejas. Não somente frios mas anãos, raquíticos,
mundanos, carnais, indiferentes. Sem crescimento espiritual, Deus não nos pode
revelar suas verdades profundas (Mc 4.33;
Jo 16.12; Hb 5.12). É de
admirar haver pessoas na igreja que acham tempo para ler, ouvir e ver tudo, menos
a Palavra de Deus. Motivo: Comem tanto outras coisas que perdem o apetite pelas
coisas de Deus! É justo ler boas coisas, mas, é imprescindível tomar mais tempo
com as Escrituras. É também de estarrecer o fato de que muitos líderes de
igrejas não levam seus liderados a lerem a Bíblia. Não basta assistir aos
cultos, ouvir sermões e testemunhos, assistir a estudos bíblicos, ler boas
obras de literatura cristã: é preciso a leitura bíblica individual, pessoal. Há
crentes que só comem espiritualmente quando lhes dão comida na boca: é a colher
do pastor, do professor da Escola Dominical, etc. Se ninguém lhes der comida
eles morrerão de inanição.
c.
Ler a Bíblia com a melhor atitude mental e espiritual. Isto é de capital
importância para o êxito no estudo bíblico. A atitude correta é a seguinte: a)
Estudar a Bíblia como a Palavra de Deus, e não como uma obra literária
qualquer, b) Estudar a Bíblia com o coração, em atitude devocional, e não
apenas com o intelecto. As riquezas da Bíblia são para os humildes que temem ao
Senhor (Tg 1.21). Quanto maior for a nossa comunhão com Deus, mais humildes
seremos. Os galhos mais carregados de frutos são os que mais abaixam! É preciso
ler a Bíblia crendo, sem duvidar, em tudo que ela ensina, inclusive no campo sobrenatural.
A
dúvida ou descrença, cega o leitor (Lc 24.25).
d.
Leia a Bíblia com oração, devagar, meditando. Assim fizeram os servos de
Deus no passado: Davi (SI 119.12,18); Daniel (Dn 9.21-23). O caminho ainda é o
mesmo. Na presença do Senhor em oração, as coisas incompreensíveis são
esclarecidas (SI 73.16,17). A meditação na Palavra aprofunda a sua compreensão.
Muitos lêem a Bíblia somente para estabelecerem recordes de leitura. Ao ler a
Bíblia, aplique-a primeiro a si próprio, irmão, senão não haverá virtude
nenhuma.
e.
Leia a Bíblia toda. Há uma riqueza insondável nisso! É a única maneira
de conhecermos a verdade completa dos assuntos nela contidos, visto que a
revelação de Deus que nela temos é progressiva. - Como o leitor pensa compreender
um livro que ainda não leu do princípio ao fim? Mesmo lendo a Bíblia toda, não
a entendemos completamente. Ela, sendo a Palavra de Deus, é infinita. Nem mesmo
a mente de um gênio poderia interpretá-la sem erros. Não há no mundo ninguém
que esgote a Bíblia. Todos somos sem¬pre alunos (Dt 29.29; Rm 11.33,34; 1 Co
13.12). Portanto, na Bíblia há dificuldades, mas o problema é do lado humano. O
Espírito Santo, que conhece as profundezas de Deus, pode ir revelando o
conhecimento da verdade, à medida que buscamos a face de Deus e andamos mais
perto dele. Amém.
QUESTIONÁRIO
1.
Que é Bibliologia ou Introdução Bíblica?
2.
Que linguagem e modo de pensar usa Deus em sua Palavra ?
3.
Mencione alguns dos assuntos estudados em Bibliologia.
4.
Por que tornou-se necessário a revelação especial de Deus pela Bíblia?
5.
Cite dois motivos por que devemos estudar a Bíblia, se¬gundo o estudo
apresentado.
6.
Cite três maneiras como devemos estudar a Bíblia.
7.
Qual a maneira de conhecermos a verdade completa sobre determinado assunto
bíblico?
8.
Por que não podemos entender a Bíblia toda
Á BÍBLIA COMO
LIVRO
I. OS LIVROS ANTIGOS
A Bíblia é um livro antigo. Os livros
antigos tinham a forma de rolos (Jr 36.2). Eram feitos de papiro ou pergaminho.
O papiro é uma planta aquática que cresce junto a rios, lagos e banhados, no
Oriente Próximo, cuja entrecasca servia para escrever. Essa planta existe ainda
hoje no Sudão, na Galiléia Superior e no vale de Sarom. As tiras extraídas do
papiro eram coladas umas às outras até formarem um rolo de qualquer extensão.
Este material gráfico primitivo é mencionado muitas vezes na Bíblia, exemplos:
Êxodo 2.3; Jó 8.11; Isaías
18.2. Em certas versões da Bíblia, o papiro é mencionado como junco; de fato, é
um tipo de junco de grandes proporções. De papiro, deriva-se a nossa palavra
papel. Seu uso na escrita vem de 3.000 a .C.
Pergaminho é pele de animais, cortida e polida,
utilizada na escrita. É material gráfico melhor que o papiro. Seu uso é mais
recente que o do papiro. Vem dos primórdios da Era Cristã, apesar de já ser
conhecido antes. É também mencionado na Bíblia, como em 2 Timóteo 4.13.
A Bíblia foi originalmente escrita em forma
de rolo, sendo cada livro um rolo. Assim, vemos, que, a princípio, os livros
sagrados não estavam unidos uns aos outros como os temos agora em nossas
Bíblias. O que tornou isso possível foi a invenção do papel no Século II, pelos
chineses, bem como a do prelo, de tipos móveis, inventada em 1450, pelo alemão
Gutemberg. Até então era tudo manuscrito pelos escribas de modo laborioso,
lento e oneroso. Quanto a este aspecto da difusão de sua Palavra, Deus tem
abençoado maravilhosamente, de modo que hoje milhões de exemplares das
Escrituras são impressos com rapidez e facilidade em muitos pontos do globo.
Também, graças aos progressos alcançados no campo das invenções e da tecnologia,
podemos hoje transportar com toda comodidade um exemplar da Bíblia, coisa
impossível nos tempos primitivos. Ainda hoje, devido aos ritos tradicionais, os
rolos sagrados das Escrituras hebraicas continuam em uso nas sinagogas
judaicas.
II. O VOCÁBULO "BÍBLIA"
Este vocábulo não se acha no texto das
Sagradas Escrituras. Consta apenas na capa. - Donde, pois, nos vem? -Vem do
grego, a língua original do Novo Testamento. É derivado do nome que os gregos
davam à folha, de papiro preparada para a escrita - "biblos". Um rolo
de papiro de tamanho pequeno era chamado "biblion" e vários destes
eram uma "bíblia". Portanto, literalmente, a palavra bíblia quer
dizer "coleção de livros pequenos". Com a invenção do papel,
desapareceram os rolos, e a palavra biblos deu origem a "livro", como
se vê em biblioteca, bibliografia, bibliófilo, etc. É consenso geral entre os
doutos no assunto que o nome Bíblia foi primeiramente aplicado às Sagradas
Escrituras por João Crisóstomo, patriarca de Constantinopla, no Século IV.
E porque as Escrituras formam uma unidade
perfeita, a palavra Bíblia, sendo um plural, como acabamos de ver, passou a ser
singular, significando o LIVRO, isto é, o Livro dos livros; O Livro por
excelência. Como Livro divino, a definição canônica da Bíblia é "A
revelação de Deus à humanidade".
Os nomes mais comuns que a Bíblia dá a si
mesma, isto é, os seus nomes canônicos, são:
• Escrituras (Mt 21.42) 18
• Sagradas Escrituras (Rm 1.2)
• Livro do Senhor (Is 34.16)
• A Palavra de Deus (Mc 7.13; Hb 4.12)
• Os Oráculos de Deus (Rm 3.2)
III. A ESTRUTURA DA BÍBLIA
Estudaremos neste ponto a estrutura ou
composição da Bíblia, isto é, a sua divisão em partes principais e seus livros
quanto à classificação por assuntos, divisão em capítulos e versículos e,
certas particularidades indispensáveis.
A Bíblia divide-se em duas partes
principais: ANTIGO e NOVO TESTAMENTO, tendo ao todo 66 livros: sendo 39 no AT e
27 no NT. Estes 66 livros foram escritos num período de 16 séculos e tiveram
cerca de 40 escritores. Aqui está um dos milagres da Bíblia. Esses escritores
pertenceram às mais variadas profissões e atividades, viveram e escreveram em
países, regiões e continentes distantes uns dos outros, em épocas e condições
diversas, entretanto, seus escritos formam uma harmonia perfeita. Isto prova
que um só os dirigia no registro da revelação divina: Deus.
A palavra testamento vem do termo grego
"diatheke", e significa: a) Aliança ou concerto, e b) Testamento,
isto é, um documento contendo a última vontade de alguém quanto à distribuição
de seus bens, após sua morte. Esta é a palavra empregada no Novo Testamento,
como por exemplo em Lucas 22.20. No Antigo Testamento, a pala¬vra usada é
"berith" que significa apenas concerto. O du¬plo sentido do termo
grego nos mostra que a morte do testador (Cristo) ratificou ou selou a Nova
Aliança, garantin-do-nos toda a herança com Cristo (Rm 8.17; Hb 9.15-17).
O título Antigo Testamento foi
primeiramente aplica¬do aos 39 livros das Escrituras hebraicas, por Tertuliano,
e Orígenes.
Na primeira divisão principal da Bíblia,
temos o Anti¬go Concerto (também chamado pacto, aliança), que veio pela Lei,
feito no Sinai e, selado com sangue de animais (Êx 24.3-8; Hb 9.19,20). Na
segunda divisão principal (o NT), temos o Novo Concerto, que veio pelo Senhor
Jesus Cristo, feito no Calvário e selado com o seu próprio sangue (Lc 22.20; Hb
9.11-15). É pois um concerto superior.
Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o
total de livros é 73. Os 7 livros a mais, são chamados apócrifos. Além dos
livros apócrifos, as referidas Bíblias têm mais 4 acréscimos a livros
canônicos. Trataremos disto no capítulo que estudará o cânon das Escrituras.
1. O Antigo Testamento
Tem 39 livros, e foi escrito originalmente
em hebraico, com exceção de pequenos trechos que o foram em aramaico. O
aramaico foi a língua que Israel trouxe do seu exílio babilônico. Há também
algumas palavras persas. Seus 39 livros estão classificados em 4 grupos,
conforme os assuntos a que pertencem: LEI, HISTÓRIA, POESIA, PROFECIA. O grupo
ou classe poesia também é conhecido por de-vocional.
VEJAMOS OS
LIVROS POR CADA GRUPO.
a.
LEI. São 5 livros: Gênesis a Deuteronômio. São comumente chamados o
Pentateuco. Esses livros tratam da origem de todas as coisas, da Lei, e do
estabelecimento da nação israelita.
b.
HISTÓRIA. São 12 livros: de Josué a.Ester. Ocupam-se da história de
Israel nos seus vários períodos: a) Teocracia, sob os juizes, b) Monarquia, sob
Saul, Davi e Salomão, c) Divisão do reino e cativeiro, contendo o relato dos
reinos de Judá e Israel, este levado em cativeiro para a Assíria, e aquele para
Babilônia, d) Pós-cativeiro, sob Zo-robabel, Esdras e Neemias, em conjunto com
os profetas contemporâneos.
c. POESIA. São 5 livros: de Jó a Cantares
de Salomão. São chamados poéticos, não porque sejam cheios de imaginação e
fantasia, mas devido ao gênero do seu conteúdo. São também chamados
devocionais.
d.
PROFECIA. São 17 livros: de Isaías a Malaquias. Estão subdivididos em:
• Profetas Maiores: Isaías a Daniel (5
livros).
• Profetas Menores: Oséias a Malaquias (12
livros). Os nomes maiores e menores não se referem ao mérito ou notoriedade do
profeta mais ao tamanho dos livros e à extensão do respectivo ministério
profético.
A classificação dos livros do AT, por assunto,
vem da versão Septuaginta, através da Vulgata, e não leva em conta a ordem
cronológica dos livros, o que, para o leitor menos avisado, dá lugar a não
pouca confusão, quando procura agrupar os assuntos cronologicamente. Na Bíblia
hebraica (que é o nosso AT), a divisão dos livros é bem diferente.
Nas Bíblias de edição católico-romana, os
livros de 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis são chamados 1,2,3 e 4 Reis, respectivamente.
1 e 2 Crônicas são chamados 1 e 2 Paralipôme-nos. Esdras e Neemias são chamados
1 e 2 Esdras. Também, nas edições católicas de Matos Soares e Figueiredo, o
Salmo 9 corresponde em Almeida aos Salmos 9 e 10. O de número 10 é o nosso 11.
Isso vai assim até os Salmos 146 a 147, que nas nossas Bíblias são o de número
147. Deste modo, os três salmos finais são idênticos em qualquer das versões
acima mencionadas. Essas diferenças de numeração em nada afetam o texto em si,
e não poderia ser doutra for¬ma, sendo a Bíblia o Livro do Senhor!
2. O Novo Testamento
Tem 27 livros. Foi escrito em grego; não no
grego clássico dos eruditos, mas no do povo comum, chamado Koiné. Seus 27
livros também estão classificados em 4 grupos, conforme o assunto a que
pertencem: BIOGRAFIA, HISTÓRIA, EPÍSTOLAS, PROFECIA. O terceiro grupo é também
chamado DOUTRINA.
a. BIOGRAFIA.
São os 4 Evangelhos. Descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e seu glorioso
ministério. Os três primeiros são chamados Sinópticos, devido a certo paralelismo
que têm entre si. Os Evangelhos são os livros mais importantes da Bíblia. Todos
os que os precedem tratam da preparação para a manifestação de Jesus Cristo, e
os que se lhes seguem são explicações da doutrina de Cristo.
b, HISTORIA. É o livro de Atos dos
Apóstolos. Registra a história da igreja primitiva, seu viver, a propagação do Evangelho;
tudo através do Espírito Santo, conforme Jesus prometera.
c.
EPÍSTOLAS. São 21 as epístolas ou cartas. Vão de Romanos a Judas. Contêm
a doutrina da Igreja.
• 9 são dirigidas a igrejas (Romanos a 2
Tessalonicen-ses)
• 4 são dirigidas a indivíduos (1 Timóteo a
Filemom)
• 1 é dirigida aos hebreus cristãos
• 7 são dirigidas a todos os cristãos,
indistintamente (Tiago a Judas)
As últimas sete são também chamadas
universais, católicas ou gerais, apesar de duas delas (2 e 3 João) serem
dirigidas a pessoas.
d.PROFECIA. É o livro de Apocalipse ou
Revelação. Trata da volta pessoal do Senhor Jesus à Terra e das coisas que
precederão esse glorioso evento. Nesse livro vemos o Senhor Jesus vindo com seus
santos para: a) destruir o poder gentílico mundial sob o reinado da Besta; b)
livrar Israel, que estará no centro da Grande Tribulação; c) julgar as nações;
e d) estabelecer o seu reino milenar.
Oh! como desejamos que Ele venha!
Os livros do Novo Testamento também não
estão situados em ordem cronológica, pelas mesmas razões expostas ao tratarmos
do Antigo Testamento.
IV. O TEMA CENTRAL DA BÍBLIA
Jesus é o tema central da Bíblia. Ele mesmo
no-lo declara em Lucas 24.44 e João 5.39. (Ler também Atos 3.18; 10.43;
Apocalipse 22.16). Se olharmos de perto, veremos que, em tipos, figuras, símbolos
e profecias, Ele ocupa o lugar central das Escrituras, isto além da sua
manifestação como está registrada em todo o Novo Testamento. Em Gênesis, Jesus
é o descendente da mulher (Gn.3.15).
Em Êxodo, é o Cordeiro Pascoal.
Em Levítico, é o Sacrifício Expiatório.
Em Números, é a Rocha Ferida.
Em Deuteronômio, é o Profeta.
Em Josué, é o Capitão dos Exércitos do
Senhor.
Em Juizes, é o Libertador.
Em Rute, é o Parente Divino.
Em Reis e Crônicas, é o Rei Prometido.
Em Ester, é o Advogado.
Em Jó, é o nosso Redentor.
Nos Salmos, é o nosso socorro e alegria.
Em Provérbios, é a Sabedoria de Deus.
Em Cantares de Salomão, é o nosso Amado.
Em Eclesiastes, é o Alvo Verdadeiro.
Nos Profetas, é o Messias Prometido.
Nos Evangelhos, é o Salvador do Mundo.
Nos Atos, é o Cristo Ressurgido.
Nas Epístolas, é a Cabeça da Igreja.
No Apocalipse, é o Alfa e o ômega; é o
Cristo que volta para reinar.
Tomando o Senhor Jesus como o centro da
Bíblia, podemos resumir os 66 livros em cinco palavras referentes a Ele, assim:
PREPARAÇÃO - Todo o AT, pois trata da preparação para o advento de Cristo.
MANIFESTAÇÃO - Os Evangelhos, que tratam da manifestação de Cristo. PROPAGAÇÃO
- O Livro de Atos, que trata da propagação de Cristo. EXPLANAÇÃO - As
Epístolas, que são a explanação da doutrina de Cristo. CONSUMAÇÃO - O Livro de
Apocalipse, que trata da consumação de todas as coisas preditas, através de
Cristo.
Portanto, as Escrituras sem Jesus seriam
como a Física sem a matéria ou a Matemática sem os números.
V. ALGUNS FATOS E PARTICULARIDADES DA
BͬBLIA
Antes, a Bíblia não era dividida em
capítulos e versículos. A divisão em capítulos foi feita no ano de 1250, pelo
cardeal Hugo de Saint Cher, abade dominicano e estudioso das Escrituras. A
divisão em versículos foi feita de duas vezes. O AT em 1445, pelo Rabi Nathan;
o NT em 1551, por Robert Stevens, um impressor de Paris. Stevens publicou a
primeira Bíblia (Vulgata Latina) dividida em capítulos e versículos em 1555. O
AT tem 929 capítulos e 23.214 versículos. O NT tem 260 capítulos e 7.959
versículos. A Bíblia toda tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos. O número de
palavras e letras depende do idioma e da versão. O maior capítulo é o Salmo
119, e o menor o Salmo 117. O maior versículo está em Ester 8.9; o menor, em
Êxodo 20.30. (Isso, nas versões portuguesas e com exceção da chamada
"Tradução Brasileira", onde o menor é Lucas 20.30). Em certas
línguas, o menor é João 11.35. Os livros de Ester e Cantares não contêm a
palavra Deus, porém a presença de Deus é evidente nos fatos neles desenrolados,
mormente em Ester. Há na Bíblia 8.000 menções de Deus sob vários nomes divinos,
e 177 menções do Diabo, sob seus vários nomes.
A vinda do Senhor é referida direta e
indiretamente 1.845 vezes, sendo 1.527 no AT e 318 no NT. - Não é esse um assunto
para séria meditação? O Salmo 119 tem em hebraico 22 seções de 8 versículos
cada uma. O número 22 corresponde ao número de letras do alfabeto hebraico.
Cada uma das 22 seções inicia com uma letra desse alfabeto, e, dentro, de cada
seção, todos os versículos começam com a letra da respectiva seção. Caso
semelhante há no livro de Lamentações de Jeremias. Ali, em hebraico, os
capítulos 1,2,4, têm 22 versículos cada um, compreendendo as 22 letras do
alfabeto, de álefe a tau. Porém o capítulo 3 tem 66 versículos, levando cada
três deles, a mesma letra do alfabeto.
Há outros casos assim na estrutura da
Bíblia. Isso jamais poderia ser obra do acaso. A frase "não temas"
ocorre 365 vezes em toda a Bíblia, o que dá uma para cada dia do ano! O
capítulo 19 de 2 Reis é idêntico ao 37 de Isaías. O AT encerra citando a
palavra "maldição"; o NT encerra citando a expressão: "a graça
do Nosso Senhor Jesus Cristo." A Bíblia foi o primeiro livro impresso no
mundo após a invenção do prelo; isso deu-se em 1452, em Mogúncia, Alemanha. Os
números 3 e 7 predominam admiravelmente em toda a Bíblia. O nome de Jesus
consta do primeiro e do último versículos do NT. As traduções da Bíblia (toda
ou em parte) até 1984, atingiram a 1796 línguas e dialetos. 24
Restam ainda cerca de 1.000 línguas em que
ela precisa ser traduzida.
- Que está o irmão fazendo para difundir a
Bíblia - o livro que o salvou?
VI. ALGUMAS OBSERVAÇÕES ÚTEIS E PRÁTICAS NO
MANUSEIO E ESTUDO DA BÍBLIA
1.
Apontamentos individuais
Habitue-se a tomar notas de suas meditações
na Palavra de Deus. A memória falha com o tempo. Distribua seus apontamentos
por assuntos previamente escolhidos e destacados uns dos outros. Use, para
isso, um livro de folhas soltas (livro de argola) com projeções e índice. Se
não houver organização nos apontamentos, eles pouco servirão.
2.
Aprenda a ler e escrever referências bíblicas
O sistema mais simples e rápido para
escrever referências bíblicas é o adotado pela Sociedade Bíblica do Brasil:
duas letras sem ponto abreviativo para cada livro da Bíblia. Entre capítulo e
versículo põe-se apenas um ponto. No índice das Bíblias editadas pela SBB
pode-se ver a lista dos livros assim abreviados.
Exemplos de referências por esse sistema: 1
Jo 2.4 (1 João capítulo 2, versículo 4) Jó 2.4 (Jó capítulo 2, versículo 4)
1 Pe 5.5 (1 Pedro capítulo 5, versículo 5)
Fp 1.29 (Filipenses capítulo 1, versículo 29) Fm v. 14 (Filemom, versículo 14)
3.Diferença entre texto, contexto,
referência, inferência
a.
Texto são as palavras contidas numa passagem.
b.
Contexto é a parte que fica antes e depois do texto que estamos lendo. O
contexto pode ser imediato ou remoto.
c.
Referência é a conexão direta sobre determinado assunto. Além de indicar
o livro, capítulo e versículo, a referência pode levar outras indicações como:
- "a", indicando a parte inicial
do versículo: (Rm.11.17a).
-
"b", indicando a parte final do versículo: (Rm.11.17b).
-
"ss", indicando os versículos que se seguem até o fim ou não
do capítulo: (Rm.11.17ss).
-
"qv", significando que veja. Recomendação para não deixar de
ler o texto indicado. Vem da expressão latina quod vide = que veja.
- "cf", significando compare,
confirme, confronte. Vem do latim confere.
- "i.e.", significando isto é.
Vem do latim id est. As referências também podem ser verbais e reais. As
primeiras são um paralelismo de palavras; as segundas, de assuntos ou idéias.
d. Inferência é uma conexão indireta entre
assuntos. É uma ilação ou dedução.
4.
Siglas das diferentes versões em vernáculo
O uso dessas siglas poupa tempo e trabalho.
- ARC = Almeida Revisada e Corrigida. É a Bíblia
de Almeida antiga, impressa pela Imprensa Bíblica Brasileira.
- ARA = Almeida Revisada e Atualizada. É a
Bíblia de Almeida revisada e publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil,
completa, a partir de 1958.
- FIG as Antônio Pereira de Figueiredo.
Atualmente é impressa pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, Londres.
-
SOARES = Matos Soares. Versão popular dos católicos brasileiros.
-
RHODEN as Huberto Rhoden. Versão particular desse ex-padre brasileiro.
-
CBSP = Centro Bíblico de São Paulo. Edição católica popular da Bíblia,
São Paulo.
-
TRAD. BRÁS. Tradução Brasileira, 1917
5. O
tempo antes e depois de Cristo
É indicado pelas letras:
- a.C. = antes de Cristo, isto é, antes do
nascimento de Cristo.
- d.C. = depois de Cristo, isto é, o tempo
depois do nascimento de Cristo. Também aparece em algumas obras,
"AD", que vem da expressão latina: "Anno Domini", ou seja,
ano do Senhor, em alusão ao nascimento de Cristo.
6.
Manuseio do volume sagrado
Obtenha completo domínio do manuseio da
Bíblia, a fim de encontrar com rapidez qualquer referência bíblica, Jesus fazia
assim. Em Lucas 4.17 diz que Ele "achou o lugar onde estava escrito".
Ora, naquele tempo, isso era muito mais difícil do que hoje com o progresso da
indústria gráfica. 7. Abreviaturas bíblicas.
As abreviaturas dos livros consistem de
duas letras sem ponto abreviativo. Procure memorizá-las de vez.
ANTIGO
TESTAMENTO
LIVRO LIVRO
Gênesis Gn Eclesiastes Ec
Êxodo Êx Cantares Ct
Levítico Lv Isaias Is
Números Nm Jeremias Jr
Deuteronômio Dt Lamentações de
Jeremias Lm
Josué Js Ezequial Ez
Juizes Jz Daniel Dn
Rute Rt Oséias Os
1 Samuel 1
Sm Joel Jl
2 Samuel 2
Sm Amós Am
1 Reis 1
Rs Obadias Ob
2 Reis 2
Rs Jonas Jn
1 Crônicas 1
Cr Miquéis Mq
2 Crônicas 2
Cr Naum Na
Esdras Ed Habacuque Hc
Neemias Ne Sofonias Sf
Ester Et Ageu Ag
Jó Jó Zacarias Zc
Salmos Sl Malaquias Ml
Provérbios Pv
NOVO TESTAMENTO
LIVRO LIVRO
Mateus Mt Atos At
Marcos Mc Romanos Rm
Lucas Lc 1 Coríntios 1 Co
João Jo 2
Coríntios 2 Co
Gálatas Gl Hebreus Hb
Efésios Ef Tiago Tg
Filipenses Fp 1 Pedro 1
Pe
Colossenses Cl 2 Pedro 2
Pe
1 Tessalonicenses 1 Ts 1 João 1 Jo
2 Tessalonicenses 2 Ts 2 João 2 Jo
1 Timóteo 1
Tm 3 João 3 Jo
2 Timóteo 2
Tm Judas Jd
Tito Tt Apocalipse Ap
Filemom Fm
QUESTIONÁRIO
1.
Que forma tinha um livro antigo?
2. De que materiais eram feitos esses
livros?
3.
Que era papiro? Cite-o na Bíblia.
4.
Que era pergaminho? Cite-o na Bíblia.
5. Desde quando foi usado o papiro? e o
pergaminho?
6.
Quando foi inventado o prelo? e o papel?
7.
Que nome davam os gregos à folha de papiro já preparada para a escrita?
8.
Dê a origem do nome "Bíblia", e o que significa, literalmente.
9.
Por que, sendo "Bíblia" um plural, passou a ser singu¬lar?
10.
Dê a definição canônica de Bíblia.
11.
Quem primeiro aplicou o nome "Bíblia" às Sagradas Escrituras?
12.
Quais os nomes ou títulos mais comuns que a Bíblia dá a si mesma?
13. Quantas partes principais tem a Bíblia?
Cite-as.
14.
Quantos livros tem toda a Bíblia? e só o AT? e só o NT?
15.
Quanto tempo levou a Bíblia para ser escrita?
16.
Cerca de quantos escritores teve ela?
17.
Dê o duplo sentido da palavra testamento como usada no NT e que
significado tem para o cristão.
18.
Quem primeiro aplicou o título Antigo Testamento aos 39 livros da Bíblia
hebraica?
19.
Dê o total de livros das Bíblias de edição católico-romana.
20.
Como são chamados esses livros a mais nas Bíblias de edição da Igreja
Romana?
21. Quantos acréscimos a livros canônicos
têm as Bíblias de edição romana?
22. Dê o assunto dos quatro grupos de
livros do AT, idem do NT.
23.
Quantos livros tem a LEI? Cite-os.
24.
Que outro nome tem o conjunto de livros da LEI?
25.
Quantos são os livros históricos? Cite-os.
26.
Quantos são os livros chamados poéticos? Cite-os.
27.
Por que são chamados poéticos?
28.
Quais são as principais línguas originais da Bíblia?
29.
Que outro nome têm os livros poéticos?
30.
Quantos livros tem o grupo PROFECIA no AT?
31. Quantos e quais são os livros dos Profetas
Maiores? e os dos Menores?
32.
A que se referem as palavras "maiores" e "menores"
com referência aos profetas?
33.
Como são chamados nas Bíblias editadas pela Igreja Romana os livros 1 e
2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crôni¬cas, Esdras e Neemias?
34. Quantos
e quais são os livros da seção Biografia, no NT?
35.
Que nome têm os três primeiros Evangelhos? Por quê?
36.
Quantos livros tem a divisão História no NT?
37.
A divisão Epístolas, quantos livros tem? Cite-os.
38.
Qual o livro da divisão Profecia, no NT?
39.
Cite referências mostrando Cristo como tema central da Bíblia.
40.
Resuma os 66 livros da Bíblia nas cinco palavras estudadas neste
capítulo.
41.
Estude e domine os pontos V e VI deste capítulo.
42. Cite, de memória, os nomes dos 66
livros canônicos e aprenda suas abreviaturas.
A BÍBLIA COMO O
PALAVRA DE DEUS
Em resumo, notam-se na Bíblia duas coisas:
o Livro e a Mensagem. No capítulo anterior, estudamos a Bíblia como livro;
agora a estudaremos como a palavra ou mensagem de Deus. O estudo da Bíblia tem
por finalidade precípua o conhecimento de Deus. Isso é visto desde o primeiro
versículo dela, do qual se nota que tudo tem o seu centro em Deus. Portanto, a
causa motivante de ensinar a Bíblia aos outros deve ser a de levá-los a
conhecer a Deus. Se chegarmos a conhecer o Livro e falharmos em conhecer a
Deus, erramos no nosso propósito, e também o propósito de Deus por meio do seu
Livro seria baldado.
Que as Escrituras são de origem divina é
assunto resolvido. Deus, na sua palavra, é testemunha concernente-mente a si
mesmo. Quem tem o Espírito de Deus deposita toda a confiança nela como a
Palavra de Deus, sem exigir provas nem argumentos. Portanto, sob o ponto de
vista legal, a Bíblia não pode estar sujeita a provas e argumentos.
Apresentamos algumas provas da Bíblia como a Palavra de Deus, não para crermos
que ela é divina, mas porque cremos que ela é divina. É satisfação para nós,
crentes na Bíblia, podermos apresentar evidências externas daquilo que cremos
internamente, no coração.
O presente século é caracterizado por
ceticismo, racio-nalismo, materialismo e outros "ismos" sem conta. A
Bíblia, em meio a tais sistemas, sempre sofre grandes ameaças. Até há pouco tempo,
a luta do Diabo visava destruir o próprio Livro, mas vendo que não conseguia
isso, mudou de tática e agora procura perverter a mensagem do Livro. Seitas e
doutrinas falsas proliferam por toda parte coadjuvadas pelo fanatismo e
ignorância prevalecentes em muitos lugares. Nossa crença na Bíblia deve ser
convicta, sólida e fundamental; não deve ser jamais um eco ou reflexo dos
outros. Se alguém lhe perguntar, leitor: "Por que você crê que a Bíblia é
a Palavra de Deus?" - saberá você responder adequadamente? Muitos crentes
têm sua crença na Bíblia desde a infância, através dos pais, etc, mas nunca
fizeram um estudo profundo e acurado para verificarem a realidade da origem divina
da Bíblia. Apresentamos agora algumas provas da origem divina da Bíblia, as
quais evidenciam esse Livro como a Palavra de Deus.
I. A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA (1ª prova)
O que diferencia a Bíblia de todos os
demais livros do mundo é a sua inspiração divina (Jó 32.8; 2 Tm 3.16; 2 Pe
1.21). É devido à inspiração divina que ela é chamada a Palavra de Deus. (Ver 2
Timóteo 3.16 no original.) - Que vem a ser "inspiração divina"? -
Para melhor compreensão, vejamos primeiro o que é inspiração. No sentido fisiológico,
é a inspiração do ar para dentro dos pulmões. É pela inspiração do ar que temos
fôlego para falar. Daí o ditado "Falar é fôlego". Quando estamos
falando, o ar é expelido dos pulmões: é o que chamamos de expiração. Pois bem,
Deus, para falar a sua Palavra através dos escritores da Bíblia, inspirou neles
o seu Espírito! Portanto, inspiração divina é a influência sobrenatural do
Espírito Santo como um sopro, sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a
receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro.
A própria Bíblia reivindica a si a
inspiração de Deus, pois a expressão "Assim diz o Senhor", como
carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus 66 livros;
isso além de outras expressões equivalentes. Foi o Espírito de Deus quem falou
através dos escritores. (Ver 2 Crônicas 20.14; 24.20; Ezequiel 11.5). Deus
mesmo dá testemunho da sua Palavra. (Ver Salmo 78.1; Isaías 51.15,16; Zacarias
7.9,12). Os escritores, por sua vez, evidenciam ter inspiração divina. (Ver 2
Reis 17.13; Neemias 9.30; Mateus 2.15; Atos 1.16; 3.21; 1 Coríntios 2.13;
14.37; Hebreus 1.1; 2 Pedro 3.2.)
TEORIAS FALSAS
DA INSPIRAÇÃO DA BÍBLIA
Quanto à inspiração da Bíblia, há várias
teorias falsas, que o estudante não deve ignorar. Umas são muito antigas,
outras bem recentes, e ainda outras estão surgindo por aí afora. Nalgumas
delas, para maior confusão, a verdade vem junto com o erro, e muitos se deixam
enganar. Vejamos as principais teorias falsas da inspiração da Bíblia.
a. A teoria da inspiração natural, humana,
ensina que a Bíblia foi escrita por homens dotados de gênio e força intelectual
especiais,como Milton, Sócrates, Shekespeare, Camões, Rui, e inúmeros outros.
Isto nega o sobrenatural. É um erro fatal de conseqüências imprevisíveis para a
fé. Os escritores da Bíblia reivindicam que era Deus quem falava através deles
(2 Sm 23.2 com At 1.16; Jr 1.9 com Ed 1.1; Ez 3.16,17; At 28.25, etc.)
b. A
teoria da inspiração divina comum ensina que a inspiração dos escritores da
Bíblia é a mesma que hoje nos vem quando oramos, pregamos, cantamos, ensinamos,
andamos em comunhão com Deus, etc. Isto é errado, porque a inspiração comum que
o Espírito nos concede: a) Admite gradação, isto é, o Espírito Santo pode
conceder maior conhecimento e percepção espiritual ao crente, à medida que este
ore, se consagre e procure a santificação, ao passo que a inspiração dos
escritores na Bíblia não admite graus. O escritor era ou não era inspirado, b)
A inspiração comum pode ser permanente (1 Jo 2.27), ao passo que a dos escritores
da Bíblia era temporária. Centenas de vezes encontramos esta expressão dos
profetas: "E veio a mim a palavra do Senhor", indicando o momento em
que Deus os tomava para transmitir a sua mensagem.
c. A
teoria da inspiração parcial ensina que algumas partes da Bíblia são
inspiradas, outras não; que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas contém
a Palavra de Deus. - Se esta teoria fosse verdadeira, estaríamos em grande
confusão, por que quem poderia dizer quais as partes inspiradas e quais as
não-inspiradas? A própria Bíblia refuta isso em 2 Timóteo 3.16 (ARA). Também em
Marcos 7.13, o Senhor aplicou o termo "A Palavra de Deus" a todo o
Antigo Testamento. (Quanto ao Novo Testamento, ver João 16.12 e Apocalipse
22.18,19.)
d. A
teoria do ditado verbal ensina a inspiração da Bíblia só quanto às palavras,
não deixando lugar para a atividade e estilo do escritor, o que é patente em
cada livro. Lucas, por exemplo, fez cuidadosa investigação de fatos conhecidos
(Lc 1.4). Esta falsa teoria faz dos escritores verdadeiras máquinas, que
escreveram sem qualquer noção de mente e raciocínio. Deus não falou pelos
escritores como quem fala através de um alto-falante. Deus usou as faculdades
mentais deles.
e. A
teoria da inspiração das idéias ensina que Deus inspirou as idéias da Bíblia,
mas não as suas palavras. Estas ficaram a cargo dos escritores. - Ora, o que é
a palavra na definição mais sumária, senão "a expressão do pensamento"?
Tente o leitor agora mesmo formar uma idéia sem palavras... Impossível! Uma
idéia ou pensamento inspirado só pode ser expresso por palavras inspiradas.
Ninguém há que possa separar a palavra da idéia. A inspiração da Bíblia não foi
somente "pensada"; foi também "falada". (Ver a palavra
"falar" em 1 Coríntios 2.13; Hebreus 1.1; 2 Pedro 1.21.) Isto é, as
palavras foram também inspiradas (Ap 22.19). Dum modo muito maravilhoso, vemos
a inspiração das palavras da Bíblia, não só no emprego da palavra exata, mas
também na ordem em que elas são empregadas; no original, é claro. Apenas três
exemplos: Jó 37.9 e 38.19 (a palavra precisa); 1 Coríntios 6.11 (ordem das palavras
no seu emprego).
A teoria correta da inspiração da Bíblia é
a chamada Teoria da Inspiração Plenária ou Verbal. Ela ensina que todas as
partes da Bíblia são igualmente inspiradas; que os escritores não funcionaram
quais máquinas inconscientes; que houve cooperação vital e contínua entre eles
e o Espírito de Deus que os capacitava. Afirma que homens santos escreveram a
Bíblia com palavras de seu vocabulário, porém sob uma influência tão poderosa
do Espírito Santo, que o que eles escreveram foi a Palavra de Deus. Explicar
como Deus agiu no homem, isso é difícil! Se, no ser humano, o entrosamento do
espírito com o corpo é um mistério inexplicável para os mais sábios, imagine-se
o entrosamento do Espírito de Deus com o espírito do homem! Ao aceitarmos Jesus
como Salvador, aceitamos também a Palavra escrita como a revelação de Deus. Se
o aceitamos, aceitamos também a sua Palavra. A inspiração plenária cessou ao
ser escrito o último livro do Novo Testamento. Depois disso, nem os mesmos
escritores, nem qualquer servo de Deus pode ser chamado inspirado no mesmo
sentido.
Diferença entre "revelação" e
"inspiração" (no tocante à Bíblia)
Revelação é a ação de Deus pela qual Ele dá
a conhecer ao escritor coisas desconhecidas, o que o homem, por si só, não
podia saber. Exemplos: Daniel 12.8; 1 Pedro 1.10,11. (Quanto à inspiração, já
foi dada a sua definição no início deste capítulo.) A inspiração nem sempre
implica em revelação.
Toda a Bíblia foi inspirada por Deus, mas
nem toda ela foi dada por revelação. Lucas, por exemplo, foi inspirado a
examinar trabalhos já conhecidos e escrever o Evangelho que traz o seu nome.
(Ver Lucas 1.1-4).
O mesmo se deu com Moisés, que foi inspirado
a registrar o que presenciara, como relata o Pentateuco.
Exemplos de partes da Bíblia que foram
dadas por revelações:
a.
Os primeiros capítulos de Gênesis. Como escreveria Moisés sobre um
assunto anterior a si mesmo? Se não foi revelação, deve ter lançado mão de
escritores existentes. Há uma antiga tradição hebraica que declara isto.
b.
José interpretando os sonhos de Faraó (Gn 40.8; 41.15,16,38,39).
c.
Daniel declarando ao rei Nabucodonosor o sonho que este havia esquecido,
e em seguida interpretando-o (Dn 2.2-7,19,28-30).
d.
Os escritos do apóstolo Paulo. Ora, Paulo não andou com o Senhor Jesus.
Ele creu por volta do ano 35 d.C, porém, em suas epístolas, conduz-nos a
profundezas de ensino doutrinário sobre a Igreja, inclusive no que tange à escatologia.
Assuntos de primeira grandeza sobre a regeneração, justificação,
paracletologia, ressurreição, glorificação, etc, são abordados por ele. - Como
teve Paulo conhecimento de tudo isso? Ele mesmo no-lo diz em Gálatas 1.11,12 e
Efésios 3.3-7: por revelação! Nos seus escritos, há passagens onde essa
revelação é bem patente, como em 1 Coríntios 11.23-26, onde ele diz:
"Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei..." Por sua vez,
o capítulo 15 de 1 Coríntios, também por ele escrito, é a passagem mais
profunda e completa da Bíblia sobre a ressurreição. Diferença entre declarações
da Bíblia e registro de declarações
A Bíblia não mente, mas registra mentiras
que outros proferiram. Nesses casos, não é a mentira do registro que foi
inspirada, e sim o registro da mentira. A Bíblia registra que o insensato diz
no seu coração "Não há Deus" (SI 14.1). Esta declaração "Não há
Deus" não foi inspirada, mas inspirado foi o seu registro pelo escritor.
Outro exemplo marcante é o do caso da morte do rei Saul. Este morreu
lançando-se sobre sua própria espada (1 Sm 31.4); no entanto, o amalequita que
trouxe a notícia de sua morte, mentiu, dizendo que fora ele quem matara Saul (2
Sm 1.6-10). Ora, o que se deu aí foi apenas o registro da declaração do
amalequita, mas não significa que a Bíblia minta. Há muitos desses casos que os
inimigos da Bíblia aproveitam para desfazer dos santos escritos. A Bíblia
registra, inclusive, declarações de Satanás. Suas declarações não foram
inspiradas por Deus, e sim o registro delas. Sansão mentiu mais de uma vez a
Dalila; a Bíblia não abona isso, apenas registra o fato (Jz cap. 16). Durante a
leitura bíblica, é preciso verificar: quem está falando, para quem está
falando, para que tempo está falando, e em que sentido está falando.
II. A PERFEITA HARMONIA E UNIDADE DA BÍBLIA
(2ª prova)
A existência da Bíblia até os nossos dias
só pode ser explicada como um milagre. Há nela 66 livros, escritos por cerca de
40 escritores, cobrindo um período de 16 séculos. Esses homens, na maior parte
dos casos, não se conheceram. Viveram em lugares distantes de três continentes,
escrevendo em duas línguas principais. Devido a estas circunstâncias, em muitos
casos, os autores nada sabiam sobre o que já havia sido escrito. Muitas vezes
um escritor iniciava um assunto e, séculos depois, um outro completava-o, com
tanta riqueza de detalhes, que somente um livro vindo de Deus podia ser assim.
Uma obra humana, em tais circunstâncias, seria uma babel indecifrável!
CONSIDEREMOS
ALGUNS PORMENORES DESSA HARMONIA.
a.
Os escritores foram homens de todas as atividades da vida humana, daí a
diversidade de estilos encontrados na Bíblia. Moisés foi príncipe e legislador,
além de general. Josué foi um grande comandante. Davi e Salomão, reis e poetas.
Isaías, estadista e profeta. Daniel, chefe de estado. Pedro, Tiago e João, pescadores.
Zacarias e Jeremias, sacerdotes e profetas.
Amos era homem do campo: cuidava de gado. Mateus, funcionário público. Paulo,
teólogo e erudito, e assim por diante. Apesar de toda essa diversidade, quando
examinamos os escritos desses homens, sob tantos estilos diferentes, verificamos
que eles se completam, tratando de um só assunto! O produto da pena de cada um
deles não gerou muitos livros, mas um só livro, poderoso e coerente!
b. As condições. Não houve uniformidade de
condições na composição dos livros da Bíblia. Uns foram escritos na cidade,
outros no campo, no palácio, em ilhas, em prisões e no deserto. Moisés escreveu
o Pentateuco nas solitárias paragens do deserto. Jeremias, nas trevas e
sujidade da mas-morra. Davi, nas verdes colinas dos campos. Paulo escreveu
muitas de suas epístolas nas prisões. João, no exílio, na ilha de Patmos.
Apesar de tantas diferentes condições, a mensagem da Bíblia é sempre única. O
pensamento de Deus corre uniforme e progressivo através dela, como um rio que,
brotando de sua nascente, vai engrossando e aumentando suas águas até tornar-se
caudaloso. A mensagem da Bíblia tem essa continuidade maravilhosa!
c. Circunstâncias. As circunstâncias em que
os 66 livros foram escritos também são as mais diversas. Davi, por exemplo,
escreveu certas partes de seus trabalhos no calor das batalhas; Salomão, na
calma da paz... Há profetas que escreveram em meio a profunda tristeza, ao
passo que Josué escreveu durante a alegria da vitória. Apesar da pluralidade de
condições, a Bíblia apresenta um só sistema de doutrinas, uma só mensagem de
amor, um só meio de salvação. De Gênesis a Apocalipse há uma só revelação, um
só pensamento, um só propósito.
d. A razão dessa harmonia e unidade. Se a
Bíblia fosse um livro puramente humano, sua composição seria inexplicável.
Suponhamos que 40 dos melhores escritores atuais, providos de todo o
necessário, fossem isolados uns dos outros, em situações diferentes, cada um
com a missão de escrever uma obra sua. Se no final reuníssemos todas as obras,
jamais teríamos um conjunto uniforme. Seria a pior miscelânea imaginável! -
Concorda o leitor? Pois bem, imagine isto acontecendo nos antigos tempos em que
a velha Bíblia foi escrita... A confusão seria muito maior! Não havia meios de
comunicação, nem facilidades materiais, mas dificuldades de toda a sorte.
IMAGINE O QUE SERIA A BÍBLIA SE NÃO FOSSE A MÃO DE DEUS!
Não há na Bíblia contradição doutrinária,
histórica ou científica. Uma coisa maravilhosa é que esta unidade não jaz
apenas na superfície; quanto mais profundo for o estudo, tanto mais ela aparecerá.
Há, é certo, na Bíblia, aparentes contradições. Seus inimigos sustentam haver
erros nela em grande quantidade. Mas o que acontece é que estando alguém com
uma trave no olho (Mt 7.3-5), sua visão fica deformada. Um espírito farisaico,
cepticista e orgulhoso, sempre achará falhas na Bíblia, geralmente porque já se
dirige a ela com idéias preconcebidas e falsas.
