FACULDADE
DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS
HOJE
CURSO
LIVRE
GEOGRAFIA
BÍBLICA
GEOGRAFIA BÍBLICA
O QUE É A GEOGRAFIA?
II
- A Geografia através da História.
III
– A estruturação científica da Geografia.
IV
- A Geografia Bíblica e a sua importância.
INTRODUÇÃO
NOÇÕES DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA BÍBLICA
Geografia
Bíblica é a parte da Geografia Geral que estuda as terras e os povos bíblicos,
bem como a matéria de natureza geográfica, contida no texto bíblico, que de
passagem se diga, é de fato, abundante.
A.
A importância da Geografia Bíblica. É de muita importância o estudo da
geografia bíblica como meio auxiliar no estudo e compreensão da Bíblia.
Mensagens e fatos descritos na Bíblia, tido como obscuros tornam-se claros
quando estudados à luz da geografia bíblica. Deus permitiu a inserção de grande
volume dessa matéria na Bíblia. Um exame, mesmo superficial, mostrará que a
cada passo, a Bíblia menciona terras, povos, montes, cidades, vales, rios,
mares e fenômenos físicos da Natureza.
O
porquê dessa importância:
2.
Ela dá cor ao relato sagrado, ao localizar, situar, fixar e documentar os
mesmos. Através dela, os acontecimentos históricos tornam-se vívidos e as
profecias mais expressivas. O ensino da Bíblia torna-se objetivo e de fácil
comunicação quando podemos apontar, mostrar e descrever os locais onde os fatos
se desenrolaram. Exemplos: Lc 10.30
("descia um homem de Jerusalém para Jericó"); Dt 1.7 (aí nós temos
uma profunda aula de geografia da Terra Prometida.)
3.
O estudo da geografia bíblica da Palestina e nações circunvizinhas esclarece
muitos fatos e ensinos constantes das Escrituras.
4.
As nações vêm de Deus, logo o estudo deste assunto à luz da Bíblia é profícuo
sob todos os pontos de vista. Ler Dt 32.8; At 17.26.
B.
Fontes de estudo da geografia bíblica.
1.
A Bíblia. É a fonte principal. Ela faz menção de inúmeros lugares, fatos,
acidentes geográficos, povos, nações, cidades. É evidente que isto merece um
cuidadoso estudo. A Bíblia contém capítulos inteiros dedicados ao assunto.
Exemplo Gn 10; Js 15-21; Nm 33,34; Ez 45-47. Somente cidades da Palestina
Ocidental a Bíblia registra cerca de 600. Não registradas, há inúmeras outras
como o prova a arqueologia.
Um
problema com que se defronta o estudante nesse assunto, é o fato de grande
número de países, cidades, regiões inteiras e outros elementos geográficos,
terem atualmente novos nomes. Exemplos: a antiga Pérsia é hoje o Irã; a Assíria
é parte do atual Iraque; a Ásia do Novo Testamento é hoje a Turquia; a Dalmácia
do tempo de Paulo (II Tm 4.10) é hoje a Iugoslávia e assim por diante.
2.
A Arqueologia Bíblica. Esta, tem prestado enorme contribuição para a elucidação
de dificuldades bíblicas e trazido à tona a história de povos do passado,
considerados como lendários, como o caso dos hititas, mitânios e hicsos. A
arqueologia bíblica teve seu começo em 1811 com as atividades nesse sentido do
cidadão inglês Claude James Rich, na Mesopotâmia, quando lá se encontrava
cuidando de interesses ingleses.
3.
A História Geral. Aqui é preciso certa cautela. Muitos manuais hoje em uso no
estudo secular estão eivados de erros, por seus autores desconhecerem a Bíblia.
Temos vários casos documentados.
4.
A Cartografia. A ciência dos mapas. Certas editoras especializadas editam atlas
e mapas bíblicos, apropriados ao estudo da Geografia Bíblica. Os mapas mais
importantes do mundo bíblico são os quatro seguintes:
• Mundo Bíblico do AT;
• Mundo Bíblico do NT;
• A Palestina do AT;
• A Palestina do NT. (Ver mapas)
O
profeta Ezequiel, por ordem divina traçou num tijolo a cidade de Jerusalém, Ez
4.1. Temos aqui uma noção de mapa bíblico.
C.
A extensão do mundo bíblico. O mundo bíblico situa-se no atual Oriente Médio e
terras do contorno do Mar Mediterrâneo. É ele o berço da raça humana. Mas
precisamente a Mesopotâmia, nas planícies entre os rios Tigre e Eufrates. Foi
daqui que partiram as primeiras civilizações. Na dispersão das raças após o
Dilúvio (Gn caps. 10 e 11), Sem povoou o sudoeste da Ásia. Cão povoou a África,
Canaã e a península arábica. Jafé povoou a Europa e parte da Ásia.
Limites do mundo
bíblico:
Ao
Norte: Da Espanha ao Mar Cáspio
A
Leste: Do Mar Cáspio ao Mar Arábico (Oceano Indico)
Ao
Sul: Do Mar Arábico á Líbia.
A
Oeste: Da Líbia à Espanha.
(O
estudante deve ver isso nos mapas e atlas bíblicos.)
D.
Regiões, áreas e países do mundo bíblico. Acidentes naturais. Citaremos apenas alguns
casos, dado o limitado espaço que temos para isso.
1.
Mesopotâmia, Gn 24.10; At 2.9; Dt 23.4. Berço da humanidade. Não é verdade o
que muitos manuais de História Geral declaram: ser o Egito o berço da
humanidade. A verdade está na Bíblia. Aqui existiu o Éden Adâmico. Na
Mesopotâmia destacam-se dois países:
• Babilônia, de capital do mesmo nome.
Outros nomes antigos: Caldéia (Ez 11.24); Sinear (Gn 14.1); Súmer. É o sul da
Mesopotamia.
• Assíria, Gn 2.14; 10.11. É o norte da
Mesopotâmia. É hoje parte do Iraque. Capital: Nínive, destruída em 607 AC. A
Oeste ficava o reino de Mari. Os Mitânios habitavam em volta de Haran, ao Norte
da Assíria.
2.
Arábia. Capital: Petra (gr); Sela (heb.) Vai da foz do Nilo ao Golfo Pérsico.
Aí, Israel peregrinou em demanda de Canaã. A região de Ofir, fornecedora de
ouro ficava possivelmente aí, I Rs 9.28. A parte da península do Sinai era
chamada Arábia Pétrea. A Lei foi dada aí e o tabernáculo erigido a primeira
vez.
3.
Pérsia. Hoje parte do Irã. Capitais: teve as seguintes, pela ordem: Ecbátana,
Pasárgada, Susã, Persópolis. Foi cenário do livro de Ester e parte do de
Daniel. Aí, primeiramente floresceram os medos. Depois os persas assumiram a
liderança. Ver At 2.9. A Média, quando na supremacia tinha por capital Hamadã
(entre os gregos Ecbátana.)
4.
Elam. Hoje incorporado no Irã. Capital: Susã, Gn 14.1; At 2.9.
5.
Armênia ou Arará: Cap. 6 de Gênesis.
6.
Síria. Mesmo que Arã. (Não confundir com Haran.) Capital: Damasco, Is 7.8. Seu
território não é o mesmo da Síria moderna, At 11.26: Nos dias de Jesus tornara-se
sede da província romana, da qual fazia parte a Palestina, Lc 2.2. A capital
dessa província era Antioquia. A Síria era na época governada por um legado
romano.
7.
Fenícia. Hoje: Líbano, em parte. Cidades principais: Tiro e Sidon. Navegantes
famosos. Primitivos exploradores. Fundaram Cartago, na África do Norte (hoje
Tunis.) Nosso alfabeto vem dos fenícios, cerca de 1500 AC. Ver Mt 15.21; 11.22;
I Rs 9.26-28.
8.
Egito. É o país mais citado na Bíblia depois da Palestina. Em hb seu nome é
Mizraim, Gn 10.6. Teve, várias capitais nos templos bíblicos. Parte do seu
futuro, profeticamente falando, está em Ez 29.15. Fica ao Norte da África.
9.
Etiópia. Fica ao Sul do Egito. Segundo Gn 2.13, existia outra Etiópia na região
Norte da Mesopotâmia - a chamada Terra de Cush (hb). A profecia de Sl 68.31 a
respeito da Etiópia, teve seu cumprimento a partir de At 8.26-39, quando a fé
cristã foi ali introduzida. É país de princípios cristãos até hoje. A Etiópia
da Bíblia compreende hoje a Abissínia e a Somália.
10.
Líbia. Extensa região da África do Norte. Simão, o que ajudou Jesus a levar a
cruz, era natural de Cirene - cidade da Líbia, Mt 27.32. Igualmente, no dia de
Pentecoste estavam cireneus em Jerusalém, At 2.10.
11.
Ásia. A Ásia dos tempos bíblicos nada tinha com o atual continente asiático.
Era uma província romana situada na parte ocidental da chamada Ásia menor ou
Anatólia. Ler At 6.9; 19.22; 27.2; I Pe 1.1; Ap 1.4,11. Capital dessa
província: Éfeso. Toda a região dessa antiga Ásia Menor compreende hoje o
território da Turquia.
12.
Grécia ou Hélade, At 20.2. No Antigo Testamento, em hebraico, é Javan ou Iônia,
Gn 10.4,5. A maior parte da Grécia Antiga era conhecida pelo nome de Acaia (At
18.12), nome esse derivado dos Aqueus - povo que a habitou. Na época do Novo Testamento
a Grécia era constituída de Estados isolados sob os romanos. Nesse tempo, sua
capital política era Corinto, não Atenas. Em Corinto residia o procônsul
romano.
13.
Macedônia, At 19.21. Ficava ao norte da Grécia. A antiga Macedônia é hoje parte
do território de vários países, a saber: norte da Grécia, sul da Bulgária,
Iugoslávia, e parte da Turquia. O ministério do apóstolo Paulo ocorreu na Ásia
Menor, Grécia e Macedônia, principalmente. A capital da Macedônia era Pella.
14.
Ilírico, Rm 15.19. Região européia onde Paulo ministrou a Palavra de Deus. É
hoje a Albânia e parte da Iugoslávia. A parte principal da Iugoslávia de hoje é
a antiga Dalmácia de II Tm 4.10.
15.
Itália, At 27.1; Hb 13.24. País banhado pelo Mediterrâneo, situado ao sul da
Europa. Em Roma, sua capital, foi fundado um diminuto reino em 753 AC, que mais
tarde viria a ser senhor absoluto do mundo conhecido - O Império Romano. Para a
Itália Paulo viajou e pregou o Evangelho como prisioneiro.
16.
Espanha, Rm 15.24,28. Paulo manifestou o propósito de viajar para a Espanha.
Segundo os estudiosos da Bíblia, a cidade de Tarsis mencionada em Jn 1.3; 4.2,
ficava ao sul da Espanha, sendo no tempo de Jonas o extremo do mundo conhecido
do povo comum. Foi a Espanha grande perseguidora dos cristãos durante a Idade
Média, especialmente através dos tribunais da sinistra Inquisição.
17.
Palestina ou Canaã. Deixamos a Palestina por último porque dela nos ocuparemos
mais demoradamente. É a mais importante terra bíblica por várias razões:
a.
Alguns fatos sobre a Palestina:
Foi
prometida por Deus aos hebreus, Gn 15.18; Êx 23.31. É, sob o ponto de vista
Divino, o centro geográfico da terra, Ez 5.5; 38. 12b. Melhor terra do mundo,
Ez 20.6,15; Jr 3.19; Am 6.1. Se atualmente isto parece contraditório, a palavra
profética assegura a sua restauração e esplendor no futuro. Os judeus seriam um
povo destacado dos demais, Lv 20.24; Dt 33.28; Mq 7.14; Nm 23.9; Jr 49.31. Para
que Deus chamou e elegeu a nação israelita: Gn 3.15; Êx 19.6; Dt 7.6; Rm 3.2;
9.4,5. Em suma: trazer o Messias ao mundo; produzir e preservar as Escrituras;
ser um povo sacerdotal; e difundir o conhecimento do Senhor entre as nações.
b.
Nomes pelos quais é conhecida a Palestina:
Canaã,
Gn 13.12.
Terra
dos Hebreus, Gn 40.15.
Terra
do Senhor, Os 9.3.
Terra
de Israel, I Sm 13.19; Mt 2.20; II Rs 5.2.
Terra
de Judá, Judéia, Ne 5.14; Is 26.1; Jo 3.22; At 10.39.
Terra
Formosa, Dn 8.9.
Terra
Gloriosa, Dn 11.41.
Terra
da Promessa, Hb 11.9.
Terra
Santa, Zc 2.12; Sl 78.54 ARA.
Israel
(modernamente.)
Não
há modernamente nenhum país chamado Palestina. O antigo país deste nome está
hoje dividido entre a Jordânia e o moderno Israel.
c.
Limites da Palestina.
Limite
sul: Cades-Barnéia e o ribeiro el-Arish, na Arábia. (el Arish é o "rio do
Egito" mencionado em Gn.15.18.)
Limite
norte: Síria e Fenícia.
Limite
oeste: Mar Mediterrâneo. É na Bíblia chamado Mar Grande, Dn 7.2.
Limite
leste: Síria e Arábia.
(O
estudante deve ver isto num mapa bíblico apropriado.)
d.
Superfície da Palestina. Mais ou menos como a do nosso Estado de Alagoas.
Comprimento: cerca de 250 km, de Dã a Berseba. Hoje: 416 km. Largura: 88 km (a
maior). Hoje: 100 km. Essa extensão variou com as épocas e situações de sua
história. Por exemplo: na época das 12 tribos - 26.400 km². A extensão atual é
de cerca de 156.000 km².
e.
Clima. O tipo de relevo do solo da Palestina resulta numa superfície muito
variada, com muitas regiões elevadas e baixas, originando por isso toda espécie
de climas, desde o tropical, no Jordão, até o de intenso frio no Hermom, a 2.815
metros de altitude. A faixa litorânea tem uma temperatura média de 21 graus C.
No vale do Jordão a temperatura vai a 40 graus. A temperatura média de
Jerusalém é de 22 graus. Janeiro é a época mais fria do ano, quando o
termômetro. chega a 4 graus. É por essa variedade de climas que a Palestina
presta-se a toda espécie de culturas.
f.
Divisão política da Palestina. No Antigo Testamento foi a Palestina dividia
entre as 12 tribos de Israel. Três tribos ficaram a leste do Jordão: Manassés
(parcialmente), Gade, Rúben. Cinco ficaram na área litorânea: Aser, Manassés
(em parte), Efraim, Dã (em parte), Judá. Quatro se estabeleceram na região
central: Naftali, Zebulom, Issacar, Benjamim. Duas ficaram nas extremidades
Norte-Sul: Dã (Norte), Simeão (Sul).
A
divisão política da Palestina mudou com o correr dos tempos e dos governos. Nos
tempos do Novo Testamento a divisão política constava de cinco regiões: Judéia,
Samaria, Galiléia, Ituréia, Peréia. O estudante deve ver isso no respectivo
mapa. Durante o ministério de Jesus, seus governantes eram:
Judéía
e Sarnaria: Pôncio Pilatos (26-36 AD.) Pilatos era procurador romano. Sua
capital política era Cesaréia; à beira-mar. A capital religiosa: Jerusalém.
Galiléia
e Peréia: Herodes Antipas (4 AC a 39 AD.) Era filho de Herodes, o Grande. Jesus
passou a maior parte de Sua vida no território sob a jurisdição desse Herodes.
Às vezes, todo o leste do Jordão era chamado Peréia (Mt.4.25; Mc.3.8). O
vocábulo Peréia significa literalmente "região além", isto é, além dó
Jordão, Mt.4.15; 19.1; Jo.10.40.
Ituréia
e outros distritos menores: Herodes Felipe II (4 AC a 34 AD.) O moderno
território de Golã, em parte ora ocupado por Israel, integrava essa jurisdição
(a antiga Gaulanites, Dt 4.43; Js 20.8.) É mencionada apenas uma vez no NT, em
Lc 3.1.
A
Iduméia, no extremo sul do pais, integrava a jurisdição da Judéia. É mencionada
apenas uma vez no Novo Testamento: Mc 3.8.
Mar
Mediterrâneo. É na Bíblia chamado Mar Grande, Dn 7.2; Nm 34.7. Outros nomes:
Mar Ocidental (Dt 11.24; Jl 2.20) e Mar dos Filisteus, Êx 23.31.
Mar
da Galiléía, Mt 4.18; Mc 7.31. Outros nomes: Mar de Quinerete (Nm 34.11),
palavra essa que originou Genezarete, outro nome desse mar, Lc 5.1. Também Mar
de Tiberíades, Jo 6.1. É mar interior, de água doce.
Mar
Morto, Ez 47.8 ARA. Aparece com vários nomes no Antigo Testamento: Mar Salgado
(Gn 14.3); Mar de Arabá (Dt 3.17); Mar da Planície (II Rs 14.25); Mar Oriental
(Ez 47.18; Zc 14.8); Mar da Campina, Js 12.3. Fica situado a 395 metros abaixo
do nível do mar. Evaporação média diária: 8 milhões de metros cúbicos de água!
É 25% mais salgado que qualquer outro mar.
h.
Rios. Todos os cursos d'água da Palestina (com exceção do Jordão) são de pouca
expressão.
Jordão.
Corre no sentido norte-sul. Nasce no Monte Hermom e deságua no Mar Morto.
Querite.
Desemboca no Jordão, margem oriental, defronte a Samaria. É um uádi, rio
temporão.
Cedron.
Corre a leste de Jerusalém. É também uádi.
Jaboque,
Gn 32.22; Js 12.2. Afluente do Jordão, margem oriental.
Iarmuque.
Afluente do Jordão, margem oriental. Não mencionado na Bíblia. Deságua 6 km ao
sul do Mar da Galiléia.
Arnom,
Nm 21.13; Js 12.2. É hoje o Mojib. Deságua no Mar Morto, margem oriental. Era o
limite sul da Palestina, na frente oriental.
Quisom,
I Rs 18.40. Deságua no Mar Mediterrâneo, Monte Carmelo.
i.
Montes. São de muita importância na Bíblia, Js 11.21.
Tabor,
Jz 4.6; 8.18. Fica na Galiléia. Altitude: 615 metros. Crê-se que aí ocorreu a
transfiguração de Jesus (Mt 17.1,2.)
Gilboa, I Sm
31.8; II Sm 21.12. Fica
em Samaria. Altitude: 543 metros.
Carmelo,
I Rs 18.20. Fica em Samaria. Ponto culminante: 575 metros. Fica no
prolongamento que forma a baía de Acre, onde se localiza a moderna cidade de
Haifa.
Ebal
e Gerizim, Dt 11.29; 27.1-13. Dois montes de Samaria.
Moriá,
Gn 22.2; II Cr 3.1. Fica em Jerusalém. Aí Abraão ia sacrificar Isaque. Nele
Salomão construiu o templo de Deus.
Sião.
Em Jerusalém. Altitude: cerca de 800 metros. O local e o termo Sião são usados
de modo diverso na Bíblia. No Sl 133.36 Jerusalém. Em Hb 12.22 e Ap 14.1 é uma
referência ao céu.
Monte
das Oliveiras. Em Jerusalém, Mt 24.3; Zc 14.4; At 1.13. Aí, Jesus orou sob
grande agonia na noite em que foi traído. Sobre esse monte Jesus descerá quando
vier em glória para julgar as nações.
Calvário.
Pequena elevação fora dos muros de Jerusalém. Fica ao norte, perto da Porta de
Damasco. Ver Lc 23.33. Calvário vem do latim "calvária" - crânio. Em
aramaico é Gólgota - crânio, caveira, Mt 27.33; Jo 19.17. No local acima, em
1885 o general inglês Charles George Gordon descobriu um túmulo, cujas
pesquisas revelaram nunca ter sido o mesmo ocupado continuamente. Passou a ser
tido como o de Cristo.
j.
A Capital da Palestina: Teve várias capitais, a saber:
Gilgal.
No tempo de Josué, Js 10.15.
Siló.
No tempo dos juizes, I Sm 1.24.
Gibeá.
No tempo do rei Saul, I Sm 15.34; 22.6.
Jerusalém.
Da época de Davi em diante, II Sm 5.6-9. Seu primitivo nome foi Salém, Gn 14.18,
depois Jebus, Js 18.28 e por fim Jerusalém, Jz 19.10. Nos dias do Novo
Testamento a capital política da Judéia era Cesaréia, não Jerusalém, como já
mostramos.
Mispá,
Jr 40.8. Por pouco tempo foi capital, durante o cativeiro babilônico.
Tiberíades.
Foi outra capital da Palestina. Isso, após a revolta de Bar-Cócheba, em 135 AD.
Detalhes
complementares sobre Jerusalém como capital da Palestina. Fundada pelos
hititas, Ez 16.3; Nm 13.29. Fica a 21 km a oeste do Mar Morto, e a 51 a leste
do Mar Mediterrâneo. Nos tempos bíblicos tinha cinco zonas ou bairros: Ofel, a
sudeste; Moriá, a leste; Bezeta, ao norte; Acra, a noroeste; Sião, a sudoeste.
Na distribuição da terra de Canaã, Jerusalém ficou situada no território de
Benjamim, Js 18.28. Foi conquistada em parte por Judá, mas pertencia de fato a
Benjamim, Jz 1.8,21. Tinha povo de Judá e Benjamim, Js 15.63. Não ficava no
território de Judá (Is 15.8.) É chamada Santa Cidade, em Ne 11.1; Mt 4.5.
A
cidade de Jerusalém saindo do jugo romano, caiu em poder dos árabes em 637 AD,
e, salvo uns 100 anos durante as Cruzadas, foi sempre cidade muçulmana. Em 1518
os turcos conquistaram-na. Em 1917, os britânicos assumiram o controle, ficando
a Palestina depois sob seu mandato por delegação da então Liga das Nações. A
partir de 1948 passou a ser cidade soberana (isto é, o setor novo), porém, na
Guerra dos Seis Dias em 1967, foi reconquistada aos árabes, os quais dela
tinham se assenhorado na guerra de 1948. Reedificada sempre sobre suas próprias
ruínas, Jerusalém (não Roma) permanece a Cidade Eterna do mundo, símbolo da
Nova Jerusalém que se há de estabelecer na consumação dos séculos. Jerusalém
será então metrópole mundial. Isso, durante o Milênio, quando estará vestida do
seu prometido esplendor, Is.2.3; Zc.8.22; Jr.31.38. Nesse tempo Israel estará à
testa das nações.
Na
Jerusalém de hoje nada pode ver-se da Jerusalém de Davi, de Salomão, de
Ezequias, de Neemias e de Herodes. Tudo se acha sepultado sob os escombros de
muitos séculos, sob metros e metros de entulho.
1.
Outras cidades da Palestina.
Outras
cidades importantes: Jericó, Hebrom, Jope, Siquém, Samaria, Nazaré, Cesaréia,
Cesaréia de Filipe, Tiberíades, Capernaum (Cafarnaum).
Cidades
visitadas por Jesus: Nazaré, Lc.4.16; Betânia, Jo.1.28; Caná, Jo.2.1; Sicar,
Jo.4.5; Naim, Lc.7.11; Capernaum, Jo.6.59; Betsaida, Jo.12.21; Corazim, Mt.11.21;
Tiro e Sidom, Mt.15.21; Cesaréia de Filipe, Mt.16.13; Jericó, Lc.19.1; Betânia,
Jo.11; Emaús, Lc.24.13,14.
RESUMO HISTÓRICO DA
PALESTINA ATÉ O TEMPO PREMENTE.
Conquistada
pelos israelitas sob Josué em 1451-1445 AC.
Governada
por Juízes: 1445-1110 AC.
Monarquia:
1053-933 AC.
Reinos
divididos de Judá e Israel: 933-606 AC.
Sob
os babilônicos: 606-536 AC.
Sob
os persas: 536-331 AC.
Sob
os gregos: 331-167 AC.
Independente
sob os Macabeus: 167-63 AC.
Sob
os romanos 63 AC a 634 AD.
Sob
os árabes: 634-1517 AD.
Período
das Cruzadas: 1095-1187. As Cruzadas foram tentativas do "Cristianismo"
para libertar a Palestina das mãos dos muçulmanos árabes.
Sob
os turcos (Império Otomano): 1517-1914. Os turcos são também muçulmanos, apenas
com mais influência oriental.
Sob
os ingleses, como protetorado, por delegação da Liga das Nações: 1922-1948.
Como
nação soberana: a partir de 14/5/1948. Nessa data foi proclamado o ESTADO DE
ISRAEL, com a estrutura de república democrática. O primeiro governo autônomo
em mais de 2.000 anos! De agora em diante cumprir-se-á Am 9.14,15.
A História situa o drama
humano no tempo
Pelas
asas da cronologia, leva-nos a acompanhar os passos de nossos ancestrais até os
nossos dias. Possuímos, porém, uma exigente concepção espacial. Curiosos, de
quando em quando, indagamos: "Onde, exatamente, deu-se tal fato?" A
Historiografia, por ser documental e limitar-se às crônicas, não pode
responder-nos tais questões com precisão. Recorremos, então, à Geografia. Situando-nos
nos palcos da tragédia humana, dá-nos
uma idéia mais ampla e mais clara do nosso passado. Através dessa ciência, trilhamos
os caminhos de nossos pais e demarcamos os raios de ação de nossos filhos. Mas,
qual a afinidade entre a História e a Geografia? Afrânio Peixoto responde:
"A Geografia será assim a ciência do presente, explicada pelo passado; a
História, a ciência do passado, que explica o presente. " Conscientes dos
reclamos temporais e espaciais do estudioso das Sagradas Escrituras, escrevemos
esta obra. Unindo a História à Geografia, possibilitamos ao leitor localizar os
fatos no tempo e no espaço, desde os primeiros representantes da raça humana
até os apóstolos de Cristo. Faremos uma fascinante viagem da Mesopotâmia à
Europa. Percorreremos os caminhos antigos, para compreendermos por que a nossa
fé é tão atual. A Bíblia fornece-nos- á o roteiro. Ás informações geográficas
contidas nas Sagradas Escrituras são exatas e reconstituem, com fidelidade e
riqueza de detalhes, a topografia e as divisões políticas da antiguidade. O
Estado de Israel, a propósito, com base em informações bíblicas, redescobriu várias
minas exploradas pelo rei Salomão que, hoje, continuam a produzir divisas à
essa jovem nação. Entretanto, vejamos como se desenvolveu essa ciência chamada
Geografia. Comecemos por defini-la.
I - O QUE É A
GEOGRAFIA?
Segundo
a etimologia da palavra, "geo" terra; "graphein" descrever,
a Geografia limitou-se, de fato, durante séculos, a descrever a Terra.
Entretanto, a partir do Século XIX, assumiu um caráter científico. Não mais
limitou-se à descrição; passou, também, a explicar os fatos. No entanto, as
definições variam de autor para autor. Para o alemão Alfred Hettner, Geografia
é o ramo de estudos da diferenciação regional da superfície da Terra e das
causas dessa diferenciação. Richard Hartshorne declara ser o objetivo da Geografia
"proporcionar a descrição e a interpretação, de maneira precisa, ordenada
e racional, do caráter variável da superfície da Terra". Ambas as
definições, porém, "carecem de consenso sobre o que se entende por superfície
da Terra".
A
Enciclopédia Mirador Internacional pondera: "Tomar como tal apenas a face exterior da
camada sólida e líquida, iluminada pela luz do Sol, equivale a suprimir do
campo de interesse geográfico as minas e a atmosfera. Nesta ocorrem os
fenômenos meteorológicos e se configuram os tipos climáticos de profunda
influência na vida de todos os seres e, particularmente, na atividade humana.
II - A GEOGRAFIA
ATRAVÉS DA HISTÓRIA
1.1
Na Antigüidade
Os
conhecimentos geográficos dos egípcios limitavam-se ao Nordeste da África, à Ásia
Ocidental e à Assíria. Os fenícios e gregos foram mais longe. Estimulados por
intensas transações comerciais, vasculharam o mar Mediterrâneo. Afoitos e
aventureiros por natureza, fundaram Cartago, em 800 a.C, transpuseram o
estreito de Gibraltar e chegaram às ilhas britânicas. Eles, afirmam alguns
estudiosos, aportaram, inclusive, nas costas brasileiras, onde deixaram
inscrições em vários monolitos. Mais comedidos, os gregos limitaram-se à região
do Mediterrâneo. Fundaram diversas cidades, entre as quais Massília (atual
Marselha). Alexandre Magno foi quem alargou os conhecimentos geográficos dos
helenos, em virtude de suas rápidas, fulminantes e dilatadas conquistas. Saindo
da Macedônia, na Europa Oriental, ele alcançou a índia, no Extremo Oriente. Renomados
pensadores gregos dedicaram-se ao estudo da Geografia: Píteas, Heródoto,
Hipócrates, Anaximandro, Tales, Eratóstenes e Aristóteles. Concebiam os oceanos
unidos em uma só massa líquida e os continentes em uma só massa de terra. O
primeiro conceito seria corroborado por navegadores europeus dos séculos XV e
XVI.
1.2 - Em Roma
Pragmáticos,
os romanos não se limitaram ao mundo conhecido pelos gregos. Foram além. Em
virtude de suas vastíssimas conquistas, alargaram, sobremaneira, os
conhecimentos geográficos de então. Seus generais, durante as guerras expansionistas,
elaboraram minuciosos relatórios acerca das novas possessões romanas. Júlio
César, por exemplo, escreveu "Comentários sobre a guerra contra os
gauleses", obra riquíssima em informações geográficas. Políbio e Estrabão
deixaram importantes tratados geográficos. Os trabalhos de Estrabão, aliás, são
tão abalizados que foi chamado o pai da Geografia. Sem os seus apontamentos, os
geógrafos posteriores encontrariam enormes dificuldades para elaborar descrições
mais acuradas da Terra.
1.3 - Na Idade Média
A
Geografia não progrediu na Europa durante a Idade Média. Detentor do monopólio cultural,
o clero só transmitia ao povo as informações que, segundo seu critério,
estivessem de conformidade com os textos sagrados e com as tradições católicas.
Apesar das Cruzadas à Terra Santa, não houve progresso sensível nas informações
geográficas. Muitos conceitos bíblicos foram deturpados nessa época pela
"Santa" Sé. Os padres ensinavam ser a Terra plana, em uma
despropositada alusão à mesa do Taberná-culo. Afirmavam, também, ser o Sol o
centro do Universo, ao interpretar, erroneamente, uma passagem do livro de
Josué. Censurados, os escritos de Marco Polo em nada contribuíram para o desenvolvimento
da Geografia. Os povos pagãos, entretanto, livres dos tentáculos de Roma, apresentaram
notáveis progressos nessa ciência, notadamente os víquingues. Com o islamismo,
os conhecimentos geográficos foram dilatados. Os árabes chegaram à China,
embrenharam-se na Rússia e dominaram a África. Ibn Haw'qal deixou importante
obra, contendo preciosas descrições das terras conquistadas pelos maometanos. A
Geografia, para o Islã, é uma ciência agradável a Deus, por facilitar a
peregrinação dos fiéis a Meca.
1.4 - Tempos Modernos
Com
as descobertas de novos continentes, Portugal e Espanha deram inestimável contribuição
à Geografia. 0 capitalismo mercantilista do Século XV, XVI e XVII, levou ambos
esses povos ibéricos às mais remotas regiões do Globo. O descobrimento do Novo Mundo
marcou, de forma definitiva, o fim de uma era de obscurantismo. Finalmente, o homem
redescobria uma verdade elementar dita no Século VIII a.C. pelo profeta Isaías:
a Terra é esférica. Galileu. enfim, tinha razão. A partir dos feitos de
Colombo. Vasco da (lama e Cabral, começaram a ser produzidas, com mais regularidade,
obras geográficas especializadas. 0 jovem alemão Varenius. notável pela sua
genialidade, escreveu dois tratados: Geografia generalis e Geografia specialis.
O segundo trabalho, aliás, não pôde ser completado, por causa da morte prematura
do autor. Kant empreendeu vários estudos geográficos, objetivando conhecer
empiricamente o mundo.
III - A ESTRUTURAÇÃO
CIENTÍFICA DA GEOGRAFIA
Deve-se
a dois sábios alemães, a estruturação da Geografia como ciência. Ambos viveram
na mesma época é. durante algumas décadas, em Berlim. Alexander von Humboldt (1769-1859)
e Carl Kitter (1779-1859). Influenciados por Varenius e Kant, traçaram novos métodos
e rumos para a Geografia. Eles não objetivavam contrariar os postulados de seus
antecessores. Apôs seus estudos, porém, tornou-se possível, por exemplo, fazer
a correlação dos fenômenos característicos de uma região. A Geografia deixou de
ser um mero acervo de dissertações e descrições á disposição de militares e
administradores, para tornar-se uma ciência madura e dinâmica. Hoje. aliás,
lançamos mão de seus métodos, inclusive, para confirmarmos a veracidade e a
exatidão das informações bíblicas.
IV - A GEOGRAFIA
BÍBLICA E A SUA IMPORTÂNCIA
Farte
da Geografia Geral, a Geografia Bíblica tem por objetivo o conhecimento das diferentes
áreas da Terra relacionadas com as Sagradas Escrituras. Descrevendo e
delimitando os relatos sagrados, dá-lhes mais consistência e autenticidade e
auxilia-nos na interpretação e compreensão dos fatos bíblicos. A Geografia
Bíblica, definida por Mackee Adams como o "painel bíblico em que o Reino de
Deus teve o seu início e onde experimentou seus triunfos". é indispensável
a todos os estudiosos da Bíblia. Primeira Parte A cosmogonia hebraica Sumário:
Introdução.
I
- A matéria original.
II
- A esfericidade da Terra.
III
-Heliocentrismo ou geocentrismo?
IV
- O Supremo Comandante do Universo.
INTRODUÇÃO
Apesar
de não ser um livro científico, a Bíblia não emite nenhum conceito errôneo acerca
da formação do Universo. Sua doutrina cosmogônica tem sido corroborada por cientistas
das mais diferentes especialidades. Podemos confiar sem reservas nas Sagradas
Escrituras. Por causa das absurdas interpretações do catolicismo romano, a
Bíblia sofreu impiedosas investidas de muitos "sábios segundo o mundo".
Tacharam-na de retrógrada e alienígena. Iluministas e renascentistas, dando
excessiva ênfase à razão, consideraram-na um livro anacrônico. O Livro dos
livros, entretanto, continua atual, mostrando, em todas as épocas, sua contemporaneidade,
seus conceitos, imbatíveis, sua cosmogonia lógica e plausível.
I - A MATÉRIA ORIGINAL
Existiu,
realmente, o que os gregos denominaram de matéria original? Caso tenha existido,
como podemos identificá-la? Como a Bíblia se posiciona a respeito? Vejamos, em
primeiro lugar, como os helenos encaravam a questão da matéria original. Anaximandro,
pertencente à Escola Jônica, defende que o mundo teve origem a partir de uma
substância indefinida: o "apeiron" em grego, sem fim. Para Tales de
Mileto, era a água o elemento do qual todos os demais são originários. Ele foi
levado a posicionar-se, dessa forma, explica Aristóteles, depois de observar a presença
da água em todas as coisas. Anaxímenes de Mileto afirma ser o ar o princípio de
tudo. Até o fogo, argumenta, depende do ar. O que dizer da água em estado
gasoso? Tivéssemos, entretanto, oportunidade de questioná-lo,
perguntar-lhe-íamos: "Qual a origem do ar?" Será que ele poderia responder-nos?
Não basta asseverar ser este ou aquele elemento a matriz da ordem cósmica. Interessa-nos
saber, acima de tudo, como surgiu o Universo. Acreditava Heráclito estarem
todas as coisas em constante devenir. Tudo corre, tudo flui, ensinava. Se o
Cosmo transmuta-se sem parar, para onde caminhamos? Se a ordem física altera-se
indefinidamente, em um futuro próximo seremos precipitados em um imensurável
abismo. A teoria heraclitiana em vão tenta explicar-nos o surgimento do mundo. Cria
Empédocles serem quatro os elementos originais: ar, água, terra e fogo. Mais tarde,
essa tese seria esposada por Aristóteles e, por mais de vinte séculos, foi tida
como dogmática. Platão não a aceitava: Diz ele: "Os quatro elementos
parecem contar um mito, cada um o seu, como faríamos às crianças". Anaxágoras
declara o seu credo. O Universo é formado por diminutas partículas. Para o
pensador de Clazomena. elas podem estar em estado inanimado ou não. Aristóteles
denominou-as de hemeomerias. A semelhança dos outros sábios gregos, deixou-nos
na ignorância.
2
Leucipo, principal representante da Escola Atomística, aperfeiçoada por
Demócrito, apregoa serem todas as coisas, inclusive a alma, compostas por
corpúsculos, invisíveis a olho nu. Esses corpúsculos são conhecidos como
átomos. Alguns pensadores gregos, todavia, aproximaram-se timidamente do
criacionismo bíblico. Pitágoras de Samos, em seu cego devotamento pela
matemática, aponta Deus como a Cirande Unidade e o Número Perfeito. Dele, aduz,
nasceram os mundos e o homem. Fundador da Escola Eleática, Xenófanes mostra-se
monoteísta. Não hesita em
desprezar
a mitologia helena, por crer que o Universo é obra de Deus, do único Deus. O
que diz a Bíblia acerca da matéria original? O autor da Epístola aos Hebreus
escreve: "Pela fé entendemos que foi o Universo formado pela palavra de
Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem"
(Hb 11.23). Pela fé, apenas pela fé. Ousaria alguém fazer semelhante afirmação?
É-nos impossível, por causa de nossas limitações, entender como Deus criou o
Cosmo do nada. Os escritores sagrados descartam, radicalmente, a existência de
uma matéria original. Para eles, todas as coisas foram criadas, simplesmente,
pela palavra de Deus. Não há explicação mais plausível e convincente! No
Areópago, Paulo mostra-se convicto ante os filósofos epicureus e estóicos:
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe..." (At 17.24).
Homem de fé, assevera aos exigentes helenos que, do nada, do não-ser, o
Todo-poderoso fez os céus e a Terra. Os gregos, durante séculos, receberam de
seus sábios as mais desencontradas e absurdas idéias acerca do aparecimento do
Universo. O apóstolo, contudo, rejeita-as e expõe-lhes as mais cristalinas
verdades concernentes à gênese do Universo. É muito importante ao homem saber
sua origem e a de seu habitai. Mostremos, pois, aos que jazem em trevas ser
Deus o Criador do Universo. Mostremos, acima de tudo, ser Deus rico em
misericórdia e que, não obstante seu imenso poder, está pronto a receber-nos por
intermédio de -Jesus!
