FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO LIVRE
ESCATOLOGIA
CONCEITO GERAL
Apresentaremos nesta
apostila as três Escolas Escatológicas mais conhecidas:
Pré-milenar; Pós-milenar e A-milenar – Começaremos pela visão escatológica
chamada de Pré-milenar, ou seja, a visão em que Jesus volta antes
do Milênio.
A HERMENÊUTICA E A ESCATOLOGIA
Sendo a hermenêutica a responsável pelo estudo das regras
de interpretação bíblica não seria possível deixá-la de fora de um trabalho
como este, já que a escatologia trabalha em meio a muitas profecias e passagens
de difícil compreensão, por isso precisaremos conhecer os dois principais
métodos de interpretação para que tomemos um caminho coerente nas Escrituras, e
acima de tudo não a deturpemos para provar teorias infundadas.
O alegorismo e o literalismo são hoje, os métodos mais
utilizados, sendo que o primeiro vem ganhando mais espaço entre os teólogos,
espaço este antes dominado, quase em totalidade pelo método literal.
1.1- O ALEGORISMO
O alegorismo tem suas raízes no platonismo e no alegorismo
judaico, dois de seus defensores são Orígenes (185-254) escritor, teólogo e
professor e Clemente de Alexandria que faziam parte da escola de Alexandria.
Orígenes defendia que a interpretação era dividida em três aspectos o literal,
ao nível do corpo, o moral, ao nível da alma, e o alegórico, ao nível do
espírito. Clemente por outro lado defendia cinco pontos a serem usados para
interpretação de um texto: o histórico, o doutrinário, o profético, o
filosófico e o místico. Agostinho de Hipona reformulou os sentidos do
alegorismo e os transformou em quatro: o sentido literal, o que o texto
realmente quer dizer; o sentido moral, uma visão do texto que retratasse um
ensinamento sobre conduta; sentido alegórico, como crer e em quem crer e de que
maneira; o sentido analógico, o que o texto promete ou representa para o
futuro. Assim vemos que Agostinho ao ler um texto tinha consciência de seu
sentido literal, mas empregava outros mecanismos para que o texto dissesse mais
que o que estava escrito.
Para definirmos o alegorismo podemos dizer que este método
é aquele que em lugar de reconhecer o texto como naturalmente se apresenta,
perverte-o dando um sentido secundário anulando a intenção primária do
escritor, um exemplo deste tipo de interpretação está em Apocalipse 20 quando
João fala a respeito de um período de mil anos em que a teocracia seria
instituída e o próprio Jesus reinaria sobre a terra, os alegoristas ou
espiritualizadores de textos dizem que este período está sendo cumprido agora
pela igreja, e os mil anos não são literais, mas sim espirituais. Grandes
perigos rondam a alegorização já que esta não interpreta as Escrituras, mas dá
um novo sentido a ela baseados na imaginação do intérprete, sendo que, como diz
a regra fundamental da hermenêutica, a Bíblia deve explicar-se por si mesma.
Por muitos motivos a interpretação das Escrituras por
alegorização deve ser rejeitada, no entanto é importante que fique claro que
num sermão usa-se de alegorias para trazer um ensino à igreja dentro de um
texto que às vezes foge do seu sentido literal, porém isso é permitido, pois se
trata apenas da aplicação de conceitos contidos no texto em uso, o que não se
permite é estabelecer doutrinas baseadas em textos alegorizados como o exemplo
acima citado que perverte um ensino bíblico com uma interpretação mística de um
texto que não poder ser compreendido de outra maneira senão literalmente. É
importante ressaltar que o método alegórico trata-se de um sistema usado para
interpretar a bíblia e nada tem a ver com alegorias existentes nas Escrituras.
1.2- O LITERALISMO
Também conhecido como método histórico-gramatical o
literalismo difere do alegorismo por interpretar as palavras e frases de uma
maneira natural como elas se apresentam; o Dr J.D. Pentecost define o método
literal da seguinte maneira:
“O método literal de interpretação é
o que dá a cada palavra o mesmo sentido básico e exato que teria no uso
costumeiro, normal, cotidiano empregada de modo escrito oral ou conceitual”.
Com certeza este é o único método que satisfaz as
exigências bíblicas no sentido de trazer uma interpretação equilibrada e dentro
de um contexto correto, ou seja, ele não modifica a idéia inicial que o autor
procurou transmitir, mas a explica de maneira coerente. A bíblia foi elaborada
por Deus para que o homem conhecesse seus propósitos e mandamentos e, portanto
não permitiria que este mesmo homem interpretasse seus ensinos literais dando a
eles um novo sentido, portanto Deus espera que suas palavras sejam entendidas
da maneira como ele as disse, é certo que temos linguagens figuradas,
simbólicas e alegorias nos textos bíblicos, no entanto o fato deles existirem
não obriga ao interprete usar outros métodos, pois por trás das parábolas,
tipos, figuras e símbolos estão verdades literais, sabemos também que, não
podem ser interpretados ao pé da letra, mas deve-se sempre buscar dentro do
contexto, em passagens paralelas, tipos paralelos que tenham a explicação
contida na bíblia, a compreensão correta do texto.
Um exemplo de alegoria se vê em João 15:5 quando Jesus diz
que Ele é uma videira e seus discípulos os ramos, ou em João 6:51-58 onde diz:
“Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se
alguém dele comer, viverá eternamente;... Em verdade, em verdade vos digo: se
não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes
vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida
eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira
comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o
meu sangue permanece em mim, e eu, nele”.
É obvio que Jesus não é uma videira ou um pão, nem também
ele gostaria que literalmente sua carne fosse comida, no entanto o que os
textos expressam é o fato da comunhão, a ligação que o homem precisa ter com
Cristo. Mesmo sendo uma alegoria o texto traz uma verdade literal e absoluta
que não aceita outra interpretação senão a que o texto sugere.
Vejamos um exemplo de um texto que tem uma linguagem
figurada que não pode ser levada ao pé da letra, mas que traz uma verdade
literal. Lucas 19:40: “Mas ele lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se
calarem, as próprias pedras clamarão”. Nos é claro que as pedras não falariam,
porém usa esta expressão para advertir aos que se incomodavam com o clamor do
povo.
1.2.1 - Os judeus e o literalismo.
Os muitos mandamentos e advertências de Deus para seu povo
necessitavam de que fossem passados a eles seja pelo profeta, juiz ou sacerdote
e isto fazia com que este interpretasse as palavras de Deus para então serem
transmitidas, quando estas mensagens eram escritas pelos receptores também
careciam de interprete para que o ensino fosse totalmente entendido, mas qual
método era usado para esta interpretação? Quando Deus falava, suas palavras eram
entendidas literalmente? A resposta é sim. O método usado pelos Judeus para
interpretar todos os oráculos do Senhor era o literal. Quando Deus disse para
Adão e Eva que se comessem o fruto da arvore do conhecimento morreriam ele
queria que assim como falou fosse entendido, e comendo o fruto o casal provou
do castigo da literal advertência de Deus.
Quanto às profecias, os judeus aguardavam delas um
cumprimento literal, as que falavam da vinda do Messias (Gn 3:15; Nm 24:17; Gn
49:10; Is 9; Mq 5:2 etc) alimentavam a esperança da nação que aguardava um
cumprimento literal de todas elas.
1.2.2 - O literalismo no Novo Testamento.
Não só Jesus, mas também os discípulos sempre
interpretaram os livros do antigo testamento de maneira literal. Jesus em Mt
12:17 ao mencionar a si mesmo, disse que nele se cumpriria a profecia de Isaias
que está em Is 42:1-4, ou seja, o que disse o profeta, Jesus interpretou como
literal não alegorizando seu sentido; outro versículo interessante que mostra a
interpretação literal está em Lc 18:31.
Tomando consigo os doze, disse-lhes Jesus: Eis
que subimos para Jerusalém, e vai cumprir-se ali tudo quanto está escrito
por intermédio dos profetas, no tocante ao Filho do Homem;
Os apóstolos procediam da mesma maneira, João 19:24, 28,
36 demonstram que o apóstolo via na crucificação e morte de cristo, o
cumprimento literal de profecias do antigo testamento.
1.2.3 - O literalismo na história da igreja
Por toda a história da igreja, mesmo com o surgimento de
outros métodos de interpretação os grandes nomes do cristianismo verdadeiro
sempre interpretaram as Escrituras da mesma forma que Jesus ensinou e os
apóstolos praticaram o que segue são breves comentários referentes ao uso do
literalismo no decorrer da história da igreja de Cristo.
a) Na igreja primitiva
Grandes nomes da igreja primitiva criam nas
Escrituras assim como elas ensinavam, como exemplo, temos Papias que viveu
entre 70 e 140 d.C que ao escrever sobre a profecia de Apocalipse que menciona
a existência do reino milenial ele diz:
"Haverá
dias em que nascerão vinhas que terão, cada uma, dez mil videiras; cada videira
terá dez mil ramos; cada ramo terá mil galhos; cada galho terá dez mil cachos e
cada cacho terá dez mil uvas e cada uva espremida renderá vinte e cinco
metretes de vinho. E quando um dos santos pegar um dos cachos, o outro cacho
gritará: 'pega-me porque sou o melhor e, por meu intermédio, bendize o Senhor'.
Da mesma forma, um grão de trigo produzirá dez mil espigas e cada espiga dará
dez mil grãos; cada grão dará dez libras de farinha branca e limpa. Também os
outros frutos, sementes e ervas produzirão nessa mesma proporção. E todos os
animais que se alimentam dos alimentos dessa terra se tornarão pacíficos e
viverão em harmonia entre si, submetendo-se aos homens sem qualquer
relutância".
Isso quer dizer que enquanto hoje, muitos teólogos ensinam
que o milênio nunca existirá literalmente, os cristãos primitivos acreditavam
piamente em sua existência.
Outro texto antigo que nos informa como os cristãos
antigos viam as promessas de Jesus, é uma frase extraída da “Apologia de
Aristides” que foi escrita por volta do século II, onde o autor fala da vinda
de Cristo, “A glória de sua vinda poderás - ó Rei
- conhecê-la, se lerdes o que entre eles (os cristão) se chama Escritura
Evangélica”. Aqui Aristides não só defende
o ensino da volta de Cristo como fala de sua referência nas Escrituras.
Atanásio, teólogo do século quatro,
em sua carta a Marcelino, a respeito da interpretação dos Salmos, faz ligação
entre os acontecimentos verídicos do Pentatêuco e Juizes com os Salmos
interpretando-os de maneira literal, como sendo narrativas dos eventos passados
e não trazendo novos sentidos a eles como fazem os alegoristas.
Os fatos
concernentes a Josué e aos Juízes como o referem brevemente o Salmo 106 com as
palavras: "Fundaram cidades para habitar nelas, semearam campos e
plantaram vinhas" (Sal 106, 36-37). Pois foi sob Josué que se lhes
entregou a terra prometida. Ao repetir reiteradamente no mesmo Salmo: "Então
gritaram ao Senhor em sua atribulação, e Ele os livrou de todas suas
angústias" (Sal 106,6), está indicando o livro dos Juizes. Já que
quando eles gritavam os suscitavam juízes a seu devido tempo para livrar a seu
povo daqueles que o afligiam. O referente aos reis se canta no Salmo 19 ao
dizer: "Alguns se vangloriam em carros, outros em cavalos, porém, nós,
no nome do Senhor nosso Deus. Eles foram detidos e caíram; porem nós nos
levantamos e mantivemo-nos em pé. Senhor, salva ao Rei e escuta-nos quando te
invocamos!" (Sal 19,8-10). E o que se refere a Esdras, o canta no
Salmo 125 (um dos salmos graduais): "Quando o Senhor trocou o cativeiro
de Sião, ficamos consolados" (Sal 125,1); e novamente no 121: "Me
alegrei quando me disseram: 'Vamos à casa do Senhor'. Nossos pés percorreram
teus palácios, Jerusalém; Jerusalém está edificada qual cidade completamente
povoada. Pois ali sobem as tribos, as tribos do Senhor, como testemunho para
Israel" (Sal 121,1-4). (A numeração dos Salmos é referente ao texto
original Católico Romano)
Teodoro
de Mopsuéstia, grande teólogo e pensador cristão do século IV e V perseguiu de
maneira voraz o método alegórico de interpretação, e ao comentar disse:
“Há
pessoas que se empenham em distorcer os sentidos das Escrituras divinas e fazem
tudo quando está escrito servir a seus próprios fins... Eles arquitetam algumas
fábulas tolas em sua própria mente e dão à sua tolice o nome de alegoria. Usam
mal o termo do apóstolo como uma autorização em branco para suprimir todos os
sentidos da Escritura divina”.
Mesmo com o início da ascensão do alegorismo
o método literal foi defendido pelos mais ilustres teólogos e mestres da
história, um exemplo destes é Tertuliano, tido por muitos, como o maior depois
do apóstolo Paulo.
b) Entre os reformadores
Durante quase toda a idade média a igreja Católica Romana
teve o domínio da interpretação bíblica atribuindo a si mesma, como a única
capaz de fazê-lo corretamente:
“Pois tudo o que concerne à maneira
de interpretar a Escritura, está sujeito em última estância ao juízo da igreja,
que exerce o mandato e ministério divino de guardar e interpretar a palavra de
Deus”.
(Bíblia
Ave Maria, Constituição dogmática Dei
Verbum sobre a revelação divina).
Com a reforma protestante, o método literal
volta com grande força por ser este o método usado por seus líderes. Weldon E.
Viertel em seu artigo sobre os “Princípios Hermenêuticos de João Calvino”,
escreve:
“Calvino
doutrinava que a primeira responsabilidade de um intérprete é deixar que o
autor diga aquilo que de fato diz, em vez de atribuir a ele o que nós pensamos
que ele deveria dizer. É tarefa do intérprete mostrar a mente do escritor.
Considerou como sacrilégio o uso da Escritura à mercê do prazer de cada um. Ele
recusou apresentar seus pontos de vista teológicos em conjunto com sua
interpretação da Escritura. Os princípios de Calvino sobre a interpretação
incluíam o sentido literal (princípio gramático-histórico) (...)”.
Sabemos que parece um pouco contraditório o fato de
Calvino ser literalista e espiritualizar vários textos, principalmente
escatológicos, para que seus ensinos sejam fundamentados, porém o que nos
importa é seu reconhecimento quanto ao uso indispensável do método literal.
Todo o movimento reformista aderiu ao método literal, a
declaração de fé de Westminster tem o seguinte parágrafo:
“A regra infalível de
interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão
sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que
não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por
outros textos que falem mais claramente”.
Este foi incluído também, na declaração de fé Batista de
1689.
Paulo R. B. Anglaba em seu artigo faz comentário sobre o
rompimento com o alegorismo medieval:
John Colet
(1467-1519) foi um dos primeiros reformadores a romper com o método alegórico
medieval, ao expor em 1496, em Oxford, as cartas do apóstolo Paulo em seu
sentido literal e no seu contexto histórico. Três anos depois, em 1499,
ele já sustentava o princípio de que as Escrituras não podem ter senão um único
significado: o mais simples.
Lutero também
rejeitou a interpretação alegórica. Defendeu que ‘‘nós devemos nos ater ao
sentido simples, puro e natural das palavras, como requerido pela gramática e
pelo uso do idioma criado por Deus entre os homens.’’
Quanto a Calvino, sua
aversão à interpretação alegórica era de tal ordem que ele chegou a afirmar ser
satânica, por desviar o homem da verdade das Escrituras. ‘‘É uma audácia
próxima do sacrilégio’’, escreveu ele, ‘‘usar as Escrituras ao nosso bel-prazer
e brincar com elas como com uma bola de tênis, como muitos antes de nós o
fizeram’’.
Muitos outros nomes poderiam ser citados,
porém os destacados falam por todo o grupo, que mesmo divergindo em questões
doutrinárias tinham comum parecer quanto ao método de interpretação.
A conclusão que
chegamos, tendo em vista que a igreja moderna e a contemporânea seguiram os
passos da reformada quanto à hermenêutica, é que não há outro método de
interpretar a palavra de Deus, que não seja o de respeitar e não deturpar o seu
sentido original, ou seja, levar em consideração aquilo que o escritor
realmente queria dizer.
O fato é que na
escatologia lidamos com textos de difícil elucidação, no entanto não temos o
direito de dar-lhe outro sentido apenas baseando-se em nossos pensamentos e
raciocínios e é justamente o que tem acontecido em nossos dias. Sobre os que
brincam com o sentido das Escrituras, Teodoro de Mopsuéstia disse “agem como
se toda a narrativa histórica da Escritura divina de nenhum modo diferisse de
sonhos à noite”.
O DISPENSACIONALISMO E SUAS ALIANÇAS
É de suma importância
nos determos, por breve momento, no estudo das dispensações já que esta está
ligada fortemente a escatologia. Os pactos realizados por Deus durante determinado
tempo da história permanecem até hoje e as promessas inclusas nestes pactos
esperam cumprimento total. Dispensações são períodos de tempo em que Deus
estabelece diferentes maneiras de tratar com seu povo, sendo que em cada uma
delas há a pactos estabelecidos por Deus em que são feitas promessas que foram
ou serão cumpridas e também exigências como condições para que as alianças ou
parte delas sejam concluídas. É interessante ressaltar que as alianças ou
pactos tinhas características diferentes relativas ao seu cumprimento, algumas
eram totalmente condicionais, onde, aquela pessoa ou nação com quem foi feita a
aliança, deveria cumprir alguns pormenores para sua realização. As
incondicionais ao contrário, não estavam dependentes da pessoa ou grupo com que
a aliança era feita, Deus prometia e independente de qualquer coisa ele se
comprometia a fazer.
O dispensacionalismo
apresenta todo o plano de Deus através dos séculos por períodos, como se fossem
capítulos de um livro, embora sejam distintos têm o mesmo contexto, ou seja,
mesmo as dispensações sendo diferentes estão interligadas e elas tratam do
mesmo contexto, que é a revelação de Deus ao homem e também o desenvolvimento
deste relacionamento.
No quadro abaixo veremos um resumo das
dispensações e suas alianças:
AS DISPENSAÇÕES ALIANÇAS DA DISPENSAÇÃO
INÍCIO DA DISPENSAÇÃO
1-
da Inocência -
1- Edênica Gn
1:27-30 - Na criação
2-
da Consciência - 2- Adâmica Gn 3:14-21 - Na queda do homem (durou cerca 1656 anos)
3-
do Governo humano - 3- Noêmica Gn 9:1-17 - No
fim do dilúvio (durou cerca de 415 anos)
4-
Patriarcal - 4- Abraâmica Gn 12:1-3 - Na chamada de Abraão (durou cerca de 430
anos)
5-
da Lei - 5- Mosaica Ex
19:1-25 - No Sinai quando Deus dá a lei a Moisés (1445 a.C.)
6- Palestínica Dt 28,19,30
7- Davídica
IISm 7:12; Sl 89:3-4
6-
da Graça ou da Igreja 8- Nova aliança
- Na morte vicária de Cristo na Cruz do Calvário
7-
Milenial Não
existe aliança específica para esta dispensação, mas sim a confluência de
algumas que encontrarão seu total cumprimento. -
Na vinda de Cristo para julgar a terra e estabelecer seu reino.