Há uma história interessante de uma senhora
que estava falando das roupas amarelas que sua vizinha punha a secar no varal,
porém, na semana seguinte, lavando ela sua vidraça e olhando para fora, disse -
a vizinha mudou muito; suas roupas estão alvas agora... Mas eram suas vidraças
que estavam sujas! A diferença estava aí.
Se alguma falha for encontrada na Bíblia,
será sempre do lado humano, como tradução mal feita, grafia inexata,
interpretação forçada, má compreensão de quem estuda, falsa aplicação aos
sentidos do texto, etc. Portanto, quando encontrarmos na Bíblia um trecho
discrepante, NÃO PENSEMOS LOGO QUE É ERRO! Saibamos refletir como Agostinho,
que disse: "Num caso desses, deve haver erro do copista, tradução mal
feita do original, ou então sou eu mesmo que não consigo entender..."
Quanto à unidade física da Bíblia, ninguém
sabe ao certo como os 66 livros se encontraram e se agruparam num só volume.
Isto foi obra de Deus! Sabemos que os escritores não escreveram os 66 livros de
uma vez, nem em um só lugar, nem com o objetivo de reuni-los num só volume, mas
em intervalos, durante 16 séculos, e, em lugares que vão da Babilônia a Roma!
Finalizando o estudo desta prova da Bíblia
como Palavra de Deus, reiteramos que a perfeita harmonia desse livro é, para a
mente humilde e sincera, uma prova incontestável da sua origem divina. É uma prova
de que uma única mente via tudo e guiava os escritores.
Suponhamos que, na cidade onde moramos, um
edifício fosse ser construído com pedras a serem preparadas em várias partes do
Brasil. Chegadas as pedras, ao serem colocadas, encaixavam-se perfeitamente na
construção, satisfazendo todos os detalhes e requisitos da planta. - Que diria
o leitor se tal fato acontecesse? - Que apenas um arquiteto dirigira os operários
nas diversas pedreiras, dando minuciosas instruções a cada um deles. É o caso
da Bíblia - O Templo da verdade de Deus. As "pedras" foram preparadas
em tempos e lugares remotos, mas ao serem postas juntas, combinaram-se
perfeitamente, porque atrás de cada elemento humano estava em operação a mente
infinita de Deus!
III. A APROVAÇÃO DA BÍBLIA POR JESUS (3ª
Prova)
Inúmeras pessoas sabem quem é Jesus; crêem
que Ele fez milagres; crêem em sua ressurreição e ascenção, mas... não crêem na
Bíblia! Essas pessoas precisam conhecer a atitude e a posição de Jesus quanto à
Bíblia. Ele leu-a (Lc 4.16-20); ensinou-a (Lc 24.27); chamou-a "A Palavra
de Deus" (Mc 7.13); e cumpriu-a (Lc 24.44).
A última referência citada (Lc 24.44) é
muito maravilhosa, porque aí Jesus põe sua aprovação em todas as Escrituras do
Antigo Testamento, pois Lei, Salmos e Profetas eram as três divisões da Bíblia
nos dias do Novo Testamento.
Jesus também afirmou que as Escrituras são
a verdade (Jo 17.17). Viveu e procedeu de conformidade com elas (Lc 18.31).
Declarou que o escritor Davi falou pelo Espírito Santo (Mc 12.35,36). No deserto,
ao derrotar o grande inimigo, fê-lo com a Palavra de Deus (Dt 6.13,16; 8.3).
Nota - O título "Sagradas
Escrituras" ou "Escrituras" pode vir no plural ou singular,
porém sempre com letra maiúscula. Exemplos no plural: Mateus 21.42; Lucas
24.32; João 5.39. No singular: João 7.38,42; 19.36,37; 20.9; Atos 8.32. No
singular e com minúscula refere-se a uma passagem particular: Marcos 12.10;
Lucas 4.21; Atos 1.16 -(todas no ARC: a ARA põe tudo em maiúsculas).
"Sagradas Escrituras", ou "A Sagrada Escritura", é o nome
sagrado da revelação divina, assim como "Testamento" é o seu nome de
compromisso, e "Bíblia", seu nome como livro.
O leitor poderá dizer: - "Tratamos do Antigo
Testa¬mento, e, do Novo?" - Bem, quanto ao Novo Testamento, em João 14.26,
o Senhor Jesus, antecipadamente, pôs o selo de sua aprovação divina ao declarar:
"O Espírito Santo... vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de
tudo quanto vos tenho dito". Assim sendo, o que os apóstolos ensinaram e
escreveram não foi a recordação deles mesmos, mas, a do Espírito Santo. No
mesmo Evangelho, capítulo 16.13,14, o Senhor disse ainda que o Espírito San¬to
os guiaria em "toda a verdade"; portanto, no NT temos a essência da
revelação divina. No versículo 12 do citado capítulo, Jesus mostrou que seu
ensino aqui foi parcial, devido à fraqueza dos discípulos, mas ao mesmo tempo
declarou que o ensino deles, sob a ação do Espírito Santo, seria completo e
abrangeria toda a esfera da verdade divina.
Diante de tudo que acabamos de dizer, quem
aceita a autoridade de Cristo, aceita também as Escrituras como de origem
divina, tendo em vista o testemunho que delas dá o Senhor Jesus. - Quem pode
apresentar argumentos? 40
IV. O TESTEMUNHO DO ESPIRITO SANTO DEN¬TRO
DO CRENTE, QUANTO À BÍBLIA (4ª prova)
Em cada pessoa que aceita Jesus como
Salvador, o Espírito Santo põe em sua alma a certeza quanto à autoridade da
Bíblia. É uma coisa automática. Não é preciso ninguém ensinar isso. Quem de
fato aceita Jesus, aceita também a Bíblia como a Palavra de Deus, sem argumentar.
Em João 7.17, o Senhor Jesus mostra como podemos ter dentro de nós o testemunho
do Espírito Santo quanto à autoria divina da Bíblia: "Se alguém quiser
fazer a vontade de Deus..." Assim como o Espírito Santo testifica que nós,
os crentes, somos filhos de Deus (Rm 8.16), testifica-nos também que a Bíblia é
a mensagem de Deus para nós mesmos. Esse testemunho do Espírito Santo no
interior do crente, no tocante às Escrituras, é superior a todos os argumentos
humanos! É aqui que labora em erro a Igreja Romana, ao afirmar que, para se
crer na origem divina da Bíblia é preciso decisão da referida igreja, como se a
verdade de Deus dependesse da opinião de homens, como bem o disse o teólogo e
reformador Calvino.
V. O CUMPRIMENTO FIEL DAS PROFECIAS DA
BÍBLIA (5ª prova)
O Antigo Testamento é um livro de profecias
(Mt 11.13). O Novo Testamento, em grande parte, também o é. Referimo-nos aqui,
evidentemente às profecias no sentido preditivo. Há, no Antigo Testamento, duas
classes dessas profecias: as literais, e as expressas por tipos e símbolos.
Destas há inúmeras no Tabernáculo (Hb 10.1). Muitas profecias da Bíblia já se
cumpriram no passado, em sentido parcial ou total; muitas outras cumprem-se em
nossos dias, e muitas outras ainda se cumprirão no futuro. As profecias sobre o
Messias, proferidas séculos antes de seu nascimento, cumpriram-se literalmente
e com toda a precisão quanto a tempo, local e outros detalhes. Por exemplo: Gênesis
49.10; Salmo 22; Isaías 7.14; 53 (todo); Daniel 9.24-. 26; Miquéias 5.2;
Zacarias 9.9 etc. Outro ponto saliente nas profecias bíblicas é o referente à
nação israelita. A Bíblia prediz sua dispersão, seu retorno, sua restauração e
seu progresso material e espiritual. Exemplos: Levítico 26.14,32,33;
Deuteronômio 4.25-27; 28.15,64; Isaías 60.9; 61.6; 66.8; Jeremias 23.3; 30.3;
Ezequiel 11.17; 36; 37.
Em Ezequiel 37, está uma das mais claras
profecias sobre o despertamento nacional e espiritual do povo israelita. O
cumprimento dessas profecias está em marcha perante nossos olhos. Há inúmeros
outros casos de famosas profecias bíblicas. Ciro, o monarca persa, Deus
chamou-o pelo nome através do profeta Isaías, 150 anos antes do seu nascimento!
(Is 44.28). Josias, rei de Judá, também foi chamado pelo nome 300 anos antes do
seu nascimento. (Ver 1 Reis 13.2 com 2 Reis 23.15-18.) Os últimos quatro
impérios mundiais - Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma, são admiravelmente
descritos muitos anos antes de eles surgirem no horizonte do cenário mundial.
(Ver Daniel capítulo 2 e 7). Também, com uma precisão incrível, a história de
toda a raça humana é descrita em forma profética (isto é, a história no sentido
natural), em Gênesis 9.25-27.
O cumprimento contínuo das profecias da
Bíblia é uma prova de sua origem divina. O que Deus disse sucederá (Jr 1.12).
Graças a Deus por tão sublime e glorioso Livro!
VI. A INFLUÊNCIA BENÉFICA DA BÍBLIA NAS PESSOAS
E NAÇÕES (6? prova)
O mundo hoje é melhor devido à influência
da Bíblia. Mesmo os próprios inimigos da Bíblia admitem que nenhum livro em
toda história da humanidade teve tamanha influência para o bem; eles reconhecem
o seu efeito sadio na civilização. Milhões de pessoas antes de conhecerem,
amarem e obedecerem a este Livro, eram escravos do pecado, dos vícios, da
idolatria, do medo, das superstições, da feitiçaria. Eram mundanas, vaidosas,
iracundas, desconfiadas, etc. Mas, depois que abraçaram este Livro, foram por
ele transformadas em criaturas salvas, alegres, libertas, felizes,
santificadas. Abandonaram todo o mal em que antes viviam e tornaram-se boas
pessoas para a família, para a sociedade e para a pátria. Mostrem-me, se for
possível, outro livro com o poder de influenciar e transformar beneficamente,
não só indivíduos, mas regiões e nações inteiras, conduzindo-os a Deus! Disse o
grande comentador devocional da Bíblia, Dr. F. B. Meyer: "O melhor argumento
em favor da Bíblia é o caráter que ela forma". Vejamos um pouco da
condição moral de alguns povos sem a Bíblia:
a.
Os gregos. Dentre os povos antigos, os gregos foram os mais cultos e
doutos nas letras. Seus filósofos e literatos foram os maiores de todos os
tempos. No entanto, a grande cultura grega e seus livros sem conta, nunca
detiveram a onda de licenciosidade, impureza e idolatria que sempre prevaleceu
no mundo grego. Em Corinto, por exemplo, havia, no templo de Vênus, mil
mulheres devotas que traziam ao seu tesouro os lucros de sua impureza. Sócrates
fazia da moral o assunto único da sua filosofia, e mesmo as¬sim, recomendava a
adivinhação, e ele próprio se entregava à fornicação. Platão, o grande
discípulo de Sócrates, ensinava que mentir era coisa honrosa. A sabedoria deles
e seus milhares de livros não os conduziu à salvação desses e outros males.
Estes dois, Platão e Sócrates, foram homossexuais ativos, como relata o
historiador romano Suetônio.
b.
Os romanos foram os mais famosos como legisladores, guerreiros, oradores
e poetas. Sua legislação, em parte, era boa, porque em parte veio de Moisés (o
maior legislador). Muitas das leis brasileiras vêm das leis portuguesas, que,
por sua vez, vieram das romanas, hauridas, como já dissemos, do Pentateuco. No
entanto, o padrão dos costumes e da moral, foi dos mais baixos em Roma, como
bem registra a História. Mesmo entre as famílias abastadas, civilizadas e
regularmente constituídas, as descobertas arqueológicas, gravuras e descrições
revelam fatos que o recato proíbe enumerar. Cícero, o maior orador romano, um
espécime de excelência dentre os romanos, defende a fornicação, e a recomenda,
e, por fim, pratica o suicídio. Catão, o Censor, tido como o mais perfeito
modelo de virtude, foi réu da prostituição e embriaguez; advogou, e, mais
tarde, praticou o suicídio.
Júlio César tinha encontros amorosos com o
rei Nicomedes da Bitínia. O imperador Calígula (37-41 d.C.) viveu amasiado com
sua irmã Drusila (Suetônio). Nero, o famigerado imperador romano, viveu com sua
irmã Agripina. Viveu depois amasiado com dois eunucos; o primeiro chamado
Sporus, e o segundo Doríphorus (Suetônio). Messalina, a imperatriz, esposa de
Cláudio, imperador de 41-54 d.C. foi extremamente depravada (Juvenal).
Se isto era assim entre a classe alta, o
que não acontecia na classe baixa?
É somente a Bíblia que nos faz ser
diferentes desses povos. Sem ela, nós nos tornaríamos semelhantes a eles. O
nosso mundo orgulha-se hoje de ter atingido os píncaros do saber e de haver
produzido os mais importantes e melhores livros, entretanto a onda de pecado e
mal avassala a humanidade como um rolo compressor. Comparemos tudo isso com o
caráter, a formação, a personalidade ideal dos verdadeiros seguidores da
Bíblia!
Todo homem que vive a Bíblia, pautando sua
vida pelos seus santos ensinos, também ama a Deus e vive para Ele. Por outro
lado, todos os que se opõem à Bíblia e rejeitam sua autoria divina, vivem para
si mesmos; são obstinados, cruéis, desumanos, instáveis, prepotentes; ímpios,
acima de tudo. Em suma, quanto mais o homem crê em Deus, mais aproxima-se da
Bíblia. É como disse certa senhora crente a um moço, nos Estados Unidos:
"Este livro te guardará do pecado, ou o pecado te guardará deste livro!"
Quanto à educação, não há filosofia
educacional segura se não for alicerçada sobre os ensinos fundamentais da
Bíblia. A educação moderna reconhece que a formação do caráter é a suprema
finalidade de seu trabalho, mas, isto não irá muito longe, a menos que se
reconheça que a única base do verdadeiro caráter é a Bíblia. Fé na Bíblia é a
maior força de qualquer moço ou moça na prossecução da vida e da carreira
educacional.
A mocidade precisa saber disso. A tragédia
é que, professores aos milhares em todo o mundo, saturados e narcortizados por
falsa dialética e filosofia vil, desencaminham os jovens, desde a mais tenra
idade. Saiba-se, portanto, que a Bíblia é o livro mais maravilhoso do mundo, e
que seus ensinos tão simples e ao mesmo tempo profundos, servirão de guia para
a sua vida mais feliz e mais bem sucedida, sendo sempre a base segura e única
para encontrarmos o nosso Criador na eternidade.
Considerando tudo que acabamos de dizer
quanto à influência poderosa da Bíblia e seu poder transformador, evidenciado
tanto nos indivíduos como em nações inteiras, perguntamos: - Donde vem tal
livro, senão de Deus?
VII. A BÍBLIA É SEMPRE NOVA E INESGOTÁVEL
(7ª prova)
O tempo não afeta a Bíblia. É o livro mais
antigo do mundo e ao mesmo tempo o mais moderno. Em mais de 20 séculos o homem
não pôde melhorá-la... Se a Bíblia fosse de origem humana, é claro que em dois
milênios, ela de há muito estaria desatualizada. Uma vez que o homem moderno se
jacta de tanto saber, era de esperar que já tivesse produzido uma Bíblia
melhor! Realmente isto é uma evidência da Bíblia como a Palavra de Deus! Tendo
em vista o vasto progresso alcançado pelo homem, especialmente nos dois últimos
séculos, só podemos dizer que, se ele não produziu um livro melhor, para
substituir a Bíblia, é porque não pôde. Muitos também reclamam por não ser
estritamente científica a linguagem da Bíblia. Ora, a Bíblia trata
primeiramente da redenção da humanidade. Além disso, termos científicos mudam
ou ficam para trás, à medida que a ciência avança. Sempre temos termos novos na
Ciência.
A Bíblia nunca se torna um livro antigo,
apesar de ser cheio de antigüidades. Ela é tão hodierna como o dia de amanhã.
Sua mensagem milenar tanto satisfaz a criança como o ancião encanecido. A
Bíblia pode ser lida vezes sem conta sem se poder encontrar suas profundezas e
sem que o leitor perca por ela o interesse. - Acontece isso com os demais
livros?! Quem já se cansou de ler Salmo 23; João 3.16; Romanos 12; 1 Coríntios
12? É que cada vez que lemos essas passagens (para não falar nas demais), descobrimos
coisas que nunca tínhamos visto antes. Depois de quase 2.000 anos de escrito o
último livro da Bíblia, a impressão que se tem é que a tinta do original está
ainda secando...
Até o fim dos tempos o velho e precioso
Livro continuará a ser a resposta às indagações da humanidade a respeito de
Deus e do homem. Nos seus milhares de anos de leitura, a Bíblia nunca foi
esgotada por ninguém.
VIII.
A BÍBLIA É FAMILIAR A CADA POVO OU INDIVÍDUO EM QUALQUER LUGAR (8ª
prova)
Através do mundo inteiro, qualquer crente,
ao ler a Bíblia, recebe sua mensagem como se esta fora escrita diretamente para
ele. Nenhum crente tem a Bíblia como livro alheio, estrangeiro, como acontece
aos demais livros traduzidos. Todas as raças consideram a Bíblia como possessão
sua. Por exemplo, ao lermos "O Peregrino" sabemos que ele é inglês;
ao lermos "Em Seus passos que Faria Jesus?" sabemos que é
norte-americano, porque seus autores são oriundos desses países. - É assim com
a Bíblia? - Não! Nós a recebemos como "nossa". Isso acontece em
qualquer país onde ela chega. Ninguém tem a Bíblia como livro "dos
outros". Isto prova que ela procede de Deus - o Pai de todos!
- Qual a pessoa que, ao ler o Salmo 23,
acha que ele foi escrito para os judeus? Aos que vivemos no Brasil, a impressão
que temos é que ele foi escrito diretamente para nós. A mesma coisa dirão os
irmãos dos demais países. A mensagem da Bíblia é a mesma em todas as línguas.
Nisto vemos que ela é diferente de todos os demais livros do mundo. Se fosse
produto humano, não se ajustaria às línguas de todas as nações. Nenhum outro
livro pode igualar-se à Bíblia nessa parte. É mais uma prova da sua origem
divina.
IX.
A SUPERIORIDADE DA BÍBLIA EM RELAÇÃO AOS DEMAIS LIVROS, QUANTO À
COMPOSIÇÃO (9ª prova)
É muito interessante comparar nalguns
pontos os ensinos da Bíblia com os de Zoroastro, Buda, Confúcio, Sócrates,
Sólon, Marco Aurélio e muitos outros autores pagãos. Os ensinos da Bíblia
superam os desses homens em todos os pontos imagináveis. Só dois pontos vamos
destacar dessa superioridade.
a. A Bíblia contém mais verdades que todos
os demais livros juntos. Ajuntem, se possível, todos os melhores pensamentos de
toda a literatura antiga e moderna; retirem o imprestável; ponham toda a
verdade escolhida num volume, e verão que este jamais substituirá a Bíblia!
Entretanto, a Bíblia não é um volume grande. Pode ser conduzida no bolso do
paletó. Todavia, há mais verdades neste pequeno livro do que em todos os outros
que o homem produziu em todos os séculos. - Como se pode explicar isso? - Há
somente uma resposta racional e judiciosa: este livro não veio do homem: veio
de Deus!
b. A Bíblia só contém verdade. Se há
mentiras, não são dela; apenas nela foram registradas. Ao passo que os demais
livros contêm verdade misturada com mentira ou erro. Reconhecemos que há jóias
preciosas nos livros dos homens, mas, é como disse certa vez Joseph Cook:
"São jóias retiradas da lama!" Qualquer verdade encontrada em trabalhos
humanos, seja do ponto de vista moral ou espiritual, acha-se em essência no
velho Livro. Comparemos alguns dos melhores ensinos desses famosos homens, especialmente
dos decantados filósofos, com os da Bíblia. De fato, seus ensinos contêm jóias
de real valor, mas, estas, quer saibam eles quer não, são jóias roubadas, e do
Livro que eles ridicularizam! Poderíamos incluir aqui também a superioridade da
Bíblia quanto aos demais livros, no que tange à sua preservação em meio a
tantos ataques, em todos os tempos.
X. A IMPARCIALIDADE DA BÍBLIA (10ª prova)
Se a Bíblia fosse um livro originado do
homem, ela não poria a descoberto as faltas e falhas dele. Os homens jamais
teriam produzido um livro como a Bíblia, que só dá toda a glória a Deus e mostra
a fraqueza do homem (Jó 14; 17.1; 27; SI 50.21,22; 51.5; 1 Co 1.19-25). A
Bíblia tanto diz que Davi era um homem segundo o coração de Deus (At 13.22),
como também revela seus pecados, como vemos nos livros de Reis, Crônicas e
Salmos. É também o caso da embriaguez de Noé, da dissimulação de Abraão, de Ló,
da idolatria e luxúria de Salomão. Nada disto está escrito para nossa imitação,
mas para nossa admoestação e para provar a imparcialidade da Bíblia. É ela o
único livro assim.
Só a Bíblia ensina que o homem está em
condições físicas, mentais e morais decadentes e que, se deixado só, decairá
cada vez mais. Os livros humanos ensinam o oposto. Dizem que há no homem uma
"Força residente" que constantemente procura elevá-lo. Este
ensinamento é agradável ao homem, porque o homem adora crer que se está desenvolvendo
às suas custas, apesar dos milhares de sepulturas que são acrescentadas
diariamente aos cemitérios. O homem jamais escreveria um livro como a Bíblia,
que põe em relevo as suas fraquezas e defeitos.
CONCLUSÃO SOBRE
A ORIGEM DA BÍBLIA
Deus é o único que pode ter sido o autor da
Bíblia, porque:
a) Homens ímpios jamais iriam produzir um
livro que sempre os está condenando.
b) Homens justos e piedosos jamais
cometeriam o crime de escreverem um livro e depois fazerem o mundo crer que
esse livro é obra de Deus.
c) Os judeus - guardiães da Bíblia, jamais
poderiam ser os autores dela, pois ela sempre condena suas transgressões, pondo
seus defeitos a descoberto. Também se eles tivessem podido mexer nela, teriam apagado
todos esses males, idolatrias e rebeliões contra Deus, nela registrados.
QUESTIONÁRIO
1.
Quais as duas coisas que, em resumo, notam-se na Bíblia?
2. Qual a finalidade precípua do estudo da
Bíblia?
3.
Qual deve ser a causa motivante do ensino da Bíblia aos outros?
4. Se as provas que apresentamos da Bíblia
como a Palavra de Deus não são para crermos que ela é divina, por que as
apresentamos então?
5. O que acontece à Bíblia em meio aos
"ismos" sem conta, prevalecentes em nossos dias?
6. Quais as duas táticas apresentadas,
usadas pelo Diabo contra as Sagradas Escrituras?
7. Como deve ser a nossa crença na Bíblia?
e como não deve ser?
8. Que diferencia a Bíblia de todos os
demais livros do mundo? Cite uma referência bíblica.
9. Por que é a Bíblia chamada "A
Palavra de Deus"?
10. Como diz literalmente o original em 2
Timóteo 3.16: "Toda a Escritura é inspirada por Deus"?
11. Que é "inspiração" no sentido
fisiológico?
12. Dê a definição de "inspiração
divina"
13. Que revela a expressão "Assim diz
o Senhor", tão comum através da Bíblia?
14. Mencione as 5 teorias falsas,
estudadas, da inspiração da Bíblia.
15. Dê a súmula de cada uma das 5 teorias
falsas apresentadas.
16. Como é conhecida a teoria correta da
inspiração da Bíblia? Descreva essa teoria.
17. Cessou ou continua a "inspiração
plenária"? Se cessou, quando ocorreu isso?
18. Mostre a diferença entre
"revelação" e "inspiração" no tocante à Bíblia.
19. Mostre a diferença entre declarações da
própria Bíblia e registros de declarações de ou trem.
20. Considerando a prova da perfeita
harmonia e unidade da Bíblia, teça considerações sobre:
a)
os seus escritores,
b)
as condições em que escreveram,
c)
as circunstâncias em que escreveram,
d) a
razão da harmonia e unidade das Escrituras.
21. Se falhas forem encontradas na Bíblia,
donde procedem? Mencione algumas dessas possíveis falhas.
22. Quanto à prova da "Aprovação da
Bíblia por Jesus", mencione três atitudes ou posições dele sobre a Bíblia.
23. Qual a referência bíblica de Lucas,
onde Jesus põe sua autenticação divina em todo o Antigo Testamento?
24. Qual a passagem de João onde Jesus,
antecipadamente, aprovou todo o Novo Testamento?
25. A que é superior o testemunho do
Espírito Santo no crente, no tocante à Bíblia como a Palavra de Deus?
26. Quais as duas classes de profecias
preditivas? Cite pelo menos 4 casos.
27. Qual a influência da Bíblia naqueles
que a aceitam? Cite exemplos entre os povos que a desconhecem, mesmo os mais
adiantados como foram os gregos, romanos e babilônicos.
28. Mostre como o tempo não afeta a Bíblia.
29. Quanto ao tempo, qual a impressão que
se tem ao ler a Bíblia?
30. Dê a súmula da prova que apresenta a
Bíblia como familiar a cada povo ou indivíduo que a aceita, em qualquer lugar.
31. Dê a súmula da superioridade da Bíblia
em relação a todos os demais livros, nos dois pontos apresentados.
32. Descreva como se manifesta a
imparcialidade da Bíblia como prova de sua origem divina, isto é, como a
Palavra de Deus.
O CÂNON DA
BÍBLIA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICa
Cânon ou Escrituras canônicas é a coleção
completa dos livros divinamente inspirados, que constituem a Bíblia.
Cânon é palavra grega, e significa,
literalmente, "vara reta de medir", assim como uma régua de
carpinteiro. No Antigo Testamento, o termo aparece no original em passagens
como Ezequiel 40.5: "Vi um muro exterior que rodeava toda a casa e, na mão
do homem, uma cana de medir, de seis côvados, cada um dos quais tinha um côvado
e um palmo; ele mediu a largura do edifício, uma cana, e a altura, uma
cana."
No sentido religioso, cânon não significa
aquilo que mede, mas aquilo que serve de norma, regra. Com este sentido, a
palavra cânon aparece no original em vários lugares do Novo Testamento:
"E a todos quantos andarem de
conformidade com esta regra, paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o
Israel de Deus" (Gl 6.16).
"Nós, porém, não nos gloriaremos sem
medida, mas respeitamos o limite da esfera de ação que Deus nos demarcou e que
se estende até vós" (2 Co 10.13).
"Não nos gloriando fora de medida nos
trabalhos alheios, e tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos
sobremaneira engrandecidos entre vós, dentro da nossa esfera de ação" (2
Co 10.15).
"Todavia, andemos de acordo com o que
já alcançamos" (Fp 3.16).
A Bíblia, como o cânon sagrado, é a nossa
norma ou regra de fé e prática. Diz-se dos livros da Bíblia que são canônicos
para diferençá-los dos apócrifos. O emprego do termo cânon foi primeiramente
aplicado aos livros da Bíblia por Orígenes (185-254 d.C.)
I. O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
Na época patriarcal, a revelação divina era
transmitida escrita e oralmente. A escrita já era conhecida na Palestina
séculos antes de Moisés; a Arqueologia tem provado isto, inclusive tem
encontrado inúmeras inscrições, placas, sinetes e documentos antediluvianos. O
Cânon do Antigo Testamento, como o temos atualmente, ficou completo desde o
tempo de Esdras, após 445 a.C. Entre os judeus, tem ele três divisões, as quais
Jesus citou em Lucas 24.44 -LEI, PROFETAS, ESCRITOS. A divisão dos livros no cânon
hebraico é diferente da nossa. Consiste em .24 livros em vez dos nossos 39,
isto porque são considerados um só livro, cada grupo dos seguintes:
-Os dois de Samuel................................ 1
-Os dois de
Reis....................................
1
-Os dois de Crônicas.................................1
-Os dois de Esdras e Neemias.....................1
-Os doze Profetas Menores.........................1
-Os demais livros do Antigo Testamento.......19
Total...........24
A disposição ou ordem dos livros no cânon
hebraico é também diferente da nossa. Damos a seguir essa disposição dentro da
tríplice divisão do cânon, já mencionada (Lei, Profetas, Escritos). 1.
LEI__________5 livros_______Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. 52
2. PROFETAS _ 8 livros_______Divididos em:
Primeiros Profetas: Josué, Juizes, Samuel,
Reis.
Ültimos Profetas: Isaías, Jeremias,
Eze-quiel e os doze Profetas Menores.
3.
ESCRITOS _ 11 livros________Divididos em:
Livros Poéticos: Salmos, Provérbios, Jó. Os
Cinco Rolos: Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester.
Livros Históricos: Daniel, Esdras-Neemias,
Crônicas.
Os Cinco Rolos eram assim chamados por
serem separados, lidos anualmente em festas distintas:
- CANTARES, na Páscoa, em alusão ao Êxodo.
- RUTE, no Pentecoste, na celebração da
colheita, em seu início.
- ESTER, na festa do Purim, comemorando o
livramento de Israel da mão do mau Hamã.
- ECLESIASTES, na Festa dos Tabernáculos -
festa de gratidão pela colheita.
- LAMENTAÇÕES, no mês de Abibe, relembrando
a destruição de Jerusalém pelos babilônicos.
No cânon hebraico também os livros não
estão em ordem cronológica. Os judeus não se preocupavam com um sistema
cronológico. Também pode haver nisto um plano divino.
A nossa divisão em 39 livros vem da
Septuaginta, através da Vulgata Latina. A Septuaginta foi a primeira tradução
das Escrituras, feita do hebraico para o grego, cerca de 285 a.C. Também a
ordem dos livros por assuntos, nas nossas Bíblias, vem dessa famosa tradução.
Nas palavras de Jesus, em Lucas 24.44, Ele
chamou "Salmos" à última divisão do cânon hebraico, certamente porque
esse livro era o primeiro dessa divisão (ver a página anterior). Segundo a
nossa divisão, o Antigo Testamento começa com Gênesis e termina em Malaquias,
porém, segundo a divisão do cânon hebraico, o primeiro livro é Gênesis e o
último é Crônicas. Isto é visto claramente nas palavras de Jesus em Mateus 23.35
- o caso de Abel está em Gênesis e o do filho de Baraquias está em Crônicas.
A FORMAÇÃO DO
CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO
O Cânon do Antigo Testamento foi formado
num espaço de mais de mil anos (+ - 1046 anos) - de Moisés a Esdras. Moisés
escreveu as primeiras palavras do Pentateuco por volta de 1491 a.C. Esdras
entrou em cena em 445 a.C. Esdras não foi o último escritor na formação do
cânon do Antigo Testamento; os últimos foram Neemias e Malaquias, porém, de
acordo com os escritos históricos, foi ele que, na qualidade de escriba e
sacerdote, reuniu os rolos canônicos, ficando também o cânon encerrado em seu
tem¬po.
A chamada Alta Crítica tem feito uma
devastação com seu modernismo e suas contradições no que concerne à formação,
fontes de autenticidade do cânon, especialmente o do Antigo Testamento, mutilando
quase todos os seus livros. Em resumo, a Alta Crítica é a discussão das datas e
da autoria dos livros. Ela estuda a Bíblia do lado de fora, externamente,
baseada apenas em fontes do conhecimento humano. Por sua vez, a Crítica
Textual, também conhecida por Baixa Crítica, estuda o texto bíblico, e este
somente, e, ao lado da Arqueologia, vem alcançando um progresso valioso, posto
à disposição do estudante das Escrituras. Por exemplo, a teoria de que a
escrita era desconhecida nos dias de Moisés já foi destruída. E de ano para ano
aumentam os achados nas terras bíblicas, evidenciando e comprovando as
narrativas e fatos do Antigo Testamento. Mediante tais provas irrefutáveis, os
homens estão tendo mais respeito pelo Livro Sagrado! Toda a Bíblia vem sendo
confirmada pela pá do arqueólogo e pelos eruditos em antigüidades bíblicas.
Coisas que pareciam as mais incríveis são hoje aceitas por todos, sem objeções.
O estudante das Escrituras deve estar prevenido contra a Alta Crítica.
A formação do cânon foi gradual. Houve,
originalmente, a transmissão oral, como se vê em Jó 15.18. Jó é tido como o
livro mais antigo da Bíblia. Daremos em seguida a seqüência da formação gradual
do cânon do Antigo Testamento. Convém ter em mente aqui que toda cronologia
bíblica é apenas aproximada. Já no Novo Testamento, há precisão de muitos
casos. Essa cronologia vai sendo atualizada à medida em que os estudos avançam
e a Arqueologia fornece informes oficiais:
1.
Moisés, cerca de 1491 a.C, começou a escrever o Pentateuco, concluindo-o
por volta de 1451 a.C. (Números 33.2). Mais textos relacionados com Moisés e
sua escrita do Pentateuco: Êxodo 17.14; 24.4,7; 34.27. As partes do Pentateuco
anteriores a Moisés, como o relato da Criação, todo o livro de Gênesis e parte
de Êxodo, ele escreveu, ou lançando mão de fontes existentes (ver 2.4; 5.1), ou
por revelação divina. Gênesis 26.5 dá a entender que nesse tempo já havia
"mandamentos, preceitos e estatutos" escritos. Há, é certo, passagens
do Pentateuco que foram acrescentadas posteriormente, como: Êxodo 11.3; 16.35;
Deutero-nômio 34.1-12.
2. Josué, sucessor de Moisés (1443 a.C),
escreveu uma obra que colocou perante o Senhor (Js 24.26).
3.
Samuel (1095 a.C), o último juiz e também profeta do Senhor, escreveu,
pondo seus escritos perante o Senhor (1 Sm 10.25). Certamente "perante o
Senhor" significa que seus escritos foram depositados na Arca do Concerto
com os demais escritos sagrados lá depositados (Êx 25.21; Hb 9.4).
4. Isaías (770 a.C.) fala do "livro do
Senhor" (Is 34.16), e "palavras do livro" (Is 29.18). São
referências às Escrituras na sua formação.
5.
Em 726 a.C, os Salmos já eram cantados (2 Cr 29.30). O fato aí
registrado teve lugar nesse tempo.
6. Jeremias, cuja chamada deu-se em 626 a.C,
registrou a revelação divina (Jr 30.1,2). Tal livro foi queimado pelo mau rei
Jeoaquim, em 607 a.C, porém Deus ordenou que Jeremias preparasse novo rolo, o
que foi feito mediante seu amanuense Baruque (Jr 36.1,2,28,32; 45.1).
7.
No tempo do rei Josias (621 a.C), Hilquias achou o "Livro da
Lei" (2 Rs 22.8-10).
8. Daniel (553 a.C.) refere-se aos
"livros" (Dn 9.2). Eram os rolos sagrados das Escrituras de então.
9. Zacarias (520 a.C.) declara que os
profetas que o precederam falaram da parte do Espírito Santo (7.12). Não há
aqui referência direta a escritos, mas há inferência. Zacarias foi o penúltimo
profeta do Antigo Testamento, isto é, profeta literário.
10.
Neemias, nos seus dias (445 a.C), achou o livro das genealogias dos
judeus que já haviam regressado do exílio (7.5); certamente havia outros
livros.
11.
Nos dias de Ester, o Livro Sagrado estava sendo escrito (Et 9.32).
12.
Esdras, contemporâneo de Neemias, foi hábil escriba da lei de Moisés, e
leu o livro do Senhor para os judeus já estabelecidos na Palestina, de regresso
do cativeiro babilônico (Ne 8.1-5). Conforme 2 Macabeus e outros escritos
judaicos, Esdras presidiu a chamada Grande Sinagoga, que selecionou e preservou
os rolos sagrados, determinando, dessa maneira, o cânon das Escrituras do
Antigo Testamento. (Ver Esdras 7.10,14.) Essa Grande Sinagoga era um conselho
composto de 120 membros que se diz ter sido organizado por Neemias, cerca de 410
a.C, sob a presidência de Esdras. Foi essa entidade que reorganizou a vida religiosa
nacional dos repatriados e, mais tarde, deu origem ao Sinédrio, cerca de 275 a.C.
A Esdras é atribuída a tríplice divisão do cânon, já estudada. Foi nesse tempo,
isto é, no tempo de Esdras, que os samaritanos foram expulsos da comunidade
judaica (Ne 13) levando consigo o Pentateuco, que é até hoje a Bíblia dos
samaritanos. Isto prova que o Pentateuco era escrito canônico.
13. Encontramos profeta citando outro profeta, do
que se infere haver mensagem escrita. (Comparar Miquéias 4.1-3 com Isaías
2.2-4.)
14.
Filo, escritor de Alexandria (30 a.C. - 50 d.C) possuía todo o cânon do
Antigo Testamento. Em seus escritos ele cita quase todo o Antigo Testamento.
15. Josefo, o historiador judeu (37-100
d.C), contemporâneo de Paulo, diz, escrevendo aos judeus, no livro "Contra
Appion": "Nós temos apenas 22 livros, contando a história de todo o
tempo; livros em que nós cremos, ou segundo geralmente se diz, livros aceitos
como divinos. Desde os dias de Artaxerxes ninguém se aventurou a acrescentar,
tirar ou alterar uma única sílaba. Faz parte de cada judeu, desde que nasce,
considerar estas Escrituras como ensinos de Deus". Josefo foi homem culto
e judeu ortodoxo de linhagem sacerdotal. Foi governador da Galiléia e comandante
militar nas guerras contra Roma. Presenciou a queda de Jerusalém. Foi levado a
Roma onde se dedicou a escritos literários.
Ora, o Artaxerxes que ele menciona é o
chamado Longímano, que reinou de 465-424 a.C. Isso coincide com o tempo de
Esdras e confirma as declarações de outras peças da literatura judaica que
ensinam ter Esdras presidido a Grande Sinagoga que selecionou e preservou os
rolos sagrados para a posterioridade. Josefo conta os livros do Antigo
Testamento como 22 porque considera Juizes e Rute como 1 (um) livro; Jeremias e
Lamentações também. Isto, para coincidir com o número de letras do alfabeto
hebraico: 22.
16. Nos dias do Senhor Jesus, esse livro
chamava-se Escrituras (Mt 26.54; Lc 24.27,45; Jo 5.39), com as suas três
conhecidas divisões: Lei, Profetas, Salmos (Lc 24.44). Era também chamado
"A Palavra de Deus" (Mc 7.13; Jo 10.34,35). Note bem este título
aplicado pelo próprio Senhor Jesus! Outro fato notável é a citação feita por
Jesus em Mateus 23.35 que autentica todo o Antigo Testamento!
17. Os escritores do Novo Testamento
reconhecem como canônicos os livros do Antigo Testamento, pois este é a miúdo
citado naquele, havendo cerca de 300 referências diretas e indiretas. Os escritores
do Novo Testamento referem-se ao cânon do Antigo Testamento como sendo oráculos
divinos. (Compare Romanos 3.2; 2 Timóteo 3.16; Hebreus 5.12).
Cremos que, começando por Moisés, à
proporção que os livros iam sendo escritos, eram postos no tabernáculo, junto
ao grupo de livros sagrados. Esdras, como já dissemos, após a volta do
cativeiro, reuniu os diversos livros e os colocou em ordem, como coleção
completa. Destes originais eram feitas cópias para as sinagogas largamente
disseminadas.
Data do reconhecimento e fixação do cânon
do Antigo Testamento
Em 90 d.C. Em Jâmnia, perto da moderna
Jope, em Israel, os rabinos, num concilio sob a presidência de Johanan Ben
Zakai, reconheceram e fixaram o cânon do Antigo Testamento. Houve muitos debates
acerca da aprovação de certos livros, especialmente dos "Escritos".
Note-se porém que o trabalho desse concilio foi apenas ratificar aquilo que já
era aceito por todos os judeus através de séculos. Jâmnia, após a destruição de
Jerusalém (70 d.C.) tornou-se a sede do Sinédrio - o supremo tribunal dos
judeus. Livros desaparecidos, citados no texto do Antigo Testamento. É digno de
nota que a Bíblia faz referência a livros até agora desaparecidos. (Veja
Números 21.14; Josué 10.13 com 2 Samuel 1.18; 1 Reis 11.41; 1 Crônicas 27.24;
29.29; 2 Crônicas 9.29; 12.15; 13.22; 26.22; 33.19.) São casos cujo segredo só
Deus conhece. Talvez um dia eles venham à luz como o MSS de Qümram, Mar Morto,
em 1947.
II. O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO
Como no Antigo Testamento, homens
inspirados por Deus escreveram aos poucos os livros que compõem o cânon do Novo
Testamento. Sua formação levou apenas duas gerações: quase 100 anos. Em 100
d.C. todos os livros do Novo Testamento estavam escritos. O que demorou foi o
reconhecimento canônico, isto motivado pelo cuidado e escrúpulo das igrejas de
então, que exigiam provas concludentes da inspiração divina de cada um desses
livros. Outra coisa que motivou a demora na canonização foi o surgimento de
escritos heréticos e espúrios com pretensão de autoridade apostólica. Trata-se
dos livros apócrifos do Novo Testamento, fato idêntico ao acontecido nos tempos
do encerramento do cânon do Antigo Testamento. A ordem dos 27 livros do Novo
Testamento, como temos atualmente em nossas Bíblias, vem da Vulgata, e não leva
em conta a seqüência cronológica. 58 Livros desaparecidos, citados no Novo
Testamento. Há também livros mencionados no Novo Testamento até agora
desaparecidos (1 Co 5.9; Cl 4.16).
a.
Ás Epístolas de Paulo. Foram os primeiros escritos do Novo Testamento. São
13: de Romanos a Filemom. Foram escritas entre 52 e 67 d.C. Pela ordem
cronológica, o primeiro livro do Novo Testamento é 1 Tessalonicenses, escrito
em 52 d.C. 2 Timóteo foi escrita em 67 d.C, pouco antes do martírio do apóstolo
Paulo em Roma. Esses livros foram também os primeiros aceitos como canônicos.
Pedro chama os escritos de Paulo de "Escrituras" - título aplicado
somente à Palavra inspirada de Deus! (2 Pe 3.15,16).
b.
Os Atos dos Apóstolos. Escrito em 63 d.C, no fim dos dois anos da
primeira prisão de Paulo em Roma (At 28.30).
c.
Os Evangelhos. Estes, a princípio, foram propagados oralmente. Não havia
perigo de enganos e esquecimento porque era o Espírito Santo quem lembrava tudo
e Ele é infalível (Jo 14.26). Os Sinóticos foram escritos entre 60 a 65 d.C.
Marcos, em 65. Em 1 Timóteo 5.18, Paulo, escrevendo em 65 d.C, cita Mateus 10.10.
João foi escrito em 85. Entre Lucas e João foram escritas quase todas as epístolas.
Note-se que Paulo chama Mateus e Lucas de "Escrituras" ao citá-los em
1 Timóteo 5.18; o original dessa citação está em Mateus 10.10 e Lucas 10.7.
d. As Epístolas, de Hebreus a Judas, foram
escritas entre 68 e 90 d.C. Quanto à autoria de Hebreus, só Deus sabe de fato.
Agostinho (354-430 d.C), bispo de Hipona, África do Norte, afirma que seu autor
é Paulo. As igrejas orientais atribuíram-na a Paulo, mas as ocidentais, até o
IV século recusaram-se a admitir isto. A opinião ainda hoje é a favor de Paulo.
Orígenes (185-254) - o homem mais ilustre da igreja antiga, e, anterior a
Agostinho - afirma: "Quem a escreveu só Deus sabe com certeza".
e. O
Apocalipse. Escrito em 96 d.C, durante o reinado do imperador Domiciano.
Muitos livros antes de serem finalmente
reconhecidos como canônicos foram duramente debatidos. Houve muita relutância
quanto às epístolas de Pedro, João e Judas bem como quanto ao Apocalipse. Tudo
isto tão-somente revela o cuidado da Igreja e também a responsabilidade que envolvia
a canonização. Antes do ano 400 d.C, todos os livros estavam aceitos. Em 367,
Atanásio, patriarca de Alexandria, publicou uma lista dos 27 livros canônicos,
os mesmos que hoje possuímos; essa lista foi aceita pelo Concilio de Hipona
(África) em 393.
DATA DO
RECONHECIMENTO E FIXAÇÃO DO CÂNON DO NOVO
TESTAMENTO
Isso ocorreu no III Concilio de Cartago, em
397 d.C. Nessa ocasião, foi definitivamente reconhecido e fixado o cânon do
Novo Testamento. Como se vê, houve um amadurecimento de 400 anos.
A necessidade da mensagem escrita do Novo
Testamento
A mensagem da Nova Aliança precisava ter forma
escrita como a da Antiga. Após a ascensão do Senhor Jesus, os apóstolos
pregaram por toda parte sem haver nada escrito. Sua Bíblia era o Antigo
Testamento. Com o correr do tempo, o grupo de apóstolos diminuiu. O Evangelho
espalhou-se. Surgiu a necessidade de reduzi-lo à forma escrita, para ser
transmitido às gerações futuras. Era o plano de Deus em marcha. Muitas igrejas
e indivíduos pediam explicações acerca de casos difíceis surgidos por perturbações,
falsas doutrinas, problemas internos, etc. (Ver 1 Coríntios 1.11; 5.1; 7.1.)
Os judeus cumpriram sua missão de
transmitir ao mundo os oráculos divinos (Rm 3.2).