II - A ESFERICIDADE DA
TERRA
Alguns
sábios egípcios acreditavam estar a Terra suspensa sobre cinco colunas. Outros
admitiam haver sido o nosso mundo chocado de um descomunal ovo cósmico. Os mais
desvairados diziam estar a linda esfera azul librando-se no infinito com um
magnífico par de asas. Moisés, embora fosse educado em toda a ciência do Egito,
jamais transportou para seus escritos quaisquer resquícios da mitologia e da
cosmogonia egípcias. Inspirado pelo Espírito Santo, revela-nos a verdadeira
gênese dos céus e da Terra. Os gregos, não obstante seu espírito inquiridor e
apego ao saber, só descobririam as verdades reveladas aos santos do Antigo
Testamento concernentes à esfericidade e ao movimento da Terra, séculos mais
tarde. Cognominado de o "pai da ciência", Tales de Mileto, que viveu
um século após Isaías, desconhecia a forma da Terra. Ele a imaginava com o
formato de um pires. Anaxágoras, contemporâneo de Tales, ensinava ter o nosso
habitat forma cilíndrica e que se mantinha centrado no espaço, em virtude da
pressão atmosférica. Insuperável em seus conhecimentos, Pitágoras, depois da
Bíblia, foi o primeiro a declarar ser a Terra uma esfera em constante
movimento. Seus postulados só seriam ultrapassados por Copérnico, que nasceria
quase dois milênios após sua morte. Aproximando-se da moderna astronomia,
Aristarco conclui, no Século III a.C, ser a Terra muito menor do que o Sol.
Descobriu, também, estar o nosso planeta movendo-se em redor do astro-rei. A
forma da Terra é, realmente, esférica? Responde-nos a Bíblia, por intermédio do
profeta Isaías: "Ele |Deus| é o que está assentado sobre o globo da Terra,
cujos moradores são para ele como gafanhotos: ele é o que estende os céus como
tenda para neles habitar..." (Is 40.22.) Essa verdade foi dita no Século
VIII a.C e continua atual. Não pode ser contestada!
III - HELIOCENTRISMO
OU GEOCENTRISMO?
Ensinadas,
principalmente por Ptolomeu, as teorias geocêntricas eram a base do ensino
astronômico medieval. Todos (com raras exceções) criam ser a Terra o centro do Universo.
Em torno dela, giravam os demais planetas e o próprio Sol. A Igreja Romana tinha
o geocentrismo como dogma. Ai de quem ousasse pensar de outra maneira! Sofreria
todos os rigores do "Santo" Ofício e da insana e bestial
"Santa" Inquisição. Nicolau Copérnico (1473-1583), entretanto,
instigado pelos ares renascentistas da cultura greco-romana, volta-se às idéias
de Pitágoras, Heráclites do Ponto e Aristarco de Samos. Inconformado com as
complicações do geocentrismo, admite a hipótese heliocêntrica, segundo a qual é
o Sol, e não a Terra, o centro do Universo. Formado em Medicina, Matemática,
Leis e Astronomia, afirma Copérnico, esse padre ilustre, em seu famoso tratado
De Revolutiones Orbium: "Não me envergonho de sustentar que tudo que está
debaixo da Lua, inclusive a própria Terra, descreve, com outros planetas, uma
grande órbita em redor do Sol, que é o centro do mundo ... E sustento que é mais
fácil admitir o que acabo de afirmar, do que deixar o espírito perturbado por
uma quantidade quase infinita de círculos, coisa a que são forçados aqueles que
retém a Terra fixa no centro do mundo." A teoria do renomado polonês,
confirmada pela ciência, foi uma das principais causas da crise
científico-religiosa iniciada no Século XVI. A Igreja Romana opôs-se ferozmente
ao posicionamento coperniano. A obra do in-signe cônego foi condenada pela Santa
Sé e incluída no Index. Até mesmo o progressista Lutero, referindo-se ao grande
astrônomo, teria afirmado: "O imbecil queria conturbar toda a ciência
astronômica".
Caberia
a Galileu (1564-1633), todavia, o desferimento de um contundente golpe nesssa
crença da teologia tradicional. Em sua obra intitulada Dialoghi sopra idue
Massa-ni Sistemi dei Mondo Tolomaico e Coperniano, que se tornou célebre
rapidamente, execra, com energia, os ultrapassados conceitos astronômicos
existentes até Copérnico. Acusado de heresia pela fanática e reticente Igreja
Romana, o grande físico, já com 70 anos, foi obrigado a comparecer ante o
Tribunal da Inquisição, em Roma. Para salvar sua vida, teve de ajoelhar-se ante
seus inimigos, admitir seus "erros" e renegar suas descobertas. Galileu,
no entanto, não cria em um conflito entre a ciência e a Bíblia. Diz ele:
"A Santa Escritura não pode jamais mentir, desde que, todavia, penetre-se
seu verdadeiro sentido, o qual - não creio possível negá-lo - está muitas vezes
escondido e muito diferente do que parece indicar a simples significação das
palavras". Em conseqüência das absurdas posições da "Santa" Sé
quanto à evolução científica, conforme já dissemos, iluministas e
renascentistas voltam-se contra a Bíblia, considerando-a incompatível com a
razão e o bom-senso. A Palavra de Deus, contudo, é inerrante, absolutamente
inerrante. Nunca cometeu um disparate sequer. A Bíblia, a propósito, jamais
afirmou ser a Terra o centro do Universo. Os incréus, não obstante, apresentam
o relato de -Josué como prova da falibilidade bíblica. Esquecemse, porém, de
que o autor sagrado, ao registrar o fato, fê-lo em linguagem comum, por desconhecer
a nomenclatura cientifica. Era ele, afinal de contas, militar e não cientista. Levemos
em conta, também, as circunstâncias. O grande general hebreu encontravase em
renhida batalha. Acossado pelos inimigos e tendo de agir depressa, não poderia
perder tempo a escolher palavras, apenas para satisfazer os tolos que. sob
quaisquer pretextos, tentam desprestigiar a Bíblia. Consideremos que, ainda
hoje, após três milênios da memorável batalha de -Josué, mesmo os cientistas
não conseguem desvencilharem-se da linguagem comum e, naturalmente, dizem:
"O Sol está nascendo" ou "O Sol está se pondo". Apesar de
não ser exato, esse corriqueiro modo de falar não é errado por causa da
aparência. O grande astrônomo Kepler, ao fazer a apologia das palavras usadas
para descrever o prodígio do sucessor de Moisés, afirmou: "Nós dizemos com
o povo: os planetas param, voltam ... o Sol nasce e põe-se, sobe para o meio do
céu, etc. Falamos com o povo e exprimimos o que parece passar-se diante dos
nossos olhos, posto que nada de tudo. Isso seja verdadeiro. Entretanto, todos
os astrônomos estão nisso de acordo. Devemos tanto menos exigir da Escritura
sobre este ponto, quanto é certo que ela, se abandonasse a linguagem ordinária
para tomar a da ciência e falar em termos obscuros, que não seriam compreendidos
por aqueles a quem ela quer instruir, confundiria os fiéis simples e não conseguiria
o fim sublime a que se propõe". Abraão de Almeida, em seu livro Deus, a
Bíblia e o Universo, reafirma a inerrânciadas Sagradas Escrituras: "...a
oração de Josué, segundo o sentido original, pode traduzir-se por 'Sol,
cala-te', ou 'aquieta-te'. E os cientistas informam-nos que a luz é vocal, ou
seja, o Sol, ao enviar suas irradiações sobre este mundo, provoca um som
musical pelas rápidas vibrações das ondas do éter. Esta música, contudo, não
pode ser ouvida pelos nossos ouvidos. Admite-se, também, que a ação do Sol sobre
a Terra é a causa de sua evolução em torno do seu próprio eixo. Assim, as
palavras de Josué demonstrariam uma tremenda exatidão científica, e a Terra
teria diminuído a velocidade de seu movimento de rotação, em virtude de um
temporário enfraquecimento da ação do Sol sobre ela. O grande Newton demonstrou
quão rapidamente a velocidade da Terra poderia ser diminuída sem choque apreciável
para seus habitantes".
IV - O SUPREMO
COMANDANTE DO UNIVERSO
O
Universo funciona com uma perfeição assustadora. Milênio após milênio, astros e
estrelas descrevem suas órbitas com absoluta exatidão. Essa maravilha leva-nos
a concluir: Há um Deus no Céu, a comandar e a preservar o Cosmo. O grande
físico inglês, sir Isaac Newton, escreve: "Esse Ser governa todas as
coisas, não como a alma do mundo, mas como o Senhor de tudo; e, por causa de
seu domínio, costuma-se chamá-lo de Senhor, Pantocrátor, ou Soberano Universal,
pois Deus é uma palavra relativa e tem uma referência a servidores; e Deidade é
o domínio de Deus, não sobre seu próprio corpo, como imaginam aqueles que
supõem que Deus é a alma do mundo, mas sobre os serventes." Os gregos,
entretanto, acreditavam estar a soberania do Universo dividida entre vários
deuses, sendo Zeus o principal deles. Como estavam errados! O apóstolo Paulo, todavia,
ao visitar Atenas, afirmou-lhes: "...sendo [Deus| Senhor do céu e da terra
..." (At.17.24b). Em outras palavras, disse-lhes o grande campeão do
Evangelho: "Há um só Deus que sobre todos domina, porque tudo dele
provém". João Calvino compreendeu perfeitamente o universal senhorio de
Deus: "...que no solamente habiendo creado una vez el mundo, lo sustenta
con su inmensa potência, lo rige con su sabiduria, lo conserva con su bondad, y
sobre todo cuida de regir el gênero humano com justicia y equidad, lo suporta
con misericórdia, lo defiende com su amparo..." Quanto a nós, falíveis
seres humanos, devemos dirigir-nos a Deus: "...teu é o reino, o poder e a
glória, para sempre. Amém."
SEGUNDA PARTE
Os
Impérios humanos e a supremacia divina Desde a fundação do mundo, os impérios
continuam a ascender e a cair. A supremacia divina, porém, continua indelével, imarcescível.
Prova-nos isso estar Deus no supremo comando da História. De acordo com a sua
soberana vontade, vão os filhos dos homens escrevendo suas crônicas. Depois de
exaltar-se e desafiar os céus, confessa Nabucodonosor. poderoso rei de Babilônia:
"Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, e exalço e glorifico ao rei do
céu; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos juízo, e pode
humilhar aos que andam na soberba" (Dn.4.37). Veremos, a seguir, como os
grandes impérios da antiguidade e mencionados na Bíblia ascenderam e caíram.
Tanto em sua ascensão, como em sua queda, não nos será difícil vislumbrar a
potente mão de Deus. Rapidamente, portanto, acompanharemos o nascimento, o
apogeu e a queda destes impérios: Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, (Pérsia e Roma).
Logo após, na terceira parte desta obra, começaremos a caminhar sobre a Terra Santa,
onde desenrolou-se a maravilhosa história da salvação.
IMPÉRIO EGÍPCIO SUMÁRIO
I
- História do Egito.
II
-Geografia do Egito.
III
– A grandeza do Egito.
IV
– O Egito e os filhos de Israel.
INTRODUÇÃO
O
Egito representa uma das mais antigas civilizações humanas. Sua história é
quase tão antiga como o próprio homem. Julgam alguns historiadores, por isso,
ter sido o Vale do Nilo o berço da humanidade. Mas, por intermédio das Sagradas
Escrituras, sabemos ser a Mesopotâmia o primeiro lar de nossos mais remotos
ancestrais. Napoleão Bonaparte, em sua campanha pelo Oriente Médio, ficou
extasiado com a antiguidade da civilização egípcia. Ao contemplar as colossais
pirâmides, exclamou aos seus homens: "Soldados, do alto dessas pirâmides,
quarenta séculos vos contemplam". A grandiosidade do Egito exerce um
grande atrativo sobre o nosso espírito. Como não admirar as monumentais
conquistas dos forja-dores da civilização egípcia? A presença do Egito nas
Escrituras Sagradas é muito forte. Por esse motivo, precisamos conhecer melhor
a história e a geografia desse lendário e misterioso país. Tendo em vista o
exíguo espaço de que dispomos, não poderemos tratar, com profundidade, da cultura
egípcia. Cabe ao leitor, entretanto, aprofundar-se no assunto e buscar novas informações
em uma bibliografia adequada. Basta-nos. por enquanto, alguns dados gerais sobre
o outrora portentoso império do Nilo.
I - HISTÓRIA DO EGITO
Não
podemos datar, com precisão, quando chegaram os primeiros colonizadores aos territórios
egípcios. Quanto mais recuamos no tempo, mais a cronologia torna-se imprecisa. Sabemos,
contudo, que os primeiros habitantes dessa região foram nômades. Após uma vida de
árduas e incômodas peregrinações, eles começaram a organizar-se em pequenos
Estados. Essas diminutas e inexpressivas unidades políticas conhecidas como nomos,
foram agrupando-se com o passar dos séculos, até formarem dois grandes reinos:
o Alto Egito, no Sul; e, o Baixo Egito, no Norte. Ambos estavam localizados,
respectivamente, no Vale do Nilo e no Delta do mesmo rio. Entre ambas as regiões
havia um forte contraste. Seus deuses eram diferentes, como diferentes eram,
também, seus dialetos e costumes. Até mesmo a filosofia de vida desses povos
eram marcadas por visíveis antagonismos. Declara o egiptólogo Wilson: "Em
todo o curso da história, essas duas regiões se diferenciaram e tiveram
consciência da sua diferenciação. Quer nos tempos antigos, como nos modernos,
as duas regiões falam dialetos muito diferentes e vêem a vida com perspectivas
também diferentes." Sobre essa época, escreve Idel Becker: "Neste
período pré-dinástico, o desenvolvimento da cultura egípcia foi, quase
totalmente, autóctone e interno. Houve apenas, alguns elementos de evidente
influência mesopotâmica: o selo cilíndrico, a arquitetura monumental, certos
motivos artísticos e, talvez, a própria idéia da escrita. Há, nessa época,
progressos básicos nas artes, ofícios e ciências. Trabalhou-se a pedra, o cobre
e o ouro (instrumentos, armas, ornamentos, jóias). Havia olarias; vidragem;
sistemas de irrigação. Foi-se formando o Direito, baseado nos usos e costumes
tradicionais – leis consuetudinárias."
1 - A unificação do
Egito
Em
conseqüência de suas muitas diferenças, o Alto e o Baixo Egito travaram violentas
e desgastantes guerras por um longo período. Essas constantes escaramuças
enfraqueciam ambos os reinos, tornando-os vulneráveis a ataques externos.
Consciente da inutilidade desses conflitos, Menés, rei do Alto Egito, conquista
o Baixo Egito. Depois de algumas reformas administrativas, esse monarca (para
alguns historiadores, uma figura lendária) unificou o país, estabeleceu a
primeira dinastia e tornou Tínis, a capital de seu vasto império. A unificação
do Egito ocorreu, de acordo com cálculos aproximados, entre 3.000 a
2.780
a.C. Nesta mesma época, os egípcios começaram a fazer uso da escrita e de um
calendário de 365 dias. Unificados, o Alto e Baixo Egito transformaram-se no
mais florescente e poderoso império da antigüidade. Os reis iniciaram a
construção das grandes pirâmides, que lhes serviu de tumba. Por causa desses arroubos
arquitetônicos, receberam o apelido de "casa grande" - faraó. Então,
a cultura egípcia alcançou proporções consideráveis. No final do Antigo
Império, que abrange o período de 2.780 a 2.400 a.C, o poder dos faraós começou
a declinar. O fim dessa era de glórias é marcado por revoltas e desordens, ocasionadas
pelos governadores dos nomos. Uma febre de independência alastra-se por todo o
pais. Cresce, cada vez mais, o poder da nobreza; a influência da realeza decai
continuamente. Aproveitando-se desse caos generalizado, diversas tribos
negróides e asiáticas invadem o país. Graças, entretanto, a intervenção dos
faraós tebanos, o Egito consegue reorganizarse, pelo menos até a agressão
hicsa.
2 - A invasão dos
hicsos.
Não
obstante a segurança trazida pelos príncipes de Tebas (11* dinastia) e pelas conquistas
político-sociais do povo, o Egito começa a sofrer incursões de um bando aguerrido
de pastores asiáticos. Nem mesmo o prestígio internacional dos faraós seria suficiente
para tornar defensáveis as fronteiras egípcias. Esses invasores, que dominariam
o Egito por 200 anos, aproximadamente, são conhecidos como hicsos. Eles iniciam
sua dominação em 1.785 e são expulsos por volta de 1580 a.C. Idel Becker, com
muito critério, fala-nos acerca desse conturbado período: "Esta é a época
mais confusa e discutida da história do antigo Egito: um período de invasões e
de caos interno. Os hicsos - conglomerado de povos semitas e arianos, invadiram
o Egito (através do istmo que o ligava à península do Sinai), venceram os
exércitos de faraó e dominaram grande parte do país. Possuíam cavalos e carros
de guerra (com rodas); e armas de bronze (ou talvez, mesmo, de ferro), mais bem
acabadas e mais fáceis de manejar do que as dos egípcios. Tudo isso explica a
sua superioridade bélica e os seus triunfos militares. Os hicsos talvez
estivessem fugindo da pressão dos invasores indo-europeus (hititas, cassitas e mitanianos),
sobre o Crescente Fértil." Com os hicsos, acrescenta Becker, devem ter entrado
no Egito os hebreus.
3 - Novo Império.
Com
a expulsão dos hicsos, renasce o Império Egípcio com grande pujança. Com Ames
I, os faraós tornaram-se imperialistas e belicosos. Tutmés III, por exemplo,
conquistou a Síria e obrigou os fenícios, cananitas e assírios a pagarem-lhe
tributo. A expansão egípcia, entretanto, esbarrou nos interesses dos poderosos
hititas, senhores absolutos da Ásia Menor. Na ocasião, o célebre faraó, Ramsés
II fez ingentes esforços para vencê-los. Como não conseguiu o seu intento,
assinou com o reino hitita um tratado de paz, que vigorou por muitos anos. 32 Foi
durante o Novo Império (1580-1200 a.C), que os israelitas começaram a ser escravizados
pelos faraós. 4 – Decadência Após o Novo Império, o Egito começou a sofrer
sucessivas intervenções: líbia, etíope, indo-européia, assíria, persa, grega e
romana. Em linhas gerais, essa nação, cujo passado foi tão glorioso, pertenceu
ao Império Romano, durante 400 anos; ao Império Bizantino, durante 300 anos. No
Século VII d.C, fica sob a tutela dos muçulmanos. A partir de 1400, torna-se
possessão turca. No Século XIX, fica sob a custódia franco-inglesa. No início
deste Século, torna-se protetorado inglês. Em 1922, todavia, conquista sua
independência. Hoje, porém, não passa de um apagado reflexo de sua primeira
glória.
II - GEOGRAFIA DO
EGITO
Netta
Kemp de Money descreve o antigo Egito: "O Egito da antiguidade se assemelhava
em sua forma a uma flor de lótus (planta importante na literatura e na arte egípcia),
no extremo de um talo sinuoso que tem à esquerda e um pouco abaixo da própria flor,
um botão de flor. A flor é composta pelo Delta do Nilo, o talo sinuoso é a
terra fértil que se estende ao longo do dito rio, e o botão é o lago de Faium
que recebe o excedente das inundações anuais do Nilo". O Egito atual tem o
formato de um quadrado. Localizado no Nordeste da África, limita-se ao norte,
com o mar Mediterrâneo; a leste, com Israel (e, também, com o mar Vermelho); ao
sul, com o Sudão; a oeste, com a Líbia. De sua área, de quase um milhão de quilômetros
quadrados, 96 por cento são compostos de terras áridas. Sua população, de 45 milhões
de habitantes, é obrigada a viver com os 4 por cento de terras cultiváveis. Localizava-se
o Alto Egito no Sul do atual território egípcio. Essa região, chamada de Patros
pelos hebreus (Jr.44.1,15), é constituída por um estreito vale ladeado por
penedos de formação calcária. O Baixo Egito, por seu turno, localizava-se no
Norte e sua área mais fértil encontra-se no Delta. O Egito, no entanto, não
existiria sem o Nilo. Esse rio é o mais extenso do mundo, com um percurso de 6.400
km com suas vazantes, fertiliza vastas extensões de terra, tornando possível
fartas semeaduras. Heródoto, com muita razão, disse ser o Egito um presente do
Nilo. Em seu livro Geografia das Terras Bíblicas, afirma o pastor Enéas
Tognini: "Sem o Nilo, o Egito seria um Saara - terrível e inabitado. O
Nilo proporcionou riquezas aos faraós que puderam viver nababescamente,
construindo templos suntuosos, monumentos grandiosos, palácios de alto luxo,
pirâmides gigantescas e a manutenção de exércitos bem armados que, não somente
protegiam o Egito, mas tomavam, nas guerras novas regiões. Os egípcios não
tinham necessidade de observar se as nuvens trariam chuvas ou não. O Nilo lhes
garantia a irrigação e as suas águas lhes davam colheitas fartas e certas. É
fato que uma seca poderia trazer pobreza à terra, como aconteceu no tempo de
José. Se a cheia fosse além dos limites, as águas poderiam arrasar cidades,
deixando o povo desabrigado e prejudicariam as safras. Mas, tanto secas como
enchentes eram raras. O Nilo era então, como é hoje, a vida do Egito e o
principal fator de suas múltiplas organizações, simples algumas e sofisticadas
e complexas outras".
III - A GRANDEZA DO
EGITO
Os
egípcios deixaram um marco de indelével grandeza na História. Desde as pirâmides
às conquistas científicas e tecnológicas, foram magistrais. Haja vista, por exemplo,
os arquitetos modernos que continuam a contemplar, com grande admiração, os monumentos
piramidais construídos pelos faraós. Desta forma Halley descreve a Grande
Pirâmide de Queops: "O mais grandioso monumento dos séculos. Ocupava 526,5
acres, 253 metros quadrados (hoje 137), 159 m de altura (hoje. 148). Calcula-se
que se empregaram nela 2.300.000 pedras de 1 metro de espessura média, e peso
médio de 2,5 toneladas. Construída de camadas sucessivas de blocos de pedra
calcária toscamente lavrada, a camada exterior alisada, de blocos de granito delicadamente
esculpidos e ajustados. Estes blocos exteriores foram removidos e empregados no
Cairo. No meio do lado norte há uma passagem, 1 m de largura por 130 de altura,
que leva a uma câmara cavada em rocha sólida, 33 m abaixo do nível do solo, e exatamente
180m abaixo do vértice; há duas outras câmaras entre esta e o vértice, com pinturas
e esculturas descritivas das proezas do rei". Os antigos egípcios
destacaram-se, ainda, na matemática e na astronomia. Há mais de quatro mil
anos, quando a Europa revolvia-se em sua primitividade, os sábios dos faraós já
lidavam com fórmulas para calcular as áreas do triângulo e do círculo e,
também, do volume das esferas e dos cilindros. Souto Maior fala-nos, com mais
detalhes, acerca do avanço científico dos antigos egípcios: "Apesar de não
conhecerem o zero, já resolviam nessa época equações algébricas. Os seus
conhecimentos astronômicos permitiram-lhes a organização de um calendário baseado
nos movimentos do Sol. A divisão do ano em doze meses de trinta dias é de
origem egípcia; os romanos adotaram-na e ainda hoje é conservada com pequenas
modificações. A medicina egípcia também era surpreendentemente adiantada.
Chegaram a fazer pequenas operações e a tratar com habilidade as fraturas
ósseas. Pressentiram a importância do coração e, na observação das propriedades
terapêuticas de certas drogas, adquiriram alguns conhecimentos de fármaco dinâmica".
IV - O EGITO E OS
FILHOS DE ISRAEL
O
relacionamento de Israel com o Egito remonta à Era Patriarcal. Premidos pela
fome
e outras agruras, Abraão e Isaque desceram à terra dos faraós, onde sofreram
sérios constrangimentos. O primeiro e maior patriarca hebreu, por exemplo,
esteve prestes a perder a esposa, cuja beleza embeveceu o rei daquela nação.
Não fosse a intervenção divina. Sara não seria contada entre as ilustres mães
do povo israelita. Em sua velhice, Abraão recebe esta sombria revelação do
Senhor: "Saibas, de certo, que peregrina será a tua semente em terra que
não é sua, e servi-los-ão; e afligi-los-ão quatrocentos anos; mas também eu
julgarei a gente, a qual servirão, e depois sairão com grande fazenda. E tu
irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado. K a quarta geração
tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda
cheia"
(Gn
15.13-16).
1 - José,
primeiro-ministro do Egito.
Estêvão,
sábio diácono da igreja primitiva, conta-nos como José chegou a
primeiroministro do Faraó: "E os patriarcas, movidos de inveja, venderam a
José para o Egito. mas, Deus era com ele. E livrou-o de todas as suas
tributações, e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito. que o
constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa. Sobreveio então a todo o
país do Egito e de Canaã fome e grande tributação; e nossos pais não achavam
alimentos. Mas, tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais,
a primeira vez. E, na segunda vez foi José conhecido por seus irmãos, e a sua
linhagem foi manifesta a Faraó. E José mandou chamar a seu pai Jacó e a toda
sua parentela, que era de setenta e cinco almas" (At 7.9-14). Não obstante
sua humilde condição de escravo, José tornou-se primeiro-ministro do Faraó. E, por seu intermédio, Deus salvou toda a
descendência de Israel. Não fosse o providencial ministério exercido por esse
intrépido hebreu, a progênie abraãmica ver-se-ia em grandes dificuldades. Sua
história é uma das obras-primas da humanidade. José chegou ao Egito no Século
XX a.C.
Nesse
tempo, segundo os historiadores, os hicsos dominavam o país. Sendo, também,
semitas, os novos senhores da terra não tiveram dificuldades em demonstrar sua
magnanimidade aos hebreus. Mostrando-se liberais e generosos, ofereceram aos
israelitas a região de Gósen, onde a linhagem abraãmica desenvolveu-se
sobremaneira.
2 - Moisés
Continua
Estêvão a contar a história dos israelitas no Egito: Aproximando-se, porém, o
tempo da promessa que Deus tinha feito a Abraão, o povo cresceu e se
multiplicou no Egito; até que se levantou outro rei, que não conhecia a José. Esse,
usando de astúcia contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, a ponto de os
fazer enjeitar as suas crianças, para que não se multiplicassem. Nesse tempo, nasceu
Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai. E, sendo
enjeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho. E Moisés foi
instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e
obras. "E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração
ir visitar seus irmãos, os filhos de Israel. E, vendo maltratado um deles, o
defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio. E ele cuidava que seus irmãos
entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão; mas eles não
entenderam. E no dia seguinte, pelejando eles, foi por eles visto, e quis
levá-los à paz, dizendo: Varões, sois irmãos; por que vos agravais um ao outro?
E o que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu príncipe e
juiz sobre nós? Queres tu matar-me, como ontem mataste o egípcio? "E a
esta palavra fugiu Moisés, e esteve como estrangeiro na terra de Midiã, onde gerou
dois filhos. E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor, no
deserto do monte Sinai, numa chama de fogo de um sarçal. Então Moisés, quando
viu isto, maravilhou-se da visão; e, aproximando-se para observar, foi-lhe
dirigida a voz do Senhor: "Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, e
o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar. E
disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás
é terra santa: Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito,
e ouvi os seus gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao
Egito. "A este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu
príncipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do
anjo que lhe aparecera no sarçal. Foi este que os conduziu para fora, fazendo
prodígios e sinais na terra do Egito, e no mar Vermelho, e no deserto, por
quarenta anos. Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: o Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos
irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis" (At 7.17-37). Israel deixou o
Egito no Século XV a.C. Depois do Êxodo, israelitas e egípcios voltariam a se
enfrentar no tempo dos reis e no chamado período inter-bíblico. Recentemente, com
a independência do moderno Estado de Israel, as forças judaicas defrontaram-se com
as egípcias diversas vezes. O antagonismo entre ambos os povos é milenar.
Entretanto, o futuro dessas nações será de paz e glória: "Naquele dia
haverá estrada do Egito até a Assíria, e os assírios virão ao Egito, e os
egípcios irão à Assíria: e os egípcios adorarão com os assírios ao Senhor.
Naquele dia Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no
meio da terra. Porque o Senhor dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito
seja o Egito, meu povo, e a Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha
herança" (Is 19.23-25).
ASSÍRIA
Sumário: Introdução.
I
- A geografia assíria.
II
-A história assíria. III - As
relações
entre a Assíria e Israel.
INTRODUÇÃO
Os
assírios jactavam-se de descender de Assur, filho de Sem e neto de Noé (Gn
10.11).
Esse ilustre patriarca deixou a planície de Sinear para estabelecer-se em uma
cidade localizada na orla oriental do Tigre, que passou a levar seu nome. Durante
muito tempo, os descendentes desse renomado semita tiveram uma tranqüila existência.
Abstinham-se de conflitos abrangentes.
I - A GEOGRAFIA
ASSÍRIA
O
território assírio, no princípio, era inexpressivo. Perdia-se entre as grandes possessões
dos países circundantes. Com o passar dos séculos, foi se estendendo e abarcando
muitas nações vizinhas, transformando-se em um grande império. As fronteiras assírias,
porém, nunca foram definidas. Variavam de conformidade com as vitórias ou derrotas
dos soberanos de Assur. No ápice de sua glória, a Assíria ocupava uma área que
ia do Norte da atual Bagdá até as imediações dos lagos Van e Urmia. Na linha
leste-oeste, ia dos montes Zagros até o vale do rio Habur. Tendo em vista a sua
privilegiada posição geográfica, era alvo de constantes invasões dos nômades e
nativos do Norte e do Nordeste.
Durante
muitos séculos, Nínive manteve-se inexpressiva no cenário assírio. Em
2.350
a.C, contudo, Sargão transformou-a na capital dos filhos de Assur. A partir de
então, a cidade tornou-se participante das glórias e derrotas da Assíria. Nínive
é a própria história do Império Assírio. No Século XII a.C, os assírios começam
a demonstrar suas intenções hegemônicas. Sob a poderosa influência do rei
Tiglete-Pileser, encetam várias campanhas militares, visando à expansão de seu
território. Nessa época, subjugaram facilmente os sidônios. Os assírios,
entretanto, não possuíam guarnições suficientes para manter suas conquistas.
Enquanto marchavam em direção ao Ocidente, os vassalos orientais rebelavamse. A
Assíria, em conseqüência desses insucessos militares, sofre clamorosas perdas territoriais.
O enfraquecimento do império assírio favoreceu a consolidação do reino
davídico. Duzentos anos mais tarde, a Assíria fez novas tentativas para dominar
o mundo. Salmaneser II, primeiro soberano assírio a ser mencionado nas crônicas
hebraicas, derrotou, na batalha de ('arcar, na Síria, uma coligação militar
formada por sírios, fenícios e israelitas. Passados doze anos, ele volta a
enfrentar a aliança palestínica. E, à semelhança da primeira vez, vence-a.
Rumores do Oriente, entretanto, fazem-no voltar à Assíria. Frustrado, abandona
suas conquistas. No Século VIII a.C, a Assíria começa a estabelecer-se, de
fato, no Ocidente. Tiglete-Peliser II estende as fronteiras de seu império até
Israel. Mostrando quão ilimitada era a sua autoridade, obriga o rei israelita,
Manaén, a pagar-lhe tributos. Mais tarde, ajuda Acaz, rei de Judá, a livrar-se
das investidas do reino de Israel. Oportunista, toma dez cidades israelitas e
translada sua população à Assíria. Como se isso não bastasse, desaloja as
tribos de Rubem, Gade e Manasses das possessões que elas receberam de Josué,
sucessor de Moisés. A Assíria teve o seu apogeu entre 705 a 626 a.C. Período
que abrange os reinados de Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal. Esse clímax
de prosperidade e brilho é demasiado efêmero. Aliás, o poder humano, por mais
invencível que se mostre, não passa de vaidade, de tolas vaidades. O império
assírio desmorona-se! Em 616 a.C, Nabopolassar, governador de Babilônia,
subleva-se e declara a independência dos territórios sob sua jurisdição.
Decidido a arrasar com o já minado poderio assírio, alia-se ao rei medo
Ciaxares. Este, em 614 a.C, conquista e destrói totalmente Nínive, para onde
Jonas fora enviado a proclamar os juízos do Eterno contra os reticentes filhos
de Assur. Com a queda de Nínive, desaparece a glória da Assíria.
III - AS RELAÇÕES
ENTRE A ASSÍRIA E ISRAEL
Visando
atingir a hegemonia absoluta do Médio Oriente, a Assíria desencadeou várias
crises com seus vizinhos ocidentais: sírios, fenícios e hebreus. Esses povos
separavam Assur de seu terrível e ambicioso rival - o Egito. Enquanto Nínive
não se impõe no Ocidente, Davi solidifica seus domínios, alargados e
engrandecidos por Salomão. Os filhos de Abraão estavam protegidos do
imperialismo assírio por seus vizinhos setentrionais, cujos territórios
formavam uma área defensável às suas possessões. Com a queda da Síria e da
Fenícia, porém, os reinos de Israel e Judá tornaram-se mais vulneráveis, não
bastassem o sectarismo e a rivalidade entre ambos. Em 723 a.C. a Assíria
destrói Israel e deporta as dez tribos que o compunham. Desaparece o Reino do
Norte, fundado por Jeroboão, depois de uma atribulada existência de dois
séculos. Roteiro da deportação das 12 tribos á Assíria Deportar para outras
terras os povos subjugados e arrefecer-lhes o ardor nacionalista. Esta era a
política assíria; visava do extermínio moral das nações conquistadas. Povo
cruel, os assírios esfolavam vivos seus prisioneiros: cortavam-lhes as mãos, os
pés, o nariz e as orelhas; vazavam-lhes os olhos; arrancavam-lhes as línguas.
Funéreos artistas faziam montes de crânios humanos. As hordas assírias tentaram
apoderar-se, também, de Judá. Foram os assírios obrigados a se concentrarem nos
levantes da caldeia, onde exalariam seu último suspiro como império.
BABILÔNIA
Sumário:
Introdução.
I
- História de Babilônia.
II
- Geografia de Babilônia.
III
-A grandeza de Babilônia.
IV
- Babilônia e o povo de Judá. V - O fim de Babilônia.
INTRODUÇÃO
Babilônia,
nas Sagradas Escrituras, é sinônimo de poder e glória. A história desse império,
simbolizado pelo ouro, é antiqüíssima. Trata-se de uma das primeiras
civilizações da Terra. As crônicas babilônicas estão intimamente associadas com
as da Mesopotâmia - berço da raça humana. Como não associar, também, a história
babilônica à hebraica? Séculos de convívio, nem sempre belicosos, ligam ambos
os povos. Babilônios e hebreus, segundo alguns estudiosos, são oriundos de uma
mesma família semita. O patriarca Abraão, a propósito, é originário de Ur dos
Caldeus. Conhecer Babilônia é, acima de tudo, vislumbrar as funestas
conseqüências da soberba humana.
I - HISTÓRIA DE
BABILÔNIA
Como
já dissemos, Babilônia é uma cidade antiquíssima. A data de sua fundação é incerta.
No entanto, sua conexão com Acad e Calnesh (Gn 10.10), leva-nos a supor tenha sido
ela estabelecida por volta de 3.000 a.C! A história da mais importante
metrópole do Fértil Crescente não passa de uma longa série de sangrentas lutas.
Ambiciosos soberanos encetaram as mais renhidas guerras para expandirem
Babilônia e preservarem seu território. Babilônia foi sitiada vezes sem conta.
É difícil calcular, também, quantas vezes seus muros e templos foram arrasados.
Ávidos inimigos despojavam-na, com freqüência, de seus fabulosos tesouros. Seus
orgulhosos habitantes sofreram os mais inumanos ataques. Essa opulentíssima
cidade, todavia, levantava-se com mais brilho e pujança até tornar-se, no tempo
de Nabucodonosor, em uma das maravilhas do mundo. Durante séculos, Babilônia
permaneceu sob a tutela assíria. O governador da Caldéia, Nabopolassar,
levanta-se, porém, contra a hegemonia de Nínive. Auxiliado pelos medos, sacode
de si o jugo assírio. Em 622 a.C, ele é proclamado rei, em Babilônia. Tem
início, dessa forma, uma nova dinastia na Mesopotâmia. O intrépido monarca
combate, sem tréguas, o exército assírio. Com a tomada de Nínive, consolida,
definitivamente, a sua soberania nessa região. O novo império, entretanto,
teria de se defrontar com a ambição egípcia. Neco, rei do Egito,
aproveitando-se dos insucessos da Assíria, enceta uma grande campanha contra o poder
emergente de Babilônia. Chega a apoderar-se, inclusive, da metade do Fértil Crescente.
Seu triunfo, porém, não é duradouro. Nabucodonosor
dirige-se contra o faraó e o vence em Carquemis, no ano 606 a.C. (Quando celebrava
a vitória, o príncipe herdeiro de Babilônia recebe a triste notícia da morte de
seu pai. Regressa, então, imediatamente à capital do novel império onde, no ano
seguinte, é coroado rei. Empreendedor, dá início a gigantescas construções que
fariam de seu reino, em tempo recorde, uma das maiores maravilhas do mundo.
II - GEOGRAFIA DE
BABILÔNIA
Babilônia
abrange os territórios da Mesopotâmia que vai de Hit e Samaria, no Norte de
Bagdá, até o Golfo Pérsico. As possessões babilônicas ocupavam, por conseguinte,
os antigos territórios de Sumer e Acad. Babilônia foi plantada em uma fértil
região, onde as chuvas eram constantes, possibilitando o surgimento, no local,
de grandes civilizações, desde os primórdios da humanidade. Foi justamente
nessa abençoadíssima área que floresceu o império de Nabucodonosor. Até os dias
de hoje, Babilônia lembra opulência e prosperidade. Essa notória cidade vem
despertando crescente interesse de judiciosos pesquisadores. Em 1956 e 1957,
arqueólogos norte-americanos constataram a existência de uma vasta rede de
canais entre Bagdá e Nippur. Esse sistema de irrigação, super avançado na
época, fez de Babilônia uma potência agrícola.Enquanto outros povos passavam
ingentes necessidades, os babilônios desfrutavam de fartura. A escassez de
alimentos era algo ignorado pelos caldeus. Nessa região, as pedras eram
bastante raras. Em compensação, havia abundância de cerâmica. Por isso as
construções babilônicas consistiam, basicamente, de tijolos. Além da cidade de
Babilônia, propriamente dita, havia, também, a Grande Babilônia formada pelas
seguintes cidades-satélites: Sippar, Kuta, Kis, Borsippa, Nippur, Uruk, Ur, Eridu.
Babilônia ficava sobre o Eufrates. Dizem os estudiosos que poucas cidades foram
tão privilegiadas pela natureza como essa. Com sobeja razão, pois, é
considerada a metrópole dourada.
III - A GRANDEZA DE
BABILÔNIA
A
primeira tarefa de Nabucodonosor foi reconstruir Babilônia, destruída por Senaqueribe,
em virtude de suas muitas rebeliões. Para conseguir o seu intento, o monarca caldeu
desfechou diversas campanhas, objetivando levar para a cidade milhares de
cativos para reconstruí-la. Entre outras coisas, construiu um muro em redor de
Babilônia. Dizem os entendidos que se tratava, realmente, de uma formidável
muralha. Visava Nabucodonosor tornar inexpugnável a capital de seu império.
Humanamente falando, nenhuma potência estrangeira poderia tomá-la. Tão largos
eram esses muros, que duas carruagens poderiam trafegar sobre eles
tranqüilamente. O maior mérito desse empafiosos soberano, entretanto, foi
reedificar Babilônia. Historiadores antigos, como Heródoto, maravilharam-se
ante a imponência e a grandiosidade dessa cidade. Para alguns mais exaltados,
só os deuses seriam capazes de erguer tal monumento, à soberba humana, é claro.