2.1-
AS ALIANÇAS E A ESCATOLOGIA
Encontramos nas alianças: Abraâmica,
Mosaica, Palestínica e Davídica, implicações escatológicas que resolvem e
explicam grandes discussões em várias áreas da doutrina. O que estudaremos a
seguir serão estas implicações e o que cada uma delas representa para a igreja,
para os gentios e para Israel.
A aliança com Abraão é a raiz das
demais, Deus prometeu ao patriarca a posse da terra e isto foi confirmado pela
aliança palestina. A promessa também inclui a formação de uma numerosa nação e
o estabelecimento de um reinado eterno confirmado na aliança Davídica. Através
de sua descendência todas as nações seriam abençoadas o que é confirmado na
Nova Aliança. Veja no esquema abaixo e confira as referências, as promessas e
suas ligações com as outras alianças.
2.2- ALIANÇA
ABRAÂMICA
A cronologia bíblica mais aceitável
apresenta o nascimento de Abraão no ano 2166 a .C., na era do baixo bronze IV. Filho de
Terá morava na cidade Sumeriana, Ur dos Caldeus que ficava às margens do rio
Eufrates, neste tempo a cidade havia sido conquistada por povos bárbaros ocasionando
a saída de seu pai juntamente com filhos e noras para a cidade de Harã, onde
Deus se revela a ele. Seu chamado está registrado em Gênesis 12:1-3
“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua
terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te
mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o
nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que
te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra”.
Em outros textos encontramos
complementos desta aliança:
Gênesis 12:6-7 Atravessou Abrão a
terra até Siquém, até ao carvalho de Moré. Nesse tempo os cananeus habitavam
essa terra. Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência
esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe aparecera.
Gênesis 13:14-17 Disse o SENHOR a
Abrão, depois que Ló se separou dele: Ergue os olhos e olha desde onde estás
para o norte, para o sul, para o oriente e para o ocidente; porque toda essa
terra que vês, eu ta darei, a ti e à tua descendência, para sempre. Farei a tua
descendência como o pó da terra; de maneira que, se alguém puder contar o
pó da terra, então se contará também a tua descendência. Levanta-te, percorre
essa terra no seu comprimento e na sua largura; porque eu ta darei. (leia
também 15:1-21; 17:1-14)
Podemos numerar as promessas da
seguinte forma:
1.
De
Abraão sairia uma grande nação.
2.
Ele
seria abençoado;
3.
Seu
nome seria engrandecido;
4.
Ele
mesmo seria uma grande bênção;
5.
Deus
promete abençoar os que o abençoassem e amaldiçoar os que o amaldiçoassem;
6.
Através
dele e de sua descendência todas as nações seriam abençoadas;
7.
Canaã
seria de sua descendência;
8.
A
possessão da terra seria eterna;
9.
Seria
o patriarca de vários reis;
10.
A
aliança permaneceria perpetuamente em sua descendência.
Qualquer aliança feita por Deus com os homens
pode ter ou não uma condição, ou seja, se a pessoa ou o povo tiver que fazer
algo para que o pacto venha a ser cumprido é uma aliança condicional, se for ao
contrário é uma aliança incondicional.
A aliança de Deus com Abraão tem uma
condição inicial que é “Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai
e vai para a terra que te mostrarei”. Ao cumprir esta parte todo o restante era
de caráter incondicional, Deus iria cumprir. Eugene H. Merril ao comentar sobre
o caráter da aliança diz:
A divina promessa da
terra e as outras bênçãos (Gn 12:1-3; 15:18-21; 17:1-8) estão registradas numa
forma de aliança tecnicamente conhecida nos estudos do antigo oriente Médio
como sendo um “concerto da graça”. É uma iniciativa que parte daquele que
concede o favor, e quase sempre sem que para isso exista quaisquer
pré-requisito ou qualificação.
No Novo Testamento vemos claramente a
imutabilidade da aliança Abraâmica em Hebreus 6:13-17
Pois, quando Deus fez
a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou
por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei e te multiplicarei. E assim,
depois de esperar com paciência, obteve Abraão a promessa. Pois os homens juram
pelo que lhes é superior, e o juramento, servindo de garantia, para eles, é o
fim de toda contenda. Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente
aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com
juramento,(...)
As promessas a Abraão eram
definitivas, pois dele surgiria uma grande nação, e para sua posteridade seria
dada a terra de Canaã como posse eterna; seu nome seria grande e quem ele
abençoasse seria abençoado, se amaldiçoasse seria amaldiçoado; através dele
todas as nações seriam abençoadas e a aliança que Deus estabelecia com ele
seria eterna. As promessas da aliança têm caráter literal e não figurado, se
Deus o prometeu iria cumprir cabalmente todas elas. É notório que as promessas
não foram, ainda, realizadas em sua totalidade já que Israel nunca possuiu a
terra de maneira definitiva, o reinado literal ainda não existe, porém, como
veremos adiante, estas promessas encontrarão cumprimento no milênio.
2.3- ALIANÇA
PALESTINA
Após a aliança Mosaica ser
decididamente desobedecida, e chegar o momento de transição de liderança, Deus
fala a Moisés e renova a aliança estabelecida com o pai Abraão, o caso é que
devido à desobediência não se tinha mais esperança de entrar na terra prometida
e esta revitalização da promessa trazia consigo uma nova esperança ao povo de
Israel. Esta aliança é encontrada em Deuteronômio 30:1-10:
Quando, pois, todas estas coisas vierem
sobre ti, a bênção e a maldição que pus diante de ti, se te recordares delas
entre todas as nações para onde te lançar o SENHOR, teu Deus; e tornares ao
SENHOR, teu Deus, tu e teus filhos, de todo o teu coração e de toda a tua alma,
e deres ouvidos à sua voz, segundo tudo o que hoje te ordeno, então, o SENHOR,
teu Deus, mudará a tua sorte, (...) O SENHOR, teu Deus, te introduzirá na terra
que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem e te multiplicará mais do
que a teus pais. O SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de
tua descendência, para amares o SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a
tua alma, (...) pois, darás ouvidos à voz do SENHOR;(...) O SENHOR, teu Deus,
te dará abundância em toda obra das tuas mãos, no fruto do teu ventre, no fruto
dos teus animais e no fruto da tua terra(...) se deres ouvidos à voz do SENHOR,
teu Deus(...)
O ponto central desta aliança é a
possessão da terra que havia sido prometida à descendência de Abraão, e perdida
devido a desobediência de Israel (Dt 28:63-68), no entanto o novo pacto traria
não só o restabelecimento da promessa mais sua reafirmação. Vejamos os pontos
desta aliança:
1.
Deus
tirará Israel do cativeiro (v.3-4)
2.
Seria-lhes
restituída a terra por posse eterna; (v.5)
3.
Teriam
grande prosperidade (v.5,9)
4.
Deus
converterá toda a nação para si (v.6)
5.
É-lhes
garantida proteção contra os inimigos (v.7)
A promessa de Deus para Israel
permanece firme e inabalável. Claramente se vê uma repetição do que foi
prometido a Abraão de maneira também incondicional, o fato de a conversão de
Israel ser aparentemente a condição para que Deus cumpra sua promessa não torna
a aliança condicional, pois o Senhor disse que converteria seu povo, veja bem,
ele seria o autor da conversão:
SENHOR, teu Deus, (ele)
circuncidará o teu coração e o coração de tua descendência, para amares o
SENHOR, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas. De
novo, pois, darás ouvidos à voz do SENHOR; cumprirás todos os seus mandamentos
que hoje te ordeno.
O único fator que adiaria ou atrasaria
o cumprimento da promessa seria, quando; ou seja, o tempo em que Israel desse
ouvido ao Senhor (Dt 28:2), isto não condiciona a promessa porque o tempo desta
conversão será determinado
por Deus “porém o SENHOR não vos deu coração para entender, nem olhos
para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje” (Dt 29:4). E esta
“abertura de ouvidos” ocorrerá no fim da grande Tribulação.
E sobre a casa de
Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito da graça e
de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão como quem
pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora amargamente pelo
primogênito. Naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de
Hadade-Rimom, no vale de Megido.(Zc 12:10-11)
2.4- ALIANÇA DAVÍDICA
A aliança com Davi também está ligada
diretamente a Abraâmica, porém com pormenores que se referiam a Davi e seus
descendentes. Sua apresentação por parte de Deus através do profeta Natã se
encontra em 2Sm 7:12-16:
Quando teus dias se cumprirem e descansares
com teus pais, então, farei levantar depois de ti o teu descendente, que
procederá de ti, e estabelecerei o seu reino. Este edificará uma casa ao meu
nome, e eu estabelecerei para sempre o trono do seu reino. Eu lhe serei por pai, e ele me será por
filho; se vier a transgredir, castigá-lo-ei com varas de homens e com açoites
de filhos de homens. Mas a minha misericórdia se não apartará dele, como a
retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti. Porém a tua casa e o teu reino
serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será estabelecido para
sempre.
Davi havia colocado em seu coração o
desejo de construir um templo ao Senhor (2Sm 7:2), Deus não permitiu, porém fez
com ele esta aliança onde podemos observar que:
1.
Deus
lhe daria um filho (Salomão);
2.
Após
sua morte o reino seria entregue a este filho;
3.
Seu
filho edificaria o templo do Senhor;
4.
Deus
amaria esse filho;
5.
Deus
promete ter misericórdia de seu filho mesmo diante de suas transgressões;
6.
Sua
casa (descendência), seu reino (nação) e seu trono seriam estabelecidos para
sempre.
Deus deixa claro para Davi que
ninguém, a não ser de sua descendência, sentaria no trono (Sl 89:3-4) e esta
promessa como todas as outras é de caráter incondicional, Deus se compromete a
fazer. Só nos resta saber quem será este descendente que sentará no trono, uma
vez que Israel está novamente em sua terra e formando novamente uma nação,
sobre isto o apóstolo Pedro em Atos 2:30-31:
Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe
havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono, prevendo
isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o
seu corpo experimentou corrupção.
Lucas 1:31-33 esclarece:
Eis que conceberás e
darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus. Este será grande e
será chamado Filho do Altíssimo; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi,
seu pai ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não
terá fim.
Ao amilenistas (os que não crêem na
existência de um milênio literal) tem lutado para provar que este reino é
espiritual e que a igreja cumpre esta promessa, onde Jesus, o descendente de
Davi, reina soberano, no entanto para tal interpretação é necessário
espiritualizar demasiadamente o texto e seu cumprimento, não observando que
desde o início os eventos prometidos como: o nascimento de Salomão, a construção
do templo, seu reinado, seus pecados e castigo divino, como também a
permanência da misericórdia do Senhor em sua vida, que foram cumpridos
literalmente. Estes acontecimentos literais, indicam o caráter da promessa, o
fato é que os amilenistas argumentam que estes cumprem apenas a parte literal
da aliança, permanecendo a parte espiritual cumprida por Cristo ao longo de seu
reinado sobre a igreja.
O reino prometido a Davi era
totalmente literal, o próprio Jesus pregou o reino dessa forma em Mt 25:31-33.
Quando vier o Filho
do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no
trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e
ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e
porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda.
Não há a menor base para um reino
espiritual cumprir este aspecto da aliança, o fato de em apocalipse Jesus ser
apresentado num trono não permite ligação ao trono de Davi, apenas indica a
majestade de Cristo. O profeta Ezequiel também fala da permanência literalmente
perpétua do trono de Davi em 37:24:
O meu servo Davi
reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, andarão nos meus juízos,
guardarão os meus estatutos e os observarão.
Jesus é o grande rei “que veio para os
seus, mas os seus não o receberam”, porém retornará e estabelecerá seu trono.
Deus tem providenciado a preservação da casa de Davi, isto é, a nação de
Israel, a qual irá, no final da grande tribulação, ter seu trono ocupado
através de seu “descendente”, Jesus que virá para instituir seu reino
eterno.
2.5- NOVA ALIANÇA
Esta com certeza é das quatro a que
traz mais dúvidas e questionamentos, no entanto quando averiguamos as
Escrituras todos desencontros se dissipam. Deus havia estabelecido uma aliança
com Moisés (Ex. 19:1-25), nela foram prometidos benefícios exclusivos à nação
de Israel, entretanto esta aliança era temporária, e assim é chamada em Hebreus
8:13, por isso em Jeremias 31:31-33, Deus promete uma nova e definitiva aliança,
chamada de eterna em Is 61:8, na qual eram prometidas bênçãos materiais e
espirituais definitivas para Israel. O texto de Jeremias 31:31-40 diz o
seguinte:
Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei
um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o concerto que fiz com seus
pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito,
porquanto eles invalidaram o meu concerto, apesar de eu os haver desposado, diz
o SENHOR. Mas este é o concerto que
farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: porei a minha
lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo. E não ensinará
alguém mais a seu próximo, nem alguém, a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR;
porque todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior, diz o SENHOR;
porque perdoarei a sua maldade e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.
Assim diz o SENHOR, (...) esta cidade será reedificada para o SENHOR, desde a
Torre de Hananel até à Porta da Esquina.(...) Esta Jerusalém jamais será
desarraigada ou destruída.
O resumo desta promessa de aliança é:
1.
A
promessa de uma nova e futura aliança;
2.
Esta
promessa é exclusiva a Israel e a casa de Judá;
3.
Uma
conversão real e definitiva;
4.
Comunhão
eterna entre Deus e Israel;
5.
Perdão
dos pecados e esquecimento dos mesmos por parte de Deus;
6.
Jerusalém
será reedificada e eternizada.
Encontramos uma repetição desta
aliança em Ezequiel 37:21-28, os termos são os mesmos, porém destacamos os
versos 26 e 27 que dizem:
Farei com eles aliança de paz; será aliança
perpétua. Estabelecê-los-ei, e os multiplicarei, e porei o meu santuário no
meio deles, para sempre. O meu tabernáculo estará com eles; eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo.
O escritor de Hebreus defende o
sacerdócio de Cristo como sendo o mediador da nova aliança (Hb 8:6) e diz que a
primeira aliança era ineficaz, falando da mosaica, que, portanto, deveria ser
substituída por uma eficaz e eterna (Hb 8:7,13). O escritor continua no
capítulo 9 a
discorrer o assunto dizendo que Moisés ao receber a lei (aliança) aspergiu
sangue sobre o povo, sobre o tabernáculo e os vasos do ministério (v.19-21) “dizendo: Este é o sangue da aliança, a qual
Deus prescreveu para vós outros”. E
complementa dizendo que “quase todas as
coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue,
não há remissão”. O fato é que ano após ano haveria de fazer novos
sacrifícios para se alcançar o “perdão” dos pecados, tornando esta aliança
incompleta, ou, como diz o escritor, ”uma
sobra de bens futuros”. Jesus sendo o próprio sacrifício aceitável diante
de Deus, (Hb 9: 11-17) tornou-se o mediador desta aliança, tornado-a perfeita e
completa.
Um problema surge quando observamos
que esta, como todas as outras, foram feitas com Israel e a Casa de Judá e não
com a igreja, isso quer dizer que esta não pode cumprir a aliança pois apenas
Israel e Judá o poderiam fazer. Vemos na proclamação da aliança Deus dizer “Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei
um concerto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá”. O caso é que
os amilenistas dizem que a igreja hoje cumpre esta aliança tornando
desnecessário um milênio literal, no entanto é impossível, pois, aqueles que
crêem no sacrifício de Jesus pela fé, são, como diz o apóstolo Paulo, enxertados (Rm 11:24), não são
ramos naturais, a relação que existe entre a igreja e a nova aliança, é apenas
de beneficiamento por parte da igreja, esta participa de suas bênçãos, porém,
não pode cumpri-la. Nos pontos da aliança vistos anteriormente fica claro que
na nova aliança, Deus estabeleceria um novo relacionamento com Israel,
devolvendo-lhe Jerusalém, permitindo sua reedificação definitiva e prometendo
estar no meio deles. Todos os pontos desta aliança são também definitivos e
eternos, e isto, até hoje nunca se viu acontecer na nação de Israel, o porque
tem resposta simples, a aliança é futura para eles.
João em seu Evangelho fala da
oportunidade que a nação teve em estabelecer a nova aliança e com ela o reino
messiânico, dizendo que Jesus “Veio para
o que era seu, e os seus não o receberam”, a questão é que Deus tinha um
propósito específico que era o de incluir os gentios em seu plano de salvação.
“Eu, o SENHOR, te chamei em justiça,
tomar-te-ei pela mão, e te guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo
(Israel) e luz para os gentios (igreja) (Is 42:6). Estes gentios se tornaram a
igreja, sendo então, participantes das bênçãos espirituais da aliança através
da fé no mediador dela, Jesus Cristo”.
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o
poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome; os
quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem,
mas de Deus.(Jo 1:12)
A conclusão é que o milênio é literal,
ao contrario do que dizem os amilenistas, e necessário, pois nele a nova
aliança será estabelecida em Israel e Deus cumprirá todos os desígnios desta
aliança, como também das outras. Os pormenores referentes ao milênio serão
abordados mais adiante.
2.6- O FIM DA ATUAL
DISPENSAÇÃO
Das sete
dispensações, cinco já foram concluídas: inocência consciência, governo humano,
patriarcal e lei, e estamos vivendo a dispensação da graça que dará lugar a
milenial. O que é necessário percebermos é que Deus tendo dividido a história
da humanidade em dispensações deu para cada uma delas um propósito ou missão e
todas elas deveriam ter um inicio e um fim, portanto esta era atual, ou este
período de tempo chamado graça em que vivemos terá um fim, o que marcará este
fim? Dois grandes eventos marcarão o fim, o arrebatamento da igreja e a volta
visível de Jesus para inaugurar o milênio. Nos capítulos seguintes estudaremos
detalhes dos eventos como também tudo o que os envolve.
DEFINIÇÃO
DOS TERMOS ARREBATAMENTO E VINDA
Neste capítulo buscaremos
uma definição esclarecedora quanto à idéia principal que cada termo usado no
original quer dizer, pois temos muitos escritores nomeando o arrebatamento e a
vinda em glória usando palavras gregas que, como veremos não permitem tal
nomeação de modo definitivo.
Os dois eventos,
principalmente o primeiro, são esperados ansiosamente pela igreja, pois trarão
consigo a consumação de uma expectativa viva e que deve ser alimentada com as
palavras de Jesus que disse em João 14:2-3.
Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se
assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos preparar lugar,
voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu estou, estejais vós
também.
No
entanto existem teorias que negam sua existência ou que mesmo reconhecendo a
realidade do arrebatamento o colocam em posição errada quanto ao tempo de seu
acontecimento, é preciso então definir o evento de uma forma decisiva para
romper com as dúvidas.
3.1- arrebatamento
O termo
arrebatamento é encontrado em seu sentido escatológico em I Ts 4:17, quando o
apóstolo Paulo explica acerca da situação dos mortos em Cristo na sua vinda e
ao dizer com relação ao momento da retirada da igreja diz que os mortos
ressurgirão primeiro e:
...
Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com
eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos
para sempre com o Senhor.