A Igreja também cumpriu sua parte,
transmitindo as palavras e ensinos do Senhor Jesus, bem como as que Ele, pelo
Espírito Santo inspirou aos escritores sacros. Ele mesmo disse: "Tenho
muito que vos dizer... mas o Espírito de verdade... dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará o que há de vir" (Jo 16.12,13).Dão testemunho da
existência de livros do Novo Testamento, em seu tempo, os seguintes cristãos
primitivos, cujas vidas coincidiram com a dos apóstolos ou com os discípulos
destes:Clemente de Roma, na sua carta aos Coríntios, em 95 d.C. cita vários
livros do Novo Testamento. Policarpo, na sua carta aos Filipenses, cerca de 110
d.C, cita diversas epístolas de Paulo. Inácio, por volta de 110, cita grande
número de livros em seus escritos. Justino Mártir, nascido no ano da morte de
João, escrevendo em 140 d.C, cita diversos livros do Novo Testamento. Irineu
(130-200 d.C), cita a maioria dos livros do Novo Testamento, chamando-os
"Escrituras". Orígenes (185-254 d.C), homem erudito, piedoso e viajado,
dedicou sua vida ao estudo das Escrituras. Em seu tempo, os 27 livros já
estavam completos; ele os aceitou, embora com dúvida sobre alguns (Hebreus, Tiago,
2 Pedro, 2 e 3 João).
III. DATAS E PERÍODOS SOBRE O CÂNON EM GERAL
O Antigo Testamento foi escrito no espaço
de mais ou menos 1.046 anos; de 1491 a 445 a.C, isto é, de Moisés a Esdras. A
data 445 é apenas um ponto geral de referência cronológica quanto ao
encerramento do cânon do Antigo Testamento. Se entrarmos em detalhes sobre o
último livro do Antigo Testamento em ordem cronológica - Mala-quias, teremos
uma variação de espaço de tempo como veremos a seguir. O Pentateuco, como já
vimos, foi iniciado cerca de 1491 a.C. Malaquias, o último livro do Antigo
Testamento por ordem cronológica, foi escrito após 445, no final do governo de
Neemias e do sacerdócio de Esdras. Ora, isto foi a partir de 432, quando
Neemias regressou a Jerusalém, procedente da Pérsia, para onde tinha ido em 434,
a fim de renovar sua licença (Ne 13.6). É a partir desse ano que Malaquias
entra em cena. Quando ele escreveu, talvez Neemias não estivesse mais na
Palestina, porque não o menciona em seu livro, como fazem Ageu e Zacarias,
profetas seus antecessores, os quais mencionam Zorobabel e Josué,
respectivamente, governador e sacerdote dos repa¬triados. (Ver Zacarias
capítulos 3 e 4 e Ageu 1.1.) Malaquias não menciona nominalmente Neemias, apenas
menciona o "Governador" (Ml 1.9). O próprio livro de Malaquias
apresenta outras evidências internas que o co¬locam de 432 em diante, como
passamos a mostrar:
a.
Em Malaquias 2.10-16, vê-se que os casamentos ilícitos que Esdras
corrigira antes de Neemias, em 516 (Ed 9 e 10), estavam ocorrendo outra vez.
Isto coincide com o estado descrito em Neemias 13, acontecido em 432.
b.
Em Malaquias 3.6-12, havia pobreza no tesouro do templo. Situação
idêntica à de Neemias 13, reinante em 432.
c. As referências de Malaquias 1.13; 2.17; 3.14,
indicam que o culto levítico já havia sido restaurado há bastante tempo. Essa
restauração temo-la ampliada em Neemias 12.44 ss.
Portanto, Malaquias deve ter sido escrito
cerca de 432 a.C. Repetimos o que dissemos há pouco: a data 445 é ape¬nas um
ponto geral de referência quanto ao encerramento do cânon do Antigo Testamento.
Foi esse o ano em que Esdras iniciou seu grande ministério entre os repatriados
de Israel. Se descermos a detalhes quanto ao livro de Malaquias, partiremos de
432. Malaquias é o último livro do Antigo Testamento, quanto à ordem
cronológica. Quanto à disposição dos livros no corpo do cânon hebraico, o
último livro é 2 Crônicas, como já mostramos.
O Novo Testamento foi completado em menos
de 100 anos, pois seu último livro, o Apocalipse, foi escrito cerca de 96 d.C.
Isto é, dá um total de 1.142 anos para a formação de ambos os Testamentos
(1.046 + 96). (Leve-se em conta que a cronologia bíblica é sempre aproximada,
pois os povos orientais não tinham um sistema fixo de compu¬tação de datas.)
Quando se fala do espaço total de tempo,
que vai da escrita do Pentateuco ao Apocalipse, é preciso intercalar os 400
anos do Período Interbíblico ocorrido entre os Testamentos, o que dará um total
de 1.542 anos (1.046 + 96 + 400). Por isso se diz que a Bíblia foi escrita no
espaço de 16 séculos. Este é o período no qual o cânon foi completado. Noutras
palavras: o cânon abrange na História um total de 1542 anos, porém foi escrito
em 1.142 anos, aproximadamente.
IV. OS LIVROS APÓCRIFOS
Nas Bíblias de edição da Igreja Romana, o
total de livros é 73, porque essa igreja, desde o Concilio de Trento, em 1546,
incluiu no cânon do Antigo Testamento 7 livros apócrifos, além de 4 acréscimos
ou apêndices a livros canô-nicos, acrescentando, assim, ao todo, 11 escritos
apócrifos.
A palavra "apócrifo" significa, literalmente,
"escondido", "oculto", isto em referência a livros que
tratavam de coisas secretas, misteriosas, ocultas. No sentido religioso, o
termo significa "não genuíno", "espúrio", desde sua aplicação
por Jerônimo. Os apócrifos foram escritos entre Malaquias e Mateus, ou seja,
entre o Antigo e o Novo Testamento, numa época em que cessara por completo a
revelação divina; isto basta para tirar-lhes qualquer pretensão de
canonicidade. Josefo rejeitou-os totalmente. Nunca foram reconhecidos pelos
judeus como parte do cânon hebraico. Jamais foram citados por Jesus nem foram
reconhecidos pela igreja primitiva.
Jerônimo, Agostinho, Atanásio, Júlio
Africano e outros homens de valor dos primitivos cristãos, opuseram-se a eles
na qualidade de livros inspirados. Apareceram a primeira vez na Septuaginta, a
tradução do Antigo Testamento feita do hebraico para o grego. Quando a Bíblia
foi traduzida para o latim, em 170 d.C, seu Antigo Testamento foi traduzido do
grego da Septuaginta e não do hebraico. Quando Jerônimo traduziu a Vulgata, no
início do Século V (405 d.C), incluiu os apócrifos oriundos da Septuaginta,
através da Antiga Versão Latina, de 170, porque isso lhe foi ordenado, mas
recomendou que esses livros não poderiam servir como base doutrinária.
São 14 os escritos apócrifos: 10 livros e 4
acréscimos a livros. Antes do Concilio de Trento, a Igreja Romana aceitava
todo, mas depois passou a aceitar apenas 11: 7 livros e os 4 acréscimos. A
Igreja Ortodoxa Grega mantém os 14 até hoje.
Os 7 livros apócrifos constantes das
Bíblias de edição católico-romana são:
1)
TOBIAS (Após o livro canônico de Esdras)
2)
JUDITE (após o livro de Tobias)
3)
SABEDORIA DE SALOMÃO (após o livro canônico
4)
ECLESIÁSTICO (após o livro de Sabedoria)
5)
BARUQUE (após o livro canônico de Jeremias)
6) 1
MACABEU
7) 2
MACABEU (ambos, após o livro canônico de Malaquias)
Os 4 acréscimos ou apêndices são:
1)
ESTER (a Ester, 10.4 - 16.24)
2)
CÂNTICO DOS TRÊS SANTOS FILHOS (a Da¬niel, 3.24-90)
3)
HISTÓRIA DE SUZANA (a Daniel, cap. 13) e
4)
BEL E O DRAGÃO (a Daniel, cap. 14)
Como já foi dito, dos 14 apócrifos, a
Igreja Romana aceita 11 e rejeita 3, isto, após 1546 d.C. Os livros rejeitados
são:
1) 3 ESDRAS
2) 4 ESDRAS E
3) A ORAÇÃO DE MANASSES
Os livros apócrifos de 3 e 4 Esdras são
assim chamados porque nas Bíblias de edição católico-romana o livro de ESDRAS é
chamado 1 ESDRAS; o de NEEMIAS, de 2 ESDRAS.
A Igreja Romana aprovou os apócrifos em 18
de abril de 1546, para combater o movimento da Reforma Protestante, então
recente. Nessa época, os protestantes combatiam violentamente as novas doutrinas
romanistas: do Purgatório, da oração pelos mortos, da salvação mediante obras,
etc. A Igreja Romana via nos apócrifos bases para essas doutrinas, e, apelou
para eles, aprovando-os como canônicos. Houve prós e contras dentro da própria
Igreja de Roma. Nesse tempo os jesuítas exerciam muita influência no clero. Os
debates sobre os apócrifos motivaram ataques dos dominicanos contra os franciscanos.
O cardeal Pallavacini, em sua "História Eclesiástica", declara que em
pleno concilio, 40 bispos, dos 49 presentes, travaram luta corporal, agarrados
às barbas e batinas uns dos outros... Foi nesse ambiente "espiritual"
que os apócrifos foram aprovados! A primeira edição da Bíblia romana com os
apócrifos deu-se em 1592, com autorização do Papa Clemente VIII.
Os reformadores protestantes publicaram a
Bíblia com os apócrifos colocando-se entre o Antigo e Novo Testamento; não como
livros inspirados, mas bons para a leitura e de valor literário e histórico.
Isto continuou até 1629. A famosa versão inglesa de King James,de 1611, ainda
os conservou. Após 1629, os evangélicos os omitiram de vez nas Bíblias
editadas, para evitar confusão entre o povo simples que nem sempre sabe discernir
entre um livro canônico e um apócrifo. A aprovação dos apócrifos pela Igreja
Romana foi uma intromissão dos católicos em assuntos judaicos, porque, quanto
ao cânon do Antigo Testamento, o direito é dos judeus e não de outros. Além
disso, o cânon do Antigo Testamento estava completo e fixado há muitos séculos.
Entre os católicos corre a versão de que as Bíblias de edição protestante são
falsas. Quem, contudo, comparar a Bíblia editada pelos evangélicos com a
editada pelos católicos há de concordar em que as duas são iguais, exceto na
linguagem e estilo, que são peculiares a cada tradução. O que alegam contra a
nossa Bíblia é que lhe faltam livros e partes de outros, mas essa falta é de
livros e de parte de livros apócrifos, como mencionamos.
OUTROS LIVROS
APÓCRIFOS
Há ainda outros escritos espúrios
relacionados tanto com o Antigo como com o Novo Testamento. São chamados
pseudo-epigráficos. Os do Antigo Testamento pertencem à última parte do período
interbíblico. Todos os livros dessa classe apresentam-se como tendo sido
escritos por santos de ambos os Testamentos, daí seu título:
pseudo-epigráficos. São na maioria, de natureza Apocalíptica. Nunca foram
reconhecidos por nenhuma igreja. Os principais do Antigo Testamento chegam a
26. Os referentes ao período do Novo Testamento também nunca foram reconhecidos
por ninguém como tendo cano-nicidade. São cheios de histórias ridículas e até
indignas de Cristo e seus apóstolos. Essas histórias são muito exploradas pela
gente simplória e crédula. Desse período há de tudo: evangelhos, epístolas,
apocalipse, etc.
Os principais somam 24.
Os que estudam a Bíblia devem estar
acautelados do seguinte, concernente aos livros canônicos e apócrifos em geral:
• Aos nossos 39 livros canônicos do Antigo
Testamento, os católicos os chamam de protocanônicos.
• Os 7 livros, que chamamos de apócrifos,
os católicos os chamam de deuterocanônicos.
• Os livros que chamamos de
pseudo-epigráficos, eles os chamam de apócrifos.
QUESTIONÁRIO
1. Defina a palavra cânon nos sentidos
literal e religioso.
2.
Em que parte de Gálatas aparece a palavra cânon, no original?
3.
Por que se diz dos livros da Bíblia que são canônicos?
4.
Dê as três divisões do cânon hebraico, bem como a referência que as
menciona no Novo Testamento.
5. Desde quando ficou completo o cânon do
Antigo Testamento?
6. Descreva por que, no cânon hebraico, os
nossos 39 livros resumem-se em 24.
7. De onde vem a nossa divisão do Antigo
Testamento em 39 livros?
8. Por que Mateus 23.35 mostra que Gênesis
era o primeiro livro do Antigo Testamento, e Crônicas o último?
9. Dê o espaço de tempo em que se formou o
cânon do Antigo Testamento.
10.
Mencione as datas aproximadas de início e do término da formação do
cânon do Antigo Testamento.
11.
Explique a diferença entre Alta Crítica e Baixa Crítica.
12. Dê o nome do homem de Deus que reuniu,
selecionou e preservou os rolos sagrados, determinando, destarte, o cânon do
Antigo Testamento.
13.
Dê os dois nomes pelos quais era conhecido o Antigo Testamento nos dias
de Jesus.
14.
Quando e onde os rabinos reconheceram e fixaram o cânon do Antigo
Testamento, ratificando, assim, aquilo que já vinha sendo aceito durante
séculos?
15.
Dê as datas gerais de escrita dos 4 Evangelhos, dos Atos, das Epístolas
e do Apocalipse.
16.
Cite o concilio e o ano em que foi reconhecido e fixado o cânon do Novo
Testamento.
17.
Por que era necessário ter o Novo Testamento em forma escrita?
18.
Que fizeram os escritores cristãos primitivos no tocante à existência
dos livros do Novo Testamento, ao escreverem suas obras?
19.
Em que espaço de tempo foi formado o cânon do Novo Testamento?
20.
Quanto tempo levou para serem escritos os 66 livros canônicos, isto é, o
cânon geral?
21.
Quanto tempo medeia entre Gênesis e Apocalipse (referentemente a serem
escritos os livros)?
22.
Quantos livros contêm as Bíblias de edição católico-romanas?
23.
Dê os sentidos literal e religioso do termo "apócrifo".
24.
Cite os 7 livros apócrifos e os 4 acréscimos a livros canônicos.
25.
Cite o ano, bem como o concilio, em que os católico-romanos aprovaram os
apócrifos.
26.
Como são designados entre os católicos os livros canônicos, os apócrifos
e os pseudo-epigráficos?
Nota: Dê respostas o mais completas
possível. Escreva as respostas para melhor fixar o aprendizado.
A
PRESERVAÇÃO E A TRADUÇÃO DA BÍBLIA
Este capítulo abrange os seguintes pontos:
línguas originais da Bíblia; os manuscritos mais importantes; as primeiras e
principais versões e traduções; certas particularidades do texto bíblico. Em
todos esses fatos podemos ver a mão poderosa de Deus agindo para que este Livro
chegasse às nossas mãos, para nossa felicidade eterna.
I. AS LÍNGUAS ORIGINAIS DA BÍBLIA
O hebraico e o aramaico para o Antigo
Testamento, e o grego para o Novo Testamento, são as línguas originais da
Bíblia.
a. O hebraico. Todo o Antigo Testamento foi
escrito em hebraico, o idioma oficial da nação israelita, exceto algumas
passagens de Esdras, Jeremias e Daniel, que foram escritas em aramaico. A mais
extensa é em Daniel, que vai de 2.4 a 7.28.
O hebraico faz parte das línguas semíticas,
que eram faladas na Ásia (mediterrânea), exceto em bem poucas regiões. As
línguas semíticas formavam um ramo dividido em grupos, sendo o hebraico
integrante do grupo cananeu. Este compreendia o litoral oriental do
Mediterrâneo, incluindo a Síria, a Palestina e o território que constitui hoje
a Jordânia. Integrava também o grupo
cananeu de línguas, o ugarítico, o fenício e o moabítico. O fenício tem muita
semelhança com o hebraico. 0 primitivo alfabeto hebraico é oriundo do fenício,
segundo a opinião dos versados na matéria. Tudo leva a crer que Abraão
encontrou este idioma em Canaã, ao chegar ali, em vez de trazê-lo da Caldéia.
Em Gênesis 31.47, vê-se que Labão, o sobrinho de Abraão, vivendo em sua terra,
a Caldéia, falava aramaico; ao passo que Jacó, recém-chegado de Canaã, falava o
hebraico.
A língua hebraica é chamada no AT
"Língua de Canaã" (Is 19.18) e "língua judaica" ou
"judaico" (2 Rs 18.26,28; Is 36.13). Como a maior parte das línguas
do ramo semítico, o hebraico lê-se da direita para a esquerda. O alfabeto
compõe-se de 22 letras, todas consoantes. Há sinais vocálicos, sim, mas não
podemos chamá-los de letras.
Sabe-se agora que a forma primitiva dos
caracteres hebraicos estava em uso na Palestina 1.800 anos antes de Cristo. Exemplos
mais recentes das letras hebraicas há no Calendário de Gézer (950-920 a.C), na
Pedra Moabita (850 a.C); na inscrição de Siloé (702 a.C); nas moedas do tempo
dos irmãos Macabeus (175-100 a.C), e nalguns fragmentos dos escritos achados
junto ao mar Morto, a partir de 1947. Esta forma primitiva do hebraico passou
por modificações com o correr do tempo. Após o exílio, teve início a chamada
"escrita quadrada", que, por fim, foi pelos massoretas convertida na
atual forma do alfabeto hebraico - uma forma quadrada modificada.
A escrita hebraica dos tempos antigos só
empregava consoantes sem qualquer sinal de vocalização. Os sons vocálicos eram
supridos pelo leitor durante a leitura, o que dava origem a constantes enganos,
uma vez que havia palavras com as mesmas consoantes, mas com acepções diferentes.
Quer dizer, a pronúncia exata dependia da habilidade do leitor, levando em
conta o contexto e a tradição. É por causa disso que se perdeu a pronúncia de
muitas palavras bíblicas.
Após o século VI, os eruditos judeus
residentes em Tiberíades, passaram a colocar na escrita sinais vocálicos,
perpetuando, assim, a pronúncia tradicional. Esses sinais são pontos colocados
em cima, em baixo e dentro das consoantes. Os autores desse sistema de
vocalização chamavam-se massoretas - palavra derivada de "massorah",
que quer dizer tradição, isto porque os massoretas, por meio desse sistema,
fixaram a pronúncia tradicional do hebraico. Qualquer texto bíblico posterior
ao século VI é chamado "massorético", porque contém sinais vocálicos.
Os mais famosos eruditos massoretas foram os judeus Moses ben Asher; e seus
filhos Arão e Naftali, que viveram e trabalharam em Tiberíades, na Galiléia.
Além do texto massorético, há outro texto
hebraico das Escrituras, o do Pentateuco Samaritano, que emprega, os antigos
caracteres hebraicos. É do tempo pré-cristão. São, portanto, dois tipos de
textos que temos em hebraico: o Massorético e o Pentateuco Samaritano.
b. O Aramaico é um idioma semítico falado
desde 2.000 a.C, em Arã ou Síria, que é a mesma região. {Arã é hebreu; Síria é
grego.) Nas Escrituras, o território da Síria não é o mesmo de hoje, o que
acontece também com outras terras bíblicas. O primitivo território estendia-se
das montanhas do Líbano até além do Eufrates, incluindo Babilônia, Mesopotâmia
Superior (conhecida na Bíblia por Arã-Naaraim; e Padã-Arã - Gn 25.20), e outros
distritos. Era ainda falado numa grande área da Arábia Pétrea.
Os trechos escritos em aramaico são:
o Esdras 4.8 a 6.18; 7.12-26.
o Daniel 2.4 a 7.28.
o Jeremias 10.11.
A influência do aramaico foi profunda sobre
o hebraico, começando no cativeiro do reino de Israel, em 722 a.C. na Assíria,
e continuando através do cativeiro do reino de Judá, em 587, em Babilônia. Em
536, quando Israel começou a regressar do exílio, falava o aramaico como língua
vernácula. É por essa razão que, no tempo de Esdras, as Escrituras, ao serem
lidas em hebraico, em público, era preciso interpretá-las, para compreenderem o
seu significado (Ne 8.5,8).
No tempo de Cristo, o aramaico tornara-se a
língua popular dos judeus e nações vizinhas; estas foram influenciadas pelo
aramaico devido às transações comerciais dos arameus na Ásia Menor e litoral do
Mediterrâneo. Em 1.000 a.C, o aramaico já era língua internacional do comércio
nas regiões situadas ao longo das rotas comerciais do Oriente. O aramaico é
também chamado "siríaco", no Norte (2 Rs 18.26; Ed 4.7; Dn 2.4 ARC),
e também "caldaico", no Sul (Dn 1.4). Tinha o mesmo alfabeto que o
hebraico, diferia nos sons e na estrutura de certas partes gramaticais. Do
mesmo modo que o hebraico, não tinha vogais; a partir de 800 d.C, é que os
sinais vocálicos lhe foram introduzidos. É muito parecido com o hebraico.
O aramaico foi a língua do Senhor Jesus,
seus discípulos e da igreja primitiva, em Jerusalém. Em Mateus 5.18, quando
Jesus diz que a menor letra é o jota (aramaico iode), Ele tinha em mente o
alfabeto aramaico, pois somente neste é que se verifica isto. (A letra iode
originou o nosso i). Nos dias de Jesus, o aramaico já se modificara um pouco na
Palestina, resultando no "aramaico palestinense", como o chamam os
eruditos. Também em Marcos 14.36, o uso da palavra aramaica "abba",
por Jesus, é outra evidência de que Ele falava aquela língua. Que Ele também
falava o hebraico é evidente em Lucas 4.16-20, uma vez que os rolos sagrados
eram escritos em hebraico..
O hebraico foi de fato absorvido pelo
aramaico, mas continuou sendo a língua oficial do culto divino no templo e nas
sinagogas, dos rolos sagrados, e dos rabinos e eruditos. Havia escolas de
rabinos, inicialmente em Jerusalém, e, depois da queda da cidade, em
Tiberíades. Havia escolas semelhantes noutros centros judaicos. As conquistas
á-rabes e a propagação do islamismo em largas áreas da Á-sia, África e Europa,
reduziu e por fim destruiu a influência do aramaico. Por sua vez, o hebraico,
sendo língua morta, começou a ressurgir. Para que se cumprissem as profecias
referentes a Israel, era necessário que a língua revivesse e assumisse a
posição que hoje desfruta na família das nações modernas.
O aramaico ainda sobrevive numa remota e
pequena vila da Síria, chamada Malloula, com a população de 4.000 habitantes.
Devido aos hebreus terem adotado o aramaico
como uma língua, este passou a chamar-se hebraico, conforme se vê em Lucas 23.38;
João 5.2; 19.13,17,20; Atos 21.40; 26.14; 72
Apocalipse 9.11. Portanto, quando o NT
menciona o hebraico, trata-se, na realidade, do aramaico. Marcos, escrevendo
para os romanos, põe em aramaico 5.41 e 15.34 do seu livro; já Mateus, que
escreveu para os judeus, escreve a mesma passagem em hebraico (Mt 27.46).
O AT contém, além do hebraico e aramaico,
algumas palavras persas, como "tirsata" (Ed 2.63 FIG) e
"sátrapa" (Dn 3.2).
c. O Grego. Esta é a língua em que foi
originalmente escrito o Novo Testamento. A única dúvida paira sobre o livro de
Mateus, que muitos eruditos afirmam ter sido escrito em aramaico. O grego faz
parte do grupo das línguas arianas. Vem da fusão dos dialetos dórico e ático.
Os dóricos e os áticos foram duas das principais tribos que povoaram a Grécia.
É língua de expressão muito precisa, e, das línguas bíblicas, é a que mais se
conhece, devido a ser mais próxima da nossa.
O grego do Novo Testamento não é o grego
clássico dos filósofos, mas o dialeto popular do homem da rua, dos comerciantes,
dos estudantes, que todos podiam entender: era o "Koiné". Este
dialeto formou-se a partir das conquistas de Alexandre, em 336 a.C. Nesse ano,
Alexandre subiu ao trono e, no curto espaço de 13 anos, alterou o curso da
história do mundo. A Grécia tornou-se um império mundial, e toda a terra
conhecida recebeu influência da língua grega. Deus preparou, deste modo, um
veículo lingüístico para disseminar as novas do Evangelho até os confins do
mundo, no tempo oportuno.
Até no Egito o grego se impôs, pois aí foi
a Bíblia traduzida do hebraico para o grego - a chamada Septuaginta, cerca de 285
a.C. Nos dias de Jesus, os judeus entendiam quase tão bem o grego como o
aramaico, haja vista que a Septuaginta em grego era popular entre os judeus.
Nos primórdios do cristianismo, o Evangelho pregado ou escrito em grego podia
ser compreendido pelo mundo todo. Só Deus podia fazer isso! Ele não enviaria o
seu Filho ao mundo enquanto este não estivesse preparado, e esse preparo
incluía uma língua conhecida por todos. (Ver Marcos 1.15 e Gálatas 4.4.)
A língua grega tem 24 letras; a primeira é
alfa e a última ômega. Quando, em Apocalipse 1.8, Jesus diz que é o Alfa e o
ômega, está afirmando que é o primeiro e o último. Os gregos receberam seu
alfabeto através dos fenícios, conforme mostram estudos a respeito. Ninguém vá
supor que por não conhecer essas línguas originais das Escrituras, não
compreenderá a revelação divina. Sim, o conhecimento e a compreensão dos
originais auxiliará muito, mas não é o essencial. Na Bíblia, como já dissemos,
vêem-se duas coisas principais: o texto e a mensagem. O principal é a mensagem
contida no texto. É especialmente a mensagem que o Espírito Santo vitaliza, revela
e maneja como sua espada (Ef 6.17).
II. OS MANUSCRITOS DA BÍBLIA
A história da Bíblia e como chegou até nós,
é encontrada em seus manuscritos. Manuscritos são rolos ou livros da antiga
literatura, escritos à mão. O texto da Bíblia foi preservado e transmitido
mediante os seus manuscritos. Nos tratados sobre a Bíblia, a palavra
manuscritos é sempre indicada pela abreviatura MS, no plural MSS ou MSs. Há, em
nossos dias, cerca de 4.000 MSS da Bíblia, preparados entre os séculos II e XV.
a. Material gráfico dos MSS bíblicos.
Há dois materiais principais: papiro e
pergaminho. (Consulte o Cap. II da presente matéria.) O linho era usado também,
mas não tanto como os dois citados. O centro da indústria de papiro era o
Egito, onde teve início o seu emprego, cerca de 3.000 a.C. O papiro é um tipo
de junco de grandes proporções. Tem caule tríquetro de 3 a 5 metros de altura,
com 5 a 7 centímetros de diâmetro, tendo sua fronde em forma de guarda-chuva.
As dimensões da folha de papiro preparada para a escrita eram normalmente 30 cm
a 3 m de comprimento por 30 cm de largura. Essas folhas eram formadas por tiras
cortadas da planta, sobrepostas cruzadas, coladas, prensadas e depois polidas.
Eram escritas de um lado, apenas. Tinham cor amarelada. À folha do papiro assim
preparada, os gregos chamavam biblos.
Pergaminho é a pele de animais curtida e
preparada para a escrita; seu uso generalizado vem dos primórdios do
cristianismo, mas já era conhecido em tempos remotos, pois já é mencionado em Isaías
34.4. O pergaminho preparado de modo especial chamava-se velo. Este tornou-se
comum a partir do século IV. É mais durável. Foi muito usado nos códices. Tudo
indica que o vocábulo pergaminho derivou seu nome da cidade de Pérgamo, capital
de um riquíssimo reino que ocupou grande parte da Ásia Menor, sendo Eumenes II
(197-159 d.C), seu maior rei. Esse rei projetou formar para si uma biblioteca
maior que a de Alexandria, Egito. O rei do Egito, por inveja, proibiu a exportação
do papiro, obrigando Eumenes a recorrer a outro material gráfico. Tal fato
motivou o surgimento de um novo método de preparar peles, muito aperfeiçoado, que
resultou no pergaminho. Vindo o domínio romano, Pérgamo veio a ser a primeira
capital da província da Ásia, situada ao oeste da Ásia Menor; sua segunda
capital foi Éfeso. O Novo Testamento menciona esse material gráfico em 2 Timóteo
4.13 e Apocalipse 6.14.
Outros materiais foram usados para a
escrita nos tempos antigos, mas de menor importância, como:
•
Linho. Tem sido encontrado nas descobertas arqueológicas.
•
Ostraco, fragmento de cerâmica. É mencionado em Jó 38.14; Ezequiel 4.1.
Foi muito usado em Babilônia.
•
Madeira.
•
Pedra (Êx 24.12; Js 8.30-32).
•
Tábuas recobertas de cera (Is 8.1; Lc 1.63).
Um exemplo do emprego desses materiais é o
livro escrito em pedra, conhecido como Código Hamurabi. Trata-se de um rei de
Babilônia coevo de Abraão. É identificado pelos cientistas como o Anrafel de
Gênesis 14.1. É um código de leis descoberto em Susa, em 1902, lindamente trabalhado
em pedra, com 2 m de altura. Esse livro é testemunha de que aquele tempo o
homem atingira uma capacidade literária notável. O código trata do culto nos
templos (pagãos, é claro), administração da justiça e leis em geral. Vimos esse
código no Museu do Louvre, Paris.
A tinta usada pelos escribas era uma
mistura de carvão em pó com uma substância líquida semelhante a goma arábica. (Ver
Jeremias 36.18; Ezequiel 9.2; 2 Coríntios 3.3; 2 João 12; 3 João 13.) 0 carvão
é um elemento que se conserva admiravelmente através dos séculos, não sendo afetado
por substâncias químicas. Para a escrita em papiro ou pergaminho, usavam penas
de aves, pincéis finos e um tipo de caneta feita de madeira porosa e
absorvente. Para a cera usavam um estilete de metal (Is 30.8).
Cuidado redobrado havia com a escrita dos
livros sagrados. Devemos ser sumamente agradecidos aos judeus por seu cuidado
extremo na preparação e preservação dos manuscritos do Antigo Testamento. Aqui
estão algumas regras que eles exigiam de cada escriba. O pergaminho tinha de
ser preparado de peles de animais limpos, preparado somente por judeus, sendo
as folhas unidas por fios feitos de peles de animais limpos. A tinta era
especialmente preparada. O escriba não podia escrever uma só palavra de
memória. Tinha de pronunciar bem alto cada palavra antes de escrevê-la. Tinha de
limpar a pena com muita reverência antes de escrever o nome de Deus. As letras
e palavras eram contadas. Um erro numa folha, inutilizava-a. Três erros numa folha,
inutilizavam todo o rolo.
b. O
formato dos MSS
Quanto ao formato, os MSS podem ser códices
ou rolos. Códice é um MS em formato de livro, feito de pergaminho. As folhas
têm normalmente 65 cm de altura por 55 de largura. Este tipo de MS começou a
ser usado no Século II. O rolo podia ser de papiro ou pergaminho. Era preso a
dois cabos de madeira, para facilitar o manuseio durante a leitura. Era
enrolado da direita para a esquerda. Sua extensão dependia da escrita a ser
feita. Portanto, antigamente não era fácil conduzir pessoalmente os 66 livros
como fazemos hoje
c. A
caligrafia dos MSS.
Há dois tipos de caligrafia ou forma
gráfica nos MSS bíblicos, o que os divide em unciais e cursivos. Uncial é o MS
de letras maiúsculas e sem separação entre as palavras. Cursivo é o de letras
minúsculas, tendo espaço entre as palavras. Tal diferença na forma gráfica
deu-se no século X. Palimpsesto é um MS reescrito, isto é, a escrita primitiva
era raspada e novo texto escrito por cima. Isso ocorria devido ao alto preço do
pergaminho. Inutilizava-se assim uma escrita para se usar o mesmo material. Os
manuscritos originais também não tinham sinais de pontuação. Estes foram
introduzidos na arte de escrever em época recente. É claro, pois, que a
pontuação moderna não é inspirada, e por isso não dá, às vezes, sentido às
palavras do original.
d. MSS originais da Bíblia. MSS originais
saídos das mãos dos escritores não há nenhum conhecido. É provável que se
houvesse algum, os homens o adorassem mais do que ao seu divino Autor.
Lembremos a adoração da serpente de metal pelos israelitas (2 Rs 18.4) e da
cruz de Cristo e da virgem Maria, pelos católico-romanos; e o caso de João
querer adorar o mensageiro celestial (Ap 22.8,9).
A falta de MSS originais provém do
seguinte:
1) O
costume dos judeus de enterrar todos os MSS estragados pelo uso ou qualquer
outra coisa; isto para evitar mutilação ou interpolação espúria.
2)
Os reis idolatras e ímpios de Israel podem ter destruído muitos, ou
contribuído para isso. (Veja o episódio de Jeremias 36.20-26.)
3) O
monstro Antíoco Epifânio, rei da Síria (175-164 a.C), dominou sobre a Palestina
durante seu reinado. Foi extremamente cruel, sádico; tinha prazer em aplicar
torturas. Decidiu exterminar a religião judaica. Assolou Jerusalém em 168,
profanou o templo e destruiu todas as cópias que achou das Sagradas Escrituras.
4)
Nos dias do feroz imperador Diocleciano (284-305 d.C), os perseguidores
dos cristãos destruíram quantas cópias acharam das Escrituras. Durante dez
anos, Diocleciano mandou vasculhar o Império para destruir todos os escritos
sagrados. Ele chegou a julgar que tivesse destruído tudo, pois mandou cunhar
uma moeda comemorando tal "vitória".
A literatura judaica diz que a missão da
Grande Sinagoga, presidida por Esdras, foi reunir e preservar os MSS originais
do AT, e que os MSS de que se serviram os setenta, foram esses preservados pela
Grande Sinagoga, que encerrou o cânon do AT.
e.
MSS existentes mais antigos e mais importantes
1) MSS do AT em hebraico.
Até a descoberta dos MSS do mar Morto, em
1947, os mais antigos MSS do AT hebraico eram:
• Códice dos primeiros e últimos profetas.
Está na Sinagoga Caraíta, do Cairo. Foi escrito em Tiberíades, em 895 d.C, por
Moses Ben Asher, erudito judeu de renome. (Caraítas são os judeus que rejeitam
a doutrina ortodoxa dos rabinos e reclamam liberdade na interpretação da
Bíblia.) Contém os primeiros profetas, segundo a organização do cânon hebraico
do AT: Josué, Juizes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. Contém também os últimos
profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e os Doze.
• Códice do Pentateuco. Escrito cerca de
900 d.C, está no Museu Britânico, sob número 4445. Foi escrito por um filho de
Moses Ben Asher: Arão.
• Códice Petrogradiano. Escrito em 916 d.C.
Contém apenas os últimos Profetas. Veio da Criméia. Está na biblioteca de
Leningrado (a antiga Petrogrado), donde o nome.
• Códice Aleppo. Contém todo o texto do
Antigo Testamento. Copiado por Shelomo Ben Bayaa. Seus sinais vocálicos foram
colocados por Moses Ben Asher, cerca de 930 d.C. Foi contrabandeado em anos
recentes da Síria para Israel. Será utilizado como base da nova Bíblia
Hebraica, em preparo pela Universidade Hebraica, de Jerusalém.
• Códice 19 A. Está na biblioteca de
Leningrado (Rússia). Data: 1008 d.C. O original foi escrito por Moses Ben
Asher, cerca de 1000 d.C. Foi copiado no ano 1008, no Cairo, por Samuel Ben
Jacob. Quando a Rússia o adquiriu, o comunismo ainda não dominava ali. Este é o
mais antigo MS completo do AT em hebraico. (Isto é, mais antigo datado.)
• O rolo de Isaías, mar Morto, 1947. Nos
rolos descobertos, nas proximidades do mar Morto, em 1947, foi encontrado um MS
de Isaías, em hebraico, do ano 100 a.C, isto é, 1.000 anos mais velho que o
mais antigo MS até então existente. Uma vez que o texto de tal rolo concorda
com o das nossas Bíblias atuais, temos nisso uma prova singular da
autenticidade das Escrituras, considerando-se que esse rolo de Isaías tem agora
mais de 2.000 anos de existência!
2) MSS do Antigo e Novo Testamento em
grego.
É digno de nota que os MSS mais antigos da
Bíblia estão em grego. Esses manuscritos não são originais, são cópias. Os
originais saídos das mãos dos escritores, perderam-se. Pela ordem cronológica,
vamos citar os mais antigos MSS existentes da Bíblia em grego:
• Códice Vaticano ou "B".
Pertence à biblioteca do Vaticano. Data: 325 d.C. O AT é cópia da Septuaginta.
Contém os apócrifos em separado. Essa biblioteca foi fundada em 1488, e no seu
primeiro catálogo, publicado em 1475, aparece esse MS. Ê uncial.
• O Códice Sinaítico ou "Álefe".
Pertence ao Museu Britânico. Data: 340 d.C. Foi descoberto pelo erudito cristão
Tischendorf, em 1844, no Mosteiro de Santa Catarina, no sopé do Monte Sinai. A história
de sua aquisição é muito impressionante. Foi o Czar da Rússia que o adquiriu,
em 1899. O Governo inglês comprou-o dos russos, em 1933, por 100.000 libras
esterlinas, equivalentes então a 510.000 dólares. Um dos livros mais caros do
mundo. É uncial.
• Códice Alexandrino ou "A".
Pertence ao Museu Britânico. Data: 425 d.C. Tem este nome porque foi escrito em
Alexandria e também pertenceu à sua biblioteca. Em 1621, foi levado a Constantinopla
por Cirilo Lúcar, patriarca de Alexandria. Em 1624, Cirilo presenteou-o ao rei
Tiago I da Inglaterra, o mesmo rei que autorizou a famosa versão inglesa de
1611. Em 1757, o rei Jorge II doou a biblioteca da família real à nação, e
assim o famoso MS chegou ao Museu Britânico. É um MS uncial.
• O Códice Efráemi ou "C". Pertence
ao Museu do Louvre, Paris. Data: 345 d.C. É um palimpsesto. Ao ser restaurada a
primeira escrita, constatou-se serem ambos os Testamentos incompletos. O doutor
Tischendorf publicou-o em 1845. É bilingüe: grego e latim.
• Códice Bezae ou "D". Pertence à
biblioteca da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Data: Século VI. Contém os
Evangelhos, Atos e parte das Epístolas.
• O
Códice Claromontanus ou "D2". Pertence ao Museu do Louvre, Paris.
Data: Século VI. Contém as epístolas paulinas. Estes três últimos são também
unciais.
f. As Bíblias impressas mais antigas.
1) 0
Antigo Testamento Impresso em Hebraico.
• O primeiro texto impresso em hebraico do
AT foi publicado em 1488, em Soncino, Itália. Contém os sinais vocálicos.
• O segundo texto mais antigo impresso em
hebraico do AT é o constante da Bíblia chamada "Complutensiana
Poliglota", preparada pelo cardeal Ximenes, de Cisneros, na Universidade
de Alcalá, próximo a Madri, Espanha. Foi impressa em 1514 - 1517, mas somente
distribuída em 1522. A Poliglota traz além do AT em hebraico, o NT em grego, a
Septuaginta em latim, e a Vulgata, em latim (AT e NT). Abrange seis volumes.
• A primeira Bíblia Rabínica. Foi preparada
por Felix Pratensis e publicada por Daniel Bomberg, em Veneza, em 1516-1517.
• O texto preparado por Jacob Ben Chayin e
impresso por Daniel Bomberg em Veneza, em 1524-1525, tornou-se um texto padrão
para estudo. Foi a segunda Bíblia Rabínica impressa.
• O texto de Amsterdam, publicado entre
1661-1667. É uma combinação dos textos de Chayim e o de Ximenes.
• 0 texto de Van der Hooght, publicado em
1705. É uma revisão do texto de Amsterdam.
• O texto de Kennicott, editado em
1776-1780. Este texto segue o de Van der Hooght de 1705.
• O texto de Letteris, publicado em 1852. É
uma revisão do texto de Van der Hooght. Este é o texto padrão adotado em nossos
dias pelas Sociedades Bíblicas em todo o mundo.
• O texto de Rudolph Kittel, de 1906,
originado do texto de Chayim. A terceira edição de Kittel, em 1937, abandonou o
texto de Chayim, publicando o do MSS 19A.
2) O
Novo Testamento impresso em grego
• O primeiro texto impresso em grego do NT
é o da "Complutensiana Poliglota", de que já falamos quando nos
ocupamos do texto impresso em hebraico.
• O texto de Erasmo (teólogo holandês),
publicado e distribuído em 1516. Este foi o primeiro texto impresso distribuído,
do Novo Testamento. A poliglota do Cardeal Xi-menes só veio a público em 1522,
mas fora impressa em 1514-1517.
• O texto de Robert Stephanus, publicado em
1546, em Paris. É baseado no de Erasmo e na Poliglota.
• O texto de Theodoro Beza, publicado em
1565 e 1664. Base: Stephanus.
• 0 texto dos irmãos Elzevirs, holandeses,
de 1624-1678. Base: Stephanus e Beza. É conhecido como o "Tex-tus
Receptus" devido a uma expressão que contém no prefácio.
• 0 texto de Westcott e Hort, dois
eminentes eruditos ingleses. Data: 1881-1882. Suplantou o "Textus Receptus".
• Há, por fim, os mais recentes textos
impressos do NT em grego, que são os de Herman Von Soden, Scrivener, e Eberhard
Nestle. Este último é muito utilizado no preparo de versões modernas.
g. Os MSS do mar Morto.
Num dia de verão, em 1947, o pastor beduíno
árabe, Muhammad ad Dib, da tribo dos Taa'mireh, que se acampa entre Belém e o
mar Morto, saiu a procura de uma cabra desgarrada nas ravinas rochosas da costa
noroeste do referido mar, e encontrou um inestimável tesouro bíblico. Estava o
pastor junto à encosta rochosa do uádi Qümram. Ao atirar uma pedra numa das
cavernas ouviu um barulho de cacos se quebrando. Entrou na caverna e encontrou
uma preciosa coleção de MSS bíblicos: 12 rolos de pergaminho e fragmentos de
outros. Um dos rolos era um MS de Isaías do ano 100 a.C, isto é, mil anos mais
antigo que os exemplares até então conhecidos. Os rolos estão escritos em
papiro e pergaminho e envolvidos em panos de linho. Outras cavernas foram
vasculhadas e novos MSS foram encontrados.
Novas luzes estão surgindo na interpretação
de passagens difíceis do AT. Exemplos: em Êxodo 1.5, o total de pessoas é 75,
concordando assim com Atos 7.14. (O hebraico não tem algarismos para os números
e sim letras; daí, para um erro não custa muito...) Em Isaías 49.12, o novo MS
de Isaías diz "Siene" e não "Sinin". Ora, Siene era uma
importante cidade fronteiriça do Egito, às margens do Nilo, junto à Etiópia. É
hoje a moderna Assuam, com sua extraordinária represa. Ezequiel 29.10 e 30.6
referem-se a essa cidade; a versão ARC grafa "Sevené". Muitos
eruditos pensavam até agora que o termo "Sinin" de Isaías 49.12 fosse
uma alusão à China. É muito confortante saber que os textos desses MSS
encontrados concordam com os das nossas Bíblias.
Pesquisas revelam que os MSS do mar Morto
foram escondidos pelos essênios - seita ascética judaica - durante a segunda
revolução dos judeus contra os romanos em 132-135 d.C. Os responsáveis por um grande
mosteiro agora descoberto, ao verem aproximar-se as tropas romanas, esconderam
ali sua biblioteca! Nas 267 cavernas examinadas, foram encontrados fragmentos
de 332 obras, ao todo. Encontraram, inclusive, cartas do líder dessa revolta:
Bar Kochba, em perfeito estado, estando sua assinatura bem nítida. Nos MSS
encontrados há trechos de todos os livros do AT, exceto Ester.
h. Cálculo da data de um MS Calcula-se a
data de um MS:
1) Pela forma das letras. Cada forma
representa uma época, tanto no grego como no hebraico.
2)
Pelo modo como estão escritas as palavras no texto. Se ligadas ou
separadas. Isto também indica época.
3)
Pelas letras iniciais de títulos, parágrafos, etc. Se adornadas ou
singelas. Isto também indica o tempo.
4)
Pelo carbono-14. Este é um método científico e revolucionário. Trata-se
do seguinte: Todo ser vivo absorve C-14. Cada 5.600 anos o C-14 perde metade de
sua radioatividade primitiva. Assim se for medida a radioatividade de
substância orgânica morta, ver-se-á quando ela deixou de absorver C-14, ao
morrer. Basta queimar uma pequena parte da substância a ser testada e medir a
radioatividade do C-14. Este método tem uma precisão assombrosa, porque a
natureza tem leis fixas, estabelecidas pelo Criador. Um exemplo: o Unho que
envolvia os MSS da Caverna 1 de Qümram, ao ser testado, provou ser do ano 33
d.C. Isto é, a planta deixara de existir naquele ano.
5) Pelo Raio-X. Este tipo de raio também
ajuda a determinar a idade de objetos antigos, por meio da fotografia e certas
reações.
III. A TRADUÇÃO DA BÍBLIA.
Era preciso a tradução da Bíblia para dar
cumprimento às palavras do Senhor Jesus após ressuscitar: "Ide por todo o
mundo, pregai o evangelho a toda criatura" (Mc 16.15). Ora, o mundo está
dividido em nações, tribos e povos, cada qual com suas línguas. Hoje, quando
vemos as Escrituras traduzidas em mais de 1.700 línguas, sabemos que Aquele que
comissionou os discípulos para tão grande obra, proveria também os meios para a
sua realização.
a. Versões semíticas.
1) O Pentateuco Samaritano.