Babilônia estava edificada sobre ambas as margens do rio Eufrates. Protegia-a
uma dupla muralha. De acordo com os cálculos fornecidos por Heródoto, esses
muros, com 56 milhas de circunferência, encerravam um espaço de 200 milhas
quadradas. Buckland, em seu Dicionário Bíblico Universal, dá-nos mais alguns
detalhes acerca das grandezas babilônicas: "Nove décimas partes dessas 200
milhas quadradas estavam ocupadas com jardins, parques e campos, ao passo que o
povo vivia em casas de dois, três e quatro andares. Duzentas e cinqüenta torres
estavam edificadas por intervalos nos muros, que em cem lugares estavam abertos
e defendidos com portões de cobre. Outros muros havia ao longo das margens do
Eufrates e juntos aos seus cais. Navios de transporte atravessavam o rio entre
as portas de um e de outro lado, e havia uma ponte levadiça de 30 pés de
largura, ligando as duas partes da cidade. O grande palácio de Nabucodonosor
estava situado numa das extremidades desta ponte, do lado oriental. Outro
palácio, a admiração da humanidade, que tinha sido começado por Nabopolassar, e
concluído por Nabucodonosor, ficava na parte ocidental e protegia o grande
reservatório. Dentro dos muros deste palácio elevavam-se, a uma altura de 75
pés, os célebres jardins suspensos, que se achavam edificados na forma de um
quadrado, com 400 pés de cada lado, estando levantados sobre arcos."
Ao
construir Babilônia, símbolo de sua opulência, Nabucodonosor não se esqueceu de
reverenciar os falsos deuses. O Templo de Bel é um exemplo desse exagero idolátrico.
Esse monumento, com quatro faces, constituía-se em uma pirâmide de oito
plataformas, sendo a mais baixa de 400 pés de cada lado. Quem nos descreve essa
irreverência da engenhosidade humana é o já citado Buckland: "Sobre o
altar estava posta uma imagem de Bel, toda de ouro, e com 40 pés de altura,
sendo também do mesmo precioso metal uma grande mesa e muitos outros objetos
colossais que pertenciam àquele lugar sagrado. As esquinas deste templo, como
todos os outros templos caldaicos, correspondiam aos quatro pontos cardeais da
esfera. Os materiais, empregados na grandiosa construção, constavam de tijolos
feitos do limo, extraído do fosso, que cercava toda a cidade." A
grandiosidade de Babilônia levou Nabucodonosor a esquecer-se de sua condição humana
e a julgar-se o próprio Deus. Em conseqüência disso, ele foi punido pelo Todo poderoso.
Só reconheceu a sua exigüidade, depois de passar sete anos com as bestas feras.
IV - BABILÔNIA E O
POVO DE JUDÁ
Deus,
sem dúvida alguma, permitiu a ascensão de Babilônia para punir a impenitência
das nações do Médio Oriente. Nem mesmo Judá escaparia da ação judicial do Eterno.
A tribo do rei Davi, que se convertera no Reino do Sul, em virtude do cisma
israelita ocorrido em 931 a.C, perverteu a aliança mosaica. A maioria dos
soberanos judeus adorou e permitiu a adoração de falsos deuses, induzindo o
povo à apostasia. Não obstante a candente advertência dos santos profetas, os
judeus continuaram reticentes. O Senhor Deus, por isso, resolveu puni-los. Quem
seria o instrumento de sua justiça? Respondem os profetas: Babilônia. Conforme
já dissemos, tão logo Nabopolassar vence os últimos redutos da resistência
assíria, volta-se para a Palestina, disposto a conquistá-la e aumentar o seu
império. - O que poderia fazer Judá para conter a avalanche babilônica? - Nada;
absolutamente nada. Para Jeremias, por exemplo, o fim do Reino de Judá viria
inexoravelmente. O profeta, por isso mesmo, recomendou ao monarca judaíta que se
submetesse ao soberano babilônico. Nabopolassar, todavia, não pôde dar
consecução aos seus planos de expansão territorial, em virtude de sua morte
inesperada. Caberia, por conseguinte, ao seu filho e sucessor natural,
Nabucodonosor. assegurar a hegemonia babilônica no Médio Oriente. Após ser
coroado, o jovem monarca volta a sua atenção à terra de Judá. Depois de vencer
as forças judaicas, Nabucodonoor faz de Jeoaquim seu vassalo. O representante
da dinastia davídica obriga-se a enviar a Babilônia, regularmente, vultosos impostos.
Em 603 a.C, porém, o rei de -Judá resolve não mais cumprir os compromissos assumidos
com o regime babilônico. Irado, Nabucodonosor dirige-se a Judá e a sitia. Chega
ao fim o Reino do Sul, fundado por Roboão. O monarca babilônico, ainda
insatisfeito, prende o rei Joaquim, juntamente com a nobreza judaica, e o
deporta para a Babilônia. Entre os exilados, encontram-se, Daniel, Sadraque,
Mesaque e Abednego. Como despojo, o destemido conquistador leva consigo os
vasos sagrados da Casa do Senhor. No ano seguinte, Zedequias assume o trono de
Judá. Títere, seria obrigado a pagar, fielmente, tributos a Nabucodonosor.
Durante oito anos, o sucessor de Joaquim mantém-se fiel a Babilônia. Em 597,
porém, subleva-se, causando a destruição de Jerusalém e a deportação dos
restantes filhos de Judá. Na terra desolada, ficaram apenas os pobres. O
castigo de Jerusalém foi indescritível. Os exércitos de Nabucodonosor caíram como
gafanhotos sobre a cidade do Grande Rei. Destruíram seus palácios, derribaram
seus muros e deitaram por terra o Santo Templo. O lugar mais santo e mais
reverenciado pelos hebreus não mais existia. O mais suntuoso monumento do Médio
Oriente não passava, agora, de um monturo. Os judeus, doravante, andariam
errante, por 70 anos em uma terra estrangeira e idolatra. O exílio, contudo,
seria assaz benéfico à progênie de Abraão, que não mais curvar-se-ia ante os
falsos deuses.
V - O FIM DE BABILÔNIA
O
Império Babilônico, fundado por Nabopolassar, não teve uma vida bastante longa.
Em menos de um século, já emitia sinais de fraqueza e degenerescência. Enquanto
isso, a coligação medo-persa fortalecia-se continuamente e se preparava para
conquistar a dourada prostitura do Fértil Crescente - Babilônia. Em 538 a.C,
quando Belsazar participava, juntamente com seus altos oficiais e suas prostitutas,
de uma desenfreada orgia, os exércitos medo-persas tomaram Babilônia, transformando-a
em uma possessão ariana. Naquela mesma noite, a propósito, o Todo poderoso revelara,
por intermédio de Daniel, quão funesto seria o fim do domínio babilônico. Dario,
um dos mais destemidos e proeminentes generais de Ciro II, tomou Babilônia e
matou o libertino Belsazar. Tinha início, assim, o Império Medo-persa.
O
IMPÉRIO PERSA SUMÁRIO
I
- História do Império Persa.
II
- Geografia do Império Persa.
III
- O Império Persa e os judeus.
IV
- Fim do Império Persa.
INTRODUÇÃO
Com
a destruição do Império Babilônico surge uma nova superpotência no Médio
Oriente.
A coligação medo-persa transforma-se, rapidamente, em um vastíssimo reino. No tempo
de Assuero, por exemplo, a Pérsia dominava sobre 127 províncias, da índia à
Etiópia. Jamais surgira reino de tão dilatadas possessões!
Durante
o Império Persa, os judeus foram tratados com longanimidade e condescendência.
Permitiam-lhes os soberanos persas, por exemplo, as manifestações de sua religiosidade
e tradições nacionais. Nesse período, obtêm os dispersos de Judá permissão para
voltar à amada e inesquecível Terra de Israel e reconstruir o santo Templo e
suas casas. Como todo o poderio humano é efêmero, o Império Persa não deixaria
de exalar o último suspiro. Em seu lugar, outro reino emergiria. A História vai
sendo escrita com a ascensão e queda dos impérios. A soberana vontade do
Todo-poderoso, entretanto, permanece incólume e absoluta.
I - HISTÓRIA DO
IMPÉRIO PERSA
O
capítulo dez de Gênesis é conhecido como a genealogia das nações. Nele, estão registrados
os nomes dos principais patriarcas da raça humana. Não encontramos, porém, nessa
importante porção das Sagradas Escrituras, o cadastro da ancestralidade persa.
Julgase, por isso, ter a Pérsia começado a formar-se séculos após a dispersão
da Torre de Babel A nação persa é o resultado da fusão de povos oriundos do
Planalto Iraniano: cassitas, elamitas, gutitas e lulubitas. A mais antiga
comunidade persa é a de Sialk. Por muitos séculos, esse povo esteve envolvido
em completo anonimato. Suas alianças políticas variavam de acordo com as
tendências da época. Ao aproximar-se da Média, contudo, começa a descobrir o
valor de sua nacionalidade e as suas reais potencialidades. A Pérsia, durante o
Império Babilônico, não passava de um Estado vassalo da Média. Ambas as nações,
porém, mantinham, até certo ponto, uma convivência pacífica, em virtude de
possuírem algumas heranças comuns: eram indu-européias e dedicavam-se à criação
de gado cavalar. Com o passar dos tempos, todavia, os persas aumentam o seu
poderio e começam a desvencilhar-se dos tentáculos medos. Ciro II consegue, em 555
a.C, reunificar as várias tribos persas. Sentindo-se fortalecido, lança-se
sobre a Média. Depois de três anos de renhidas batalhas, derrota-a. A vitória
desse monarca é tão retumbante, que causa espécie em toda a região. Temerosos,
os reinos vizinhos reúnem-se com o objetivo de formar uma aliança para frustrar
as intenções hegemônicas do novo reino. Perspicaz e oportunista, Ciro II move
uma guerra generalizada contra essa coligação, abatendo-a em seu nascedouro. Em
uma bem sucedida série de ataques relâmpagos, derrota a Lídia e a Babilônia.
Espantadas com o ímpeto bélico desse monarca, Esparta e Atenas firmam um acordo
de paz com a Pérsia. Dario encarrega-se da conquista de Babilônia. Na noite de 538
a.C. esse importante general de Ciro II, aproveitando-se da embriaguez de
Belsazar e de seus nobres, conquista a mais bela e suntuosa cidade daquela
época. O príncipe babilônico, conforme previra o profeta Daniel, é deposto e
morto. O Todo-poderoso servira-se dos persas para contar, pesar e dividir o
império fundado por Nabopolassar. Condescendente, Dario resolve poupar a vida
do pai de Belsazar. Na fatídica noite da queda de seu reino, Nabonido
encontrava-se em viagem, realizando (quem sabe?) escavações arqueológicas, pois
deliciava-se com o estudo das coisas antigas. Desterrado para a Carcâmia, seria
nomeado, posteriormente, um dos governadores regionais do novo soberano. Inicialmente,
Dario foi designado, por Ciro II, para governar Babilônia. Enquanto isso,
consolidava os alicerces do poderio medo-persa. É bom esclarecermos que a
Média, apesar de derrotada pela Pérsia, uniu-se a esta, imediatamente, para
conseguir a hegemonia do mundo de então. Ciro II, conforme já dissemos,
mostrava-se tolerante com os vencidos. Procurava tratá-los com dignidade e
consideração. Souto Maior traça o perfil desse controvertido persa: "Ciro
foi, é verdade, um conquistador, porém não teve o aspecto primário dos monarcas
guerreiros de sua época. Sua dominação se fazia opressiva pelas obrigações econômicas
exigidas, o que aliás explica as constantes revoltas. Contudo, seu imperialismo
era sem dúvida superior ao primitivismo cruel dos conquistadores assírios."
Quando de sua morte, em 529 a.C, o Império Persa já abarcava infindáveis possessões.
II - GEOGRAFIA DO
IMPÉRIO PERSA
Documentos
desenterrados nas últimas décadas revelam-nos existirem duas Pérsias. A Grande
Pérsia, localizada no Sudeste do Elã, e que correspondia à área ocupada atualmente
pelo Irã. Por seu turno, a Pequena Pérsia limitava-se, ao Norte, pela Magna Média.
Em um sentido amplo, o território persa compreendia o planalto do Irã, toda a
região confinada pelo Golfo Pérsico, os vales do Tigre e do Ciro, o mar Cáspio
e os rios Oxus, Jaxartes e Indo. No tempo de Assuero, marido de Ester, as
possessões persas estendiam-se da índia à Grécia, do Danúbio ao Mar Negro, e do
Monte Cáucaso ao Mar Cáspio ao Norte e atingia, ainda, o deserto da Arábia e
Núbia.
III - O IMPÉRIO PERSA
E OS JUDEUS
Durante
a dominação babilônica, os judeus não gozavam de muitas prerrogativas. Com
muito custo e, enfrentando grandes dificuldades, conseguiram manter sua
religião e suas tradições nacionais. Em seus 70 anos de exílio, os filhos de
Abraão foram provados, aliás, dura e inumanamente. Reconheceram, entretanto,
quão amargos frutos colhiam em conseqüência de sua idolatria e que não existe
outro Deus, além do Santo de Israel. Com a ascensão do Império Persa, descortinam-se-lhes
novos e promissores horizontes. O Senhor usa o rei Ciro para autorizar-lhes o
regresso a Sião. No primeiro ano de reinado desse ilustre soberano, os filhos
de Judá são liberados a retornar à terra de seus antepassados. A frente dos
repatriados, ia o governador Zorobabel que, nos anos subseqüentes, seria o
principal baluarte da reconstrução do nosso Estado Judaico. Não fosse a
liberalidade de Ciro, tratado por Deus como "meu servo", os judeus
não teriam condições de se dedicarem a cumprir tão formidável tarefa. Sob a
vista dos sucessores do fundador do Império Persa, os muros e o Templo de
-Jerusalém foram reconstruídos em tempo recorde. O diligente Zorobabel, o
destemido Neemias, o erudita Esdras e o judicioso sumo sacerdote Josué,
contaram com o respaldo da monarquia persa, no santo cumprimento de seus
deveres. Ciro mostrou-se tão liberal que, inclusive, devolveu aos líderes
judaicos parte dos tesouros do Templo levados a Babilônia por Nabucodonosor.
Atrás da generosidade persa, contudo, estava a potente mão de Deus! No tempo da rainha Ester, mulher do poderoso
Assuero, vemos, uma vez mais, o Senhor usar o poderio persa em favor de seu
povo. Não obstante as maquinações de Hamà. o Deus de Abraão, Isaque e Jacó
forçou o soberano persa a ver com simpatia a causa dos exilados judeus. For
intermédio da belíssima prima de Mardoqueu, o Todo-poderoso intervém em favor
da nação judaica e concede-lhe grande livramento. O ministério de Ester é tão
glorioso que, ao interceder, junto ao seu esposo, pela vida de seu povo, estava
preservando, indiretamente, a existência do Salvador. Fossem os judeus aniquilados
pelo diabólico Hamã e toda a ancestralidade de Cristo extinguir-se-ia nos limites
do Império Persa.
IV - FIM DO IMPÉRIO
PERSA
O
Império Persa resplandecia no Oriente. No Ocidente, enquanto isso, a Grécia começa
a desenvolver-se e a tornar mais marcante a sua presença no concerto das
nações. Delineava-se, dessa maneira, o fim do imperialismo persa. Quão exatas
mostravam-se as profecias de Daniel! Segundo ele predissera, a Grécia
substituiria a Pérsia no comando político daquela época. E, caberia a um
intrépido macedônio a glória de pôr término à expansão medo-persa.
O
IMPÉRIO GREGO
Sumário:
Introdução.
I
- História da Grécia.
II
-Alexandre Magno.
III
- Geografia
da
Grécia.
IV
- Os gregos e os judeus. V - Fim do Império Grego.
INTRODUÇÃO
A
Grécia é o berço da civilização ocidental. Dos gregos, herdamos a democracia, a
concepção clássica das artes e, principalmente, a filosofia. Não obstante a
exigüidade de suas possessões geográficas, a antiga Grécia continua a nos
influenciar. Não fossem os helenos não haveria a tradicional divisão do mundo
entre Ocidente e Oriente. Amantes da liberdade e acostumados às discussões ao
ar livre, os gregos legaram-nos um inestimável tesouro - as bases de nossa
civilização. Eles, ao contrário dos indianos, chineses e outros povos
orientais, discutiam racionalmente todos os assuntos pertinentes à "polis",
- cidade, em grego. Acariciados pelos ventos elísios, deleitavam-se em
perquirir e filosofar. Tornarem-se amigos da sabedoria - eis a sua maior
ambição.Sob essa atmosfera, tão propícia ao desenvolvimento do espírito,
surgiram grandes gênios: Tales, Empédocles, Pitágoras, Sócrates, Platão,
Aristóteles e muitos outros. Visando ao desenvolvimento integral do ser humano,
os gregos não se preocupavam apenas com a mente. Voltavam-se, com o mesmo
afinco, ao aprimoramento físico. É comum, pois, vislumbrarmos nas esculturas atiças
verdadeiros Adônis e Vênus. Sob o comando de Alexandre Magno, esse ilustre povo
conquistou o mundo influente de então e espalhou sua cultura por todas as
terras. Foi esse soberano macedônio quem destruiu o Império Persa. As façanhas
desse jovem e audaz monarca tornaram-se proverbiais.
I - HISTÓRIA DA GRÉCIA
A
Grécia antiga estava dividida em cidades-estados. Sem coesão político administrativa,
esses pequenos e até diminutos países estavam em constantes alterações. Haja
vista as repetidas escaramuças entre Esparta e Atenas. Os gregos eram unidos
somente por laços culturais e religiosos. Quando o perigo os ameaçava,
firmavam, porém, alianças provisórias. O Século V a.C, marca o auge da Grécia.
Nessa longínqua época, Péricles assume o comando político de Atenas e começa a
apoiar, maciçamente, os empreendimentos culturais. Brilhante orador e possuidor
de invulgar gênio administrativo, transforma a capital da Ática na mais
importante cidade do mundo. Em meio a tão viçosa democracia, despontam os
filósofos, escultores, pintores, dramaturgos, poetas, arquitetos, médicos, etc.
Essa importantíssima Era da história grega passa a ser conhecida como o Século
de Péricles. Jamais os helenos voltariam a presenciar tanto desenvolvimento e
tamanha glória. No século seguinte, os gregos tornam-se alvo das intenções hegemônicas
de Felipe II da Macedônia.
II - ALEXANDRE MAGNO
Limitando-se
ao sul com a Grécia, a Macedônia estava destinada a dominá-la e a encabeçar o
domínio heleno do mundo. Seus habitantes, à semelhança dos gregos, eram de origem
indo-européia. A cultura macedônia, contudo, é considerada bem inferior à
grega. Nesse país, cuja área é ocupada hoje pela Iugoslávia, nasceu Felipe II. Capturado
por um bando de gregos, em meados do Século Quarto a.C, esse irrequieto macedônio
é levado a Tebas, onde domina as artes bélicas da Grécia. Em seu exílio,
elabora audaciosos planos: modernizar os exércitos da Macedônia e unir todos os
helenos sob o seu comando. Eis sua grande obsessão: subjugar o Império Persa.
De volta à sua terra, dá largas às suas pretensões hegemônicas. Em pouco tempo,
transforma as forças armadas macedônias em uma eficaz e formidável máquina de
guerra. Com ímpeto, domina as cidades-estados gregas. Entretanto, quando se
preparava para atingir o auge de suas realizações militares, é assassinado. Deu-se o desenlace durante as núpcias de sua
filha e às vésperas de invadir a Ásia Menor. Prematuramente tolhido por tão
bárbara fatalidade, desaparece sem dar consecução aos seus ambiciosos planos. Caberia
ao seu filho concretizar-lhe os ideais. "Um dos maiores gênios militares
de todos os tempos". Assim é descrito Alexandre Magno. Nascido em 356 a.C,
teve uma primorosa educação. Seu preceptor foi, nada mais nada menos, que
Aristóteles. Aos pés do mais exato dos filósofos gregos, o príncipe macedônio
universaliza-se. Com o alargamento de sua visão do mundo, passa a contemplar a
humanidade como uma só família. Como, porém, concretizar esse ideal? Conquistador
inato e guerreiro audaz, declara sua intenção: conquistar a Terra. Não obstante
seus 20 anos, reafirma sua autoridade sobre os gregos e, à testa de um exército
de 40 mil homens, marcha em direção aos persas. Com fúria sobre-humana, derrota
Dario Codomano, que possuía uma descomunal guarnição de mais de 800 mil homens.
Após destruir o poderio persa, Alexandre Magno prossegue, conquistando terras e
mais terras no Oriente. Ao chegar ao rio Indu, na índia, seus homens
convencem-no a voltar à terra natal. Cansados e com saudades, eles almejavam
rever a Grécia e voltar ao convívio familiar. Percebendo estar o moral de seu
exército um pouco baixo para novas conquistas, o soberano macedônio resolve
regressar. Foi-lhes a volta sobremodo penosa. Suportaram, por longos meses,
alucinante sede e infindáveis caminhadas sobre desérticas regiões. Muitos tombaram
sob o causticante calor do deserto. Alexandre Magno, ao chegar a Babilônia, é
recebido como um ente celestial. Tributam-lhe divinas honrarias. Para os pobres
mortais, não havia ser tão glorioso como o príncipe macedônio. Os dias
vindouros, contudo, revelam a verdade: o filho de Filipe II não passava de um
homem de carne e osso, sujeito aos caprichos da natureza e limitado pelos absolutos
desígnios de Deus. Em 323 a.C., morreu repentinamente. Com ele, morreram também
os seus sonhos de ecumenizar a humanidade. Na cidade, palco de tantos
acontecimentos importantíssimos para a História, cai o bravo príncipe
macedônio. O império desse jovem monarca não resiste à sua morte. Conforme
profetizara Daniel, as possessões alexandrinas são repartidas entre os mais
ilustres militares gregos. Coube a Lísimaco a Trácia e uma parte da Ásia Menor.
A Cassandro, a Macedônia e a Grécia. A Seleuco, a Síria e o Oriente. E, a
Ptolomeu, o Egito. De conformidade com as palavras do Senhor, o Império Grego
foi dividido. Desfazia-se, assim, o sonho panhelenístico de um grande
visionário. Uma das maiores realizações de Alexandre Magno foi a difusão
universal da cultura grega. Esse magnífico empreendimento cultural facilitaria,
mais tarde, a propagação global do Evangelho. O apóstolo Paulo, por exemplo, em
suas viagens missionárias, não encontrou quaisquer dificuldades em se comunicar
com os gentios, em virtude da internacionalização do koinê - grego vulgar. O
historiador Robert Nichols Hasting afirma que os helenos deram substancial
contribuição ao plano salvífico de Deus.
III - GEOGRAFIA DA
GRÉCIA
A
Grécia constitui-se, praticamente, de uma península localizada no Sudeste da
Europa.
Esse maravilhoso país é banhado por três mares: a leste, pelo Egeu; ao sul,
pelo Mediterrâneo; e a oeste pelo Jônico. A Macedônia ficava ao norte. Nos
primórdios, o território grego era conhecido como Acaia e limitava-se, ao sul
da península. A região ocupada por Atenas, nessa mesma época, era denominada de
Ática. Toda recortada pelo mar, a Grécia é cercada por muitas ilhas e ilhotas.
A natureza prodigalizou a Hélade com numerosas montanhas e abruptos declives.
Negou-lhe, entretanto, caudalosos rios e extensas planícies. A hidrografia
grega é paupérrima. Por causa disso, os helenos só cultivam sementes que
resistam aos longos estios e às altas temperaturas. Em virtude da inclemência
do clima e do solo de sua terra, os gregos começaram a dar asas à sua
imaginação. Sonharam com outras terras e vislumbraram novos horizontes.
Embevecidos
de sonhos e esperanças, provocaram a sua diáspora, que durou do Século XII ao
Século VI a.C. Eles fundaram colônias nas ilhas do mar Egeu, do mar
Mediterrâneo e do mar Negro. Instalaram-se, ainda, na Ásia Menor, no Sul da
Itália, no Norte da África e até em Massília, território ocupado, hoje, pela
França. A partir do Século IV a.C. a história da Grécia entrelaça-se à da
Macedônia. É bom conhecermos, por conseguinte, algumas particularidades
geográficas desse país que, sob a roupagem helena, quase conquistou a Terra. A
Macedônia limitava-se, ao sul com a Grécia; ao leste, com o mar Egeu e com a Trácia;
ao norte, com os montes balcânicos; e, a oeste, com a Trácia e o Ilíaco. Hodiernamente,
o território macedônio é ocupado pela Grécia, Iugoslávia, Bulgária, Albânia e a
parte européia da Turquia. O país de Alexandre Magno era uma vastíssima
planície fértil, cercada de altas montanhas. Na Macedônia, ficava a cidade de
Filipos, onde o Evangelho, através de Paulo, foi pregado, pela primeira vez, em
território europeu. Dessa região estratégica, a Palavra de Deus estendeu-se por
toda a Europa, alcançando milhões de almas. O território macedônio, portanto,
serviu de importantíssima base missionária para o apóstolo dos gentios coroar
de êxitos a sua carreira cristã. Alexandre Magno, lançou-se da Macedônia para
conquistar o mundo. Do mesmo lugar, o apóstolo Paulo lançou-se à Europa para
ganhar o mundo, mas, para Cristo. As glórias do príncipe macedônio, entretanto,
feneceram. - E, as glórias do Evangelho? - Continuam a brilhar!
IV - OS GREGOS E OS
JUDEUS
De
acordo com alguns historiadores, o contato de Alexandre Magno com os judeus foi
rápido e emocionante. O cronista hebreu Flávio Josefo narra-nos este encontro:
"Dario, tendo sabido da vitória obtida por Alexandre sobre seus generais,
reuniu todas as forças, para marchar contra ele, antes que se tornasse Senhor
de toda a Ásia; depois de ter passado o Eufrates e o monte Tauro, que está na
Cilicia, resolveu dar-lhe combate. Quando Sanabaleth viu que ele se aproximava
de Jerusalém, disse a Manasses que cumpriria sua promessa logo que Dario
tivesse vencido Alexandre, pois ele, e todos os povos da Ásia estavam convictos
de que os macedônios, sendo em tão pequeno número, não ousariam combater contra
o formidável exército dos persas. Mas os fatos mostraram o contrário. A batalha
travou-se: Dario foi vencido com graves perdas; sua mãe, sua mulher e seus
filhos ficaram prisioneiros e ele foi obrigado a fugir para a Pérsia.
Alexandre, depois da vitória, chegou à Síria, tomou Damasco, apoderou-se de
Sidom e sitiou Tiro. Durante o tempo em que ele esteve empenhado nessa empresa,
escreveu a Jaddo, Grão-Sacrificador dos judeus, pedindo-lhe três coisas:
auxílio, comércio livre com seu exército e o mesmo auxílio, que ele dava a
Dario, garantindo-lhe que se o fizesse, não teria de que se arrepender, por ter
preferido sua amizade à dele. O Grão-Sacrificador respondeu-lhe que os judeus
tinham prometido a Dario, com juramento, jamais tomar as armas contra ele e por
isso não podiam fazê-lo, enquanto ele vivesse. Alexandre ficou tão irritado com
esta resposta, que mandou dizer-lhes que logo que tivesse tomado Tiro,
marcharia contra ele, com todo o seu exército, para ensinar-lhe, e a todos, a
quem é que se devia guardar um juramento. Atacou Tiro com tanta força, que dela
logo se apoderou; depois de ter regularizado todas as coisas, foi sitiar Gaza
onde Bahémes governava em nome do Rei da Pérsia. "Voltemos, porém, a Sanabaleth.
Enquanto Alexandre ainda estava ocupado do cerco de Tiro, ele julgou que o
tempo era próprio para realizar seu intento. Assim, abandonou o partido de
Dario e levou oito mil homens a Alexandre. O grande príncipe recebeu-o muito bem;
disse-lhe então ele que tinha um genro de nome Manasses, irmão do
Grão-Sacrificador dos judeus, que vários daquela nação se tinham juntado a ele
pelo afeto que ele lhes tinha e que ele desejava construir um templo perto de
Samaria; que S. Majestade disso poderia tirar grande vantagem, porque assim
dividiria as forças dos judeus e impediria que aquela nação pudesse se revoltar
por inteiro e causar-lhe dificuldades, como seus antepassados tinham dado aos
reis da Síria. Alexandre consentiu no seu pedido; mandou que se trabalhasse com
incrível diligência na construção do templo e constituiu Manasses
Grão-Sacrificador; Sanabaleth sentiu grande alegria por ter granjeado tão
grande honra aos filhos que ele teria de sua filha. Morreu, depois de ter
passado sete meses junto de Alexandre no cerco de Tiro e dois no de Gaza.
Quando este ilustre conquistador tomou esta última cidade, avançou para Jerusalém
e o Grão-Sacrificador Jaddo, que bem conhecia a sua cólera contra ele, vendo-se
com todo o povo em tão grave perigo, recorreu a Deus, ordenou orações públicas
para implorar o seu auxílio e ofereceu-lhe sacrifícios. Deus apareceu-lhe em
sonhos na noite seguinte e disse-lhe para espalhar flores pela cidade, mandar
abrir todas as portas e ir revestido de seus hábitos pontificais, com todos os
sacrificadores, também assim revestidos e todos os demais, vestidos de branco,
ao encontro de Alexandre, sem nada temer do soberano, por que ele os
protegeria. "Jaddo comunicou com
grande alegria a todo o povo a revelação que tivera e todos se preparam para
esperar a vinda do rei. Quando se soube que ele já estava perto, o Grão- Sacrificador,
acompanhado pelos outros sacrificadores e por todo o povo, foi ao seu encontro,
com essa pompa tão santa e tão diferente da das outras nações, até o lugar denominado
Sapha, que, em grego, significa mirante, porque de lá se podem ver a cidade de Jerusalém
e o templo. Os fenícios e os caldeus, que estavam no exército de Alexandre, não
duvidaram de que na cólera em que ele se achava contra os judeus ele lhes
permitiria saquear Jerusalém e dai ia um castigo exemplar ao Grão-Sacrificador.
Mas aconteceu justamente o contrário, pois o soberano apenas viu aquela grande
multidão de homens vestidos de branco, os sacrificadores revestidos com seus
paramentos de Unho e o Grão- Sacrificador, com seu éfode, de cor azul, adornado
de ouro, e a tiara sobre a cabeça, com uma lâmina de ouro sobre a qual estava
escrito o nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e
saudou o Grão-Sacrificador, ao qual ninguém ainda havia saudado. Então os
judeus reuniram-se em redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-lhe
toda sorte de felicidade e de prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes,
que o acompanhavam, ficaram surpresos, de tal espanto que julgaram que ele
tinha perdido o juízo.
Parmênio,
que gozava de grande prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em todo
o mundo, adorava o Grão-Sacrificador dos judeus. Não é a ele, respondeu Alexandre,
ao Grão-Sacrificador, que eu adoro, mas é a Deus de quem ele é ministro. Pois quando
eu ainda estava na Macedônia e imaginava como poderia conquistar a Ásia, ele me
apareceu em sonhos com esses mesmos hábitos e me exortou a nada temer; disse-me
que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu-me que ele
estaria à frente de meu exército e me faria conquistar o império dos persas.
Eis por que, jamais tendo visto antes a ninguém revestido de trajes semelhantes
aos com que ele me apareceu em sonho, não posso duvidar de que foi por ordem de
Deus que empreendi esta guerra e assim vencerei a Dario, destruirei o império
dos persas e todas as coisas suceder-me-ão segundo meus desejos. "Alexandre,
depois de ter assim respondido a Parmênio, abraçou o Grão-Sacrificador e os
outros sacrificadores, caminhou depois no meio deles até Jerusalém, subiu ao
templo, ofereceu sacrifícios a Deus da maneira como o Grão-Sacrificador lhe
dissera que devia fazer. O soberano Pontífice mostrou-lhe em seguida o livro de
Daniel no qual estava escrito que um príncipe grego destruiria o império dos
persas e disse-lhe que não duvidava de que era ele de quem a profecia fazia
menção. "Alexandre ficou muito contente; no dia seguinte, mandou reunir o
povo e ordenou-lhe que dissesse que favores desejava receber dele. O
Grão-Sacrificador respondeu-lhe que eles lhe suplicavam permitir-lhes viver
segundo suas leis, e as leis de seus antepassados e isentá-los no sétimo ano,
do tributo que lhe pagariam durante os outros. Ele concedeu-lho. Tendo-lhe,
porém, eles pedido que os judeus que moravam na Babilônia e na Média, gozassem
dos mesmos favores, ele o prometeu com grande bondade e disse que se alguém desejasse
servir em seus exércitos ele o permitiria viver segundo sua religião e observar
todos os seus costumes. Vários então alistaram-se." Após a morte de
Alexandre Magno, como já dissemos, O Império Grego foi dividido entre quatro
generais: Lísimaco, Cassandro, Ptolomeu e Seleuco. Ambiciosos, auto coroaram-se
e trataram de solidificar seus reinos. Seus interesses entrechocaram-se muitas
vezes, ocasionando violentas escaramuças. Esses potentados subsistiram até a
ascensão do Império Romano. Deter-nos-emos, entretanto, apenas nas crônicas
ptolomaicas e selêucidas, por causa de seu relacionamento com os filhos de
Israel.
1 -
OS PTOLOMEUS
Sob
a égide dos Ptolomeus, experimenta o Egito um grande progresso. Em virtude de sua
formidável e ágil frota, torna-se o mais poderoso reino grego. Não obstante as
guerras e a política agressiva da Síria, consegue manter sua supremacia até o
Século II a.C. Quando da ascensão da dinastia ptolomaica, havia, na mais
florescente cidade egípcia - Alexandria - uma grande colônia judaica. Complacentes
e liberais, os ptolomeus permitiram aos dispersos de Judá o cultivo de suas
tradições e a adoração de Jeová. Tão magnânimos eram esses soberanos que,
inclusive, incentivavam os judeus a continuar a praticar os ritos mosaicos.
Ptolomeu Filadelfo, por exemplo, encomendou aos eruditos hebreus a tradução do
Antigo Testamento em língua grega. Essa versão, composta em primoroso e
escorreito grego, é conhecida como a Septuaginta. Em Alexandria, ainda, os
dispersos filhos de Abraão foram autorizados a construir um templo para
perpetuar o nome do Santo de Israel. Ventos de destruição e morte, entretanto,
acabariam com a bonança da progressista comunidade judaica egípcia. Tudo
aconteceu com a ascensão de Ptolomeu IV. Esse soberano, conhecido também como
Filopator, encetou uma campanha militar de grande envergadura contra Antíoco, o
Grande, com o objetivo de reconquistar a Palestina. Depois de derrotar os
sírios e entrar triunfalmente em Jerusalém, começou a urdir perigoso e
sacrílego plano: entrar no Santo Templo. Descobrindo-lhe o intento, os judeus puseram-se
à porta da Casa do Senhor e, com incontido fervor, começaram a gritar e a protestar
contra essa ignominiosa intenção. Severamente pressionado, Filopator contém-se
e não entra no santuário-maior do povo israelita. Todavia, a partir daquele
momento, devota-lhe incontrolável ódio. De volta ao Egito, começa a perseguir
os judeus e, conseqüentemente, a perder o importante respaldo político da
comunidade israelita plantada em solo egípcio. Dessa época em diante, o reino
ptolomaico começa a perder a sua importância. O cenário político do Oriente
Médio, doravante, seria dominado pela Síria.
2 -
OS SELÊUCIDAS
A
Síria experimentou grande progresso sob o reinado dos selêucidas. Com o seu poderoso
exército, fez aguerrida oposição às intenções hegemônicas dos ptolomeus. No período
inter-testamental, influiu, grandemente, na política do Oriente Médio. E, por
causa de suas intenções de helenizar a região, principalmente a Judéia,
tornou-se grande opositora da nação de Israel. O império selêucida recebe o
nome de seu primeiro soberano. Após a morte de Alexandre Magno, o audaz e
ambicioso Seleuco estabelece poderoso reino na Síria. Os três primeiros
monarcas selêucidas mantiveram trato amigável com os judeus. Antíoco III, por exemplo,
não obstante suas intenções de anexar a Palestina, é aclamado como libertador pelos
filhos de Israel. Seus ímpetos expansionistas são refreados, todavia, por Roma.
Antíoco III é substituído pelo seu filho, Antíoco Epífanes. Movido por
incontrolável ódio, perseguiu violentamente os judeus. - Qual o motivo de sua
inexplicável ira? –Segundo Flávio Josefo, ele foi levado a agir de forma tão
insana ao ver frustrado o seu plano de helenizar a Judéia. Encarnando o próprio
Diabo, esse contumaz e demente soberano entrou em Jerusalém e profanou o santo
Templo. No lugar santíssimo, sacrificou uma porca. Os judeus, entretanto, não
se conformam. Sob a liderança dos Macabeus, rebelaram-se e humilharam o
agressor. A revolta macabéia é uma das mais belas páginas da nação judaica.
V - FIM DO IMPÉRIO
GREGO
Esfacelado
e arruinado por disputas intestinas, chegou ao fim o glorioso Império Grego. Em
seu lugar, levanta-se o terrível e assombroso animal, visto por Daniel séculos antes.
O Império Romano, de acordo com a visão do santo profeta, seria diferente de
todos os outros - conquistaria, esmagaria. Qual desamparada virgem, a nação de
Israel sentiria, também, quão férreas e afiadas são as garras de Roma.
O
IMPÉRIO ROMANO
Sumário:
Introdução.
I
- História do Império Romano.
II
- Geografia do Império
Romano.
III
- O legado do Império Romano.
IV
- O Império Romano e os judeus.
V
– O Império Romano e os cristãos.
VI
- Fim do Império Romano.
INTRODUÇÃO
Simbolizado
pelo ferro, o Império Romano conquistou e subjugou muitos povos. Do Ocidente ao
Oriente, o peso de seus punhos era conhecido e proverbial. Jamais houvera reino
tão poderoso! A simples menção de seu nome era mais do que suficiente para amedrontar
povos, derrubar reis e dilatar fronteiras. Eis como Daniel viu esse férreo
império: "Depois disto, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis
aqui o quarto animal, terrível,, espantoso e sobremodo forte, o qual tinha
grandes dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o
que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e
tinha dez chifres" (Dn 7.7).
As
histórias de Roma e Israel estreitam-se em Jerusalém e na Eternidade. Em Jerusalém,
porque foram os romanos que destruíram a amada e idolatrada capital do
judaísmo. Na eternidade, porque foram os romanos, também, quem assinaram a
sentença de morte de Cristo, o Filho do Deus Vivo! O Império Romano, portanto,
será tratado com severidade no Dia do Senhor!
I -
HISTÓRIA DO IMPÉRIO ROMANO
Enquanto
Alexandre Magno conquistava o Oriente e esmagava o até então invencível poderio
persa, um outro império começava a despertar e a incomodar o mundo. Fundada por
Rômulo e Remo, provavelmente, e de início humilde e até desprezível, Roma vai
ampliando com vagar seus raios de influência. No Século III a.C, já é senhora
de toda a península itálica. Roma, habitada por indo-europeus, que, em levas
sucessivas, fixaram-se em seu território miscigenando- se aos etruscos, gregos
e gauleses, ela não pára de expandir-se. Durante a Primeira Guerra Púnica (264-241
a.C.), os romanos venceram os cartagineses e apossaram-se das ilhas sicilianas.