Harpádzo (é o termo que é
traduzido para arrebatamento), este tem um significado abrangente, em
Mateus 11:12 é traduzido como “apoderaram-se” no sentido de tomar para si; já
em Mateus 13:19 a idéia é de “roubo” como também em João 10:28; uma tradução
menos comum nos encontramos em João 10:12, “atacar” no sentido de investida. É
derivado de haireomai (que significa tomar para ii, preferir, escolher,
escolher pelo voto, eleger para governar um cargo público). De qualquer forma
arrebatamento significa tomar para si, roubar, raptar, capturar; qualquer uma é
valida desde que esteja de acordo com o contexto, por isso “harpadzo” em I Ts
4:17 ficaria melhor como:
...depois,
nós os que estivermos vivos, juntamente com eles (os mortos ressurretos)
seremos levados por Jesus até as nuvens para nos encontrarmos com ele
nos ares, e assim, estaremos para sempre com o Senhor.
Alguns comentaristas sugerem roubo ou
rapto da igreja como possível tradução, no entanto, a igreja não vai ser tomada
indevidamente, pois Jesus a comprou com seu sangue (At 20:28) a obtenção da
igreja é legitima. Portanto arrebatamento é o evento em que Jesus vem até as
nuvens buscar para si a sua igreja, Paulo adverte a igreja a esperar em
santidade e vigilância.
1
Ts 5:23 O mesmo Deus da paz vos
santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros
e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.
3.2- VINDA
Três palavras são usadas para
referir-se à vinda de Cristo e estas são utilizadas nos textos originais de
várias maneiras, no entanto precisaremos conhece-las para que tenhamos uma
compreensão melhor sobre seus significados e se podemos utilizá-las ou não para
nomear a vinda gloriosa de Cristo.
Parousia (Sua tradução segundo
o dicionário grego de Willian Carey é: presença, vinda, chegada, volta; “visita
real, chegada de um rei”) (Souter); “a futura visível volta de Jesus, o
messias, do céu para ressuscitar os mortos, realizar o juízo final, e
estabelecer formal e gloriosamente o reino de Deus” (Thayer)
Parusia é derivado de pareimi (que
significa estar perto, estar a mão, ter chegado, estar presente estar pronto,
em estoque, às ordens (Strong).
Seu sentido é abrangente, tanto pode
se referir ao arrebatamento quanto à volta gloriosa de Jesus. Em 2Co 10:10 e Fp
2:12 parusia refere-se a presença pessoal de qualquer pessoa; em 1Co 16:17
trata da vinda pessoal de alguém, que no caso é Estéfanas, Fortunato e
Acaico, como em Fp 2:12 onde Paulo fala de sua parusia (presença) entre
os filipenses em contraste com sua apousia (usência); em 2Ts 2:9 trata do
aparecimento do anticristo; em 1Co 15:23, 1Ts 2:19, 4:15 e 5:23 entre outros
referem-se ao arrebatamento; e em Mt 24:3, 27, 37, 39, 1Ts 3:13, 2Pe 1:16 entre
outros, tratam da vinda gloriosa de Jesus a terra. Concluímos então que parusia
não tem condições de ser usada para definir decisivamente e
exclusivamente como sendo a vinda no arrebatamento, já que pode significar
qualquer vinda. Parusia expressa na língua portuguesa o sentido da palavra
“presença”, e esta presença pode ser de qualquer coisa ou pessoa.
O fato é que este termo tem sido usado
por vários escritores como sendo a palavra que define o arrebatamento como a
“parusia de Cristo”, e isto é um erro, pois o termo , como vimos, pode
significar vários tipos de vinda.
Epifhanéia manifestação,
aparecimento, “vinda”; literalmente significa “brilho à frente” (Vine). É usada
por vários escritores para designar a volta gloriosa de Jesus após a grande
tribulação.
Sua raiz epifa sempre está ligada a
aparição e manifestação, outra forma é epifhaino (que significa: aparecer,
fazer uma aparição, mostrar-se, como em Lc 1:79, At 27:20 e Tt 2:11; e ainda
epifhaísco: aparecer, surgir, como em Ef 5:14).
Epifhanéia é usado para de referir a
volta gloriosa de Jesus em 2Tm 4:1 “Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus,
que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino”, e
Tt 2:13 “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso
grande Deus e Salvador Cristo Jesus” neste versículo encontramos os dois
eventos aguardados pela igreja de Cristo, a expressão “bendita esperança”
refere-se ao arrebatamento, enquanto “manifestação da glória” trata da
vinda gloriosa de Jesus. Em 1Tm 6:14 e 2Tm 4:8 o contexto indica que se trata
do arrebatamento e em 2Tm 1:10 o contexto indica claramente se tratar da
encarnação de Jesus Cristo; em Mt 24:27 revela o brilho da glória do Senhor
Jesus. A conclusão é simples: devido o fato se tratar de vários tipos de vinda
e “aparições”, e não definir claramente qual, não pode ser estabelecido que
quando se fala da vinda gloriosa e visível de Cristo use-se o termo “a epifhanéia
de Cristo”.
Apokalupsis - Revelação, exposição,
manifestação. Mesma raiz de apokalupto (revelo, descubro).
Seu uso é freqüente para designar a
revelação de Jesus Cristo, ou seja, a sua vinda, no entanto, também não
consegue por si só definir qual das vindas está se referindo. Em Lc 17:30, 2Ts
1:7, 1Pe 4:13 nitidamente indica a vinda visível de Cristo; em 1Co 1:7, Cl 3:4
e 1Pe 1:7, 13 refere-se ao arrebatamento. Devido seu significado e uso
abrangente também é usado nas Escrituras para referir-se a descobrimento e
revelação da palavra de Deus na alma entre outros usos. Em Lc 12:32 fala da
revelação da palavra aos gentios; Rm 16:25 e Ef 3:3 falam da revelação do
“mistério” que é o plano de Deus para esta era; Ef 1:17 o termo retrata a
questão da revelação do conhecimento de Deus à alma do homem e etc... Portanto,
fica difícil provar que este termo indique claramente que evento ele se refere
já que alem, de ser utilizado para relatar os dois, tem outros usos.
Phanerósis - Existe ainda uma
palavra usada por alguns escritores para designar a volta gloriosa de Cristo,
que é Phanerósis, no entanto, esta não é usada nos textos que falam da vinda de
Cristo, este termo aparece em 1Co 12:7 “A manifestação (phanerósis)
do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso”, não
indicando a manifestação de Cristo na sua vinda, mas uma manifestação do
Espírito Santo, no sentido simples de
demonstração. O verbo que está relacionado ao termo em questão é phaneró
(revelar, mostrar, fazer conhecido, como em Mc 4:22; Jo 7:4; 17:6; 21:14; Rm
1:19; 3:21; 2Co 2:14; Ef 5:13; 1Tm 3:16; Tt 1:3; Hb 9:8; 9:26; 1Jo 1:2 e 2:28).
Nunca e em nenhuma de suas formas (phanerós-adjetivo, phanerôs-advérbio ou
phaneró-verbo) o termo se refere à manifestação de Cristo.
A conclusão final a
que chegamos é que cada palavra dessas não foi introduzida no texto com a
intenção de classificar qual das vindas o escritor se referia, mas sim para
deixar claro o ensino sobre o retorno do Senhor, cada uma delas revela
características marcantes sobre sua volta; Parusia expressa que a vinda
manifestará sua presença; epiphanéia trata da volta como algo glorioso devido
seu aparecimento e apokalupsis fala da manifestação completa no sentido de se
revelar, tornar-se conhecida sem qualquer obscuridade, perante o mundo, como
Rei dos reis.
Adendo
Cultural
Escolas e Tempos - Reflexões sobre o
Apocalipse
A
maioria das diferentes escolas de interpretação pode ser entendida na forma em
que seu método explica o tempo. Os preteristas afirmam que a maior parte do
Apocalipse tem sua principal referência no passado. Os futuristas declaram que
a maior parte do livro ainda deverá ter cumprimento futuro. Os historicistas
estão seguros de que o livro foi cumprido parcialmente no passado, está ainda
tendo cumprimento no presente, e somente se cumprirá plenamente no futuro.
A
escola Idealista rejeita todas essas três escolas. O idealista diz que essas
três escolas são por demais específicas ao interpretar os símbolos proféticos.
O idealista busca um método de interpretação mais espiritual, filosófico ou
poético.
Escola do Idealismo
A
escola idealista de interpretação julga que o livro de Apocalipse é um
desdobrar de princípios em figuras. O propósito do livro de Apocalipse não é
falar de eventos específicos a virem. É somente para ensinar verdades
espirituais que podem ser aplicadas a todas as situações (ou serem delas
derivadas).
Contudo,
é difícil ver um propósito no livro de Apocalipse se for somente um retrato
detalhado de princípios encontrados noutras partes. Se tais princípios já foram
ensinados claramente alhures, por que agora se apresentam em forma tão
misteriosa?
Erdman indaga:
.
. . os princípios não se tornam até mais impressionantes quando incorporados em
eventos que o autor viu, e em eventos ainda mais momentosos que nas visões
proféticas ele contemplou no horizonte de uma era mais luminosa que deveria
ainda raiar? (Chrles R. Erdman, Revelation, p. 25)
Incoerências do Idealismo
Absoluta
coerência é impossível para o Idealismo, tanto quanto para todas as outras
escolas. O Apocalipse descreve a segunda vinda de Cristo. Se esse for um evento
histórico real, por que alguns dos retratos dos eventos do Apocalipse antes
disso também são históricos?
É
impossível divorciar qualquer livro de sua ambientação histórica. Isso é
duplamente verdadeiro com respeito ao livro do Apocalipse porque é o exemplo
máximo de literatura apocalíptica. Todo esse gênero literário trata com
história. Não está interessado em abstrações.
Escola Preterista
O
preterismo é a metodologia mais popular para o exame do Apocalipse entre os
eruditos críticos. Essa escola é também conhecida como a
contemporânea-histórica. Essa escola inclui exegetas tão brilhantes quanto
Beckwith, Swete, Ramsay, Simcox, Moses Stuart, e F. F. Bruce.
Esses
escritores entendem que as principais profecias do livro do Apocalipse
cumpriram-se na destruição de Jerusalém (em 70 AD) e na queda do Império
Romano.
A
força do Preterismo é que se baseia em considerável montante de verdade. O
livro de Apocalipse de João deve ter feito sentido para os seus primeiros
leitores, seus contemporâneos. Que pastor escreveria uma carta para o seu
rebanho que não tivesse imediato significado para essas ovelhas?
Protesto Contra o Preterismo
O
principal defeito do Preterismo é que parece deixar a igreja ao longo das era
sem direção específica. Milligan declara:
.
. . o livro [de Apocalipse] apresenta distintamente em sua aparência o fato de
que não está confinado ao que o Vidente contemplou imediatamente ao seu redor.
Trata de muito do que devia acontecer até o pleno cumprimento da luta da
Igreja, a completa conquista de sua vitória, e o integral alcance de seu
descanso. A Vinda do Senhor tão freqüentemente referida certamente não se
esgotou naquela destruição da política judaica que agora sabemos que devia
preceder por muitos séculos o encerramento da Dispensação presente; e os
inimigos de Deus descritos continuam a sua oposição à verdade não meramente num
ponto determinado e próximo, quando são contidos, mas ao final, quando são
derrotados derradeiramente e para sempre. Há uma progressão no livro que é
somente detida com o advento final do Juiz de toda a Terra; e nenhum sistema
justo de interpretação nos permitirá considerar as diferentes pragas dos Selos,
Trombetas, e Taças como simbólicos somente de guerras que o Vidente havia
contemplado em seus princípios, e que sabia que terminariam com a destruição de
Jerusalém e Roma. Contra a idéia de que São João estava limitado aos
acontecimentos de seu próprio tempo o tom e espírito do livro são um contínuo
protesto. Nem se pode alegar que ele combine isso com o que se daria por fim,
deixando, por razões inexplicadas da parte dele, um longo intervalo de tempo
sem notícia. Não há evidência de um intervalo. Os relâmpagos e trovões se
desencadeiam em sucessão próxima desde o princípio até o fim do livro. Julgado
mesmo por seu caráter geral, o Apocalipse não pode ser interpretado segundo
esse sistema moderno. (W. Milligan, Lectures, págs. 141, 142).
O Preterismo Ignora o Futuro
Deixamos
o Preterismo com as palavras do profeta João ecoando em nossos pensamentos:
"Sobre para aqui, e te mostrarei o que deve acontecer depois destas
coisas". Apocalipse 4:1. Tenney escreveu:
A
fraqueza desse ponto de vista [o Preterismo] é sua limitação terminal.
Obviamente os juízos preditos não se cumpriram, e conquanto figurativamente se
possa interpretar a conquista do mundo por Cristo e o retrato de um juízo
final, nada disso ainda apareceu. O preterista tem uma interpetação que possui
um firme pedestal, mas que não dispõe de uma escultura acabada para nela ser
firmada. (M. C. Tenney, Revelation, pág. 144).
A Escola do Futurismo
O
futurismo situa-se no outro extremo da interpretação, com relação ao
preterismo. O futurismo acredita que o livro de Apocalipse, com a possível
exceção dos três primeiros capítulos, aplica-se totalmente ao futuro. O
Futurismo aponta à tribulação final da igreja e é, portanto especialmente
dirigido aos crentes nos primeiros últimos anos da história. Digo
"especialmente" porque nenhum futurista nega o valor presente das
promessas e princípios achados na profecia.
Diz Todd sobre o Apocalipse:
Diz Todd sobre o Apocalipse:
Não
devemos, destarte, procurar o cumprimento de suas predições nem nas primeiras
perseguições e heresias da igreja nem na longa série de séculos desde a
primeira pregação do Evangelho até agora, mas nos eventos que devem
imediatamente preceder, acompanhar e seguir-se ao Segundo Advento de nosso
Senhor e Salvador. (J. H. Todd, Six Discourses on
the Apocalypse, quoted by W. Milligan, Lectures, p. 135).
Futurismo e Literalismo
Os
futuristas tendem a ser literalistas. Seguem a regra de que "todas as
declarações proféticas devem ser interpretadas literalmente a menos que
evidência contextual, ou o bom senso, tornem esse procedimento
impossível". A maioria dos expositores (outros que não os futuristas)
dizem que essa regra devia ser revertida quando interpretando-se o Apocalipse.
As
objeções ao Futurismo são semelhantes àquelas contra o Preterismo. O Futurismo
torna o livro de Apocalipse de pouco valor para a maioria dos cristãos no que
se refere ao desenrolar da maior parte da história. A maioria dos cristãos são
ignorados ao longo da história. Dirige-se somente aos que vivem nos últimos
momentos da história. O Futurismo estreita demasiadamente a perspectiva da
Revelação.
A Igreja Sobre a Terra
Uma
posição básica assumida por futuristas dispensacionalistas é de que após
Apocalipse 4:1 a igreja nunca é vista sobre a Terra. Alegam que os capítulos 6
ao 19 somente retratam um remanescente judaico.
A
resposta a isto é que o livro de Apocalipse representa a igreja no céu
misticamente. Isto se dá por causa da união da igreja com o Seu assunto Senhor.
Outros versos do Novo Testamento encaram a igreja nessa forma mística (Efés. 2:6; Fil. 3:20, Col. 3:1). Os membros da igreja que originalmente leram esses versos de que a igreja estava no céu o fizeram enquanto fisicamente sobre a Terra!
Outros versos do Novo Testamento encaram a igreja nessa forma mística (Efés. 2:6; Fil. 3:20, Col. 3:1). Os membros da igreja que originalmente leram esses versos de que a igreja estava no céu o fizeram enquanto fisicamente sobre a Terra!
Apocalipse
7, 11 e 12 retratam a igreja cristã sobre a Terra. Certamente esses capítulos o
fazem sob o simbolismo do antigo povo do concerto de Deus. Contudo, qualquer
método de interpretação que admite o simbolismo judaico da revelação
literalmente torna o livro sem sentido. O próprio estofo da literatura
apocalíptica é pictórico e emblemático, não o literal.
O
livro de Apocalipse inteiro é dirigido aos servos de Cristo, ou seja, às
igrejas cristãs. Aqueles que foram mortos por confessarem o evangelho de Cristo
são mencionados sob o quinto selo. Apocalipse 8 fala das orações de todos os
santos ("santos", no Novo Testamento significa somente cristãos ou
anjos).
A Escola do Historismo
O
historicismo é o método de interpretação da profecia que declara que o livro do
Apocalipse é um histórico profético da igreja e do mundo, desde o tempo de João
até o segundo advento.
As
predições dadas no livro do Apocalipse não são somente movimentos gerais na
história, declara o Historicismo. Mesmo eventos específicos são preditos. Isso
inclui a identificação de datas reais do calendário.
Historicistas
destacados incluem Begel, Mede, Newton, Elliott, e Guinness. O livro Prophetic
Faith of Our Fathers [A fé profética de nossos pais], de L. E. Froom, é um
esplêndido compêndio do Historicismo e sua apologia. Alista os nomes e posições
expositórias de centenas de intérpretes.
Hoje,
somente um pequeno número de eruditos protestantes são conhecidos como
historicistas. Esses eruditos se acham somente em grupos isolados. Os mais
conhecidos dentre tais grupos são os membros da denominação adventista do
sétimo dia.
Três Problemas do Historicismo
M.C.
Tenney fez sua crítica ao historicismo:
Há
várias objeções a uma interpretação do Apocalipse segundo um ponto de vista
completamente historicista. Primeiramente, a exata identificação dos eventos da
história com sucessivos símbolos nunca foi finalmente empreendida, mesmo após
os acontecimentos terem-se dado. É razoável supor que durante o lapso de 1.900
anos pelo menos uma porção das predições teriam tido cumprimento. Se tivessem
de ter algum valor para o leitor do Apocalipse como uma indicação de seu lugar
dentro do processo histórico, deviam ser identificáveis com certeza. Tal,
contudo, parece não ser o caso. Os pontos de interpretação sobre o qual a
maioria dos intérpretes doutrinários concorda que podem ser interpretados como
tendências tanto quanto eventos. Uma vez que as tendências podem ser evidentes
em qualquer período da história, tais profecias não apontam a nenhuma época.
Em
segundo lugar, os intérpretes históricos não têm explicado satisfatoriamente
porque uma profecia geral deva confinar-se às fortunas do Império Romano ocidental.
A interpretação histórica destaca principalmente o desenvolvimento da igreja na
Europa ocidental; pouca atenção dá ao Oriente. Contudo, nos primeiros séculos
da era cristã a igreja aumentou tremendamente no Oriente, e difundiu-se até
alcançar a Índia e China, embora não tenha conseguido uma base permanente em
todas as regiões desses países. Se um método contínuo-histórico deva ser
seguido, deve ter um escopo mais amplo.
Em
terceiro lugar, se o método contínuo-histórico for válido, suas predições teriam
sido suficientemente claras desde o princípio para dar ao leitor alguma pista
do que significavam. Se o fogo e a saraiva da primeira trombeta (8:7) realmente
se referiam às invasões dos godos, é difícil ver como qualquer cristão do
primeiro século poderia ter entendido a predição de tal modo a ter qualquer
valor de sua parte para sua reflexão. (M. C. Tenney, Revelation, pp. 138, 139).