Não é propriamente uma versão. É o texto
hebraico do Pentateuco, escrito nos velhos caracteres hebraicos ou em
samaritano. O samaritano é um dialeto oriundo do hebraico antigo, surgido com a
mistura do povo assírio trazido para Samaria por Sargão II, por ocasião do
cativeiro das 10 tribos. É uma mistura do hebraico antigo com o assírio. Dele
existem muitas cópias. É a Bíblia da seita dos samaritanos, que teve início com
a expulsão de Manasses de Jerusalém (Ne 13.23-30), e a conseqüente construção
de um templo rival no monte Gerizim. Isso marcou o início da contínua
separação, pela qual "os judeus não se comunicam com os samaritanos"
(Jo 4.9). Em 1616, Pietro Delia Valle trouxe para a Europa o primeiro exemplar
do Pentateuco Samaritano, comprando-o em Damasco, da mão de um samaritano. Os
MSS existentes estão escritos em samaritano. Em Nablus (a antiga Siquém) os
samaritanos exibem antigos MSS do Pentateuco Samaritano na sinagoga que lá se
encontra. Há um desses manuscritos que eles afirmam ter sido escrito por um
bisneto de Moisés, no 13? ano após a conquista de Canaã, por Josué, o que sabemos
ser mera conjectura, sem fundamento.
2) Os Targuns.
São paráfrases ou explicações, em aramaico
do AT. A palavra significa "interpretações". Quando os judeus regressaram
do exílio, tinham perdido o uso do hebraico. Era preciso que tivessem as
Escrituras em hebraico, mas também era preciso que alguém lhes transmitisse o
real significado do texto. Nesse tempo, a leitura em público, das Escrituras,
era seguida de explicação pelo leitor, para que o povo pudesse entender (Ne
8.8.) Os Targuns eram a princípio resumidos e simples, mas pouco a pouco
tornaram-se aperfeiçoados e, finalmente foram reduzidos a escrita. Os
principais Targuns são:
• O da Lei, feito por Ónquelos, amigo de
Gamaliel, do Século II d.C.
• Os dos Profetas e Livros Históricos,
feitos por Jonathan Ben Uziel, que diz ter sido discípulo de Hilel, de época
posterior. (Não confundam os Targuns com o Talmude; este é o conjunto de
tradições judaicas e explicações orais do AT reduzidas a escrita no Século II
d.C.)
b. Versões gregas.
1) A Septuaginta.
É comumente designada por "LXX".
O nome vem do latim "Septuaginta", que quer dizer "70".
Aristeas, escritor da corte de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 285-246 a.C,
escrevendo a seu irmão Filócrates, conta que o referido monarca, por proposta
de seu bibliotecário, Demétrio de Falero, solicitou ao sumo sacerdote judaico,
Eleazar, que lhe enviasse doutores versados nas Sagradas Escrituras para
preparar-lhe uma versão delas, em grego. Ele muito ouvia falar das Escrituras e
queria uma versão delas, para enriquecer sua vasta biblioteca, em Alexandria. O
sumo sacerdote escolheu 72 eruditos (6 de cada tribo) e enviou-os a Alexandria,
os quais completaram a versão em 72 dias. Josefo registra o fato com detalhes
que o espaço não nos permite registrar. De 72 derivou-se o nome "Septuaginta."
A tradução foi feita na ilha de Faros,
situada no porto da cidade. Essa Bíblia teve a mais ampla difusão entre as
nações, especialmente naquelas onde estavam os judeus da dispersão oriunda do
cativeiro. Os magos que visitaram o menino Jesus, sem dúvida, conheciam esta
Bíblia no Oriente. Foi a Septuaginta um dos meios que Deus usou na preparação
dos povos e nações para o advento do Evangelho que seria proclamado por Jesus e
seus discípulos, ao chegar a "plenitude dos tempos" (Gl 4.4). Ela,
por onde quer que ia, disseminava as profecias que apontavam para o Messias. A
língua grega foi outro veículo usado por Deus. Ela serviu para levar o
Evangelho ao mundo de então.
Foi a Septuaginta a primeira tradução
completa do AT, do original hebraico. Foi também ela que situou e dividiu os
livros por assuntos como os temos hoje: Lei, História, Poesia, Profecia. Não há
um só exemplar original da Versão dos Setenta; somente cópias, a mais antiga
das quais data de 325 d.C. (É o MS Vaticano, estudado noutra parte deste
capítulo.) A carta de Aristeas é tida por espúria por modernos estudiosos;
sustentam estes que a Versão Septuaginta foi preparada aos poucos; que o Pentateuco
foi traduzido em 250 a.C, e em seguida, os demais livros; terminando a versão
em 150 a.C. Seja como for, é ela a mais antiga tradução da Bíblia hebraica. Os
outros grandes MSS da LXX são os já estudados códices: Vaticano, Sinaítico e
Alexandrino. A Septuaginta é usada ainda hoje na Igreja Grega. Sua primeira
aparição impressa é a cons¬tante da Complutensiana Poliglota publicada em
Alcalá, província de Madri, em 1514-1517, e distribuída em 1522 pelo Cardeal
Ximenes.
2) A
versão de Áqüila, natural de Sínope, cidade do Ponto. É uma tradução puramente
literal. Contém só o AT. Foi feita em 138 d.C, no reinado de Adriano. Existe em
fragmentos.
3) A
versão de Teodocião, natural de Éfeso, coevo de Justino Mártir, que o menciona
em seus escritos. Foi feita em 160 d.C, no tempo do Imperador Cômodo. Não é
mais que uma revisão dos LXX. Contém só o AT. Teodocião era ebionita.
4) A versão de Símaco, feita em 218. Só do
AT. Símaco era também ebionita. Existe em fragmentos.
5) A
Héxapla, de Orígenes. Não é propriamente uma versão; é obra compendiada. Devido
a falhas na tradução da Septuaginta, Orígenes, grande erudito da igreja
primitiva, compôs, em Cesaréia, a sua Héxapla, ou versão de 6 colunas, em 228
d.C. As seis colunas estão dispostas da di¬reita para a esquerda, assim:
1ª O texto hebraico
2ª O texto grego traduzido do hebraico
3ª A versão de Áqüila
4ª A versão de Símaco
5ª A Septuaginta
6ª A versão de Teodocião
Jerônimo consultou essa obra no Século IV.
É também citada por Euzébio, que dela copiou o texto dos LXX e também correções
e edições de outros tradutores que Orí-genes incluíra. Admite-se que a famosa
Héxapla perdeu-se no saque dos sarracenos contra Cesaréia, em 653 d.C. Se ela
tivesse chegado até nós, teríamos hoje três traduções gregas para comparar com a
dos Setenta. Dela só se conhece citações. O texto dos Setenta, da Héxapla, foi
publicado em 1714 por Montfaucon. Euzébio, bispo de Cesaréia (263-340) o
copiara.
c. Versões siríacas.
A partir de agora, entra nas versões o NT.
Poucos anos após a fundação da Igreja havia igrejas espalhadas em regiões
remotas como Ásia Menor, Roma, Antioquia, etc, isso devido ao zelo inflamado
pelo Espírito Santo nos crentes de então. Eles percorriam as estradas acima e
abaixo contando a história de Jesus. A disseminação das Escrituras era por meio
de cópias manuscritas. Os apóstolos de Jesus ainda viviam quando as primeiras
versões siríacas foram feitas.
1) A Peshito. Significa simples. Foi feita
diretamente do hebraico, pela Igreja Siríaca de Edessa, no Nordeste da Mesopotâmia,
no século II. Abrange pela primeira vez o NT, com exceção de poucos livros. E
ainda hoje a Bíblia do remanescente da Igreja Siríaca. Começou a ser feita quando
ainda viviam os apóstolos, isto é, no século I, e foi concluída entre 150 a 200
d.C. Deu origem a outras versões, como seja, a árabe, a pérsica e a armênia.
Esta versão serviu às igrejas do Oriente.
2) A versão Filoxênia. Traduzida por
Filoxeno, em 508, bispo de Hierápolis na Ásia Menor. Compreende só o Novo
Testamento.
d. Versões latinas.
O latim era a língua falada pelos romanos.
Foi língua importantíssima, especialmente considerando-se que o último império
mundial foi o romano. O latim foi implantado à medida que o império romano
realizava suas conquistas. João, em seu Evangelho, diz-nos que o título posto
sobre a cruz de Jesus estava escrito também em latim (Jo 19.20). Foram as
seguintes as versões latinas:
1) A Antiga Versão Latina. É também chamada
Versão Africana do Norte. Foi feita na África do Norte, possivelmente em
Cartago. Abrange ambos os Testamentos. Serviu às igrejas do Ocidente. Seu AT
foi traduzido não do texto hebraico e sim do texto grego da Septuaginta. Foi
concluída em 170 d.C. Era bem conhecida por Tertuliano, falecido em 220, e de
Agostinho. Teve várias revisões. Dela restam uns 40 MSS.
2) A
ítala. Também conhecida por Vetus ítala (em latim). É mais propriamente uma
revisão da Antiga Versão Latina. Foi preparada na Itália, na segunda metade do
Século II. Abrange ambos os Testamentos.
3) A
Revisão de Jerônimo. É uma revisão da Antiga Versão Latina, feita por Jerônimo
em 382-387 d.C. Jerônimo foi encarregado disso por Dâmaso, bispo de Roma. Nesse
trabalho Jerônimo utilizou a Héxapla de Orígenes. Foi nesse tempo que a Septuaginta
começou a cair em desuso.
4) A
Vulgata. É uma nova versão da Bíblia por Jerônimo. O AT foi traduzido
diretamente do hebraico, e do NT revisto. Em assuntos bíblicos, foi Jerônimo o
homem mais sábio do seu tempo. Era também dotado de grande piedade e valor
moral. Para realizar esta obra, ele instalou-se num mosteiro, em Belém.
Baseou-se na Héxapla de Orígenes. A versão foi feita em 387-405 d.C. Tinha
Jerônimo 60 anos quando iniciou a tarefa. Já antes, em Belém, fizera a revisão
da Antiga Versão Latina.
A Vulgata foi a Bíblia da Igreja do
Ocidente na Idade Média. Foi também ela o primeiro livro impresso após a
invenção do prelo, saindo à luz em 1452, em Mogúncia, Alemanha. Devido à
popularidade e difusão que teve, foi, no tempo de Gregório o Grande (604 d.C),
denominada "Vulgata", do latim "vulgos" = povo, isto é,
versão do povo, popular, corrente. Por mil anos a Vulgata foi a Bíblia de quase
toda a Europa. Foi ela também a base de inúmeras traduções para outras línguas.
Foi decretada como a Bíblia oficial da Igreja Romana no Concilio de Trento, 4?
Sessão, em 8 de abril de 1546; decreto este somente cumprido em 1592 com a
publicação de nova edição da Vulgata pelo Papa Clemente VIII. Jerônimo nasceu
em 342 e faleceu em Belém, em 420.
e.
Outras versões orientais. Entre estas podemos mencionar:
1) As versões egípcias ou cópticas. São 3
as de primeira ordem. Foram feitas até o ano 500 d.C.
2) A Etíope, feita em 330, abrangendo ambos
os Testamentos, com base na LXX.
3) A
Gótica, feita em 350, de ambos os Testamentos também, com base na LXX.
4) A
Armênia, feita no Século V. Base: os LXX.
5) A
Georgina, feita no Século V. Preparada por meio de cópias da versão Armênia.
6) A
Eslavônica, feita no Século IX. Base: os LXX. É ainda hoje usada pelos eslavos
orientais e meridionais. Ambos os Testamentos. Foi preparada por dois irmãos
missionários tessalonicenses à Bulgária e Morávia: Cirilo e Metódio.
Além destas versões orientais, há ainda as
versões árabes, mas, de pouca importância para a crítica textual.
f.
Versões européias.
Após um intervalo de 300 anos, começaram no
Século XII as traduções nas línguas da Europa, tais como o francês (1487), o
italiano (1432), o alemão (1534), o sueco (1541), o dinamarquês (1550), o
holandês (1560), o espanhol (1602), o finlandês (1642), o português (1681),
etc. Hoje em dia a Bíblia está traduzida não só em todas as principais línguas
da Europa, como também em todas as principais do mundo.
Em muitos dos países acima mencionados,
houve tradução das Escrituras em datas bem anteriores, mas em porções e com
diminuta circulação. A base da maioria das traduções que acabamos de mencionar
foi a Vulgata.
Das versões européias, vamos destacar
apenas três, devido à sua importância, que são:
1) Versões inglesas. Foi a Bíblia que
formou a mentalidade do povo inglês e firmou a seriedade nacional.
O povo inglês tem alta veneração pela Bíblia.
Ela é tida e considerada como o sustentáculo daquele povo. Quando certo imperador
chinês perguntou à rainha Victória: - "Que fez a vossa nação tornar-se tão
importante em todos os sentidos?" Tomando uma Bíblia em suas mãos,
respondeu a rainha: - "Este Livro, senhor".
A Inglaterra foi a primeira nação a ter a
Bíblia em sua própria língua. Até então, as Escrituras estavam encerradas em
latim, desde muitos séculos; língua essa já desconhecida do povo em geral. Pequenas
porções da Bíblia foram traduzidas para o inglês a partir do Século VIII. Beda,
falecido em 735, traduziu os quatro Evangelhos. Outras porções foram traduzidas
até 1300 d.C.
Houve 13 principais versões em inglês,
abrangendo a Inglaterra e os Estados Unidos, feitas entre 1380 e 1978. A
primeira, de 1380, foi feita por John Wycliffe. Este foi um grande erudito e
estudioso das Escrituras. Decidiu traduzir toda a Bíblia para a língua inglesa.
O NT foi concluído em 1380. Até que ponto Wycliffe traduziu o AT é incerto,
pois morreu em 1380, antes de completar a tarefa. Depois de morto, seu túmulo
foi aberto por ordem do Papa; seu esqueleto foi queimado e as cinzas lançadas
ao rio Swift. Seus auxiliares concluíram o trabalho após sua morte. É tradução
da Vulgata. Tanto Wycliffe como seus auxiliares enfrentaram tenaz oposição. O
prelo ainda não existia, e um escriba levava muitos meses para copiar uma
Bíblia. Os exemplares eram caríssimos. Foi publicada em 1388 por Purvey, já com
revisões. Purvey era o assistente de Wycliffe. Pela ordem, o segundo tradutor
inglês foi Tyndale. Estudou em Cambridge e Oxford. Conhecia a fundo o grego e
demais línguas bíblicas. A Bíblia do Tyndale foi a primeira versão inglesa
feita dos idiomas originais. Foi também a primeira Bíblia impressa em inglês.
Tyndale enfrentou tal perseguição na Inglaterra, que foi obrigado a seguir para
a Europa continental para poder continuar seu trabalho. Publicou ele o NT em
Worms, Alemanha, em 1525. Devido à perseguição, os exemplares tiveram de entrar
na Inglaterra como contrabando. Lá, quando descobertos, eram queimados. Tyndale
foi morto antes de concluir a tradução do AT. Foi estrangulado e depois
queimado, em 6 de outubro de 1536, pelos católico-romanos de Antuérpia. A influência
do seu monumental trabalho continua até hoje, porque a famosa Versão
Autorizada, hoje em uso, é praticamente uma revisão da de Tyndale.
As
quatro principais versões recentes inglesas são:
a) A Versão Autorizada ou Versão do Rei
Tiago. Seis meses após Tiago subir ao trono da Inglaterra (1603) presidiu uma
conferência religiosa em Hampton, já em 1604. A conferência tinha por fim considerar
as queixas dos puritanos contra os anglicanos. Dessa conferência resultou a nomeação
de 54 teólogos para prepararem uma nova versão da Bíblia (mas só 41 tomaram parte
na obra). Foi publicada em 1611. Continua até hoje sendo a Bíblia favorita dos
povos de fala inglesa. Há 3 séculos vem ela mantendo o primeiro lugar entre as
demais versões em inglês.
b) A Versão Revisada (English Reuised Version).
Feita por um grupo de sábios ingleses e norte-americanos. O Novo Testamento foi
publicado em 1881 e o AT em 1885. Tem grande vantagem sobre as Bíblias
anteriores. É uma revisão da Versão Autorizada. No seu preparo foram utilizados
MSS a que os teólogos da Versão Autorizada não tiveram acesso. Nela tomaram
parte homens famosos como Sayce, Driver, Angus, Lightfoot, Westcott e outros
doutores da Bíblia.
c) A Versão Revisada Americana (American
Standard Version). Esta versão é o texto preferido pelos membros
norte-americanos do Comitê que preparou a Versão Revi¬sada de 1881-1885. Foi
publicada em 1900 (NT) e 1901 (AT).
d) A
Versão Padrão Revisada (Revised Standard Version). mais uma nova versão do que
revisão. Foi preparada nos Estados Unidos. Os primeiros passos para essa grande
obra foram dados em 1929 quando foi nomeado o corpo de teólogos tradutores e
mestres de reconhecida competência. Alguns deles foram Goodspeed, Moffat,
Millar Burrows, Abright. Novos textos originais foram consultados. O NT foi publicado
em 1946 e o AT em 1952. Há prós e contras quanto a esta versão. Não teve a
popularidade que era de se esperar. As quatro
versões mais recentes são: New English Bible (1970); Good News Bible (1976);
Jerusalém Bible (1966), e New International (1978). Esta última é considerada
a versão mais fiel publicada até hoje em língua inglesa.
2)
Versão alemã. Lutero preparou-a traduzindo dos originais. Concluiu-a em
1534. Houve antes outra versão derivada da Vulgata, de tradução literal, no
Século XIV. Lutero executou o trabalho em plena Reforma, publicando a versão em
1522. Esta Bíblia foi de inestimável valor para o Movimento da Reforma. Foi tão
bem feita que serviu de base para o alemão literário. Na Alemanha, a Bíblia é
considerada como o começo da literatura alemã.
3)
Versões em português. Como aconteceu em relação a outros idiomas, a
Bíblia não foi inicialmente traduzida por inteiro em português. D. Diniz, rei
de Portugal (1279-1375), traduziu da Vulgata uma parte do livro de Gênesis. O
Rei D. João I (1385-1433) ordenou a tradução dos Evangelhos. Esse mesmo rei
traduziu os Salmos. Frei Bernardo traduziu o Evangelho de São Mateus no Século
XV. Em 1495, a rainha Leonor, casada com D. João II, mandou publicar o livro
"Vida de Cristo", uma espécie de harmonia dos Evangelhos. Em 1505, a
mesma rainha mandou imprimir os Atos e Epístolas Universais.
Agora vejamos as traduções completas.
a) A Versão de Almeida.
João Ferreira d'Almeida foi ministro do
Evangelho da Igreja Reformada Holandesa, em Batávia, então capital da ilha de
Java, na Oceania. (Batávia é agora a moderna Dja-karta, capital da Indonésia)
Java era então domínio holandês, conquistada aos portugueses. Almeida traduziu
primeiro o Novo Testamento, terminando-o em 1670; em 1681 foi ele impresso em
Amsterdam, Holanda, isto é, 100 anos antes da primeira edição católica da
Bíblia - a de Figueiredo, 1781! Almeida traduziu o Antigo Testamento até
Eze-quiel 48.21, quando então faleceu em 1691. Missionários seus amigos
completaram a tradução, especialmente Jacob Opden Akker. Almeida fez sua
tradução do grego e hebraico, línguas que estudou após abraçar o Evangelho.
Utilizou também as versões holandesa (de 1637) e a espanhola (de Valera, 1602).
Seu Antigo Testamento foi publicado em 1753, em Amsterdam. A Sociedade Bíblica
Britânica e Estrangeira começou a publicar o texto de Almeida em 1809,
publicando a Bíblia completa pela primeira vez, em 1819. O texto de Almeida não
era muito bom por ele ter deixado Portugal muito cedo e não ter cultura
profunda.
O texto de Almeida foi revisado em 1894 e
1925. Em 1951, a Imprensa Bíblica Brasileira (organização batista independente)
publicou a "Edição Revista e Corrigida", abreviadamente ARC.
Uma comissão de especialistas brasileiros
trabalhando de 1945 a 1955 apresentou recentemente a "Edição Revista e
Atualizada" de Almeida (ARA). É uma obra magnífica com linguagem
qualificada e de melhor tradução. O NT foi publicado em 1951 e o AT em 1958. A
publicação é da Sociedade Bíblica do Brasil. A comissão revisora compôs-se de
30 elementos dos mais abalizados de várias denominações. Foram membros, figuras
como Sinésio Lira, A.C. Gonçalves, Crabtree, R.G. Bratcher, W. C. Taylor. Foi
usado o texto grego de Nestle para o NT, e o hebraico de Letteris, para o AT.
Fez-se o melhor possível.
Há uma comissão permanente de revisão
acompanhando os progressos da crítica textual.
Alguns dados pessoais de Almeida. Nasceu em
Torre de Tavares, em Portugal, em 1628. Emigrou para a Holanda, e daí seguiu
para Java, achando-se aí em 1641. Converteu-se na Igreja Reformada Holandesa em
1642 por meio de um folheto que tratava sobre a "Diferença da Cristandade
entre a Igreja Reformada e a Igreja Romana". Casou-se em 1651 com a filha
de um pastor. Foi ordenado ao santo ministério em 16 de outubro de 1656.
Aprendeu grego e hebraico e começou a traduzir o Novo Testamento, tendo como
base o "Textus Receptus" dos irmãos Elzevirs, segunda edição de 1633.
Faleceu em 6 de agosto de 1691. A Igreja Católica, através do tribunal da
Inquisição, queimou-o em estátua, em Gôa, antiga possessão portuguesa na índia.
A Igreja Romana, nem mesmo agora, no chamado Ecumenismo, se desculpou de tais
coisas...
b) A
Versão de Figueiredo.
O padre Antônio Pereira de Figueiredo,
português, levou 17 anos no preparo de sua versão. Publicou o NT em 1781 e o AT
em 1790. É tradução da Vulgata. Foi um dos maiores latinistas do seu tempo.
Desde 1821, a SBBE publica o texto de Figueiredo. O texto atual publicado pela
SBBE é superior ao primitivo.
c) A Tradução Brasileira. Começou em 1904,
por uma comissão de vultos do evangelismo brasileiro, nomeada pela SBA
(Sociedade Bíblica Americana) e SBBE (Sociedade Bíblica Britânica e
Estrangeira). Entre outros, foram membros da comissão: Antônio Trajano, Eduardo
Carlos Pereira e Hipólito de Oliveira Campos. O NT foi publicado em 1910 e o AT
em 1917. A tradução é mui fiel ao original. Há muita rigidez na tradução.
Falta-lhe a beleza de estilo e a segurança vernacular, porque a tradução é
literal, e não à base da equivalência dinâmica, como se diz em lingüística.
d) A Versão de Rhoden. Consta só o NT. Era
padre brasileiro de Santa Catarina, quando da tradução. Começou o trabalho como
estudante, na Alemanha, em 1924-1927, concluindo-o no Brasil. Foi publicada em
1935. Este padre deixou a Igreja Romana. É versão muito usada para estudo
comparativo e crítica textual. O texto grego usado foi o de Nestle.
e) A Versão de Matos Soares. Também padre
brasileiro. Traduziu a Vulgata. Concluiu a tradução em 1932, mas só em 1946 foi
publicada. É a Bíblia popular dos católico romanos brasileiros. A versão carece
de fidelidade. Como todo tradutor católico, nota-se em Matos Soares preconceitos
e tendências, especialmente nos itálicos, que às vezes tem texto maior que o próprio
original. O Papa é conivente nisto, conforme sua carta do Vaticano de 1932.
ALGUNS
OUTROS INFORMES SOBRE A BÍBLIA EM PORTUGUÊS.
• A Bíblia foi impressa a primeira vez no
Brasil, em 1944, pela Imprensa Bíblica Brasileira.
• Entre as Bíblias mais populares do mundo
está a em português. As outras são: a Vulgata, a de Lutero, e a Versão
Autorizada (inglesa).
• Há no Brasil três entidades evangélicas
publicadoras e distribuidoras de Bíblias. A primeira é a Imprensa Bíblica
Brasileira fundada em 1940. A segunda é a Sociedade Bíblica do Brasil fundada em
10-06-1948, resultante da fusão das agências da SBA e SBBE que funcionavam no
Brasil. A terceira é a Sociedade Bíblica Trinitariana, com sede em São Paulo.
• A primeira agência distribuidora de
Bíblias no Brasil foi a da SBBE, em 1856; a segunda foi a da SBA, em 1876, ambas
na cidade do Rio de Janeiro. Antes disso, vinham Bíblias para o Brasil através
de comandantes de navios, que as entregavam a casas comerciais para revenda. A
mais antiga Sociedade Bíblica do mundo é a SBBE fundada em 1804; a segunda é a
SBA, fundada em 1816.
• Na distribuição de Bíblias em todo o
mundo, o Brasil ocupa o segundo lugar!
IV. PARTICULARIDADES SOBRE O TEXTO BÍBLICO EM
GERAL E A SUA TRADUÇÃO
1) As palavras em itálico. Não constam do
original. Foram introduzidas na tradução para completar o sentido do texto. Em
português, a única versão protestante com itálicos é a ARC.
2) O
uso da margem. Muitas Bíblias tem na sua margem em determinados trechos, a
tradução literal do hebraico ou do grego. Às vezes, tem uma tradução diferente
quando o caso é duvidoso. São muito úteis essas notas marginais.
3)
Datas impressas no texto. Muitas Bíblias antigas, em português, bem como
noutras línguas, trazem datas impressas no texto. São datas da chamada
"Cronologia Aceita" elaborada pelo arcebispo Ussher (anglicano) e inseridas
pela primeira vez no texto bíblico em 1701. Depois de Ussher, surgiram outras
cronologias como a de Calmet,
Hales, etc. As investigações modernas e
descobertas arqueológicas têm alterado em muitos pontos a cronologia
tradicional. A cronologia é terreno movediço, especialmente quanto aos
primeiros milênios da História.
4) O
sumário dos capítulos. São preparados pelos editores, e nada tem com a inspiração
e o texto original. As exceções são algumas frases introdutórias de certos
salmos, como o 4, 5, 6, 7, 8, 9, 22, 32, 45, 46, 53, 56, 69, 75, etc. Tais
sumários nem sempre correspondem aos capítulos aos quais se referem. Há casos
até negativos, como a parábola dos "Dez Talentos", quando não são
dez; a "Parábola do Rico e Lázaro", quando não se trata de parábola,
e assim por diante.
5) A
divisão do texto bíblico em capítulos e versículos. Não vem do original. A primeira
Bíblia que trouxe essa divisão foi a Vulgata, em 1555. Em muitos casos, a
divisão tanto em capítulos como em versículos, quebra o sentido, biparte o
texto e altera toda a linha do pensamento. Exemplo de capítulos: Isaías 53, que
devia começar em 52.13; João capítulo 8, devia começar em 7.53; 2 Rs 7 devia
começar em 2 Rs 6.24; o capítulo 3 de Colossenses devia termi¬nar 4.1; o capítulo
10 de Mateus devia começar em 9.35; Atos 5 devia começar em 4.36, etc.
Com a divisão em versículos, acontece a
mesma coisa, por exemplo: Efésios 1.5 devia começar com as duas últimas
palavras de 1.4; 1 Coríntios 2.9,10 devia ser um só versículo; o mesmo devia ocorrer
com Jo 5.39,40. Na Epístola aos Romanos, bem como em Efésios, há diversos casos
desses. Também a divisão em versículos não é a mesma em todas as versões; por
exemplo Daniel 3.24-30 da ARC, corresponde a 3.91-97 em Matos Soares; Lucas 20.30
na ARC, corresponde a Lucas 20.30,31 na "Tradução Brasileira". Marcos
9.49 deve ficar ligado ao versículo 48, e não como está na ARA, tendo a
epígrafe entre os dois versículos.
6) A divisão do texto em parágrafos é muito
útil para a sua compreensão. O Salmo 2, por exemplo, contém 5 parágrafos, tendo
cada um aplicação diferente (vv 1-3, 4-6, 7-9, 10-12a; 12b). A única versão em
português que indica os parágrafos é a ARA, com um tipo negrito cada vez que
isso ocorre. Há versões noutras línguas que dão tanta importância a essa
divisão, que, para maior comodidade do leitor, imprimem o próprio sinal gráfico
para parágrafo (muito parecido com um "P" invertido).
7) Traduções da Bíblia até 1984. A Bíblia
toda ou em parte acha-se traduzida em 1795 línguas e dialetos.
Ainda restam cerca de 1.000 línguas em que
ela precisa ser traduzida.
QUESTIONÁRIO
1.
Quais as línguas originais da Bíblia? E destas, quais as duas
principais?
2.
Que outros nomes tem a língua hebraica, no Antigo Testamento?
3.
De quantas letras compõe-se o alfabeto hebraico?
4.
Que quer dizer "texto massorético"? Por que tomou esse nome?
5.
Em que época foram colocados na escrita hebraica os sinais vocálicos?
Qual a principal finalidade disso?
6.
Quais os dois tipos existentes de texto hebraico das Escrituras do AT?
7.
Que outros nomes tem a língua aramaica? Em que região era falada?
8.
Cite as referências dos textos do AT escritos em aramaico.
9.
Em que época e em que país aprenderam os judeus o aramaico?
10.
Que nome tomara o aramaico na Palestina nos dias de Jesus, como costumam
dizer os eruditos?
11.
Quando o NT faz menção da língua hebraica, trata-se na realidade de que
idioma?
12.
Em que tipo de grego foi escrito o Novo Testamento? A partir de quando
surgiu tal dialeto?
13.
De quantas letras compõe-se o alfabeto grego?
14.
De que maneira o grego fez parte do preparo do mundo para o advento do
Salvador?
15.
Que são manuscritos? Nos tratados bíblicos, quais as suas abreviaturas?
16.
Quais os dois materiais gráficos mais usados nos MSS bíblicos?
17.
Que nome tem o pergaminho preparado de modo especial?
18.
Cite os tipos de MSS quanto ao formato? Descreva cada formato.
19.
Que é um MS uncial? E um cursivo? E um palimpses-to?
20.
Cite algumas razões do desaparecimento dos MSS bíblicos originais.
21.
Qual o MS completo e mais antigo do AT em hebraico?
22.
Quais as três Bíblias completas mais antigas em grego?
23.
Quando surgiu o primeiro texto impresso em hebraico, do AT? E do NT, em
grego?
24.
Em que ano foram descobertos os famosos MSS do mar Morto?
25.
Como calculam os eruditos as datas dos MSS?
26.
Em que caracteres está escrito o texto do Pentateuco Samaritano?
27.
Que são Targuns?
28.
Que quer dizer Septuaginta? Por que essa versão tomou este nome?
29.
Em que época e país foi preparada a Septuaginta?
30.
Que Igreja ainda usa a Septuaginta?
31.
Qual a primeira versão que inclui o Novo Testamento?
32.
Quem traduziu a Vulgata? em que ano e país foi concluída tal versão?
33.
Que relação especial tem a Vulgata com a Igreja Romana?
34.
Qual a mais estimada versão inglesa? Dê o ano e o nome dessa versão.
35.
Cite uma razão por que a Bíblia de Lutero tornou-se tão importante.
36.
Em que ano foi publicada a Bíblia de Almeida, NT e AT? (primeira vez)
37. Idem, a de Figueiredo?
38.
Quem era Almeida, e onde fez a tradução da Bíblia em português?
39.
Além de Almeida e Figueiredo, quais outras versões foram mencionadas no
estudo das traduções em português.
40.
Qual a primeira Bíblia que apareceu dividida em capítulos e versículos?
41.
Cite o número de traduções da Bíblia toda ou em parte, até o presente.
Os escribas dedicavam suas vidas ao estudo
e transcrição dos textos sagrados
A seqüência da história bíblica
ESBOÇO DO
CAPÍTULO
I. A ÉPOCA PRÉ-ABRAÂMICA
1. O
Período Antediluviano
2. O Período do Dilúvio a Abraão
II. A ÉPOCA DE ISRAEL
1. O
Período dos Patriarcas
2. O
Período de Israel no Egito
3. O
Período de Israel no Deserto
4. O
Período da Conquista de Canaã
5. O
Período dos Juizes
6. O
Período da Monarquia
7. O
Período do Reino Dividido
8. O
Período do Cativeiro e Restauração
9. O
Período Interbíblico
a. A
Palestina sob os Persas
b. A
Palestina sob os Gregos
c. A
Palestina sob os Macabeus
d. A
Palestina sob os Romanos
III. A ÉPOCA DO CRISTIANISMO
1. O Período da Vida de Cristo
2. O Período da Igreja em Jerusalém
3. O Período da Igreja Missionária
Temos neste capítulo um resumo da marcha da
história bíblica, de conformidade com o Antigo e o Novo Testamento, tendo em
vista apenas o povo de Deus.
A história dos demais povos bíblicos, e
outros afins, pertence a outro estudo. Por povo de Deus queremos dizer os fiéis
de Deus em todos os tempos, compreendendo judeus e gentios.
A necessidade de um estudo como este vem do
fato de que os 66 livros do cânon sagrado não aparecem na Bíblia em ordem
cronológica, e sim pela ordem dos assuntos, conforme já mostramos em capítulo
anterior. O conhecimento da seqüência histórica da Bíblia habilitará o
estudante a orientar-se em qualquer lugar em que se encontre no texto sagrado.
A seqüência histórica da Bíblia é como um fio atravessando um todo, situando em
seus lugares as coisas, pessoas e fatos registrados; em o nosso caso, nas
Escrituras.
O fim principal em vista, aqui, não é
suprir o leitor de dados cronológicos. A cronologia que apresentamos é apenas o
indispensável. É oportuno afirmar que toda cronologia antiga é terreno movediço.
Pesquisas e descobertas arqueológicas levadas a efeito nos últimos anos
demonstram que é preciso uma revisão total nas datas até agora aceitas, especialmente
aquelas dos primeiros milênios da história humana, abarcando as principais e
primitivas civilizações como a babilônica, acadiana, egípcia, etc. As
evidências arqueológicas conduzem a uma redução nas atuais datas. As atuais e
mais credenciadas autoridades nesse campo, declaram, por exemplo, que a
primitiva civilização babilônica deve recuar para 2.500 a.C. em vez de 3.500,
como vem sendo divulgado até agora. Uma tão importante revisão de datas não
pode nem deve ser feita às pressas.
Os principais luminares no assunto afirmam
que é preciso esperar mais algum tempo até que se obtenha uma confirmação da
exatidão das novas datas que já estão aparecendo em muitos livros, revistas e
outras publicações do 100 gênero. Há historiadores apressados que acham que
tudo deve ser mudado agora mesmo, mas, considerando a importância do assunto (a
seqüência da história bíblica), é preciso reserva e cautela, porque as novas
datas modificarão quase todo o sistema até agora aceito. Acresce ainda o fato
de que muitas das novas datas estão sendo postas em dúvida devido à má tradução
de placas, tijolos e demais achados arqueológicos multisseculares.
Devido às circunstâncias acima expostas,
preferimos seguir a tradicional "cronologia aceita" com algumas variantes
novas que já não padecem contestação. As poucas datas que aparecem neste
capítulo, poderão estar alteradas noutros livros ora em circulação, mas o
melhor é aguardar confirmação definitiva dos fatos, do que apresentar uma coisa
em dúvida. Muitas das novas datas, quando postas na corrente de dados
cronológicos, ou colidem com fatos da mesma época ou alteram a ordem deles. Obras
de renome com novos dados cronológicos estão sendo lançadas na outra América e
na Inglaterra. Certamente teremos tais obras traduzidas entre nós posteriormente.
Procuramos tornar este capítulo o mais inteligível possível; reconhecemos,
contudo, que, se o leitor tiver um razoável conhecimento prévio de história
antiga, isso o ajudará a compreender a seqüência que vai ser apresentada. Caso
não tenha, aconselhamos a ler o capítulo todo mais uma vez, e consultar obras
de vulto no assunto. Nossas Bíblias com datas impressas vêm de 1701. Tais datas
são da "Cronologia Aceita", elaborada pelo arcebispo Ussher, em 1650,
época essa que não se dispunha dos modernos meios, recursos e investigações
científicas como as atuais. O sistema de Ussher está obsoleto em grande parte,
todavia não pode ser posto de lado até que apareça uma revisão com indiscutível
veracidade. Portanto, as datas que aparecem aqui, ao lado da História não têm a
pretensão de precisão. Apenas integram a seqüência histórica, demarcando-a.
Para efeito de estudo, a seqüência
histórica do povo de Deus como a temos na Bíblia, contém três grandes épocas,
que são:
I. A ÉPOCA PRÊ-ABRAÂMICA. Da criação de
Adão à chamada de Abraão. 4000-2000 a.C. Dois mil anos. (Números redondos para
facilitar a memorização).
II. A ÉPOCA DE ISRAEL. Da chamada de Abraão
ao advento de Cristo. 2000-5 a.C. Dois mil anos.
III. A ÉPOCA DO CRISTIANISMO. Do advento de
Cristo à morte do apóstolo João: 5 a.C-100 d.C. Trataremos agora de cada uma
destas grandes épocas da História Bíblica, divididas em períodos. Lembremo-nos
de que é um resumo que vai ser apresentado. Só os fatos marcantes e salientes
aparecem; os pormenores não.
I. A ÉPOCA PRÉ-ABRAÀMICA
Esta época abrange dois períodos
históricos: 1. O Período Antediluuiano, que vai de Adão ao Dilúvio; de 4004-2348
a.C. - 1656 anos. É descrito no livro de Gênesis até o capítulo 6 e contém o
relato da origem de todas as coisas. O homem é o ápice da Criação. Feito do pó
da terra, e recebendo também o espírito de vida outorgado por Deus. Teve assim
duas naturezas: uma terrena para pô-lo em contacto com o material, e outra
celestial para comunhão com Deus. A Bíblia declara nos capítulos acima que o
homem foi criado, não evoluído através de estágios sucessivos. Adão, ao ser
criado, não se comportava como um nenezinho ou como um silvícola, e sim como um
homem adulto e de conhecimento e inteligência extraordinários.
A civilização antediluviana foi
adiantadíssima em intelectualidade, artes e profissões, coisas comprovadas pela
Bíblia e a Ciência, especialmente o ramo arqueológico. Adão recebeu a revelação
diretamente de Deus. A entrada do pecado na raça humana reduziu profundamente a
capacidade e a possibilidade do homem em todos os sentidos. Assim sendo, o
homem em si mesmo não tem evoluído ou progredido, e sim regredido. O homem só
evolui quando volta à sua origem, sua causa primária - DEUS. O homem se
embruteceu à medida que se afastou de Deus. Romanos, capítulo 1, conta esta
triste história.
O Período Antediluviano ocorreu no Éden e
suas proximidades, no Oriente. Trata-se da região primitivamente chamada Sinar,
depois Suméria e Babilônia. Essa região situa-se exatamente na confluência de três
grandes continentes: Europa, Ásia e África. (Veja isto num mapa-múndi ou num
planisfério.)
Por quanto tempo Adão viveu no Éden antes
de pecar só Deus sabe. Entendemos que seus 130 anos mencionados em Gênesis 5.3
tenham decorrido após a queda.
O tempo que ele viveu como solteiro não é
revelado. Talvez sua vida antes da queda fosse tão sublime, que não fosse
lícito revelar seus pormenores à raça posteriormente caída. Talvez não
compreendessem, pois a esfera em que vivia antes de pecar não tinha comparação
com a nossa. O apóstolo Paulo teve revelações divinas que ao mortal não era
lícito revelar, está escrito.
O vale do Eufrates é, pois, o berço da raça
humana. Nessa região, Deus pôs o homem na terra. Daí surgiram e partiram as
primitivas civilizações. O Jardim do Éden, de acordo com eminentes autoridades
e inferências arqueológicas, ficava em Eridu, 19 km ao sul de Ur, na antiga Sinar.
O Éden foi o cenário do começo da história bíblica. Aí perto viveram também Noé
e Abraão. As primeiras civilizações da região sumeriana como as de Cis, Lagás,
Ereque, Ur, Acade (o mesmo que Sipar), Calné (o mesmo que Ni-pur), Larsa, Fará,
ficavam todas em torno de Eridu. (Veja isso num mapa das terras bíblicas
primitivas.) Eram cidades-reinos. Foram povos altamente adiantados. Algumas de
suas cidades constam de Gênesis 10.10-12. Todo o capítulo 10 de Gênesis é
altamente importante para o estudo dessas civilizações primitivas.
Fará é o local tradicional da residência de
Noé. Após a queda de Adão, Deus mesmo mostrou-lhe como aproximar-se dele para
com Ele ter comunhão e adoração. Adão viu que um animal foi morto para que sua
pele cobrisse a sua nudez e a de Eva, por causa da sua transgressão. Certamente
ele ensinou a seus filhos o caminho da comunhão com Deus através dos sacrifícios.
Abel fez o mesmo. Noé também. Os demais de vida piedosa que se seguiram, sem
dúvida, agiram do mesmo modo. Esses sacrifícios de animais inocentes: a)
Testemunhavam que "o salário do pecado é a morte" (Rm 6.23). b)
Ensinavam a sublime doutrina da substituição, tão bem explicada na Epístola aos
Romanos, c) Apontavam para o Senhor Jesus Cristo, "o Cordeiro morto desde
a fundação do mundo" (Ap 13.8). Como homens de Deus, salientam-se neste
período histórico: Abel, Sete, Noé e Enoque. A longevidade extraordinária
registrada nesse tempo tem sua explicação em fatores como:
a) As conseqüências físicas e espirituais
do pecado, que resultam em enfermidades e morte na raça humana, tinham apenas
começado o seu curso,
b) A maldição lançada sobre a terra devido
à queda do homem, também, tinha apenas iniciado seus efeitos,
c) As condições climaté-ricas eram outras,
d) A capacidade da terra na produção de
alimentos era também superior,
e) A longevidade também seria necessária
para o povoamento da terra,
f) Temos ainda a considerar a misericórdia
de Deus para com a raça humana incipiente.
No Milênio, quando as condições de vida e o
meio ambiente serão maravilhosos, devido à influência pessoal de Cristo, a vida
humana será outra vez prolongada.
2. Do Dilúvio a Abraão. De 2348-1921 - 427
anos. O Dilúvio ocorreu provavelmente em 2348 a.C. Muitas cidades
antediluvianas foram reconstruídas como a arqueologia tem provado. A arca de
Noé repousou num dos montes da cordilheira do Ararate, perto das cabeceiras do
Eufrates. (Veja isso num mapa.) Mas Noé, após o Dilúvio, retornou à sua
primitiva terra - Sinar, mais tarde chamada Babilônia (Gn 11.2).
Cerca de 100 anos após o Dilúvio, deu-se a
dispersão das raças mediante o juízo divino da confusão das línguas (Gn 11),
para obrigar os povos a cumprir o que Deus determinara sobre o povoamento da
terra (Gn 9.1,7). Ninrode, contrariando o plano divino, constituiu uma
federação de cidades-reinos, tornando-se, assim, o fundador do imperialismo.
Era isso um plano de Satanás para neutralizar a ordem divina. Coisa idêntica
acontecerá durante a Grande Tribulação, quando o Inimigo unificará as nações
contra o Senhor Jesus Cristo (Ap 16.14; 19.19). irvi
Na dispersão provocada pelas línguas, os
semitas, descendentes de Noé, fixaram-se nos vales do Tigre, Eufrates e regiões
próximas do Leste da Ásia. Dos semitas, surgiram grandes civilizações como os
elamitas, os assírios, os caldeus, os arameus ou sírios (estes depois
mesclaram-se com os poderosos mitânios), os árabes, e os hebreus. A esta altura
dos fatos, é oportuno observar que antes da dispersão das raças, Noé, tomado de
espírito profético, descreveu de antemão o futuro das três grandes
raças-troncos originais, isto é, semitas, camitas ejafetitas (Gn 9.25-27). Tal
profecia vem cumprindo-se admiravelmente através dos séculos. Segundo essa
profecia, o papel dos semitas seria mais religioso do que secular. ("E
habite Ele nas tendas de Sem", v 27). Isto cumpriu-se de modo cabal em
Cristo, segundo Mateus 1.1 e Hebreus 7.14.
Os camitas (descendentes de Cão) ocuparam a
Arábia Meridional, o Leste do Mediterrâneo, o Sul do Eufrates e o Leste da
Ásia. Ocuparam também a África. A princípio, os camitas evoluíram muito.
Deram origem a povos admiráveis de que até
hoje orgulha-se a História, como: os egípcios, os babilônios (primitivos), os
turânios (povos da Ásia Central), os sumérios, os mitânios, os hititãs, os
amorreus e os indus (primitivos). Os hititas e os amorreus foram dos povos mais
poderosos que já existiram. A história dos hititas está sendo desenterrada
agora pela pá do arqueólogo. Os não menos importantes fenícios eram também
camitas. As primeiras monarquias do Leste da Ásia foram camitas, inclusive o
reino da Acádia, na terra de Sinar.
Olhai agora o reverso da História. Os
primitivos babilônios, camitas, foram subjugados pelos semitas e jafetitãs. Os
egípcios foram vencidos pelos hicsos, e depois duramente castigados com pragas.
Canaã foi conquistada pelos hebreus sob Josué. Os notáveis fenícios,
especialmente os de Cartago, foram derrotados pelos romanos jafetitas. Todos os
demais povos originários de Cão foram vencidos ou absorvidos pelos semitas e
jafetitas, restando presentemente em grande escala apenas a África, cujo povo
viveu até há pouco no subdesenvolvimento, na escravidão, e fornecendo escravos.
Grande parte dos povos da Ásia Oriental é originariamente camita. Sofrem de
retardo, com exceção do Japão, depois de haver recebido a influência e cultura
ocidental. Portanto, o progresso dos jafetitas está na profecia. É interessante
notar que a maldição foi proferida contra a descendência de Cão, quando ele é
que foi o transgressor. Talvez a maldição não tenha caído sobre Cão, por ser
ele crente: caiu sobre a sua descendência infiel.
Vejamos agora os jafetitas. Conforme a
profecia, Jafé seria engrandecido. E assim vem acontecendo através dos séculos.