Sentindo-se fortalecidos, eles anexam a Córsega e a Sardenha e derrotam os
gauleses no Vale do Pó. Nas duas últimas guerras púnicas, Roma derrota o
brilhante general cartaginês, Aníbal, e põe término a grandeza incômoda de
Cartago. Netta Kemp de Money explica as conseqüências desses primeiros sucessos
romanos: "Estas guerras lançaram as sementes da conquista da bacia
oriental, posto que Filipe V da Macedônia havia ajudado a Aníbal; e Antíoco, o
Grande, da Síria, lhe havia concedido asilo depois de sua derrota. Filipe foi vencido
e os esforços de seu filho Perseu, para vingar a derrota, fracassaram. Diante
desta demonstração de poder de Roma, quase todos os príncipes do Oriente
optaram por reconhecer sua supremacia e aliar-se com a potência superior.
Antíoco, o Grande, havia sonhado com a conquista da Grécia, porém, foi vencido
pelos romanos na batalha de Magnésia, e a seu neto, Antíoco Epífanes, que se
havia proposto agregar o Egito e seus domínios, bastou uma repressão de Roma
para que desistisse. Houve uma ou outra escaramuça depois dos meados do século
segundo antes de Cristo, porém, desde aquela época, todo o mundo teve de
reconhecer a supremacia da república romana."
II -
GEOGRAFIA DO IMPÉRIO ROMANO
É
difícil traçar os limites do Império Romano. Dilatadíssimo, mantinha
incontáveis províncias na Europa, Ásia e África. Foi o mais poderoso reino da
Terra. Sua presença era sentida em todas as partes do Globo. Nos tempos de sua
maior extensão, informa John Davis, o Império Romano media 3.000 milhas de este
a oeste, e 2.000 de norte a sul, com uma população de 120.000.000.
III -
O LEGADO DO IMPÉRIO ROMANO
Os
gregos legaram-nos a base da sociedade ocidental. Os romanos, sua estrutura. Pragmáticos
e administradores por excelência, deixaram-nos colossal monumento jurídico esculpido
em sua experiência privada e pública. Souto Maior, em sua História Universal,
diz-nos como os romanos fizeram suas leis: "O direito romano foi um dos
legados mais importantes deixados por Roma às civilizações que lhe sucederam. O
antigo direito consuetudinário, isto é, baseado no uso e nos costumes, passou a
ser direito escrito com a Lei das 12 Tábuas, que é considerada a mais antiga
lei romana. "O sistema jurídico dos romanos resultou não somente da
necessidade de governar os diferentes povos dos países conquistados mas,
também, da natural substituição de antigos costumes por certos princípios
gerais que se foram condensando através dos editos dos pretores. "Os
pretores eram magistrados encarregados da administração da justiça. No começo de
sua gestão, o pretor comumente promulgava um edito, estabelecendo os princípios
que iriam orientar os seus julgamentos: embora geralmente os pretores apenas
repetissem o que já estava estabelecido por seus predecessores, de vez em
quando surgiam novas regras, modificando a estrutura jurídica precedente. "Antes
do III século a.C. existia apenas o 'praetor urbanus', isto é, o juiz da
cidade. Depois, estabeleceu-se o cargo de 'praetor peregrinus' que deveria
julgar os casos entre cidadãos romanos e estrangeiros. "Aplicando e
interpretando a lei, os pretores criaram duas espécies de direito: o que se
aplicava aos cidadãos romanos, chamado 'jus civile', e o que dizia respeito a
todos os povos de maneira geral, denominado 'jus gentium'. Era o 'jus gentium'
que autorizava a existência da escravidão e da propriedade privada, sendo,
portanto, um complemento do 'juscivile.' "No século II a.C, foi elaborado,
por Sálvio Juliano, sob o governo de Adriano, o Edito Perpétuo, que codificava
os editos dos pretores e também os dos imperadores. "Admitiram também os
romanos a existência de um 'jus naturale', que não era propriamente um conjunto
de leis e sim a idéia de que, acima do Estado e das instituições, existe um
princípio de justiça válido universalmente, ou, como afirmou Cícero, 'uma razão
justa, consoante à natureza, comum a todos os homens, constante, eterna'. "O
'jus civile' romano estabeleceu uma perfeita distinção entre pessoa e pessoas
ao mesmo tempo. Os escravos não eram considerados pessoas e, assim, destituídos
de quaisquer direitos." Eis mais alguns importantes legados romanos:
tirocínio administrativo; engenharia diversificada e prática; política exterior
fundada no pragmatismo; disciplina e agilidade nas forças armadas, e,
urbanização eficaz.
IV -
O IMPÉRIO ROMANO E OS JUDEUS
Ao
tomar Jerusalém, em 63 a.C, o general romano Pompeu depara-se com a nação judaica
bastante enfraquecida, em conseqüência de renhidas disputas internas. Depois de
um começo brilhante e glorioso, a família macabéia passa a fazer escusas
manobras para manter-se no poder. Conhecida, também, como dinastia hasmoneana,
acabou por cair nas garras de uma ambiciosa e pertinaz família iduméia, de onde
viria um monstro voraz e impiedoso -Herodes, o Grande. Pompeu estava no Oriente
Médio para conter o ex-pancionismo de Mitrídates, rei do Ponto. Sonhando
construir ura grande império, esse monarca intentava conquistar a Ásia Menor e
a Palestina e, assim, minar a posição romana nessa tão estratégica área. Preocupada,
Roma envia à região um bravo e nobre general. Grande estrategista, Pompeu vence
o rei Mitrídates, que se refugia na Armênia. Mesmo vencido, o ambicioso
soberano reorganiza-se e tenta tomar a Síria. O general romano, entretanto,
intervém uma vez mais e o derrota definitivamente. O governo de Roma,
satisfeito com o desempenho de seu brilhante militar, designa-o governador das
províncias da Ásia. Foi nessa qualidade, que Pompeu recebeu Aristó-bulo e Alexandre.
Disputando ferrenhamente o trono da Judéia, ambos submetem-se à sua arbitragem.
O povo, contudo, não deseja ser governado por nenhum dos dois. Que decisão
tomar? Prático, o general romano desejava colocar sobre os judeus um rei
títere. Entre os contendores, opta pelo mais manobrável e influenciável. A
escolha recai sobre Hircano, cujo caráter era débil. A decisão de Pompeu
desagrada, profundamente, a Aristóbulo, que começa a arquitetar planos de
vingança e revolta. Hircano, respaldado por Roma, assume o poder e introduz, em
Jerusalém, o exército romano. Revoltado, Aristóbulo encerra-se no Santo Templo
com 12 mil partidários. Pompeu, ao examinar detidamente a questão, decide tomar
o santuário. A luta é grande. O espetáculo, dantesco. Aristóbulo consegue
fugir. Seus homens, contudo, são aniquilados. Sentindo-se senhor da situação,
Pompeu penetra no lugar mais sagrado do Templo - o santíssimo. Esperava, quem
sabe, deparar-se com segredos etéreos e mistérios celestiais. Contempla, no
entanto, um singelo altar, cuja glória residia no nome do Santo de Israel.
Dessa maneira, deixa a Casa do Senhor. Depois dessa intervenção, a Judéia
torna-se província romana.-Nessa qualidade, fica sujeita aos mais absurdos
caprichos dos poderosos senhores de Roma. Durante o primeiro triunvirato,
Crasso, para mostrar seus méritos militares, declara guerra aos partos. Mas, como
financiar tão arrojada campanha? Lembra-se dos lendários tesouros do Templo e o
saqueia. Com dez mil talentos de ouro, tenta conseguir seu intento. Embora
impetuoso e feroz, não é bem sucedido: perde a guerra, o dinheiro e a vida. De
manobra em manobra, Herodes, o Grande, consegue dos romanos o governo e o trono
da Judéia. Sua carreira política teve início, quando ele tinha 15 anos. Desde
cedo mostrou-se cruel e sanguinário. Não tolerava quaisquer arranhões em sua
autoridade. Sedento de poder, prendia, desterrava e matava. Tão maquiavélico
era Herodes que, fácil e rapidamente, ganhou a confiança dos mandatários
romanos. Nas situações mais adversas, mostrava quão habilidoso político era. Ele
não suportava a menor ameaça ao seu trono. Não hesitou, por exemplo, em
assassinar seus filhos Aristóbulo e Alexandre. Carcomido de ciúmes, executou
também sua belíssima esposa Mariana, descendente dos macabeus. Em 37 a.C,
finalmente, o monstruoso Herodes liquidou a brava e heróica dinastia hasmoneana.
Enfim, o trono da Judéia era todo seu! Um de seus últimos desatinos foi a matança
dos inocentes de Belém. Sua real intenção era destruir a vida do infante Jesus.
Depois de todas essas sandices, o perverso idumeu desapareceu entre atrozes
dores e com suas entranhas consumidas por vermes. Uma de suas grandes obras foi
a ampliação e embelezamento do Templo. Mesmo assim, os judeus não se esqueceram
de seus bárbaros e selvagens crimes. Das personalidades romanas enviadas à
Judéia, destacaremos, a seguir, apenas duas. Uma, responsável pela morte de
Jesus, e a outra, pela destruição de Jerusalém. Referimonos a Pôncio Pilatos e
ao general Tito.
1 -
PILATOS
Pôncio
Pilatos assumiu o governo da Judéia no ano 26 d.C. Nomeado por Tibério, sua
administração foi tumultuada e cheia de agitações. O historiador e filósofo
hebreu, Filo, escreve sobre o quinto governador romano da terra de Judá,
taxando-o de rígido, teimosamente severo, de disposição pronta a despeitar os outros;
era excessivamente iracundo. O mesmo cronista fala, ainda, dos subornos, atos
de orguho e violência, ultrajes, brutalidades e assassinatos cometidos por essa
autoridade romana. Pertencente à ordem eqüestre ou à classe média superior
romana, Pilatos dispunha de amplos poderes na Judéia. Tendo à sua disposição
formidável aparato militar, tinha autoridade para prender, executar e suspender
qualquer pena capital. Sob a sua custódia, ficavam as vestes sacerdotais. Ele
só as entregava ao sumo sacerdote, por ocasião dos festivais judaicos. Inescrupuloso,
provocou a ira dos judeus, certa ocasião, ao trazer a Jerusalém, pendões com a
figura do imperador romano. Os israelitas, não suportando tamanha idolatria, começaram
a gritar e a protestar, até que as imagens foram retiradas. Mostrando-se lerdo para
aprender os costumes judaicos, de outra feita, confiscou dinheiro do templo
para construir um aqueduto em Jerusalém. Os protestos gerados por esse arbítrio
foram também violentos, contribuindo para desequilibrar sua administração. Sua
perversidade, contudo, escondia um caráter fraco e uma vontade débil. Ele
estava mais interessado em agradar ao imperador, do que a lutar por princípios
justos e ideais verdadeiros. Haja vista, por exemplo, quão ambíguo foi seu
comportamento quando do julgamento de Jesus Cristo. Procurando adular seu
soberano e os líderes judaicos, consentiu, judicialmente, a morte do Salvador
da humanidade. Depois de muitas desventuras, Pilatos foi forçado a suicidar-se
pelo imperador Gaio. No inferno, segundo uma lenda, está a lavar suas mãos
continuamente, mas, não consegue livrar-se das manchas carmesins do sangue do
Cordeiro de Deus.
2 -
TITO
Ao
rejeitar o seu Cristo, os judeus disseram: "Caia sobre nós o seu sangue, e
sobre nossos filhos!" (Mt 27.25.) Essas duras e irresponsáveis palavras
foram pronunciadas ante Pôncio Pilatos que pretendia indultar alguém por
ocasião da Páscoa. Ao pedir que escolhessem entre Jesus e Barrabás. eles não
titubearam. Com os seus corações cheios de ódio, optaram por um salteador e
entregaram o bondoso -Jesus à morte. Com essa insana escolha, os filhos de
Abraão começavam a escrever um dos mais tristes e funestos capítulos de sua
atribulada história. O sangue do Nazareno começaria a cair-lhes sobre a cabeça
a partir do ano 70 d.C, com a destruição de Jerusalém e do Templo pelos
romanos. Nessa época, o Cristianismo já havia alcançado os mais longínquos
rincões do Império Romano. A religião do Nazareno, inclusive, já havia
conquistado considerável terreno na luxuriante e orgulhosa Roma. Na Judéia,
enquanto isso, os israelitas foram obrigados a suportar toda a sorte de arbitrariedade
das autoridades romanas. O governador Gesius Florus, por exemplo, assumiu o
poder com o espírito eivado de preconceitos contra os judeus. O carrasco, como
era conhecido, quebrantou as leis mosaicas e desrespeitou, acintosa e
publicamente, as mais caras tradições do povo de Israel. Para esse procurador,
os hebreus não passavam de um bando de fanáticos e desequilibrados. Em
Cesaréia, os gregos, vendo a forma como Florus tratava os judeus, começou a persegui-los
com redobrado fervor. A vida da comunidade judaica, nessa cidade, transformou- se
num inferno. Os israelitas nem mesmo podiam adorar a Deus. Em frente às sinagogas,
os helenos promoviam grandes tumultos, impedindo a realização dos ofícios religiosos.
Uma delegação judaica foi enviada a Gesius Florus para pedir-lhe proteção. O governador
romano, no entanto, ordenou a matança dos representantes judeus.
A
notícia da aflição dos israelitas de Cesaréia chegou a Jerusalém e causou
profunda comoção. Os zelotes entraram em ação e iniciaram uma guerra de
guerrilhas contra as forças romanas. Deteriorou-se a situação quando Florus
exigiu 17 talentos de ouro que se encontravam no Templo. A partir daí,
alastrou-se o conflito romano-judaico. O governador da Síria, Céstius Gallus,
viajou a Jerusalém para investigar as causas do levante. Sua presença, no
entanto, provocou profundo mal-estar, por incorporar a 80 imagem da opressora Roma.
Embora estivesse acolitado por poderoso exército, foi ele obrigado a deixar a
cidade. Após sofrer vergonhosa e fragorosa derrota, refugiou-se no território
sírio. Os nacionalistas judeus, entusiasmados com essa vitória, preparam-se
para novos combates. Inicialmente, apenas os pobres compunham os quadros da
resistência. Com os primeiros sucessos, porém, os ricos e nobres passaram, com
o mesmo ímpeto, a atacar os exércitos romanos. O historiador Flávio Josefo, de
origem aristocrática, encontrava-se entre os combatentes judeus. Nero foi
notificado do levante na Judéia, quando se encontrava na Grécia assistindo aos
jogos olímpicos e participando de alegres festas. Para sufocar a rebelião,
enviou à Palestina um de seus mais competentes militares. Estrategista de
primeira grandeza, o general Vespasiano começa a tomar cidade após cidade dos
revoltosos. Quando preparava-se para sitiar Jerusalém, foi chamado às pressas à
capital do império. Com a morte do desvairado Nero, foi ele aclamado imperador.
A tarefa de sitiar e tomar a Cidade Santa é entregue, então, ao filho de
Vespasiano. Com a mesma determinação do pai, o general Tito lança-se sobre
Jerusalém, no ano 70 d.C. O historiador israelita, Simon Dubnow, narra-nos, com
vivas cores, como a mais amada das cidades judaicas foi destruída: "...a
fome se alastrava cada vez mais por Jerusalém; os cereais armazenados já se haviam
esgotado há muito tempo; os ricos entregavam suas propriedades e os pobres seus
últimos pertences em troca de um pedaço de pão. Histórias terríveis se gravaram
na memória do povo a respeito dos acontecimentos daqueles dias. Martha, a
abastada viúva do sumo sacerdote Jesus Ben Gamaliel, em cuja passagem, quando
se dirigia ao Templo, se estendiam, outrora, preciosos tapetes, se via agora na
contingência de aliviar sua fome com restos recolhidos nas ruas; outra mulher
rica, levada pela fome, degolou o próprio filhinho para comê-lo. As ruas
estavam repletas de cadáveres e de gente desfalecida, e não havia tempo para
enterrar os mortos. Os cadáveres espalhados por toda a parte empestavam o ar. A
fome, a epidemia e as setas do inimigo provocaram a ruína nas fileiras dos
defensores; mas os que ainda resistiam não perdiam as esperanças. Este heroísmo
e pertinácia do povo assombrou até os heróicos romanos. Finalmente, eles
dirigiram suas máquinas de assédio contra as fortificações do Templo. Quando os
romanos tomaram a Torre Antônia, descobriram repentinamente espessas muralhas
que circundavam o Templo, e, como fosse impossível derrubá-las, Tito ordenou que
se incendiassem os portões exteriores, dos quais partia uma série de colunas
que chegavam até o próprio Templo; os guerreiros judeus lutaram como leões, e
cada passo para o Templo custava ao inimigo rios de sangue. "De repente,
um soldado romano agarrou um lenho ardente e lançou-o ao interior do Templo,
através de uma janela. As portas de madeira das salas do Templo se inflamaram e
logo todo o Templo se achava envolto em chamas. Tito, que se dirigiu
imediatamente para o lugar atingido, proferiu aos soldados, em altas vozes, a
ordem de sufocar o incêndio e salvar o esplêndido edifício. Mas devido ao
estrépido ensurdecedor das construções que caíam, aos gritos desesperados dos
sitiados e ao ruído das armas, tornou-se impossível perceber a voz do chefe. Os
enfurecidos romanos lançaram-se sobre as câmaras não afetadas ainda pelo fogo,
com o fim de roubar os tesouros ali acumulados, mas somente puderam penetrar pisando
os cadáveres dos guerreiros judeus, que lhes opunham uma grande resistência no meio
das labaredas. Então, os vencedores deram livre expansão à sua cólera. Velhos, mulheres
e crianças foram assassinados sem compaixão; muitos hebreus encontraram a morte
nas chamas, às quais se precipitaram valentemente. O Templo, orgulho da Judéia,
transformou-se em um monte de escombros, sendo destruído, como que fora
destroçado antigamente o primeiro templo por Nabucodonosor. Dos objetos
contidos no Templo, só permaneceram intatos o candelabro, a mesa sagrada e um rolo
da Tora. Tito ordenou levá-los e conservá-los como lembrança de seu triunfo.
"Com a ruína de Jerusalém, desmembrou-se por completo o Estado Judeu. Esta
luta tão singular na história, luta entre um Estado minúsculo e o Império mais
poderoso do mundo, absorveu uma infinidade de vítimas e cerca de um milhão de
judeus pereceu na guerra com os romanos (66-70) e uns cem mil foram feitos
prisioneiros. Desses cativos, alguns foram mortos, outros enviados a trabalhos
forçados ou vendidos como escravos nos mercados da Ásia e África; mas os mais
fortes e belos ficaram para lutar com feras nos circos romanos e acompanhar
Tito em sua solene entrada em Roma. Sempre que Tito celebrava o aniversário de
seu pai e de seu irmão, organizava jogos militares e lutas de gladiadores, nos
quais se arrojavam muitos judeus às feras do circo, para que os destroçassem,
divertindo o público." Para comemorar a sua vitória, o imperador
Vespasiano ordenou a cunhagem de moedas especiais que traziam uma mulher
acorrentada e a seguinte expressão: "Judéia cativa, Judéia vencida." Poucos
anos após a queda de Jerusalém, judeus e romanos voltariam a enfrentar-se. O
renhido combate foi travado em Massada. Mostrando mais uma vez sua audácia e coragem,
a resistência judaica preferiu autodestruir-se, a entregar-se ao opressor
romano. A partir de então, toda a Judéia passou a pertencer aos imperadores
romanos, que passaram a doar seus lotes ou vendê-los.
V - O
IMPÉRIO ROMANO E OS CRISTÃOS
O
judaísmo era tolerado no Império Romano, por não possuir caráter proselitista.
A religião judaica limitava-se aos judeus. Raros eram os prosélitos. Os rabinos
não tinham espírito apostólico. Ás autoridades de Roma, por isso mesmo,
permitiam o funcionamento de sinagogas e escolas hebraicas. A situação,
contudo, foi substancialmente alterada com a guerra na Judéia em 70 d.C. Em
conseqüência de seu espírito missionário, o Cristianismo, desde o seu nascedouro,
foi duramente perseguido. As autoridades romanas viam-no como uma perigosíssima
ameaça. E, de fato, a religião do Nazareno visava e visa a conquista espiritual
do mundo. Antes de sua ascensão, ordenara Jesus aos seus apóstolos:
"Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho
mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos"
(Mt 28.18-20). E, nos momentos que antecederam sua subida aos céus, o
Ressuscitado fez esta recomendação aos seus apóstolos: "Mas recebereis poder,
ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em
Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (At
1.8). A partir desse momento, desse glorioso e memorável momento, tem início
uma luta mortal entre o Reino de Deus (a Igreja) e o principado das trevas (o
Império Romano). Os imperadores movem cruentas e impiedosas perseguições contra
os cristãos. Nada, porém, consegue barrar o magistral progresso da Igreja. O
número de servos de Deus aumenta dia após dia. Esse avanço, contudo, custa um
alto preço: o sangue dos santos. Hegesipo,
escritor do Século II, narra-nos como o perverso e anormal Nero tratou os cristãos,
acusados, por ele, de terem incendiado Roma: "Alguns foram vestidos com
peles de animais ferozes, e perseguidos pelos cães até serem mortos, outros
foram crucificados; outros envolvidos em panos alcatroados, e depois
incendiados ao pôr-do-sol, para que pudessem servir de luzes para iluminar a
cidade durante a noite. Nero cedia os seus próprios jardins para essas
execuções e apresentava, ao mesmo tempo, alguns jogos de circo, presenciando
toda a cena vestido de carreiro, indo umas vezes a pé no meio da multidão, outras
vendo o espetáculo do seu carro". Sob o governo de Nero, que mandou
incendiar a capital de seu império e, covardemente, culpou os cristãos,
pereceram, ainda, os apóstolos Pedro e Paulo. Os seguidores de Cristo foram
perseguidos pelo Império Romano por quase 300 anos. A situação só se amainou com
a ascensão de Constantino, (o Grande). Não falaremos mais detalhadamente acerca
dos sofrimentos desses heróicos homens, mulheres e crianças, por absoluta falta
de espaço. O sangue desses santos, entretanto, continua a clamar no tempo e clamará
na eternidade.
VI -
O FIM DO IMPÉRIO ROMANO
Depois
de séculos de sanguinolência e devassidão, permissividade e térrea tirania, chega
ao fim o "inexpugnável" Império Romano. A imoralidade e a inebriante
luxaria tiraram do povo romano sua fibra e coragem. Enquanto isso, os inimigos
de Roma fortaleciam-se e preparavam-se para deitá-la por terra. Em 476 d.C, os
bárbaros invadiram Roma. Desapareceu, assim, o mais extenso e poderoso reino
humano! No entanto, segundo profetizou Daniel, esse império ressurgirá com
grande poder. Sua duração, porém, será curta. 0 Rei dos reis e Senhor dos
senhores encarregar-se-á de destruí-lo.
TERCEIRA
PARTE
ISRAEL, PALMILHANDO A
TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- A história de Israel começa no Crescente Fértil.
II
- Vamos a Israel?
INTRODUÇÃO
Quando
lemos a Bíblia, deparamo-nos com centenas de nomes de lugares da Terra Santa,
onde desenvolveu-se a maravilhosa História da Salvação. Movidos por
irreprimível curiosidade, desejamos conhecer tudo isso "in loco". Nem
sempre, porém, é possível fazêlo. - E por que não visitá-los, então,
espiritualmente? Apelemos, pois, à Geografia Bíblica. Nas asas de suas
minuciosas e exatas descrições, voemos a Israel. Palmilhemos os lugares
percorridos pelos patriarcas, profetas e apóstolos. Divisemos, em cada mapa, o
meigo Salvador. Km cada acidente geográfico, a relevância do amor de Deus.
I - A
HISTÓRIA DE ISRAEL COMEÇA
NO
CRESCENTE FÉRTIL
O
Crescente Fértil, não obstante sua vital importância à História da Salvação, é
um insignificante retângulo localizado na Ásia Ocidental. Encerrando uma área de
2.184.000 km, representa apenas a 234ª parte da superfície da Terra. Essa
região estende-se em forma semicircular entre o Golfo Pérsico e o Sul da
Palestina. A história dessa região pode ser resumida em uma série de lutas
entre os habitantes das serranias e as tribos nômades do deserto. Todos queriam
apossar-se dessas fertilíssimas terras. O lado oriental dessas místicas
paragens serviu de berço à humanidade e de cenário à primeira civilização. Em
suas grandes depressões, ascenderam e caíram os impérios dos amorreus,
assírios, caldeus e persas. No Crescente Fértil, conhecido, também, como
Mesopotâmia (literalmente "entre rios"), floresceram duas grandes
civilizações: ao norte, a Assíria; ao Sul, a Babilônia ou ('aldeia. Os rios
Tigre e Eufrates cercam esse misterioso território, ocupado, atualmente, pelo
Iraque. O Jardim do Éden, segundo a narrativa bíblica, localizava-se nas
nascentes de ambos os rios. Foi em Ur dos Caldeus, uma das mais progressistas e
desenvolvidas cidades do Crescente Fértil, que teve início a história de
Israel. Tudo começou com a chamada de Abraão, o pai do povo escolhido.
II -
VAMOS A ISRAEL?
A
partir de agora, portanto, voaremos à Terra Santa. Será uma viagem muito interessante.
Percorreremos planícies. Visitaremos cidades. Entraremos em Jerusalém, a cidade
do Grande Rei. Mergulharemos no rio Jordão. Subiremos aos montes. Enfim, à semelhança
dos espias de Josué, reconheceremos o solo sagrado, do qual mana leite e mel.
O
SOLO SAGRADO POR EXCELÊNCIA
Sumário:
Introdução.
I
- Nomes de Israel.
II
- Localização.
III
- Limites bíblicos.
IV
- Limites atuais.
INTRODUÇÃO
Uma
nação paupérrima territorialmente, assim é Israel, um dos menores países do mundo.
Em seu exíguo solo, entretanto, desenrolou-se todo o nosso drama espiritual.
Terra mística e abençoada, serviu de berço a patriarcas, profetas, juizes,
reis, sábios e justos. Guardada pelo Todo-poderoso, acolheu em seus áridos
regaços o Salvador da humanidade. Não obstante suas acanhadas possessões
geográficas. a Terra Santa sempre foi um pomo de discórdia entre os homens.
Localizada no centro do globo, torna-se, a cada dia, mais polêmica. Todos
preocupamo-nos com o seu futuro. Em seu amanhã, está o nosso porvir! Com a
criação do Estado de Israel, em 1948, a herança abraâmica centrou-se, mais visivelmente,
em nossos estudos escatológicos. Divisamos, no renascimento do minúsculo país
semita, a aproximação da volta de Cristo. Vale a pena, portanto, conhecer a
geografia das terras pisadas pelo meigo .Jesus. Israel é o solo sagrado por
excelência.
I -
NOMES DE ISRAEL
Tanto
na história sagrada, como na secular, a Terra de Israel recebeu várias designações.
Cada nome por ela recebido encerra um drama vivido pelo povo de Deus. Desde a
Era Patriarcal até os nossos dias, as mais variadas nomenclaturas têm sido
dadas ao território israelita. Para os hebreus, entretanto, o seu sagrado solo
nunca deixará de receber esse carinhoso tratamento: Terra Prometida.
1 -
CANAÃ
Após
a dispersão da humanidade, ocorrida quando da construção da Torre de Babel, os
descendentes de Canaã. filho de Cara e neto de Noé, fixaram-se nas terras que
seriam entregues a Abraão. Isso ocorreu há mais de dois mil anos antes de
Cristo. Nessas paragens, conhecidas por sua fertilidade e riquezas naturais, os
cananeus multiplicaram-se sobremaneira. Esse país, a partir de então, passou a
ser conhecido como Canaã, o mais antigo nome do território israelita. Eis o
significado literal desse nome: "habitantes de terras baixas". Tendo
em vista essa etimologia, concluímos: os cananeus adoravam as planícies! Os
descendentes de Canaã, depreendemos das Sagradas Escrituras, dominavam do Mediterrâneo
ao rio Jordão. Com o passar dos séculos, Canaã passou a ter uma conotação
poética. Lembra esse nome aos judeus, "...uma terra boa e ampla, terra que
mana leite e mel" (Ex 3.8).
2 -
TERRA DOS AMORREUS
O
território que Deus entregou aos judeus era conhecido na antigüidade, também como
Terra dos Amorreus. Essa designação é encontrada tanto no Antigo Testamento,
como nos escritos profanos. E um dos mais antigos nomes da Terra Santa. O solo,
depois de irrigado, transforma-se em um autêntico jardim.
3 -
Terra dos He breus
De
conformidade com a árvore genealógica de Sem, os israelitas são descendentes de
Héber. O território judaico, por esse motivo, era conhecido, ainda como Terra
dos Hebreus. Nesses rincões, os santos patriarcas forjaram a nacionalidade
hebraica e deram corpo e colorido ao seu idioma. A palavra hebreu, entretanto,
segundo alguns exege-tas, pode significar, de igual modo, "o que vem do
outro lado, ou do além". Trata-se de uma referência à peregrinação abraãmica,
de Ur a Canaã. Todavia, preferimos a primeira explicação, por estar mais de acordo
com os reclamos da língua hebraica.
4 -
Terra de Israel
Sob
o comando de Josué, os israelitas tomaram Canaã, no Século XV a.C. A partir de então,
passaram as possessões cananéias a ser designadas desta forma: Terra de Israel.
Não há nomenclatura tão apropriada como essa! Ela encerra a maioria das
promessas divinas a Abraão e compreende a essência das realizações terrestres
do Milênio. Esse é o nome mais comum da Terra Santa. Encontramo-lo, com
freqüência, no Antigo Testamento. Constitui-se, ainda, em um perpétuo memorial:
Esse território é de propriedade permanente do povo de Israel! Quer os gentios
admitam ou não, a terra que mana leite e mel pertence à progênie abraãmica. Após
o cisma do reino salomônico, essa nomenclatura passou a designar, apenas, as
terras ocupadas pelas 10 tribos do Norte, comandadas pelo idolatra e profano
Jeroboão. Com os exílios, a Terra de Israel torna-se um nome esquecido. Durante
mais de dois mil anos, o território israelita recebeu as mais vexatórias
alcunhas. No entanto, com a criação do moderno Estado de Israel, todo o
escárnio que pesava sobre os descendentes de Jacó foi tirado. Hoje, quando
viajamos àquelas sagradas paragens, dizemos embevecidos: "Vou à 'Ferra de
Israel."
5 -
Terra de Judá
Depois
de vencer os cananeus, .Josué passou a dividir a Terra da Promessa. Coube à tribo
de Judá. uma herança localizada no Sul dessas inebriantes possessões. O território
herdado pelo mais intrépido e bravo filho de Israel ficou conhecido como Terra
de .Judá. Contudo, após o cisma do reino davídico, ocorrido no ano 931 a.C,
essa designação passou a incluir, também, as terras ocupadas pela tribo de
Benjamim. Terminado o cativeiro babilônico, em 538 a.C. o povo de Judá retorna
à sua herança, sob o comando de Zorobabel. Inspirados pela liderança eficaz de
Neemias, pela erudição de Esdras, pelo zelo sacerdotal de -Josué e pelo fervor profético
de Ageu e Zacarias, os judeus reorganizam-se nacionalmente. A partir desse
renascimento parcial da soberania hebraica, as possessões abraãmicas passaram a
ser designadas como Terra de Judá. E, seus habitantes, conseqüentemente, começaram
a ser chamados de judeus.
6 -
TERRA PROMETIDA
No
Século XX a.C, Deus fez a seguinte promessa a Abraão: "Sai-te da tua
terra, e da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te
mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o
teu nome e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias
da terra. Assim partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e
era Abrão da idade de setenta e cinco anos, quando saiu de Harã" (Gn
12.1-4). Com essa sublime promessa de Deus a Abraão, o território israelita
passou a ser conhecido como Terra Prometida. Esse nome, poético e trágico,
evoca as mais elevadas recordações na peregrina alma do povo escolhido. Por causa
desse chão de promessas, os israelitas, há mais de dois mil anos longe de seu
lar, instalam-se em sua terra e provam estar a bênção abraãmica mais atual do
que nunca.
7 -
TERRA SANTA
Zacarias,
um dos mais escatológicos profetas do Antigo Testamento, vaticinou: "Exulta,
e alegra-te. ó filha de Sião. porque eis que venho, e habitarei no meio de ti.
diz o Senhor. E naquele dia, muitas nações se ajuntarão ao Senhor, e serão o
meu povo: e habitarei no meio de ti. e saberás que o Senhor dos Exércitos me
enviou a ti. Então o Senhor possuirá a Judá como sua porção na terra santa, e
ainda escolherá .Jerusalém" (Zc 2.10-12). Não obstante as guerras, os
embates políticos e os conflitos sociais, Israel é conhecido como a Terra
Santa. Os judeus veneram-na como o solo de seus antepassados e o terreno de sua
milenar esperança. Têm-se os cristãos como o berço do Salvador e o regaço da
regeneração da raça humana. Para os árabes, trata-se de um campo etéreo e
permeado de mistérios celestiais. Em pleno alvorecer do Terceiro Milênio,
milhares de caravanas judaicas, cristãs e árabes rumam à Terra Santa. Nenhum
outro país é tão místico quanto Israel! Visitá-lo constitui-se no sonho de
milhões de seres humanos.
8 -
Palestina
Israel
é conhecido, também, como Palestina. Esse nome é oriundo da palavra Filistia, que
designava a faixa de terra habitada pelos antigos filisteus, localizada no
Sudeste de Canaã, ao largo do mar Mediterrâneo. Esse povo era ferrenho inimigo
dos hebreus e causou muitas dificuldades aos primeiros monarcas israelitas. No
período neo-testamentário, o historiador Flávio Josefõ cognominou todo o território
israelita de Palestina. Desde o domínio romano até a fundação do Estado de
Israel, em 12 de maio de 1948, a terra dos judeus era conhecida em todo o mundo
como Palestina. Atualmente, contudo, o nome de Israel tornou-se. novamente,
predominante.
II -
LOCALIZAÇÃO
A
Terra de Israel está localizada no continente asiático, a 30* de latitude
Norte. Em toda a sua extensão ocidental, é banhada pelo mar Ocidental. Tendo em
vista o seu posicionamento estratégico, constituiu-se, segundo Oswaldo Ronis,
"num centro de gravidade para o mundo e as civilizações da
antigüidade." Acrescenta Ronis: "Do ponto de vista comercial, ficava
na rota obrigatória do tráfego entre o Oriente e o Ocidente, bem como entre o
Norte e o Sul; e, do ponto de vista político, igualmente passagem inevitável
dos exércitos conquistadores das grandes potências ao seu redor, razão pela
qual estas se interessavam por sua conquista e fortificação. Daí as devastações
sofridas pela Palestina em repetidas ocasiões da sua história."
III -
LIMITES BÍBLICOS
Ao
norte, limita-se a Terra de Israel com a Síria e a Fenícia. Ao leste, com
partes da Síria e o deserto arábico. Ao sul, com a Arábia. A oeste, com o mar
Mediterrâneo. Esses limites, entretanto, variavam de acordo com as tendências
políticas e os movimentos militares de cada época. Constantemente, os
israelitas tinham o seu território alargado ou diminuído. No tempo de Salomão,
por exemplo, as fronteiras de Israel dilataram-se consideravelmente. Depois de
sua morte, contudo, as possessões hebraicas foram diminuindo, até serem
absorvidas pelos grandes impérios.
IV -
LIMITES ATUAIS
O
moderno Estado de Israel limita-se ao norte, com o Líbano; a leste, com a Síria
e a Jordânia; ao sul, com o Egito; e, a oeste, com o mar Mediterrâneo. De
exíguas dimensões, sua área não chega a 22.000 km. Como já dissemos, é um dos
menores países do mundo. No entanto, as fronteiras do território hebraico foram
sobremodo alargadas durante a Guerra dos Seis Dias, ocorrida em junho de 1967.
Depois desse conflito, os limites israelenses foram dilatados em
aproximadamente 400 por cento.
Planícies
da Terra Santa
Sumário:
Introdução.
I
- Planície do Acre.
II
-Planície de Sarom.
III
- Planície da Filístia.
IV
-Planície de Sefelá.
V
- Planície do Armagedom.
VI
-Outras planícies.
INTRODUÇÃO
Os
geógrafos modernos, de modo geral, dividem a Terra de Israel em cinco principais
planícies: Acre, Sarom, Filístia, Sefelá e Armagedom. Um conhecimento mais detalhado
desses lugares faz-se necessário, em virtude de sua importância na História
Sagrada. Lancemos mão, portanto, de um importante ramo da Geografia para
conhecê-los melhor. "Topografia" significa, literalmente, descrição
de um lugar ou de uma região. Essa palavra é formada por dois termos gregos:
"topos" - região e "gráphein" - descrever. Essa ciência
ocupa-se da medida e representação geométrica de uma determinada porção da superfície
do globo. Seu principal objetivo é fornecer dados para a confecção de cartas
geográficas. Gerhard Kremer, conhecido como Mercator, criou, no Século XVI, os
postulados básicos dessa ciência.
I -
PLANÍCIE DO ACRE
A
planície do Acre fica no extremo Noroeste da costa israelense, e estende-se até
o monte Carmelo. Em toda a sua extensão, bordeja a baía do Acre. Essa região,
cujo nome em hebraico é "Akko", e significa areia quente, compreende uma
faixa de terra que cerceia as montanhas localizadas entre a Galiléia, o
Mediterrâneo, o Sul de Tiro até a Planície de Sarom. Essas terras são irrigadas
pelos rios Belus e Quisom. O solo dessa área é muito fértil, com exceção da
parte praiana, cujas areias são demasiadamente quentes. Quando da divisão de
Canaã, a Planície do Acre coube à tribo de Aser (Js 19.25-28). Os aseritas, todavia,
não conseguiram desalojar os cananeus que ali habitavam.
II -
PLANÍCIE DE SAROM
Sarom
não é nome semítico. O seu significado evoca poesia e pensamentos idílicos: Zona
de Bosques e Bosques de Terebinto. A planície que leva esse memorável nome
localiza- se entre o Sul do monte Carmelo e Jope. Com uma extensão de 85 km,
sua largura varia entre 15 e 22 km. Na antigüidade, essa região era
conhecidíssima em virtude de seus pântanos palúdicos e traiçoeiros bosques. O
seu solo, entretanto, era coberto de lírios e outras flores exóticas. Ante esse
selvagem esplendor, cantou a esposa: "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos
vales. Ao que respondeu o esposo: - Qual lírio entre os espinhos, tal é a minha
amiga entre as filhas" (Ct 2.1,2 - ARA). Os pântanos e charcos da Planície
de Sarom foram drenados recentemente pelo governo israelense. Essa área,
atualmente, constitui-se num dos mais ricos distritos agrícolas
do
Estado de Israel. Seus bosques de frutas cítricas são famosos em todo o mundo.
Nesse aprazível recanto, podem ser encontradas quatro flores vermelhas de
grande beleza: anêmona, botão-de-ouro, tulipa e papoula. A formosura e
esplendor de Sarom é comparada pelo profeta Isaías à glória do Líbano, (Is
35.2).