O Historicismo Não Tem Aplicação aos Primitivos Cristãos
Notem
também a queixa de Hendriksen contra um livro historicista de orientação de
esquerda:
Sobre
minha mesa jaz um comentário recentemente publicado sobre o Apocalipse. É um
livro muito "interessante". Considera o Apocalipse como um tipo de
história escrita em antecipação. Descobre nesse último livro da Bíblia copiosas
e detalhadas referências a Napoleão, às guerras balcânicas, à grande guerra
européia de 1914-1918, ao ex-imperador germânico Guilherme, Hitler, e
Mussolini, N.R.A., etc. -nosso veredito? Essas explicações e coisas desse tipo
devem ser descartadas imediatamente. . . . Diga-me, caro leitor, que benefício
os cristãos severamente perseguidos e sofredores do tempo de João obteriam de
predições específicas e detalhadas concernentes às condições européias que
prevaleceriam cerca de dois mil anos depois? (W., Hendriksen, More Than
Conquerors, p. 14). Essa crítica é válida.
O Historicismo Ignora os Ciclos da História
Os
filósofos da escola historicista percebem que a história é cíclica. (O cristão
entende que esses ciclos têm lugar dentro da linha reta da história que se
estende da Criação à Segunda Vinda).
Em
todas as eras, Deus e Satanás seguem princípios apropriados ao caráter que
possuem. É por tal razão que a história se "repete", conquanto em
diferentes graus de desenvolvimento. A luta entre o bem e o mal produz
situações semelhantes durante diferentes épocas da história. Se o historicista
estrito devesse reconhecer essa natureza obviamente cíclica da história,
deixaria de ser um historicista estrito.
O Historicismo é Demasiado Extra-Bíblico
Outra
objeção ao historicismo é que requer muito conhecimento extrabíblico. O
estudante da Bíblia deve depender de historiados, como Gibbon, D'Aubigné ou
Wylie. Moisés, os profetas, os evangelhos e as epístolas não seriam
suficientes?
O Historicismo Ignora a Iminência
Nossa
última crítica é a mais forte. Os historicistas criam cuidadosos esquemas ou
gráficos de cálculos de longo prazo. Mas esses esquemas negam a clara evidência
do Novo Testamento de que nunca foi ideal de Deus que muitos séculos dividissem
os dois adventos de Cristo.
De
uma forma ou de outra, o pensamento de que os vários eventos preditos no livro
de Apocalipse devessem ter lugar num futuro não distante é especificamente
declarado sete vezes-"coisas que em breve devem acontecer" (caps.
1:1; 22:6), "o tempo está próximo" (cap. 1:3), e "Venho sem
demora" (cap. 3:11; 22:7; 12, 29). Referências indiretas à mesma idéia
aparecem nos caps. 6:11; 12:2; 17:10. A resposta pessoal de João a essas
declarações do breve cumprimento dos propósitos divinos foi, "Vem, Senhor
Jesus!" (cap. 22:20).
Em
qualquer um dos vários pontos críticos da história deste mundo, a justiça
divina poderia ter proclamado, "Está feito!" e Cristo poderia ter
vindo para inaugurar o Seu reino de justiça. Há muito tempo atrás poderia ter
posto em execução os Seus planos para a redenção deste mundo. Assim como Deus
ofereceu a Israel a oportunidade de preparar o caminho para o Seu reino eterno
sobre a Terra, quando se estabeleceram na Terra Prometida e novamente quando
retornaram de seu cativeiro babilônico, assim Ele deu à igreja dos tempos
apostólicos o privilégio de completar a comissão evangélica.
.
. . embora o fato de que a segunda vinda de Cristo não se baseie em quaisquer
condições, a repetida asserção das Escrituras de que a vinda está iminente era
condicionada à resposta da igreja ao desafio de concluir a obra do evangelho em
sua geração. A Palavra de Deus, que séculos atrás declarou que o dia de Cristo
"vem chegando" (Rom. 13:12), não falhou. Jesus teria vindo muito
rapidamente se a igreja tivesse realizado sua obra designada. . . .
Assim,
a declaração do anjo do Apocalipse a João com respeito à iminência do retorno
de Cristo para terminar o reino de pecado deve ser entendida como uma expressão
da vontade e propósito divinos. Deus nunca teve o propósito de delongar a
consumação do plano da salvação, mas sempre expressou Sua vontade de que o
retorno de nosso Senhor não se retardasse demasiado.
Essas
declarações não devem ser entendidas em termos da presciência de Deus de que
ocorreria um atraso tão grande, nem mesmo à luz da perspectiva histórica do que
realmente teve lugar na história do mundo desde aquele tempo (SDA Bible
Commentary [Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia], vol. IV, pp.
728-729).
Eu
concordo. Não que Deus Se tenha frustrado. Não, por momento algum. Deus sempre
oferece um ideal que é capaz de ser alcançado por completa dependência nEle.
Lamentavelmente, isso é raramente reconhecido.
Graças a Deus Por Todas as Escolas
Que
concluiremos a respeito das várias escolas de interpretação? Somos gratos a
Deus por elas todas! Mas nós mesmos praticamos o ecletismo. Todas as escolas
têm a verdade, bem como problemas. Obtemos a verdade de cada uma dessas
escolas.
Devemos
ver essas várias escolas e metodologias como reflexões fragmentadas da verdade
integral. Vejamos novamente a necessidade de "afirmar o que é afirmado,
mas negar as negações".
As Melhores Ferramentas de Interpretação
Devemos
sempre começar nossa exegese (ou interpretação) da Escritura considerando as
pessoas e tempos a que sua mensagem se dirigia. Para entender o que lhes foi
escrito devemos entender o que para eles significava.
Juntamente
com isso, reconheçamos a sabedoria de Deus, cujos anos não têm fim e que
prometeu nunca esquecer a igreja. Este é Aquele que declarou através de Amós:
"Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o
seu segredo aos seus servos, os profetas". (Amós 3:7).
Certamente
Este pode ser digno de confiança quanto a que manterá a sua promessa.
Em vista de que Deus nunca muda os Seus justos caminhos, Ele será o mesmo em todas as épocas. As obras de Deus sempre refletirão o mesmo selo, conquanto estejam em diferentes estágios de desenvolvimento.
Em vista de que Deus nunca muda os Seus justos caminhos, Ele será o mesmo em todas as épocas. As obras de Deus sempre refletirão o mesmo selo, conquanto estejam em diferentes estágios de desenvolvimento.
O
princípio apotelesmático vê sucessivos cumprimentos da profecia. Esses
cumprimentos atingem o clímax nos últimos dias. É provavelmente a melhor
ferramenta interpretativa de todas quando a ligamos com os princípios
contextuais gramaticais, históricos e hermenêuticos.
Ferramenta Espiritual de Interpretação
Finalmente,
é verdade que somente os puros de coração verão a Deus (Mat. 5:8). É verdade
que os perversos prosseguirão agindo impiamente e nenhum desses perversos
entenderá (Daniel 12:10).
Portanto,
todo exegeta, todo estudante da Bíblia deve dizer: "Como vai a minha
alma"?
Devemos perguntar: "Já compreendi o evangelho eterno que mudou nosso mundo no primeiro século? Que novamente o mudou no século dezesseis? Que é o único fator que pode transformar o nosso triste e lamentável tempo? Esse evangelho já me transformou?"
Devemos perguntar: "Já compreendi o evangelho eterno que mudou nosso mundo no primeiro século? Que novamente o mudou no século dezesseis? Que é o único fator que pode transformar o nosso triste e lamentável tempo? Esse evangelho já me transformou?"
Quando
está bem a minha alma, aceitarei com equanimidade seja o que os tempos (na
providência divina) me reservem. Continuamente ajustarei o meu pensamento
segundo a luz progressiva.
Mesmo
nossas deficiências como intérpretes das profecias cooperarão para o bem! Elas
nos situarão em humildade perante Deus, que somente é a Verdade. Deus somente
pode fortalecer-nos a caminhar nessa verdade.
O
TEMPO DO FIM
Muitos estudiosos têm buscado nas
Escrituras sinais evidentes que marquem efetivamente o tempo da volta de
Cristo, o fato é que muitos destes argumentos são apenas especulações
infundadas. Grande é a diversidade de pensamentos quanto aos sinais da vinda de
Cristo ou mesmo do arrebatamento da igreja, o que procuraremos tratar neste
capítulo serão pontos chave que marcam e denunciam o tempo do fim, ou seja,
fatos e características que indicam, biblicamente, como estaria a sociedade, a
igreja e até o meio político no tempo próximo à vinda do Senhor.
4.1 - MATEUS 24
Um dos grandes problemas teológicos a
respeito dos sinais da vinda de Cristo, se encontra em Mateus 24 e suas
passagens paralelas, Marcos 13 e Lucas 21, neste texto os discípulos fazem uma
pergunta a Jesus: “Dize-nos quando
sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do
século”. (Mt 24:3), a mesma pergunta é feita em Lucas e Marcos, porém, de
maneira diferente: “Mestre, quando
sucederá isto? E que sinal haverá de quando estas coisas estiverem para se
cumprir?” (Mc 13:4 e Lc 21:7). A diferença na pergunta se dá devido o
interesse do autor do evangelho, no caso de Mateus, seu evangelho foi escrito
para judeus que conheciam as promessas messiânicas e aguardavam ansiosamente
seu cumprimento, sendo necessário incluir a parte originalmente feita pelos
discípulos a Jesus onde era perguntado quando seria sua volta para inaugurar o
reino messiânico, isto também demonstra que os discípulos viam Jesus como o
messias esperado. No caso de Marcos e Lucas, seus evangelhos foram escritos
para gentios, estes não conheciam as profecias referentes a um reino
messiânico, portanto era desnecessário incluir esta parte evitando dúvidas por
parte dos futuros leitores, é importante ressaltar que nunca o Espírito Santo
deixou de estar no controle da inspiração de todos os textos sagrados, se estas
aparentes diferenças existem o Espírito Santo as permitiu.
Os discípulos fizeram uma pergunta
dupla: 1) quando sucederão estas coisas
2) e que sinal haverá da tua vinda e da
consumação do século. Alguns escritores entendem que a pergunta foi tripla,
dizendo que quando perguntaram que sinal haveria da consumação do século,
desvinculavam esta consumação de sua volta, no entanto, a frase não permite
isso, pois eles perguntaram de uma forma que demonstra claramente que os
discípulos associavam seu retorno ao fim desta era. Existe, também um grande
problema em várias traduções com relação “consumação do século”, o caso é que
em algumas bíblias encontramos uma tradução mal aplicada de (sinteléias tú
aiônos) que é traduzido por “fim do mundo”, sinteléias segundo o dicionário grego
de Carey, significa consumação, fim, acabamento, completamento e aiõn (os),
significa: ciclo, era, época, eternidade; também pode ser traduzido por mundo,
porém, apenas na questão temporal, espaço de tempo. O mundo físico, o planeta,
no original grego é(kosmos). Sobre a tradução do termo Strong faz a seguinte o
seguinte comentário:
“Freqüentemente traduzem aion (por mundo,
dessa forma obscurecendo a distinção entre esta e kosmos). Aion é geralmente
melhor traduzida como geração, é o mundo num dado momento, um período
particular na história mundial”.
A tradução de fim do mundo não tem apoio do texto original nem do
contexto, já que os discípulos aguardavam Jesus para governar a terra como rei,
portanto ao perguntarem não se referiam ao término da humanidade, ou a
destruição do planeta, mas sim o fim de um tempo, para dar-se início a outro,
que no caso era o reino messiânico.
Devido o que Jesus havia dito
referente à destruição do templo, veio dúvida, quando isto acontecerá? Diante
também de outros ensinos sobre um futuro retorno para reinar e julgar a terra
eles perguntaram, que sinal haveria para identificar a destruição do templo
como também o seu retorno.
4.1.1-
O problema dos sinais
Existe uma grande dificuldade para
qualquer que se deter a estudar Mateus 24, pois este capítulo trata de assuntos
de acontecimentos breves, mas também de acontecimentos mais distantes, Jesus
faz comentário de sua volta a terra e também de juízos vindouros, todos os
assuntos se misturam no decorrer do discurso trazendo dificuldade de
interpretação. O que nos cabe é buscar a melhor harmonização possível dos
textos sem ferir o contexto, numa busca das verdades escatológicas. Existem
basicamente três teorias a respeito dos sinais de Mateus 24 1:15, que são:
a)
Os
sinais apontam apenas para a destruição de Jerusalém
Esta é defendida pelos amilenistas que
dizem ser os sinais, a resposta de Jesus a respeito da destruição do templo e
da cidade, a qual se cumpriu no ano 70d.C.
Os fato de Jesus iniciar sua resposta
aos discípulos dando-lhes sinais, isso não indica que estes se referiam a
destruição do templo, já que a pergunta também era com respeito a sua volta.
Também podemos destacar que predições feitas por Jesus não se cumpriram naquele
tempo, como, por exemplo, terremotos em grande escala, guerras mundiais (v.7),
e muito menos a pregação do evangelho em todo o mundo vindo após isso o fim
(v.14). Portanto é impossível afirmar que os sinais indicam a destruição de
Jerusalém.
b)
Os
sinais apontam para o arrebatamento da igreja, estes vem se cumprindo ao longo
dos anos, porém tendo se intensificado nos últimos tempos.
Esta teoria é defendida por uma parte
dos pré-milenistas, estes acreditam que os sinais estão ligados diretamente ao
arrebatamento.
Esta possibilidade é grande, porém, tem
alguns problemas já que, 1 - Segundo Jesus não haveria sinais diretos e
específicos que marcariam o arrebatamento da igreja (Mt 24:36-44), 2 - O texto
de Mt 24:3-15 não é especifico e trata de um longo período de tempo, temos
ainda o versículo 14 e 15 que se referem diretamente ao período tribulacional,
seguido pela volta visível de Cristo.
c)
Não
existem sinais diretos para marcar o arrebatamento, estes sinais descritos em
Mateus acontecerão após o arrebatamento marcando o retorno glorioso de Cristo e
o fim da grande tribulação.
Uma parcela dos pré-milenistas pré-
tribulacionistas, pensam desta forma. O
Dr Ryrie, comentarista da Bíblia Anotada, é um dos grandes defensores da
teoria.
De todas, esta parece ser a mais
lógica, o que não quer dizer que seja a correta. Ryrie faz um paralelo entre os
sinais de Mateus e os quatro primeiros selos de apocalipse no qual encontramos
certa harmonia entre os eventos descritos em Mateus com os descritos em
Apocalipse. A teoria apresenta os sinais como ligados ao retorno visível de
Cristo, não permitindo que haja sinais diretos ao arrebatamento, e isto tem
fundamento bíblico.
OS SELOS DE APOCALIPSE. 6: 1-7 - OS SINAIS DE MATEUS 24
V.2) Um falso Cristo. “Vi, então, e
eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e
ele saiu vencendo e para vencer.” V.5) Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu
sou o Cristo, e enganarão a muitos.
V.4)
E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado tirar a
paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada
uma grande espada. V.6) E, certamente,
ouvireis falar de guerras e rumores de guerras;
V.5) Então, vi, e eis um cavalo preto
e o seu cavaleiro com uma balança na mão.(...) Uma medida de trigo por um denário;
três medidas de cevada por um denário; V.7)
Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e
terremotos em vários lugares;
V.8)
E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado
Morte; V.9) Então, sereis atribulados, e vos matarão.
Sereis odiados de todas as nações, por causa do meu nome.
A fim de completar este raciocínio
podemos utilizar o quinto selo que fala dos mártires do período tribulacional,
em especial o v.9, comparando-o a predição de Cristo onde se refere a morte de
seus discípulos por causa de seu nome (Mt 24:9-10). Também se pode utilizar o
sexto selo onde são vistos sinais no céu (v.12-14) e compará-los a Lucas 21:25.
O Sétimo selo, que marca o inicio da segunda metade da grande tribulação onde
se inicia o período de maior terror sobre Israel, como também a investida da
Besta sobre a nação, entra em harmonia com o cerco de Jerusalém profetizado na
passagem de dupla referencia de Mt 24:15-21, que também se refere ao inicio
desta segunda fase.
É importante ressaltar que
independente destes sinais não estarem ligados diretamente ao arrebatamento sua
preparação pode servir de indicador para demonstrar a sua proximidade, é como
Jesus disse em Mt 24: 31-32.
Aprendei, pois, a
parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam,
sabeis que está próximo o verão. Assim também vós: quando virdes todas estas
coisas, sabei que está próximo, às portas.
4.2- OS SINAIS DO
TEMPO DO FIM
Independente dos sinais de Mateus
serem ou não indicadores do arrebatamento temos outros sinais nas Escrituras
que apontam para o tempo do fim, muito mais que identificar a proximidade da
volta de Jesus, revelam aspectos sociais, morais e religiosos que aconteceriam
justamente no tempo em que o Senhor voltaria. Buscaremos nas epístolas
referencias de como estaria a igreja e mundo no tempo de sua manifestação. É
certo que estes sinais não estão apenas no tempo do fim, mas sim por todo o
decorrer da história da igreja, o que os escritores queriam deixar claro é que
no fim dos tempos estes sinais se tornariam evidentes e corriqueiros.
4.2.1- Apostasia
“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos
tempos, alguns apostatarão da fé” (ITm 4:1).
O apóstolo Paulo é enfático ao dizer
isto, o fato é que o inicio do cristianismo foi marcado por alguns movimentos
locais que traziam variações ao cristianismo recém inaugurado. As comunidades
cristãs que se formavam eram lideradas muitas vezes por pessoas que tinham um
conhecimento muito limitado a respeito de Cristo, não havia a palavra escrita,
portanto muito do que se dizia não era bem verdade. No entanto o que Paulo quer
dizer a Timóteo é referente aos últimos tempos, é claro que Timóteo não
necessitava desta advertência, isto porque ela era para o tempo do fim, ou
melhor, para a igreja que viveria esta época.
A tradução de apostasia no grego é,
revolta, rebelião, afastamento doutrinário e religioso. Podemos dizer que no
sentido de fé significa o desvio ou afastamento de um propósito definido, que é
o de servir a Deus, podemos encarar o apóstata com desertor da fé. A palavra
traduzida por divórcio no grego é uma palavra derivada de apostasia, daí então,
da para nos termos uma idéia mais clara do que é apostatar da fé, é
divorciar-se de Deus.
Esse grande mal que assola o meio
cristão tem se desenvolvido rapidamente. A igreja de Laodicéia (Ap 3:14-22) que
é uma representação da igreja atual traz consigo a evidente marca da apostasia
espiritual, “Conheço as tuas obras, que
nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!”.