Povoaram eles parte da Ásia, originando as raças arianas e indianas, as quais
procederam do Cáucaso; os persas (donde procedem os atuais iranianos e os
medos), povoaram o Ocidente, isto é, a Europa, compreendendo os gregos, os
celtas, os iberos, os germanos e os russos. De conformidade com a profecia
mencionada inicialmente, desenvolveram as artes, ciências e a indústria. São
atualmente os detentores da cultura mundial. Os povos americanos descendem deles.
Não há região do globo onde os jafetitas não dominem ou não influam duma
maneira ou de outra. Este ligeiro exemplo é um tesouro de história bíblica,
como acabamos de ver. E, como livro de história, a Bíblia não tem comparação.
Se não fosse a Bíblia, estaríamos muito longe dos fatos atuais que são o
orgulho da civilização moderna.
O capítulo 10 de Gênesis apresenta uma
distribuição pormenorizada das raças após o Dilúvio. Ninrode, camita, encabeçou
a primeira civilização pós-diluviana. Fundou a cidade-reino de Babel, e em
seguida outras mais, mencionadas em Gênesis 10.9-12. Uma dessas cidades, Acabe,
tornou-se importantíssima. Dela saiu o famoso guerreiro Sargão I, de admiração
universal. Os sumérios e os acádios foram os povos mais importantes logo após o
Dilúvio. Depois os acádios suplantaram os sumérios e imperaram em Ur. A família
de Abraão, apesar de ser semita, vivia em Ur, que nesse tempo conquistara a
liderança do mundo como capital da Suméria. Abraão deve ter nascido em Ur em 1996
a.C. Esse reino dominava do golfo Pérsico ao Mediterrâneo. Era rei nessa época
o famoso Hamurabi, da dinastia acadiana, identificado como o Anrafel de Gênesis
14.1. Seu célebre código de leis, gravado em pedra, foi encontrado em 1902, em
Susa. Ur foi grande centro literário. Depois que Abraão partiu de Ur, Babilônia
assumiu a dianteira.
- Como Abraão veio conhecer a Deus em meio
a tanta idolatria? (Js 24.2). Está confirmado pela História e pela Arqueologia
que a religião dos povos primitivos era monoteísta (Rm 1.20). Além disso, Sem
foi contemporâneo de Abraão durante 150 anos, conforme capítulos 5 e 11 de
Gê¬nesis, e pode ter-lhe transmitido diretamente a revelação divina. Deus
também podia revelar-se diretamente a ele, pois é soberano, inclusive na
chamada (Ver Marcos 3.13).
Este período que acabamos de estudar é
relatado em Gênesis, capítulos 6-11.
II. A ÉPOCA DE ISRAEL
Israel é o centro da história bíblica: A
história bíblica de Israel está dividida em 9 períodos.
1. Período Patriarcal, que vai de Abraão a
José, e de Canaã ao Egito. Tempo: 1921-1635 a.C. - ano da morte de José. É
descrito em Gênesis capítulos 12-50. É com Abraão que começa a história de
Israel como povo eleito. É ele o pai da raça hebréia (SI 105.6; Jo 8.56). Em
Ur, Deus chama Abraão para fundar uma nação escolhida, para, por meio dela,
executar o plano de redenção da raça humana. Abraão segue para Canaã, parando em
Harã. Ali encontra os mitânios, povo influente na época, identificado como os
arameus.
Abraão era homem de grandes recursos, um
estadista relacionado com reis e demais pessoas de grande projeção e
influência. Devemos conhecer mais de perto este grande herói da fé. Ninguém vá
pensar que ele era uma figura grotesca de beduíno, com cajado na mão, saco no
ombro, guiando um rebanho de gado, como se vê em muitas gravuras. O quadro
desenhado na Bíblia é outro bem diferente. O manual de Geofrafia Bíblica de A.
Luce, registra que nas escavações de Ur foi descoberto um contrato de venda de
camelos com a firma de Abraão. O Patriarca conheceu o que o mundo tinha de
grande em seus dias.
Quando Abraão chegou a Canaã, a terra
estava ocupada por nações excessivamente ímpias, corrompidas e idolatras. Teria
de ser conquistada. Em Gênesis, capítulo 15, Deus revela o plano de tudo a
Abraão, e depois, por meio de José, enviado ao Egito, dá cumprimento a esse
plano. O Faraó que elevou José deve ter sido Apepi II, da 16? dinastia. José
chega a ser Primeiro Ministro e chama todos os descendentes de Abraão ao Egito,
onde inicia uma fase de grande desenvolvimento às custas daquele país... Os
caminhos de Deus são maravilhosos! O Egito era então um império universal,
governado por uma dinastia de reis semitas, da mesma origem que José - os
hicsos. Os israelitas são bem recebidos no Egito, e ocupam o melhor da terra em
Gósen. Os hicsos eram tribos asiáticas, notadamente semitas, que dominaram o
Egito durante o tempo em que os israelitas permaneceram lá. Após a morte de
José, os naturais retomaram o poder, e começou a perseguição contra os
israelitas. Isso tinha por finalidade retemperar o caráter do povo para as
agruras e, ao mesmo tempo, evitar que ele se misturasse com os egípcios. Os
líderes espirituais do período patriarcal são Abraão, Isaque, Jacó e José.
2. Israel no Egito. Este período vai da
morte de José ao Êxodo, isto é, de 1635-1491. Abrange o tempo da escravidão no
Egito. Estritamente falando, a estada de Israel no Egito inicia-se com a ida
dos irmãos de José para comprarem mantimento (Gn 42). O período acha-se
descrito nos primeiros 12 capítulos do livro de Êxodo. As datas aqui
mencionadas estão alteradas, conforme o novo sistema cronológico já aludido. A
ciência arqueológica mostra que a cidade de Jerico caiu sob os israelitas em 1440
a.C. Ora, considerando que os israelitas levaram 40 anos no deserto, o êxodo
teria ocorrido em 1400 a.C. Muitos eruditos de renome dão realmente esta data
para o êxodo dos judeus. Entretanto, as mais recentes pesquisas científicas,
ainda incompletas, levadas a efeito nas terras bíblicas, levam os arqueólogos a
fixar a data do êxodo entre 1300 e 1250 a.C. Outros fixam a data em 1290 a.C.
Aguardemos a conclusão dos estudos e pesquisas em processamento, que certamente
estabelecerão os fatos em bases sólidas. Os cientistas nunca param as pesquisas
nesse sentido.
Após a morte de José (1635?), os israelitas
ainda tiveram uns 60 anos de bonança antes de começar a escravidão. Esse tempo
jaz entre os vv 7 e 8 do capítulo 1 do livro de Êxodo. O rei que não conhecia
José (Êx 1.8) é apontado por todos os orientalistas como sendo Amósis I, da 18ª
dinastia, príncipe tebano. Daí ao êxodo (1491) há quase 100 anos - tempo que
durou a escravidão, o tempo de aflição. Quanto ao tempo total de permanência de
Israel no Egito segundo Êxodo 12.40,41, é discutido no capítulo "Cronologia".
Ao findar a escravidão, a nação estava pronta para a conquista de Canaã.
No momento preciso, Deus tirou seu povo do
Egito por meio de Moisés, homem que Ele mesmo preparara no deserto, nos 40 anos
que antecedem o êxodo. Dos seus 120 anos, 40 foram vividos no palácio de Faraó
(exceto os anos que viveu com seus pais antes de ser entregue à filha de
Faraó). Durante estes primeiros 40 anos, ele recebeu instrução universitária
(At 7.22). Os outros 40 anos foram passados no deserto, onde Deus se revelou a
ele, e o preparou para os 40 anos finais, nos quais seria o condutor do seu
povo. Foi um dos maiores homens da História. Um israelita preparado na corte
mais adiantada do mundo de então. Ele tanto soube viver no palácio, como no
deserto, o que muito nos ensina.
3. Israel no Deserto. Este período vai do
êxodo ao último acampamento de Israel em Sitim, nas planícies de Moabe (Nm
22.1; 33.48,49; Js 2.1). Tempo: 1491-1451-40 anos. É descrito nos livros de
Êxodo a Deuteronômio. O Egito, estava agora sendo governado pelo seu próprio
povo. Os hicsos foram expulsos, como já declaramos, por Amósis I. É consenso
quase geral entre os doutos na matéria que o Faraó da opressão dos israelitas
foi TOTMÉS III (1501-1447 a.O), casado com sua meio-irmã, a rainha
Hatchep-sute, filha de Totmés I. Esta rainha foi a primeira grande mulher da
História. Totmés III foi um dos maiores reis do Egito. Seu túmulo está em Tebas
e sua múmia no museu do Cairo. Há também outro número de sábios que apontam o
Faraó da opressão como sendo Ramsés II, outro dos mais famosos Faraós do Egito,
o qual sucedeu a Totmés
III. Se foi Ramsés II, então a princesa que
salvou o pequeno Moisés foi Termútis, a esposa de Ramsés e filha de Seti I.
Quanto ao Faraó do êxodo, o maior peso de
conclusões recai sobre AMENOTEPE II (1447-1420). Outro também muito referido é
o Faraó MERNEPTA II, filho de Ramsés II.
Este terceiro período da época de Israel
tem lugar no deserto, entre a terra de Gósen, no Baixo Egito e o país de Canaã.
A rota seguida foi através do Sul e do Leste da península do Sinai e dos reinos
de Edom, Moabe e Seom, na terra dos amorreus ou amoritas, reinos situados ao
sul e a leste de Canaã. (Veja o mapa correspondente.)
Neste período, Israel torna-se um estado. A
Lei foi promulgada, expressando o caráter santo de Deus, e regulando o culto
religioso e o governo nacional. Os sacrifícios de animais, já observados desde
o albor da história, são ceri-moniosamente instituídos, apontando sempre para
Cristo como a perfeita expiação do pecado. O tabernáculo é levantado e
consagrado, e seus oficiais - os sacerdotes - também. O tabernáculo gravitava
em torno da arca santa que representava a presença de Jeová (Êx 25.22). A Lei
veio 430 anos após Abraão, em 1921 a.C. (Gl 3.17).
A Lei, como pacto com Israel, foi abolida
(2 Co 3.14). Dela permanecem os princípios morais que são eternos, e são
repetidos no NT. O sábado, por exemplo, como dia fixo de descanso, pertencia ao
antigo pacto (Éx 31.15-17) e não vem repetido em o Novo Testamento.
A razão de aparecerem na Lei menções de
atos indecentes é devido às práticas imorais e demoníacas das nações que seriam
vizinhas de Israel. Eram medidas preventivas da parte de Deus. Tenhamos isto em
mente, pois a Palavra de Deus é pura (SI 119.140). A arqueologia está desenterrando
coisas dos povos cananeus daqueles dias que nos fazem corar de vergonha, e
também ficar horrorizados, como seja, a prostituição religiosa compulsória, e
prática do incesto e os sacrifícios de criancinhas.
Após a morte dos primogênitos egípcios,
tanto Faraó como o povo em geral estavam dispostos a deixar os israelitas
saírem do Egito. E saíram mesmo, levando grandes riquezas, conforme a promessa
de Deus a Abraão em Gênesis 15.14. Verifique o cumprimento disso em Êxodo
3.21,22; 11.2,3; 12.35,36; Salmo 105.37. Que cena: os egípcios enterrando seus primogênitos
e os israelitas saindo ricos!
O ponto de partida foi Ramessés, que, além
de ser cidade, era também uma região (Êx 12.37).
Não era do plano de Deus que Israel
peregrinasse quarenta anos no deserto. Este tempo todo decorrido foi para que
morressem os murmuradores que tentaram ao Senhor (Nm caps. 13; 14). Por ocasião
das passagens acima, Deus declarou que todos os israelitas de 20 anos para
cima, morreriam no deserto: não entrariam na Terra da Promessa (Nm 32.8-15).
Trinta e oito anos estiveram dando voltas...
Ora, Israel, três meses após sair do Egito,
acha-se no Sinai (Êx 19.1). Aí permaneceram 11 meses, atingindo, assim, o
segundo ano de viagem (Nm 10.11). Partiram do Sinai, e, após Tabera (Nm 11.3),
Quibrote-Hataavá (Nm 11.34,35), chegaram a Cades, no Deserto de Para, no mesmo
ano - o segundo (Nm 13.26). Tabera foi o local onde o povo provocou a ira do
Senhor (Dt 9.22). O "Povo misto" que saíra do Egito acompanhando os
israelitas (Êx 12.38), começou a chorar pedindo "carne" (Nm 11.4-9).
Aquele povo misto representa hoje os membros da igreja não-convertidos. São
apenas "acompanhantes". Esses foram uma fonte de perturbação para
Israel durante toda a jornada. Hoje eles dão o mesmo trabalho nas igrejas. São
carnais, mundanos, desobedientes, recalcitrantes. Por baixo da capa de cristão,
abrigam uma natureza tipicamente "egípcia".
Trinta e oito anos depois de Cades, Israel
chega ao mesmo local! (Nm 20.1; Dt 2.14). Trinta e oito anos peregrinando,
porém, dando voltas, sem fazer progresso! O leitor tem tido experiências assim?
(Cades tem também outros nomes como: Cades-Barnéia, Para, Sin, Ritma. (Ver
Nú¬meros 33 e outras passagens correlatas.)
Durante 38 anos, Israel, em vez de caminhar
para Canaã, estava caminhando para morrer (Nm 14.26-35; 32.11-15). É uma
infelicidade o pecado de murmuração ou maledicência. Murmurar é falar mal às
escondidas (Nm 14.27). Este foi o grande pecado de Israel no deserto (1 Co
10.10).
Murmuração e maledicência são uma mesma
coisa; mexerico não (Lv 19.16); este é levar e trazer fatos, com intenções
malévolas, mesmo que sejam verídicos.
Os grandes líderes espirituais nacionais
deste período são, do lado civil: Moisés e Josué. Do lado religioso: Arão e
Eleazar.
O período termina com a morte de Moisés e
com Israel acampado nas campinas de Moabe, a leste do Jordão, e ao norte do mar
Morto (Nm 33.49).
Moisés, antes de morrer, conquistou a
região a leste do Jordão, do mar Morto ao monte Hermom (Dt 3.8), distribuindo-a
da seguinte maneira: o reino amorita, governado por Seon, com sua capital em
Hesbom, Moisés deu a parte Sul a Rúben, e a parte Norte a região chamada Gileade
a Gade. O reino de Basã, ao norte, governado por Ogue, com a capital em
Astarote, Moisés o deu à metade da tribo de Manasses, bem perto de Gileade.
4. A conquista de Canaã. Tempo: 1451-1444 -
7 anos. É descrito no livro de Josué. Este é o primeiro período de Israel em
sua própria terra.
Agora, já sob o comando de Josué, Israel
cruza o rio Jordão e acampa-se em Gilgal, junto a esse rio. Gilgal ficou sendo
a base de operações de Israel durante toda a conquista. Esta teve três fases:
Sul, Centro e Norte.
Mais ou menos na metade da conquista, o
tabernáculo é armado em Silo (Js 18.1), e aí fica a arca até o tempo dos
Juizes. A conquista não foi bem sucedida porque os israelitas não destruíram
totalmente os povos vizinhos, como lhes tinha sido ordenado. Por causa desta
fraqueza e complacência, tornaram-se impotentes para conquistar toda a terra
prometida. A terra tinha sido prometida, mas era preciso ser conquistada palmo
a palmo. O mesmo acontece hoje. A "terra prometida" é a obra a ser
feita, bem como as bênçãos prometidas. Tem você, leitor, conquistado toda a
"terra prometida"? (1 Co 3.22).
Deus, reiteradas vezes, os avisara acerca
desses povos pagãos, que deveriam destruí-los. (Ler Levítico 18; 20.1-23;
Números 33.50-55; Deuteronômio 7.1-5; 18.9-14 para saber o porquê da ordem
divina tão aparentemente estranha e tão criticada pelos inimigos da verdade.) A
prostituicão, a idolatria e o espiritismo eram pecados entranhados nos povos
cananeus.
Enquanto Israel obedeceu, conquistou, mas
quando tergiversou, tornou-se impotente. As divindades idolátri-cas que os
arqueólogos continuam desenterrando representam uma moral baixíssima.
Apresentam aspectos altamente indecentes. - Será de estranhar que Deus
ordenasse o extermínio desse tumor purulento - os povos cananeus, vizinhos de
Israel? Os arqueólogos e demais cientistas que se defrontam em primeira mão com
os fatos imorais, desumanos e satânicos, ficam admirados porque Deus não os destruíra
há mais tempo; porque os suportara tanto tempo.
Toda a terra de Canaã era uma Sodoma. O
mesmo fato está ocorrendo perante os nossos olhos no mundo hodierno.
Ora, por meio de Israel, Deus estava
estabelecendo uma nação sua, preparando, assim, o caminho para a vinda de
Cristo, o qual, milênios depois veio dessa nação. A destruição dos cananeus visava
preservar Israel da idolatria e de práticas vergonhosas que trariam sua ruína.
Também Deus queria implantar o princípio bíblico de que há um só Deus, santo,
justo e poderoso. (Predominava o politeísmo entre os cananeus.)
A tragédia é que a conquista não foi total,
e isto resultou em duros castigos e sofrimentos para Israel (Ler Juizes
1.27-36; 2.1-5). Uma síntese do resultado desta falha de Israel está em Juizes
3.1-6. Muita terra ficou para ser conquistada (Js 13.1). Muitos crentes sabem
que há "território" em si que não está em poder do Senhor, e isto
lhes traz sérios embaraços, empecilhos e problemas. (Ler todo o capítulo 23 de
Josué.)
O livro de Josué vai até o ano da sua
morte: 1425 a.C, cobrindo, assim, um período de 23 anos.
5. Os Juizes. Tempo: 1425-1095 a.C. - mais
de 300 anos (Jz 11.26). Este período vai da morte de Josué ao fim do governo de
Samuel. Livros do período: Juizes, Rute e 1 Samuel capítulos 1-9. Foi um tempo
de apostasia em Israel. A fotografia daquele povo está em Juizes 2.10b.
Israel não resistiu aos influxos dos cultos
e costumes cananeus. Por toda parte havia um novo deus e um novo culto. Os
hebreus precisavam estar em estreito contato com Deus para se manterem acima das
influências nocivas ao seu redor, o que não aconteceu. Isto deve preocupar
nossa atenção hoje em dia, pois o mesmo fato procura ter lugar atualmente nas
igrejas. Enquanto Israel andou com Deus, sujeitou seus inimigos. Quando
misturou-se com eles, perdeu a força: ficou estacionário, impotente.
O centro religioso nacional ficou nesse
tempo em Silo. Temos então o governo dos juizes. Essa forma de governo diz-se
que era teocrática, isto é, Deus era o governante direto da nação, porém, o povo
não levava Deus muito a sério. Era obstinado e ingrato (SI 106, todo). Samuel,
o último juiz, foi também sacerdote e profeta (1 Sm 3.20; At 3.24). Outros
profetas deste período: dois anônimos (Jz 6.8-10 e 1 Sm 2.27-36) e Débora, mulher
(Jz 4.4.)
O Período dos Juizes foi marcado por
anarquia, guerra civil, idolatria, invasões estrangeiras e opressões. O livro
de Juizes termina afirmando laconicamente que "cada um fazia o que parecia
reto aos seus olhos" (Jz 21.25). O maior líder espiritual do período foi
Samuel, que era juiz, sacerdote e profeta (1 Sm 3.20; 7.9,15).
6. Monarquia. Tempo: 1095-975 a.C. - 120
anos. Este período abrange os reinados de Saul, Davi e Salomão. Livros: 1
Samuel 9 a 1 Reis 12. Também 1 Crônicas 10 a 2 Crônicas 10. É o período áureo e
esplendo roso de Israel. Saul teve como capital a cidade de Gibeá (1 Sm 10.26).
Davi, no seu reinado, conquistou Jerusalém
das mãos dos jebuseus e fê-la sua capital (2 Sm 5.6-10). A primeira capital de
Davi foi Hebrom (2 Sm 5.4,5). Deus fez aliança com Davi, declarando-lhe que
jamais lhe faltaria descendente sobre o trono de Israel (2 Sm 7.16), o que se
cumpriu no Senhor Jesus Cristo. Jesus é descendente de Davi (Mt 1.1).
O templo de Deus é construído no reinado de
Salomão. Edifício imponente e magnificente. Sua planta Deus mesmo a revelou a
Davi (1 Cr 28.19). Assim acontecera com o tabernáculo no tempo de Moisés (Êx
25.9). Conforme a descrição bíblica, o valor do templo é calculado modernamente
pelos estudiosos da Bíblia em mais de 2 bilhões de dólares. Era voltado para o
Oriente. Foi construído por 30 mil israelitas e 150 mil cananeus - estrangeiros
que habitavam na Palestina (1 Rs 5.13; 2 Cr 2.17,18; 8.7,8). Sua construção
levou sete anos (1 Rs 6.38). O material do templo era preparado distante do
local da construção e era coloca¬do na obra sem se ouvir qualquer barulho de
ferramenta (1 Rs 6.7). Tudo isso tem profunda aplicação espiritual. O majestoso
edifício foi inaugurado em 1044 a.C.
Foi nesse período que a nação teve sua
maior área geográfica devido às conquistas de Davi e Salomão; este chegou a
dominar do Eufrates a Gaza (1 Rs 4.24). Mesmo assim ainda não foi abrangida a
área total prometida por Deus a Abraão, a qual ainda terá cumprimento pleno (Gn
15.18). O período de tempo do êxodo dos israelitas (sua saída do Egito) a
Salomão é de 480 anos (1 Rs 6.1).
Profetas deste período (todos
não-literários, isto é, suas profecias não foram escritas):
• Um grupo, inclusive Saul (1 Sm 10.10)
• Gade (1 Sm 22.5)
• Nata (2 Sm 7.2). Este, juntamente com
Gade eram também capelães da corte
• Aías (1 Rs 11.29)
7. O Reino Dividido. Tempo: 975-606 a.C -
mais de 300 anos. Este período vai da divisão do reino aos cativeiros dos
reinos do Norte e do Sul. Livros: 1 Reis capítulos 12-22; 2 Reis (todo), e 2
Crônicas capítulos 10-36.
Salomão governou bem, no princípio, sendo
humilde e piedoso. Ao envelhecer, tornou-se idolatra e teve inúmeras mulheres,
sendo muitas dos povos pagãos. Por isso Deus trouxe a divisão do reino. O
profeta Aías proferiu isso em 1 Reis 11.29-31. Em 935, morreu Salomão. O novo
rei é Ro-boão, seu filho. Este rei provocou a divisão já predita por Aías, e
retardada por Deus em consideração a Davi (1 Rs 11,12).
A divisão do Norte chamou-se Israel. É nas
profecias também chamado Efraim e Samaria. Teve 10 tribos. Seu primeiro rei foi
Jeroboão I. A religião oficial foi o culto do bezerro. Jeroboão importou tal
religião do Egito, onde estivera homiziado por razões políticas. Afundou no
baalismo - culto indecente e desumano a Baal e sua consorte - Asto-rete. Os
profetas Elias e Eliseu, auxiliados pelo rei Jeú, comandaram a batalha contra
esse culto idolatra. A decadência espiritual desceu a ponto de praticarem
espiritismo e sacrificarem crianças aos deuses pagãos, num ritual satânico,
conforme vai descrito em 2 Reis capítulo 17.
A capital do reino foi Samaria, isto a
partir do rei Onri. Antes, serviram como capital Siquém, Penuel e Tirza. Em 734
o reino começou a ser levado em cativeiro para a Assíria (2 Rs 15.29). Nessa
ocasião, o rei assírio Tiglate-Pileser III (conhecido também como Pul) levou em
cativeiro as partes Norte e Leste do referido reino. É o chamado cativeiro
galileu. Em 721 a.C, outro imperador assírio - Sargão II, completou o cativeiro
do reino de Israel, levando o restante dos seus habitantes para a Assíria (2 Rs
17.6). Sargão é o rei citado em 2 Reis 17.6 e Isaías 20.1. A Assíria enviou
povos de seus domínios, inclusive de Babilônia, para repovoar as cidades de
Samaria (2 Rs 17.24; Ed 4.2,10). Isso deu origem à religião mista dos
samaritanos (2 Rs 17.29-41), que se prolonga até os tempos do Novo Testamento
(Jo 4.9).
A Assíria foi império mundial por 300 anos
(885-607 a.C). Ocupava o vale do Tigre, ao norte de Babilônia, enquanto
Babilônia mesma ocupava o vale ao sul, abarcando o Tigre e o Eufrates. Os
assírios foram grandes guerreiros. Praticavam muito a pirataria, fazendo
incursões noutras terras. Tornaram-se famosos nisso. Era um povo cruel. Seus
prisioneiros eles esfolavam vivos, ou então cortavam-lhes mãos, pés, nariz, orelhas;
vazavam-lhes os olhos, arrancavam-lhes a língua, e praticavam outras
atrocidades. Sua capital era a grande Nínive. Jonas, profeta do reino do Norte,
tomado de sentimento patriótico, recusou pregar a mensagem de arrependimento
aos ninivitas, e só o fez compelido por Deus. Assim, o Império Assírio destruiu
o Reino do Norte.
O reino de Israel, do qual estamos falando,
durou cerca de 250 anos. Teve 19 reis, sendo Oséias o último. Todos adoraram o
bezerro. O pior deles foi Acabe. O melhor foi Jorão. Este quebrou a estátua de
Baal, mas adorou o bezerro levantado por Jeroboão. Nenhum dos 19 reis procurou
levar o povo ao encontro de Deus.
A partir desta época, a cronologia bíblica
é mais precisa. As Olimpíadas Gregas, iniciadas em 776 a.C, e realizadas cada
quatro anos são um guia razoável para o cálculo de datas. Outra fonte de valor
de que lançam mão os doutos no assunto são os anais de Roma, cidade-estado
fundada em 753 a.C.
Profetas do Reino do Norte. Pela ordem
cronológica.
Não-literários:
• Os dois anônimos mencionados em 1 Rs 13
• Elias (1 Rs 18.1,22)
• Um outro anônimo (1 Rs 20.13)
• Micaías (1 Rs 22.8)
• Eliseu (2 Rs caps. 2-7)
• Obede (2 Cr 28.9) Profetas literários:
• Jonas, com mensagem especial para Nínive
• Oséias
• Amos. Este foi profeta de Judá, mas com
mensagem para Israel
• Miquéias. Caso idêntico ao de Amos
A Assíria, além de destruir o reino do
Norte, invadiu Judá em 713 (2 Rs 18.14-16) e capturou todo Judá menos
Jerusalém, em 701 (2 Rs 19). Nessa ocasião o anjo do Senhor feriu 185 mil
assírios. Em ambos os casos, o rei envolvido foi Senaqueribe.
A Assíria foi vencida por Babilônia em 607
a.C.
O reino do Sul chamou-se Judá. Teve duas
tribos: Judá e Benjamim. Muitos de Efraim, Manasses e Simeão também se uniram a
Judá (2 Cr 15.9; 34.1,3,6). Simeão ficava ao sul de Judá, sem meios de
comunicação com as tribos do norte. A capital continuou sendo Jerusalém. Durou
pouco mais de 100 anos após o cativeiro do Reino do Norte. Religião oficial: o
culto a Deus, entretanto afundou tanto na impiedade, inclusive no baalismo e
práticas cananéias, que não houve remédio senão parar no cativeiro babilôni-co.
Procedeu pior que o Reino do Norte (Ez 16.46-48). Os profetas bradaram em vão.
Teve 20 reis, sendo o último Zedequias. Seus bons reis foram três: Ezequias,
Josias e Joás. O pior de todos foi a satânica Atália. A mensagem principal dos
profetas era contra a idolatria.
Foi levado em cativeiro para Babilônia em
três levas sucessivas, assim:
1)
Em 606 a.C. Nabucodonosor - um dos maiores monarcas de todos os tempos,
29 rei do novo império babilôni-co, subjugou Jeoaquim, rei de Judá, que ficou
sendo seu servo. Saqueou o templo. Levou cativos os membros da família real,
inclusive Daniel (Dn 1.1-3,6). A contagem dos setenta anos de exílio começou
nessa data. Jeoaquim, após três anos, rebelou-se contra Babilônia (2 Rs 24.1).
2)
Em 597 a.C. Nabucodonosor volta. Saqueia o templo. Leva o rei Joaquim
(filho de Jeoaquim) além de 10.000 outros judeus, entre príncipes oficiais e
líderes - a aristocracia judaica. Põe Zedequias, irmão de Joaquim, como rei em
lugar deste. Nesta leva foi também o profeta Ezequiel. O fato vai descrito em 2
Reis 24.10-17; 2 Crônicas 36.9,10.
3)
Em 587 a. C. O exército de Nabucodonosor sitia a cidade de Jerusalém.
Após um ano e meio de assédio, isto é, em 586 a.C, a cidade cessa a resistência
ao cerco. Os víveres acabam. A fome apodera-se do povo. A cidade é tomada de
assalto. Zedequias é preso quando se evadia, e levado a Ribla em Hamate, onde
está Nabucodonosor. Aí seus olhos são vazados e é conduzido à Babilônia. Um mês
após este acontecimento (Jr 52.6,12), Jerusalém é incendiada e o templo
destruído totalmente por Nebuzaradan; à frente do exército de Nabucodonosor. Os
que não foram mortos à espada, foram levados cativos. Um remanescente constituído
de gente pobre foi deixado na terra. Gedalias foi nomeado governador sobre
eles. Este mesmo remanescente, temendo novo ataque dos babilônios, fugiu para o
Egito. O fato está descrito em 2 Reis 25.1-22; Jeremias capítulos 39,52.
Segundo este último capítulo, outros cativos seguiram após esta ocasião, mas,
em número reduzido. O número total de cativos levados a Babilônia ninguém sabe.
O registro bíblico é impreciso.
Assim findou aparentemente o reino de Davi.
Com o advento de Cristo, este reino reviveu, e terá sua plenitude no Milênio
(Lc 1.32,33).
Isaías e Miquéias, profetas contemporâneos
do reino de Judá, predisseram este cativeiro cem anos antes de realizar-se (Is
39.6; Mq 4.10). Jeremias predisse que a duração do cativeiro seria de 70 anos
(Jr 25.11,12).
Profetas de Judá antes do exílio:
Não literários:
• Semaías (2 Cr 12.5)
• Ido (2 Cr 12.15)
• Azarias (2 Cr 15.1)
• Eliézer (2 Cr 20.37)
• Um anônimo (2 Cr 25.15)
• Hulda (mulher - 2 Rs 22.14)
• Profetas anônimos (2 Rs 23.2)
• Urias (Jr 26.20-23)
• Hanani (2 Cr 16.7-10)
• Jaaziel (2 Cr 20.14-18)
O cativeiro durou 70 anos: 606-536 a.C.
Livros escritos durante o período e que o descrevem: Jeremias (especialmente
caps. 39ss); Lamentações, Ezequiel, Daniel, Es-dras, Neemias, Ester, Ageu,
Zacarias, Malaquias.
Profetas desse tempo:
• Daniel, na corte do Império Babilônico.
Era de família real.
• Ezequiel, no campo, entre os cativos. Sua
mensagem é dirigida a todo o Israel. Era sacerdote.
• Jeremias, entre o remanescente deixado na
Palestina.
O cativeiro curou Israel da idolatria até
hoje. Desde então, os judeus poderão ser acusados de outros pecados, mas não de
idolatria. O cativeiro trouxe ainda outras bênçãos. As Escrituras começaram a
ser estudadas, copiadas e ensinadas. Surgiram nesse tempo as sinagogas, pelo
fato de os judeus terem ficado privados do seu grandioso templo. Sentiram
também a causa do seu infortúnio (SI 137). Es¬tas e muitas outras bênçãos,
oriundas do cativeiro, levam-nos ao Salmo 119.71, onde vemos que a aflição é um
meio de aprendizagem com relação a Deus.
Em Babilônia os judeus aprenderam o
aramaico, língua oficial do Império Babilônico e também língua franca do
Oriente Próximo. Babilônia dominou o mundo por 70 anos: 606-536 a.C, exatamente
o tempo em que os judeus estiveram ali desterrados. Os imperadores babilônios
durante o exílio de Israel (isto é, durante todo o Império Babilônico) foram:
• Nabopolassar (625-604 a.C.). Sacudiu o
jugo assírio em 625 e fundou o Novo Império Babilônico. Em 606, com o auxílio
dos medos, conquistou e destruiu Nínive, a capital do Império Assírio. Em 605
venceu o Egito na famosa batalha de Carquêmis.
• Nabucodonosor (606-561 a.C). O maior
governante babilônico. Levou os judeus para o cativeiro e destruiu Jerusalém.
Levou 20 anos para consumar o cativeiro. Poderia ter feito isso de uma vez. É
possível que Daniel, que era seu conselheiro, tenha contribuído para retardar a
destruição do reino de Judá. Que Daniel influiu na personalidade daquele
monarca é visto no livro do referido profeta. A providência divina é graciosa e
maravilhosa: durante todo o cativeiro babilônico, Deus tinha um profeta na
corte, que era, ao mesmo tempo, estadista. É também o caso de José assistido
por Deus no Egito, e Davi no deserto, ambos no dia da adversidade.
• Evil-Merodaque (561-560).
• Neriglissar (559-556).
• Labás-Marduque (555-536).
O profeta Daniel conviveu com todos estes
imperadores, inclusive, é claro, Nabucodonosor (Dn 1.21).
Em 536 a.C, a Pérsia subjugou Babilônia e
dominou o mundo até a elevação dos gregos em 330. Antes disso, a Pérsia vencera
a Média, formando, desde então, um só domínio. Ao terminar os 70 anos de
exílio, Ciro, o primeiro governante persa, proclamou o retorno dos judeus, bem
como a restauração do país de Israel, o qual durante o domínio persa chamou-se
"Província de Judá" (Ed 5.8). Nos documentos era também mencionado
como uma das terras de "Além do Rio" (Ne 2.7,9). A restauração do
país levou pouco mais de 100 anos: - 536-432 a\C Nesse período, o templo foi
reconstruído e o Antigo Testamento concluído. Esse segundo templo, conforme
Josefo - o historiador judeu, tinha apenas a metade do tamanho do de Salomão, e
não era rico em ouro nem prata, como aquele. Nos anos da reconstrução, aumentou
também o ódio entre judeus e samaritanos, iniciado em 2 Reis 17.24ss. Ocorreu então
o cisma definitivo entre judeus e samaritanos. Ester, uma formosa judia, dentre
os cativos de Israel, veio a ser rainha da Pérsia, em 478 a.C, ou seja 58 anos
após o retorno dos judeus. O livro de Ester situa-se entre os capítulos 7 e 8
do livro de Esdras. Anotem isto os estudantes da Bíblia, pois há outros casos
similares através do texto sagrado. Ninguém sabe o que teria acontecido aos
judeus se Ester - uma judia - não tivesse casado com o rei da Pérsia. Aqui,
como noutras partes da Bíblia, vemos que, em meio ao necessário castigo, Deus
prove alívio e auxílio para que o coração não desespere. É o que diz Davi no
Salmo 23.5: "Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus
inimigos". Deus revela assim sua natureza de amor e ternura, "pois
não é de bom grado que Ele aflige os homens" (Lm.3.33). Essa jovem judia,
sem o saber, cooperou com sua parte para a vinda do Salvador. Seu marido
(Assuero) é o Xerxes da História. Teve uma Marinha de 4.000 navios com que
atacou os gregos.
Líderes judaicos durante a restauração:
Religiosos: Josué e Esdras.
Civis: Zorobabel e Neemias. Ambos
funcionaram como governadores nomeados pela Pérsia.
Profetas do período:
• Ageu e Zacarias, a partir de 520 quando
foi reiniciada a construção do templo, que estivera paralisada desde seu
início, em 535 a.C.
• Malaquias. Ministrou ao findar o tempo de
Esdras e Neemias. Em 433, Neemias voltou à Pérsia, a fim de renovar sua licença
e retornou a Jerusalém em 432 (Ne 13.6). É após esta data que Malaquias entra em
cena. Em seu livro, ele não menciona o nome de Neemias. Certamente o governador
já era outro quando este profeta escreveu o seu livro. Apenas menciona o
"governador". Outras evidências internas do livro mostram que foi
escrito após o tempo de Neemias. Malaquias foi o último profeta literário do
Antigo Testamento.
Assim como houve três levas de cativos ao
exílio, houve também três levas de repatriados.
Primeira. Em 536, sob Zorobabel e Josué; o
primeiro como governador e o segundo como sacerdote. Esta leva deu início à
construção do templo, no ano seguinte - 535.
Segunda. Em 457, sob Esdras. Este veio da
Pérsia com a missão principal de embelezar o templo, conforme se lê em Esdras
7. Foi ele o fundador do grêmio dos escribas. (Os escribas já funcionavam desde
tempos imemoriais). A partir de Esdras, os escribas se organizaram como um corpo
de copistas da Lei. Mais tarde tornaram-se intérpretes da Lei (Mt 23.2). O
Talmude começou a formar-se nesse tempo. Entre a 1? e 2? levas de repatriados
ocorrem os fatos do livro de Ester (478).
Terceira. Em 445, sob Neemias, homem
piedoso e patriota. Era copeiro do rei da Pérsia, que nesse tempo era
Artaxerxes Longímano (Ne 2.1). A função de copeiro naqueles tempos era de muita
confiança. Corresponde hoje à função de ministro. Ele reconstruiu os muros de
Jerusalém.
Os judeus regressaram falando o aramaico,
língua que era falada em toda a Mesopotâmia. Quando as Escrituras eram lidas em
hebraico, era preciso fazer a tradução para o aramaico, como se vê em Neemias
8.8.
Entre os repatriados, vieram muitos
elementos do extinto Reino do Norte. Lembremo-nos de que parte dos exilados
daquele reino foi para as cidades da Média (2 Rs 17.6). Ora, a Média e a Pérsia
formavam agora um só reino, o que tornou praticável a volta de elementos das
tribos do Norte. A passagem de 1 Crônicas 9.3, alusiva aos repatriados, declara
que filhos de Efraim e Manasses (tribos de Norte) habitaram em Jerusalém. Em
Esdras 10.25, quando da solução do problema de casamento de judeus com mulheres
hetéias, o Reino do Norte é mencionado como "Israel" também em Esdras
6.17; 8.35 e 10.5 é mencionado "todo o Israel", querendo dizer povos
dos dois reinos. Ana, no Novo Testamento, era da tribo de Aser, do antigo Reino
do Norte (Lc 2.36). Nos dias de Paulo e Tiago existiam núcleos de todas as
tribos (At 26.7; Tg 1.1). É importante saber que mesmo antes da deportação de
Judá para Babilô¬nia, o reino do Sul já tinha elementos de várias tribos do
Norte. (Ver 2 Crônicas 15.9 e 30.11.) Certamente os exilados de Judá, quando
voltaram à pátria, passaram pelo alto Eufrates (sendo esse o caminho habitual),
onde estavam seus irmãos do Norte e conduziram os que resolveram voltar à
Palestina. O Senhor Jesus fez menção das 12 tribos reunidas no futuro.
• Jeú (2 Cr 19.2).
• Joel
• Amos, com mensagem também para o Reino do
Norte.
• Isaías e Miquéias. Foram contemporâneos.
Ministraram logo após o cativeiro do Reino do Norte. Isaías profetizou também
para o Reino do Norte, pouco antes da deportação das dez tribos.
• Sofonias, de família real.
• Naum. Teve mensagens também para Nínive.
• Habacuque e Obadias. Este teve mensagens
para Edom. Estes quatro últimos foram contemporâneos.
• Jeremias. Profetizou antes e durante o
cativeiro, em Jerusalém. Suas mensagens não têm ordem cronológica. Foi
contemporâneo do grupo de profetas que o precedem. Habacuque o ajudava em
Jerusalém.
O ministério dos profetas durou uns
quatrocentos anos: 800-400 a.C. Havia escolas de profetas em Betei (1 Sm 10.5),
em Rama (1 Sm 19.19,20), Jerico (2 Rs 2.5), Gilgal (2 Rs 4.38).
O cativeiro de Judá, em parte, foi fruto da
desobediência dos judeus quanto às palavras do Senhor em Isaías 25.1-7,
referentes ao Ano Sabático ou Ano de Descanso, quando a terra descansava um
ano. O ano sabático ocorria cada sete anos. Ora, durante os quase 500 anos que
vão da monarquia ao cativeiro dos judeus, eles não cumpriram o preceito do
Senhor. Resultado: Deus mesmo fez a terra repousar, mantendo fora seus maus
"inquilinos" por 70 anos. Ora, 70 anos é o total de anos sabáticos
ocorridos no espaço de 490 anos (Lv 26.14,33-36,43; 2 Cr 36.21). Deus sabe
lidar muito bem com pessoas e nações que quebram suas leis, mesmo as civis,
como esta que acabamos de mencionar. As leis divinas quando obedecidas, trazem
bênçãos; quando quebradas, punição. Se esta não vem logo, é pela misericórdia
de Deus: "Suas misericórdias não têm fim" (Lm 3.22b).
Outras causas do desterro já foram
mencionadas em parágrafos precedentes: impiedade, idolatria, desafio atrevido a
Deus, etc. (2 Cr 7.19,20). Ninguém buscava a Deus entre pequenos e grandes (Jr
5.1,4,5). Até os sacerdotes e levitas que deviam verberar contra o pecado,
afundavam também na iniqüidade (Jr 23.11; Lm 4.13; Ez 34 [todo]; Jl caps. 1 e
2; Oséias [todo.] O histórico do ponto de vista divino, dos pecados de Israel,
está em Jeremias 5; 7.30; Eze-quiel 20.
Reinava em Roma quando Jerusalém foi
destruída: Tarquínio Prisco.
8. Período do Cativeiro e Restauração (Lc
22.30). Profecias de futura reunião das 12 tribos: Isaías 49.6; Jeremias 3.18;
50.4; Ezequiel 37.21,22; Oséias 1.11; Zacarias 8.13.
Benefícios derivados do cativeiro
• A idolatria foi abolida de vez, como já
dissemos.
• A lei de Moisés passou a ser respeitada e
levada a sério.
• O estudo da Lei foi difundido e
intensificado mediante as sinagogas surgidas.
• Renovação da Esperança Messiânica pelo
estudo da Palavra de Deus e avivamento espiritual.
• Projeção do sentimento nacionalista. O
cativeiro também os ensinou isto (Salmo 137).
Do exposto, Israel foi criado no Egito,
destruído pela Assíria e Babilônia, e restaurado pela Pérsia.
9.
Período Interbíblico. Vai de Malaquias ao advento de Cristo. Tempo: mais
de 400 anos; de cerca de 430 ao início da Era Cristã. Malaquias deve ter
ministrado de 432 a 430, quando deve ter sido encerrado o Antigo Testamento.
Este período está profeticamente descrito em Daniel 11 a 12.4.
O Período Interbíblico inicia com Israel
sob o domínio persa. "Interbíblico" quer dizer "entre a
Bíblia"; isto porque é um período em branco em que não houve revelação
divina escrita. Nenhum profeta se levantou nesse período. O domínio persa
prosseguiu por mais quase 100 anos. Os persas foram brandos e tolerantes. Os
judeus gozavam de considerável liberdade sob eles.
Durante o Período Interbíblico, Israel
esteve sempre sob o domínio estrangeiro, exceto entre 167-63 a.C, quando os
irmãos Macabeus conseguiram uma heróica e sangrenta independência. Continuou em
formação o que mais tarde chamar-se-ia o Talmude. Nesse período, surgiram
também a Grande Sinagoga, a versão grega das Escrituras hebraicas chamada
Septuaginta, os livros apócrifos do Antigo Testamento e o Sinédrio, que era o
supremo tribunal civil e religioso dos judeus.
Durante o Período Interbíblico vamos
encontrar a Judéia sob três impérios mundiais - o Persa, o Grego, e o Romano,
além do intervalo de pouco mais de 100 anos em que ela esteve independente.
a. A
Palestina sob o Império Persa. Após Neemias e Malaquias, toda a Palestina
continuou sob os persas por mais quase 100 anos, até 330, quando a Grécia
venceu a Pérsia. Judá esteve sob os persas em 536-330 a.C. O centro do Império
Persa ficava onde é hoje o Irã. Suas capitais foram primeiramente Babilônia e
logo depois Susa, construída por Cambises, especialmente para esse fim. Susa é
mencionada em Neemias 1.1; Ester 1.2; Daniel 8.2.
A Bíblia menciona o fim do período persa em
Neemias 12.22. O "Dario, o Persa" aí mencionado é o Dario Codómano,
da História: o último rei persa. Reinou em 336-330 a.C. Foi derrotado por
Alexandre Magno, da Grécia, em 330, na famosa batalha de Arbela, perto de
Nínive. O "Jádua" aí mencionado, foi o sumo sacerdote que recebeu Alexandre
em Jerusalém quando ele submeteu a Palestina, em 332, na sua marcha de
conquista do Oriente. Como império mundial, os persas dominaram 200 anos.
Nessa ocasião já assomava no horizonte a
sombra ameaçadora do que mais tarde viria a ser o maior império do mundo -
Roma.
b. A
Palestina sob o domínio grego. Tempo: 330-167 -mais de 150 anos. Em 330,
Alexandre, o monarca grego, tinha o mundo todo a seus pés, após seis anos de
conquistas e doze de reinado. Em 332, como já dissemos, na sua investida para o
Oriente, ele submeteu a Palestina, sendo tolerante e benevolente para com os
judeus. Com a ampliação do domínio grego, começa a espalhar-se e a predominar a
língua grega com sua imensa cultura, preparando, assim, o caminho para o
surgimento da Bíblia em grego (a Septuaginta), e para a vinda do Salvador, o
qual encontrou o grego predominando em todos os contornos do Mediterrâneo e
outras regiões. Tempos após a morte de Alexandre, cada país, além de sua
língua, conhecia também o grego. Isso fazia parte do preparo para a vinda do
Salvador.