III -
PLANÍCIE DA FILÍSTIA
Situada
entre Jope e Gaza, no Sudoeste de Israel, a Planície da Filístia tem 75 quilômetros
de comprimento e, de largura, 25. Nessa faixa de terra, habitavam os aguerridos
filisteus, inimigos mortais do povo israelita. Fértil, essa região era
abundante em cereais e frutas. Os seus figos e oliveiras eram muito apreciados.
Nesse território, localizavam-se as cinco principais cidades filis-téias: Gaza,'
Ascalom, Asdode, Gate e Ecrom. Não eram propriamente cidades, mas, indevassáveis
fortalezas. Nessa planície, ficava, ainda, o Porto de Jope, muito importante para
os israelitas do Antigo Pacto. Neste século, os sionistas resolveram
reativá-lo, tendo em vista o crescimento da economia israelense.
IV -
PLANÍCIE DE SEFELÁ
Situada
entre a Filístia e as montanhas da Judéia, a Planície de Sefelá é caracterizada
por uma série de baixas colinas. A fertilidade de seu solo é bastante notória;
as colheitas de trigo, uva e oliva são abundantes. O significado hebraico de
Sefelá - terras baixas ou maus baixas - realça bem a topografia dessa planície.
Ela nos lembra mais uma faixa de terra do que uma planície propriamente dita.
Eis como o pastor Enéas Tognini a classifica: "... um altiplano rochoso que
corre da costa, rumo SE, penetrando até a fronteira da tribo de Judá..." Sefelá
serviu de lar aos patriarcas Abraão e Isaque por longos anos. E, por tratar-se de
uma região política e economicamente muito importante, foi motivo de não poucas
discórdias e guerras entre israelitas e filisteus. Apesar de sua importância
estratégica e de suas peculiaridades geográficas, o seu nome só é encontrado no
livro apócrifo de primeiro Macabeus 12.38. No Antigo Testamento, recebe outras
designações.
V -
PLANÍCIE DO ARMAGEDOM
Essa
planície recebe, também, estes nomes: Jezreel ou Esdraelom. Por causa de sua extensão
e aspectos característicos, várias passagens bíblicas tratam-na de vale. A
maioria dos geógrafos bíblicos, entretanto, prefere classificá-la de planície
mesmo. Armagedom encontra-se na confluência de três vales, dos quais o mais
importante é -
Jezreel.
Localizada entre os montes da Galiléia e os de Samaria, essa planície (a maior
de Israel) é insuperável em sua formosura. Suavemente. alarga-se em direção do
Carmelo até repousar nos montes Líbanos. Em seu livro. Geografia Bíblica,
Oswaldo Ronis fornece-nos mais algumas informações acerca desse escatológico
lugar: "No ângulo suleste da planície, fica o local da antiga e importante
cidade fortificada de Jezreel. que foi a capital do reino do Norte no tempo de
Acabe e Jezabel. Para o leste desta cidade, desce o vale de Jezreel até atingir
o - Jordão na altura de Bete-Seã. De modo que a cidade empresta o seu nome
tanto à planície que se estende para o noroeste como ao vale que toma a direção
leste." A planície do Armagedom é uma das áreas mais estratégicas de
Israel. Constitui-se numa via de comunicação natural entre a cidade de Damasco
e o mar Mediterrâneo. No período veterotestamentário, serviu de palco a
renhidos combates. Essa sangrenta arena é atravessada, longitutinalmente, de
leste a oeste, pelo rio Kishon que desemboca no Mediterrâneo. Armagedom está
ligado a um grande embate escatoló-gico. O evangelista –João gizanos,
sinteticamente, o maior dos confrontos: "E os congregaram no lugar que em
hebreu se chama Armagedom" (Ap 16.16). Nessa planície, o povo de Deus sofrerá
as mais lancinantes dores de sua história. -Jesus Cristo, todavia, escolheu
esse lugar para reconciliarse com os filhos de Israel. Quando isso ocorrer, os
israelitas livrar-se-ão, para sempre, de seus algozes.
VI -
OUTRAS PLANÍCIES
Deparamo-nos,
na Terra de Israel, com outras planícies, tais como as de Jerico,
Dotam,
Moabe, Genezaré, etc. Mas, por serem pequenas, não são muito importantes no contexto
histórico-bíblico.
VALES DA TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Vale do Jordão.
II
- Vale de Jezreel.
III
- Vale de Açor.
IV-
Vale de Aijalom.
V-Vale
de Escol.
VI
- Vale de Hebrom.
VII
- Vale de Si-dim.
VIII
-Vale de Siquém.
IX
- Vale de Basam.
X
-Vale de Moabe.
INTRODUÇÃO
Israel
é uma terra abundante em vales. Antes da conquista de Canaã, Moisés
esclarece
ao povo israelita: "Porque a terra que passais a possuir não é como a
terra do Egito, donde saístes, em que semeáveis a vossa semente, com o pé, a
regáveis como a uma horta; mas a terra que passais a possuir é terra de montes
e de vales: da chuva dos céus, beberás as águas" (Dt 11.10 e 11). No Novo
Dicionário da Bíblia, explica-nos A.R. Millard: "Na Palestina, onde a chuva
cai somente durante certo período do ano, a paisagem é recortada por muitos
vales estreitos e leitos de riachos (ou wadis), que só exibem água durante a
estação chuvosa (em hebraico, nahal; no árabe, iradi). Freqüentemente, pode ser
encontrada água subterrânea nesses wadis. durante os meses de estio. (Cf. Gn
26.17,19.) Os rios perenes atravessam vales e planícies mais largos (no hebraico,
emeq, biq'ã), ou então cortam gargantas estreitas através da rocha. O vocábulo
hebraico 'shephèlâ' denota terreno baixo, especialmente a planície costeira;
'gay' é termo hebraico que significa simplesmente rale. Vale, segundo o mestre
Aurélio, é uma depressão alongada entre montes ou quaisquer outras superfícies.
Essa palavra é bastante comum no Antigo Testamento. Encontramo-la 188 vezes nas
escrituras hebraicas. No Novo Testamento, contudo, é mencionada apenas uma vez.
É claro que não poderemos estudar todos os vales da Terra Santa. Deter-nos-emos
nos principais.
I - VALE DO JORDÃO
Eis
o maior vale de Israel. Começa no sopé do monte Hermom (no Norte) e vai até o
mar
Morto (no Sul). O território israelita, portanto, é cortado, longitudinalmente,
pelo vale do Jordão, cenário de importantíssimos acontecimentos na vida do povo
de Deus.
Constituindo-se
de uma grande fenda geológica, esse portentoso vale, em seu ponto
inicial,
tem uma largura de 100 metros. Alarga-se, porém, pouco a pouco, nas proximidades
do mar da Galiléia, chega a três quilômetros; e, nas imediações do mar Morto, a
15. Depois, no entanto, começa a estreitar-se novamente. Nesse vale, corre o
rio Jordão, onde Jesus foi batizado. O Jordão é, ainda, o mais profundo vale de
toda a Terra: encontra-se a 426 metros abaixo do nível do mar Mediterrâneo. Netta
Kemp de Money fornece-nos mais algumas informações sobre o vale do Jordão:
"Seu solo, em parte argiloso e arenoso, interrompe-se por penhascos de
greda gris e inumeráveis pedras de forma fantástica, que imprimem àquela
paisagem um ar um tanto triste e desolador. Grande parte deste vale, todavia, é
de uma fertilidade exuberante e todo suscetível de cultivo. O vale do Jordão
não constituía antigamente barreira intransponível, mas dificultava a
comunicação e o livre tráfego entre as tribos irmãs em ambos os lados."
II - VALE DE JEZREEL
Não
podemos confundir o vale de Jezreel com a planície de mesmo nome. A confusão,
no entanto, existe. Ela ocorre em conseqüência da inexatidão de certos autores.
O vale de Jezreel começa nas nascentes do ribeiro de Jalud e termina no vale do
Jordão, nas cercanias de Bete-Seã. Nas proximidades desse vale, localiza-se a
moderna cidade de Zerim.
III - VALE DE AÇOR
O
pecado de Acã trouxe sérios prejuízos a Israel. Em consequência desse delito,
os exércitos hebraicos sofreram irrefragáveis derrotas. A maldição só deixou o
arraial dos israelitas com o apedrejamento do reticente pecador. A punição, de
acordo com o livro de Josué, deu-se no vale de Açor: "Então Josué e todo o
Israel com ele tomaram a Acã, filho de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de
ouro, e a seus filhos, e a suas filhas, e a seus bois, e a seus jumentos, e as
suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo quanto tinha; e levaram-nos ao vale de
Açor. E disse Josué: Porque nos turbastes, o Senhor te turbará a ti este dia. E
todo o Israel o apedrejou com pedras, e os queimaram a fogo, e os apedrejaram
com pedras, até ao dia de hoje; assim o Senhor se tornou do ardor da sua ira:
pelo que se chamou o nome daquele lugar o vale de Açor, até o dia de hoje"
(Js 7.24-26). Nesse vale, localizado entre as terras de Judá e Benjamim,
ficavam as fortalezas de Midim, Secacá e Nibsam. Açor, informa o Novo
Dicionário da Bíblia, é o primeiro nome locativo a ser mencionado no rolo de
cobre de Qum-ram.
IV - VALE DE AIJALOM
O
Vale de Aijalom foi palco de um dos maiores milagres já presenciados por qualquer
ser humano. Foi nessa região que, por uma ordem de Josué, o Sol deteve-se sobre
os amorreus, possibilitando às forças israelitas, estrondosa vitória. Nesse
mesmo lugar, no Século II a.C, Judas Ma-cabeu obteve decisivo triunfo sobre as
forças de Antíoco Epífanes, tirano grego da Síria. Aijalom localiza-se nas
imediações de Sefelá, a 24 quilômetros a noroeste de Jerusalém. Com 18 quilômetros
de comprimento e nove de largura, esse vale abrigou, no ano 70 de nossa era, as
tropas romanas, comandadas pelo general Tito. Desse vale, os romanos saíram
para destruir Jerusalém e o Templo. Localiza-se, nessa área, atualmente, a cidade
de Yalo, onde há importantes indústrias.
V
- VALE DE ESCOL Uma região fértil e abundante em vinhedas. Assim é o vale de
Escol. John Davis fornece-nos mais algumas informações acerca desse lugar de
fartura: "... celebrizou-se pela exuberância de vinhedos, produtores de dulcíssimos
cachos. Ignora-se se este nome era já conhecido antes dos tempos de Moisés.
Como quer que seja, Hebrom relembrava aos israelitas o local onde os espias
enviados por Moisés para reconhecer a terra, cortaram o famoso cacho de uvas,
que dois deles trouxeram enfiado em uma vara." O vale de Escol, localizado
nas proximidades de Hebrom, continua a ser famoso pela sua singular
fertilidade. Atualmente, rende consideráveis divisas ao Estado de Israel, com suas
uvas, romãs e figos. Escol, em hebraico, significa cacho.
VI - VALE DE HEBROM
Durante
suas constantes e árduas peregrinações, o piedoso patriarca Abraão fixou-se, certa
feita, no Vale de Hebrom, onde fica um lugar chamado Manre. Teve, o nosso pai
na fé, nessas paragens, ricas experiências espirituais. Nessas tão abençoadas
terras, o amigo de Deus construiu um altar; recebeu a divina promessa de que,
não obstante sua avançada idade, ainda teria um filho, e, intercedeu pelos
concupiscentes sodomitas. O vale de Hebrom serviu também de sepulcro à família
patriarcal. Na silente sepultura de Macpela, repousam os ossos dos primeiros
ancestrais do povo escolhido. E, de conformidade com o historiador Flávio
Josefo, os corpos dos patriarcas tribais encontramse, de igual modo, nesse
repousante solo. Localizado a 30 quilômetros a sudoeste de Jerusalém, o vale de
Hebrom está a quase mil metros acima do nível do Mediterrâneo. Com os seus 30
quilômetros de comprimento, guarda muitos resquícios da era patriarcal como,
por exemplo, o famoso Terebinto de More.
VII - VALE DE SIDIM
No
vale de Sidim, localizado na extremidade meridional do mar Morto, ficavam as impenitentes
cidades de Sodoma e Gomorra. Nesse lugar, a coligação de Quedorlao mer defrontou-se
com os exércitos dos cinco reis. A intervenção de Abraão, nesse combate, foi decisiva.
O piedoso patriarca mostrou que, além de homem de fé, era, também, um intrépido
guerreiro. Nessa região, havia muitos poços de betume, segundo informa-nos
Moisés no livro de Gênesis 14.3-8. Recentemente, a arqueologia, com o auxílio
de outras ciências, encontrou, no vale de Sidim, vestígios de antiqüíssimas
cidades. De acordo com as pesquisas científicas, esses povoados foram
destruídos por uma grande explosão. Uma vez mais, a veracidade das Escrituras
Sagradas é corroborada pela ciência. Hodiernamente, o Vale de Sidim é
aridificado, sem vida. Nos dias de Ló, contudo, parecia o próprio Éden. Merril
F. Unger compendia estes interessantes dados acerca dessa singular região da
Terra Santa: "Em algum tempo, por volta da metade do século XXI a.C., o
vale de Sidim com suas cidades foi subvertido por uma grande conflagração
(Gênesis.19.23-28). Essa região é mencionada como 'cheia de poços de betume'
(Gênesis 14.10), e depósitos de petróleo podem ainda ser encontrados nela. Toda
a região está na longa linha quebrada que formava o vale do Jordão, o mar Morto
e o Arabá. Através da história, ela tem sido palco de terremotos, e embora a
narrativa bíblica registre apenas os elementos miraculosos, a atividade
geológica foi, sem dúvida, um fator partícipe. O sal e o enxofre nativos nessa
área, que é agora uma região queimada de óleo e asfalto, foram misturados por
um terremoto, resultando em violenta explosão, ü sal e o enxofre ascenderam aos
céus, tornando-o rubro com o seu calor, de forma que, literalmente, choveu fogo
e enxofre sobre toda a planície (Gênesis 19.24,28). A narrativa da mulher de Ló
ter sido transformada em uma estátua de sal pode certamente ser relacionada com
a grande massa de sal existente no vale Jebel Usdum ('Montanha de Sodoma'),
monte de uns oito quilômetros de comprimento, que se estende de norte a sul, na
extremidade sudoeste do mar Morto. Em algum lugar sob
as
águas do lago cujo nível sobe lentamente, ao sul. nas vizinhanças desse monte,
poderão ser encontradas as Cidades da planície. Nas épocas clássicas e
neo-testamentárias, as suas ruínas ainda eram visíveis não tendo sido cobertas
pelas águas." O vale de Sidim, portanto, é uma séria advertência à raça
humana: de Deus não se escarnece, porque tudo o que o homem semear isso também ceifará.
VIII - VALE DE SIQUÉM
Certa
vez, durante o seu ministério terreno. -Jesus sentou-se à beira do Poço de
Jacó.
E,
com sua inconfundível e serena voz, falou do Reino de Deus a uma pobre e
sedenta samaritana. Daquele inefável diálogo, surgiu um grande avivamento entre
os desprezados samaritanos.
-
Onde fica o Poço de Jacó? - No Vale de Siquém. Com os seus 12 quilômetros de comprimento,
de seu solo explode exuberante vegetação. Por causa de suas inúmeras nascentes,
pode ser comparado aos mananciais da eternidade. O vale de Siquém foi o
primeiro lar do patriarca Abraão. Nesse lugar, cujo nome significa ombro em
hebraico, Jacó armou a sua tenda, ao voltar de Harã; Diná foi deflorada pelo
imprudente príncipe Siquém; Simeão e Levi cometeram grande chacina para vingar
a irmã; e o governador José foi sepultado. Nesse vale, localizado entre os
montes Gerizim e Ebal, no centro de Israel, fica a moderna cidade de Nablus. Mapa
dos vales israelenses
IX - VALE DE BASAM
Segundo
Oswaldo Ronis, o vale de Basam não é citado nas Sagradas Escrituras. Suas
referências
limitam-se à literatura profana. Ronis acrescenta: "provavelmente trata-se
do vale por onde corre o rio Yarmuque, no Nordeste da Palestina."
X - VALE DE MOABE
É
o vale de Moabe o mais dilatado dos três vales que desembocam na planície moabita.
Localizada a nordeste do mar Morto, essa região era habitada pelos incestuosos filhos
de Ló, que muitos danos causaram aos israelitas. Tentando impedir o avanço do
povo de Deus, os moa-bitas colocaram tropeços em seu arraial. Em conseqüência
da contumácia de Moabe, determinou o Senhor: "Nenhum amonita nem moabita
entrará na congregação do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará na
congregação do Senhor eternamente. Porquanto não saíram com pão e água a receber-vos
no caminho, quando saíeis do Egito; e porquanto alugaram contra ti a Balaão, filho
de Beor, de Petor, da Mesopotâmia, para te amaldiçoar" (Dt 23.3-4). Moisés
morreu em Moabe. Dessas terras, o maior legislador do Antigo Testamento avistou
Canaã. E, então, com a serenidade própria dos anjos, adormeceu. Não obstante
amaldiçoados, a misericórdia alcançou os filhos de Moabe por intermédio de
Rute. Virtuosa e cheia de fé, essa moabita teve o singular privilégio de ser uma
das ancestrais de nosso Senhor Jesus Cristo. A história de Rute é uma das mais
belas páginas de amor da literatura universal. Nessa região, foi encontrada a
famosa Pedra Moabita. Descreve-a Orlando Boyer: "Uma pedra de basalto
negro, encontrada no ano de 1868 nas ruínas de Dibom, antiga cidade moabita. É
o maior documento encontrado até agora, fora da Bíblia, que trata da Palestina,
antes de Cristo. Sua inscrição difere muito pouco do hebraico. Esta pedra dá um
relatório da guerra de Mesa, rei de Moabe, contra Onri, Acabe e outros reis de
Israel."
PLANALTOS DA TERRA
SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Planalto Central.
II
Planalto Oriental.
INTRODUÇÃO
Em
Israel, há dois grandes planaltos: o Central e o Oriental. O primeiro é, praticamente,
uma continuação dos famosos montes Líbanos; sai do centro do país em direção norte-sul.
O segundo é considerado pela maioria dos geógrafos um apêndice do Ante- Líbano;
segue a mesma direção do anterior. Ambos os planaltos têm uma altitude média
que varia entre 700 a 1.400 metros. O que é um planalto? Deixemos a definição
por conta de mestre Aurélio: "Grande extensão de terreno plano ou pouco
ondulado, elevado, cortado por vales nele encaixados.
I - PLANALTO CENTRAL
O
Planalto Central compreende os planaltos de Naftali, Efraim e Judá.
1.
PLANALTO DE NAFTALI.
Localiza-se
no Norte da Galiléia. Nessa região, habitavam os naftalitas, famosos por sua
coragem. No entanto, por causa da fragilidade de suas fronteiras, sofriam
constantes ataques por parte de potências hostis.
2. PLANALTO DE EFRAIM.
Compreende
a área de Samaria. Depois do cisma israelita, ocorrido em 931 a.C, essa região
passou a ser a capital política do Reino do Norte.
3.
Planalto de Judá.
Situado
no Sul, esse planalto é ladeado por Betel e Hebrom. Esse território coube aos descendentes
do mais extraordinário filho de Jacó, o audacioso Judá.
II - PLANALTO ORIENTAL
Localizado
no Oriente do Jordão, o Planalto Oriental, de igual modo, possui três
importantes
planaltos: Basam, Gileade e Moabe.
1.
Planalto de Basam.
Conhecido,
também, como Auram, situa-se entre o Sul do monte Hermom e o Rio Yarmuque. No
tempo de Josué, essa fértil região estava sob o controle de Ogue, que foi derrotado,
fragorosamente, pelos israelitas. Essas terras, abundantes em trigo e pasto
para gado, passaram ao domínio da tribo de Manasses.
2.
Planalto de Gileade.
Fica
entre Yarmuque e Hesbom. Esse planalto é cortado pelo Rio Jaboque. Sua fertilidade
é também notória. O bálsamo dessa região era bastante apreciado no período veterotestamentário.
Pergunta o profeta Jeremias: "Porventura não há ungüento em Gileade? ou
não há lá médico?" (Jr 8.22).
3.
Planalto de Moabe.
Essa
região é bastante rochosa. No entanto, entrecor-tam-a vicejantes pastagens.
Localização:
ao leste do rio Jordão e Mar Morto, prosseguindo até o rio Arnon.
MONTES DA TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Montes palestínicos:
1.
Montes de Judá.
2.
Montes de Efraim.
3.
Montes de Naftali.
II
- Montes transjordanianos:
1.
Montes de Moabe.
2.Montes
de Basã.
3.
Montes de Gileade.
III
-Monte Sinai.
INTRODUÇÃO
Inspirado
pelo Espírito Santo cantou Davi, o suave salmista: "Os que confiam no Senhor
serão como o monte de Sião, que não se abala, mas permanece para sempre. Como estão
os montes à roda de Jerusalém, assim o Senhor está em volta do seu povo desde
agora e para sempre" (Sl 125.1,2). Por que Davi, em um de seus mais belos
salmos, refere-se, aos montes? Os montes sempre exerceram fortíssima influência
sobre o espírito do povo de Deus. Nessas elevações, vislumbravam os israelitas
a magnitude divina. Foi no Sinai, aliás, que os hebreus adquiriram seu corpo
doutrinai. Outras experiências espirituais tiveram eles nesses acidentes
geográficos, bastante comuns em Israel. O pastor Enéas Tognini compendia estas
importantíssimas lições sobre a orografia da Terra Santa: "Israel passou
400 anos no Baixo Egito, cujas terras são planas, onde não chove, pois confina
com o medonho deserto do Saara. Esse povo passaria, sob o comando de Moisés,
para Canaã. terra de montes e vales, e onde a chuva é abundante no inverno. Os montes
exerceram poderosa influência no povo que cantou em sua poesia ou prosa os
cumes e as elevações. A importância dos montes na Bíblia é muito grande. As
tábuas da Lei foram dadas por Deus a Moisés num monte; Arão morreu num monte;
também Moisés; a bênção e a maldição foram proclamadas em montes; João Batista
nasceu nas montanhas; Jesus nasceu na região montanhosa da Judéia; sua grande
batalha com o Diabo foi num monte; num monte foi o seu maior sermão;
transfigurou-se num monte; agonizou num monte; foi crucificado num monte; e sepultado
e ressurreto num monte, e, ainda, ascendeu ao Céu de um monte, e mais: voltará,
colocando seus pés no monte das Oliveiras." O que é um monte; Recorramos à
definição de John Davis: "Elevação natural da terra. Aplica-se geralmente
a uma eminência, mais ou menos saliente, menor do que a montanha, e maior do
que um outeiro. Estes nomes têm valor relativo; às vezes a mesma elevação é
designada, em alguns lugares por monte e em outros por montanha. Monte é a tradução
do hebraico 'Gibah', e do grego 'Bounos'".
I - MONTES
PALESTÍNICOS
Estudaremos,
nessa primeira parte, os montes de Judá, de Efraim e de Naftali. Nessas
saliências,
os israelitas presenciaram grandes acontecimentos e deles participaram. Atualmente,
essas elevações servem-lhes de solene memorial: recordam-lhes osn intrépidos juízes;
os altivos reis; os piedosos profetas; os judiciosos mestres do povo. etc.
AS MONTANHAS DA ANTIGA
PALESTINA
1
- MONTES DE JUDÁ
Os
montes de Judá localizam-se ao Sul dos montes de Efraim. Constituem-se de uma
série
de elevações, entre as quais há herbosos vales, por onde correm riachos que
deságuam nos mares Morto e Mediterrâneo. Eis os mais notórios montes de Judá:
Sião, Moriá, Oliveiras, e o da Tentação.
1.1 - Monte Sião
Localizado
na parte Leste de Jerusalém, o monte Sião ergue-se ali soberano e altivo.
Com
aproximadamente 800 metros de altura, ao nível do Mediterrâneo, é a mais alta
montanha
da cidade Santa. Designa-o desta forma o profeta Joel: "E vós sabereis que
eu sou o Senhor vosso Deus, que habito em Sião, o monte da minha santidade; e
Jerusalém será santidade; estranhos não passarão mais por ela" (Jl 3.17). O
Monte Sião era habitado pelos Jebuseus. Davi, entretanto, ao assumir o controle
político-militar de Israel, resolveu desalojá-los. A partir de então, aquela
singular elevação passou a ser a capital do Reino de Israel. Em virtude de sua
posição privilegiada, era uma fortaleza natural para a cidade de Jerusalém. Mais
tarde, ordenou Davi fosse levada a arca da aliança a Sião. Por causa disso, o monte
passou a ser considerado santo pelos hebreus. Décadas mais tarde, com a remoção
da sagrada urna ao Santo Templo, Sião passou a designar, também, a área
compreendida pela Casa do Senhor. E, não foi muito difícil a própria Jerusalém
ser chamada por esse abençoado nome. No Monte Sião encontra-se a sepultura do
rei Davi. Em uma das lombadas dessa memorável área, localiza-se um cemitério
protestante, onde está sepultado o renomado arqueólogo Sir Flinders Petri. Após
o Exílio Babilônico, os judeus começaram a identificar-se, com mais intensidade,
com a mística Sião. Na luxuriante e soberba Babilônia, eles lembravam-se desse
nome e derramavam copiosas lágrimas. Nos tempos modernos, foi criado um movimento,
visando à criação do Estado de Israel, cujo nome é Sionismo. Essa designação
reflete bem o amor dos judeus por sua terra. A Igreja de Cristo é considerada a
Sião Celestial, repleta de justiça e habitada por homens, mulheres e crianças
comprados pelo sangue do Cordeiro.
1.2 - Monte Moriá
Moriá
é sinônimo de sacrifício e abnegação. Nesse monte, o patriarca Abraão passou
a
maior prova de sua carreira espiritual. Premido pelo Todo-poderoso,
preparava-se para sacrificar seu filho, seu único filho Isaque, quando ouviu
este brado: "Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. Então disse-lhe o
anjo do Senhor|: Não estendas a mão contra o moço, e não lhe faças nada;
porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu
único" (Gn 22.11,12). Continua a narrativa: "Então levantou Abraão os
seus olhos; e eis um carneiro detrás dele, travado pelas suas pontas num mato;
e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu
filho" (Gn 22.13). Localizado a leste de Sião, e Monte Moriá tem uma
altura média de 800 metros ao nível do Mediterrâneo. De forma alongada, sua
parte mais baixa era conhecida como Ofel. No tempo de Abraão, Moriá não
designava propriamente um monte, mas uma região. Mil anos após a era
patriarcal, Salomão construiu o Templo nessa elevação. A Casa do Senhor,
entretanto, foi destruída por Nabucodonosor, em 587 a.C. Reconstruída no tempo
de Esdras e Neemias, foi novamente destruída pelo general Tito, no ano 70 de
nossa era. Atualmente, sobre esse monte, encontra-se a Mesquita de Ornar, um
dos lugares mais sagrados para os muçulmanos. O que significa Moriá? O
professor Zev Vilnay, citado por Enéas Tognini, explica: "Os sábios de
Israel perguntaram: - 'Por que este monte se chama Moriá?' - Porque vem da palavra
'Mora', que, em hebraico, significa temor. Desta montanha o temor de Deus percorreu
a terra toda. Outra versão diz que vem de 'ora', que quer dizer luz, pois
quando o Todo-poderoso ordenou: 'Haja luz', foi do Moriá que pela primeira vez
brilhou a luz sobre a humanidade." Hoje, Moriá poderia ser chamado
"Montanha das Lágrimas". Do Templo, restou apenas uma muralha na qual
judeus de todo o mundo choram seu exílio e suas amarguras. O Muro das
Lamentações é o último resquício da glória passada de Israel.
1.3. - Monte das
Oliveiras
O
Monte das Oliveiras situa-se no setor oriental de Jerusalém. O Vale do Cedrom separa-o
do monte Moriá. Esse monte, denominado "Mons Viri Galilaei", compõe
uma
cordilheira,
sem muita expressão, com aproximadamente três quilômetros de comprimento. Na
parte ocidental do Monte das Oliveiras, fica o Jardim do Getsêmani. Nos dias do
Antigo Testamento, essa sagrada elevação era coberta de oliveiras, vinhedos,
figueiras e uma série de outras árvores frutíferas e ornamentais. A fertilidade
dessa região é proverbial e secular, haja vista que, depois do exílio babilônico,
a Festa dos Tabernáculos foi realizada com os ramos das árvores do Olivete. No
Jardim do Getsêmani, Jesus enfrentou um dos mais dolorosos momentos de seu ministério.
Envolto na sombra da noite, clamou. Pressionado pelos nossos pecados, chorou. Ali,
seu corpo foi esmagado por causa das nossas transgressões.
1.4 - Monte da
Tentação
Logo
após o seu batismo, foi Jesus levado a um monte, onde passou 40 dias. Em completo
jejum por 40 dias, foi tentado pelo Diabo; teve fome depois de terminar o jejum
e sofreu a solidão. Essa elevação, que serviu de claustro ao Salvador, é
conhecida como o monte da Tentação. Distante 20 quilômetros a leste de
Jerusalém, esse monte fica a quase 1000 metros acima do nível do mar. Sua
altura, contudo, não ultrapassa a 300 metros, por encontrar-se no profundo
terreno do vale do Jordão. Caracterizado por ingrata aridez, possui inúmeras cavernas,
onde os monges refugiam-se para meditar. Na realidade, as Sagradas Escrituras
não declinam o nome do monte onde o Senhor foi tentado. Entretanto, o Monte da
tentação é o único que corresponde ao cenário onde Cristo travou uma de suas
mais decisivas batalhas.
2 - MONTES DE EFRAIM
A
região montanhosa de Efraim abrange a área ocupada pelos efraimitas, pela
metade
dos
manassitas e por uma parcela dos benjamitas. Conhecemos essa área, também por
estes nomes: monte de Naftali. monte de Israel e monte de Samaria. Essa área é
classificada, geograficamente, como Planalto Central. Eis os mais importantes
montes de Efraim: Ebal e Ge-rizim. Sobre ambos os montes, foram pronunciadas as
maldições e as bênçãos sobre os filhos de Israel. Ambas as elevações,
testemunham os visitantes, formam um anfiteatro, com perfeita acústica.
2.1 - Monte Ebal
Do
Ebal foram pronunciadas as maldições. Localizado no Norte de Nablus, seu solo é
aridificado e com muitas escarpas. Tem 300 metros de altura e fica a mais de
mil metros acima do Mar Mediterrâneo. Jotão proclamou seu célebre apólogo do
cume desse monte. E, dessa engenhosa maneira, incitou Israel a lutar contra o
usurpador Alimeleque. Tanto o Ebal, como o Gerizim, ocupam posição estratégica.
Para se alcançar qualquer parte da Terra Santa, há de se passar,
necessariamente, por ambos os montes "Ebal" significa, em hebraico,
pedra.
2.2 - Monte Gerizim
Ao
contrário do Ebal, o monte Gerizim é coberto por reconfortante vegetação. A altura
dessa elevação é de 230 metros. Com relação ao nível do Mediterrâneo, está
situado a 940 metros de altitude. Nesse monte, foram abertas muitas cisternas
para captar águas da chuva. Após o exílio babilônico, os samaritanos,
instigados por Sambalá, construíram um templo sobre o Gerizim. Visavam tirar a
glória do Templo reconstruído por Esdras e Neemias. Em 129 a.C, o lugar de
adoração dos samaritanos seria destruído por João Hircano. Recentemente, Salcy
descobriu reminiscências desse espúrio santuário. Conforme descreve esse
laborioso arqueólogo, o templo dos samaritanos era rico e suntuoso. O Monte
(gerizim, atualmente é conhecido como Jebel et-Tor. E. continua sendo o lugar
de adoração dos samaritanos. Segundo dizem, foi nesse monte que Abraão pagou o dízimo
a Melquisedeque. Eles acreditam, também, que foi nesse lugar que Isaque seria sacrificado
pelo piedoso pai dos hebreus.
3 - Montes de Naftali
Essa
designação abarca todo o conjunto montanhoso do Norte da Terra Santa. Abrange a
região da Galiléia. Quando da conquista de Canaã, esse território foi destinado
às tribos de Aser, Zebulom, Issacar e Naftali. Os naftalitas ficaram com uma
área mais extensa. Em virtude disso, essas terras passaram a ser conhecidas
como Naftali. Eis os quatro mais importantes montes dessa região: Carmelo,
Tabor, Gilboa e
Hatim.
3.1 - Monte Carmelo
Travou-se
no Carmelo um dos mais renhidos combates entre a fé e a idolatria. Cheio
do
Espírito Santo, Elias desafiou várias centenas de profetas de Baal. A vitória,
é claro,
coube
ao profeta do Senhor. Esse monte, em virtude dessa confrontação, é símbolo de
prova e fogo. O Carmelo não é propriamente um monte. Faz parte, na realidade,
de uma cordilheira de 30 quilômetros de comprimento. Sua largura oscila entre 5
a 13 quilômetros, a começar do Mediterrâneo em direção ao Sudeste do território
israelita. O ponto mais elevado dessa serra não atinge 600 metros. O duelo de
Elias com os falsos profetas deu-se exatamente no cume do monte Carmelo. No
lado Norte dessa cordilheira, passa o rio Quisom, onde os vassalos de Baal
foram exterminados. Oswaldo Ronis acrescenta-nos mais alguns detalhes acerca do
Carmelo: "Este é o único monte que se destaca do planalto central na
direção oeste, formando um promontório ao sul da planície do Acre (Accho ou
Asher) e é a única parte do território da palestina que avança mar Mediterrâneo
adentro, formando, ao Norte, a baía do Acre onde se localiza a cidade de Haifa.
Note-se que este monte ou serra forma uma barreira entre as planícies
Esdraelom, ao norte e Sarom ao sul, apresentando em seus flancos inúmeras
cavernas que, pela sua conformação interna, parece (algumas) terem sido
habitadas. Uma delas é conhecida como a 'Gruta de Elias' , que hoje é um
santuário muçulmano."
3.2 - Monte Tabor
Localizado
também na Galiléia, o Tabor tem 320 metros de altura. Trata-se de um monte
solitário, plantado na luxuriante Esdraelom. Visto do Sul, lembra-nos um semicírculo.
Dista a apenas 10 quilômetros de Nazaré e a 16 do mar da Galiléia. Situa se a 615
metros acima do nível do Mar Mediterrâneo. De seu cume podem-se avistar
magníficas paisagens. A alma poética dos hebreus embevecia-se com os
maravilhosos quadros vislumbrados desse monte. O Tabor, por esse motivo, era
comparado ao monte Hermom. O Tabor é muito importante no Antigo Testamento. Em
suas cercanias, os exércitos de Débora e Baraque combateram as forças de
Sísera. Mais tarde, Gideão, nessa mesma área, colocou em fuga os batalhões dos
midianitas. Nos dias de Oséias, foi construído um santuário pagão sobre o monte
Tabor, contra o qual clamou o santo profeta: "Ouvi isto, ó sacerdotes, e
escutai, ó casa de Israel, e escutai, ó casa do rei, porque a vós pertence este
juízo, visto que fostes um laço para Mizpá, e rede estendida sobre o
Tabor" (Os 5.1). Tempos mais tarde, foi construída uma cidade no topo
desse monte. Em 218 a.C., Antíoco a conquistou e transformou-a em uma
fortaleza. O Tabor seria cenário, ainda, de vários conflitos entre romanos e
judeus. O historiador Flávio Josefo, por exemplo, fortificou uma determinada
área desse monte. Dessas fortificações, sobraram, somente, trechos de um muro. A
partir do Século III de nossa era, renomados teólogos começaram a ventilar esta
hipótese: A transfiguração do Cristo deu-se no Monte Tabor. Visando perenizar
esse importantíssimo momento da vida terrestre de Jesus, a mãe de Constantino
Magno, Helena, ordenou fossem construídos três santuários: um para Jesus, e os
outros dois
para
Moisés (representante da Lei) e Elias (representante dos profetas). Hoje,
todavia, acredita-se que a transfiguração ocorreu nas encostas sulinas do monte
Hermom. O Tabor, atualmente, é chamado de Jabal al-Tur pelos árabes. Os
israelenses continuam a tratá-lo de Har Tãbhôr.
3.3 - Monte Gilboa
Com
13 quilômetros de comprimento e com uma largura que varia entre 5 a 8 quilômetros,
o Monte Gilboa está localizado no Sudeste da planície de Jezreel. Sua forma é alongada.
Situa-se a 543 metros de altitude. Em Gilboa, que significa fonte borbulhante
em hebraico, morreram o rei Saul e seu filho Jônatas, quando combatiam os
incircuncisos filisteus. A fatalidade inspirou este cântico davídico:
"Vós, montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia sobre vós, nem sobre
vós, campos de ofertas alçadas, pois aí desprezivelmente foi profanado o escudo
dos valentes, o escudo de Saul, como se não fora ungido com óleo" (2 Sm
1.21). As colinas do Gilboa são conhecidas, hodiernamente, como Jebel Fukua.
3.4 - Monte Hatim
Localizado
nas proximidades do mar da Galiléia, o monte Hatim compõe o chamado
Cornos
de Hatim. Sua altitude não ultrapassa os 180 metros. É um lugar bastante
atrativo. De seu topo, pode-se avistar o Mar da Galiléia. Seus dois picos
principais têm a aparência de chifres. Acredita-se ter sido esse o monte, do
qual Cristo pronunciou o célebre Sermão da Montanha. O Hatim é conhecido, de
igual modo, como o Monte das bem-aventuranças.
II - MONTES
TRANSJORDANIANOS
Os
montes transjordanianos são conhecidos, também, como Montes do Planalto. Eis
as
suas principais elevações: Gileade, Basam, Pisga e Peor.
1 - Monte de Gileade
Trata-se
de um conjunto montanhoso. Vai do Sul do Rio Yarmuque ao mar Morto. Gileade é
dividido pelo Ribeiro de Jaboque, onde Jacó lutou com o Anjo do Senhor. Essa foi
a primeira região conquistada pelos israelitas e coube à tribo de Gade. O
profeta Elias é originário dessa terra. No tempo de Jesus, esse território era
conhecido como Peréia. O nome dessa localidade surgiu com o encontro entre Jacó
e Labão. Designou-a, o primeiro, assim: Jegar-Saaduta. E, o segundo, Galeed.
Ambas as nomenclaturas significam montão do testemunho. Essa região, na
antigüidade, era famosa pela sua fertilidade. De seu solo, explodiam o trigo,
cevada, oliveira e legume. O seu bálsamo era procuradíssimo. Hoje, esse
território está em poder da Jordânia. Para os judeus ortodoxos, entretanto,
Gileade é a eterna possessão dos filhos de Israel.