4.2.2- A
generalização de desvios doutrinários
“Por
obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos
que falam mentiras e que tem cauterizada a própria consciência”
Paulo dá o motivo da apostasia: os
desvios doutrinários. Hoje o estado de frieza e indiferentismo toma conta das
igrejas que se tornam a cada dia mais politizadas e menos espirituais, mais
humanistas e menos cristocêntricas. O uso de filosofias e práticas espíritas, a
criação de doutrinas que giram em torno da prosperidade plena, ensinos sobre a
obrigatoriedade de Deus abençoar seus servos etc, formam o novo quadro
teológico de muitas igrejas, a verdade é que virou um bom negócio. Todo esse
desvio doutrinário vem criando uma geração de cristãos puramente místicos,
avessos à sã doutrina. Nunca a igreja de Jesus Cristo esteve numa situação como
a atual, onde se perdeu o padrão bíblico para o cristão, isto se torna uma
evidencia marcante, pois o apostolo diz que nos últimos tempos a igreja estaria
como está hoje.
4.2.3- Degradação
moral generalizada
Sabe, porém, isto:
nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas,
avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais,
ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio
de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos
dos prazeres que amigos de Deus (IITm 3:1-4)
Este texto da epístola a Timóteo tem
uma relação muito estreita com Rm 1:28-32 onde o contexto fala da condição
pecaminosa em que se encontra a humanidade, também no texto acima a questão é:
como estará a condição moral no fim dos tempos? Paulo responde a pergunta de
maneira completa e dura, referindo-se a este tempo como “tempos difíceis”. Não
é preciso entrar em detalhes para termos a certeza de estarmos vivendo um tempo
final, como o descrito por Paulo. O discurso do apóstolo quando analisado no
texto original parece trazer uma seqüência de atitudes que vão causando uma progressão
negativa na moral da humanidade, ou seja, uma atitude que desencadeia outras.
Paulo começa com a base de toda a
degradação moral, o amor a si mesmo e o amor ao dinheiro. Em muitas Bíblias nos
encontramos a tradução; egoístas e avarentos ou egoístas e gananciosos, porém
Paulo é mais claro que as traduções parecem apresentar, pois o que ele quer
dizer é que os homens serão amantes do ego e amantes de dinheiro como
encontrado apenas na versão em inglês. O que segue são conseqüências do egoísmo
e da ganância.
Traduzindo o texto de uma maneira mais
clara, ficaria assim:
“Saiba disto, nos últimos tempos virão
tempos difíceis, pois os homens amarão a si próprio e amarão ao dinheiro, terão
um coração vaidoso, arrogantes, falarão
mentiras contra Deus, desobedientes a pais e mães, ingratos, não cumpridores da
religião, terão um coração duro e frio, serão difíceis de entrar em acordo pois
não honrarão sua palavra, falarão mentiras contra os outros, sem domínio de
seus sentimentos e ações, selvagens, sem amor para com os bons, traidores,
agirão sem pensar, orgulhosos, amarão os prazeres da carne mais do que a Deus”.
4.2.4-
Desenvolvimento da ciência e transportes
Temos também, em Daniel um indicador
muito importante sobre o tempo do fim. “Tu,
porém, Daniel, encerra as palavras, e sela o livro, até o tempo do fim; muitos
correrão duma para outra parte, e a ciência se multiplicará”.(Dn 12:4)
O tempo do fim também seria marcado
por um avanço tecnológico sem precedentes, este seria também estendido aos
meios de transporte. Deus revela a Daniel que as pessoas esquadrinhariam a
terra, ou seja, iriam de uma parte à outra, também lhe é dito sobre uma
multiplicação da ciência, tudo isto temos visto desde o inicio do século XX,
pois antes disso não havia muita diferença do meio de transporte no século
primeiro ao utilizado no século XIV; as pessoas andavam em carros de boi, as
engrenagens dos maquinários eram extremamente rudimentares, não havia
equipamentos eletrônicos e etc.
Em nossos dias a ciência já procura criar
clones de humanos, e há aqueles que dizem que já conseguiram fazê-los nascer. O
fato é que tudo vem indicando que o tempo do fim mencionado por Deus a Daniel
tem todas as características de nosso tempo. Quanto à profecia em Apocalipse
sobre o uso de um numero (666) para uma identificação mundial já é totalmente
possível, temos meios que possibilitam hoje sua existência, como por exemplo, o
sistema de código de barras, aliás, este já está sendo descartado, pois já está
sendo produzido o biochip, que pode conter quantas informações forem
necessárias sobre seus usuários.
4.2.5- Restauração de
Israel
No texto de Ezequiel 37:1-14, vemos a
profecia referente a restauração nacional, moral e espiritual de Israel ,
também em Lucas 21:20-24 Jesus profetiza sobre a dispersão de Israel, o qual
seria dominado pelos gentios
Quando, porém, virdes
Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação. Então,
os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; os que se encontrarem dentro
da cidade, retirem-se; e os que estiverem nos campos, não entrem nela. Porque estes dias são de vingança, para se
cumprir tudo o que está escrito. Ai das que estiverem grávidas e das que
amamentarem naqueles dias! Porque haverá grande aflição na terra e ira contra
este povo. Cairão a fio de espada e serão levados cativos para todas as nações;
e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será
pisada por eles.
Este tempo em que os gentios
dominariam sobre Israel é representado pela estátua vista em sonho por
Nabucodonozor no capítulo 2 de Daniel, esta sucessão de governos gentios tinham
um tempo para dominar sobre todo o Israel e é durante este tempo que os
israelitas deveriam ser exilados de sua terra, entretanto Deus prometia que
seriam restabelecidos à sua pátria em tempo oportuno.
Porque não quero,
irmãos, que ignoreis este mistério (para que não sejais presumidos em vós
mesmos): que veio endurecimento em parte a Israel, até que haja entrado a
plenitude dos gentios. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito:
Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades. Esta é a minha
aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados. Rm 11:25-27
No ano 70 d.C. o general Tito filho do
imperador Vespaziano invadiu Jerusalém, destruindo o templo e exilando toda a
nação. No entanto a profecia começa a tomar sua forma de cumprimento no ano de
1897 quando Teodoro Herzl inicia o movimento sionista, ou seja, um movimento
para a criação de um estado autônomo em Israel, fazendo com que houvesse um grande
retorno de Judeus a sua terra natal. Em 14 de Maio de 1948, Sir Alain
Cunningham, assina o fim da intervenção britânica na terra santa. Neste mesmo
dia o pai do Israel restaurado, David Ben Gurion, lê a declaração de
independência do mais novo país do mundo. ÉRETZ-ISRAEL (Terra de Israel).
Hoje Israel está
restaurado como estado e terra independente, restando apenas sua restauração
espiritual que ocorrerá no final da grande tribulação.
TEORIAS SOBRE O ARREBATAMENTO
Este é
o evento mais esperado pela igreja, no entanto esta não é unânime em sua
crença, ou seja, não vê da mesma maneira como e quando será o arrebatamento.
Neste capitulo serão apresentadas três das quatro teorias a seu respeito, é
importante mencionar que esta discussão só existe em meio aos pré-milenistas já
que os amilenistas e pós-milenistas não crêem que existirá arrebatamento.
5.1-Teoria do arrebatamento Parcial
Das quatro teorias a serem
apresentadas apenas a do arrebatamento parcial não discute quando será o evento
referente a grande tribulação, ou seja, se antes, no meio ou depois, o que ela
traz a discussão é que participará dele. Para o parcialista não são todos os
crentes, mesmo sendo autênticos, que serão arrebatados, mas somente um grupo
formado por aqueles que estão ansiosamente aguardando seu retorno e são dignos
de participar.
Quanto
ao tempo os parcialistas são pré-tribulacionistas, crêem que o arrebatamento
será antes da grande tribulação, fazendo com que os salvos que não esperavam
com ansiedade a volta do senhor passem por ela a fim de aguardarem o retorno
visível de Cristo.
Toda a estrutura
desta teoria está baseada nas seguintes referências bíblicas: Mateus 25:1-13;
Lucas 21:36 “Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que sejais havidos
por dignos de evitar todas essas coisas que hão de acontecer e de estar em
pé diante do Filho do Homem”; Tito 2:13 “aguardando a bem-aventurada
esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus
Cristo”; Hebreus 9:28 “assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar
os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam
para a salvação.” e I João 2:28 “E agora, filhinhos, permanecei nele, para
que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos confundidos por
ele na sua vinda.” Em todas estas referências há uma exortação a vigilância, no
entanto não há o menor indicio de que só serão salvos os “havidos por
dignos” até porque este grupo não existe; ninguém é digno.
Para uma sustentação viável desta teoria o parcialista
precisa negar pontos fundamentais da doutrina cristã como:
· A eficácia do
sacrifício de Cristo (Hb 10:11-12)
· A adoção divina
através de Jesus (Rm 8:15-16)
· A unidade da
verdadeira igreja de Cristo sob a qual ele é a cabeça (Ef 4: 4-6)
· A eficácia da graça
de Deus (Rm 3:24)
· O fato de que nenhuma
parte da verdadeira igreja de Jesus irá passar pela grande tribulação (Ap 3:10)
O apóstolo Paulo nos
dá a resolução final em I Coríntios 15:51-52:
Eis
aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última
trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e
nós seremos transformados.
Paulo nos informa que
“todos” os que estiverem em Cristo serão transformados, isto se baseia na
Justiça divina e não na humana, seguidos por aqueles que morreram em Cristo que
também foram justificados e isto sim nos torna dignos.
Por tudo isso fica
totalmente descartada a possibilidade de um arrebatamento parcial.
5.2-
TEORIA DO ARREBATAMENTO MESO OU MIDI TRIBULACIONISTA
Diferente do
parcialista este grupo entende que todos os que estiverem em Cristo serão
arrebatados, sua discussão é referente ao tempo do arrebatamento, isto é,
quando ele acontecerá. Para o meso-tribulacionista ocorrerá em meio a grande
tribulação. Veja no gráfico o pensamento meso-tribulacionista:
Meso-tribulacionismo
tem suas bases firmadas em interpretações figuradas ou alegorizadas de
passagens que deveriam ser interpretadas literalmente. Vejamos quais são seus
argumentos.
5.2.1-A
grande tribulação é dividida em duas fases distintas
Quanto à duração do
período tribulacional surge o primeiro problema, que é referente a uma suposta
divisão em duas fases distintas, no entanto ao olharmos para Daniel 9:27 não
encontramos nenhuma divisão na septuagésima semana, é certo que Jesus disse em
Mateus 24:21 que na segunda metade do período as coisas iriam se agravar, porém
isto não permite dizer que existirão duas partes independentes a ponto de
caracterizarmos apenas a segunda metade como sendo a verdadeira grande
tribulação. Segundo Daniel o pacto com Israel dará inicio a semana profética,
sendo que no meio desta o anticristo rompera’ este pacto (Dn 9:27) trazendo
dura perseguição aos israelenses (Ap 12:6). Este agravamento da situação é
devido o fim da falsa paz instituída pelo anticristo (Ap 6:2) que agora revela
sua verdadeira face e não devido o inicio de um outro período distinto.
5.2.2- 5.2.2- O capitulo 11 de apocalipse
revela a ocasião do arrebatamento.
Para sustentar um
arrebatamento em meio a grande tribulação utilizam o capitulo 11 de apocalipse
com sendo um fato incontestável da ocasião em que este ocorrerá, porém isto
também só é possível se desprezamos uma interpretação cuidadosa de todo o livro
quanto à sua cronologia. Os defensores da teoria afirmam que do capitulo 4 ao
11 temos a primeira parte de grande tribulação seguindo o raciocínio, afirma
que do capitulo 12 ao 19 temos a segunda parte. Tendo capitulo 11 bem no meio
da semana profética usam o seguinte versículo para afirmarem o momento do
arrebatamento:
“E ouviram uma
grande voz do céu, que lhes dizia: Subi cá. E subiram ao céu em uma nuvem; e os
seus inimigos os viram.” (Ap 11:12). Se usarmos de analogias com certeza
chegaremos á mesma conclusão, no entanto se interpretarmos o texto de maneira
coerente e de acordo com uma exegese perfeita veremos que tudo não passa de um
mal entendido. Vejamos alguns pontos que não se encaixam quando interpretamos
corretamente:
a. Deduzem por analogia que as duas testemunhas
apresentadas no capitulo 11 são figuras, sendo assim representam os dois grupos
a serem arrebatados, os vivos e os mortos. O texto, mesmo lido sem muita
atenção deixa claro que as duas testemunhas não são tipos ou símbolos, mas
pessoas literais.
b. Essas duas testemunhas não poderiam representar
a igreja já que são enviados para o povo de Israel, isto é claramente visto
através dos vs. 3 e 4 onde o texto fala de oliveira e candeeiro. Também o
ministério das testemunhas demonstra similaridade com o ministério profético do
velho testamento.
c. Alegam que a nuvem em que as testemunhas
subiram ao céu (v.12) representa o arrebatamento. Como vimos as duas
testemunhas são representantes de Israel e não da igreja, sendo assim nuvem
para o Judeu simboliza a presença de Deus, até por que não existe promessa de
arrebatamento para a nação de Israel.
5.2.2- A trombeta de ICo 15:52 e Its 4:16 é a mesma
de Ap 11:15
Outro ponto
complicado para ser sustentado pelos meso-tribulacionistas é o fato de afirmarem
que as trombetas de I Co 15:52, onde diz: “num momento, num abrir e fechar
de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”; I Ts 4:16 ”Porque
haverá o grito de comando, e a voz do arcanjo, e o som da trombeta de Deus, e
então o próprio Senhor descerá do céu” e Ap 11:15 “E tocou o sétimo anjo
a trombeta, e houve no céu grandes vozes,” são a mesma coisa. Em I
Coríntios Paulo fala de uma trombeta de vitória, um chamado à presença de Deus,
algo ansiosamente esperado pela igreja, o mesmo vemos em I Ts 4:16; enquanto
que, em apocalipse a trombeta é de apresentação à chegada do Rei dos Reis que
vem para julgar.
E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o
tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos
profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a
grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra.
Um outro detalhe que
não pode passar desapercebido é que em I Ts 4:16 a trombeta é de Deus ao passo
que em apocalipse a trombeta é de um anjo.
Existe ainda um ponto
a ser mencionado que é o fato de acreditarem que “a grande voz do céu” de Ap
11:12 é uma referencia ao chamado de Deus, como em I Ts 4:16 ”Porque haverá o grito de comando”.
Isto, devido às questões de diferença entre Israel e igreja, se torna
impossível.
Estes são os pontos
principais da teoria, no entanto não são os únicos, os meso-tribulacionistas
ainda têm que negar pontos doutrinários muito sérios para alicerçar sua teoria.
Como segue:
· A eminência do
arrebatamento. Já que uma vez conhecido o inicio da primeira metade do período
tribulacional, saberemos com certeza o momento do arrebatamento em meio à
mesma.
· Para tornar coerente
a teoria é preciso ferir a cronologia do livro de apocalipse e tirar capítulos
inteiros do contexto.
· É preciso sobrepor
dois planos distintos. O da igreja, já que esta estaria na terra durante o
inicio da grande tribulação, e o plano de Israel, que também estaria em plena
execução durante o mesmo período. É bom lembrar que Deus nunca administrou dois
planos de uma só vez.
5.3-
TEORIA DO ARREBATAMENTO PÓS-TRIBULACIONISTA
A terceira teoria a
ser discutida é a do arrebatamento após a grande tribulação, ensinam que o
arrebatamento será seguido imediatamente pela volta gloriosa de Jesus; Jesus
vem, arrebata a igreja e rapidamente vai ao céu retornado imediatamente à terra
com a igreja arrebatada para instituir o milênio. Esta é a que mais cresce em
nossos dias e que se torna mais resistente, no entanto ao estudá-la veremos que
biblicamente, não há como sustentá-la. Veja no gráfico o pensamento
pós-tribulacionista. O pós-tribulacionismo desenvolveu argumentos para
defenderem sua teoria, que são no mínimo improváveis, já que se baseiam em uma
interpretação alegórica e espiritualizada das Escrituras não observando os
contextos das passagens bíblicas, ainda que insistam em dizer que são
literalistas, o negam na prática. Vejamos os principais argumentos
pós-tribulacionistas:
5.3.1- Daniel 9:24-27
já teve seu cumprimento histórico concluído
O primeiro grande argumento a respeito do
assunto é referente ao cumprimento da profecia de Daniel, dizem todo o plano
ali determinado já teve seu cumprimento concluído no ano 70 a .C. com a
destruição de Jerusalém. No entanto vamos observar algumas questões que provam
que a profecia ainda aguarda seu cumprimento, baseados numa interpretação
literal e cuidadosa do texto.
·
Todo
o plano das setenta semanas (v.24) inclui seis bênçãos: 1) extinguir a
transgressão, 2) dar fim aos pecados, 3) expiar a iniqüidade, 4)
trazer a justiça eterna, 5) selar a visão e a profecia, 6) ungir o Santo
dos santos.
Entendemos
que estas bênçãos em sua totalidade
ainda
não foram cumpridas, até porque as três últimas só serão estabelecidas com a
instituição do milênio.
·
O
texto fala de uma aliança por parte “do príncipe que há de vir” que seria
estabelecida com o Israel apóstata, a qual seria desfeita na metade da semana
(v.27). Nunca na história houve qualquer tipo de aliança que restabelecesse o
culto judeu, até por que isto só será possível quando Deus iniciar seu plano de
restauração espiritual com Israel, e isto será no período tribulacional.
·
Erram
ao dizer que Jesus morreu na ultima semana restante, dizendo que sua morte
vicária é esta “aliança com muitos” a qual seria quebrada. Julgam que o “Ele”
do v.27 é Jesus, porém se olharmos no verso anterior, veremos que se trata do
“Príncipe que há de vir”, o qual é o anticristo. Dessa maneira a septuagésima
semana não pode ter ocorrido pois só quando o anticristo estivesse em ação
poderíamos dizer que este período seria a ultima semana de Daniel.
5.3.2-
A igreja tem promessa de tribulação
Um dos principais
argumentos pós-tribulacionista com certeza é o de que a igreja deverá cumprir
as profecias com respeito a passar pela tribulação para isso usam Lucas
23:27-21.
E
seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais batiam nos peitos e o
lamentavam. Porém Jesus, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não
choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos. Porque eis
que hão de vir dias em que dirão: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que
não geraram, e os peitos que não amamentaram! Então, começarão a dizer aos
montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri-nos! Porque, se ao madeiro verde
fazem isso, que se fará ao seco?
Também Mateus
24:9-11; Marcos 13:9-13, além de passagens como João 15:18-19; 16:1-2,33.
Para provar
biblicamente que a igreja deve passar pela tribulação é necessário:
· Esquecer-se que
existem vários tipos de tribulação, e que esta pode ser referente às lutas e
dificuldades em se viver uma vida cristã frente a um mundo dominado pelo
pecado. João 15:18-19; 16:1-2,33.
· Esquecer-se que
existem passagens que falam a respeito do sofrimento que o povo Judeu passará
durante a grande tribulação. Lucas 23:27-21; Mateus 24:9-11; Marcos 13:9-13.
· Esquecer-se que um
dos propósitos da grande tribulação é a purificação do povo de Israel, e sendo
já a igreja purificada pelo sangue de Jesus não existe a menor razão para ela
ser purificada novamente, se assim fosse o sacrifício de Cristo seria
insuficiente.