Em 323 morre Alexandre, em Babilônia, aos
33 anos de idade. O governo do Império ficara nas mãos de um só homem por pouco
tempo. Houve lutas entre os diversos pretendentes, e, com elas, as divisões.
Finalmente, o vasto império foi dividido entre quatro dos famosos generais de
Alexandre:
• SELEUCO I, NICÁTOR, ficou com a Síria,
Ásia Menor e Babilônia. Capital: Antioquia da Síria. A dinastia de reis gregos,
da qual foi fundador, teve 18 reis até o ano 65 a.C, quando a Síria foi
convertida em província romana.
• PTOLOMEU I, SÓTER I, PTOLOMEU LAGOS (aparece
na História com esses nomes) ficou com o Egito. Capital: Alexandria, que fora
fundada por Alexandre, em 332. Fundou a dinastia dos Ptolomeus, os reis gregos
do Egito. Houve 15 Ptolomeus até o ano 30 a.C, quando o Egito foi convertido em
província romana. Cleópatra VII (famosa na história), foi rainha co-regente, em
52-30 a.C.
•
CASSANDRO ficou com a Macedônia e a Grécia. Capitais: Pela e Atenas. Não
teve dinastia, como os dois mencionados.
• LISÍMACO ficou com a Trácia. Não teve
dinastia.
Resumo Histórico da Palestina sob o Domínio
Grego
• Sob a Grécia propriamente dita, isto é,
sob Alexandre: 332-323 - 9 anos.
• Sob a Síria e Egito, alternadamente:
323-301. Na divisão do império de Alexandre, a Palestina ficou inicialmente sob
a Síria (323-320). Em seguida sob o Egito (320-314). E assim passou de uma a
outra mão, por várias vezes até o ano 301 a.C, quando o Egito e a Síria fizeram
de seu território campo de batalha, onde mediam forças.
• Sob o Egito só: 301-198. Um dos reis
deste período foi Ptolomeu II, Filadelfo que reinou de 285-247 a.C. Foi ele que
providenciou a tradução em grego das Escrituras Sagradas. Construiu também o
célebre farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo, na Ilha
de Fa-ros, de onde vem a palavra "farol". Esta fase foi de progresso
para os judeus, que tinham boa recepção no Egito. Os apócrifos do Antigo
Testamento começaram a surgir nesse tempo. Todos eles foram escritos entre 270-50
a.C.
• Sob a Síria só: 198-167. Um dos reis
deste período foi o monstro Antíoco Epifânio, que reinou de 175-167 a.C. Este
homem decidiu exterminar o povo judeu e sua religião. É comparável a Herodes,
Nero, Hitler e outros da mesma estirpe. Proibiu o culto a Deus. Recorreu a todo
tipo de tortura para forçar os judeus a renunciarem sua crença em Deus. Isto
deu lugar à revolta dos irmãos Macabeus.
Durante a época dos Ptolomeus e Selêucidas,
a língua grega foi implantada na Palestina. O poder civil passou a ser exercido
pelo sumo sacerdote, que exercia também o poder religioso. Sua divisão política
nesse tempo constava de 5 províncias ou distritos: JUDÉIA, GALILÉIA,
TRACONITES, PERÉIA.
Surgiram também na fase acima as seguintes
seitas religiosas:
a) Os Fariseus. (Em hebreu:
"separados"). Inicialmente, primavam pela pureza religiosa. Seu
objetivo era conservar viva e ativa a fé em Jeová. Depois, tornaram-se secos,
ritualistas e hipócritas, como Jesus os classificou. Eram nacionalistas.
b)
Os Saduceus. (Em hebreu: "justos"). Eram os aristocratas da
época, adeptos do que chamamos hoje racionalismo (At 5.17; 23.8). Eram
helenistas, isto é, partidários dos gregos, dos seus sistemas, etc.
c)
Os Essênios eram uma ordem monástica, verdadeira irmandade. Praticavam o
ascetismo. Viviam nas vizinhanças do mar Morto. A raiz, da qual deriva a
palavra "essênio", significa "piedoso". Pareciam uma seita
oriental com mistura de judaísmo. Até hoje não está plenamente esclarecida a
origem dos essênios.
c. A Palestina independente sob os
Macabeus: 167-63 a.C. O nome "Macabeu" vem de Judas, que tinha este
nome. Como declaramos acima, a partir de 198, a Palestina passou ao controle da
Síria. Os primeiros 30 anos foram toleráveis, mas, em 175 a.C, subiu ao trono
da Síria um homem excessivamente mau - Antíoco Epifânio, também conhecido como
Antíoco IV. Foi violentamente rancoroso para com os judeus. Resolveu exterminar
este povo e sua religião. Em 168 ele arrasou Jerusalém, profanou o templo,
erigiu nele um altar a Júpiter e imolou uma porca no altar dos holocaustos.
Decretou pena de morte para quem praticasse a circuncisão e adorasse a Deus.
Destruiu quantas cópias encontrou das Escrituras. Quem fosse encontrado lendo a
Bíblia era morto também. Cumpriram-se as profecias de Daniel 8.13, mas, de modo
parcial, pois o pleno cumprimento é ainda futuro, conforme Mateus 24.15.
Antíoco recalcado pelos insucessos contra o
Egito, vinga-se nos judeus. No seu assalto a Jerusalém, mata jovens, velhos,
mulheres e crianças, chegando a 80.000 o número de mortos. Levou 40 mil cativos
e vendeu outro tanto como escravos. Os dois anos seguintes foram de desolação e
humilhação. Em seguida começaram novas atrocidades. Chega da Síria um exército
de mais de 20.000 homens, e, num sábado quando o povo em obediência à Lei
adorava a Deus, o exército de Antíoco, comandado por Apolônio, lançou-se sobre
os indefesos judeus e houve então um dos maiores massacres da História,
Jerusalém foi incendiada. Antíoco decretou como religião oficial dos judeus o
paganismo grego, obrigando-os a observá-la.
O início da revolta dos Macabeus, 167 a.C.
Ardia no peito dos judeus o sentimento de
revolta. A perseguição religiosa atingia agora todo o país. O sentimento
patriótico toma conta do povo. Falta apenas um líder para dar o grito de
revolta. Todos estavam em torno de um mesmo ideal - independência. O velho
sacerdote Matatias, que vivia em Modim (entre Jope e Jerusalém), foi o herói
que deu o brado de guerra e desfraldou a bandeira da revolta. Tinha ele cinco
filhos, todos valorosos: JOÃO, SIMÃO, JUDAS, ELEAZAR, JÔNATAS. Eram fariseus
verdadeiros. O velho sacerdote dirigiu a luta com muita bravura, obtendo sempre
vitórias. Morreu no mesmo ano da revolta: 167.
Trataremos agora dos cinco irmãos Macabeus,
individualmente.
A Palestina experimentou independência sob
eles por 100 anos.
• JUDAS. 166-161. Ao falecer o velho pai,
Judas assumiu a direção da luta. A vitória continuou com os judeus. Ainda em
167, Judas retomou Jerusalém e começou a reparar o templo. As batalhas
continuaram. Os judeus saíam sempre vitoriosos. Em 25 do mês de Quisleu (nosso
dezembro) de 165 a.C, Judas rededicou o templo com uma grande festa denominada
"Festa da Dedicação", a qual continuou sendo comemorada pelas
gerações através dos tempos. O Senhor Jesus esteve presente a uma dessas festas
(Jo 10.22,23). Judas fez aliança com Roma, o que mais tarde foi muito útil para
os judeus. Antíoco morreu em 164, mas a Síria continuou lutando. Judas
prosseguiu dando combate aos sírios. Foi um guerreiro de admirável gênio
militar. Morreu em combate em 161.
• ELEAZAR. Morreu em combate antes de 161 a.C.
• JÔNATAS. 161-142. Foi também guerreiro
notável, conduzindo o exército de vitória em vitória. Morreu numa traição
urdida por um pretenso amigo seu, um general sírio, em 142. Foi ele o primeiro
judeu a exercer as funções de rei e sacerdote a um só tempo.
• JOÃO. Morreu antes de Jônatas.
• SIMÃO. 142-134. É o último Macabeu
sobrevivente. Morreu à traição em 134. Consolida a vitória e é feito por seus
compatriotas governador e sumo sacerdote. A Síria continuou atacando.
Agora, os governantes que se seguem são
também descendentes dos Macabeus.
• JOÃO HIRCANO. 134-104. Era filho de
Simão. Hircano cercou e destruiu a cidade de Samaria, arrasando o templo dos
samaritanos, construído sobre o monte Gerizim, por permissão de Alexandre, o
Grande, quando imperador. Isso ocorreu no ano 128 a.C. Os idumeus, que habitavam
ao sul da Palestina, também atormentavam constantemente os judeus. Hircano os
conquistou e fê-los aceitar a religião judaica. Isto não os transformou em
verdadeiros judeus, como veremos mais adiante. No ano 109 é mencionado o
Sinédrio. Hircano morre em 104. Nesse tempo a divisão política da Palestina
era: JUDÉIA, SAMARIA, GALILEIA, IDUMÉIA, PERÉIA.
• ARISTÚBULO I. 104-103. Era filho de João
Hircano I. Morreu em 103. No seu breve governo, conquistou a Ituréia e outras
regiões a leste do Jordão. Enfermidade foi a causa de sua morte. Ele usurpara o
trono à sua mãe, a quem Hircano deixara no governo.
• ALEXANDRE JANEU. 103-76. Era irmão de
Aristóbulo I. Obteve várias conquistas visando alargar as fronteijas da
Palestina. Cometeu vários desmandos. Houve tumultos internos, verdadeira guerra
civil, devido aos desmandos de Janeu.
• ALEXANDRA. 76-67. Fora esposa de
Aristóbulo I. Após a morte deste, casou com Alexandre Janeu. Morto Alexandre,
ela ascendeu ao trono. Seu reino foi pacífico e próspero.
• ARISTÚBULO II. 67-63 a.C. Foi o último
rei do período independente. Era filho de Alexandre Janeu. Tinha um irmão
chamado Hircano II, mais velho que ele. Alexandra, ao morrer, deixou a coroa a
seu filho mais velho: Hircano II. Todavia, Aristóbulo II, sendo mais novo,
usurpou o poder pelas armas. Hircano deixou o governo pacificamente.
À esta altura, entra em cena o aventureiro
ANTÍPA-TER, governador militar da Iduméia, constituído por Alexandre Janeu.
Antípater não era judeu, e sim idumeu. Lembremo-nos de que a Iduméia fora
subjugada por Hircano I. Antípater instigou Hircano II a vingar-se de seu irmão
Aristóbulo II. Resultado: Hircano foi a Nabatéia, na Arábia, e junto ao rei
Aretas obteve um exército para lutar contra Aristóbulo. Irrompe a guerra civil.
O exército romano encontra-se em operações em Damasco, conquistando nações.
Tanto Aristóbulo como Hircano enviam emissários ao exército romano. Pompeu, o
general romano, intervém. Corria o ano 63 a.C. Captura a cidade de Jerusalém e
en¬trega o poder a Hircano II. (Recordemo-nos de que Judas Macabeu fizera
aliança com Roma.) Mesmo assim, Antípater continuou instigando e orientando
Hircano II para o prosseguimento da luta.
Portanto, a partir de 63 a.C, a Palestina
passa ao domínio romano, fazendo parte da província romana da Síria, ficando a
sede da província neste último país.
d. A Palestina sob o domínio romano: 63 a.C,
em diante
Como já vimos na letra "c", Roma
ocupou a Palestina em 63 a.C. Nesse ano Pompeu arrebatou o poder das mãos de
Aristóbulo II e entregou-o a Hircano II, que fora despojado por Aristóbulo.
Este e seus dois filhos (Alexandre I e Antígono II) foram levados cativos a
Roma. Tempos depois, pai e filho (Aristóbulo II e Alexandre I) foram mortos em
circunstâncias e ocasiões diferentes, sobrevivendo apenas Antígono II.
Alexandre I deixara dois filhos: Aristóbulo III e Mariana, a qual mais tarde
foi esposa da fera chamada Herodes o Grande, filho de Antípater, o idumeu
perturbador, de que estamos falando.
Veremos agora a lista dos governantes da
Palestim durante o período romano, partindo do ano 63 a.C. até o início da Era
Cristã.
• HIRCANO II. 63-40 a.C. Já falamos desse
homem na letra "c". Hircano começou a governar a Palestina por delegação
de Pompeu, o general romano. Em 47 a.C, César nomeia Hircano II etnarca da
Judéia. Todavia, Hircano era um rei apenas titular; quem de fato o dirigia em
tudo era o idumeu Antípater. Ainda em 47 a.C, César nomeia Antípater como
Procurador Geral da Judéia, isto é, encarregado do fisco, como reconhecimento
aos seus serviços, pois Antípater auxiliara César na campanha deste contra o
Egito, fornecendo tropas a Pompeu, o general de César. César nomeia também Herodes,
filho de Antípater, Governador da Galiléia. Após a morte de César, em 44 a.C,
Antípater morre envenenado por um cortesão de Hircano II.
Herodes governava a Galiléia, mas se
imiscuía em toda a vida do país, urdindo intrigas e perfídias com a conivência
do próprio pai que era Procurador Geral da Judéia. Vendo Herodes o antagonismo
dos judeus devido ao seu modo de proceder arbitrário, abusivo e ditatorial,
procura abrandá-los, noivando com Mariana, neta de Hircano II. (Era filha de
Alexandre I; irmã de Aristóbulo III). Herodes já era casado com uma filha do
rei Aretas, de Nabatéia. Ele, com isso, visava galgar a todo custo o trono de
toda a
• ANTÍGONO II. 40-37 a.C. Por volta do ano 40,
a Síria rebelou-se contra o domínio romano, auxiliada pelos poderosos partos.
Em seguida, partos e sírios atacaram e saquearam a Palestina. Antígono buscava
vingar a morte de seu pai Aristóbulo II e seu irmão Alexandre II, como já
descrevemos. Com a ajuda dos partos e sírios ele marcha sobre Jerusalém.
Herodes, governador da Galiléia, mas que se intrometia na vida de todo o país,
foge para Roma. Antígono apodera-se de Jerusalém, destrona Hircano II e governa
de 40-37 a.C. Hircano é levado cativo pelos partos. Tempos depois volta.
Herodes chega a Roma. Perante o Senado e os triúnviros consegue ser nomeado rei
da Judéia no mesmo ano - 40 a.C. O exército romano ataca os invasores de
Jerusalém, partos e sírios. Herodes regressa à Palestina, procura ganhar o favor
dos judeus e casa-se com Mariana, como já fizemos menção. Herodes, auxiliado
pelas tropas romanas que acabavam de vencer os partos, sitia Jerusalém. Os
soldados romanos tomam a cidade de assalto e fazem grande matança. Antígono é
destronado e enviado a Roma, onde é morto por instigação de Herodes. Assim,
Herodes apodera-se do trono da Palestina.
• HERODES O GRANDE. 37-4 a.C. Herodes, como
já vimos, governava a Galiléia, mas sua ambição era o trono do país todo, o que
conseguiu mediante esperteza e astúcia. Diz Watson mui sabiamente: "Herodes
era idumeu por nascimento, judeu por profissão, romano por necessidade, e grego
por cultura". Praticou o paganismo grego. Uma vez no trono, mandou matar
todos os partidários de Antígono e os membros do Sinédrio. Em certos detalhes,
foi um segundo Epifânio. Do seu casamento com Mariana, nasceram dois filhos:
Alexandre II e Aristóbulo IV. Temendo conspiração do remanescente hasmoneano,
Herodes, tendo já ocasionado a morte de Antígono, mandou matar o sumo sacerdote
Aristóbulo III, irmão de Mariana. Matou também o velho Hircano II, tio de
Mariana.
A esta altura, Herodes ganha o favor de
Otávio. (Otávio é o César mencionado em Lc 2.1, que reinou de 31 a.C. a 14
d.C.) Otávio dirigia-se para a campanha do Egito, quando Herodes foi
encontrá-lo em Ptolemaida, levando suprimentos para suas tropas. Otávio
derrotara Antônio em Ácio (31 a.C), e este fugira para o Egito com Cleópatra
VII, sua amante.
A Palestina estava agora dividida em 6
distritos: JUDÉIA, SAMARIA, IDUMÉIA, GALILÉIA, PERÉIA, ITUREIA. Herodes
continuou a molestar os judeus. Dando ouvido a denúncias falsas, manda matar
sua esposa favorita, Mariana, em 20 a.C. Este foi um crime aterrador. Teve ao
todo 10 esposas. Também mandou matar a mãe de Mariana: Alexandra. Matou certa
vez 10 zelotes. Outra vez mandou matar 45 judeus porque quebraram uma asa de
uma águia de prata do seu palácio. Matou muitos outros. Foi grande
administrador. Reconstruiu Jerusalém, seus muros e edifícios. Construiu
palácios, inclusive o Forte Antônia, na área Noroeste do templo.
O ódio dos judeus aumentava contra Herodes.
Para evitar que os judeus apelassem para César, prometeu-lhes um novo templo, o
qual foi iniciado em 19 a.C. e concluído em 64 d.C. Foi o templo conhecido pelo
Senhor Jesus.
Toda a Palestina beneficiou-se com a
administração herodiana. Reconstruiu a cidade de Samaria com o nome de Sebasta
(palavra grega equivalente a augusta, em alusão a César). Procurava ele assim
relevar seus crimes. Temendo sempre conspiração contra o trono, mantinha uma
prisão de torturas. Era desconfiado de todos e extremamente ciumento. Não se
sabe quantos morreram naquela prisão. Seus dois filhos - Alexandre II e
Aristóbulo IV estudaram em Roma. Temendo conspiração dos dois, mandou matá-los.
Morreram assim, os últimos descendentes dos Macabeus. Tinha Herodes, pela
força, imposto a paz. Estava agora muito velho. O remorso o persegue.
Chega o ano 5 a.C. - o ano do nascimento do
Senhor Jesus. Desde 10 anos antes, há paz na Palestina. No mesmo ano 5 a.C. é
descoberta uma conspiração por parte de seu irmão Féroras e seu filho
Antípater, filho de Dóris, outra esposa. Féroras é morto. Enquanto corre o
processo para a morte de Antípater, chegam a Jerusalém uns magos vindo do
Oriente, e perguntando: "Onde está aquele que é nascido rei dos
judeus?" (Mt 2.1,2). Herodes, que como já vimos, vivia atormentado pelo
fantasma da conspiração, sofreu grande perturbação (Mt 2.3). Fingidamente,
desejou adorar o recém-nascido, que era o Messias prometido nas profecias do
Antigo Testamento. Deus via o seu plano maligno e guiou os magos a regressarem
por outro caminho. Herodes, vendo seus planos desfeitos, ordena matança dos
inocentes de Belém. Matar já era coisa natural para ele. Deus então conduz
José, Maria e o menino ao Egito, cumprindo-se, assim, as profecias (Os 11.1).
No ano seguinte - 4 a.C. - morre Herodes de
terrível enfermidade em Jerico. Determina grande massacre para o dia da sua
morte, para que haja muito pranto. Felizmente tal plano não foi cumprido.
Apesar de suas crueldades, Herodes
contribuiu para o bem noutros sentidos. Todos o reconhecem como grande
administrador. Possuía muita tenacidade. Liquidou com o banditismo no país,
isso desde quando governou a Galiléia. Nesse particular, ele entrava em choque
com o Sinédrio, porque não dependia do processo formal daquela corte para matar
bandidos. Proscreveu os hasmoneus. Estes, após o último macabeu (Simão),
enveredaram pelo caminho das intrigas, vinganças, lutas políticas, deixando em
segundo plano o ideal de liberdade e independência do jugo estrangeiro. Se tais
coisas prevalecessem, seriam um estorvo à vinda e ministério do Senhor Jesus
Cristo.
Breve nota sobre o Império Romano
A cidade-reino de Roma foi fundada em 753 a.C,
na região do Lácio, Itália, donde o vocábulo "latim". Em 509 passou
de reino a república, tendo assim nova forma de governo, e, necessariamente,
novos cargos e funções tais quais aparecem através do Novo Testamento. Dois
séculos antes de Jesus nascer, Roma iniciou sua fase de supremacia sobre os
diversos povos de então. Assim submeteu a Itália (266 a.C), Espanha e Portugal
(201 a.C), Mesopo-tâmia (195), Macedônia e Grécia (168), Cartago, na África
(146), Ásia Menor (133), Inglaterra (54, invasão; 42, conquista) Síria (64, mas
a penetração começou em 190 a.C). Norte e Centro da Europa (58-50) etc.
Em 31 a.C, surge o Império. Otávio é o
primeiro imperador universal. Era sobrinho de Júlio César, que fora um grande
general, conquistador e por último ditador de 46-44 a.C. Em 44 foi Júlio
assassinado em pleno Senado Romano, por seu filho adotivo Júnio Bruto. Otávio
reinou de 31 a.C. a 14 d.C. O Senhor Jesus nasceu quando ele dominava o mundo
todo. Ele podia de fato determinar que "todo o mundo" fosse
recenseado (Lc 2.1). Otávio aparece no texto bíblico como "César
Augusto". "César" era o nome de família. "Augusto"
foi-lhe conferido pelo Senado; eqüivale a "sublime". Seu nome
completo era CAIO JÚLIO CÉSAR OTÁVIO. Ele concluiu as conquistas do Império. Pacificou
o mundo pelas armas. Manteve exércitos por toda parte.
O latim era a língua da metrópole e das tropas
romanas. O grego era falado nos meios culturais do império. O aramaico era a
língua materna da liturgia. O império abre grandes estradas para uso de suas
legiões e intercâmbio em geral. As estradas logo depois seriam utilizadas pelos
pregoeiros do Evangelho. Dez anos antes de Jesus nascer, as portas do templo de
Jano são fechadas, indicando paz. Quando Jesus nasceu, portanto, reinava paz em
todo o mundo. Chegara a plenitude dos tempos, conforme diz a Escritura em
Gálatas 4.4. É a "Pax Romana" da História.
Nas condições acima descritas, estando tudo
preparado por Deus, nasce em Belém o Messias prometido.
Breve Nota sobre os judeus até os nossos
dias
Após a morte de Herodes o Grande, no ano
750 AUC ou 4 a.C, seu reino foi dividido entre três de seus filhos, assim.
• HERODES ARQUELAU governou a Judéia, a
Sa-maria e a Iduméia. É citado em Mateus 2.22.
• HERODES ANTIPAS governou a Peréia e a
Galiléia. A Peréia desse tempo não era todo o território a leste do Jordão. É
citado em Lucas 3.1. Mandou decapitar João Batista. Escarneceu de Jesus na sua
Paixão (Lc 23.6-12).
• HERODES FELIPE II governou a Ituréia, que
incluía os territórios de Traconites, Gaulanites e Auranites.
É citado em Lucas 3.1. [Felipe I não teve
reino. É citado em Mateus 14.3. Foi o primeiro marido de Herodias, que o
abandonou para casar com seu cunhado, Herodes Antipas (Mt 14.3).]
Arquelau foi deposto em 6 d.C. e daí até o
ano 41 d.C. sua região (Judéia, Samaria e Iduméia) passou a ser governada por
oficiais romanos chamados procuradores, nomeados diretamente pelo Imperador
romano. Durante o ministério e Paixão do Senhor Jesus, era procurador da região
que fora governada por Arquelau, Pôncio Pilatos, de 2 a 36 d.C.
Herodes Antipas governou a Galiléia e a
Peréia até o ano 39 d.C. Depois, seu território passou ao governo de Herodes
Agripa I, mencionado em Atos 12. Era neto de Herodes o Grande.
Herodes Felipe II governou a Ituréia até o
ano 34. Depois, seu território passou para Herodes Agripa I.
De 41-44 d.C. toda a Palestina teve como
rei Herodes Agripa I. Sua morte horrível aparece em Atos 12.
De 44-46, os distritos da Judéia, Samaria e
Iduméia passaram a ter novamente procuradores romanos. A má administração
destes e o espírito de revolta dos judeus, no-tadamente dos zelotes, foram
conduzindo a nação a uma revolta generalizada. Os outros distritos foram
governados por Herodes Agripa II, filho do anterior. Agripa II é mencionado em
Atos 25.
De 66-70 d.C. teve lugar a revolta contra
os romanos e a guerra que se seguiu. O César de então era Nero, que escolheu
seu mais hábil general para sufocar a rebelião. Em 66, quando começou a
insurreição, o legado romano da Síria -Céstio Galo - atacou Jerusalém com
40.000 soldados, mas o ataque foi tão violentamente repelido que Galo teve de
retirar-se para Cesaréia, perdendo 6.000 homens.
No dia da Páscoa do ano 70 d.C, Tito surge
com seu exército de 50.000 homens diante dos muros de Jerusalém. Após cinco
meses de assédio, os muros foram derribados, o templo incendiado e a cidade
assolada. Mais de 1.000.000 foram mortos, além de 95.000 levados cativos. Foi a
queda final do judaísmo. O exército romano recolheu-se a Cesaréia.
Em 132-135 d.C, houve outra revolta dos
judeus contra os romanos. Desta vez o Estado Judaico foi destruído pela raiz. O
líder da revolta foi Bar Cocheba. Foi homem de grande coragem e capacidade
militar. Na revolta, ele apoderou-se da cidade e tentou reconstruir o templo. A
revolta foi sufocada pelo exército romano. O número de judeus mortos subiu a
580.000. O país ficou arrasado. Os judeus foram expulsos da Palestina e
proibidos de entrar em Jerusalém, sob pena de morte. A cidade teve seu nome
mudado. Erigiu-se um templo a Júpiter no local do antigo templo dos judeus.
A rebelião sob o comando de Bar Cocheba foi
a última tentativa heróica dos judeus, até os tempos modernos, para
reconquistarem a independência nacional. Desde essa época (135 d.C.) até 1948,
os judeus não tiveram pátria. Andaram errantes por toda parte da terra. Todos
podiam mandar na Palestina, menos os judeus. Em 14 de maio de 1948, renasceu o
Estado de Israel, segundo as promessas das escrituras e pela iminência da volta
de Jesus, e o retorno dos judeus em escala sempre crescente começou. Assim, o
passado de Israel é assunto mui impressionante, mas seu futuro é mais comovente
ainda. As ruínas de Jerusalém não permanecerão para sempre. Israel restaurado,
com seu templo e sua cidade de Jerusalém, com suas roupagens formosas (Is
52.1), deve ser a nossa meditação constante.
O nosso maior anelo deve ser o dia quando
Cristo puser seus pés reluzentes sobre o monte das Oliveiras (Zc 14.4), quando
todo o Israel dirá "Bendito o que vem em nome do Senhor!" (Mt 23.39).
É oportuno acrescentar que três
civilizações achavam-se na Palestina nos tempos do Novo Testamento: a) A Grega,
representando a cultura e o saber; b) A Romana, representando a lei e o poder;
c) A Judaica, representando a religião e a justiça.
III. A ÉPOCA DO CRISTIANISMO
É a história da Igreja propriamente dita.
Constitui matéria à parte; por isso não é estudada aqui. Citamo-la apenas como
parte da estrutura do capítulo em estudo. A Época do Cristianismo começa com o
nascimento do Senhor Jesus, no ano 5 a.C. (correspondente mais ou menos ao 749
AUC), e estende-se paralelamente ao texto bíblico até os últimos dias de João o
apóstolo. (Cerca de 100 d.C. e, fora dele [do texto bíblico] até os tempos
atuais.)
Nenhum crente deveria ignorar os lances
impressionantes e portentosos desta maravilhosa história. É impossível entender
as condições atuais de toda a cristandade sem conhecer a história da Igreja.
A Época do Cristianismo nos dias do Novo
Testamento tem três períodos:
1. O
Período da Vida de Cristo. (Visto nos Evangelhos.)
2. O
Período da Igreja em Jerusalém. (Visto em Atos até o cap. 12.)
3. O
Período da Igreja Missionária. (Visto em Atos, cap. 13 em diante, e Epístolas.)
Após os dias do Novo Testamento. A Época do
Cristianismo pode ser estudada dentro dos quatro períodos da história secular:
1. O
Período Romano, até a queda de Roma (476 d.C.)
2. O
Período Medieval, da queda de Roma, ao fim do império Romano do Oriente
(476-1453 d.C.)
3. O
Período Moderno, do fim do Império Romano do Oriente à Revolução Francesa
(1453-1789 d.C.)
4. O
Período Contemporâneo, de 1789 aos nossos dias. Com seus títulos descritivos,
veja abaixo os capítulos mais importantes da História Bíblica do povo de Deus:
I. ÉPOCA PRÊ-ABRAÂMICA
1. Período Antediluuiano
Gn 1 A Criação em Geral
Gn 2 A Criação do Homem
2.
Período do Dilúvio a Abraão
Gn 6-8 O Dilúvio
Gn 9 O Pacto com Noé
II. ÉPOCA DE ISRAEL 1. Período Patriarcal
Gn 12 A Chamada de Abraão e Fundação da
Nação Israelita
Gn 19 A Destruição de Sodoma e Gomorra
Gn 21 O Nascimento de Isaque
Gn 29,30 O Nascimento dos Doze Patriarcas
Gn 41 José - Vice-rei do Egito
Gn 46 A Emigração de Israel para o Egito
2. Período de Israel no Egito
Êx 2 O Nascimento de Moisés Êx 3 A Chamada
de Moisés
3. Período de Israel no Deserto
Êx 12 A Instituição da Páscoa e o Início da
Peregrinação
Êx 14 A Passagem Pelo mar Vermelho
Êx 17 A Rocha Ferida
Êx 20 Os Dez Mandamentos
Êx 25 A Construção do Tabernáculo
Êx 28 A Escolha de Arão
Lv 1-5 A Instituição dos Cinco Grandes
Sacrifícios
Lv 23 A Instituição das Sete Festas
Religiosas
Nm 3 A Escolha da Tribo de Levi
Nm 11 O Reinicio da Peregrinação
Nm 13,14 Espias e Murmuradores
Nm 21 A Serpente de Metal
Nm 33 Os Acampamentos de Israel
Dt 31 Josué Sucede a Moisés
Dt 34 A Morte de Moisés
4. Período da Conquista de Canaã
Js 3 A Passagem do Rio Jordão Js 6
Destruição de Jerico
Js 10 Sol e Lua Parados
Js 11 Josué Vence Vários Reis
Js 12-21 Divisão de Canaã Pelas Tribos
5. Período dos Juizes
Jz 1 Novas Conquistas Pelas Tribos
Jz 13-16 A Atuação de Sansão
Rt 1-4 O Casamento de Boaz com
Rute 1 Sm 1 O Nascimento de Samuel
6. Período da Monarquia
1 Sm 10 Saul - Primeiro Rei de Israel
1 Sm 16 Davi Ungido Rei
1 Sm 17 Davi Mata o Gigante
2 Sm 5 Davi Constituído Rei de Todo Israel
2 Sm 8 A Expansão do Reino de Israel
1 Cr 23-26 O Serviço dos Levitas
1 Rs 2 Salomão Rei de Israel
1 Rs 4 A Extensão do Reino de Salomão
1 Rs 6-8 A Construção do Templo
7. Período do Reino Dividido
1 Rs 12 A Divisão do Reino
1 Rs
17,18 O Ministério de Elias
2 Rs
2 O Ministério de Eliseu
2 Rs 18 O Avivamento sob Ezequias
2 Rs 20 O Milagre do Recuo do Tempo
2 Rs 22 O Avivamento sob Josias
2 Cr 17-20 O Reinado de Josafá
Zc 7.7 O Ministério dos Profetas (Jl - Ml)
8. Período do Cativeiro e Restauração
2 Rs 25; Jr 52 Destruição de Jerusalém
Ed 1 O Retorno dos Judeus
Ed 3 A Reconstrução do Templo
Ne 3 A Reconstrução dos Muros de Jerusalém
Ne 8,9 O Avivamento sob Esdras
Et 8,9 O Livramento dos Judeus
Dn 2 Os Quatro Últimos Impérios Mundiais
Dn 3 Os Três Jovens Salvos na Fornalha
Dn 6 Daniel Na Cova dos Leões
Dn 7-12 O Futuro da Nação Israelita
9. Período Interbíblico (Dn 8.11)
III. ÉPOCA DO CRISTIANISMO
1. Período da Vida de Cristo
Mt 1; Lc 2 O Nascimento de Jesus
Mt 3 O Ministério de João Batista
Mt 4.23; Lc 4.14-19; Jo 21.25; At 10.38 -
Ministério de Jesus
Mt 27,28 A Morte e Ressurreição de Jesus
Mt 28.18-20; Mc 16.15-18; At 1.8 - A
Comissão de Jesus à Igreja
Lc 24.50,51; At 1.9-11 - A Ascensão de
Jesus
2. Período da Igreja em Jerusalém
At 2.1-13 O Batismo com o Espírito Santo
At 2.14-47 A Conversão dos Judeus
At 8 A Conversão de Samaritanos
At 10 A Conversão de Gentios 3. Período da
Igreja Missionária
At 13 Missões
At 15 O Primeiro Concilio da Igreja
At 16 O Evangelho na Europa
At 28 O Evangelho em Roma
2 Pe 3.15 Epístolas escritas
Rm 15.19,24,28 O Evangelho no Mundo
Conhecido
Ap 1.9,10; 4.1,2 - A Visão do Futuro da
Igreja
QUESTIONÁRIO
1.
Em que ordem aparecem na Bíblia os 66 livros do cânon sagrado?
2.
Qual a principal vantagem do estudo da seqüência da História Bíblica?
3.
As novas evidências arqueológicas afetarão grande parte das datas até
agora adotadas. Em que consistirá a alteração?
4.
As datas impressas em certas edições da Bíblia, vem de que ano?
5.
Defina a chamada "Cronologia Aceita"
6.
Quais as duas naturezas de que Adão foi dotado por Deus?
7.
Como se comportava e agia Adão após sua criação por Deus?
8.
Dê os nomes bíblicos da região onde se situa o Éden.
9.
Que região da terra a Bíblia apresenta como berço da raça humana?
10.
Cite os 3 pontos descritivos sobre os primitivos sacrifícios de animais
inocentes, isto é, as três lições que ensinavam.
11.
Dê as seis razões apresentadas da extraordinária longevidade dos
antediluvianos.
12.
Em que região da terra deu-se a confusão das línguas?
13.
Que região do globo os semitas povoaram?
14.
Que região do globo os camitas povoaram?
15.
Que região do globo os jafetitas povoaram?
16.
Que prediz a profecia de Noé (Gn 9.25-27) quanto ao futuro das três
raças-troncos oriundas dele?
17.
Que capítulo na Bíblia apresenta um resumo da distribuição das raças
após o dilúvio?
18.
Como Abraão pôde ter conhecimento de Deus em meio a tanta idolatria?
19.
Com que personagem começa a história de Israel como povo eleito de Deus?
20.
Qual foi o supremo propósito de Deus na chamada de Abraão?
21.
Socialmente, que homem foi Abraão?
22.
Descreva o estado moral dos povos que ocupavam Canaã quando Abraão ali
chegou?
23.
Quem eram os hicsos - dominantes no Egito quando para ali imigraram os
israelitas?
24.
Quanto tempo durou a escravidão (e sua conseqüente aflição) dos
israelitas no Egito?
25.
Descreva os três períodos, de 40 anos cada um, da vida de Moisés.
26.
Quais os faraós apontados pelos orientalistas como os da opressão aos
israelitas, no Egito?
27.
Quais os faraós apontados como os do êxodo dos israelitas?
28.
Cite três fatos de alta relevância nacional e espiritual quanto a Israel
durante seu período no deserto.
29.
Por que discorre a Lei sobre atos indecentes e imorais?
30.
Qual o principal pecado que fez Israel vagar cerca de 40 anos no
deserto?
31.
Cite os líderes nacionais e espirituais durante o período de Israel no
deserto.
32.
Quais os primeiros territórios conquistados e ocupados pelos israelitas
antes de cruzarem o Jordão?
33.
Dê o nome da fase de operação durante a conquista de Canaã.
34.
Onde permaneceu o tabernáculo durante a conquista de Canaã?
35.
Por que os israelitas não conseguiram efetuar a conquista total de
Canaã?
36. Por que Deus ordenou a destruição das
nações circunvizinhas de Israel?
37.
O período dos Juizes levou quanto tempo?
38.
Onde se estabeleceu o centro religioso nacional de Israel no período dos
Juizes?
39.
Cite o principal líder espiritual do período dos Juizes.
40.
Quem definitivamente conquistou Jerusalém das mãos dos jebuseus?
41.
Dê a extensão da área geográfica da nação israelita nos dias de Salomão.
42.
O que de fato deu ongem à religião mista dos samaritanos? Cite
referências bíblicas em 2 Reis.
43.
Quanto tempo durou e quantos reis teve o reino de Israel, isto é, o
reino do Norte?
44.
Idem, referente ao reino de Judá, isto é, o reino do Sul?
45.
Quanto ao cativeiro de Judá, cite as datas de suas três levas de
exilados.
46.
Dê a duração e ocasião do ministério dos profetas como um todo?
47.
Dê o nome do profeta:
-
Entre os exilados em Babilônia.
-
Entre o ramanescente deixado na Palestina.
- Na
corte do império babilônico durante o exílio.
48.
Dê o período e a ocasião da restauração do país de Israel, após o
cativeiro.
49.
Quanto ao retorno do cativeiro, dê as datas das três levas de
repatriados.
50.
Cite referências do Novo Testamento mostrando que naqueles dias havia núcleos
de todas as tribos de Israel.
51.
Além do Sinédrio e dos livros apócrifos, cite outros fatos relevantes
ocorridos durante o Período Interbíblico.
52.
Cite as seitas religiosas surgidas durante o Período Interbíblico.
53.
Que fato principal provocou a revolta dos Macabeus contra a Síria?
54.
Que evento da revolta dos Macabeus originou a festa mencionada em João
10.22?
55.
Em que ano o Império Romano apossou-se da Palestina?
56.
Como procedeu Herodes o Grande para ocupar o trono da Palestina?
57. Dê a referência bíblica e o nome completo do
César que reinava em Roma quando o Salvador nasceu.
58.
Considerando os tempos do Novo Testamento, cite as três civilizações em
curso, e o que representavam na Palestina. Cristo nasceu quando César Augusto
dominava o mundo, inclusive a cidade de Jerusalém
CRONOLOGIA
BÍBLICA
Teremos neste capítulo um resumo da
cronologia dos períodos bíblicos, bem como dos livros da Bíblia. Incluiremos
alguns fatos relevantes da história universal contemporânea.
I. INTRODUÇÃO À CRONOLOGIA BÍBLICA
A cronologia bíblica é quase toda incerta;
aliás, toda a cronologia antiga é incerta. As datas eram contadas tomando-se
por base eventos importantes, e isso dentro de cada povo. Não havia, é óbvio,
uma base geral.
Quanto à Bíblia, seus escritores não tinham
preocupação com datas; apenas registravam os fatos. As datas, quando
mencionadas, têm base, como acima ficou dito: em eventos particulares.
As descobertas arqueológicas e o estudo
mourejante de dedicados eruditos no assunto vêm melhorando e precisando a
cronologia em geral, inclusive a bíblica.
As datas que aparecem nas margens de certas
edições da Bíblia não pertencem ao texto original. Foram calculadas
principalmente pelo arcebispo Ussher (1580-1656), em 1650. É conhecida por
"Cronologia Aceita". Essas datas foram inseridas na Bíblia pela
primeira vez em 1701. De certos tempos para cá a cronologia de Ussher vem
enfrentando severa crítica, Há divergências e opiniões contrárias a muitas de
suas datas, isso em face do progresso do estudo de assuntos orientais através
das pesquisas e descobertas arqueológicas.
É preciso considerar que o registro de
números, datas e tempos constantes das Escrituras foram inseridos de acordo com
as necessidades e a praxe de então. A Bíblia não é um tratado de história, nem
de geografia, nem de astronomia ou de outros ramos quaisquer da ciência, apesar
de haver nela alusões a tudo isso. Ela é, acima de tudo, a revelação de Deus ao
homem para que este possa ir a Deus.
II. DIFICULDADES NO ESTUDO DA CRONOLOGIA
BÍBLICA
1.
Dificuldades nas fontes de dados
Tratando-se do texto bíblico, temos dados
para a cronologia de três diferentes fontes, mas todos discrepantes: o Texto
Mossorético, escrito em hebraico atual; a Septua-ginta, escrita em grego, e o
Pentateuco Samaritano, escrito em caracteres samaritanos.
2.
Dificuldades nas eras
As eras atuais entraram em uso há pouco
tempo em comparação com a extensão da história bíblica. A Era Assíria (O Cânon
Epônimo) vem de 893 a.C; a Babilônica (Era de Nabopolassar), 747; a Grega, de
776 (data da primeira Olimpíada - jogos que eram realizados cada quatro anos);
a Romana, de 753 a.C. - data da fundação de Roma; a Selêucida, de 312 a.C. -
data da ocupação de Babilônia por Seleuco Nicátor; a Maometana, de 622 d.C. -
data em que Maomé fugiu de Meca. Essa pluralidade de eras choca o leitor
moderno que só tenha noções do nosso calendário.
3.
Dificuldades no texto bíblico
Há, especialmente nos períodos: dos juizes,
do reino dividido, e dos profetas, muitos períodos coincidentes em parte,
reinos associados, intervalos de anarquia, frações de anos tomadas por anos
inteiros, partes tomadas pelo todo, e arredondamento de números. Há vários
casos quanto a este último item.
Exemplos: Êxodo 12.37 com Números
1.46 e 11.21; Gênesis 15.13 com Gálatas 3.17.
Outro caso interessante é o do rei Jotão. Em 2 Reis 15.33 se diz que ele reinou
16 anos, entretanto, no versículo 30 é mencionado seu 20y ano de reinado!
Quanto ao caso do rei Jotão ter reinado 16
anos e ser mencionado seu 20? ano de reinado, ele pode ter reinado com seu pai,
que era leproso, talvez em seus últimos anos de vida. Esse rei leproso -
Azarias - (2 Rs 15.5,7), é tam¬bém chamado Uzias (2 Cr 26.23).
III. CASOS A CONSIDERAR NO ESTUDO DA CRONOLOGIA
BÍBLICA
1. A
relação entre séculos e anos
Aqui, muitos se enganam no cálculo de anos.
Por exemplo: no Século I de uma era estão os anos 1 a 100, no Século II, 101 a
200, e não 100 a 200, como pode parecer à primeira vista. Exemplo mais
completo:
Século I......................................anos
1 a 100
Século II.....................................anos
101 a 200
Século III....................................anos
201 a 300
Século XX....................................anos
1901 a 2000
SéuloXXI.....................................anos
2001 a3000
2. A
era antes de Cristo (Era a.C.)
A contagem do tempo antes de Cristo é
regressiva, isto é, parte de Cristo para a criação (4004 a.C), e não ao
contrário. Partindo da criação para Cristo, os anos diminuem até chegarmos ao
ano 1 a.C, porém, partindo de Cristo para a criação adâmica, os anos aumentam
até chegarmos ao ano 4004, ano esse tido como a da criação, ou melhor, da
recriação.
3. O
erro do nosso calendário - o calendário atual
O uso do calendário é tão antigo quanto a
própria humanidade. Há calendários diversos. Nestas concisas e incompletas
notas reportamo-nos unicamente ao calendário cristão, do qual, o calendário
atual é continuação.
Em 526 a.C, o imperador romano do Oriente,
Justiniano I, decidiu organizar um calendário original, encarregando da tarefa
o abade Dionysius Exiguus, o qual, em seus cálculos, cometeu um erro, fixando o
ano 1 d.C. com um atraso de 5 anos. Daí dizer-se que Cristo nasceu 5 anos antes
da Era Cristã, o que é um absurdo, se não houver ex¬plicação. Nossos livros apenas
declaram a existência do erro, mas não o explicam.
As datas atuais estão, portanto, atrasadas
de 5 anos. Para termos datas mais ou menos exatas é preciso acrescentar-lhes 5
anos.
É também oportuno dizer que o calendário
atual chama-se Gregoriano, porque em 1582 o papa Gregório XIII alterou o
calendário de Dionysius, subtraindo 10 dias (determinou que o dia 5 de outubro
passasse a ser 15 do mesmo mês), a fim de corrigir a diferença advinda do
acúmulo de certos minutos a partir de 46 a.C., quando César reformou o
calendário de então.
4. O tempo e suas divisões
a. O dia natural. Isto é, o período em que
há luz; entre os judeus e romanos era dividido em 12 horas (Jo 11.9), isto nos
dias do Novo Testamento. A Hora Primeira era às 6 da manhã; a Hora Sexta às 12
horas de hoje. (Algumas referências: Mt 20.6; Jo 4.6; At 10.3,9). A Terceira, a
Sexta e a Nona Hora eram dedicadas a oração e adoração (At 3.1; 10.3,9). Antes
da Hora Terceira, os judeus não comiam nem bebiam (At 2.15). Nos tempos do
Antigo Testamento o dia era simplesmente dividido em 3 períodos: manhã, das 6
às 10; o calor do dia, das 10 às 14 horas, e o frescor do dia, das 14 às 18
horas. O dia civil era contado de um pôr-do-sol a outro (Lv 23.32). Entre os
romanos, o dia ia de uma meia-noite a outra, isto é, o dia civil.