2 - Monte de Basam
Basam
é um dilatado e fertilíssimo conjunto de montanhas. Ao norte, limita-se com o
monte
Hermom. Ao leste, com a região desértica da Síria e da Arábia. A Oeste, com o
Jordão
e o mar da Galiléia. E, ao sul, com o Vale do Yarmuque. Assim refere-se Davi a
esse monte: "O monte de Deus é como o monte de Basam, um monte elevado
como o monte de Basam" (Sl 68.15). As terras do Basam, por causa de sua
fertilidade, constituem-se um celeiro para Síria e o Estado de Israel. Na era
veterotestamentária, essa região estava coberta de cedros e carvalhos. E, em
suas viscejantes pastagens, eram apascentados numerosos rebanhos. Nos dias de
Abraão, o monte de Basam era habitado pelos temidos refains, um povo constituído
de homens de elevada estatura. O último soberano dessa nação foi executado pelos
israelitas. Trata-se de Ogue, cuja cama media aproximadamente quatro metros de comprimento
e quase dois de largura. Essa área foi destinada, por Moisés, aos manassitas.
3 - Monte Fisga
Do
cimo do monte Pisga, contemplou Moisés a Terra Prometida: "Então subiu Moisés
das campinas de Moabe ao Monte Nebo, ao cume de Pisga, que está defronte de
Jerico; e o Senhor mostrou-lhe toda a terra, desde Gileade até Dã. Assim morreu
ali Moisés, servo do Senhor, na terra de Moabe, conforme o dito do Senhor"
(Dt 34.1 e 6). O Pisga está localizado na planície de Moabe. Dista 15
quilômetros do Leste da foz
do
rio Jordão. Moisés vislumbrou o solo da promissão de uma altura de 800 metros.
O
monte
Pisga é conhecido, também, como Nebo. Alguns autores, contudo, dizem haver, nessa
região, dois montes: o Pisga e o Nebo.
4 - Monte Peor
O
monte Peor está localizado nas imediações do Nebo. Em hebraico,
"Peor" significa
abertura.
Nesse monte era adorado o imoral Baal-Peor. Do monte Peor, tentou Balaão
amaldiçoar os filhos de Israel. No entanto, seus esforços foram em vão. Como
último recurso para prejudicar a marcha dos israelitas, induziu- os a
participar das sensuais cerimônias de adoração de Baal-Peor. Não fosse a ação pronta
e enérgica de Moisés, os hebreus teriam se corrompido completamente. Desse
lamentável episódio, falaria mais tarde o grande legislador: "Os vossos
olhos têm visto o que Deus fez por causa de Baal-Peor: pois a todo o homem que
seguiu a Baal-Peor o Senhor teu Deus consumiu no meio de ti" (Dt 4.3).
III - MONTE SINAI
O
Sinai constitui-se de uma península montanhosa, localizada entre os golfos de
Suez
e
Acaba. Nessa região, Deus apareceu a Moisés e o comissionou a libertar Israel
do jugo faraônico. Da sarça ardente, clamou o grande Jeová: "Eu sou o que
sou". Em frente a esse monte, ficaram os israelitas acampados por quase um
ano. Nesse santo lugar, o Senhor entregou a Lei aos filhos de Israel (Êx.19 e
Nm.10). Conhecido também como Horebe, o monte Sinai serviu de refúgio a Elias.
Nele, o profeta, o ardente profeta de Jeová, pôde esconder-se da perversa
Jezabel. "Sinai", segundo os exegetas, significa sarça ardente,
fendido ou rachado. Dizem alguns ser esse nome uma evocação a Sin, deusa da
Lua. Nas Sagradas Escrituras, esse monte recebe três diferentes designações:
Monte Sinai. Horebe e Monte de Deus. Essa sagrada elevação tem uma forma
triangular. Seus vértices superiores repousam nos territórios asiático e
africano. Ao Leste, é banhada pelo Golfo de Acaba. Ao Ocidente, pelo Golfo de
Suez. A área da Península do Sinai mede 35.000-. Nessa região, podemos encontrar
três zonas geológicas: Cretácea, Arenística e Granítica. Apesar de aridificado,
esse território tem os seus encantos particulares. Os montes erguem-se
soberanos e altivos. Queimadas pelo Sol, as areias mostram-se multicoloridas. A
vegetação é sobremodo escassa, tornando a sobrevivência humana praticamente
impossível. Os oásis são uma raridade. Em alguns locais, contudo, vislumbram-se
verdes vales, em virtude da água, que provém da neve de alguns altos picos.
Nesses lugares, os anacoretas encontram repouso e silêncio para a sua
meditação. O Sinai pertencia ao Egito. No entanto, na Guerra dos Seis Dias, em
1967, Israel capturou toda essa região. Segundo a Palavra de Deus, a região do
Sinai pertence, de fato,
aos
israelitas.
DESERTOS DA TERRA
SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Deserto do Sinai.
II
- Deserto da Judéia.
III
- Desertos de Jerico, Bete-Âven e Gabaom.
IV
- Israel vence os desertos.
INTRODUÇÃO
Nas
Sagradas Escrituras, de acordo com o Novo Dicionário da Bíblia, os vocábulos traduzidos
como "deserto" incluem não somente os desertos estéreis de dunas, de
areia ou de rocha, que surgem e dão cor à imaginação popular, mas igualmente
designam terras plainas de estepes e terras de pastagem, apropriada á criação
de gado. O vocábulo "deserto" pode ser encontrado 36 vezes como
adjetivo e 284 como
substantivo,
no Antigo Testamento. -Já no Novo Testamento, a mesma palavra aparece 12 vezes
como adjetivo e 36 como substantivo. A palavra hebraica mais traduzida como
deserto é "midbar". Ela tem vários significados: região plana e
apropriada à criação de gado; área meio fértil e meio árida: e deserto
propriamente dito. Eis mais alguns termos hebraicos traduzidos como deserto: "yesimon"
- território desértico; "orbáh" - aridez, desolação, ruína (castigo
divino); "tohu" - vazio; "siyyah" - terra árida. Atualmente,
contudo, o termo deserto designa, segundo a Enciclopédia Mirador, regiões de
escassas precipitações e nas quais a cobertura vegetal é praticamente nula ou, então,
está reduzida a algumas plantas isoladas. Encontramos mais estas informações na
Mirador: "A insuficiência das precipitações, quer sob o aspecto
quantitativo, quer do ponto de vista de sua distribuição no decorrer do ano, é
a característica mais importante das regiões secas. É difícil encontrar um
limite numérico para especificar as regiões secas, por causa da complexidade
dos fatores atuantes. Tentou-se delimitar o Saara pelo isoketa de 10 mm e as
regiões áridas pela de 250 mm. Mas tais cifras não possuem valor geral, porque
a aridez e, principalmente, a semi-aridez se manifestam em regiões com 50 mm ou
mais de precipitações, como o Nordeste brasileiro, que recebe, por vezes,
quantidades superiores a 750 mm. Há uma graduação de aridez, que se estende
desde os desertos quase absolutos, denominados de 'tonezrouft' no Saara, até os
desertos relativos, localizados nas áreas limítrofes com as regiões úmidas.
Além da deficiência das precipitações, é preciso lembrar a sua irregularidade,
que se torna maior à medida que a região é mais árida. A presença de camadas de
ar geralmente muito seco e sem nuvens, e o solo desnudo, cujo aquecimento aumenta
a radiação (e, em conseqüência, provoca intensa evaporação), são as causas
principais do déficit que caracteriza a aridez." Os principais desertos
citados nas Sagradas Escrituras localizam-se no Sul e no Oriente de Israel.
Agrupam-se os primeiros na Península do Sinai. Os outros, encontram-se nas
outras regiões do país. Veremos, pois, como o povo de Deus conviveu com essas inóspitas
áreas.
I - DESERTO DO SINAI
Os
filhos de Israel caminharam no deserto durante quarenta anos. Nesse período, aprenderam
a conviver com as agruras do Sinai. Não obstante a aridez daquele solo, nada lhes
faltou. Supriu-lhes o Senhor todas as necessidades. Durante essas quatro
décadas, os israelitas deixaram de ser um bando de escravos e transformaram-se
em uma forte e robusta nação. O Deserto do Sinai recebe, ainda, estes nomes:
Sur, Para, Cades, Zim e Berseba. Os geógrafos descrevem-no como um colossal
deserto. Vai do Noroeste da península do mesmo nome ao golfo do Suez. Essa
região constitui-se de um maciço montanhoso. Nesse lugar, recebeu Israel a lei
de Moisés.
II - DESERTO DA JUDÉIA
As
áreas localizadas do Leste dos montes de Judá ao rio Jordão e ao mar Morto formam
o deserto da Judéia. Subdivide-se este em vários desertos sem importância:
Maon, Zife e En-Gedi. Nessa árida região, perambulou Davi quando era perseguido
pelo rei Saul. Eis mais alguns desertos de Judá: Tecoa e Jeruel. Nesse
território, o rei Josafá obteve estrondosa vitória sobre as forças moabitas e
amonitas. Nessa mesma região. o profeta Amos exerceu o seu ministério e João
Batista clamou contra seus reticentes contemporâneos.
III - DESERTOS DE
JERICO, BETE-ÁVEN E GA-BAOM
O
deserto de Jerico fica no território benjamita. Esse desolado território forma,
segundo descreve o pastor Tognini, um longo desfiladeiro rochoso de cerca de 15
quilômetros que desce de Jerusalém a Jerico. Nessa área, há muitas cavernas,
nas quais escondem-se malfeitores. Essa região serviu de cenário para a
Parábola do Bom Samaritano, contada por Jesus Cristo. Bete-Áven e Gabaom são
outros importantes desertos de Jerico. Em Gabaom, por exemplo, obteve Josué
importante vitória sobre os inimigos dos israelitas.
IV - ISRAEL VENCE OS
DESERTOS
Cinqüenta
por cento das terras israelenses compõem o Deserto do Neguev. No entanto, o
moderno Estado de Israel está vencendo a aridez de seus desertos e
transformando-os em uns vergéis. O pastor Abraão de Almeida compendia estas
informações acerca do reflorescimento das áreas desérticas da Terra Santa:
"Os progressos obtidos por Israel na transformação do Neguev em um jardim
regado são, de fato, impressionantes. Desde o início da década de 80 vêm sendo
aplicados mais de três bilhões de dólares na construção de estradas, aquedutos
e linhas de comunicação, a fim de abrigar novas instalações militares e cerca
de uma centena de novos povoados agrícolas. E a chave para toda essa
revitalização do deserto reside no
aumento
das fontes hidrológicas. Há inclusive, um projeto arrojado, que objetiva
conduzir mais que um bilhão de toneladas de água por ano do Mediterrâneo para o
mar Morto, através de um canal cortando o Neguev. Esse grande canal levaria
água fresca à indústria local e água desalinada aos agricultores, além de
resolver um sério problema: a alarmante evaporação das águas do mar Morto, que
pode mesmo morrer, se providências sérias não forem tomadas."
HIDROGRAFIA DA TERRA
SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Mares da Terra Santa:
1
- Mar Mediterrâneo.
2
- Mar
Morto.
3
- Mar da Galiléia.
4
- Mar Vermelho.
II
- Rios da Terra Santa:
1
-Bacia do Mediterrâneo:
a)
Rio Belus.
b)
Rio Quisom.
c)
Rio Cana.
d)
Rio Gaãs.
e)
Rio Sorec.
f)
Rio Besor.
2
-Bacia do Jordão:
a)
Rio Jordão,
b)
Rio Querite.
c)
Rio Cedrom.
d)
Rio Iarmuque.
e)
Rio Jaboque.
d)
Rio Arnom.
III
- Lago de Merom.
INTRODUÇÃO
Como
já dissemos, 50' < do território israelense são compostos, apenas, pelo
Deserto
do
Neguev. A água, por causa disso, constitui-se em questão vital para o Estado de
Israel. Os escassos cursos de água são muito bem aproveitados. A insuficiência
hídrica, entretanto, parece estrangular o desenvolvimento econômico e
demográfico desse jovem país do Médio Oriente. Não fosse o eficiente sistema de
irrigação israelense, os 5.000 km de campos aráveis forneceriam uma produção
tão exígua que não daria, sequer, para o consumo interno. Essa área, apesar de
parecer, hoje, um jardim, recebe pouquíssimos benefícios das chuvas. Além disso,
o seu índice de evaporação é bastante elevado. Na realidade, o verdadeiro
potencial agrícola de Israel é composto por menos de 2.000 km de terras
intensivamente irrigadas. Nos últimos anos. os israelenses têm intensificado a
irrigação de seu território. Um autor especializado em assuntos do Oriente
Médio escreve: "A produtividade das terras só podem melhorar caso haja
maior aproveitamento dos recursos hídricos. Como estes não admitem ampliação, a
única solução para elevar a produtividade do solo de Israel - ou pelo menos
conservar o nível alcançado - é fornecer menos água para as terras já
irrigadas, liberando, desta forma, recursos para a irrigação de novas
áreas." A vida em Israel, por conseguinte, não seria possível sem sua
hidrografia. Em todos os momentos de sua história, os hebreus sempre
mostraram-se preocupados com os seus parcos recursos hídricos. Não obstante,
têm sabido superar essas barreiras de maneira maravilhosa. Antes de estudarmos
os mares, rios e lagos da Terra Santa, vejamos o que é, realmente, hidrografia.
Etimologicamente, a palavra hidrografia é formada por dois vocábulos gregos: "hidro"
- água; e, "graphein" descrever. A hidrografia, portanto, é a ciência
que estuda todos os corpos de água que há na superfície do Globo. São objetos
de seu estudo, pois, os oceanos, mares, rios, lagos e geleiras. Ela detém-se.
ainda, nas propriedades físicas e químicas das águas. A hidrografia
encarrega-se, também, de elaborar cartas referentes às bacias fluviais,
leitos
de rios e lagos e fundos de mares e oceanos.
I - MARES DA TERRA
SANTA
A
hidrografia de Israel é composta por três mares: Mediterrâneo, Morto e da
Galileia.
Este
último, conforme veremos mais adiante, não é propriamente um mar. Antes de mais
nada, porém, definamos a palavra mar. Em último lugar, estudaremos o mar
Vermelho. Entre os hebreus, segundo explicação de Orlando Boyer,
"mar" compreendia qualquer grande massa de água. Eles consideravam-no
criação do Senhor: "Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e
aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre
os rios" (SI.24.1,2). - Jó, com sua proverbial paciência, declarou: "Ou
quem encerrou o mar com portas, quando transbordou e saiu da madre, quando eu
pus as nuvens por sua vestidura, e a escuridão por envolve-douro? Quando passei
sobre ele o meu decreto, e lhe pus portas e ferrolhos, e disse: Até aqui virás,
e não mais adiante, e aquise quebrarão as tuas ondas empoladas?" (Jó.38.8-11).
Tecnicamente, o mar pode ser definido, de conformidade com Aurélio, como a
massa de águas salgadas do globo terrestre: cada uma das porções em que está
dividido o oceano; e, grande massa de água salgada situada no interior dum
continente.
1 - Mar Mediterrâneo
O
Mediterrâneo aparece nas Sagradas Escrituras com outros nomes: Mar Grande, Mar
Ocidental, Mar dos Filisteus, Mar de Jata. Biblicamente, ele é tratado
simplesmente de o Mar. Sua importância é incontestável. Afirma Paul Valéry:
"...o Mediterrâneo tem sido uma verdadeira máquina de fabricar
civilização". Assim divaga E. M. Forster sobre as ondas desse gigante:
"0 Mediterrâneo é a norma humana. Quando as pessoas deixam esse lago
encantador, através do Bósforo ou dos Pilares de Hércules, aproximam-se do
monstruoso e doextraordinário; e a saída meridional leva às mais estranhas
experiências." Com uma extensão de 4.500 km e uma superfície de três
milhões de quilômetros quadrados, o Mediterrâneo é o maior dos mares internos.
Suas águas banham a Europa Meridional, a Ásia Ocidental e a África
Setentrional. Famosos rios deságuam em sua histórica e milenar grandeza. As
mais antigas civilizações do Médio Oriente e da Europa escreveram suas
histórias sobre as águas do mar Mediterrâneo: micena, grega, fenícia, romana,
turca, francesa, italiana. Hodiernamente, esse mar continua a ser de suma
importância para diversos povos. Suas rotas incluem portos estratégicos como o
de Gênova, Nápoles, Barcelona, Trieste, Salônica, Beirute, Esmirna, Porto
Saide, Alexandria, Constantinopla, Haifa, etc. O mar Mediterrâneo banha toda a
costa ocidental de Israel. Nessa área, suas águas são bastante razas o que
tornava impossível a aproximação de navios de grandes calados. O Grande Mar,
por esse motivo, não era usado pelos judeus como via de transporte. Eles, aliás,
sentiam-se isolados pelo Mediterrâneo. Jope era o único porto do Grande Mar
utilizado pelos israelitas. Entretanto, por causa de seus arrecifes e bancos de
areia, os navegantes não se aventuravam a procurá-lo com frequência. Por outro
lado, o Mediterrâneo formava uma vastíssima área defensável à pequena nação
hebreia. Através desse mar, Salomão recebeu os valiosos cedros do Líbano, para
a construção do Templo. Em suas águas foi Jonas lançado, quando fugia da
presença do Senhor. Ao contrário do profeta engolido pelo grande peixe, Paulo
utilizou-se do Grande Mar para universalizar o Evangelho.
2 - Mar Morto
O
mar morto não é assim designado nas Sagradas Escrituras. Em virtude da imensa
quantidade
de sal existente em suas águas, é chamado de mar Salgado pelos escritores bíblicos.
No livro de Josué, deparamo-nos com este registro: "Pararam-se as águas
que vinham de cima; Levantaram-se um montão, mui longe da cidade de Adã, que
está da banda de Sartã; e as que desciam ao mar das campinas, que é o mar
Salgado , faltavam de todo e separaram-se: então passou o povo defronte a
Jerico" (Js.3.16). Há, calcula-se, 25 por cento de sal nas águas do mar
Morto. Suas águas, por conseguinte, são demasiadamente densas. É quase
impossível mergulhar ou afogar-se nesse estranho mar. Alguns turistas
aproveitam-se da densidade do mar Salgado para boiar e ler seus jornais e
revistas prediletos. O mar Morto recebe, ainda, os seguintes nomes: mar de
Arabá, mar Oriental, mar do Sal. Flávio Josefo cognomina-o de lago do Asfalto. Para
os árabes, ele é o mar Pestilento. No
Talmude, é denominado de mar de Sodoma. Os povos vizinhos de Israel
colocaram-lhe outros apelidos: mar de Sodoma e Gomorra, mar de Segor, mar de
Ló, etc. Localizado na foz do rio Jordão, entre os montes de Judá e Moabe, o
mar Morto constitui-se na mais profunda depressão da Terra. Encontra-se a mais
de 400 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Com 78 quilômetros de
comprimento por 18 de largura, o mar do Sal ocupa uma área de 1.020 km-. Na
região ocupada hoje pelo Mar Morto, ficavam, provavelmente, as impenitentes cidades
de Sodoma e Gomorra, destruídas pelo Todo-poderoso. Nessas águas salgadas, não há
qualquer espécie de vida. Esse mar, por conseguinte, é o próprio símbolo da
consequência do pecado: a morte. Nenhum peixe consegue aproximar-se desse
cemitério aquático. O Estado de Israel, entretanto, extrai do mar Morto bilhões
de dólares em sal e minérios. A riqueza desse inusitado lago é mais que formidável:
22 trilhões de toneladas de cloreto de magnésio; 11 trilhões de toneladas de
cloreto de sódio; 7 trilhões de toneladas de cloreto de cálcio; 2 trilhões de
toneladas de cloreto de potássio e 1 trilhão de toneladas de brometo de
magnésio. Essas cifras foram extraídas do livro "Geografia da Terra
Santa", do eminente pastor Enéas Tognini. Júlio Minhan, citado por Abraão
de Almeida, fala sobre as fabulosas riquezas do mar Morto: "Como estão
estas riquezas? Estão em sais que as indústrias de todo o mundo procuram
desesperadamente. Incluindo as inúmeras toneladas de sais e dos metais preciosos,
há muitos outros, e como seria cansativa sua enumeração! Limitar-nos-emos a dizer
que a fortuna que pode ser retirada do mar Morto daria para comprar todos os
países de influência muçulmana da Ásia, Europa e África em contrapeso". O
mar Morto, tendo em vista a sua singular posição geográfica, não tem nenhum escoadouro
para suas águas. Esse problema é solucionado pela descomunal evaporação. Aproximadamente
8 milhões de toneladas de água são evaporadas por dia nessa região, onde a
temperatura, no verão, chega a 50". Em algumas épocas do ano, esse lago
chega a lembrar um gigantesco tacho em ebulição.
Nas
proximidades do mar Morto, ficava a Fortaleza de Maquerus, construída por Alexandre
Janeu, no ano 88 a.C.. e arrasada pelos romanos em 56 a.C. Herodes. o Grande, reconstruiu-a
mais tarde. Nela, foi supliciado o precursor do Messias, o piedoso João Batista.
Herodes mandou construir, ainda, na margem ocidental dessa imensa fossa
salgada, a cidadela de Massada, último reduto da resistência judaica ao domínio
romano. Ao Norte, encontramos as ruínas da comunidade essênia, onde foram
encontrados os famosos manuscritos do mar Morto.
3 - Mar da Galileia
O
mar da Galileia não é propriamente um mar. Trata-se, na realidade, de um grande
lago
de água doce, formado pelo rio Jordão. No Novo Testamento, recebe os seguintes
nomes:
mar de Quinerete, mar de Tiberíades e lago de Genezaré. Por que então os judeus
o tratam de mar? Por causa de seu tamanho e violentas borrascas que o agitam
constantemente. O mar da Galileia tem 24 quilômetros de comprimento por 14 de
largura. Com uma profundidade média de 50 metros, encontra-se a quase 230
metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Tendo em vista sua posição, serve de ponto
de equilíbrio às águas do Jordão. O mar da Galileia está distante do
Mediterrâneo umas 27 milhas. E, de Jerusalém, 60 milhas em direção ao Nordeste.
Em suas margens orientais, encontram-se altas montanhas. Já em seu lado
ocidental, podemos contemplar férteis planícies e importantes cidades como Genezaré,
Betsaida, Tiberíades, Cafarnaum, Corazim e Magdala. Nessa região, Jesus desenvolveu
importantes facetas de seu ministério: ensinou, fez prodígios e maravilhas,
repreendeu a fúria das águas e, com intrepidez, anunciou o Reino dos Céus. O
Divino Mestre, inclusive, andou sobre as águas desse grande lago, causando
pânico em seus discípulos. Ao Norte do mar da Galileia, o clima é bastante
agradável, propício ao desenvolvimento de grandes projetos agro-pecuários. Eis
as impressões de W. J. Goldsmith: "Na Galileia, vimos sete feições
salientes: sua dependência do Líbano, abundância de água dele provenientes,
fertilidade e fartura, características vulcânicas, grandes estradas atravessando
a região, população densa e operosa, e a proximidade do mundo exterior. Pois bem:
essas sete feições da Galileia em geral, vemo-las concentradas no lago e suas
margens. O lago da Galileia era, efetivamente, o centro focai da província.
Imaginemos aquela abundância de água, fertilidade, influência vulcânica,
estradas, população numerosa, comércio, indústria e forte influência grega -
imaginemos tudo isto reunido em um profundo vale, sob um calor quase tropical,
e temos o cenário onde surgiu o cristianismo e onde o próprio Cristo
trabalhou." No período neo-testamentário, havia nove cidades em redor do
mar da Galileia, com uma população global de quase 150 mil habitantes.
Acrescenta Goldsmith: "Betsaida e Cafarnaum ficavam ao norte, atravessadas
pela estrada galileia de maior movimento, a Vila Maris, porém não podemos
precisar-lhe o local. O sítio mais provável de Cafarnaum, onde Jesus morava e
onde viu Mateus 'sentado na coletoria', é o que hoje se denomina Tel
Hura." Com o seu formato oval, o mar da Galileia é muito piscoso. Nesse
lago, podemos encontrar 22 espécies de peixes, entre as quais: carpas,
sardinhas, peixe-gato, peixe-galo e o famoso "chromis simonis", ou
peixe de São Pedro. No tempo de -Jesus, a pesca era uma rendosa indústria em
Cafarnaum. George Adam Smith, descreve desta forma o maravilhoso lago de
Israel: "Águas doces, cheias de peixes, uma superfície de cintilante azul.
O lago da Galileia é, ao mesmo tempo, comida, bebida e ar; um descanso para os
olhos, um suavizante do calor e um refúgio do ruído e da multidão."
4 - Mar Vermelho
Embora
não pertença à Terra Santa, encontra-se o mar Vermelho estreitamente ligado à
história do povo israelita. Ele é conhecido nas Sagradas Escrituras como
"Yam Suph", que significa plantas marinhas. O mar Vermelho separa os
territórios egípcio e saudita. Na parte setentrional, dividese em dois braços
pela península do Sinai, ü braço ocidental é conhecido como golfo de Suez. O
oriental, golfo de Akaba. Acerca do golfo de Suez, informa Buckland: "O
golfo de Suez gradualmente se tem estreitado desde a era cristã (Is 11.15 e
19.5), secando-se a língua do mar Vermelho em uma
distância
de 50 milhas. Por isso vai-se tornando maior a dificuldade de determinar onde atravessaram
os israelitas o mar Vermelho; mas provavelmente devia ter sido perto dos atuais
lagos Amargos. A entrada do Golfo de Akaba estavam os dois únicos portos do mar
Vermelho, mencionados na Bíblia: - Elate e Eziamgeber. A parte mais larga do
mar Vermelho, até o sítio onde se tende em dois Golfos, é de 200 milhas, e a
parte mais estreita é de 100 milhas, pouco mais ou menos. A largura do golfo de
Suez é. em média, de 18 milhas, sendo a do golfo de Akaba consideravelmente menor,
ü primeiro comunica com o mar Mediterrâneo, pelo ('anal de Suez. É provável que
os israelitas tivessem atravessado o mar Vermelho, num ponto que fica cerca de
30 milhas ao norte da atual entrada do golfo do Suez, isto é, na extremidade
setentrional do mar Vermelho, como ele então era. Como todo o exército egípcio
pereceu nas águas, devia neste lugar o mar Vermelho ter tido pelo menos a
largura de 12 milhas. O livramento dos israelitas, na travessia do mar
Vermelho, tornou-se, no espírito da nação judaica, o maior fato da sua
história."
II - RIOS DA TERRA
SANTA
Quando
da descoberta do Brasil, escreveu Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal:
"As
águas são muitas." Em Israel, no entanto, conforme já dissemos, os
recursos hídricos são sobremaneira escassos. Dos rios existentes na Terra
Santa, só o Jordão merece, de fato, esse nome. Os outros, no Brasil, por
exemplo, seriam chamados de arroios e riachos. Vejamos, pois, como são os rios
israelitas. Em primeiro lugar, estudaremos os que compõem a bacia do Mediterrâneo.
Depois, os que formam a bacia do Jordão. O que é um rio? Fomos obrigados a
recorrer, uma vez mais, ao mestre Aurélio. Eis a sua definição: "Curso de
água natural, de extensão mais ou menos considerável, que se desloca de um nível
mais alto para outro mais baixo, aumentando progressivamente o seu volume até desaguar
no mar, num lago, ou noutro rio, e cujas características dependem do relevo, do
regime de águas, etc." O hebraico possui um número considerável de
vocábulos que são constantemente usados. "Nahal" significa, segundo o
Novo Dicionário da Bíblia, um wadi ou vale dotado de uma corrente de água; no
verão, transforma-se num leito seco ou ravina, ainda que no inverno seja uma
correnteza copiosa. Acrescenta o mesmo dicionário: "O segundo termo, 'nãhãr',
é a palavra regular com o sentido de 'rio' na língua hebraica."
Mapa
dos afluentes do Jordão, Mediterrâneo e Mar Morto
1 - Bacia do
Mediterrâneo
A
bacia do Mediterrâneo é composta pelos seguintes rios: Belus, Quisom, Cana, Gaás,
Serec e Besor.
1.1 - Rio Belus
Correndo
ao sudoeste do território asserita, o rio Belus caminha em direção ao mar Mediterrâneo.
Nas Sagradas Escrituras, ele aparece com o nome de Sior-Libnate, conforme lemos
em Josué 19.26: "E Alameleque, e Amade, e Misal: e chega ao Carmelo para o
ocidente, e a Sior-Libnate." As
águas do Belus são despejadas na baía do Acre, nas proximidades da cidade de Acco.
Durante dois terços do ano, esse rio permanece seco, constituindo-se em um dos numerosos
wadis palestínicos. Hoje, esse rio é chamado de Namã pelos árabes e judeus.
1.2 - Rio Quisom
O
Quisom é o maior rio da bacia do Mediterrâneo e o segundo em importância de Israel.
Chamam-no os árabes de Nahr Makutts. Nascendo em Esdraelom, recebe inúmeras vertentes
durante o seu curso. Nas imediações do Tabor e do Pequeno Hermom, ele já é bem caudaloso.
Nas proximidades do Quisom, ficava Tminate, onde morava Dalila, a meretriz filistéia
que causou a desgraça de Sansâo. Esse rio deságua no Mediterrâneo, entre Jope e
Ascalom. Ao contrário do Belus, o Quisom é perene, ou seja, suas águas não
secam nem no verão.
1.3 - Rio Cana
O
rio Cana é citado apenas no Antigo Testamento. Constituía-se em fronteira
natural entre as Tribos de Efraim e Manasses. Nasce nas imediações de Siquém e
atravessa a planície de Sarom. Como os anteriores, despeja suas águas no mar
Mediterrâneo. Seu nome decorre do fato de ele correr nas proximidades da cidade
de Cana de Efraim (não confundir com a localidade onde Cristo realizou o seu
primeiro milagre). Na antiguidade, havia abundância de juncos em suas margens.
Esse rio é, também, um wadi: só possui água nos meses chuvosos.
1.4 - Rio Gaás
O
destemido líder e bravo general hebreu, Josué, foi sepultado no monte Gaás.
Pertodessa elevação, corre um rio, também chamado Gaás. Um rio? Não, um
ribeiro! À semelhança dos outros wadis, só possui água em determinados períodos
do ano. As águas do Rio Gaás banham a planície de Sarom e desembocam no mar Mediterrâneo,
nas proximidades de Jope. "Gaás", em hebraico, significa terremoto.
1.5 - Rio Sorec
O
Sorec despeja suas águas no Grande Mar, entre Jope e Ascalom, ao Norte do antigo
território filisteu. Suas nascentes ficam nas montanhas de Judá, a sudoeste de
Jerusalém. No vale, por onde corre esse rio, morava a noiva de Sansão. Em suas
redondezas, ficava o Vale de Sora, terra natal do profeta Samuel. Em hebraico,
"Sorec" quer dizer vinha escolhida, em virtude dos vinhedos
existentes nas margens desse rio.
1.6 - Rio Besor
O
Besor não é propriamente um rio, mas um ribeiro que fica nas imediações de Ziclaque,
no Sul de Judá. É o mais caudaloso dos wadis que deságuam no mar Mediterrâneo. O
atual nome desse rio é Sheriah. Nas redondezas de Besor, o bravo Davi libertou
os habitantes de Ziclaque das garras dos amalequitas. Foi um dos maiores feitos
do filho de Jessé e antecessor real de Jesus. Besor é sinônimo de refrigério.
2 - Bacia do Jordão
A
bacia do Jordão é formada pelos seguintes rios: Jordão, Querite, Cedrom, Iarmuque,
Jaboque e Arnom. Alguns desses afluentes são bastante pequenos, quase
inexpressivos. Vale a pena, porém, conhecê-los, pois estão intimamente ligados
à história da salvação.
2.1 - Rio Jordão
O
rio Jordão tem três fontes: Banias, Dan e Hasbani. Elas não nascem em
território israelense; começam a correr no monte Hermom, localizado na Síria.
Em hebraico, "Jordão" significa declive ou o que desce, por causa de
seu vertiginoso curso: do cume do Monte Hermom à mais profunda depressão do
planeta - o mar Morto.
Não
obstante a sua importância histórica, o Jordão é um rio pequeno. Tem 252 quilômetros
de extensão, levando-se em conta os seus infindos meandros. Oswaldo Ronis fala
acerca do estranho curso desse rio essencialmente palestínico: "Costuma-se
dividir o curso do Jordão em três trechos para um estudo mais detalhado: - 0 PRIMEIRO TRECHO, ou seja, a região das
nascentes, é a que acabamos de descrever nos seus aspectos mais setentrionais e
que vai até o lago de Merom. Depois da junção das quatro nascentes, o Jordão
atravessa uma planície pantanosa em uma extensão de 11 quilômetros e entra no
lago de Merom. Neste trecho, a sua largura varia muito e a profundidade vai a 3
e 4 metros - O SEGUNDO TRECHO também chamado o Jordão superior, compreende o
rio entre o lago de Meron e o mar da Galiléia, extensão esta de cerca de 20
quilômetros. É um trecho quase reto, com um declive de 225 metros, o que forma
as suas águas impetuosas e provoca um enorme trabalho de erosão. A força da
impetuosidade das águas do Jordão neste trecho é tanta que quase 20 quilômetros
mar da Galiléia adentro ainda se percebe a sua correnteza. Neste trecho, o
terreno é rochoso, de vegetação média, e a largura do rio varia entre 8 e 15
metros. - O TERCEIRO TRECHO, ou o Jordão interior estende-se do mar da Galileia
ao mar Morto numa distância de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340 quilômetros
pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e 35 metros, e
l a 4 metros de profundidade. Este trecho sofre um declive de 200 metros pelo
qual o rio desce precipitadamente, formando numerosos meandros e cascatas e
alargando o vale até 15 quilômetros, como ocorre na altura de Jerico. Este vale
é limitado quase em toda a sua extensão por verdadeiras muralhas de rocha
calcária, o que torna muito difícil a sua travessia. Até o tempo dos romanos,
não havia pontes sobre o Jordão. De modo que a sua travessia era feita em
certos lugares de margens mais rasas e águas menos profundas, chamados vaus. Um
desses vaus ficava defronte de Jerico, outro perto da desembocadura do rio
Jaboque, e o terceiro nas proximidades de Sucot." Havia, nos tempos
bíblicos, grande floresta às margens do rio Jordão. Segundo depreendemos de alguns
textos bíblicos, nesses frondosos bosques havia até leões. Hoje, porém, a
região encontra-se desnuda e, praticamente, morta. Com muita dificuldade, consegue-se
encontrar tamareiras, palmeiras e tamargueiras nessa aridificada área. Eis como
o rio Jordão é mencionado pela primeira vez nas Sagradas Escrituras: "E levantou
Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada,
antes de o Senhor ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do
Senhor, como a terra do Egito quando se entra em Zoar. Então Lô escolheu para
si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o Oriente, e apartaram-se um do
outro" (Gn 13.10 e 11). Abraão, Isaque e Jacó tornaram-se íntimos do
Jordão. As águas desse rio abriram-se para o povo de Deus conquistar Canaã.
Mostrando-se perene e, resistindo a todas as intempéries, o Jordão sempre
esteve ligado à história de Israel. Foi em seu leito que Naamã viu-se livre da
lepra. Às margens do milenar Jordão, João Batista batizou o Filho de Deus. O
Jordão não é um rio atraente. Do ponto de vista humano, Naamã tinha toda a
razão em não querer banhar-se em suas escuras e barrentas águas. Afinal de
contas, na terra natal desse corajoso general, havia cristalinos riachos. Não
bastasse sua falta de beleza natural, nas imediações do Jordão, o clima é
quente e sufocante. El-Seri-Ah al-Kabirah é o nome árabe do rio Jordão. Eis o
seu significado: o grande bebedouro. Por que essa designação? Em virtude,
talvez, do grande volume de águas que lança no mar Morto: 17.280.000 m por dia.
O Jordão não é navegável, mas, serviu de área defensável a Israel durante
vários séculos.
2.2 - Rio Querite
Perseguido
pela diabólica Jezabel, o profeta Elias recebeu do Senhor a seguinte ordem:
"Vai-te daqui, e vira-te para o Oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de
Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro: e eu
tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi pois, e fez conforme a
palavra do Senhor: porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está
diante do Jordão" (1 Rs 17.3-5). O Querite, também não é propriamente um
rio. Trata-se de mais um dos numerosos wadis existentes na Terra Santa. Para
alguns autores, aliás, não passa de um filete de água que, a maior parte do ano
constitui-se em um vale seco. Tendo sua nascente nos montes de Efraim, o
Querite deságua no rio Jordão. Esse ribeiro fica na Transjordânia.
2.3 - Rio Cedrom
O
monte das Oliveiras é separado do Moriá por um rio. Eis o seu nome: Cedrom. Essa
designação significa em hebraico escuro. Nascendo a dois quilômetros e meio de Jerusalém,
corre para o sudoeste. Em seu curso, acompanha os muros da cidade Santa. Antes
de vomitar suas á-guas, no mar Morto, vagueia durante 40 quilômetros.
Pelo
ribeiro do Cedrom passou o rei Davi, quando fugia de seu demagogo e ambicioso
filho: "E toda a terra chorava a grandes vozes, passando todo o povo:
também o rei passou o ribeiro de Cedrom, e passou todo o povo na direção do
caminho do deserto" (2 Sm 15.23). Absalão desejava a morte de seu pai para
reinar sobre Israel. Séculos mais tarde, Jesus, o maior descendente do rei
Davi, passou por essa região: "Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus
discípulos para além do ribeiro de Cedrom, onde
havia
um horto, no qual ele entrou e seus discípulos" (Jo 18.1).
2.4 - Rio Iarmuque
Constituindo-se
no maior afluente oriental do Jordão, o rio Iarmuque é formado por três braços.
Quando da conquista de Canaã, serviu de fronteira entre a tribo de Manasses e a
região de Basã. Após escorregar-se pelos montes, o Iarmuque penetra no rio Jordão,
a 200 metros abaixo do nível do mar. Esse rio não é mencionado nas Sagradas
Escrituras. Os gregos o conhecem como Ieromax. Atualmente, é chamado de
Sheriat-el-Man-jur.
2.5 - Rio Jaboque
O
Jaboque nasce ao sul da montanha de Gileade. Tributário oriental do Jordão,
esse rio corre em três destintas direções: leste, norte e Noroeste. Antes de
desembocar no Jordão, descreve, entre o mar da Galiléia e o mar Morto, uma
semi-elipse. Seu curso tem aproximadamente 130 quilômetros. O rio Jaboque é
perene e, no passado, servia de fronteira entre as tribos de Rubem e Gade. Em
suas imediações, o patriarca Jacó lutou contra o Anjo do Senhor. Foi um combate
acirrado. Mas, no final, o piedoso hebreu recebeu inefável bênção do Senhor. No
Vale do Jaboque, portanto, a semente de Abraão recebeu sua designação nacional:
Israel. Jaboque significa o que derrama.
Os árabes, entretanto, chamam-no de Nahar ez-Zerka - rio azul.
2.6 - Rio Arnom
Em
1868, o missionário alemão, F.A. Klein, encontrou em Dibom, nas imediações do
rio
Arnom, a famosa Pedra Moabita, que contém uma inscrição em hebraico e fenício. Essa
escritura bilíngüe confirma a historicidade do trecho bíblico de segundo Reis.3.4-27.