· Interpretar por
analogia e não de maneira coerente o capitulo 4 de apocalipse onde vemos a
referência aos 24 anciãos, que para alguns simboliza 12 representantes do velho
testamento com 12 representantes da nova aliança, o fato é que não cabe outra
interpretação que não seja de que os 24 anciãos são representantes da igreja
arrebatada, os motivo são claros: 1) O capitulo 4 refere-se a uma visão do céu
enquanto na terra se inicia a grande tribulação, portanto não pode haver
representantes de Israel no céu já que Deus está os purificando na terra. 2)
estão usando uma coroa (que no grego de uma forma geral traz a idéia de
recompensa (2Tm 4:8) ninguém a essa altura do plano escatológico de Deus, a não
ser a igreja arrebatada poderia usar uma coroa de vitória (Ap 2:10). 3) as
promessas para igreja vitoriosa, expressas nas sete cartas as igrejas da Ásia
menor encaixam-se com a aparência, posição local e de honra em que os 24
anciãos estão.
5.3.3-A ressurreição em Ap 20:4 revela o momento do
arrebatamento.
Um
argumento que os pós-tribulacionistas tem por forte é o da ressurreição, porém
não é necessário muito para provar o contrário. O texto usado para sua afirmação
é Ap 20:4-5 onde lemos:
E vi
tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E
vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela
palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o
sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos.
Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram. Esta é
a primeira ressurreição.
Somente desconhecendo
ou ignorando a doutrina da ressurreição para se afirmar essa interpretação pois
o fato do versículo conter “primeira ressurreição” não confirma a suposição de
esta ser literalmente “primeira”, querendo indicar que anteriormente não houve
outra.
Os motivos são
claros:
· A primeira
ressurreição não se trata de primeira em numero, mas em gênero, já que dois
tipos de ressurreições são mencionados por Jesus, uma para a vida e outra para
condenação (Jo 5:29), as quais não podem ser colocadas em mesmo espaço de
tempo, porque a ressurreição da vida é seguida pelas bodas do cordeiro e o
tribunal de Cristo, como também a ressurreição para condenação é imediatamente
seguida pelo juízo.
· O galardão dos
arrebatados (Ap 4;19:1-10) é antes da vinda em glória de Cristo
(Ap11:15-19;19:11-21), e isto pode ser confirmado pela cronologia do livro de
apocalipse, provando assim que não existe relação entre a ressurreição no
momento do arrebatamento da igreja e a ressurreição de Ap 20:4-6.
· Outro fato pode ser
visto em Ap 20:4 é que o texto fala da ressurreição “daqueles
que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus”, ou seja,
o texto narra a ressurreição dos mártires da grande tribulação que é o ultimo
grupo dos que “são de Cristo” (ICo 15:22-23). Fechado o grupo, Ap 20:5-6
encerra o assunto sobre primeira ressurreição.
Por tudo o que foi
apresentado podemos concluir que o pós-tribulacionismo, ainda que tenha
argumentos favoráveis, estes são insuficientes para que sua teoria seja aceita,
e no que se refere aos seus argumentos acima citados e discutidos nenhum dele é
capaz de servir como base para um arrebatamento após a grande tribulação.
TEORIA DO ARREBATAMENTO PRÉ-TRIBULACIONISTA
Não foi
por acaso que esta teoria foi separada das demais. Por ser a mais aceita e mais
coerente, é a que de um modo geral, é ensinada nas igrejas pentecostais,
neopentecostais como também em muitas igreja históricas. Por isso merece uma
atenção melhor para que aprendamos de uma maneira mais profunda e
esclarecedora, já que muitos conhecem a escatologia superficialmente estando
inabilitados a defender o ponto de vista pré-tribulacionista.
Para o
pré-tribulacionista o arrebatamento será antes da grande tribulação, trazendo
aos crentes em Jesus o livramento dos sofrimentos vindouros (Ap 3:10). Veja no quadro gráfico abaixo o pensamento
pré-tribulacionista:
6.1-
O PRÉ-TRIBULACIONISMO E A HISTÓRIA
Os
pós-tribulacionistas usam o argumento de que o pré-tribulacionismo é uma
doutrina nova e estranha para a igreja primitiva como também para a igreja no
decorrer de toda a história. O fato é que isso não pode ser dito sem uma
averiguação em documentos da igreja primitiva como também no contexto bíblico.
O pré-tribulacionista repousa em argumentos sadios e coerentes com a
interpretação correta das Escrituras, e também está baseado na chamada
“doutrina da iminência”, ou seja, a palavra de Deus sempre nos exorta a
estarmos vigilantes pelo fato de não sabermos a que horas, dia, ano ou século
Jesus virá “Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso
Senhor”.(Mt 24:42), e isto demonstra que sua vinda é algo inesperado. Veja
o que diz Clemente, bispo de Roma (séc I) aos Coríntios:
Que nunca se aplique a nós a
passagem da Escritura que diz: "Infelizes os que hesitam no coração e
desconfiam na alma; aqueles que dizem: 'Tais promessas já escutamos na época de
nossos pais e eis que envelhecemos e nada disso aconteceu”.
Ó insensatos, comparai-vos à uma árvore; reparai na videira que, primeiro perde as folhas e então brota, a seguir vêm a folha, então a flor e, depois disso, a uva verde é seguida da uva madura". Considerai como, em pouco tempo, o fruto da árvore se torna maduro. 5É bem assim que a vontade de Deus se cumpre, em ritmo veloz e inesperado, como a própria Escritura nos atesta: "Virá logo e não tardará. Subitamente o Senhor entrará no seu santuário, o Santo a quem esperais". Malaquias 3:1
Ó insensatos, comparai-vos à uma árvore; reparai na videira que, primeiro perde as folhas e então brota, a seguir vêm a folha, então a flor e, depois disso, a uva verde é seguida da uva madura". Considerai como, em pouco tempo, o fruto da árvore se torna maduro. 5É bem assim que a vontade de Deus se cumpre, em ritmo veloz e inesperado, como a própria Escritura nos atesta: "Virá logo e não tardará. Subitamente o Senhor entrará no seu santuário, o Santo a quem esperais". Malaquias 3:1
Podemos perceber que
desde a igreja primitiva, se esperava uma vinda a qualquer momento, o que é
contrário ao pós-tribulacionismo já que, segundo eles, o arrebatamento vem após
a grande tribulação; sendo assim, saberemos exatamente quando este ocorrerá.
Desta forma todo o processo de espera dos crentes é alterado, pois terão como
identificar claramente não só a proximidade, mas também o exato momento,
descartando as advertências referentes a vigilância contidas em todo o novo
testamento. Isto demonstra que a igreja desde os primórdios era
pré-tribulacionista, ou seja, esperava que o arrebatamento fosse antes da
grande tribulação, pois acreditava que não passaria por ela.
Quanto a dizerem que é
uma doutrina nova, é uma grande irresponsabilidade, pois o fato de não ser bem
explicada por todo decorrer da história da igreja não quer dizer que não esteja
correta, também é exigirmos demais que desde aqueles tempos já tivesse este
nome, que, aliás, tornou-se necessário para identificar a “teoria” diante das
outras. Se seguirmos este raciocínio, a doutrina da salvação só tem quinhentos
anos, pois esta foi discutida e definitivamente estabelecida no período da
reforma, a verdade é que algo não pode ser considerado novo por apenas não ter
sido detalhado no passado.
6.3-
A DOUTRINA DA IMINÊNCIA
O
pré-tribulacionismo se destaca das outras teorias por ser a única baseada numa
interpretação literal, que, como já vimos, é o método usado pela própria
escritura para se explicar. Outro ponto importante é o fato de respeitar a
doutrina da iminência como também reafirma-la.
Esta doutrina trata
da condição em que está a igreja quanto à volta de Jesus para arrebata-la, ou
seja, Jesus disse que seria a qualquer momento. A promessa de buscar sua igreja
foi feita por ele mesmo: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não
fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando eu for e vos
preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que, onde eu
estou, estejais vós também”. ( Jo 14:2-3). Porém, quanto ao tempo em que
isto ocorrerá, Jesus disse que: “daquele Dia e hora ninguém sabe” (Mt
24:36a), logo, sua vinda é repentina.
Mesmo não havendo
sinais específicos que indiquem o arrebatamento, o prenuncio da grande
tribulação já nos serve como “sombra de sinal”, contudo não devemos atentar
cegamente para estes aparentes sinais e nos esquecermos que sua vinda é iminente. A igreja é
constantemente exortada a vigiar “aguardando a bem-aventurada esperança e o
aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt
2:13); “Mas considerai isto: se o pai de família soubesse a que vigília da
noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa”. (Mt
24:43); “Mas vós, irmãos, já não estais em trevas, para que aquele dia vos
surpreenda como um ladrão” (I Ts 5:4).
O pós-tribulacionismo
como também o meso-tribulacionismo, negam este fato, que é o da vinda a
qualquer momento. Seus argumentos, em suma, são:
· Jesus disse que para
que ele pudesse retornar o evangelho deveria ser pregado em todo o mundo (Mt
24:14), sendo assim sua vinda dependia de um longo espaço de tempo sinalizando
seu retorno e descartando a doutrina da iminência.
O
equivoco está na interpretação, pois “este evangelho do reino”, acima citado
não são as boas novas, ou seja, o evangelho que Jesus pregava e que hoje a
igreja prega. O contexto é claro, trata-se das boas novas pregada aos Judeus
durante a grande tribulação, possivelmente pelo remanescente (Ap 7), pelas duas
testemunhas (Ap 11:3-13).
· Devido o
desdobramento de acontecimentos da história, sofrimento dos apóstolos e
declinio da vida espiritual dos cristãos no fim dos tempos, indicam que antes
de tudo isso acontecer, Jesus não poderia retornar, sendo assim não existe um
retorno iminente, pois, supostos sinais que o antecedem devem ser cumpridos
cabalmente.
Isto
pode ser verdadeiro se não levarmos em consideração que o curso da história
pode ser interrompido a qualquer momento, ao se comparar com um ladrão disse:
“se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão,
vigiaria”, um ladrão não se limita a roubar apenas de noite, mas a qualquer
momento. Existem sinais que de maneira secundária indicam o arrebatamento, e é
importante perceber que estes, primariamente indicam a preparação para grande
tribulação, sendo assim Jesus não está preso a cumprimento de supostos sinais
ou ocorrências na historia para arrebatar sua igreja.
Por todas as
referências bíblicas, (e isto fala mais alto que qualquer argumentação), e
pelos pontos acima discutidos, fica, sem qualquer sombra de dúvida, confirmada
a doutrina da iminência.
6.4-PORQUE
O ARREBATAMENTO DEVE SER PRÉ-TRIBULACIONAL?
Alguns
pontos devem, necessariamente ser observados para que tenhamos uma compreensão
clara e sustentável referente ao pré-tribulacionismo, e para isto estudaremos
alguns pontos que afirmam e sustentam um arrebatamento antes da grande
tribulação.
6.4.1-
A igreja não necessita de mais uma purificação, pois esta já foi consumada na
cruz.
“Porque guardaste a palavra da
minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir
sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a terra” (Ap
3:10)
Numa
promessa à igreja de Filadélfia, Jesus diz que não permitiria que a igreja
fiel, ou salva passasse pela “provação” que haveria de vir sobre o mundo. No
original grego o termo usado neste versículo é peirasmos,
de um modo geral significa: experimento, tentativa, teste, prova; tentação da
fidelidade do homem, integridade, virtude, constância; de acordo com o
contexto, significa: adversidade, aflição, aborrecimento: enviado por Deus e
servindo para testar ou provar o caráter, a fé, ou a santidade de alguém.
(Strong).
O caráter da grande tribulação é de purificação como também de
juízo, quanto a isso aqueles que realmente são servos de Cristo e
verdadeiramente “lavaram suas vestiduras no sangue do cordeiro” estão isentos.
Perceba bem, purificação aqui, não se refere a santificação. Como já visto
anteriormente a igreja foi justificada (Rm 3:19-26); regenerada (IICo 5:17);
adotada (Rm 8:15-16) e aguarda apenas sua completa redenção (Rm 8:23; Ef 4:30).
6.4.2.- a igreja precisa ser retirada da terra para que se inicie
a grande tribulação
“agora,
vós sabeis o que o detém, para que a seu próprio tempo seja manifestado. Porque
já o mistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que do
meio seja tirado; e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará
pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;”
Nesta
referência o iníquo ou profano que é o anticristo, não poderá iniciar seu
governo sem que aquele que o impede de agir seja retirado da terra, e sobre a
identidade deste, existe muita especulação, no entanto podemos concluir que não
se trata de outro a não ser o Espírito Santo, e sendo a igreja templo do
Espírito Santo (ICo 3:16), quando esta partir ele irá também. Podemos declarar
então que, para que o anticristo possa iniciar sua atuação é necessário que o
Espírito Santo juntamente com sua habitação sejam retirados da terra, o que em
termos de tempo só pode ser antes de iniciar a grande tribulação, deixando
então o “caminho livre” para a besta. É preciso não confundir; a igreja não é a
detentora pelo fato de ser a habitação do Espírito Santo, ela apenas age por
meio dele, no entanto o agente do poder espiritual que impede a manifestação da
besta é o Espírito Santo, a igreja será beneficiada com o arrebatamento porque
o Espírito não pode estar desvinculado dela.
Este fato
torna impossível que a igreja passe pela grande tribulação deixando claro que o
arrebatamento é pré-tribulacionista.
6.4.3-
É necessário que hajam salvos no fim da grande tribulação para ingressarem no
milênio.
Com o
retorno vivível de Cristo a terra, o milênio será instituído; se o
arrebatamento acontecesse neste momento, como pensam os pós-tribulacionistas,
não restaria nenhum santo para reinar com Cristo no milênio, sendo que a bíblia
nos ensina que neste tempo as pessoas terão uma vida humana, ou seja, vão gerar
filhos, se alimentar, trabalhar, terão prosperidade, paz etc... Como está
registrado em Is 65:20-25; se assim fosse, isto não seria possível.
Outra
questão muito importante é o fato de que Jesus disse em Mateus 24:14 que o
“evangelho do reino” seria pregado, evangelho este que não pode ser anunciado
pela igreja, pois esta anuncia o evangelho da graça (At 20:24), chamado por
Paulo de evangelho de Deus (Rm 1:1), evangelho de Cristo (ICo.9:12). Com
exceção de Mateus, nenhum dos escritores do Novo Testamento o identificou como
evangelho do reino, o que é explicado pelo fato de Mateus ter sido escrito para
os Judeus que devido o sofrimento causado pelo império romano, aguardam a vinda
do messias para instituir seu reino.
Este
evangelho do reino anunciará, durante a grande tribulação, a vinda do messias
para inaugurar este reino literal, e através dele muitos se converterão (Ap
7:13-17).
6.4.4-
Os tipos no velho testamento indicam um arrebatamento pré-tribulacional
Quanto
aos tipos é importante ressaltar que eles serão introduzidos neste trabalho
apenas por serem largamente usados como símbolos do arrebatamento, no entanto
eles são apenas uma suposta alusão ao arrebatamento, teologicamente não pode
ser provada devida não haver menção da igreja, especificamente, no velho
testamento, contudo os tipos são:
a)
Enoque, bisavô de Noé, é o primeiro suposto tipo da igreja arrebatada, teve um
relacionamento de obediência com Deus, e por isso foi arrebatado para não
morrer no dilúvio (Gn 5:24; Hb 11:5).
b)
Bisneto de Enoque, Noé foi salvo pela arca, do terrível dilúvio que se
aproximava (Gn 7:1,7). O tipo tem grande semelhança com o fato de que Deus os
livrava do dilúvio para posteriormente os colocar na terra novamente; da mesma
forma com o arrebatamento, a igreja será poupada da grande tribulação,
retornando novamente a terra na manifestação de Cristo, para juntos entrarem na
terra milenial. É interessante ressaltar que a expectativa do arrebatamento,
como também seu repentino acontecimento, foi comparada por Jesus aos dias de
Noé (Mt 24:37-39).
c)
O juízo sobre Sodoma veio após a saída de Ló, desta maneira ele representa a
igreja que após ser retirada virá o Juízo na terra com a grande tribulação
(Lc17:28-30).
Os
tipos por mais parecidos com a realidade que sejam não servem para se
estabelecer doutrina, porém revelam o cuidado de Deus com aqueles que lhe
servem fielmente, por isso podemos crer que por seu amor incondicional a igreja
ele não a deixará perecer na grande tribulação.
Por todos os motivos
citados fica claro que o arrebatamento não pode ser localizado em outro tempo,
senão antes da grande tribulação, sabemos, no entanto que os argumentos
pós-tribulacionistas tem certa lógica e base bíblica, mas isso não é o
suficiente para que consigam provar suas teorias, o que não acontece com o
pré-tribulacionismo que mesmo não resolvendo todos os problemas que existem
devido passagens de difícil interpretação, consegue harmonizar os textos de
maneira correta e dentro do contexto, trazendo-nos o ensino sobre o arrebatamento
mais completo e coerente do todas as teorias existentes, não é à toa que os
maiores mestres, doutores e escolas teológicas no mundo inteiro, são
pré-tribulacionistas; porém nunca devemos crer em algo apenas porque uma
maioria crê, mas o testemunho das Escrituras deve sempre prevalecer.
PONTOS
SOBRE O ARREBATAMENTO
O arrebatamento possui alguns
pormenores que não podem ser deixados para trás. Afim de que tenhamos a melhor
visão possível referente ao evento, estudaremos alguns detalhes importantes como:
o propósito do arrebatamento; quem será arrebatado e o momento do
arrebatamento.
7.1- OS PROPÓSITOS DO ARREBATAMENTO
7.1.1-
Glorificar a igreja
No capítulo anterior pudemos observar
que a igreja deve ser arrebatada antes da grande tribulação, e este é o
propósito do arrebatamento. A bíblia apresenta a igreja como sendo a noiva de
Cristo:
Vós, maridos, amai vossas mulheres,
como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a
santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a
apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa
semelhante, mas santa e irrepreensível. (Ef 5:25-27)
No casamento judeu, após os pais do
noivo terem pago o dote pela noiva (Gn 24:53; 34:12), era marcado o dia do
casamento e esta não sabia o momento da chegada deste, que era anunciado por um
grito; ao encontrar a noiva, o noivo e os parentes da noiva a elogiavam, seguindo-se o banquete de
comemoração, e este deveria ser na casa do noivo. Neste mesmo esquema de
ritual, Jesus fará com sua noiva, a igreja; ele a buscará para estar com ele;
no céu será galardoada através do tribunal de Cristo (Rm 14:10; II Co 5:10),
seguido pelo banquete das bodas do cordeiro (Ap 19:7, 9).
Para que todo o propósito espiritual
que existe entre Cristo e Sua igreja possam se cumprir, é necessário que haja
um arrebatamento, ou seja, que o noivo venha buscar sua noiva para consumar
esta união, de outro modo outros ensinos como os mencionados acima perderiam
todo o valor. Portanto o arrebatamento é necessário para que a igreja seja
glorificada
7.1.2-
Galardoar os crentes em Jesus que já morreram
Uma característica importante do
arrebatamento é o fato de nele estarem incluídos os crentes que já morreram “porque
a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis” (I Co 15:52).