João, em seu Evangelho, emprega o
calendário romano; os demais evangelistas usam o judaico. João escreveu de
Éfeso, que, sendo território romano, empregava o citado calendário. Por isso
ele cita as horas de modo diferente. Por exemplo, Marcos, usando o calendário
judaico, declara (Mc 15.33) que, estando Jesus na cruz, vieram trevas sobre a
terra, na Hora Sexta (meio-dia). João, por sua vez, afirma que o julgamento de
Jesus terminou na Hora Sexta, (Jo 19.14) o que é uma discrepância! Porém, no
calendário romano, usado por João, a Hora Primeira do dia era à meia-noite,
sendo 6 da manhã a Hora Sexta, a hora em que terminou o julgamento de Jesus:
A noite, nos tempos do Antigo Testamento,
estava dividida em três vigílias, de 4 horas cada uma. A primeira, das 6 às 10;
a da meia-noite, das 10 às 2 da manhã; a da manhã, das 2 às 6 da manhã (Êx 14.24;
Jz 7.19; Lm 2.19). No NT, a noite tinha 4 vigílias de 3 horas cada uma,
conforme o sistema dos romanos. A primeira chamava-se tarde e ia das 6 às 9; a
segunda, meia-noite, das 9 às 12; a terceira, cantar do galo, das 12 às 3 da
madrugada; a quarta, manhã, das 3 às 6 da manhã (Mc 6.48; 13.35; Lc 12.38).
Nosso sistema sexagesimal (horas divididas
em 60 minutos, e estes em 60 segundos) vem dos sumários. Não era seguido entre
os israelitas.
b. A
semana. Em hebraico o termo traduzido "semana" significa simplesmente
sete, sem indicar dias ou anos. Nossa palavra semana vem do latim
"septimana" que literalmente significa setenário, isto é, que contém
sete. Os dias da semana entre os hebreus não tinham nomes e sim números, exceto
o sexto que se chamava parasceue (Lc 23.54), e o sétimo que se chamava sábado
(em heb. "shab-bath", cessação, descanso).
c.
Os meses. Eram lunares, devido à observação das fases da lua. Tinham 29
a 30 dias, alternadamente. Antes do cativeiro babilônico, os meses eram
designados por números, exceto o primeiro que se chamava Abibe (espiga de trigo).
Após o retorno do exílio, passou a chamar-se Nisã, palavra assíria para
princípio, abertura (Êx 12.2; 13.4). Após o cativeiro, todos os meses passaram
a ter nomes de origem babilônica e cananéia:
MÊS
NOME APROXIMAÇÃO ATUAL
1º Abibe ou Nisã Abril
2º Zife ou Liar Maio
3º Sivã Junho
4º Tamuz Julho
5º Abe Agosto
6º Elul Setembro
7º Etanim ou Tísri Outubro
8º Bul ou Marquesvã Novembro
9º Quisleu Dezembro
10º Tebete Janeiro
11º Sebate Fevereiro
12º Adar Março
Sendo o ano lunar, retrocedia em dias,
causando desencontro das estações agrícolas, uma vez que estas são ocasionadas
pelo ciclo solar. Para harmonizar isto, cada três anos intercalava-se um mês
adicional chamado Veadar (isto é, segundo Adar), ficando esse ano com 13 meses.
Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo solar.
d. Os anos. Tinham 12 meses de 29 e 30
dias, alternada-mente, perfazendo 354 dias. Os judeus tinham dois diferentes
anos: o sagrado e o civil. O sagrado iniciava-se no mês de Abibe, que corresponde
ao fim de março ou princípio de abril, na lua cheia, após o equinócio da
primavera. O ano civil iniciava-se no sétimo mês do ano sagrado (Tisri ou
Etanim), correspondendo ao final de setembro ou princípio de outubro. O início
do ano civil era comemorado com a Festa das Trombetas (Lv 23.24,25). Havia
também o Ano Sabático cada 7 anos, para descanso do solo; e o Ano do Jubileu,
cada 49 anos, para libertação humana em geral. Assim, Deus proveu o controle
das riquezas e da escravidão.
IV. CRONOLOGIA DOS PERÍODOS HISTÓRICOS DA
BÍBLIA E HISTÓRIA UNIVERSAL CONTEMPORÂNEA
(Períodos, aqui, têm aplicação diferente da
do Cap. VI.) 1. Período Antediluuiano: 1656 anos (Gn caps. 2-6) Tempo: de Adão
(4004 a.C.) ao Dilúvio (2348 a.C.) Adão criado em 4004 a.C. O Dilúvio ocorreu
em 2348 a.C. Nesse período, Babilônia - berço da raça humana - atinge elevado
grau de civilização. Primeira dinastia de Ur: 2800-2400 a.C. Ur era
cidade-reino predominante na época, no mundo então conhecido. Era a cidade de
Abraão. Foi depois eclipsada pela cidade de Babilônia. Reinos do Alto e Baixo
Egito. Menes unifica o Egito: 2900 a.C. Cidades-estados sumerianas.
2. Período do Dilúvio da Dispersão das
Raças: 100 anos (Gn caps. 7-11).
Tempo: 2348-2248 a.C.
Nascimento de Abraão: 1996 a.C.
De Adão a Abraão: 2008 anos
Sem (filho de Noé) viveu 98 anos até o
Dilúvio, e mais 502 após. Foi um traço de união entre as gerações posteriores
ao Dilúvio.
3. Período dos Patriarcas: 430 anos (Gn
cap. 12 a Êx cap. 12)
Tempo: da chamada de Abraão ao Êxodo (1921-1491
a.C.)
Chamada de Abraão: 1921 a.C.
Do Dilúvio à chamada de Abraão: 427 anos
(2348-1921 a.C.)
As provações de Jó: cerca de 1845 a.C.
Nascimento de José: 1800 a.C.
Imigração de Jacó e sua família para o
Egito: cerca de 1706 a.C.
Nascimento de Moisés: 1571 a.C. Permanência
de Israel no Egito: cerca de 400 anos. Período da escravidão no Egito: cerca de
100 anos. Egito - 1? império mundial: 1600-1200 (18? e 19? dinastias).
Êxodo dos Israelitas: 1491 a.C. Outro
cômputo dá 1450 a.C.
4. Período da Jornada no Deserto e
Conquista de Canaã: 46 anos (Êx cap. 13 a Js cap. 24).
Tempo: do Êxodo à conquista de Canaã (1491-1445
a.C.)
Peregrinação no deserto: 40 anos (Nm 10.11
com Dt 2.14).
Passagem do Jordão: 1451 a.C.
Conquista de Canaã: 6 anos (1451-1445 a.C.)
Apogeu do Império Hitita: 1400 a.C.
Projeção dos gregos e colonização da Ásia
Menor por eles.
5. Período da Teocracia: 345 anos (Jz cap. 1
a 1 Sm cap. 10) (Ver Juizes 11.26.)
Tempo: época dos Juizes até Samuel (1445-1100
a.C.)
Ministério de Samuel: 1100-1053 a.C. -
cerca de 47 anos.
Egito: centro de cultura geral.
Projeção da Grécia. Destruição de Tróia: 1184
a.C.
Os navegantes exploradores fenícios chegam
a Gibraltar: 1100 a.C.
Até aqui, a cronologia é por demais
incerta. A época dos
Juizes é uma das piores. (A partir do
período seguinte, a
História já fornece dados mais seguros para
cálculos).
6. Período do Reino Unido ou Monarquia: 120
anos (1 Sm cap. 11 a 2 Cr cap. 9).
Tempo: de Saul (1053) a Salomão (933 a.C.)
Saul: 1053-1013, reinado de 40 anos (At
13.21).
Davi: 1013-973, reinado de 40 anos (2 Sm
5.4).
Salomão: 973-933, reinado de 40 anos (1 Rs
11.42).
Assíria - império mundial: 900-607 a.C.
7. Período do Reino Dividido: 347 anos (1
Rs 12 a 2 Cr 36)
Tempo: de Roboão (933) a Zedequias (586 a.C.)
Reino do Norte (Israel) durou mais de 200
anos (933-721 a.C.)
Reino do Sul (Judá) durou mais de 300 anos
(933-586 a.C.)
Início do cativeiro do Reino do Norte
(Galiléia): 734 a.C.
Cativeiro total do Reino do Norte: 721 a.C.
Início do cativeiro de Judá: 606 a.C. 1ª
leva de cativos, inclusive Daniel. (Ver 2 Crônicas 36.6,7 com Daniel 1.1-3.)
Templo saqueado. Jeoaquim subjugado.
Segunda leva de cativos de Judá: 597 a.C.
Nesta leva foi o profeta Ezequiel, o rei Jeoaquim e 10.000 homens escolhidos (2
Rs 24.14-16). Mais tesouros do templo foram levados.
Terceira leva de cativos: 586 a.C. Desta
vez Nabucodo-nosor destruiu Jerusalém e incendiou o templo, levando entre os
cativos o rei Zedequias (2 Rs 25.8-12; Jr 52.28-30).
Roma é fundada em 753 a.C.
Os fenícios dão volta à África em 600 a.C.
Faraó Neco II tenta construir um canal
ligando o mar Vermelho ao Mediterrâneo utilizando 120.000 homens.
(Fato concretizado no Canal de Suez, no
século passado.)
A Pérsia esmaga o Egito: 525 a.C.
Projeção dos estados gregos - Atenas e
Esparta.
8. Período do Cativeiro e Restauração: 174
anos (2 Cr 36 a Ne 13).
Tempo: da primeira leva de cativos de Judá
por Babilônia (606 a.C.), ao final do registro da história bíblica (cerca de 430
a.C.)
Cativeiro: 70 anos.
Restauração: 104 anos.
Decreto de Ciro para a volta dos judeus do
cativeiro: 536 a.C.
Reconstrução do templo: 536-516 a.C. (20
anos)
Deposição de Vasti: 482 a.C.
Ester, rainha da Pérsia: 478 a.C.
Ageu e Zacarias - profetas da restauração: 520
a.C. em diante
Esdras chega à província de Judá como
sacerdote: 457 a.C.
Neemias nomeado governador: 445 a.C.
Reedifica os muros e a cidade de Jerusalém, em 444. Volta à Pérsia em 434.
Retorna a Jerusalém em 432 a.C. (Ne 13.6).
9. Período Interbíblico: cerca de 400 anos
(De Neemias ao início da Era Cristã).
Impérios dominantes: o Persa: 536-330; o
Grego: 330-146; O Romano: 146 a.C. a 476 d.C.
Resumo geral da cronologia do Antigo
Testamento
4004-2400 a.C Mundo
antediluviano................................cerca de 1600 anos
2400-2000 a.C Do Dilúvio a Abraão 400 anos
2000-1800 a.C Patriarcas: Abraão, Isaque e
Jacó........... 200 anos
1800-1400 a.C Israel no Egito......... 400 anos
1400-1100 a.C Período dos Juizes... 300 anos
1053-933 a.C A Monarquia Israeli¬ta (Saul, Davi
e Salo¬mão) ... 120 anos
933-586
a.C O Reino Dividido..... 350
anos
606-536
a.C O Cativeiro..............
70 anos
536-432
a.C Restauração da na ção israelita............. 100
anos
10. Período do Novo Testamento
Nascimento de Jesus: Ano 5 antes do início
da atual
Era Cristã.
Tibério associado com Augusto no governo do
Império Romano: 11-14 d.C.
Tibério, imperador: 14 d.C.
Ministério de João Batista: 26 ou 27 d.C.
Evidências disso:
a) Em Lucas 3.1,o 15º ano de Tibério é
contado a partir de seu governo associado com Augusto em 11 d.C. Logo 11 + 15 =
26 d.C.
b)
Em João 2.20, se diz que o templo fora construído em 46 anos. De acordo
com a História, a construção teve início em 19 a.C.
Logo: 19 a.C + 27 d.C. = 46 anos.
Batismo de Jesus: 26 ou 27 d.C.
(Corrigindo-se o calendário: 30-31 d.C.)
Ministério de Jesus: 26-29 d.C. Sua idade
29 d.C + 4 (devido ao erro do calendário) = 33 anos e meses. Fundação da
Igreja: 29 d.C. ( + 4 anos devido ao erro do calendário = 33 d.C.)
Conversão de Saul: 32 ou 35 d.C.
Fundação da igreja gentílica de Antioquia:
42 d.C. (At 11.19-26).
Antioquia era a terceira cidade do império,
sendo as outras, Roma e Alexandria.
Primeira viagem missionária de Paulo: 47
d.C. (At 13.4-15.4).
Concilio de Jerusalém: 50 d.C. (At 15).
Segunda viagem missionária de Paulo: 50
d.C. (At 15.36-18.22).
Terceira viagem missionária de Paulo: 54-47
d.C. (At 18.23-21.20).
Fundação das igrejas da Ásia Menor e Europa
por Paulo: 50-63 d.C.
Fim do livro de Atos: 62 d.C.
Viagem de Paulo a Roma, preso: 60 d.C.
Incêndio de Roma, atribuído aos cristãos,
por Nero: 64 d.C.
Começa a grande perseguição aos cristãos.
Acaba a construção do templo: 64 d.C.
Morte de Pedro: 64/65 d.C.
Início da revolta dos judeus contra os
romanos: 66 d.C.
Morte de Paulo: 67 d.C, por Nero.
Destruição de Jerusalém e seu templo pelos
romanos: 70 d.C.
Destruição de Pompéia e Herculano 79 d.C.
por uma erupção do Vesúvio.
Perseguições contínuas
aos cristãos e progresso do Evangelho, esvaziando os templos pagãos do
Império Romano: 80 d.C. até o fim do Século I.
V. CRONOLOGIAS DIVERSAS
1. Cronologia dos livros da Bíblia
Conforme os mais abalizados mestres no
assunto em questão, é a seguinte a ordem cronológica dos livros da Bíblia.
Quanto aos profetas, o ano mencionado é o do início do ministério de cada um:
ANTIGO
TESTAMENTO
-Jó......................................1521
a.C.
-Gênesis...............................1521-1500
a. C.
-Êxodo.................................1490a.C.
-Levítico...............................1489a.C.
-Números.............................1451 a.C.
-Deuteronômio......................1451 a.C.
-Josué..................................1424
a.C.
-Juizes.................................1126
a.C.
-Rute...................................1050
a.C.
-1 Samuel.............................1050
a.C.
-2 Samuel.............................1018
a.C.
-1 e 2 Reis............................1015
a.C.
-Salmos................................1050-975
a.C.
-Cantares..............................1013a.C.
-1 e 2 Crônicas.......................1004a.C.
-Provérbios............................1000
a.C.
- Eclesiastes...........................975
a.C.
-Joel......................................840
a.C.
-Jonas....................................790
a.C.
-Amos....................................780
a.C.
-Oséias...................................760
a.C.
-Isaías....................................745
a.C.
- Miquéias................................740
a.C.
- Sofonias.................................639
a.C.
-Naum......................................630
a.C.
- Jeremias.................................626
a.C.
- Lamentações...........................626
a.C.
- Habacuque..............................606
a.C.
- Daniel.....................................606
a.C.
-Ezequiel...................................592
a.C.
- Obadias...................................586a.C.
-Ageu........................................520
a.C.
- Zacarias...................................520
a.C.
-Ester.........................................509
a.C.
- Esdras......................................457
a.C.
- Neemias....................................434
a.C.
- Malaquias...................................432
a.C.
NOVO TESTAMENTO
-1 Tessalonicenses.............................51
d.C.
-2 Tessalonicenses..............................52
d.C.
-1 Coríntios........................................56d.C.
-2 Coríntios........................................57d.C.
-Gálatas.............................................57d.C.
-Romanos...........................................58
d.C.
-Mateus..............................................60
d.C.
- Efésios.............................................61
d.C.
-Tiago................................................61
d.C.
- Filipenses..........................................62
d.C.
-Colossenses........................................62
d.C.
- Filemom............................................62
d.C.
-Lucas.................................................63
d.C.
- Hebreus.............................................63
d.C.
-Atos dos apóstolos................................63
d.C.
- 1 Timóteo...........................................64
d.C.
- 1 Pedro...............................................64
d.C.
-
Tito....................................................65 d.C.
- Marcos................................................65
d.C.
-2 Pedro................................................64/5
d.C.
-2 Timóteo.............................................67d.C.
-Judas...................................................70
d.C.
-João (Evangelho)....................................85
d.C.
-1 João..................................................90d.C.
-2 João..................................................90
d.C.
-3 João..................................................90
d.C.
-Apocalipse.............................................96d.C.
2.
Patriarcas
Os principais já foram mencionados nos
períodos estudados. Os cabeças das 12 tribos estão entre os patriarcas (At
7.9). José morreu no Egito. Não houve tribo com esse nome. Seus dois filhos
Efraim e Manasses deram nomes a duas tribos e ocuparam os territórios que
seriam de Levi (que não teve território, mas, cidades) e José.
3.
Sacerdotes
Ver a lista em 1 Crônicas 6.1-15 e Neemias
12.11,22.
4.
Reis
Os três principais reis de Israel já foram
mencionados. O reino do Sul (Judá), teve 19 reis. O primeiro foi Roboão (933-911
a.C), e o último Zedequias (597-586 a.C).
5.
Profetas
Devemos banir do nosso pensamento a idéia
popular de que o principal serviço do profeta era predizer. No original,
profeta não significa "aquele que prediz", mas "aquele que fala
em lugar de outro, por outro". Infelizmente, a ordem dos profetas em
nossas Bíblias, não é a cronológica em que eles ministraram, o que origina não
pouca confusão, mas, por certo, isto também tem sua vantagem.
Profetas literários em ordem cronológica,
quanto ao cativeiro e pós-cativeiro dos judeus. (Profetas literários são os que
escreveram suas profecias.)
Profetas antes do cativeiro
Reino de Israel
- Jonas (enviado à Assíria)
- Oséias
- Amos (natural de Judá) Reino de Judá
- Miquéias (natural de Judá)
- Joel
- Isaías
- Miquéias (ministrou aos dois reinos)
- Sofonias
- Naum (profetizou contra a Assíria)
- Jeremias (parte do seu ministério)
- Habacuque
- Obadias (profetizou contra Edom) Profetas
durante o cativeiro de Judá
- Jeremias, na Palestina, entre o
remanescente deixado.
- Ezequiel, em Babilônia, entre os cativos,
no campo.
- Daniel, em Babilônia, no palácio real.
Profetas do pós-catiueiro
- Ageu
- Zacarias
- Malaquias
6. Cronologia dos impérios mundiais
Houve até hoje 6 impérios de âmbito
mundial. Damos abaixo o resumo de cada um deles.
1º) Egito: 1600-1200 a.C. Este império
mundial ia da Etiópia ao Eufrates. Nas dinastias XVIII e XIX, Israel estava no
Egito. Canaã era província egípcia. O Egito foi fundado por Mizraim, filho de
Cão, logo após o Dilúvio (Gn 10.6,13). Houve 31 dinastias de reis egípcios, de 3500
a 332 a.C, quando o país foi conquistado por Alexandre. De 332 a 30 a.C, o
Egito foi governado pelos reis Ptolomeus (I a XIV), sendo seu último governante
a rainha Cleópatra VII (ano 30 a.C.) Daí em diante ele foi província romana até
640 d.C
Algumas dinastias egípcias de maior
interesse para o estudante da Bíblia:
IV Dinastia - Construção das famosas
pirâmides em Gizé. (2900 - 2750 a.C.)
XII Dinastia - Abraão vai ao Egito (Gn cap.
12) (cerca de 2000 a.C.)
XV-XVII Dinastia - Os Hicsos dominam. José
perten¬ce a XVI dinastia.
XVIII-XIX Dinastia - O Egito como império
mundial. O nascimento de Moisés deu-se na XVIII. O êxodo dos judeus deu-se na
XIX (1600 - 1200 a.C.)
XXI Dinastia - Época de Davi (1100-950 a.C.)
XXVII-XXXI Dinastia - São as chamadas
dinastias pérsicas (525 - 332 a.C.)
2º) Assíria: 900-607 a.C. Levado o Reino do
Norte (Israel) em cativeiro (734-721 a.C). Os assírios eram muito cruéis. Não
poupavam a ninguém. Nínive era a capital. O nome deriva de Nina, um dos nomes
da deusa lua de Ur. (Seu nome mais comum era Istar.) A Assíria fez-se à custa
de pirataria. Para inspirar terror aos povos vizinhos, eles constumavam fazer
montes de caveiras dos seus prisioneiros. Foi fundada por Assur (Gn 10). Teve
reis famosos como Tiglate-Pileser I (1120-1100 a.C), mais ou menos
contemporâneo de Samuel. Como império mundial, a Assíria tem mais relação com o
Reino do Norte (Israel).
Alguns reis desse império mundial:
- Salmaneser II (885-860 a.C.) Foi o
primeiro rei assírio a hostilizar Israel. Acabe fez-lhe frente. Jeú pagou-lhe
pesado tributo.
- Tiglate-Pileser III (747-727 a.C.)
Também
chamado Pul, na Bíblia. Levou para o cativeiro habitantes do Norte de Israel,
em 734.
-
Salmaneser IV (727-722 a.C.) Sitiou Samaria, morrendo no sítio (2 Rs
17.5).
- Sargão II (722-705 a.C.) Consumou o
cativeiro do Reino de Israel (2 Rs 17.6).
- Senaqueribe (705-681 a.C.) O mais famoso
rei assírio. Invadiu Judá, sendo derrotado por um anjo diante de Jerusalém (2
Rs 19.35).
- Em 607 a.C, assediado pelos citas, medos
e babilôni-cos, o feroz e brutal império caiu!
-
Jonas, profeta do reino de Israel, foi enviado como missionário a
Nínive, capital da Assíria (!), provavelmente durante o reinado de Adade-Ninari
(808-783 a.C.)
3?) Babilônia: (606-536 a.C.) Destruiu
Jerusalém e o templo de Salomão. Levou Judá em cativeiro. Foi império mundial
durante o tempo em que Israel esteve cativo: 70 anos!
Babilônia foi o berço da raça humana. Aí
ficava o Éden. Adão, Noé e Abraão viveram em seu território. Cerca de 2000 a.C.
Babilônia foi potência dominadora mundial. Houve em seguida um longo período de
declínio, ficando a supremacia com os assírios. Depois de quase dois mil anos,
Babilônia ressurgiu como império mundial (606-536 a.C.) Nesta condição, teve 6
reis. Nabucodonosor - o 2? rei - foi o maior deles.
Esse rei levou os judeus ao cativeiro.
Daniel foi um dos cativos. A ele afeiçoou-se o rei e fê-lo um dos seus conselheiros.
A influência de Daniel sobre esse rei, sem dúvida, minorou a condição dos cativos
judeus. O último rei de Babilônia foi Belsazar. Ele iniciou o seu reinado
associado ao pai, Nabonido. Em Daniel 8.1, o "terceiro ano do reinado de
Belsazar" é a partir de seu reino associado com seu pai. Em 5.7,29, assim
se compreende o "terceiro no reino": l9 Nabonido; 2? Belsazar; 3?
Daniel. Em 5.2,11, Belsazar é chamado "filho de Nabucodonosor",
porém, no sentido de descendente (Jr 27.7). (Ver também Romanos 9.10 e 2 Reis
14.3, onde "pai" está no sentido de ancestral.) Daniel serviu no
palácio com todos os reis babilônicos, a partir de Nabucodonosor. Foi uma testemunha
fiel de Deus no palácio do império que dominou o mundo: Daniel viveu em
Ba¬bilônia da elevação à queda do império.
4º) Pérsia: 536-331 a.C. Em 536, Ciro o
Grande, venceu Babilônia e decretou a volta dos judeus, os quais novamente se
organizaram como nação. Lista dos reis persas, dos quais, vários estão
mencionados nos livros de Esdras, Nee-mias e Ester:
• Ciro. 538-529 a.C. (Ed 1.1; Is 45.1; Dn 1.21). Deus chamou-o pelo
nome 150 anos antes de seu nascimento (Is 45.1). Só Deus pode fazer isto! Ciro
conquistou Babilônia em 536 a.C.
• Dario o Medo. Também chamado Dario I, e
Dario filho de Assuero (Dn 5.31; 6.1,28; 9.1). Esse monarca, foi, por Ciro,
constituído rei, interinamente, sobre a Caldéia, enquanto Ciro completava suas
conquistas (Dn 9.1). Ciro, ao terminar suas conquistas, ocupou o trono do
império (Dn 6.28). O Assuero, pai deste Dario, não é o mesmo mencionado em Ester
1.1.
• Assuero. 529-522 a.C. (Ed 4.6). É chamado
na História por Cambises II, filho de Ciro. É ainda conhecido por Xerxes I.
• Artaxerxes I. 522-521 a.C. (Ed 4.7-11).
Determinou a suspensão das obras do templo, conforme Esdras 4.21-24. A História
chama-o Smeredis.
• Dario II. 521-485 a.C. (Ed 4.5; 5.6;
6.1). É filho de Smeredis. Conhecido na História por Histaspes. É o Dario da
Pedra de Behistum, perto de Hamadã. Ordenou a conclusão do templo. É o famoso
Dario da Batalha de Maratona, Grécia, onde ele foi vencido pelos gregos (490 a.C.)
É o pai de Assuero, marido de Ester (Et 1.1).
• Assuero. 485-465 a.C. (Et 1.1). Foi
esposo de Ester. A História chama-o Xerxes II. Foi derrotado pela esquadra
grega, em Salamina, Chipre, em 480 a.C. "Assuero" corresponde à
palavra grega "Xerxes". Não confundir este com o Assuero de Esdras
4.6. Foi o mais poderoso e o mais rico rei persa.
• Artaxerxes II. 465-424 a.C. (Ed 7.1; Ne 2.1; 13.6). Filho do rei
anterior. A História chama-o Longímano. Foi enteado da rainha Ester. Isto
explica sua magnanimidade para com os judeus. Certamente a rainha influiu muito
na formação de seu caráter. Autorizou seu ministro Neemias a reedificar
Jerusalém.
• Dario III, o Notus. 424-404 a.C. Não é
mencionado na Bíblia.
• Artaxerxes III, o Mnémon. 404-359 a.C.
Não é mencionado na Bíblia.
• Artaxerxes IV, o Ocus. 359-338 a.C. Não é
mencionado na Bíblia.
• Arses. 338-335 a.C. Não é mencionado na
Bíblia.
• Dario IV. 335-331 a.C. Mencionado na
Bíblia em Neemias 12.22. A história chama-o Codómano. Vencido por Alexandre o
Grande, na batalha de Arbela, Assíria, em 331
a.C. Caiu então o grande império persa.
5?) Grécia: 331-146 a.C. Em 330 Alexandre o
Grande, tinha o mundo a seus pés, após seis anos de conquista. Em 332 invadiu a
Palestina. Foi tolerante e benevolente para com os judeus. Levou a cultura
grega a toda parte. Morreu, em Babilônia, em 323, aos 33 anos de idade. Seu
vasto império foi pouco depois dividido entre 4 de seus generais. A Grécia foi
o centro da Filosofia, da Literatura, das Ciências e da Arte. Era lugar de
encontro das classes cultas do mundo. Quanto à religião, os gregos eram idolatras
por excelência.
6º) Roma: 146 a.C. - 476 d.C. Em 146 a.C,
Roma venceu a Grécia na Batalha de Leucópetra, no istmo de Corin-to. A
cidade-reino de Roma foi fundada em 753 a.C, na região do Lácio, e, após
conquistar toda a Itália, veio a ser senhora do mundo. Passou a república em 509
a.C. Tornou-se império em 31 a.C. Jesus nasceu quando esse poderoso império
dominava o mundo conhecido. A Palestina foi por ele conquistada em 63 a.C. Em
seus dias, também a Igreja foi fundada. É de grande valor para o estudante da
Bíblia o conhecimento da história do Império Romano sob vários aspectos. Nos
dias do NT, Roma, a capital, tinha 1.500.000 habitantes, sendo a metade
constituída de escravos. Os limites do império compreendiam 4.800km de leste a
oeste, e 3.200km de norte a sul. População total: 120.000.000 de habitantes. Ia
do Atlântico ao Eufrates, e, do mar do Norte ao Deserto Africano.
Dentre os imperadores romanos,
mencionaremos apenas os 12 Césares. O nome césar significa senhor. É o mesmo
que Kurios (grego); Kaiser (alemão); Czar (russo). O nome César foi herdado do
grande general Caio Júlio César. Este, integrou o primeiro triunvirato romano
em 59 a.C. com Pompeu e Crasso. Depois, César governou sozinho como ditador.
Foi assassinado em 44 a.C. por Bruto, seu filho adotivo.
OS DOZE CÉSARES
1. Augusto (Caio Júlio César Otávio
Augusto). 31 a.C. a 14 d.C. (Lc 2.1). "Augusto" foi título conferido
pelo Senado em 27 a.C, e significa sublime, venerando. No seu reinado Jesus
nasceu.
2.
Tibério (Tibério Cláudio Nero). 14-37 d.C. (Lc 3.1). O ministério de
Jesus e o começo da Igreja ocorreram em seu reinado. Reinou com Augusto de 11 a
14 d.C. Seu "ano 15" de Lc 3.1 é contado a partir de 11 d.C.
3.
Calígula (Caio Júlio César Germânico Calígula). 37-41 d.C. Não é
mencionado na Bíblia. Cometeu os maiores desvarios.
4.
Cláudio (Tibério Cláudio Druso Nero). 41-54 d.C. (At 11.28). Venceu os
britânicos em 4 d.C.
5.
Nero(Nero Cláudio César Augusto Germânico). 54-68 d.C. (At 25.11; 26.32; Fp 4.22; 2 Tm 4.17; 1 Pe 2.17). Incendiou Roma em
64 d.C, lançando a culpa sobre os cristãos. Milhares deles foram queimados
vivos ou jogados na arena para serem comidos por animais famintos. Foi um dos
maiores monstros da História. Seu prazer era assistir a agonia de morte de suas
vítimas. Executou o apóstolo Paulo, em 67 d.C.
6.
Galba (Sérvio Sulpício Galba). 68-69 d.C. Não é citado na Bíblia.
7.
Oto (Marcos Sálvio Oto). 69 d.C. Não é mencionado na Bíblia.
8.
Vitélio (Aulo Vitélio). 69 d.C. Não é mencionado na Bíblia. (Os anos 68
e 69 foram de grandes rebeliões internas.)
9.
Vespasiano (Tito Flávio Vespasiano). 69-79 d.C. Não é citado na Bíblia.
No seu reinado, Jerusalém foi destruída no ano 70 d.C, por Tito, seu filho, que
então comandava os exércitos romanos no Oriente.
10.
Tito (Tito Flávio Sabino Vespasiano). 79-81. Filho de Vespasiano. Não é
mencionado na Bíblia.
11.
Domiciano (Tito Flávio Domiciano). 81-96 d.C Filho de Vespasiano. Tremendo
perseguidor dos cristãos. No seu reinado, o apóstolo João foi banido para
Patmos.
12. Nerva (Marcos Cócio Nerva). 96-98 d.C
QUESTIONÁRIO
1.
Quais os pontos de partida para a contagem do tempo entre os escritores
da Bíblia?
2.
Que ramo da ciência vem melhorando e precisando a cronologia bíblica?
3.
Quem calculou as datas que aparecem nas margens de certas edições da
Bíblia? Em que ano foram essas datas inseridas na Bíblia?
4.
Cite as três fontes bíblicas de dados cronológicos.
5. Dê
o título e ano inicial das principais eras históricas.
6. Como resolver as dificuldades
cronológicas do próprio texto bíblico, como por exemplo: Êxodo 12.37 com Números
1.46?
7.
Explique a relação entre séculos e anos quanto ao cálculo de anos.
8. A cronologia conta o tempo
"a.C." partindo inicialmente de onde e indo para onde?
9. O
calendário atual tem um erro de quase 5 anos; a mais ou a menos?
10.
Entre os judeus, que hora era a Hora Sexta, como se vê em João 4.6?
11.
Cite o início e o término do dia civil judaico e romano, nos dias de
Jesus?
12.
Donde vem o nosso sistema sexagesimal (horas divididas em 60 minutos e
estes divididos em 60 segundos)?
13. Quando os meses hebraicos passaram a
ter nomes?
14.
Qual a duração em dias do ano hebraico?
15.
Cite os meses em que se iniciavam os anos civil e religioso em Israel.
16. Localize e cite os seguintes períodos
ou datas da
CRONOLOGIA
BÍBLICA:
- Chamada de Abraão..............................................
- Êxodo dos israelitas...............................................
- Ministério de Samuel..............................................
- Reinado de Davi.....................................................
-Cativeiro do Reino do
Norte.....................................
- Consumação do cativeiro do Reino do
Sul.................
- Fundação de Roma...............................................
-Nascimento do Senhor Jesus...................................
-Ministério do Senhor
Jesus.......................................
- Fundação da Igreja................................................
-Morte do apóstolo Paulo..........................................
- Destruição de Jerusalém.........................................
17. Dos 12 filhos de Jacó, cite os 2 que
não herdaram território, e quem os sucedeu?
18 Cite pela ordem os 6 impérios mundiais
da História. 164.
GEOGRAFIA
BÍBLICA
O presente capítulo cuidará do estudo de
pontos e aspectos salientes de Geografia Bíblica. Somente pontos capitais serão
focalizados. Parte do assunto já foi apresentada nos capítulos VI e VII que
acabamos de estudar.
1. Importância da Geografia Bíblica
a. É o palco terreno e humano da revelação
divina.
b. Ela dá cor, localiza, situa, fixa e
documenta os relatos sagrados. Torna os acontecimentos históricos mais vividos
e as profecias mais expressivas. O ensino torna-se mais objetivo quando podemos
situar os locais onde os fatos se desenrolaram.
c. Sob qualquer aspecto, a geografia das
nações circun-vizinhas da Palestina fornece muitos esclarecimentos a respeito
das Santas Escrituras e suas doutrinas. Geografia, História e Arqueologia
Bíblica são assuntos interligados. Sua compreensão muito auxilia o estudante.
d. As nações vêm de Deus, logo o estudo do
assunto à luz da Bíblia é profícuo sob todos os pontos de vista (Dt 32.8; At
17.26). Quando Cristo aqui reinar, as nações continuarão, mas muitas serão
destruídas. Porém, o certo é que Cristo reinará sobre nações (SI 2.8; 72.11;
138.4; Dn 7.14; Mq 4.3, etc.)
2.
Fontes da matéria (Geografia Bíblica)
a. A Bíblia
A Bíblia faz menção de inúmeros lugares,
acidentes geográficos, povos, nações, cidades. É evidente que isto merece um
cuidadoso estudo. Há capítulos da Bíblia ocupados quase inteiramente com o
assunto (Gn cap. 10; Js caps. 15 e 21; Nm cap. 33; Ez caps. 45-47; Ap caps. 21
e 22 etc.) Somente de cidades da Palestina há menção de cerca de 600.
b. A História Geral é uma grande fonte,
quando de boa procedência.
c. A Arqueologia. A Arqueologia bíblica
teve seu começo em 1811, com o inglês Claude James Rich.
d. A Cartografia. É ciência antiguíssima.
(Ver Ezequiel 4.1.)
3. O
mundo bíblico
O mundo bíblico situa-se no atual Oriente
Médio e terras do contorno do mar Mediterrâneo. O berço da raça humana é a
Mesopotâmia, isto é, as planícies entre os rios Tigre e Eufrates. Daí partiram
as primitivas civilizações. Após a dispersão das raças (Gn caps. 10 e 11), Sem
povoou o sudoeste da Ásia; Cão povoou a África, e Canaã, a península arábica;
Jafé, a Europa e parte da Ásia. A divisão da Terra em continentes estaria
mencionada em Gênesis 10.25b. Limites do Mundo Bíblico
1)
Norte: Da Espanha ao mar Cáspio
2) Leste: Do mar Cáspio ao mar Arábico
(Oceano Indico)
3)
Sul: Do mar Arábico à Líbia
4)
Oeste: Da Líbia à Espanha Regiões, áreas e países do mundo bíblico
Citaremos apenas 17 países
1) Mesopotâmia. Berço da humanidade. Éden
adâmico
• Babilônia (país e capital) Caldéia,
Sinear, Súmer. É o Sul da Mesopotâmia.
• Assíria. É o Norte da Mesopotâmia.
Capital: Nínive.
2) Arábia. Capital: Petra. Vai da foz do
Nilo ao golfo Pérsico. Peregrinação de Israel. Ofir, a terra do ouro.
3) Pérsia. (Hoje Irã). Capitais: Susa,
Persépolis, Parságada, Ecbátana. 0 livro de Ester. Parte do livro de Daniel.
4)
Elam. (Hoje incorporado ao Irã). Capital: Susã (Gn cap. 14.1; At 2.9).
5) Média. Norte do Elam. Capital: Hamadã (entre
os gregos Ecbátana).
6) Armênia ou Arará
7) Síria ou Arã. Capital: Damasco. Seu
território não é o mesmo da Síria moderna (At 11.26).
8) Fenícia (Hoje Líbano, em parte).
Cidades: Tiro e Sidom. Navegantes famosos. Primitivos exploradores. Fundaram
Cartago no Norte da África.
9)
Egito, é o país mais citado da Bíblia, depois da Palestina. Seu nome é em
hebraico Mizraim (Gn 10.6). Teve várias capitais nos tempos bíblicos. Seu
futuro está predito na profecia bíblica, como por exemplo: Ezequiel 29.15.
Situa-se no Norte da África.
10) Etiópia. Ao sul do Egito. Conforme
Gênesis 2.13, havia outra Etiópia na região norte da Mesopotâmia, a chamada
"terra de Cush" (heb). A profecia a respei¬to da Etiópia no Salmo
68.31 teve cumprimento a partir de Atos 8.26-39. É um país de base cristã até
hoje. A Etiópia da Bíblia compreende modernamente a Abissínia e a Somália.
11) Líbia. Extensa região da África do
Norte. Simão, que ajudou Jesus a levar a cruz, era natural de Cirene - cidade
da Líbia (Mt 27.32). Igualmente, no Dia de Pentecoste havia cireneus em
Jerusalém (At 2.10).
12) Ásia (At 6.9; 27.2; 1 Pe 1.1; Ap
1.4,11). Não era o que hoje conhecemos como o continente asiático. Era uma
província romana situada na parte ocidental da Ásia Menor, tendo Éfeso como sua
capital. Toda a região da Ásia e Ásia Menor compreende hoje o território da
Turquia.
13)
Grécia ou Hélade (At 20.2). A Grécia antiga era conhecida pelo nome de
Acaia (At 18.12), nome derivado dos Aqueus - povo primitivo que a habitou.
14) Macedônia (At 19.21). Fica ao norte da
Grécia. A antiga Macedônia é hoje parte do território de vários países, a
saber: Norte da Grécia, Sul da Bulgária, Iugoslávia, e parte da Turquia. O
ministério do apóstolo Paulo ocorreu na Ásia Menor, Grécia e Macedônia,
principalmente. A capital da então Macedônia chamava-se Pella.
15) Ilírico (Rm 15.19). Região européia
onde Paulo ministrou a Palavra de Deus. É hoje a Albânia e parte da Iugoslávia.
A Iugoslávia mesma é a antiga Dalmácia de 2 Timóteo 4.10
16) Itália (At 27.1; Hb 13.24). País
banhado pelo Mediterrâneo, situado ao sul da Europa. Em Roma sua capital, foi
fundado um diminuto reino em 753 a.C., que mais tarde viria a ser senhor
absoluto do mundo. Para a Itália, Paulo viajou e pregou o Evangelho, mesmo como
prisioneiro.
17) Espanha (Rm 15.24,28). Paulo manifestou
o propósito de viajar à Espanha. Segundo os estudiosos da Bíblia, a cidade de
Tarsis, mencionada em Jonas 1.3; 4.2, ficava ao sul da Espanha. Era, no tempo
de Jonas, o extremo do mundo conhecido do povo comum. Foi a Espanha grande
perseguidora dos cristãos durante a Idade Média, especialmente através dos
tribunais da sinistra Inquisição.
MARES DO MUNDO
BÍBLICO
Citaremos por ora apenas cinco deles.
Outros serão tratados quando abordarmos a Palestina
1) Mar Vermelho (Êx 10.19; 15.4; SI
136.15). Mar originado no Oceano Indico ou mar Arábico. Em sua parte Norte,
fica o golfo de Acaba, à direita; e o de Suez, à esquerda. Neste último ocorreu
o estupendo milagre da passagem dos israelitas após saírem do Egito, quando o
mar fendeu-se (Êx 14.22).
2) Mar Adriático (At 27.27). Parte do mar
Mediterrâneo entre a Itália e a Dalmácia. O nome deriva da cidade italiana de
Ádria ao norte do referido país. No tempo de Paulo, o referido mar compreendia
área maior que a atual, conforme o relato de Atos capítulo 27.
3) Mar Negro. É conhecido na História por
Ponto Euxi-no. Situado no Norte da Ásia Menor. Não é citado na Bíblia. (Ponto
em grego é mar.)
4) Mar Cáspio. Conhecido como mar Hircano.
Situado ao norte da Pérsia. Não é citado na Bíblia.
5) Mar Egeu. Entre a Província da Ásia (na
Ásia Menor) e Grécia e Macedônia. Aí ficava a pequena Ilha de Patmos, onde o
apóstolo João foi exilado (Ap 1.9).
Montanhas do mundo Bíblico
1) Arará. É uma cordilheira (Gn 8.4). Fica
na Armênia. Altitude: 5.000 metros. Nessa cordilheira nascem os rios Tigre e
Eufrates.
2) Sinai. O mesmo que Fforebe. No Sul da
península do Sinai (Êx 19.2ss; SI 106.19). No monte Sinai, Israel recebeu a Lei
e teve lugar o pacto entre Deus e seu povo. Ali Deus falara antes com Moisés
(Êx 3.1ss).
3)
Os Líbanos. São duas cordilheiras ao norte da Palestina, não mencionados
na Bíblia, mas a denominação vem dos tempos dos gregos, e persiste até o
presente. Tem o sentido norte-sul. A do oeste é chamada Líbano; a do Leste:
Antelíbano. Nas encostas desses montes, cresciam os famosos "cedros do
Líbano" (1 Rs 5.6; SI 92.12). Esses montes são várias vezes citados nas
Escrituras.
4) Hermom. Fica no Sul dos montes
Antelíbano, sendo o limite norte da Palestina. Tem outros nomes na Bíblia.
Atinge mais de 3.000 metros de altitude. Está sempre coberto de gelo e neve.
Pode ser avistado de muito longe devido à sua imponência e alvura (Dt 3.8,9; SI
42.6; 133.3).
5) Seir. Região montanhosa de Edom, ao sul
do mar Morto (Gn 14.6; 32.3; 36.8; Js 24.4).
6) Nebo. O mais elevado pico do Monte
Pisga, nas montanhas de Abarim (Nm 33.47). Fica a leste da foz do Jordão, na
terra de Moabe. Do monte Nebo Moisés avistou a Terra Prometida (Dt 34.1). São
dois pontos da mesma serra.
Rios
1) Nilo (Gn 41.1). Foi no seu delta (terra
de Gósen) que o povo israelita permaneceu no Egito (Gn 47.6). Foi nas águas
deste rio que o pequenino Moisés flutuou (Êx 2.3). É portanto um rio ligado à
história do povo escolhido.
2) Tigre (Hb. "Hidéquel"). Corre
no Oriente da Mesopotâmia. Às suas margens ficava a grande cidade de Nínive.
Foi às margens deste rio que um anjo apareceu a Daniel (Dn 10.4). Banhava a
Assíria.
3)
Eufrates (Gn 2.14; Ap 16.12). É, às vezes, citado simplesmente como
"o grande rio". Banhava a cidade de Babilônia. O Tigre e o Eufrates
se unem no final de seus cursos. O trecho assim percorrido é chamado
Chat-el-Arab. Em tempos remotos, desembocavam separados no Golfo Pérsico (Gn
2.14).
Outros três grandes rios ligados aos povos
bíblicos mas não mencionados na Bíblia são o Leontes e o Orontes, na Síria, o Tibre
na Itália, banhando a cidade de Roma.
(Outros rios serão mencionados quando
tratarmos da Palestina.)
CIDADES
1)Ur. Na Caldéia ou Sinar (Gn 11.28). Terra
de Abraão. Cidade-reino importantíssima. Elevada civilização. Cultura anterior
à do Egito.
2) Nínive. (Gn 10.11; Jn 3.1ss). Capital da
Assíria, às margens do Tigre. Grande biblioteca do rei Assurba-nipal.
3) Damasco. (Gn 15.2; At 9.1ss; Gl 1.17).
Capital da Síria. É a mais antiga cidade do mundo continuamente habitada.
4) Mênfis. Mesmo que Nofe (Os 9.6). Capital
do Antigo Império do Egito. Época das pirâmides. Tempo de Abraão. 15 km ao sul
do Cairo. Para aí fugiram parte dos judeus remanescentes, após a destruição de
Jerusalém por Nabucodonosor (Jr 44.1).
5) Babilônia. O mesmo que Babel (Gn 10.10).
Capital do império do mesmo nome. Seus jardins suspensos eram uma das sete
maravilhas do mundo antigo. Cidade ímpia, vaidosa, orgulhosa. Foi no império
babilônico que os judeus estiveram exilados por 70 anos (Jr 25.11).
6) Harã. (Gn 11.31). Importante cidade ao
norte da Mesopotâmia. Ficava no extremo Norte do reino de Mari. Aí habitou
Abraão até a morte de Terá, seu pai, quando, então, reiniciou a jornada para
Canaã (At 7.4).
7)
Tiro. (2 Sm 6.11; Mt 15.21; At 21.3). Grande porto marítimo da antiga
Fenícia. Jesus pregou nessa região (Mc 7.24). Hoje chama-se Sar e pertence ao
Líbano. Os tírios foram navegantes e comerciantes famosos.
8) Sidom (Js 19.28; 1 Rs 17.9; Lc 6.17; At
27.3). É modernamente a cidade de Saída, Era também importante cidade da Fenícia.