A descoberta arqueológica de Klein mostra quão importante é o rio Arnom (que significa
rápido e tumultuoso) para a história da Terra Santa. O rio Arnom nasce nos
montes de Moabe e desemboca no mar Morto. Durante séculos, esse afluente serviu
de fronteira natural entre os moabitas e amorreus. Mais tarde, com a conquista
de Canaã, separou os israelitas dos moabitas. Isaías e Jeremias falaram acerca
do Arnom. Profetizou o primeiro: "Doutro modo sucederá que serão as filhas
de Moabe junto aos vaus de Arnom como o pássaro va-gueante, lançado fora do
ninho" (Is 16.2).Atualmente, o Arnom é conhecido como Wadi el-Modjibe. Nas
épocas de chuva,
esse
rio é volumoso. Entretanto, depois da primavera, começa a secar.
III - LAGO DE MEROM
Encontramos
apenas um lago na Terra Santa. Trata-se do Lago de Merom. O mar da Galiléia é
também considerado um lago. No entanto, por causa de suas avantajadas dimensões,
não é assim, classificado. Antes de mais nada, porém, vejamos como os lagos são
definidos. A palavra portuguesa lago vem do latim 'lacus' e significa
reservatório de água. Esse termo latino, contudo, é oriundo deste vocábulo
grego: "Lakkos" - fosso, poço. Geograficamente, os lagos são
constituídos de grandes massas de água concentradas em depressões topográficas,
cercadas de terra por todos os lados. Eles encontram-se, com mais frequência,
em zonas de latitudes elevadas, mas, são universalmente distribuídos. No que tange
às dimensões, não há uniformidade. Via de regra, os lagos são alimentados por
riachos ou rios. O escoamento de suas águas é feito por meio de um ou mais
emissários. O lago de Merom é conhecido, também como águas de Merom, conforme
registra o livro de Josué: "Todos estes reis se ajun taram, e vieram e se
acamparam junto às águas de Merom, para pelejarem contra Israel. E disse o
Senhor a Josué: Não temas diante deles; porque amanhã a esta mesma hora eu os
darei todos feridos diante dos filhos de Israel; os seus cavalos jarretarás, e
os seus carros queima-rás a fogo. E Josué, e toda a gente de guerra com ele,
veio apressadamente sobre eles às águas de Merom: e deram neles de
repente" (Js.11.5-7). Formado pelas águas do Jordão, o lago de Merom tem 10
quilômetros de
comprimento
por seis de largura. Acha-se a dois metros acima do Mediterrâneo. Sua
profundidade
varia entre três e quatro metros. Hoje, esse lago perdeu sua antiga forma, porque
foi adaptado pela engenharia às exigências do país. Merom fica a 20 quilômetros
do mar da Galileia. A vida submarina no golfo de Eilat é uma das mais ricas do
Planeta.
CLIMA DA TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Clima da Terra Santa.
II
- O clima nas montanhas.
III
-
O
clima no litoral.
IV
-O clima no deserto.
V
- Ventos.
VI
- Estações.
VII
-Chuvas.
INTRODUÇÃO
Não
obstante suas exíguas dimensões territoriais, a Terra Santa apresenta uma impressionante
variedade climática. Com muita razão ela é considerada a síntese meteorológica do
mundo. Antes, porém, de estudarmos esse importantíssimo aspecto de Israel, daremos
algumas noções elementares acerca do que convencionamos chamar de clima. "Clima"
é uma palavra de origem grega, que significa inclinar, reclinar. Maximilien
Sorre explica: "O clima é modernamente definido como a síntese do tempo ou
o ambiente atmosférico constituído pela série de estados da atmosfera acima de um
lugar, em sua sucessão habitual." Embasa-se o estudo do clima na
observação dos vários tipos de tempo, apresentados de forma encadeada e rimada
em determinado lugar. Deve-se levar em conta, também, a dependência dos
movimentos executados pelas massas de ar e suas frentes. A Enciclopédia Mirador
Internacional fala acerca da importância das variações climáticas: "O
clima está de tal forma ligado ao mundo biológico do planeta, que a atual repartição
geográfica das espécies animais e vegetais não pode ser bem compreendida sem o seu
estudo; intervém ainda na formação dos solos, na decomposição das rochas, na elaboração
das formas do relevo, no regime dos rios e das águas subterrâneas, no aproveitamento
dos recursos econômicos, na natureza e ritmo das atividades agrícolas, nos tipos
de cultivo praticados, nos sistemas de transportes e na própria distribuição
dos homens sobre o globo.
I - O CLIMA NA TERRA
SANTA
Israel,
geograficamente, localiza-se na faixa subtropical. Explica-se, portanto, a variedade
de seu clima. Genericamente, contudo, apenas duas estações sobressaem na Terra Santa:
a chuvosa e a seca. Ambas são acompanhadas, respectivamente, com muito frio e calor.
II - O CLIMA NAS
MONTANHAS
Um
país montanhoso, assim é Israel. Hebrom é o ponto mais elevado do território israelita,
com mais de mil metros. Jerusalém, por seu turno, encontra-se a 800 metros de altura.
Nas montanhas, o clima é fresco e bastante ventilado. No verão, esse quadro
altera-se um pouco, em consequência das correntes de ar quente provenientes do
Sul e do Ocidente. Na cidade santa, durante o inverno, a temperatura chega a 6
graus positivos, com neves e freqüentes geadas. No verão, os termômetros
oscilam entre 14 e 29 graus.
III O CLIMA NO LITORAL
Encontrando-se
ao ocidente do mar Mediterrâneo, Israel é bafejado por reconfortadoras e
constantes brisas, rincipalmente, à noite. Durante o inverno, a temperatura baixa
para menos de 14º em Gaza e Jafa. No pico do verão, os termômetros chegam a registrar
34?! Em algumas localidades situadas mais ao norte, o inverno torna-se
insuportável.
IV - O CLIMA NO
DESERTO
De
uma maneira geral, nos desertos de Israel, as temperaturas oscilam, no verão, entre
43º, 47º e 50º. Inclui-se, nessa classificação, o Vale do Jordão.
V - VENTOS
As
correntes de ventos que varrem o Oriente Médio encarregam-se da formação do clima
da Terra Santa: as úmidas, do mar Mediterrâneo, as frias, dos montes do Norte; e
as quentes, das regiões desérticas. Eis como os hebreus classificavam os
ventos: Safon, portador de geadas; Quadim, faz crescer a vegetação; O do Oeste
encarrega-se das chuvas; e, Darom é mensageiro do calor. Há, também, uma
corrente de ar proveniente da Arábia, cognominada Sirô. Esses ventos são tão
quentes que chegam a queimar a lavoura.
VI - ESTAÇÕES
Depreendemos
de algumas passagens bíblicas que, no Oriente Médio, havia somente
duas
estações: inverno e verão. Diz o profeta Isaías: "Eles serão deixados
juntos às aves dos montes e aos animais da terra e sobre eles veranearão as
aves de rapina, e todos os animais da terra invernarão sobre eles" (Is
18.6). Começava o inverno em outubro e estendia-se até o mês de março. Nessa
época, os montes cobriam-se de neve. O verão tinha o seu início em abril e ia
até setembro. Os agricultores aproveitavam bem essa estação para colher e
preparar a terra.
VII - CHUVAS
Ao
contrário do Egito, as chuvas em Israel são abundantes. As primeiras chuvas começam
em outubro e, constituem-se em fortes aguaceiros, notadamente, no litoral. Nas montanhas,
as precipitações são fracas e finas. No deserto não chove. Alguns estudiosos, porém,
acreditam que, no tempo de Herodes, o Grande, as chuvas não eram escassas nas regiões
desérticas. Isto porque, ele construiu uma fortaleza em Massada com grandes cisternas,
para captar água proveniente das chuvas. Eis a média das precipitações
pluviais: 1090 mm por ano. O orvalho continua a cair na Terra Santa. Até mesmo
as áreas desérticas recebem essa dádiva dos céus. O orvalho de Hermom, por
exemplo, é proverbial.
GEOGRAFIA ECONÔMICA DA
TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Uma terra que mana leite e mel.
II
- A flora da Terra
Santa.
III
- Fauna da Terra Santa.
IV
- Os minerais da Terra Santa.
INTRODUÇÃO
As
riquezas da Terra Santa são legendárias. Em seus exíguos territórios,
concentram-se, sinteticamente, a opulência de todos os países do mundo. E,
quando estudamos a
geografia
econômica de Israel, conscientizamo-nos da veracidade desta expressão bíblica: Terra
que mana leite e mel. Antes de tentarmos relacionar os formidáveis recursos das
possessões abraãmicas. veremos rapidamente o sentido do termo economia. Origina-se
a palavra "economia" de duas outras gregas: "oikos" -
co.sfl.e. "nomos" - governo. Significa, portanto, segundo Silvio
Barretti. governo ou administração do lar, no sentido de zelar pelos seus
pertences, pelo patrimônio familiar. O escritor grego Xenofonte foi o primeiro
a usar esse vocábulo. Séculos mais tarde, o francês Antoine Montechretien criaria
a locução economia política. As riquezas de um país estão diretamente ligadas à
produção de bens úteis, com o aproveitamento da matéria-prima extraída da
natureza. Explica-nos o professor Barretti: "Produção é, pois, a
transformação, pelo homem, através de trabalho consciente, das coisas existentes
na natureza, em bens econômicos, capazes de satisfazer às necessidades
presentes e futuras das pessoas. Assim age o homem porque os bens naturais, isto
é, aqueles oferecidos pela natureza, são insuficientes qualitativa e
quantitativamente, além de distribuídos irregularmente na superfície da terra,
para a satisfação de todas as necessidades humanas. Sendo os bens naturais
insuficientes, compete ao homem adaptá-los ao consumo, aumentando-lhes as
utilidades, ou seja, produzindo os bens artificiais (ou
industrializados)." Na geografia da Terra Santa, veremos os diversos
recursos naturais que podem gerar divisas à nação israelense.
I - UMA TERRA QUE MANA
LEITE E MEL
Assim
fala o Senhor acerca das riquezas da Terra Santa: "Ele o fez cavalgar
sobre as alturas da terra, e comeu as novidades do campo, e o fez chupar mel da
rocha e azeite da dura pederneira. Manteiga de vacas, e leite do rebanho, com a
gordura dos cordeiros e dos carneiros que pastam em Basã, e dos bodes, com
gordura dos rins do trigo; e bebeste o sangue das uvas, o vinho puro" (Dt.32.13,14).
Eis o relatório do primeiro serviço secreto de Israel: "Fomos à terra a
que nos enviaste; e verdadeiramente mana leite e mel" (Nm 13.27).
Corroborando
suas palavras, os doze espias mostraram a Moisés e ao povo enorme cacho de uvas
colhido no vale do Escol e outras frutas. Os israelitas admiraram-se do tamanho
e aparência dos produtos de Canaã. Naquele tempo, Israel era uma terra sem
igual. As chuvas eram regulares e as colheitas abundantes. Tanto a sua flora
como a sua fauna causavam espécie. Suas reservas minerais, espantosas.
II - A FLORA DA TERRA
SANTA
A
flora, mencionada nas Sagradas Escrituras, é de uma riqueza inigualável. No Antigo
Testamento, encontramos mais de cem espécies vegetais. Atualmente, o governo de
Israel
está envidando esforços para recuperar o exuberante reino vegetal de seu
território. Estes eram os produtos encontrados com mais facilidade no período veterotestamentário:
trigo, oliva e uva. Esses alimentos formavam a dieta dos israelitas e constituíam-se
no trinômio repetido constantemente na Bíblia: pão, azeite e vinho. Eis mais alguns
alimentos usados pelos filhos de Israel: cevada, lentilha, feijão, mostarda,
pepino, cebola, alho, romã, melão e tâmara. Estas eram as plantas silvestres
mais encontradas nos tempos bíblicos: cedro, faia, pinheiro, acácia, palmeira,
carvalho, murta. Das flores, aqui estão as mais famosas: lírio do campo e rosa
de Sarom. W. J. Goldsmith fala acerca da flora de Israel: "Se a Palestina
não é terra de florestas, é terra de pomares. O abricó, o figo, a cidra, a
romã, a amora e a tâmara (esta no Baixo- Jordão) são encontrados, mas a
oliveira e a parreira foram sempre as duas principais árvores frutíferas da
Palestina. Hoje, estendem-se os laranjais sobre largas áreas das colônias judaicas.
O cultivo dos cereais era limitado aos planaltos menos elevados, aos vales mais
abertos e às planíceis. Os melhores trigais são os da Filistia, do Esdrelon, do
Mukneh (a leste de Nabus) e do haurã. A cevada, alimento dos animais e dos
camponeses mais pobres, tornava-se o alimento dos israelitas em geral quando,
perseguidos pelos árabes, eram obrigados a abandonar as planícies. Assim, foi
como um pão de cevada que o midianita viu em sonho o israelita, rodando colina
abaixo e derribando sua tenda (Jz 7.13)." Através de
intensos
programas de irrigação, o governo israelense está conseguindo reflorestar a
Terra Santa. Do documentário Este é Israel, extraímos este trecho para mostrar
o que os judeus, com a ajuda do Todo-poderoso, estão fazendo para tornar o seu
árido solo em um jardim: "Nos tempos bíblicos, as terras de Israel eram
cobertas de florestas. Nos séculos subseqüentes, especialmente durante a Idade
Média, muitas florestas foram destruídas pelos nômades e suas cabras e outras
pelos turcos que as usavam como combustível para seus trens militares. Grande
parte do reflorestamento tem sido realizado pela comunidade judaica, sendo que
a maioria das florestas que cobrem hoje o solo de Israel foram plantadas durante
os últimos 50 anos. Das poucas florestas antigas sobrevivem principalmente os bosques
da Galileia. Em 1948, havia 4.388.000 árvores em Israel. Quase 30 anos depois, havia
103.000.000 árvores, quase todas plantadas pelo Fundo Nacional Judaico."
III - FAUNA DA TERRA
SANTA
As
Sagradas Escrituras mencionam quase 130 nomes de animais selvagens e domésticos.
La Enciclopédia de Ia Bíblia, citada pelo pastor Enéas Tognini, cataloga 50
espécies
de mamíferos, 42 de invertebrados, 46 de aves e 19 répteis, peixes e anfíbios. Relacionaremos,
a seguir, os animais encontrados com mais freqüência nos tempos bíblicos:
1)
Selvagens: leão, urso, leopardo, hiena, víbora, corça, lebre, chacal, lobo,
raposa,
camaleão;
2)
Domésticos: ovelha, vaca, cabra, mula, camelo, cavalo, jumento e cão;
3)Aves:
perdiz, cordoniz, pombo, galinha, avestruz, cegonha, rola, corvo, pelicano,
etc;
4)Insetos:
abelhas e gafanhotos de diversas espécies, formigas, mosquitos e moscas;
5)Peixes: 43 espécies, sendo o mais famoso o peixe de São Pedro. Entre os
insetos mencionados, os gafanhotos são consumidos até o dia de hoje. Essa estranha
iguaria é bastante apreciada pelos beduínos e pobres. O que aconteceu com a
fauna israelita?
Em
conseqüência dos muitos incêndios provocados por exércitos conquistadores, a fauna
palestínica sofreu enormes prejuízos. E, um dos objetivos do governo israelense
é, justamente, reconstituir o luxuriante reino animal da Terra Santa. Para
isso, está gastando milhões de dólares com o reflorestamento de seu território.
IV OS MINERAIS DA
TERRA SANTA
Os
israelitas, de acordo com a Palavra do Senhor, herdariam uma terra, cujas
pedras
são
ferro e, em cujos montes, achariam o cobre (Dt 18.7-9). A Terra Santa, de fato,
possui gigantescas reservas de minérios: Eis os minérios encontrados, com mais
freqüência em Israel: ouro, prata, ferro, enxofre, cobre, estanho e chumbo. O
mar Morto, conforme já dissemos, é uma fonte inesgotável de riquezas. Suas reservas
em sais e minerais são orçadas em bilhões e bilhões de dólares. Segundo alguns
textos bíblicos, em Israel há abundância de pedras preciosas. Há, pelo menos,
duas relações delas nas Sagradas Escrituras. O diamante, por exemplo, gera muitas
divisas à nação israelense. Grande parte da produção diamantífera do mundo
passa por Israel.
GEOGRAFIA HUMANA DA
TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- A família hebraica:
1
-Casamento.
2
- Contrato de casamento.
3
- Noivado.
4
-Núpcias.
5
- Divórcio.
6
- Filhos.
II
- A vida social hebraica:
1-
O
lugar da mulher na sociedade.
2-
Saudações.
3-
Sepultamento e luto.
4-
III
- Moradia:
1
- Tendas.
2
- Cabanas.
3
- Tabernáculo.
4
- Casas.
5
- Torres de Vigia.
6
- Palácios.
IV
-Mobília.
V
- Alimentação.
VI
- Indumentária:
1
- Vestuário masculino.
2
– Vestuário feminino.
VII
- Dinheiro da Terra Santa.
INTRODUÇÃO
A
geografia humana da Terra Santa é interessantíssima. Revela-nos a maneira particular
como viviam os hebreus, cuja existência girava em torno da Lei de Moisés. Em seus
usos e costumes, demonstravam quão apegados estavam às suas tradições e raízes históricas.
Somente o povo judeu sabe preservar, com tamanha gana, sua identidade nacional.
Não obstante suas agruras e exílios, os filhos de Abraão têm conservado sua
herança cultural e espiritual. Com muita razão escreveu Lacordaire: "O
povo judeu tem sido o historiador, o sábio, o poeta da humanidade". Não
fosse esse apego às suas origens, a nação hebraica de há muito teria
desaparecido.
I - A FAMÍLIA HEBRAICA
Para
os hebreus, a família é de origem divina. E, de fato, o é. Disse o Senhor ao
criar os primeiros representantes da raça humana: "Façamos o homem à nossa
imagem conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as
aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que
se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o
criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai
e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do
mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a
terra" (Gn 2.26-28). A importância da família para o judeu é indiscutível.
É considerada mais importante que o próprio indivíduo. Honoré de Balzac, a
propósito, escreveu: "Por isso considero a Família e não o indivíduo o
verdadeiro elemento social. Sob esse ponto de vista, arriscando ser olhado como
um espírito retrógrado, tomo lugar ao lado de Bossuet e de Bonald, em vez de
andar com os inovadores modernos." Henri Daniel-Rops ressalta o valor da
unidade familiar em Israel: "Quando o jovem - Jacó foi procurar seu tio
Labão em Harã, a fim de encontrar trabalho e uma esposa; Labão, ao reconhecê-lo
como membro de sua família, exclamou: 'É meu osso e minha carne'. Este símbolo,
tão típico do estilo bíblico, era muito usado pelo povo do Livro, e
correspondia à realidade. A família era em Israel a base vital da sociedade, a
pedra fundamental de todo o edifício. Nos primeiros tempos ela formava até
mesmo uma entidade separada sob o ponto de vista da Lei, uma parte da tribo; na
época de Cristo era talvez mais frágil do que nos dias dos patriarcas, quando o
indivíduo não tinha valor algum em comparação, mas era ainda muitíssimo
importante. Os membros da família sentiam-se realmente como sendo da mesma
carne e sangue; e ter o mesmo sangue significava ter a mesma alma. A legislação
tomara este princípio como base, desenvolvendo-se a partir dele. A Lei
multiplicara, também, suas ordens, a fim de manter a permanência, a pureza e a
autoridade da família. Enquanto os judeus desejassem permanecer fiéis à Lei (e
isto era quase universal) eles jamais deixariam de admitir o lugar predominante
da família na sociedade." Prossegue Henri Daniel-Rops: "A família não
era apenas uma entidade social, mas também uma comunidade religiosa, com suas
festas particulares, em que o pai era o celebrante enquanto os demais membros
participavam. Algumas das importantes cerimônias exigidas na Lei tinham um
forte caráter familiar - a Páscoa, por exemplo, tinha de ser celebrada em
família. O elo religioso familiar era tão vigoroso que nos evangelhos e no livro
de Atos vemos que os pais que aceitavam os ensinamentos de Cristo levavam com
eles a família inteira."
1 - Casamento
Os
israelitas, no Antigo Testamento, nem sempre alcançavam o ideal traçado pelo Senhor.
A monogamia, por exemplo, não era encarada com seriedade. Haja vista que homens
piedosos como Abraão, Jacó e Davi, eram polígamos. O que dizer de Salomão? O mais
sábio dos homens tinha 700 mulheres e 300 concubinas! A poligamia, entretanto,
não era sinônimo de devassidão. Um hebreu não podia, por exemplo, tomar como
esposa duas mulheres que fossem irmãs ou mãe e filha. Se tal
ocorresse,
os infratores seriam apedrejados. A lei proibia, também, que um homem dormisse com
duas de suas esposas ao mesmo tempo. Com o exílio babilônico, no entanto, os
israelitas foram curados da poligamia, que tantos males e transtornos causara em
Israel. No Novo Testamento, não encontramos nenhum caso de poligamia. O Senhor
Jesus exaltou, novamente, o ideal monogâmico e condenou, com energia, qualquer
casamento fora desse padrão. Em consequência da esterilidade de algumas esposas
legítimas, a concubinagem era tolerada no período vetero-testamentário. Os
ricos, porém, colecionavam concubinas. Salomão, como já dissemos, tinha 300. Moisés
condenou o casamento misto: "Quando o Senhor teu Deus te tiver introduzido
na terra, a qual vais a possuir, e tiver lançado fora muitas gentes de diante
de ti, os heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os ferezeus,
e os heveus, e os jebuseus, sete gentes mais numerosas e mais poderosas do que
tu; e o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente
as destruirás; não farás com elas concerto, nem terás piedade delas; nem te
aparentarás com elas: não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomaras suas
filhas para teus filhos. Pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem
a outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos consumiria"
(Dt 7.1-4). Havia ainda entre os hebreus o casamento por levira-to. Quando um
homem casado morria sem deixar descendência, o seu irmão era obrigado a
casar-se com a viúva. E por intermédio dos filhos da nova união, a memória do
morto era preservada. Assim prescreve a Lei: "Quando alguns irmãos morarem
juntos, e algum deles morrer, e não tiver filho, então a mulher do defunto não
se casará com homem estranho de fora; seu cunhado entrará a ela, e a tomará por
mulher, e fará obrigação de cunhado para com ela. E será que o primogênito que
ela der à luz estará em nome de seu irmão defunto; para que o seu nome se não
apague em Israel" (Dt 25.5,6).
2 - Contrato de
casamento
O
contrato de casamento em Israel era feito pelo pai do noivo, pelo irmão mais
velho
ou
por um parente mais próximo. Excepcionalmente, podiam atuar também a mãe ou um amigo
da família. Às vezes, o próprio rapaz encarregava-se da concretização do
casamento. No entanto, as negociações sobre o dote e outras formalidades
ficavam a cargo de terceiros. Antes da realização do matrimônio, eram feitas
exaustivas consultas sobre os bens de ambos. Eram tomados cuidados especiais
também quanto à segurança da noiva e ao enfraquecimento da tribo. Finalmente, o
noivo pagava um dote ao pai de sua futura esposa, que oscilava entre 30 e 50
siclos de prata. Dessa forma, o pai da moça era recompensado pela perda da
filha. Esse pagamento podia ser, também, em forma de trabalho, como ocorreu com
Jacó. A endogamia, ou seja, o casamento entre irmãos, era proibida pela lei de
Moisés.
3 - Noivado
Entre
os povos ocidentais, o noivado não tem qualquer consistência. Pode ser dissolvido
com a maior facilidade. Jocosamente declara Leon Eliachar: "O Noivado é o
período
de desajustamento antes do casamento." No entanto, entre os hebreus, o
noivado era um compromisso sério. Somente a morte poderia dissolvê-lo. - Quando
começava o noivado? - A partir do momento em que o moço entregava à sua
escolhida uma moeda com esta inscrição: "Seja consagrada a mim." A
cerimônia, bastante singela, era feita na presença de duas ou mais testemunhas.
Com essa solenidade, ambos eram considerados marido e mulher. Seu
relacionamento sexual, porém, somente seria iniciado apôs as núpcias que,
segundo a tradição judaica, variava de um mês a sete anos. Os rapazes, durante
o noivado, estavam desobrigados do serviço militar.
4 - Núpcias
As
festas nupciais eram celebradas, via de regra, em sete dias. Não raro, chegavam
a durar até duas semanas. Variavam de acordo com o poder aquisitivo dos noivos.
Segundo o Novo Dicionário da Bíblia, essas celebrações eram assinaladas por
música e por brincadeiras como o enigma apresentado por Sansão. A mesma obra
esclarece nos: "Alguns interpretam o livro de Cantares à luz de certo
costume que havia entre os aldeões sírios, de chamar o noivo e o noiva de rei e
rainha durante as festividades depois da cerimônia de casamento, e de louvá-los
com cânticos".
5 - Divórcio
O
divórcio foi introduzido na Lei mosaica por causa da dura cerviz dos
israelitas. Aproveitando-se da liberalidade dessa legislação, os hebreus
rompiam os laços do matrimônio por quaisquer motivos. Alguns, por exemplo,
repudiavam sua esposa por não achá-la graciosa. O Senhor, entretanto, não
aprovava tal comportamento. Tolerava-o, apenas. Com uma carta de divórcio,
concretizava-se o rompimento dos laços conjugais Dt.24.3). De posse desse
documento, a mulher podia contrair novas núpcias. Caso, porém, viesse a
separar-se do segundo marido, não podia voltar ao primeiro. Por quê'.'
Esclarecenos Moisés: "Então seu primeiro marido, que a despediu não poderá
tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada, pois é
abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu
Deus te dá por herança" (Dt.24.4). Jesus, entretanto, repudiou
completamente o divórcio, exceto em caso de adultério: "Moisés por causa
da dureza dos vossos corações vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas no
princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua
mulher, não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete
adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério" (Mt 19.8
e 9).
6 - Filhos
Uma
herança divina. Assim os hebreus consideravam os filhos, principalmente os homens,
Salmodiou o rei Salomão: "Eis que os filhos são herança do Senhor, e o
fruto do ventre o seu galardão. Como flechas na mão do valente, assim são os
filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aliava: não
serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos" (SI.127.3-5). Em
Israel, a esterilidade era considerada um opróbrio. Não poucas mulheres afligiam-se
por não terem filhos. Raquel e Ana, por exemplo, rogaram a Deus, com todas as suas
forças, o dom da maternidade. Para as hebréias, não havia privilégio tão grande
como o de gerar filhos. O direito da primogenitura era respeitadíssimo entre os
israelitas. Ao filho mais velho cabia a porção dobrada dos bens paternos. Com a
morte do pai, assumia a responsabilidade da casa e as funções sacerdotais da
família. Depois da promulgação mosaica, no entanto, o sacerdócio passou a ser
exercido pelos levitas. As filhas apenas recebiam a herança paterna se não
houvesse nenhum filho herdeiro. Elas eram sustentadas pelos irmãos que se
encarregavam, inclusive, de seu casamento. As
israelitas
não podiam casar-se com moços de. outra tribo. Cabia ao pai, também, ensinar
aos filhos as primeiras letras e uma profissão. A ociosidade não era tolerada
na sociedade hebraica.
II - A VIDA SOCIAL
HEBRAICA
A
vida social dos hebreus girava em torno de sua religião. Todos os
acontecimentos sociais lembravam-lhes quão presente estava o Todo-poderoso em
seu meio. Ao contrário de outros povos, eles não admitiam extravagâncias nem
libertinagens, em suas reuniões. Sua vida social, portanto, era um apêndice de
sua religião.
1-O lugar da mulher na
sociedade hebraica
Os
israelitas honravam suas mulheres. Concediam-lhes muitos direitos. Se prejudicadas,
poderiam requerer justiça. Vemo-las muitas vezes louvadas, e ocupar, com frequência,
lugares de honra e distinção. Débora, por exemplo, exerceu grande influência sobre
os seus contemporâneos. Não fosse suas confortadoras palavras, Baraque não
teria desbaratado os inimigos do povo de Deus. E, o que dizer de Sara, Rebeca,
Raquel, Ana, Rute e Hulda? Submissas aos seus maridos, suas principais
preocupações eram domésticas. Entretanto, podiam pastorear trabalhar a terra e
exercer outras atividades, consideradas masculinas. Em outros países do
Oriente, entretanto, a mulher era tratada como se tosse mero objeto.
2 - Saudações
Inclinando
o corpo um pouco para frente, com a mão direita sobre o lado esquerdo do
peito.
Assim era a saudação dos hebreus, julgada bastante prolongada para os
ocidentais! Por isso mesmo ordenou Jesus aos seus discípulos: "...e a
ninguém saudeis pelo caminho" (Lc 10.4). Perante os magistrados e outras
pessoas superiores, era costume inclinar-se a pessoa até a terra. Eis as
expressões mais usadas nas saudações hebraicas: "Paz!" "Paz seja
convosco!" e, "Paz seja sobre esta casa!"
3 - Sepultamento e
luto
Constatado
o óbito, o corpo era rigorosamente lavado e enrolado em lençóis impregnados de
perfume. Por causa do clima quente (que provocava rápida decomposição do
cadáver) e das exigências da lei mosaica, o sepultamento era feito no mesmo
dia. O féretro era realizado desta forma: as carpideiras iam à frente, enchendo
a cidade com os seus lamentos profissionais; atrás delas, o defunto, e, logo
após, os parentes do falecido, os amigos e o povo. Os túmulos dos pobres eram
cavados no chão. Os dos ricos, escavados nas rochas. Raramente usados, os
esquifes eram quase desnecessários. O embalsamento não se constituía um hábito
entre os israelitas. Jacó e José, a propósito, foram embalsamados no Egito, por
profissionais da corte faraônica. Sete dias. Era o quanto durava o luto entre
os filhos de Israel.
III - MORADIA
Na
antigüidade, havia, em Israel, casas simples e, também, imponentes habitações.
Tudo
dependia, é claro, das posses de quem as possuía. Em Samaria, por exemplo,
algumas residências eram feitas de marfim.
1 - Tendas
Em
Ur dos Caldeus, Abraão habitava em uma casa confortável que, segundo alguns
estudiosos,
possuía até água quente. Ao deixar sua cidade, passou a residir em tendas, a mais
antiga forma de moradia no Médio Oriente. As tendas, primitivamente, eram
feitas de peles de cabra. Com o passar dos séculos, no entanto, passaram a ser
mais sofisticadas. Algumas delas, inclusive, possuíam várias dependências. O
apóstolo Paulo era fabricante de tendas.
2 - Cabanas
Construídas
com estacas e cobertas de folhagens, eram usadas com freqüência pelos
israelitas.
Pedro queria construir três cabanas: uma para Jesus, outra para Moisés e a
terceira para Elias.
3 - Tabernáculo
Foi
o templo peregrino dos israelitas. Acompanhou-os durante seus 40 anos de jornada
pelo deserto do Sinai. Nessa tenda, a glória do Senhor manifestava-se
constantemente a Moisés. Esse lugar de adoração seria substituído, mais tarde,
pelo Templo, construído por volta do ano 1.000 a.C, pelo rei Salomão. Tabernáculo
pode significar, também, habitação.
4 - Casas
Nos
tempos bíblicos, as casas eram feitas de pedra, de tijolos e de madeira. Geralmente
eram pequenas; possuíam apenas um cômodo. As residências dos ricos, entretanto,
tinham vários compartimentos. Nas localidades mais quentes, os telhados eram
planos e podiam ser transformados em terraços. No auge do verão, serviam de
dormitório. Nas regiões mais frias, os telhados em forma de meia-água,
facilitavam o deslizamento da neve. As portas das casas hebréias eram estreitas
e baixas. As janelas, poucas e sem vidros.
5 - Torres de vigia
Com
quase três metros de altura, as torres de vigia eram construídas para proteger
os
pomares
e as lavouras. As provisórias eram feitas de madeira; as permanentes, de
pedras. Estas últimas serviam, também, de residência.
6 - Palácios
Construídos
com esmero, constituíam-se nas residências dos reis hebreus. O mais imponente
deles foi erguido pelo rei Salomão. Segundo alguns estudiosos, a casa do sábio rei
de Israel era mais suntuosa do que o Templo.
IV - MOBÍLIA
Poucas
eram as mobílias de uma casa hebréia. Além do leito, uma mesa baixa. Ascadeiras
raramente eram usadas, porque os hebreus, à semelhança dos outros orientais, sentavam-se
no chão com as pernas cruzadas. Não raro, as almofadas serviam como assentos. Nas
residências dos mais abastados, o mobiliário era sofisticado.
V - ALIMENTAÇÃO
Basicamente,
esta era a dieta alimentar dos hebreus no período bíblico: pão. azeite, vinho,
legumes, frutas, leite, mel e farinha. E. nas ocasiões festivas, a carne era
largamente consumida. O peixe, por outro lado, era mais usado no litoral e nas
imediações dos rios e do mar da Galileia. A manteiga e o queijo eram feitos de
leite de cabra. 0 leite de vaca era raramente usado.
VI - INDUMENTÁRIA
A
indumentária dos israelitas nos tempos bíblicos era confeccionada em algodão,
lã,
linho
e seda.
1 - Vestuário
masculino
A
principal peça do vestuário masculino constituía-se em uma túnica, tecida de algodão.
Parecia mais uma camisola sem mangas. A túnica dos ricos, porém, possuía
mangas
compridas e largas. Os homens usavam, ainda, uma capa de algodão. O cinto era
de couro. O bastão e o anel-sinete eram usados como ornamentos. A maioria das
crianças permanece no Kibutz até a juventude O turbante completava o vestuário
masculino. O sumo sacerdote e os sacerdotes vestiam-se com mais esmero. Suas
vestes tipificavam a glória e a santidade divina. Sob a dominação romana, os
paramentos sacerdotais ficavam sob custódia e só eram liberados em ocasiões
solenes.
2 - Vestuário feminino
As
mulheres também usavam túnicas, só que mais longas e mais ornamentadas. Quando
apareciam em público, cobriam o rosto com um véu. Elas apreciavam pulseiras, anéis,
pendentes e diademas. As mais extravagantes, pintavam-se. Os profetas, contudo,
condenavam esses excessos. De uma maneira geral, as hebreias eram elogiadas por
sua modéstia e simplicidade.
VII - DINHEIRO DA
TERRA SANTA
A
primeira moeda citada nas Sagradas Escrituras é o darico. Proveniente da
Pérsia, era muito usada nos tempos de Esdras e Neemias. Mais tarde, começou a
ser cunhada uma moeda, inteiramente judaica, conhecida como shekel. Aliás, no
início dos anos 80, o governo israelense adotou-a para a unidade monetária da
moderna nação hebraica. Eis mais algumas moedas mencionadas na Bíblia: dracma,
estáter e ceitil. A primeira é grega e a segunda e a terceira, romanas.
GEOGRAFIA POLÍTICA DA
TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Os primeiros habitantes da Terra Santa.
II
- A origem dos hebreus.
III
- Os povos vizinhos da Terra Santa no tempo da conquista.
IV - A Terra Santa no tempo de Josué e dos
juízes.
V
-O Reino Unido.
VI
- O cisma israelita.
VII
– O cativeiro assírio e o babilônico. VIII - A restauração de Israel.
INTRODUÇÃO
A
Terra Santa é a região mais visada pelas superpotências. Localizada no centro
do globo, constitui-se no ponto mais estratégico do mundo. Em todas as épocas
despertou a gana dos conquistadores e serviu de palco para as mais sangrentas
batalhas. Esse minúsculo país é, politicamente, um barril de pólvora. Tanto nos
tempos bíblicos, como hoje, Israel é o mais nevrálgico tópico da história. Sua
geografia política, por conseguinte, mistura-se com a própria dor da
humanidade. A geografia política da Terra Santa passou por inúmeras alterações.
Israel é, sem dúvida alguma, o país que mais sofreu mudanças em termos de
fronteira. Haja vista que, atualmente, não obstante os seus 40 anos de
existência, teve os seus limites diversas vezes alterados em consequência da
agressividade dos países árabes. Km todas essas vicissitudes, contudo, vislumbramos
a mão de Deus sobre esse povo.
I - OS PRIMEIROS
HABITANTES DA TERRA SANTA
Antes
de Josué conquistar a Terra Prometida, habitavam-na vários povos cananeus. Enumera-os
Moisés: "Quando o Senhor teu Deus te tiver introduzido na terra, a qual vais
a possuir, e tiver lançado fora muitas gentes de diante de ti: os heteus, e os
girgaseus. e os amorreus, e os cananeus, e os fereseus, e os heveus, e os
jebuseus, sete gentes mais numerosas e mais poderosas do que tu" (Dt 7.1).
Essas nações eram de origem camita. Independentes, marcavam-nas exacerbada belicosidade.
Foram vencidas, entretanto, pelos exércitos de -Josué. Suas cidades
fortificadas não resistiram ao ímpeto dos israelitas. Os povos cananeus
ofendiam a Jeová constantemente com os seus grosseiros pecados. Foram, por
causa disso, desalojados da terra que mana leite e mel. Os filhos de Israel foram
exortados, com severidades, a não lhes seguir os pérfidos exemplos.
II - A ORIGEM DOS
HEBREUS
Os
hebreus são descendentes de Sem, filho mais velho de Noé. A nação israelita identifica-se,
perfeitamente, com sua ascendência. Haja vista que o anti-semitismo é voltado apenas
contra os judeus, apesar de os árabes serem da mesma família. A nação hebréia
começou com um caldeu chamado Abrão. Nascido por volta do ano 2.000 a.C. Aos 75
anos de idade, tem ele uma profunda experiência espiritual. Aparece-lhe Deus e
dirige-lhe estas palavras: "Sai-te da tua terra, e da tua parentela e da
casa de teu pai. para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande
nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção. E
abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti
serão benditas todas as famílias da terra" (Gn.12.1-3).Assim nasceu a
nação israelita. Nasceu durante as peregrinações dos patriarcas. Nasceu no
deserto e entre espinhos. Nasceu em terras estrangeiras. Hoje, entretanto,
floresce como a palmeira!
III - OS POVOS
VIZINHOS DA TERRA
SANTA NO TEMPO DA CONQUISTA
Além
das sete nações cananeias mencionadas, Israel foi obrigado a conviver com outros
povos - aguerridos, idolatras e belicistas. Essas gentes causaram muitos
transtornos à progênie de Abraão. De quando em quando, violavam as fronteiras
israelitas e escravizavam tribos inteiras. Eis os principais povos que sobreviveram
às investidas dos exércitos de Josué: filisteus, amalequitas, midianitas,
moabitas, amonitas, edomitas, fenícios e sírios. Escreve o pastor Enéas
Tognini: "Estas nações e povos, que rodeavam Israel, serviam de termômetro
para regular a temperatura espiritual dos filhos de Jacó: quanto mais perto de
Deus andavam, mais poder tinham e seus territórios eram dilatados; afastavam-se
do seu Senhor, Deus os abandonava: ficavam sem proteção: chegavam os inimigos e
subjugavam o povo e consequentemente, se apossavam de seus territórios."
IV - A TERRA SANTA NO
TEMPO DE JOSUÉ E DOS JUÍZES
Moisés
morreu aos 120 anos de idade, sem introduzir os israelitas em Canaã. Essa
incumbência
seria entregue a um bravo e destemido general, chamado Josué. Destacando-se sempre
em todas as suas missões, era o sucessor natural do grande legislador e guia espiritual
dos hebreus. Sob o seu comando, os exércitos de Israel conquistaram a terra que
mana leite e mel. A guerra pela posse dessas terras durou, aproximadamente, 14
anos: de 1.404 a 1.390 a.C. Durante esse período, os batalhões cananeus iam
caindo um após outro. Nenhuma força militar gentílica era capaz de suportar o
ímpeto dos israelitas. Terminado o conflito, Josué procedeu à divisão das
terras conquistadas. Rubem, Gade e a meia tribo de Manasses ficaram com a
Transjordânia. Os territórios ocidentais foram distribuídos a estas tribos:
Naftali, Aser, Zebu-lom, Issacar, Manasses Ocidental, Efraim, Benjamim e Dã.