Com certeza estes poderiam ser ressuscitados com os demais na grande tribulação
(Ap 20:4), porém receberão um galardão diferenciado juntamente com toda a
igreja viva.
7.1.3- Livrar a igreja do sofrimento
da grande tribulação
No capítulo anterior observamos alguns
pontos que demonstram que o arrebatamento será antes da grande tribulação, isto
porque não é aceito pelas Escrituras que a igreja passe por este juízo. Existem
três juízos a que o cristão é submetido,
1) Seu juízo mediante a
morte de Jesus na cruz do calvário (João 12:31-32). Ao crer na morte vicária de
Cristo, a pessoa é submetida a juízo, e porque agora tem a Cristo como seu
advogado (I João 2:1) é absolvido de todos os pecados, sendo perdoado todo seu
passado de incredulidade.
2) O
juízo diário em que o Espírito Santo opera através do processo da santificação.
A este processo podemos chamá-lo de auto-julgamento, ou seja, sendo uma
habitação do Espírito Santo o crente em Jesus não consegue ter uma vida
dissoluta sem que se sinta culpado; sobre isto Paulo diz que: “Porque, se nós
nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos
julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o
mundo”. (I Co 11:31-32).
3) Este não é propriamente
um juízo, no sentido de ser salvo ou não, representa um juízo onde os crentes
serão submetidos para serem galardoados, cada um conforme as suas obras. (II Co
5:10).
Se tivermos esta visão percebemos
claramente que não resta outro juízo para a igreja, vemos em Ap 3:10,
justamente este aspecto, de que a igreja será poupada de qualquer juízo que
será estabelecido com a vinda da grande tribulação, como vimos anteriormente a
igreja aguarda seu noivo para que ela não sofra as aflições vindouras.
7.2- QUEM SERÁ ARREBATADO?
“Porque, assim como todos morrem em
Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua
ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na sua vinda” (I Co 15:22-23).
Através da afirmação de Paulo temos a
certeza de que somente os “os que são de Cristo” serão arrebatados, ou
seja, sua igreja. Ao tratar do assunto I Tessalonicenses 4:16-17 ele diz:
Porque o mesmo Senhor descerá do céu
com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram
em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e
assim estaremos sempre com o Senhor.
Apenas dois grupos, na igreja, que
podem ser detectados como sendo participantes do arrebatamento estes são “os
que morreram em cristo” e “os que ficarmos vivos”.
Existem muitas especulações quanto a
este fato, pois muitos pensam que pelo fato de pertencerem a uma igreja isto
faz dele um participante do arrebatamento seja vivo ou morto, o fato é que nos
coloca em posição de futuros arrebatados, é a nossa condição “estar em Cristo”,
ter uma vida de Cristão autêntico, cultivando seu relacionamento com Jesus.
Sobre isto Paulo nos diz:
Pensai nas coisas que são de cima e não nas
que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com
Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, também
vós vos manifestareis com ele em glória. (Cl 3:2-4)
Outro fato importante a ser mencionado
é quanto à ressurreição ou não dos salvos do Antigo Testamento, no entanto
devemos separar as coisas, o arrebatamento é para “os que são de Cristo” e os
Judeus não se encontram nessa condição, mesmo estando salvos os que viveram
antes de Jesus só serão ressuscitados na ressurreição que está expressa em Ap
20:4 entendemos que o arrebatamento é um tratar de Deus para com a igreja e
difere do plano que Deus tem para Israel. Voltaremos a tratar do assunto com
mais detalhes em momento oportuno.
7.3- O MOMENTO DO ARREBATAMENTO
Jesus em sua primeira encarnação
esteve por volta de trinta e três anos na terra, sendo que apenas três,
realizando a sua obra, após sua morte e ressurreição a igreja inicia uma nova
expectativa, a do aparecimento do Senhor para arrebatar a igreja da terra. Uma
pergunta nos vem, como será este momento? Paulo nos explica que seremos
chamados por ele “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com
voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus” (I Ts 4:16), neste momento os mortos
em Cristo ressurgirão “e os mortos ressuscitarão incorruptíveis” (I Co
15:52), seguindo os mortos que ressuscitaram, nós “os que ficarmos vivos,
seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos
ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (I Ts 4:17).
Quanto à duração deste evento, em I Co
15:52 Paulo diz que “será num momento, num abrir e fechar de olhos” no
original grego é: én atomo én ripe oftalmou, o termo átomo significa algo que
não pode ser dividido, muito bem traduzido por “um momento”, ripe significa
pulsação, batida, uma batida de olho ou um piscar de olho. Aqui vemos que o
tempo necessário para que tudo o que envolve o arrebatamento aconteça é mínimo,
não há como medir senão comparando a um piscar de olhos. Daí o motivo de
devermos estar sempre em comunhão com o Senhor.
Paulo nos informa que o arrebatamento
em si é o grito de vitória da igreja, que agora não sofrerá mais o dano da
morte nem da dor, pois o noivo veio consumar a vitória da igreja sobre a morte
e o inferno.
Porque convém que
isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal
se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da
incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então,
cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. I Co
15:53-54.
A
IGREJA APÓS O ARREBATAMENTO
No
capítulo anterior observamos os principais pontos referentes ao arrebatamento,
neste veremos o que acontecerá com os crentes que agora estão no céu com Jesus.
Dois
eventos aguardam a igreja arrebatada ao céu, o Tribunal de Cristo e as Bodas do
Cordeiro. Enquanto na terra acontece a grande tribulação a igreja tem um
período de núpcias com seu noivo.
8.1-
O TRIBUNAL DE CRISTO
Porque
ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata,
pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na
verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará
qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte
permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá
detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. I Co 3:11-15
Também
chamado de Tribunal de Deus em Rm 14:10 (ARA), o tribunal de Cristo será o
próximo acontecimento para a igreja após o arrebatamento. O texto acima detalha
como será o Tribunal, porém com este titulo é somente encontrado em Romanos 14:10
(RC) e II Co 5:10.
Existem dois termos gregos usados no
Novo Testamento para se referir a um tribunal:
KRITERION
(krithrion): O primeiro nome para
tribunal encontrado no novo testamento é kriterion
(krithrion), que significa:
1)
instrumento ou meios usados para julgar algo; critério ou regra
pela qual alguém julga; 2) lugar onde acontece o julgamento; tribunal de um
juiz; assento dos juízes; 3) assunto julgado, coisa a ser decidida, processo,
caso. (Strong).
Kritérion é usado em I Co
6:2, 4 e Tg 2:6, para se referir julgamento, avaliação para possível condenação
ou absolvição, este termo, como também o traduzido por Juiz, krites (krithv),
têm como raiz a palavra krino (krinw)
que significa:
1)
separar, colocar separadamente, selecionar, escolher; 2) aprovar, estimar,
preferir; 3) ser de opinião, julgar, pensar; 4) determinar, resolver, decretar;
5) julgar.
A conclusão a que chegamos
é que nas referências em que são usados estes termos acima citados, não podem
descrever ou ser utilizados para se referir ao Tribunal de Cristo.
Bema (bhma):
este termo é usado em Rm.14:10 e II Co 5:10 para designar o tribunal de Cristo,
Strong define assim:
1)
um degrau, um passo, o espaço que um pé cobre; 2) um lugar elevado no qual se
sobe por meio de degraus, plataforma, tribuna; assento oficial de um juiz; o
lugar de julgamento de Cristo; Herodes construiu uma estrutura semelhante a um
trono na Cesaréia, do qual ele via os jogos e fazia discursos para o povo.
Diferente do primeiro, Bema
fala do tribunal em si, ou seja, do lugar onde o julgamento é feito e não do
julgamento propriamente dito, também retrata um lugar de honra, uma tribuna de
honra. Sale-Harrison ao comentar sobre o bema, diz:
Nos Jogos
gregos de Atenas, a velha arena tinha uma plataforma elevada na qual na qual se
assentava o presidente ou juiz da arena. Dela ele recompensava todos os
competidores; e lá ele recompensava todos os vencedores. Era chamado bema ou
assento de recompensa. Nunca foi usado em referencia a um assento judicial
Concluímos que o tribunal de Cristo
não se trata de um julgamento onde os réus correm o risco de serem condenados,
mas sim um “grande evento” onde os crentes em Jesus receberão suas recompensas.
Não podemos cair no mesmo erro que os
Católicos Romanos, usaram esta passagem para criar o ensino sobre purgatório
crendo, então, que este é um tribunal de juízo. Ao lerem o que Paulo fala a
respeito de “salvos como pelo fogo”, dizem que os que não fizeram o bem
necessário para serem salvos, nem o mal necessário para serem condenados, irão
para o purgatório esperar um julgamento posterior que poderá lhes dar uma
segunda chance. Para amenizar sua pena no purgatório e ir mais rápido para o
céu, o réu pode contar com ajuda dos vivos através de velas, missas, orações,
indulgências etc.
8.2.1-
Como
será o tribunal de Cristo
Quando em II Co 5:10 Paulo diz que
“todos devemos comparecer” diante deste tribunal, e este “comparecer” no grego
é phaneroo (fanerow), que significa :tornar
manifesto ou visível ou conhecido o que estava escondido ou era desconhecido,
manifestar, seja por palavras, ou ações, ou de qualquer outro modo. (Strong)
Isto quer dizer muito mais que comparecer, nós seremos manifestos. Cristo
revelará publicamente a essência de nossas obras, “a obra de cada um se
manifestará” (I Co 3:13), e isto de maneira individual, um por um.
De um modo geral divide-se as obras em
dois grupos, de acordo com os materiais usados por Paulo em I Co 3:12-13:
“Se alguém sobre este
fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno,
palha, a obra de cada um se manifestará: na verdade o dia a declarará, porque
pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um”.
a) O grupo das obras destrutíveis: madeira,
feno e palha.
Todos este materiais
apresentados por Paulo são totalmente destruídos quando lançados ao fogo, e o
paralelo que ele faz é justamente esse, pois ele mesmo nos diz que “o fogo
provará qual seja a obra de cada um”.Obras feitas sem a devida sinceridade,
praticadas para a própria glória, nunca passarão pelo fogo revelador, porém é
importante ressaltar que a avaliação do tribunal não julgará as obras como
sendo boas e más, mas sim como sendo úteis e inúteis, também é bom lembrarmos
que o propósito central do bema de Cristo não é humilhar ou envergonhar
os salvos, e sim galardoa-los.
b) o
grupo das obras indestrutíveis: ouro, prata e pedras preciosas.
O fundamento do edifício é o próprio
Jesus Cristo, e por isso mesmo se deve usar materiais, que condigam com este
fundamento. Este grupo fala das obras produzidas pela direção do Espírito de
Deus, feitas com sinceridade e sem nenhuma pretensão de vanglória, o fogo trará
a tona o que realmente é verdadeiro em nossas obras, e é sobre o que restar, e
se restar algo, que seremos galardoados.
Quanto à recompensa,
parece-nos sensato pensar que ela será uma coroa, devido a representação da
igreja pelos 24 anciãos em Ap 4, estes usavam coroas que no grego é stephanos,
este termo era usado para se referir as coroas ou guirlandas que os vitoriosos
em jogos olímpicos recebiam como prêmio (I Co 9;24-25).
8.3-
BODAS DO CORDEIRO
Regozijemo-nos, e
alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já
a sua esposa se aprontou. (...) disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que
são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras
palavras de Deus.(Ap 19:7, 9)
Uma das mais importantes metáforas a
respeito da igreja com certeza é a de apresenta-la como “noiva”. Existem outras
muito usadas e importantes que apresentam como “corpo de Cristo” e “rebanho”,
porém a metáfora de noiva nos parece ser a mais atraente e define melhor o
relacionamento entre Cristo e sua igreja. João batista apresentou Jesus como o
noivo e ele sendo apenas o amigo que se alegrava em ver a sua alegria (João
3:29). Paulo também usa a metáfora para falar a respeito da vida conjugal,
fortalecendo seu ensino com o exemplo de Jesus, que amou sua igreja (noiva) e
deu a vida por ela (Ef 5:21-29). Nos versículos acima vemos o João, o apóstolo,
usando para falar do momento da celebração da união de Cristo com sua amada
igreja.
“As bodas do Cordeiro”
serão realizadas no céu, já que é lá que a igreja se encontra após o
arrebatamento, será também após o tribunal de Cristo, e isto pode ser visto
pelas vestes que a “igreja usa” quando é apresentada ao noivo (Jesus)
representando a justiça confirmada pela avaliação do tribunal (Ap 19:8).
Vemos que
esta união no céu revela a importância deste evento, pois, para um judeu,
existem três acontecimentos significativos na vida, que são: o nascimento, o
casamento e o dia da morte, sendo que dentre todos o casamento é o mais
importante, já que para um judeu um homem só realmente é considerado como tal,
quando se casa e forma uma família. Por isso vemos o casamento ser usado com
abundância no Velho Testamento, falando do relacionamento entre Deus e Israel
(Jr 3:20; Ez 16:32, 45; Os 2:2, 16); no Novo Testamento, Jesus usa para falar
sobre a rejeição dos judeus ao evangelho (Mt 22:1-14), para alertar quanto à
vigilância devido sua futura vinda (Mt 25:1-13) entre outros, porque era algo
que os Judeus entendiam muito bem e sabiam a responsabilidade que era ser
noiva, seja esta noiva Israel ou a igreja.
CAPÍTULO 9
A GRANDE
TRIBULAÇÃ
A grande tribulação com
certeza é o assunto mais discutido na doutrina da escatologia bíblica, é também
o que apresenta maiores dificuldades de interpretação com respeito a
acontecimentos e profecias que devem ser cumpridas no período tribulacional;
portanto devemos ter grande atenção, devido sua importância dentro das
Escrituras, tanto no Velho quanto no Novo Testamento.
Como já vimos, a igreja
estará isenta de passar por este período de sofrimento nunca visto na Terra;
enquanto no céu a igreja se regozija com o tribunal de Cristo e com as Bodas do
Cordeiro, na terra acontece a grande tribulação.
Devemos saber distinguir os vários
tipos de tribulações existentes na bíblia, pois nem todos falam a respeito do
período tribulacional. Segundo o Dr.Duffiede e Van Cleave, existem nas
Escrituras três tipos de tribulação diferentes:
1.
Aplicada
às provações e perseguições que os cristãos sofrerão através de toda a era da
igreja como resultado de sua identificação com Cristo (João 16:33)
2.
Aplicada
a um período especial de tribulação para Israel, profetizado por Daniel (Dn
9:24-27)
3.
Aplicada
à ira final de Deus sobre o anticristo e as nações gentias que o seguem, (Ap
6:12-17), chamada de “grande dia da ira deles”.
9.1- TERMOS
UTILIZADOS PARA TRIBULAÇÃO
Diante dos três aspectos de tribulação
apresentados, se faz necessário definirmos os termos utilizados nas Escrituras
para se referir à tribulação.
Encontramos quatro substantivos que
podem ser traduzidos por tribulação e aflição entre outros.
1. kakopatheia
(kakopayeia) : sofrimento que procede do mal, aborrecimento, angústia, aflição (Strong).
Este substantivo é formado de kakos “mau”, e paschõ “sofrer”
(Vine), foi traduzido por “aflição” em Tg 5:10: “Meus irmãos, tomai por
exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do
Senhor”. Neste caso o sentido é de aflições sofridas, sejam angústias,
perseguições, aborrecimentos, etc. Somente é usado neste versículo, e
nunca para se referir à grande tribulação.
2. kakosis (kakwsiv):
opressão, aflição, maltrato. Somente utilizado em Atos 7:34 “Tenho visto
atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus
gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito”.Aqui
indica os maltrates sofrido por Israel enquanto estava cativo no Egito, também
nunca é usado para indicar a grande tribulação.
3. pathema (payema):
aquilo que alguém sofre ou sofreu externamente; sofrimento, infortúnio,
calamidade, mal. Aflição dos sofrimentos de Cristo, também as aflições que
cristãos devem suportar pela mesma causa que Cristo pacientemente sofreu. Este substantivo
geralmente é usado para descrever sentimentos causados por infortúnios
externos, seja a perseguição ou qualquer outra circunstância. É utilizado em Rm
7:5; 8:18; 2 Co 1:5-7; Cl 1:24; 2 Tm
3:11; Hb 2:9-10; 10:32; I Pe 1:11;4:13; 5:1; 5:9.
Todos os termos descritos falam de sofrimentos
diversos, sejam externos ou internos, e retratam apenas as aflições numa esfera
meramente humana e cotidiana num sentido geral, diferente do termo a seguir que
é o utilizado para se referir à grande tribulação.
4. thlipsis (yliqiv):
literalmente, ato de prensar, imprensar, pressão; metaforicamente: opressão,
aflição, tribulação, angústia, dilemas (Strong). Vine define como sendo “qualquer
coisa que sobrecarrega o espírito”. Thlipsis é derivado de thlibo (ylibw)
que significa: prensar (como uvas), espremer, pressionar com firmeza; caminho
comprimido.
Este é
o termo utilizado em Ap 7:14 para se referir à grande tribulação. “E eu
disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande
tribulação, lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro”.Também
é usado por Jesus em Mt 24:21, numa referência ao período tribulacional: “porque
nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora
não tem havido e nem haverá jamais”.
9.2- O DIA DO SENHOR
A doutrina da grande tribulação tem
sido discutida em vários ramos da escatologia bíblica, seja por milenistas ou
amilenistas. Nas Escrituras encontramos não poucas passagens falando de um
período de tempo em que Deus traria juízo sobre Israel e os gentios; este
período é chamado de grande tribulação.
Para entendermos melhor este ensino é
necessário identificar este período não só no Novo Testamento, mas também, e
principalmente, no Velho Testamento, já que um dos propósitos é trazer os judeus
a uma conversão definitiva.
São fartas a passagens que mencionam o
dia do Senhor como também outros nomes dados ao mesmo acontecimento, onde a
principal idéia é de juízo contra o Israel impenitente. Vejamos alguns nomes
dados à grande tribulação no Velho Testamento:
Isaías 13:9 Eis que o
dia do SENHOR vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra
em assolação e destruir os pecadores dela.
Ezequiel 13:5 Não
subistes às brechas, nem reparastes a fenda da casa de Israel, para estardes na
peleja no dia do SENHOR.
Joel 2:1 Tocai a
buzina em Sião e clamai em alta voz no monte da minha santidade; perturbem-se
todos os moradores da terra, porque o dia do SENHOR vem, ele está perto.
Isaías
10:3 Mas que fareis vós outros no dia da visitação e da assolação que há
de vir de longe? A quem recorrereis para obter socorro e onde deixareis a vossa
glória,(...)?
Jeremias 46:10 Porque
este dia é o dia do Senhor JEOVÁ dos Exércitos, dia de vingança para se
vingar dos seus adversários; e a espada devorará, e fartar-se-á, e
embriagar-se-á com o sangue deles; porque o Senhor JEOVÁ dos Exércitos tem um
sacrifício na terra do Norte, junto ao rio Eufrates.