Paulo tinha amigos aí e visitou-os quando na viagem para Roma (At 27.3). Pertence
hoje ao Líbano.
9) Atenas (At 17.15; 1 Ts 3.1). Era a
capital da Ática - uma das províncias da Grécia. Foi célebre centro de ciência,
literatura e artes do mundo antigo. Era no-tadamente idolatra (At 17.16-23).
10) Êfeso (At 18.19; Ef 1.1; Ap 2.1). Era a
capital da província da Ásia, na Ásia Menor. Era uma das maiores cidades do
Império Romano. Paulo realizou aí um grande trabalho missionário (At 19.8-10).
11)
Roma. Cidade da Itália, capital do Império Romano (At 19.21; Rm 1.7; 2
Tm 1.17). Edificada à margem esquerda do rio Tibre. Foi capital política e
cultural do mundo por muitos séculos. Aí escreveu Paulo várias de suas
epístolas, quando preso.
A PALESTINA OU
CANAÃ
Agora nos deteremos para estudar com
detalhes o país mais importante da Bíblia: a Palestina ou Canaã, modernamente
chamado Israel (se bem que o território do moderno Israel não é exatamente o
mesmo dos tempos bíblicos). Fatos sobre a Palestina
• Prometida por Deus aos hebreus (Gn 15.18;
Êx 23.31 e refs.)
• Centro geográfico do mundo, sob o ponto
de vista divino (Ez 5.5).
• Melhor terra do mundo (Ez 20.6).
• Os judeus seriam um povo separado das
demais nações (Lv 20.24; Nm 23.9; Dt 33.28; Jr 49.31; Mq 7.14).
• Por que Deus elegeu e chamou a nação
israelita? (Gn 3.15; Êx 19.6; Dt 7.6; Rm 3.2; 9.4,5)
Nomes pelos quais é conhecida a Palestina
• Canaã (Gn 13.12)
• Terra dos Amorreus (Js 24.8)
• Terra dos Hebreus (Gn 40.15)
• Terra de Israel (1 Sm 13.19; Mt 2.20)
• Terra de Judá, Judéia (Ne 5.14; Is 26.1;
Jr 40.12; Jo 3.22)
• Terra do Senhor (Os 9.3)
• Terra da Promessa (Hb 11.9)
• Palestina (Êx 15.14)
• Terra Santa (Zc 2.12)
• Terra Formosa (Dn 8.9)
• Israel (modernamente) Limites da
Palestina
• Sul: Arábia (Cades-Barnéia e Ribeiro
El-Arish (o "rio do Egito" em Gênesis 15.18).
• Norte: Síria e Fenícia.
• Oeste: mar Mediterrâneo. Na Bíblia: mar
Grande
• Leste: Síria e Arábia.
Superfície comparada: Menor que a do nosso
Estado de Alagoas. Alagoas tem 27.731 km2 ao passo que Israel atual tem 20.770
km2. No Antigo Testamento seu comprimento era de 250 km (de Dã a Berseba).
Largura: cerca de 88 km. Capital. Teve várias capitais, a saber:
• Gilgal (no tempo de Josué)
• Silo (no tempo dos Juizes)
• Gibeá (no tempo de Saul)
• Jerusalém (da época de Davi em diante).
Seu primeiro nome foi Salém, depois Jebus, mais tarde Jerusalém.
• Mispd (durante o cativeiro babilônico e
por pouco tempo) (Jr 40.8)
• Cesaréia (Durante o domínio romano).
• Tiberíades. Após a revolta de
Bar-Cocheba, em 135 d.C. Detalhes indispensáveis sobre Jerusalém
• Jerusalém foi fundada pelos hititas (Nm 13.29;
Ez 16.3). A cidade fica a 21 km a oeste do mar Morto, e 51 km a leste do mar
Mediterrâneo. Está edificada sobre um promontório, a 800 m de altitude. A leste
da cidade fica o monte das Oliveiras. A oeste e ao sul fica o vale de Hinon (em
gr. Geena). A cidade nos tempos bíblicos dividia-se em 5 zonas ou bairros.
• Ofel, a sudeste.
• Moriá, a leste.
• Bezeta, ao norte.
• Acra, a noroeste.
• Sião, a sudoeste.
Um vale interno chamado Tiropeon, corre de
norte a sul. Muitas de suas portas são mencionadas na Bíblia, mormente no livro
de Neemias. Outras são citadas no NT, como em João 5.2 e Atos 3.2.
Na distribuição da terra de Canaã, Jerusalém
ficou situada no território de Benjamim (Js 18.28). Foi conquistada em parte
por Judá, mas pertencia de fato a Benjamim (Jz 1.8,21). Sua população tinha
povo de Judá e Benjamim (Js 15.63). Não ficava, pois, no território de Judá (Js
15.8).
Saindo do jugo romano, caiu em poder dos
árabes em 637 d.C. e, salvo uns 100 anos, durante as Cruzadas, foi sempre
cidade muçulmana. Em 1518 os turcos conquistaram-na. Em 1917, os britânicos
assumiram o controle quando a Pa¬lestina ficou sob o seu mandato por decisão da
Liga das Nações. A partir de 1948, passou a ser cidade soberana (o setor novo),
porém, na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel a reconquistou das mãos dos
árabes, os quais dela tinham se apossado na guerra de 1948. Jerusalém será
metrópole mundial durante o Milênio, quando estará vestida do seu prometido
esplendor (SI 102.16; Is 2.3; Zc 8.22).
Nesse tempo, Israel estará à testa das
nações (Dt 28.1,13; 15.6), e desempenhará afinal o papel que Deus lhe reservou,
conforme lemos em Êxodo 19.6. Divisão política da Palestina
• No Antigo Testamento, foi a Palestina
repartida entre as 12 tribos de Israel.
• No NT, a divisão política já foi
apresentada no Cap. VI desta matéria.
MARES DA
PALESTINA
• Mar Mediterrâneo. É na Bíblia chamado mar
Grande, e mar Ocidental.
• Mar Morto. Aparece sob vários nomes no
Antigo Testamento, como: mar Salgado, (Gn 14.3); mar de Arabá (Dt 3.17), etc.
• Mar da Galiléia. Outros nomes: mar de
Quinerete (Nm 34.11), mar de Genesaré (Lc 5.1), e, mar de Tiberíades (Jo 21.1).
Rios da Palestina
• Jordão, que corre no sentido norte sul.
Nasce no monte Hermon e deságua no mar Morto.
•
Querite. Desemboca no Jordão, margem ocidental. É um "uádi."
• Cedrom. Banha Jerusalém, lado leste. É
também um "uádi", isto é, rio temporário.
• Jaboque (Gn 32.22; Js 12.2). É afluente
do Jordão, margem oriental.
• Iarmuque. Afluente do Jordão, margem
oriental. Não é citado na Bíblia. Deságua ao sul do mar da Galiléia.
• Arnom (Nm 21.13; Js 12.1). Deságua no mar
Morto, margem oriental. Era o limite sul da Palestina, frente oriental.
• Quisom (1 Rs 18.40). Deságua no mar
Mediterrâneo, perto do monte Carmelo.
Montes da Palestina
• Tabor, na Galiléia. Altitude: 615 metros.
(Jz 4.6). A transfiguração de Jesus (Mt 17.1,2) crê-se tenha ocorrido aí.
• Gilboa, em Samaria (1 Sm 31.8; 2 Sm
21.12). Altitude: 543 metros.
• Carmelo, em Samaria (1 Rs 18.20). Seu
ponto mais alto é 575 metros. Fica no promontório que forma a baía de Acre,
onde se localiza a moderna cidade de Haifa.
• Ebal e Gerizim (dois montes), em Samaria
(Dt 11.29; 27.1-13).
• Moriá, em Jerusalém. Ali, Abraão ia
sacrificar Isaque (Gn 22.2), e, Salomão construiu o templo de Deus (2 Cr 3.1).
• Sido, em Jerusalém, a sudoeste. Altitude:
cerca de 800 metros. O local e o termo "Sião" são usados de modo
diverso na Bíblia. Na poesia bíblica, por exemplo, significa toda a cidade de
Jerusalém, como no Salmo 133.3. O termo é também aplicado em alusão ao Céu (Hb 12.22;
Ap 14.1).
• Monte das Oliveiras, em Jerusalém (Zc
14.4; Mt 24.3; At 1.12). Aí Jesus orou sob grande agonia, na noite em que foi
traído (Lc 22.39,44).
• Monte Calvário. (Lc 23.33). Local onde
Jesus foi crucificado, e próximo do qual foi sepultado; fica fora dos muros da
cidade de Jerusalém na sua parte norte. Era uma elevação à beira de uma estrada.
Próximo ao local da crucificação deu-se a ressurreição (Jo 19.41). Aí, em 1885,
o General Gordon descobriu um túmulo, cujas pesquisas revelaram nunca ter sido
ocupado. Passou à ser tido como o de Cristo.
CLIMA DA
PALESTINA
O tipo de relevo do solo da Palestina
resulta numa superfície muito variada, com muitas regiões elevadas e muitas
baixas, originando toda espécie de climas, desde o tropical, no Jordão, até o
de intenso frio, no Hermom, a 2.815 metros de altitude. A faixa litorânea tem
uma temperatura média de 2 graus. No vale do Jordão, a temperatura sobe a 40
graus centígrados. A temperatura média de Jerusalém é de 22 graus. Em janeiro
chega a 4. É devido a essa variedade de climas que a Palestina presta-se a toda
espécie de cultura. Resumo Histórico da Palestina até o Tempo Presente
1) Conquistada pelos israelitas sob Josué
em 1451-1445 a.C.
2)
Governada por juizes: 1445-1100 a.C.
3) Monarquia: 1053-933 a.C.
4)
Reinos divididos de Judá e Israel: 933-606 a.C.
5)
Sob os babilônios: 606-536 a.C.
6)
Sob os persas: 536-331 a.C.
7)
Sob os gregos: 331-167 a.C.
8)
Independente, sob os Macabeus: 167-63 a.C.
9)
Sob os romanos: 63 a.C. - 634 d.C.
10)Sob os árabes: 634-1517 d.C. Período das
Cruzadas: 1095-1187. (As Cruzadas foram tentativas do cristianismo, para
libertar a Palestina das mãos dos muçulmanos árabes.)
11)
Sob os turcos, como Império Otomano: 1517-1914 d.C. Os turcos também são
muçulmanos, apenas têm mais influência oriental.
12)
Sob os ingleses (protetorado), por delegação da Liga das Nações:
1922-1948.
13). Em 14.5.1948, foi proclamado o ESTADO
DE ISRAEL, com a estrutura de república democrática. O primeiro governo
autônomo judaico em mais de 2.000 anos! De agora em diante cumprir-se-á Amos
9.14,15! Os sete povos cananeus, primitivos habitantes da Palestina (Êx 33.2;
Dt 7.1; 20.17).
1) Heteus ou Hititas. Um dos três mais
poderosos povos do Oriente Médio. Os outros dois foram os egípcios e os
mesopotâmios. O núcleo central ficava na Ásia Menor, perto de Ancara. Eram
camitas (Gn 10.16).
2)
Girgaseus. Eram camitas (Gn 10.16)
3) Amorreus ou Amoritas. Eram camitas (Gn
10.16). Seu reino ficava em Mari, próximo a Mitâni, região de Ha-rã.
4)
Cananeus. Eram camitas (Gn 10.16).
5) Pereseus ou Fereseus. (Gn 13.7). Não se
sabe a origem. Nada têm com os fariseus do Novo Testamento, que eram um grupo
religioso.
6) Heveus ou Horeus (Gn 14.6; Dt 2.12,22).
São os humanos da História. Eram camitas (Gn 10.17).
7) Jebuseus. Eram camitas (Gn 10.16).
Neles cumpriu-se a profecia de Noé em
Gênesis 9.25. A localização das doze tribos de Israel na Palestina
Tribos a leste do Jordão: 3 - Manasses
(parte), Gade, Rúben.
Tribos litorâneas: 5 - Aser, Manasses,
Efraim, Dã (parte), Judá.
Tribos centrais: 4 - Naftali, Zebulom,
Issacar, Benjamim.
Tribos dos limites Norte, e Sul: 2 - Dã
(parte), Simeão.
(Norte e Sul, respectivamente). Outros
aspectos da Geografia Bíblica
O estudante da Bíblia pode por si só
estudar inúmeros outros pontos e aspectos da geografia bíblica, tanto no Antigo
como no Novo Testamento, uma vez que o assunto não requer maiores investigações
no próprio texto bíblico. Exemplos de assuntos:
1. As cidades visitadas por Jesus. Estão
mencionadas nos quatro evangelhos.
2. As viagens missionárias do apóstolo
Paulo. Através do relato bíblico podemos acompanhar o apóstolo nessas viagens, vendo
as cidades onde o grande missionário trabalhou e estacionou. (At caps. 13 a
28).
3. As sete igrejas da Ásia (província)
mencionadas no Apocalipse. (Caps. 2 e 3 de Apocalipse). O estudante pode
facilmente localizar essas cidades num bom mapa bíblico do Mundo Bíblico do
Novo Testamento.
Há quatro mapas indispensáveis para um
estudante de Geografia Bíblica. Esses 4 mapas o estudante deve, não somente
saber interpretá-los, mas também reproduzir seus perfis e generalidades, à mão
livre. Esses mapas são:
• O mundo Bíblico do Antigo Testamento.
• O mundo Bíblico do Novo Testamento.
• A Palestina do Antigo Testamento.
• A Palestina do Novo Testamento,
QUESTIONÁRIO
1.
Cite alguns dados mostrando a importância do estudo da Geografia
Bíblica.
2.
Cite algumas fontes de estudo da Geografia Bíblica.
3. Dê os limites do chamado Mundo Bíblico.
Mostre isso num mapa.
4. Localize num mapa os seguintes países e
regiões do Mundo Bíblico: Mesopotâmia, Armênia, Fenícia, Assíria, Síria, Egito,
Ásia (província), Macedônia, Acaia, Ilírico, Espanha, Itália.
5.
Localize num mapa (ou mapas), as seguintes cidades: Jerusalém, Nazaré,
Jerico, Belém, Cafarnaum, Ur, Mênfis, Damasco, Babilônia, Nínive, Harã, Atenas,
Ro¬ma, Éfeso, Gaza, Antioquia, Cesaréia, Tiro, Cartago.
6. Localize os montes: Arará, Hermon,
Calvário, Nebo, Sinai, Seir.
7.
Localize os rios: Tigre, Nilo, Jordão, Tibre, Leontes, Jaboque, Quisom.
8.
Localize os mares: Mediterrâneo, Vermelho, Galiléia, Morto, Egeu,
Adriático, Arábico, Negro, Cáspio, Golfo Pérsico.
9.Vida e costumes dos povos bíblicos
A vida, com seus usos, leis e costumes,
difere de povo para povo, isso modernamente. Imagine-se como não estão
distantes os costumes antigos orientais tão citados na Bíblia! Esses fatos,
quando não compreendidos hoje, são tidos como aberrações. A Bíblia cita
inúmeras leis, preceitos, coisas e costumes do modo de viver oriental, que se o
estudante desconhecer suas causas, razões, e modo de ser, não compreenderá
muita coisa da revelação divina, já que tais fatos estão entretecidos no corpo
do relato bíblico. Quem quer que se ocupe da leitura e estudo do Santo Livro
estará sempre se deparando com essa dificuldade.
Vamos destacar alguns casos dos acima
mencionados, e estudá-los resumidamente, já que um elementar curso de
Introdução Bíblica não comporta o exame demorado da matéria em questão.
1.
Gênesis 24.2; 47.29-31
O juramento com a mão sob a coxa.
Significava então submissão, obediência irrestrita. Por isso Deus tocou a coxa
de Jacó! (Gn 32.24-32). Realmente, dali para a frente Jacó tornou-se um homem
de Deus. Até seu nome foi mudado!
2.
Gênesis 37.34 - Rasgar as vestes
Era demonstração de luto, lamento,
tristeza. Há 28 casos na Bíblia. Os sacerdotes não podiam fazer isso (Lv 10.6),
mas, o de Mateus 26.5 o fez, sem razão. Esse ato de rasgar as vestes obedecia a
uma série de regras.
3. Juizes 5.10 - O cavalgar sobre jumentas
brancas Era então costume exclusivo dos reis, juizes e fidalgos. Isso explica a
passagem em apreço.
4. Juizes 9.45 - Semeadura de sal
Esse ato significava desolação perpétua
sobre o local. Castigo perene.
5.
Rute 3.9 - Pôr a aba da capa sobre alguém Significa a proteção. Aqui
tratava-se da lei do levirato, conforme Deuteronômio 25.5-10, portanto nenhuma
indecência havia aqui, como muitos o querem.
6.
Salmo 119.83 - Um odre na fumaça
Odres são vasilhas feitas de peles para o
transporte de líquidos. Eram postas sobre a fumaça para ficarem endurecidas
pelo calor e fumaça. Isso também fazia aumentar de resistência a espessura do
couro, através do encolhimento. Fala do estado de alma de Davi.
7. Mateus 1.18 - Maria desposada com José
Na linguagem do Antigo Testamento, o termo
significa noivos, conforme vemos em Deuteronômio 20.7; 22.23,24. Naqueles
tempos, em Israel, o noivado era ato seriíssimo. E de fato o é. Os noivos
tinham responsabilidade como se fossem casados! Em suma: Em Israel, o noivado
era o primeiro ato do casamento. Nessa ocasião, o noivo entregava à noiva o
contrato de casamento, ou uma moeda inscrita: "Consagrada a mim."
8. Mateus 25.1-13 - Um casamento oriental
As núpcias duravam 7 ou mais dias. A união
definitiva do casal somente tinha lugar no último dia. Nesse dia, o noivo
dirigia-se à casa da noiva, à noite, e a conduzia para sua casa. Às vezes, o
ato ocorria também de dia. A lua-de-mel durava um ano! (Dt 24.C).
9. Mateus 27.48 - O vinho oferecido a Jesus
na cruz Tal praxe era usada então para tornar as vítimas in¬sensíveis antes da
morte. Jesus recusou. Sofreu a morte em estado de plena consciência.
10. Lucas 5.19- ü teto (eirado) da casa,
aberto com tanta facilidade
As casas da Palestina não tinham telhado, e
sim eirado. Isto é, uma espécie de lage, feita de vigas de madeira, recobertas
de pedra e barro. O eirado recebia tratamento especial, a fim de recolher águas
pluviais, dada a carência de água potável na citada região. Num teto assim, era
fácil preparar uma abertura.
11. Lc 10.4 - A ordem de Jesus: "A
ninguém saudeis pelo caminho"
Não se tratava de indelicadeza. O tempo que
restava para Jesus era pouco, muito pouco, e as saudações orientais tomavam
muito tempo, não somente devido à troca de expressões formais, mas também por
causa das poses que o corpo assumia. Se os enviados por Jesus cumprimentassem o
povo segundo a maneira daquela época, Ele não cumpriria sua missão redentora no
devido tempo. Ele sempre se referia ao "meu tem-po".
12. Atos 1.12 - O caminho de um sábado
Isto é, o caminho permitido no dia de
sábado. Era a distância que ia da extremidade do arraial das tribos, ao
tabernáculo, quando no deserto. Essa distância era de 2.000 cúbitos,
equivalente a 1.200 metros (Js 3.4).
13. Romanos 12.20 - Brasas sobre a cabeça
do inimigo (Pv 25.21,22)
O fato refere-se às leis levíticas de
Levítico 16.12, quando o sumo sacerdote fazia expiação pelo povo, incluindo o
incensário cheio de brasas. A expiação satisfazia à justiça de Deus, promovendo
a reconciliação do homem com Ele.
Os poucos casos aqui citados servem para
dar uma idéia do valor que há na compreensão da vida, das leis, e dos usos e
costumes antigos, orientais, conforme vemos na Bíblia. Há inúmeros casos.
Citamos aqui apenas alguns como exemplo. Eles estão na revelação divina,
elucidando muitos de seus aspectos.
DIFICULDADES DA
BÍBLIA
I. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1. As dificuldades da Bíblia situam-se no
campo da Hermenêutica Sagrada.
2. Hermenêutica é o estudo das leis e
princípios de interpretação das Sagradas Escrituras, para se chegar ao sentido
do texto bíblico.
3. O
termo "hermenêutica" significa literalmente "interpretar" e
deriva do vocábulo grego "Hermes", um dos chamados deuses da antiga
mitologia grega, porta-voz dos deuses e protetor dos viajantes. Era o deus do
co¬mércio e dos comerciantes.
4. O termo grego "Hermes",
corresponde ao latino "Mercúrio", palavra esta derivada de
"merx", mercado, comércio, e aparece em Atos 14.12, ligado ao evento
ocorrido em Listra, na Ásia Menor, quando os habitantes dessa cidade, vendo um
milagre operado por meio de Paulo, julgaram-no um deus, chamando-o de Mercúrio.
5. No paganismo romano, Mercúrio era filho
de Júpiter, também mencionado em Atos 14.12. Júpiter era chefe dos deuses no
Panteão Romano. (Júpiter, corresponde ao falso deus grego, Zeus).
6.
Passagens históricas da Bíblia, como Atos 14.12, precisam ser encaradas
no contexto histórico da sua época.
7. A
Bíblia foi tecida no tear da História, e não pode ser realmente compreendida se
o leitor ignorar os acontecimentos e as circunstâncias que a cercam, como por
exemplo, a igreja primitiva e seu lugar no mundo greco-romano.
II.REQUISITOS PARA O PROGRESSO NO CONHECIMENTO
DAS SAGRADAS ESCRITURAS
Antes de abordarmos o campo das
dificuldades bíblicas, vejamos alguns assuntos prioritários que devem preceder
à abordagem de dificuldades bíblicas. Um deles é o dos requisitos para o
progresso no conhecimento das Sagradas Escrituras.
O plano de Deus para o cristão é que uma
vez salvo prossiga até o pleno conhecimento da verdade (1 Tm 2.4 ARA). A
tragédia é que milhões de cristãos estacionam após o primeiro passo na vida
cristã, o que infalivelmente resulta no seu nanismo espiritual. Alguns requisitos
ou fatores de progresso no conhecimento da Palavra de Deus, são os que passamos
a considerar. 1/4 espiritualidade do cristão (1 Co 2.15) É o cultivo da vida
espiritual profunda.
Essa
espiritualidade fundamenta-se
num profundo amor à Palavra de
Deus (Dt 6.6b). Considerar, aí, o termo afetivo "coração".
2. A operação do Espírito Santo no cristão
(Jo 14.26; 16.13)
3. A oração constante do cristão (Tg 1.5)
4. O
ministério de ensino de mestres cristãos (Ef 4.11) Deus tem na sua Igreja
pessoas com o dom e o ministério de ensinar a sua Palavra.
5. Livros apropriados (2 Tm 4.13) Livros de
cultura bíblica e secular.
6. Domínio da língua materna
- Como poderá o leitor entender o sentido
bíblico do texto, se não entender antes, o que diz o texto na su? língua materna?
7.
Conhecimento das línguas originais da Bíblia.
8.
Conhecimento de Hermenêutica Sagrada.
III. REGRAS PARA ELIMINAÇÃO DE DIFICULDADES
BÍBLICAS
Este é outro assunto prioritário em relação
a dificuldades da Bíblia. Seguem-se algumas regras simples, postas em prática
pelo autor, no estudo da Bíblia, anos a fio.
1. Leitura simples, mas contínua da Bíblia
toda
A leitura seguida e completa de toda a
Bíblia é a única maneira de conhecermos toda a verdade sobre um assunto que se
quer conhecer.
- Por que é preciso ler toda a Bíblia,
nesse caso? - Porque a revelação divina através da Bíblia é progressiva. Isto
é, nada é dito de uma vez, nem uma vez por todas. Um assunto inicia em Gênesis
e termina no Apocalipse, por exemplo.
2. 0
contexto bíblico. Deve-se considerar sempre o contexto do que se estiver lendo.
Destacar textos bíblicos, isolar idéias, enquadrar num tema geral ensinos de
uma só parte da Bíblia, é cair em grave erro.
1)
0 contexto geral da Bíblia. Isto é, a analogia geral da Bíblia é um fato.
Noutras palavras: nela não há contradições.
2) 0
contexto imediato da Bíblia. Este pode ser anterior ou posterior ao texto que
se lê ou estuda.
3) 0
contexto remoto da Bíblia é o que fica a longa distância do texto em
consideração, mas que com ele faz liame.
3.
Comparar Escritura com Escritura (2 Pe 1.20)
Aqui o estudante precisa ter um prévio e
geral conhecimento geral da Bíblia e dispor, pelo menos, de uma concordância
bíblica completa. Isto é, deixar a Bíblia falar por si mesma!
4.
Qualificações intelectuais do estudante
5.
Qualificações espirituais do estudante Especialmente humildade e
piedade.
6.
Os sentidos da Escritura
O estudante da Palavra de Deus deve ter
sempre em mente durante o estudo, os dois grandes sentidos do texto bíblico:
• O sentido literal do texto.
• O sentido figurado do texto.
IV.
O PERIGO DO INTELECTUALISMO
1. O
nosso século é caracterizado pela busca incessante do saber por parte de todos,
e também pela oferta do saber, considerada a multiplicação e a modernização dos
meios de comunicação de massa e instituições de ensino. Essa busca e oferta
podem ser do saber legítimo ou do falso (1 Tm 6.20).
2.
Na área da Bíblia há uma tendência atual do estudante de depender
primeiramente do seu intelecto, de cursos, de saber acumulado, de livros de
consulta, sem depender primeiramente dos meios divinos, caindo, assim,
infalivelmente, no modernismo teológico, no racionalismo e no humanismo, no
liberalismo teológico.
3.
Os livros, escolas e cursos podem ser bons, mas jamais serão substitutos
da Bíblia mesma.
4.
Devemos, sim, examinar livros, mas não para sermos um mero eco ou
reflexo deles. Há divergência entre autores de livros, mas na Bíblia, jamais!
Não devemos levar mais tempo com os livros,
do que com a própria Bíblia!
V.
DIFICULDADES DA BÍBLIA
• Referências a considerar, ao se estudar
este assunto (Dt 29.29; SI 145.3; Ez 14.23; Rm 11.33,34; 1 Co 13.12; 2 Pe
3.16).
• Há, é certo, dificuldades na Bíblia, mas
não contradições.
Não há nela contradições históricas, nem
científicas, nem doutrinárias.
• As dificuldades da Bíblia são todas do
lado humano, como: tradução mal feita, estudo superficial, má compreensão,
incapacidade humana, idéias preconcebidas, falsa aplicação do texto, falhas de
editoração, interpretação forçada.
• Os inimigos da Bíblia, ou aqueles que a
encaram apenas como literatura comum, sustentam haver erros nela, mas é claro
que um espírito ceticista, farisaico, preconceituoso e orgulhoso, sempre achará
falhas na Bíblia, porque dela se aproxima querendo "importar" suas
falsas idéias, quando a atitude correta, devia ser "exportar" as
idéias dela.
• Se alguma falha for encontrada na Bíblia,
será sempre do lado humano.
Portanto, ao encontrarmos na Bíblia um
trecho discre-pante, não pensemos logo que é erro! Saibamos refletir como
Agostinho, que disse: "Num caso desses, deve haver erro do copista, ou
tradução mal feita do original, ou então sou eu mesmo que não consigo
entender!" Passemos agora a considerar as dificuldades da Bíblia
1. DIFICULDADES LINGÜÍSTICAS
a. Línguas originais antigas
Línguas essas que
evoluíram tremendamente. As duas principais línguas originais são o
hebraico e o grego.
Uma dessas línguas é semítica: o hebraico;
outra é helênica: o grego.
b. Linguagem figurada em abundância Isto é
um fato comum na Bíblia.
c. Diferentes gêneros literários
Isto, por serem muitos os escritores, como
por exemplo:
Epístola Biografia Poesia História Drama
Tragédia
d. Má tradução das línguas originais Isto
constitui séria dificuldade.
e. Língua materna do falante
(Alguns exemplos na Bíblia, de dificuldades
lingüísticas. 1) Gênesis 10.25
"E a Éber nasceram dois filhos: o nome
dum foi Peleque, porquanto em seus dias se repartiu a terra..." Aqui, se
trata de repartir no sentido de fissura, separação, divisão.
Há muitos verbos hebraicos que significam
dividir, repartir, havendo pequena diferença entre eles. Dois desses verbos têm
significado bem diferente: "chalak", dividir, aquinhoar, partilhar. O
outro verbo é "palag", dividir fazendo pressão ou força sobre o objeto
a ser dividido. É este o verbo usado em Gênesis 10.25.
Trata-se, pois, aqui, na terra sendo
dividida em continentes.
Em Gênesis 1.9, temos a terra formando um
só bloco. No mesmo livro, 10.25, temos a terra sendo dividida em continentes.
Ainda hoje os continentes continuam se separando, conforme afirma e comprova a
ciência.
2)
Esdras 4.6
"E sob o reino de Assuero, no
princípio do seu reinado, escreveram uma acusação contra os habitantes de Judá
e de Jerusalém".
Esse "Assuero" é o mesmo
"Xerxes" da História secular.
"Assuero" é vocábulo hebraico;
"Xerxes" é vocábulo grego.
3)
Isaías 45.1
"Assim diz o Senhor ao seu ungido, a
Ciro." Ciro, chamado por Deus de "meu ungido", sendo ele um
homem não-crente.
O termo "ungido", em hebraico é
"messias". Este termo não se refere apenas a Jesus. Nalgumas
passagens, refere-se a reis, profetas, e sacerdotes de Israel. No caso de Ciro,
refere-se à sua designação por Deus, para uma missão especial. O termo, nesse
caso, nada tem a ver com a santificação ou caráter de Ciro.
4)
Isaías 45.7
"Eu formo a luz, e crio as trevas; eu
faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor faço todas essas coisas".
"Mal" aqui, não é mal no sentido moral, mas no sentido de
contratempos.
5)
Mateus 12.40-ARC
"Pois, como Jonas esteve três dias e
três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três
noites no seio da terra".
"Baleia" na ARC, é má tradução.
No grego é "ketos", peixe. No hebraico é "daggadol", peixe
grande. Ora, todos sabem que baleia não é peixe! A versão ARA traduziu corretamente:
"peixe".
6)
Mateus 23.35 + 2 Crônicas 24.20
Mateus 23.35 diz que o homem morto no
templo foi Zacarias, filho de Baraquias.
2 Crônicas 24.20,21 afirma que o homem
morto no templo foi Zacarias, filho de Jeoiada. É que o termo hebraico Jeoiada
corresponde ao grego Baraquias. 2.
DIFICULDADES
GEOGRÁFICAS
a. A Bíblia foi escrita em lugares de três
continentes (Europa, Ásia e África), contendo portanto expressões, imagens
mentais e pensamentos bem diferentes entre si.
b. A Bíblia cita lugares com mais de um
nome cada um, como veremos no exemplário adiante.
c. A
Bíblia dá um mesmo nome a diversos lugares.
d. A Bíblia trata de lugares que há muito
trocaram de nome: (países, cidades, rios, montanhas, mares, etc).
e.
Exemplos de dificuldades bíblicas geográficas
1)
Diferentes lugares com um mesmo nome: Cesaréia de Filipo, no Norte da
Galiléia, cidade interiorana.
Cesaréia, porto marítimo, capital política
da Palestina, nos dias de Jesus, na província da Judéia (Mt 16.13; At 8.40).
Antioquia da Síria (At 13.1) Antioquia da Pisídia (At 13.14)
2)
Um mesmo lugar com mais de um nome:
Mar da Galiléia
Mar de Genezaré
Mar de Tiberíades
3)
Lugares que trocaram de nome:
Pérsia (Irã)
Babilônia (Iraque)
Ilírico (Iugoslávia)
Sevene (Ez 29.10) corresponde à moderna Assuam,
no Egito.
3. DIFICULDADES ANTROPOLÓGICAS
a. Toda dificuldade bíblica é basicamente
antropológica.
b. Incapacidade de compreensão da revelação
divina.
c. Incompetência do leitor.
d. Ignorância de fatos que esclarecem o
assunto.
e. Nanismo espiritual.
f.
Exame superficial do texto bíblico.
g. Culturas orientais dos tempos bíblicos,
totalmente diferentes das nossas ocidentais atuais. São usos e costumes que já
não existem, nem mesmo lá no Oriente, quanto mais aqui.
h. Desqualificação do estudante, por
incompetência de cultura geral, cultura bíblica, e crítica textual científica
(Hermenêutica).
i. Diferentes personagens com o mesmo nome.
j. Nomes diferentes dados a uma mesma
pessoa.
1. Exemplário de dificuldades
antropológicas
1) Herodes. Há sete deles na Bíblia. Como
diferençá-los.
2) César, o imperador. Há três mencionados
no NT. É preciso determinar qual deles é o do texto em tratamento.
3) Diferentes nomes para uma pessoa:
Jetro, o sogro de Moisés aparece na Bíblia
com quatro antropônimos:
• Jetro (Êx 3.1)
• Reuel (Êx 2.18)
• Raguel (Nm 10.29) (FIG)
• Hobabe (Jz 4.11)
(Não confundir com Hobabe, filho do próprio
Jetro, Nm 10.29).
O rei Jeoiaquim, de Judá, aparece com três
nomes:
• Jeoiaquim (2 Rs 23.36 ARC) (Jeoaquim,
ARA)
• Jeconias (1 Cr 3.16,17)
• Conias (Jr 22.24 ARC)
4)
Dificuldades de compreensão.
Êxodo 29.37 - "...e o altar será
santíssimo: tudo o que tocar o altar será santo".
O sentido é que tudo o que tocar o altar
deverá santifi-car-se antes disso. Mateus 18.18; 16.19
"Tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos
céus". O sentido, é que, aquilo que a Igreja desligar ou ligar aqui na
terra, deverá ser o que já foi desligado ou ligado nos céus. Os modismos do
grego, em tais casos, são de difícil tradução para as línguas neolatinas. Outro
caso: 1 João 3.9. Temos aí o presente infinitivo ativo, no grego, de difícil
precisão em português a não ser que se adote paráfrase.
5)
Contexto histórico:
Por exemplo: Filipenses 3.20: "a nossa
cidade está nos céus".
"Nossa cidade" significa nossa
cidadania. O leitor precisa conhecer o sentido especial de "cidade"
entre os romanos, naquela parte do mundo, e conhecer a história de Filipos,
para entender de fato esses versículos.
4. DIFICULDADES CRONOLÓGICAS
a. A
Bíblia, quando menciona datas, fálo com base em eventos importantes, mas
particulares. Os escritores da Bíblia não dispunham de um sistema de datas,
como os temos no mundo ocidental. Daí, toda cronologia bíblica ser incerta.
b. Dificuldades nas eras. As eras atuais
entraram em uso há pouco tempo, em comparação com a extensão da história
bíblica. A Era Grega vem de 776 a.C. (data da primeira Olimpíada); a Era Romana
vem de 753 a.C. (data da fundação de Roma); a Era Maometana vem de 662 d.C.
(data em que Maomé fugiu de Meca); a Era Cristã vem de 5 a.C. (data do
nascimento de Cristo), etc.
Essa pluralidade de eras choca o leitor
comum ou leigo, que só tem noções do nosso calendário...
c. Dificuldades no texto bíblico. Há,
especialmente no período dos juizes de Israel, no período do reino dividido,e
no dos profetas, muitos períodos coincidentes em parte, reinados associados,
intervalos de anarquia política, frações de anos tomadas por anos inteiros,
parte tomada pelo todo, e arredondamento de números.
d. O
erro do nosso calendário. O nosso próprio calendário (chamado Calendário
Gregoriano) está atrasado em quase 5 anos devido a um erro de cálculo de Dionísio,
o monge que o organizou.
É ainda digno de nota que, em 1582 d.C, o
Papa Gre-gório XIII alterou o calendário cristão, aumentando-lhe 10 dias, para
corrigir uma diferença de minutos que se vinha acumulando desde o ano 46 a.C,
quando César reformou o calendário de então.
e. O
dia civil. Entre os judeus era contado de um pôr-do-sol a outro. Entre os romanos
ia de uma meia-noite a outra. O evangelista João emprega o calendário romano,
de modo que parece haver choque de horário nos eventos da paixão de Cristo,
entre ele e os demais evangelistas, mas não há.
f. O
ano. O ano judeu era lunar, causando desencontro entre ele e as estações
agrícolas. Para corrigir isto, os judeus tinham, cada três anos, um ano com 13
meses. Isto forçou os israelitas a adotarem o ano do ciclo solar, mais tarde.
g. A Bíblia foi escrita num extenso período
de 16 séculos. Isto implica uma evidente dificuldade cronológica.
h. Exemplos de dificuldades cronológicas da
Bíblia 1) Gênesis 15.13 e Êxodo 12.40
Gênesis 15.13 afirma que a peregrinação de
Israel seria de 400 anos em terra estranha. Êxodo 12.40 e Gálatas 3.17 falam de
430 anos. Gênesis 15.13 trata, sem dúvida, de arredondamento de números, porque
o somatório dos dados fornecidos pelo livro de Gênesis perfaz 430 anos, a
saber: • 75? ano de Abraão (Gn 12.14), o nascimento de Isaque, quando Abraão
tinha 100 anos (Gn 21.5) 25 anos
• Do nascimento de Isaque (Gn 21.5) ao
nascimento de Jacó (Gn 25.26)... 60
anos
• Do nascimento de Jacó (Gn 25.26), à sua
morte (Gn 47.28)... 47 anos
• Da morte de Jacó (Gn 47.28) à morte de
José (Gn 37.2 + Gn 41.46 + Gn 47.28 + Gn 50.22)... 54 anos
• Da morte de José (Gn 50.22) ao Êxodo dos
israelitas
(Êxodo 12.17).........................................144
anos
2) Gênesis 2.2,3 - ..................................430 anos
Os seis dias da criação adâmica, foram ou
não dias de 24 horas?
Foram dias de 24 horas. É somente comparar
Gênesis 2.2,3 com Êxodo 20.11 e 31.17, com o devido cuidado, e isenção de
preconceitos.
5. DIFICULDADES IMAGINÁRIAS E
PRECONCEITUOSAS
Essas dificuldades advêm do nosso modo
humano de pensar, de julgar, e de ver as coisas, e, nessa situação, queremos
interpretar a revelação divina, a. Exemplos de dificuldades imaginárias e
preconceituo-sas
1)
Gênesis 6.2
"Viram os filhos de Deus que as filhas
dos homens eram formosas, e tomaram para si mulheres de todas as que
escolheram".
Um estudo acurado dos textos bíblicos
pertinentes mostrará que "filhos de Deus" eram os descendentes da
linhagem piedosa de Sete, e que as "filhas dos homens" eram as descendentes
da linhagem ímpia cainita. (Ver Deuteronômio 14.1; Mateus 22.30.) Os
"filhos de Deus" não poderiam jamais ser anjos decaídos, porque estando
eles decaídos, jamais poderiam ser chamados "filhos de Deus". Por
outro lado, anjos não se casam, porque pertencem a outra esfera de vida,
posição e trabalho. (Ver Mateus 22.30.)
2)
João 20.12 e Marcos 16.5
João 20.12 fala de dois anjos na manhã da
ressurreição de Jesus. Marcos 16.5 fala de um anjo. Não há aqui qualquer
dificuldade, porque onde há dois, há um.
3) Atos 20.35 - Aqui há menção de palavras
de Jesus, que não são encontradas nos Evangelhos. Não há qualquer dificuldade
aqui. Muitas palavras que Jesus falou não foram registradas. Com inúmeros
milagres, ocorreu a mesma coisa (Jo 21.25).
4)
Romanos 4.3 com Tiago 2.21: Abraão justificado pela fé e pelas obras ao
mesmo tempo. - Como? Pela fé, diante de Deus, porque Deus vê fé, e não obras,
para a salvação. Pelas obras, diante dos homens, porque o homem vê obras,
mudança de vida, e não fé.
6. APARENTES CONTRADIÇÕES São aparentes
contradições, apenas. Exemplos:
a.
Gênesis 46.27 e Atos 7.14
Gênesis 46.27 afirma que todos os
descendentes de Ja-có que foram ao Egito, somaram 70 pessoas. Atos 7.14 afirma
que eram 75 pessoas. A casa de Jacó era de 70 pessoas (Êx 1.5). A esse nú¬mero
precisamos somar 5 netos de José (que já estavam no Egito).
Dois eram filhos de Manasses: Maquir e
Gileade (Nm 26.29).
Três eram filhos de Efraim: Sutela, Bequer,
Taã (Nm 26.35).
b. Números 25.9 e 1 Coríntios 10.8
Aqui se trata de um juízo divino que ceifou
milhares de israelitas.
1 Coríntios 10.8 afirma que morreram 23.000
pessoas. Números 25.9 fala de todos os que morreram daquela praga - 24.000
c. 1
Reis 8.12 versus 1 João 1.5
1 Reis 8.12 declara: "O Senhor disse
que habitaria nas trevas".
1 João 1.5 declara que "Deus é luz, e
não há nele treva nenhuma".
1 Reis 8.12 fala de trevas no sentido de
inescrutabilidade, mistério, infinitude.
1 João 1.5 fala de trevas no sentido moral.
d. 1
João 2.15 e João 3.16
1 João 2.15. (gr "kosmos") Aqui a
Bíblia adverte: "Não ameis o mundo nem o que no mundo há. Se alguém ama o
mundo o amor do Pai não está nele". João 3.16. (gr"kosmos") Aqui
a Bíblia afirma que "Deus amou o mundo".
1 João 2.15 fala de "mundo" como
um sistema de vida, sob a influência diabólica.
João 3.16 fala do "mundo" no
sentido de "humanidade".
e. Ezequiel 20.25
Aqui se nos diz que Deus deu a Israel
estatutos que não eram bons.
O sentido é que Deus permitiu que os
captores de Israel, durante o cativeiro baixassem leis para Israel que não eram
boas para eles. Essas leis não eram a lei de Jeová, como a vemos na Bíblia.
f. Mateus 27.9
Aqui está escrito: "Então se realizou
o que vaticinara o profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço
do que foi avaliado, preço que certos filhos de Israel avaliaram".
Ocorre que a profecia acima, encontra-se em
Zacarias 11.12,13 e não em Jeremias.
Certamente Jeremias profetizou, e Zacarias
escreveu. Ou então Zacarias recebeu profecia idêntica.
7. DIFICULDADES REAIS DA PRÓPRIA ESCRITURA
a. Lucas 16.9. Esta é de fato uma
dificuldade bíblica, que, pelo menos o autor não sabe explicar. A leitura em
grego leva para a forma interrogativa. Tsso pode ajudar a resolver a
dificuldade.
b. 2 Tessalonicenses 2.6-8. - Quem, nesta
passagem, é o elemento inibidor, repressor, quanto à manifestação aberta do
Anticristo aqui no mundo?
- Se consultarmos Gênesis 19, concluiremos
que esse elemento é a Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo.
Os anjos executores do juízo sobre as
cidades da campina nada puderam fazer enquanto Ló, o justo, não saiu de Sodoma.
De igual modo, o juízo do Dilúvio só
ocorreu após Enoque ter saído deste mundo. O mesmo acontece agora, enquanto a
Igreja do Deus vivo, habitada pelo Espírito Santo, permanecer na terra.
c. 1 Pedro 3.18,19
Texto realmente difícil!
'"Pregou", no v.18, é
"kerusso", proclamar, anunciar (como em Ef 2.17).
A passagem, sem dúvida está ligada a Atos 2.31
e Efésios 4.8,9.
8.
DIFICULDADES CIENTÍFICAS DA BÍBLIA
A Bíblia não é um manual de ciência, mas o
manual da salvação.
Quando ela aborda fatos científicos, fá-lo
não na linguagem técnica, especializada da ciência, mas na linguagem do povo
comum. Isto, tem se constituído numa das dificuldades da Bíblia.
a. A
esfericidade da Terra (Is 40.22)
b.
As estrelas são incontáveis (Jr 33.22)
c. O
movimento sistemático do sol (SI 19.5)
d. O
Universo envelhecendo (SI 102.25-27)
e.
Fogo na crosta interior da terra (Jó 28.5)
f. O
frio vem do Norte (Jó 37.9)
g. A
luz tem "caminho", não "morada"permanente (Jó 38.19).
h. A
terra suspensa no espaço (Jó 26.7)
i. O
ar tem peso (Jó 28.25)
j.
Os elementos físicos do Cosmos são mais antigos do que os biológicos (Gn
1.1,24) 1. O vento vem do Sul (Ec 1.6)
9. DECLARAÇÕES E ENSINOS SOBRE DEUS, EXPRESSOS
EM LINGUAGEM HUMANA
São os antropomorfismos e os
antropopatismos, tão comuns na Escritura.
Um caso de antropopatismo: 1 Samuel 15.11
versus 1 Samuel 15.29 - (Deus "arrepender-se").
10. DECLARAÇÕES E ENSINOS DA BÍBLIA, SOBRE
O CÉU E A VIDA FUTURA, EXPRESSOS EM LINGUAGEM HUMANA
É o caso das visões das coisas celestiais
de Ezequiel, como temos no capítulo 1 do seu livro (os desconhecidos seres
viventes).
É também o caso das visões de João, o apóstolo,
descritas no livro de Apocalipse, quando João procura comparar as coisas
celestiais com as terrenas, para poder expressar-se sobre o que viu no Céu.
11. DECLARAÇÕES E ENSINOS CALCADOS NO MUNDO
FÍSICO, PORÉM, EM REFERÊNCIA AO MUNDO ESPIRITUAL Tanto o Antigo, como o Novo
Testamento se enquadram aqui.
12. FATOS ABORDADOS E TRATADOS PELA BÍBLIA,
QUE SÓ SERÃO CONHECIDOS NO FUTURO.
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