Judá e Simeão são contemplados com os territórios do Sul. Os levitas, segundo
determinação do Senhor, não herdaram quaisquer possessões. Tribo sacerdotal,
coube-lhes 48 cidades espalhadas entre os termos de seus irmãos. Registra a
Bíblia o passamento de Josué: "E depois destas coisas sucedeu que Josué, filho
de Num, o servo do Senhor, faleceu, sendo da idade de cento e dez anos. E sepultaram-no
no termo da sua herdade, em Timnate-Sera, que está no monte de Efraim, para o
norte do Monte de Gaás. Serviu pois Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e
todos os dias dos anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e sabiam
toda a obra que o Senhor tinha feito a Israel" (Js 24.29-31). Com o
desaparecimento do grande general e de seus auxiliares, os israelitas esqueceram-se
do Senhor e começaram a curvar-se ante as tolas divindades cananéias. Tamanha decadência
espiritual tornou-os vulneráveis. Sem mais contarem com a proteção de Jeová,
sofreram os mais impiedosos ataques dos povos vizinhos. O período dos juizes,
por conseguinte, é um dos mais tristes da história hebreia. Nos termos de
Israel, reinava grande anarquia. As tribos, por causa de suas diferenças
internas, não conseguiam unir-se para enfrentar o inimigo comum. No entanto,
quando acossados por vorazes algozes, clamavam, e o Senhor os ouvia. Misericordioso,
o Todo -poderoso suscitava juizes que os libertavam de seus verdugos. Mas, tão
logo morria o libertador eles tornavam a cair na apostasia. E, novamente, caíam
em desgraça. Esse círculo vicioso durou até a monarquia. Na era da judicatura,
que durou em torno de 330 anos, quatro palavras faziam parte do dia-a-dia do
povo eleito: pecado, opressão, arrependimento, e livramento. Israel teve 13 juizes. O último deles foi
Samuel. Nessa época, havia muita terra a ser conquistada. Os hebreus, todavia,
não completaram a tarefa iniciada por Josué.
V - O REINO UNIDO
Samuel
é chamado, com muita razão, de fazedor de Reis. Ele representa a transição
entre
a judicatura e a monarquia. Por seu intermédio, foram escolhidos os dois
primeiros reis de Israel. Sua influência é tão grande que, mesmo depois de
morto, seus ideais continuaram a dirigir a história israelita. Samuel foi o
iniciador do Reino Unido que durou 120 anos - de 1044 a 924 a.C. Ungido pelo
piedoso profeta, Saul unifica as doze tribos e inicia uma guerra de libertação.
Seu objetivo: dilatar as fronteiras de Israel e destruir os temíveis filisteus.
No princípio, obtém sucessos. Contudo, por causa de suas ambições, começa a
infringir os mandamentos do Senhor.
Saul
é rejeitado. Em seu lugar é ungido Davi, filho de Jessé. O humilde pastorzinho de
Judá, após derrotar o gigante Golias, alcança grande popularidade. Suas
façanhas, porém, angariam-lhe o ódio e o desafeto do rei. Depois de o monarca
benjamita ter tombado no campo de batalha, Davi assenta-se no trono de Israel.
Nos primeiros oito anos de seu governo, reina somente sobre Judá. As outras tribos,
no entanto, resolvem submeter-se ao corajoso soberano judaíta Davi consegue aumentar suas fronteiras e
derrotar os inimigos de seu povo. Em seus 40 anos de reinado, dedica-se completamente
à guerra. No final de sua vida, tenta construir um templo ao Deus de Israel,
mas é desestimulado pelo profeta Nata. Essa incumbência seria entregue ao seu
sucessor. O reino de Salomão foi marcado por uma invejável paz interna e
externa. A prosperidade era a tônica de seu governo. Com a sua proverbial e
inigualável sabedoria, transforma Israel na maior potência do Oriente Médio. As
nações vizinhas submetem-se ao cetro davídico. Em consequência de sua política
expansionista e faraônica, o filho de Davi empobrece a nação israelita,
principalmente as tribos da região setentrional. Tanto o Templo, como o
palácio, exigiam vultosos impostos do povo, que já estava cansado de tanta opressão.
E, o que dizer de seu harém que, segundo alguns estudiosos, possuía 30 mil mulheres?
Isto porque, cada uma de suas 700 mulheres e 300 concubinas podia ter até 30 damas
de companhia.
O
final de Salomão foi triste. Não obstante sua grande sabedoria e inimitável
glória,
desaparece
entre as brumas de sua idolatria e formidáveis excessos. Sucede-lhe no trono o
seu filho Roboão. Moço folgazão e tolo, não atende às reivindicações do povo.
Desprezando o conselho dos assessores de seu pai, resolve oprimir ainda mais a
combalida e azeda nação hebraica. Em uma demente demonstração de força não
baixa os impostos nem melhora as condições de vida de seus irmãos.
VI - O CISMA ISRAELITA
Aproveitando-se
dessa situação caótica, Jeroboão assume a liderança das tribos descontentes. E,
assim, em 923 a.C, o Reino de Israel divide-se. As tribos de Judá e Benjamim permanecem
fiéis à dinastia davídica. Entretanto, as do Norte, encabeçadas por Efraim, formam
um novo reino. As duas facções, a partir de então, ficaram conhecidas,
respectivamente, como Israel e Judá. Acerca do cisma israelita, escreve Antônio
Neves de Mesquita: "O império, que Salomão tinha erigido com tanto gáudio,
estava à beira do abismo. Não só o desprezo de Roboão às aspirações do povo
constituía motivo relevante para modificação na política fiscal, mas também as
sementes de discórdia interna deviam ser contornadas. A união entre as tribos
fora mais fictícia que real. Havia entre o Norte e o Sul profundas
desinteligências geradas pela situação favorável que os sulistas gozavam por
sua proximidade com a capital política e religiosa, como também por motivo
puramente geográfico. Os nortistas eram meio internacionalistas, mais frios
para a religião', menos patriotas e pouco afeiçoados aos reis. Em contato
direto com os fenícios, os sírios e outros povos do norte, sentiam menos as influências
centralistas. Enquanto ocupava o trono um homem como Salomão, era natural que a
união persistisse; depois seria difícil manter esta união e solidariedade
política. Seria preciso que um grande e hábil político subisse ao poder, para
manter unidos os elementos desintegralizadores. Este homem não era
Roboão."
Reino
dividido entre as tribos do Norte e as do Sul Com grande precisão, Mesquita
fala, agora, sobre as pretensões dos efraimitas: "A tribo de Efraim era a
tribo líder do Norte, enquanto a de Judá era líder do Sul. Estas rivalidades,
tanto tribais como geográficas, foram sopitadas, enquanto o trono foi ocupado por
monarcas da envergadura de Davi e de Salomão. Depois tudo se definiu e as
diferenças apareceram. Às ambições destas tribos, acrescentem-se as
circunstâncias, tanto geográficas como culturais, que determinavam as
diferenças entre o povo, e teremos a explicação do panorama conhecido pelos
leitores da Bíblia. Dentro deste pequeno território encontravam-se quase todas
as variedades de clima, flora e fauna. A população variava na proporção das diferenças
climatéricas. A leste do Jordão ficava a terra dos pastores, onde continuavam a
dominar os beduínos. Nos vales, a oeste do mesmo Jordão, ficavam os
agricultores, enquanto que nas cidades das fronteiras do Oeste, junto às
grandes estradas, havia um princípio de comércio bem desenvolvido. Enquanto
isso, em volta do mar da Galileia, alinhavam-se as vilas de pescadores. Havia,
pois, todos os tipos de civilização, desde o tipo pastoril nomádico, o agricultural
e o comercial, até o de pescadores. A população era uma mistura de interesses
variados, e somente a sua topografia, exposta a todos os perigos, podia realizar
o milagre de sua unidade, constituindo Israel um regime centralizado e militar.
Quando acontecia que uma dinastia se tornava fraca, um homem forte e valente
tomava o trono. Daí ter sido a história de Israel do Norte de sangue e de rebeliões,
com assassinatos, em que aventureiros, saídos tanto do exército como de outras
camadas, assaltavam o trono e estabeleciam precárias dinastias. Com tal
heterogeneidade, era de se esperar que uma oportunidade espreitasse a ruptura
dos laços que uniam o Norte ao Sul."
VII - OS CATIVEIROS
ASSÍRIO E BABILÔNICO
A
cisão enfraqueceu ambas as facções, principalmente a nortista. As relações
entre os
reinos
de Israel e Judá nem sempre foram amistosas. De quando em quando uniam-se para combater
um inimigo comum. Na maioria das vezes, contudo, estavam em guerra. Com o
passar do tempo, a identidade nacional e religiosa entre os israelitas e
judaítas torna-se cada vez mais fraca. Seguindo orientação do idolatra e
inescrupuloso Jeroboão, os moradores do Israel setentrional não desciam a
Jerusalém para adorar. Esse ciumento soberano, temendo perder os seus súditos,
fechou suas fronteiras. Para conquistar o respeito e a amizade dos israelitas,
construiu-lhes dois bezerros de ouro. E, a partir de então, ele fica conhecido
como "o rei que fez Israel pecar". Depois de Jeroboão, teve Israel
mais 18 reis. Todos eles trilharam os caminhos da idolatria e da impiedade. Com
o culto a Baal, introduzido por uma meretriz chamada Jezabel, o povo
corrompeu-se completamente. Não podendo suportar tanta apostasia, o Senhor
entregou as tribos do Norte aos inumanos e selvagens assírios. No ano de 722 a.C,
as forças de Nínive invadem Israel e levam cativos os filhos de Jacó. Inicia-se
o cativeiro assírio, que deixaria profundas sequelas na nação hebraica. Depois
da destruição do Reino de Israel, Judá sobreviveu ainda por mais de 135 anos. A
maior parte desse tempo, contudo, pagou pesados tributos à Assíria. Com a
ascensão de Babilônia, começa a ruína do Reino do Sul. Em 605 a.C, tropas
babilônicas invadem Judá. Tem início o Cativeiro Babilônico que, segundo
Jeremias, duraria 70 anos. O Templo é destruído pelos exércitos de Nabucodonosor
em 587 a.C. Na capital do novo império, os judeus progridem. Alcançam elevados
postos na administração iniciada por Nabopolassar. Daniel, por exemplo,
tornou-se o mais influente conselheiro da realeza.
Terminado
o período de 70 anos, parte dos filhos de Judá retorna à Terra Santa. Centenas
de milhares, todavia, permanecem no exílio. Vagando de nação em nação, sofrendo
injustas perseguições e injustificáveis preconceitos, tornam-se errantes. Sua diáspora
já dura mais de 25 séculos.
VIII - A RESTAURAÇÃO
DE ISRAEL
Após
os exílios assírio e babilônico, a nação hebraica ficaria distante de Sião por mais
de 2.500 anos. Houve, é claro, alguns períodos de independência e glória,
principalmente na era macabéia, mas foram esporádicos e não contaram com a
participação da totalidade do povo. O advento do férreo Império Romano,
conforme já dissemos, marca o fim da restauração nacional iniciada por Esdras,
Neemias, Zorobabel e pelos profetas Ageu e Zacarias. Os judeus, ao tentarem
sacudir o jugo romano, são dispersados por todas as nações do mundo, onde
sofreram e sofrem terrivelmente. - Qual a razão de seu sofrimento? - Sem dúvida
alguma, a rejeição de seu Messias.Em meio a povos estranhos, os filhos de
Israel foram humilhados, e aterrorizados. Seus sofrimentos, aliás, foram
vaticinados por Moisés: "O Senhor levantará contra ti uma nação de longe,
da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não
entenderás. Nação feroz de rosto, que não atentará para
o
rosto do velho, nem se apiedará do moço. E comerá o fruto dos teus animais, e o
fruto da tua terra, até que sejas destruído; e não te deixará grão, mosto, nem
azeite, criação das tuas vacas, nem rebanhos das tuas ovelhas, até que tenha
consumido; e te angustiará em todas as tuas portas, até que venham cair os teus
altos e fortes muros, em que confiavas em toda a tua terra; e te angustiará em
toda a tua terra que te tem dado o Senhor teu Deus; e comerás o fruto do teu
ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor teu Deus,
no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertarão. "Quanto ao
homem mais mimoso e mui delicado entre ti, o seu olho será maligno contra o seu
irmão, e contra a mulher de seu regaço, e contra os demais de seus filhos que ainda
lhe ficarem; de sorte que não dará a nenhum deles da carne de seus filhos, que
ele comer; porquanto nada lhe ficou de resto no cerco e no aperto com que o teu
inimigo te apertará em todas as tuas portas. E quanto à mulher mais mimosa e
delicada entre ti, que de mimo e delicada nunca tentou por a planta de seu pé
sobre a terra, será maligno o seu olho contra o homem de seu regaço, e contra
seu filho. e contra sua filha; e isto por causa de suas páreas, que saíram dentre
os seus pés, e por causa de seus filhos que tiver; porque os comerá às
escondidas pela falta de tudo, no cerco e no aperto com que o teu inimigo te
apertará nas tuas portas" (Dt.28.49-57). Prossegue o grande profeta,
prevendo os sofrimentos dos judeus em suas diásporas: "E será que, assim
como o Senhor se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim o
Senhor se deleitará em destruir-vos e consumir-vos; e desarraigados sereis da
terra da qual tu passas a possuir. E o Senhor vos espalhará entre todos os
povos, desde uma extremidade da terra até a outra extremidade da terra: e ali
servirás a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais: ao pau e à
pedra. E nem ainda entre as mesmas gentes descansarás, nem a planta de teu pé terá
repouso: porquanto o Senhor ali te dará coração tremente e desfalecimento dos
olhos, e desmaio da alma. "E a tua vida como suspensa estará diante de ti;
e estremeceres de noite e de dia, e não crerás na tua própria vida. Pela manhã
dirás: Ah! quem me dera ver a noite! E à tarde dirás: Ah! quem me dera ver a
manhã! pelo pasmo de teu coração, com que pasmarás, e pelo que verás com os
teus olhos. E o Senhor te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de que
te tenho dito: Nunca jamais o verás: e ali sereis vendidos por servos e servas
aos vossos inimigos; mas não haverá quem vos compre" (Dt 28.63-68). Durante
a sua peregrinação, Israel sofreu os mais duros revezes. Judeus foram massacrados
em todas as partes do mundo. E, nos anos que precederam ao estabelecimento do
moderno Estado judaico, Hitler ordenou a matança de seis milhões de israelitas.
Foi o mais bárbaro crime da História. Entretanto, no final da Segunda Guerra
Mundial, a nação hebraica conscientizou-se de sua peculiar situação. Somente
uma pátria na Palestina, dar-lhe-ia a segurança necessária à sua sobrevivência.
E, após muitas batalhas diplomáticas, o Estado de Israel começa a existir a partir
de 12 de maio de 1948. Cumpria-se, assim, a profecia de Isaias: "Antes que
estivesse de parto, deu à luz; ante que lhe viesse as dores, deu à luz um
filho. Quem jamais ouviu tal cousa? quem viu cousas semelhantes? Poder-se-ia
fazer nascer uma terra num só dia? nasceria uma nação de uma só vez? mas Sião
esteve de parto e já deu á luz seus filhos" (Is 66.7,8). Desde a
proclamação de sua independência, Israel tem enfrentado diversos conflitos bélicos:
em 1948, a Guerra da Independência; em 1956, a Guerra de Suez; em 1967, a Guerra
dos Seis Dias; em 1973, a Guerra do Yom Kippur; e, em 1982, a Guerra do Líbano.
Em todos esses embates, entretanto, as forças judaicas têm saído vencedoras,
porque o Senhor dos Exércitos está ao seu lado. Cumpre-se à risca, pois, este
vaticínio de Amos: "E os plantarei na sua terra, e não serão mais
arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus" (Am.9.15). A
nação israelense, com o seu renascimento e progresso, tem um grande significado
para nós. 0 pastor Abraão de Almeida, um dos maiores especialistas em assuntos
judaicos, escreve: "Com o cumprimento das profecias, Deus nos está
mostrando sua fidelidade a Israel, e à Igreja, fidelidade que deve induzir
todos os povos a temê-lo. Por isso, o salmista registrou: 'Tema toda a terra ao
Senhor, temam-no todos os moradores da Terra, porque falou, e tudo se fez;
mandou, e logo tudo apareceu. 0 Senhor desfaz o conselho das nações,quebranta
os intentos dos povos. O conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do
seu coração de geração em geração. Bem aventurada é a nação cujo Deus é o
Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança.' Notem que o Senhor desfaz
o conselho das nações, quebranta o intento dos povos. Nenhuma das muitas
resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Israel prosperou
ou prosperará, pois o Senhor frustra todas as decisões que contrariem sua
Palavra. Também têm sido quebrantados os maus intentos dos inimigos de Israel,
como o Egito de Nasser, a União Soviética, a OLP (Organização para a Libertação
da Palestina) etc. "Prossegue o pastor Abraão de Almeida: "O retorno
final de Israel, a reconstrução das suas cidades antigas e o reflorestamento do
país indicam que estamos vivendo nos últimos tempos. A Bíblia diz que a
Palestina seria assolada até o fim (Dn 9.26), mas que, ao término do cativeiro,
os israelitas reedificariam as cidades assoladas e nelas habitariam, plantariam
vinhas, beberiam o seu vinho e fariam, pomares e lhes comeriam os frutos (Am.9.14)."
Portanto, estejamos vigilantes, porque a volta de Cristo concretiza-se dia após
dia. Que a nossa oração seja: "Paz sobre Israel!"
JERUSALÉM - A CAPITAL
INDIVISÍVEL
E ETERNA DE ISRAEL
Sumário:
Introdução.
I
- Origem.
II
- Geografia de Jerusalém.
III
- Davi e Jerusalém.
IV
- A grandeza de Jerusalém.
V
- A glória do Templo de Jerusalém.
VI
- Jerusalém e a arqueologia.
VII
- Jerusalém e sua história.
INTRODUÇÃO
Em
julho de 1980, o Knessel: - parlamento israelense -aprovou um decreto-lei, elaborado
pelo então primeiro-ministro Menachen Begin, transformando Jerusalém na
capital
eterna e indivisível do Estado de Israel. Como era de se esperar, os países
árabes protestaram veementemente contra a iniciativa israelense. Dias antes, a
propósito, o premier judeu, respondendo a uma objeção do governo inglês,
afirmou que antes mesmo da existência de Londres, a cidade de Jerusalém já era
a capital de Israel. O líder iraniano, Khomeini, ferrenho inimigo dos
israelitas, ao saber da anexação legal e definitiva de Jerusalém, proclamou, de
imediato, uma guerra para reconquistar a cidade santa. Enquanto isso, diversas
nações ocidentais trataram de mudar suas embaixadas para Tel-Aviv, para não
desagradar os países árabes. Somente os Estados Unidos é que apoiaram a medida
israelense, que se constitui no velho e milenar sonho judaico de reconquistar
política e espiritualmente a Cidade do Grande Rei.
I - ORIGEM
"Jerusalém"
significa, em hebraico, habitação de paz. Seu nome é mencionado pela primeira
vez nas Escrituras em Josué 10.11. Entretanto, em Gênesis 14.18, encontramos uma
referência sobre a cidade, que aparece com o nome de Salém. De acordo com a tradição,
assim era chamada a capital judaica. Eis mais alguns nomes bíblicos de
Jerusalém: Jebus (Jz 19.10); Sião (SI 87.2); Ariel (Is 29.1); Lareira de Deus
(Is 1.26); Cidade de Justiça (Is 1.26); Santa Cidade (Is 28.2; Mt.4.5); Cidade
do Grande Rei (Mt 5.35) e, Cidade de Davi (2 Sm 5.7).
II - GEOGRAFIA DE
JERUSALÉM
Jerusalém
constitui-se na mais célebre cidade do mundo. É venerada por três religiões
monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Até mesmo sua localização geográfica
é privilegiada. A cidade santa está localizada no Sul da cordilheira central de
Israel. Encontra-se a mais de 50 quilômetros do Mediterrâneo. Como símbolo de
grandeza e magnitude, está edificada a 800 metros de altitude. Com o passar dos
tempos, seus aspectos primitivos sofreram alterações. Contudo, ninguém jamais
poderá alterar-lhe a mística ou arrancar-lhe a aura de celestialidade e glória.
Até o ano 70 d.C, Jerusalém era protegida por forte muralha, que foi destruída
pelo general romano, Tito. Desenho de Jerusalém na Idade Média
III - DAVI E JERUSALÉM
Antes
de ser tomada por Davi, a cidade santa era uma possessão jebuseica. Em 2 Samuel
5, de 7 a 9, lemos: "...Davi tomou a fortaleza de Sião: esta é a cidade de
Davi. Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que ferir os jebuseus, e chegar
ao canal, e aos coxos e aos cegos, que a alma de Davi aborrece, será cabeça e
capitão. Por isso se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa. Assim habitou
na fortaleza, e lhe chamou a cidade de Davi; e Davi foi edificando em redor,
desde Milo até dentro." O apogeu de Jerusalém deu-se no reinado de
Salomão. O sábio monarca embelezoua, aproveitando-se de seu singular aspecto.
Procurando sanar o crônico problema de á-gua, construiu diversos aquedutos.
IV - A GRANDEZA DE
JERUSALÉM
Sobre
a grandeza de Jerusalém, escreve Orlando Boyer: "Qual é o segredo da sua grandeza?
Não tinha um porto marítimo, como Alexandria e Roma. Nem estava situada num rio,
como Mênfis e Babilônia. E nem tinha a grande vantagem de uma das grandes vias comerciais
entre o mar Mediterrâneo e o vale do Jordão, nem das rotas entre a Ásia Menor e
o Egito. Contudo, enquanto Roma era o centro político e Atenas, o centro
intelectual, Jerusalém era o centro espiritual do mundo, a cidade de maior
influência sobre a esperança e o destino do gênero humano. Era a cidade
escolhida do único e verdadeiro Deus, o centro de seus cultos, leis e
revelação, com a missão de proclamá-lo a todo o mundo."
V - A GLÓRIA DO TEMPLO
DE JERUSALÉM
O
historiador judeu, Flávio Josefo, descreve a Casa do Senhor construída por Salomão:
"O templo tinha sessenta côvados de comprimento e outro tanto de altura; a
largura era de vinte côvados. Sobre esse edifício construiu-se outro do mesmo
tamanho e assim a altura total do templo era de cento e vinte côvados. Estava voltado
para o Oriente e seu pórtico era da mesma altura de cento e vinte côvados por
vinte de comprimento e dez As ruas de Jerusalém são bastante movimentadas de
largura. Havia em redor do templo trinta quartos em forma de galeria, que
serviam de arcos para o sustentar. Passava-se de um para o outro e cada um
tinha vinte e cinco côvados de comprimento por outros tantos de largo e vinte
de altura. Havia, por cima desses quartos, dois andares com igual número de
quartos, todos semelhantes. Assim, na altura de três andares juntamente, medindo
sessenta côvados chegava justamente à altura da parte baixa do edifício do
templo de que acabamos de falar e nada mais havia por cima. Todos estes quartos
eram cobertos de madeira de cedro e tinham sua cobertura à parte, em forma de
pavilhão: mas estavam unidos por traves longas e grossas, a fim de torná-las
mais firmes: e, assim, juntas, eram como um único corpo. Seus tetos eram de
madeira de cedro bem polido, enriquecido de folhagem douradas, talhadas na
madeira. 0 resto era também adornado de madeira de cedro, tão bem trabalhada e
tão reluzente de ouro que seu brilho ofuscava a vista. Toda a estrutura desse
soberbo edifício era de pedras tão polidas e tão bem ajustadas que não se podia
nem mesmo perceber-lhes as juntu-ras, mas parecia que a natureza as tinha feito
um único bloco, sem que a arte nem os instrumentos de que se servem excelentes
artífices para embelezar suas obras, para isso tivessem contribuído. Salomão mandou
fazer na largura do muro do lado do Oriente, onde não haja nenhum portal
grande, mas somente duas portas, um degrau em frente, de sua invenção, para se
subir ao alto do templo. Havia dentro e fora dele, pranchas de cedro ligadas
com grande e fortes cadeias, para garantir a sua estabilidade. Prossegue Josefo:
"Salomão mandou também fazer dois querubins de ouro maciço, de cinco
côvados de altura cada um; suas asas eram do mesmo comprimento e essas duas
figuras estavam colocadas de tal modo no Santo dos Santos, que duas de suas
asas estendidas se uniam e cobriam toda
a Arca da Aliança e as duas outras asas tocavam, uma do lado norte e outra do lado
sul, as paredes desse lugar particularmente consagrado a Deus, que, como
dissemos, tinha vinte côvados de largura. Mas, dificilmente se poderia dizer,
pois não se poderia nem mesmo imaginar qual a forma desses querubins. Todo o
pavimento do templo estava coberto de lâminas de ouro e as portas da grande
entrada, que tinha vinte côvados de largura e altura proporcionada, estavam
também cobertas de lâminas de ouro. Enfim, numa palavra, Salomão nada deixou,
nem dentro nem fora do templo, que não fosse recoberto de ouro. Mandou colocar,
sobre a porta do lugar chamado o Santo do templo, um véu semelhante ao de que
acabamos de falar, mas a porta do vestíbulo não o tinha." Complementa
Flávio Josefo: "Eis com que suntuosidade e magnificência Salomão fez
construir e ornar o templo e consagrou todas essas coisas à honra de Deus.
Mandou fazer em seguida, em redor do templo, um muro de cem côvados de altura,
chamado gison em hebraico, a fim de impedir a
entrada
aos leigos, sendo ela somente permitida aos levitas e sacrificadores. Salomão levou
sete anos para realizar essas magníficas obras, o que não as tornou menos
admiráveis, do que sua grandeza, sua riqueza e sua beleza; ninguém podia
imaginar que seria coisa possível realizá-las e terminá-las em tão pouco
tempo."
VI - JERUSALÉM E A
ARQUEOLOGIA
Há
provas suficientes, segundo a arqueologia, para se acreditar que, na área
ocupada, hoje, por Jerusalém, habitavam, em eras remotas, milhares de homens. A
primeira menção que se tem da cidade, aparece nas inscrições de Tell-Amarna, em
caracteres cuneiformes. Quando esse registro foi feito, o rei de Jerusalém era
Abd Khiba.
Nesse
tempo, a cidade era conhecida como Urusalém.
VII - JERUSALÉM E SUA
HISTÓRIA
Depois
da morte de Salomão, o trono davídico é ocupado pelo insensato Roboão. No quinto
ano de seu reinado, Jerusalém é saqueada por Sisaque, rei do Egito. Mais tarde,
filisteus e árabes sitiam-na, causando-lhe muitos estragos. No reinado de
Amazias, os israelitas destroem parte das muralhas da cidade santa. Consideráveis
riquezas são levadas a Samaria. Entretanto, renomados militares fracassam fragorosamente
ao tentar marchar contra Sião. Rezim, rei da Síria, foi um deles. No tempo de
Ezequias, por exemplo, o grande Senaqueribe é abatido pelo anjo do Senhor. Do
exército desse ambicioso assírio, caem 185 mil homens. No tempo de Manasses, a
santa cidade é invadida por tropas babilônicas. O mais perverso rei de Judá é
deportado a Babilônia, onde se reconcilia com o Deus de seus pais. Alcançado
pelas misericórdias divinas, o monarca judaíta é recambiado à sua terra, onde promove
algumas reformas religiosas. Em termos genéricos, ele é considerado o pior
soberano
de Judá. Não há acontecimento tão funério e triste para os judeus como a
destruição do Templo e de Jerusalém. A façanha foi realizada por Nabucodonosor,
em 587 a.C. Termina, assim, a fase áurea da mais amada e cobiçada cidade hebreia.
Após setenta anos de exílio e de vergonha, Jerusalém é reconstruída por Esdras
e Neemias. Nesse mesmo tempo, o Templo ressurge. No entanto, é apenas uma
sombra do imponente santuário construído por Salomão. Desde essa época, a
Cidade do Grande Rei não mais conheceria momentos de paz. Em 320 a.C., Ptolomeu
Soter conquista-a. No segundo século antes de nossa era, Antíoco Epífanes
apodera-se dela, profana o Templo e massacra milhares de judeus. Em 66 a.C, o
general romano Pompeu apossa-se de Jerusalém, transformando-a em possessão
latina. Dezesseis anos mais tarde, Herodes, o Grande, começa a reinar sobre a cidade,
com o apoio de Roma. Para agradar os judeus, o ambicioso e perverso monarca reforma
e embeleza o santuário de Jeová. Nesse Templo, seria apresentado o menino
Jesus. No ano 70 de nossa era, conheceria Jerusalém uma de suas mais
deploráveis tragédias. O general Tito, à testa de um exército de 100 mil
homens, sitiou-a durante cinco meses. Em seguida destruiu-a, o que predissera
Jesus, aconteceu: não ficou pedra sobre pedra; tudo foi destruído. De acordo
com Tácito, historiador romano, morreram, naquela ocasião um milhão de judeus. O
fervor nacionalista dos judeus, entretanto, não se apaga. Em 131 d.C, Bar Khoba
apossa-se da cidade. No ano seguinte, contudo, o imperador Adriano devasta-a
literalmente. Séculos mais tarde, em 627, Cosroes II, rei da Pérsia avança
sobre Jerusalém, arrasando-a, uma vez mais. Omar, sucessor de Maomé, ocupa a
cidade da paz em 637. Duzentos anos depois, os maometanos destroem santuários
cristãos. Em 1075, a capital espiritual do judaísmo passa das mãos dos
muçulmanos para as dos turcos. Sob o nome de Cristo, a Igreja Católica Romana,
com suas impiedosas cruzadas, passa a atacar Jerusalém. A cidade é sitiada e
conquistada em 1099, por Godofredo, chefe da primeira cruzada. Durante essa satânica
investida, milhares de judeus são assassinados. Saladino, em 1.187, na
qualidade de chefe da terceira cruzada, ocupa a cidade. Em 1.229, as mulharas
de Jerusalém são destruídas. Dez anos mais tarde, Sião rende-se ao comandante
da sexta cruzada. Os turcos, em 1.547, invadem-na e, de lá, só seriam expulsos,
em 1831. A Turquia, entretanto, voltaria a conquistar Jerusalém, dez anos mais
tarde. As universidades israelenses já se destacam no mundo Na Primeira Guerra
Mundial, Jerusalém é "libertada" pelo general britânico, Allemby. No
dia 14 de maio de 1948, renasce o Estado de Israel. A parte Leste da cidade, porém,
continuava em poder dos árabes. Entretanto, em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias,
a capital espiritual e histórica dos judeus é reconquistada por seus legítimos
donos.
CIDADES E ESTRADAS DA
TERRA SANTA
Sumário:
Introdução.
I
- Jerico.
II
- Belém.
III
-Hebrom.
IV
- Jope.
V
- Nazaré.
VI
- Cafarnaum.
VII
-Samaria.
VIII
- Decápolis e Estradas da Terra Santa.
INTRODUÇÃO
A
independência do Estado de Israel foi proclamada em 1948. Nesses quase 40 anos,
as
cidades foram-se multiplicando sobre o exíguo território israelense. Cumpre-se,
dessa forma, esta maravilhosa profecia: "Eis que vêm os dias, diz o
Senhor, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas as que
lança a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão.
Também trarei do cativeiro o meu povo Israel; e eles reedificarão as cidades
assoladas, e nelas habitarão; plantarão vinhas, e beberão seu vinho; e farão
pomares, e lhes comerão o fruto. Assim os plantarei na sua terra, e não serão mais
arrancados da sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus" (Am 9.13-15).
I - JERICO
Localiza-se
no Vale do Jordão, no território entregue à tribo Benjamim. Encontra-se
a
28 quilômetros de Jerusalém. O nome dessa cidade significa, segundo alguns
autores, lugar de perfumes ou fragrâncias. Jerico foi a primeira cidade
conquistada pelos filhos de Israel. Era famosa por suas fortificações. É
considerada, ainda, uma das metrópoles mais antigas do mundo.
II - BELÉM
Encontrando-se
a 10 quilômetros a leste de Jerusalém, é a cidade do rei Davi. Casa
de
pão é o que significa Belém. Pela sua posição geográfica, é uma fortaleza
natural. Fica a quase 800 metros acima do nível do mar. Nessa cidade nasceram
dois importantíssimos personagens: Davi, e Jesus Cristo, o Salvador do mundo.
Apesar de sua importância histórica, Belém foi sempre uma aldeia insignificante.
Não obstante, seus campos, ainda hoje conservam a mesma fertilidade dos tempos
bíblicos.
III - HEBROM
Eis
o primeiro nome dessa cidade: Quiriat Arba. Encontra-se a 32 quilômetros ao sul
de Jerusalém e a mil metros acima do mar Mediterrâneo. Abraão morou em suas redondezas.
Em Hebrom, foi Davi ungido rei sobre Israel. É tida, também, como a primeira cidade
de Judá. Atualmente, Hebrom é uma grande cidade com mais de 40 mil habitantes,
em sua maioria árabes. Eis suas principais fontes de renda: artesanatos,
artefatos de cerâmica e pequenas indústrias. A agropecuária é, por enquanto,
sem expressão.
IV - JOPE
Na
distribuição de Canaã, Jope coube à tribo de Dã. Atacada várias vezes pelos filisteus,
a cidade foi libertada por Davi. Mais tarde, Salomão utilizou-se de seu porto
para receber cedros do Líbano, usados na construção do Templo. Hodiernamente,
Jope é um grande porto israelense. Desenho de Tiberíades (alto) em 1863 e de
Haifa em 1880 Eilat em 1949 e em 1972
V - NAZARÉ
Situada
em um grande monte, a 400 metros acima do nível do mar, Nazaré encontrasse a 170
quilômetros de Jerusalém. No tempo das chuvas, as encostas da cidade ficam recobertas
por lindas flores. O nome dessa importante localidade significa florescer. Jesus
Cristo foi criado nessa cidade. Por isso mesmo, Ele é chamado de Nazareno. Até
1948, Nazaré era controlada por muçulmanos. Mas, em 16 de julho de 1948, passou
ao domínio dos israelenses.
VI - CAFARNAUM
Cafarnaum
foi escolhida por Jesus para ser o centro de seu ministério. Seu nome significa
"aldeia de Naum". Em Cafarnaum, Jesus passou dezoito meses,
realizando grandes milagres. Seus habitantes, entretanto, não receberam a
mensagem de amor do Messias. E, conforme as palavras de Cristo, Cafarnaum
desceu, de fato, até o inferno. Nunca mais foi edificada.
VII - SAMARIA
A
cidade, construída por Onri, pai de Acabe, encontra-se a 60 quilômetros ao
Norte de Jerusalém. Situa-se a 400 metros acima do Mediterrâneo. Após o cisma
israelita, Samaria passou a ser a capital do Reino de Israel. Para essa cidade,
foram transportados, após o cativeiro israelita, povos estranhos que,
juntamente com alguns hebreus, deram origem aos samaritanos. Mais tarde, estes
causaram muitos embaraços a Esdras e a Neemias. No tempo de Jesus, ainda era
grande a rivalidade entre as comunidades hebraica e samaritana.
VIII - DECÁPOLIS
No
grego, Decápolis significa "dez cidades". Esse agregamento estava
situado em espaçoso território a leste do mar da Galiléia. As cidades foram
construídas por gregos, na tentativa de helenizar a região. Sofreram,
entretanto, grande oposição dos judeus, principalmente da família macabéia. Kibutz
Beit Alfa em 1921 e em 1970 Eis os nomes das dez cidades, segundo Plínio:
Citópolis, Damasco, Rafana, Canata, Gerasa, Diom, Filadélfia, Hipos Gadara,
Pela. Essa confederação desempenhou relevante papel na propagação da cultura
helena no Oriente. O evangelho encontrou, também, fértil terreno em Decápolis. Cada
cidade possuía suas forças militares que, em tempo de crise, uniam-se às falanges
romanas.
IX - ESTRADAS DA TERRA
SANTA
Na
era patriarcal, já havia estradas cruzando a Terra Santa em todas as direções.
No
início,
eram trilhos. Passados alguns séculos, carros de ferro já cruzavam o território
israelita sem quaisquer dificuldades. Após a conquista dos romanos, foram
construídas
muitas
estradas pavimentadas para o rápido deslocamento de tropas militares. Via
Maris: Ligava Damasco a Tolemaida. Atravessava todo o território israelita,
passando por Cafarnaum e Genezaré. Alguns trechos dessa estrada eram
pavimentados e, por isso, os romanos cobravam pedágio para a sua manutenção.Estrada
da costa: Também conhecida como Caminho dos Filisteus. Ligava o Egito à Terra
Santa. Tinha mais de 120 quilômetros de extensão. Por essa estrada, passaram
diversos exércitos
conquistadores.
Jesus e, mais tarde, Paulo, também a percorreram. Estrada do Leste: Era uma
excelente via de comunicação entre Jerusalém e Betânia. Os judeus que moravam
na Galiléia e iam adorar no Templo tinham que percorrê-la. Por essa estrada, passaram,
provavelmente, Saulo e seus companheiros, quando se dirigiram a Damasco para perseguir
os cristãos. Estrada do Centro: Ligava Jerusalém ao Sul do país. Na realidade,
tratava-se de duas estradas que, ao chegar a Hebrom, bifurca-vam-se, uma descia
em direção a Gaza e, a outra, a Berserba. Obras Consultadas A Bíblia anotada
por Dake A Terra Santa em Cores - por Sami Awwad A vida diária nos tempos de
Jesus - Henri Daniel – Rops Antigüidades Judaicas - Flávio Josefo Assim vive
Israel - Abraão de Almeida Através da Geografia Bíblica, uma viagem à Terra de
Deus - Wl Jl Goldsmith Dicionário da Bíblia - John Davis Dicionário da Língua
Portuguesa - Aurélio Buarque de Holanda Dicionário Universal da Bíblia –
Buckland Enciclopédia Barsa Enciclopédia de Assuntos JudaicosEnciclopédia
Mirador Este é Israel - Marcos Margulies Geografia Bíblica - Enéas Tognini Geografia
Bíblica - Osvaldo Ronis Geografia Histórica da Bíblia - Netta Kenp de Monney Geografia
da Terra Santa - Enéas Tognini História do Cristianismo - A. Knight História
Geral - Souto Maior História da Grécia - Mario Curtis Giordani História da
Igreja Cristã - Jesse Lyman Hurbbut História de Israel - Abba Eban História de
Israel - Samuel Shultz História do povo de Israel - Simon Dubnowv Iniciação à
Economia - Silvio Barreti Manual Bíblico - Henry Halley Novo Dicionário da
Bíblia - Edições Vida Nova O Mundo do Novo Testamento - Dana Pequena Enciclopédia Bíblica - Orlando
Boyer Período Interbíblico - Enéas Tognini Povos e Nações do Mundo Bíblico -
Antônio Neves de Mesquita
FIM
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