Isaías 13:13 Pelo que
farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor
do SENHOR dos Exércitos e por causa do dia da sua ardente ira.
Isaías
17:11 No dia em que as plantares, as cercarás e, pela manhã, farás que a tua
semente brote; mas a colheita voará no dia da tribulação e das dores
insofríveis.
Ezequiel
7:7 vem a tua sentença, ó habitante da terra. Vem o tempo; chegado é o dia
da turbação, e não da alegria, sobre os montes.
O dia
do Senhor não se trata literalmente do espaço de vinte e quatro horas, mas sim
de um período, como em Gn 2:4; Is 22:5 e Hb 3:8. Este
período será entre as vindas de Jesus, ou seja, o arrebatamento e seu retorno
em glória.
“Dia” no hebraico, yôm, significa: luz do dia, dia, tempo momento,
ano. Como vemos seu significado é abrangente, pode significar “luz do dia” como
em Gn 8:22: “Enquanto durar a terra, não deixará de haver sementeira e
ceifa, frio e calor, verão e inverno, dia e noite.”; período de vinte
quatro horas como em Gn 39:10: “Falando ela a José todos os dias, e não lhe
dando ele ouvidos, para se deitar com ela e estar com ela,”; em Gn 2:17 yôm
refere-se a um momento: “mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não
comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”; sua
forma plural, yãmîm, aparece em Ex13:10, significando ano: “Portanto,
guardarás esta ordenança no determinado tempo, de ano em ano.” Finalmente
yôm com referencia a espaço de tempo, encontramos em Gn 2:3 “E abençoou Deus
o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a obra que, como
Criador, fizera.” É acordo entre a maioria dos teólogos que este sétimo dia
não trata de um dia literal, mas de um período que vai desde a
criação até a vinda de Cristo. (Adaptação do dic.Vine).
No
novo Testamento também temos referências ao “dia do Senhor”
1 Ts 5:2 Pois vós mesmos estais inteirados com
precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite.
2 Ts 2:2 A que não vos demovais da vossa
mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra,
quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do
Senhor.
2 Pedro 3:10 Virá, entretanto, como ladrão, o
Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os
elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela existem
serão atingidas.
Não
devemos confundir com o “dia de Cristo”, como está expresso em Filipenses 1:6;
1:10; 2:16, com o dia do Senhor, este dia refere-se não ao tempo de juízo, e
nunca está ligado a isso, mas sim, a recompensa que os crentes em Jesus
receberão, e isto é claramente declarado por Paulo em Filipenses 2:16, onde
lemos: “preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me
glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente”.
Tanto o
Velho como o Novo Testamento apresenta o dia do Senhor como tempo de juízo, dia
cruel, com ira e ardente furor (Is 13:9); dia da vingança (Is 34:8); dia
nublado (Ez 30:3) grande é o Dia (...) e mui
terrível! (Jl 2:11); dia de trevas e não de luz (Am 5:18); dia da ira (Sf 2:2).
No Novo testamento as referencias ao dia do Senhor têm uma ligação mais próxima
ao advento de Cristo, ou seja, os escritores neotestamentários usavam este
termo como referencia à volta de Jesus e não diretamente à grande tribulação,
ainda que um estivesse ligado ao outro.
A certeza deste “dia” ser de juízo derruba de uma vez por todos os
argumentos pós-tribulacionistas, que acreditam que a igreja passará por este
período, como também os amilenistas que não aceitam a existência do “dia do
Senhor” como um período de extrema tribulação sobre os judeus e gentios. Este
período é real e futuro.
A conclusão em que chegamos
é que a grande tribulação será um período de juízo e sofrimento nunca
experimentado pela humanidade. Numa passagem de dupla referencia em Mateus,
Jesus nos revela a severidade deste tempo “porque nesse tempo haverá grande tribulação,
como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais”
(Mt 24:21).
9.3- AS SETENTA SEMANAS DE DANIEL
A
duração do período tribulacional tem suas bases em Daniel 9:24-27
24
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade,
para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a
iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia e
para ungir o Santo dos Santos. 25 Sabe e entende: desde a saída da ordem para
restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e
sessenta e duas semanas; as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em
tempos angustiosos. 26 Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido
e já não estará; e o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o
santuário, e o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações
são determinadas. 27 Ele fará firme
aliança com muitos, por uma semana; na metade da semana, fará cessar o sacrifício
e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a
destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.
Nesta
passagem encontramos um esboço de todo o plano messiânico de Deus para Israel,
como também seu juízo e dos gentios, no entanto dificuldades surgem quando os
pontos de vista escatológicos se chocam, ou seja, pré-milenistas
dispensacionalistas encaram e interpretam esta profecia de maneira que os
amilenistas ou os contra o dispensacionalismo, chamam de fantasiosa. Antes de
observarmos a interpretação dispensacionalista, daremos a oportunidade de
defesa a uma teoria defendida por grande parte de teólogos e professores. A interpretação defendida por Edward J.
Young, entre outros, diz que toda a profecia já foi cumprida, e isto pode ser
comprovado por suas próprias palavras.
Esta
notável seção (Dn 9:24-27) declara que um período definido de tempo havia sido
decretado por Deus para a realização da restauração de Seu povo da escravidão
(...) Pode-se assim ver que os seis objetivos que seriam realizados são todos
messiânicos, e pode-se notar que, quando nosso Senhor ascendeu ao céu, cada um
desses propósitos tinha sido cumprido.
Young luta bravamente para provar algo
impossível. Ao dizer que toda a profecia estaria cumprida na ascensão de Cristo
parece se esquecer que aspectos apresentados no texto, nunca encontraram
cumprimento na história de Israel, e isso se prova facilmente. Veremos na
posição em que nos baseamos e defendemos neste livro, a interpretação correta
que, além de responder a questões complicadas a respeito da escatologia, nos dá
a defesa diante de teorias infundadas e o entendimento necessário quanto ao
texto referido.
Para se tornar clara a profecia
precisamos desmembrá-la de maneira que se veja a vontade de Deus revelada ao
profeta.
9.3.1. “Setenta
semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade” (v.24)
Deus determinou o espaço de setenta semanas
sobre o teu povo (Judeus) e sobre a tua santa cidade (Jerusalém),
para que seis objetivos fossem alcançados. A primeira questão que surge é
quanto a estas setenta semanas que de forma alguma podem ser de dias, mas de
anos. A palavra hebraica traduzida por “semana” é shãbûa, que literalmente
significa “sete”, este substantivo aparece cerca de vinte vezes por todo o
Velho Testamento. Este “sete” se refere a um período que pode ser de dias ou de
anos como em Gn 29:27: “Decorrida a semana (sete) desta, dar-te-emos
também a outra, pelo trabalho de mais sete anos que ainda me servirás”.(também
Lv 25:8 Ez 4:4,5), neste versículo a palavra semana,ou “sete”, refere-se a um
período de sete anos, como o próprio verso explica. Encontramos na septuaginta,
(versão grega do Velho Testamento), tendo o mesmo sentido que o apresentado no
hebraico, ebdomekonta ebdomades, “setenta setes”, devido ser um período de sete
dias ou anos foi usado “semana” na tradução para melhor compreensão.
Para chegarmos ao total de anos que
Deus determinara multiplicamos as setenta semanas por sete que são a quantidade
de dias/anos que cada uma tem (70x7), chegando ao numero de 490 anos.
Os seis objetivos mencionados no v.
24, que deveriam ser concluídos nestes 490 anos são: 1) cessar a transgressão;
2) dar fim aos pecados; 3) expiar a iniqüidade; 4) trazer a justiça eterna; 5)
para selar a visão e a profecia e 6) ungir o Santo dos Santos.
O próprio Deus nos deu todas as
diretrizes necessárias para compreendermos seu plano, e isto se vê claramente
através da divisão feita em três períodos distintos: 1) sete semanas, 2)
sessenta e duas semanas e 3) uma semana. Em cada destes períodos estão
determinados acontecimentos, como o próprio texto explica.
9.3.2- “desde a saída
da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe,
sete semanas e sessenta e duas semanas”.
Para uma melhor compreensão podemos colocar o
texto da seguinte forma: “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém, sete semanas; até ao Ungido, ao Príncipe, sessenta e duas semanas”,
isto quer dizer que desde a saída pra a reconstrução de Jerusalém foram 49
anos, concluídos os 49 anos; conta-se mais 434 anos para então chegarmos ao
messias, ao príncipe. “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o
Ungido”, com isso sabemos que as primeiras 69 semanas têm seu fim com a
morte do messias; resta-nos saber quando foi seu início, pois é fundamental
para que Jesus Cristo seja confirmado como aquele que cumpriria esta profecia.
O texto nos diz “desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém”, temos nas Escrituras três editos que tratam da restauração
judaica após anos de cativeiro na Babilônia. O primeiro é encontrado em 2Cr
36:22-23, quando Ciro, rei da Pérsia, decretou a reconstrução do templo em
Jerusalém, conforme Deus lhe havia ordenado, e agora era confirmado por suas
próprias palavras: “O SENHOR, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra
e me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém”, a repetição deste
mesmo decreto vemos em Ed 1:1-3. Outro
decreto encontra-se em Ed 6:3-8, onde o rei Dário reafirma o decreto de Ciro.
Em Ed 7:7 Artaxerxes em seu sétimo ano de reinado, decretou auxílio a Esdras e
Neemias dando-lhes autoridade, mantimentos, ouro e prata para o Templo.
É necessário observarmos um detalhe
vital em todos estes decretos; eles dizem respeito à reconstrução do templo, e
não da cidade de Jerusalém, condição esta que torna estes decretos incapazes de
serem tomados como datas iniciais para se contar o período de 69 semanas, pois
o v. 25 nos diz que o que marcaria o seu inicio seria uma ordem, um decreto
para a reconstrução da cidade: “desde a saída da ordem para restaurar e para
edificar Jerusalém”, e isto nos leva ao decreto de Artaxerxes em Ne 2:1-8,
onde finalmente encontramos a ordem para edificar Jerusalém
No mês de nisã, no
ano vigésimo do rei Artaxerxes,(...) O rei me disse: Por que está triste o teu
rosto, se não estás doente? (...) Como não me estaria triste o rosto se a
cidade, onde estão os sepulcros de meus pais, está assolada e tem as portas
consumidas pelo fogo? (...) Disse-me o rei: Que me pedes agora? (...) peço-te
que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a
reedifique.(...) Aprouve ao rei enviar-me.
A data
deste decreto torna-se o ponto inicial das 69 semanas. Todas as cronologias
sérias apontam o ano de 445
a .c. como sendo o vigésimo ano de reinado de
Artaxerxes , o texto nos revela que este decreto se deu no mês de nisã (também
chamado Abib), mês da páscoa judaica (em nosso calendário está localizado entre
o mês de março e abril). Como a profecia diz que a partir desta data seriam
contadas as 69 semanas, devemos atentar para a data em que Jesus morreu para
então confirmarmos se sua morte cumpriu a profecia.
Jesus morreu durante a comemoração da páscoa
que se iniciava com a lua nova, que no ano 32, de acordo com o calendário
gregoriano, teve início dia 11 de março as 19:08h (calendário de eventos
astronômicos na história), e este horário marca 1:08h do dia seguinte no
calendário judaico; 12 de março em nosso calendário.
A
tradição demonstra que aquele que estivesse fora da cidade deveria ir comemorar
a páscoa, chegando pelo menos seis dias antes, sendo assim Jesus chegou dia 6
de março do ano 32 em Jerusalém, provavelmente numa sexta feira. (Outras datas
são utilizadas para a páscoa do ano 32 d.C. Porém, esta foi utilizada neste
trabalho devido ser fruto de pesquisa do autor e não uma simples cópia de
estudos já escritos. É importante ressaltar que a diferença entre as datas
propostas é mínima). Concluindo assim, podemos calcular da seguinte maneira: 69
semanas multiplicados por 7 anos de 360 dias (quantidade de dias dos anos
bíblicos), chegamos a 173 880 dias. Isto nos revela um intervalo de 476 anos e
alguns dias, multiplicando esses anos por 365 dias de acordo com o calendário
gregoriano, somando a isso 119 dias dos anos bissextos chegamos a 173 859,
apenas faltando 21 dias para que a soma seja redonda. Se levarmos em conta que
não sabemos o dia correto do mês em que foi feito o decreto em 445 Ac ., e que pode haver
falha de alguns dias nos cálculos, chegamos a um resultado muito satisfatório
que prova que a morte de Jesus ocorreu após o fim das 69 (7+62) semanas como
predito por Daniel “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido
e já não estará”. Para se provar o contrário é necessário negar não só a
narrativa Bíblica como também a história secular.
9.3.3- “para a fazer cessar transgressão, para
dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna,
para selar a visão e a profecia e para ungir o Santo dos Santos”.
Já foi dito que Deus designou seis
acontecimentos, e estes deveriam ser concluídos durante as setenta semanas. Com
a morte de Jesus, os três primeiros cessar transgressão, dar fim aos pecados e
expiar a iniqüidade, foram cumpridos por Cristo através de sua morte vicária,
um problema aparece quando percebemos que os Judeus, como nação, não se
beneficiaram disto, necessitando então do período tribulacional para que Deus
venha a tratar com Israel de maneira que se apropriem de um bem já oferecido
por Deus, ou seja o sacrifício necessário para perdão de seus pecados. Os três
últimos tratam do reinado do messias, que obviamente será no milênio, e isto
pode ser visto claramente quando lemos “para trazer a justiça eterna”, o
reinado messiânico daria fim à validade das Escrituras, pois o próprio Deus
habitará com os seus, e para concluir quando o lugar santíssimo no templo
milenial for ungido, a glória de Deus habitará em meio a seu povo, tendo Jesus
assentado em seu trono.
9.3.4-
“Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido e já não estará; e o
povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, (...) Ele
fará firme aliança com muitos, por uma semana”.
Passadas
as 69 semanas, resta-nos uma. Os versículos 26 e 27, falam desta última semana.
O que estaremos focalizando agora será apenas concernente ao período destes
sete anos e não o que, em detalhes acontecerá nele, isto veremos quando for
oportuno.
Uma
questão bastante debatida é a que se refere ao suposto espaço que existe entre
as 69 e a ultima semana, e é suma importância analisarmos este ponto, pois só
assim poderemos ir adiante no estudo da grande tribulação. Uma conclusão que se
tem defendido, conforme já foi dito, é que todo o período das setenta semanas
já foi concluído, no entanto percebemos que isto não é possível.
Este
espaço entre as 69 semanas e a ultima, torna o assunto discutível, pois os
defensores de que todo o período das setenta semanas já foi cumprido não
aceitam este intervalo nem como suposição. Veremos que este espaço não é algo
novo, mas as Escrituras estão repletas de profecias que dentro de seu
cumprimento existem intervalos, também, alguns pontos que exigem um intervalo
entre os períodos.
1. Intervalo
em Is 61:2 “... a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do
nosso Deus...”. Entre o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança, temos
um intervalo de quase dois mil anos, que é a dispensação da igreja.
2. Os
apóstolos demonstram que existe um intervalo entre a inclusão dos gentios no
plano da salvação e o cumprimento das profecias referentes a Israel. “Cumpridas
estas coisas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi; e,
levantando-o de suas ruínas, restaurá-lo-ei”. (At 15:13-21)
3. Se
não houvesse um intervalo entre a sexagésima nona e a septuagésima semana,
Jesus já deveria ter retornado já que todo o período de setenta semanas foi
concluído sete anos após sua morte.
4. No
próprio texto, se observarmos cuidadosamente perceberemos um intervalo entre o
v.26 e o 27, pois o primeiro diz: E, depois das sessenta e duas semanas,
será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir,
destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao
fim haverá guerra; estão determinadas assolações. Vemos que o texto apresenta
duas seqüências de fatos, 1) após a morte do messias “o povo do príncipe”
destruirá Jerusalém e o templo e o fim deste será como uma inundação, 2) “e
até ao fim” haveria guerras, e terrores estariam determinados.A primeira
seqüência está ligada a morte do Messias, porém a segunda funciona como um
parêntese, um intervalo entre a destruição de Jerusalém e do templo e a
septuagésima semana, isto se pode ver por se tratar de um espaço de tempo que
se iniciou após os primeiros fatos, resumindo, após a destruição determinada,
seria iniciado um período de guerras e desolações sobre Israel, e este tempo
perduraria até que fosse firmado um acordo de (falsa) paz entre Israel e as
nações, que supostamente duraria uma semana, mas... “na metade da semana,
fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações
virá o assolador”
Com
certeza os motivos apresentados são suficientes para deixar claro que realmente
existe este intervalo, e mais, ele é necessário para que a profecia tenha
coerência com o plano de Deus estabelecido no v.24.
9.3.5-
“E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana,
fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações
virá o assolador”.
Uma
segunda questão a ser observada, é quanto ao início da septuagésima semana, e
isto pode ser claramente visto no próprio texto, pois este fala de um “príncipe
que há de vir” e este quando firmar este acordo de paz com Israel estará
inaugurada a grande tribulação. Temos, na verdade, um sinal gritante que
marcará seu inicio, que é o arrebatamento da igreja.
Fica
concluído, então que a septuagésima semana de Daniel é futura, tendo como base
este intervalo entre a sexagésima nona semana e a septuagésima, e os fatos
concernentes à profecia que aguardam seu cumprimento. Outro aspecto que fica
claro é que a grande tribulação terá um período literal e definido, de sete
anos.
9.4
– O PROPÓSITO DA GRANDE TRIBULAÇÃO
Já foi
discutido anteriormente o caráter da grande tribulação e observamos que Deus
estabeleceu um tempo de aflição nunca vista pela humanidade, porém isto tem
propósitos específicos, e é o que veremos agora.
9.4.1-
Purificar os Judeus para receberem a Jesus como Messias.
Deus
havia prometido a Israel, através de alianças, que daria bênçãos eternas, o
fato é que este tempo dependeria de um outro tempo. Ezequiel 20:33-38
encontramos o resumo do plano de Deus para Israel.
Vivo eu, diz o Senhor
JEOVÁ, que, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada,
hei de reinar sobre vós; e vos tirarei dentre os povos e vos congregarei das
terras nas quais andais espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com
indignação derramada. E vos levarei ao deserto dos povos e ali entrarei em
juízo convosco face a face. Como entrei em juízo com vossos pais, no deserto da
terra do Egito, assim entrarei em juízo convosco, diz o Senhor JEOVÁ. E vos
farei passar debaixo da vara e vos farei entrar no vínculo do concerto; e
separarei dentre vós os rebeldes e os que prevaricaram contra mim; da terra das
suas peregrinações os tirarei, mas à terra de Israel não voltarão; e sabereis
que eu sou o SENHOR.
Após séculos de exílio profetizados
antecipadamente neste texto, Israel retornou a sua terra e aguarda agora,
justamente este tempo, o tempo em que Deus diz: “entrarei em juízo convosco
face a face”, e mais, “farei entrar no vínculo do concerto; e separarei
dentre vós os rebeldes e os que prevaricaram contra mim;”. Aqui vemos a
natureza do “dia do Senhor” discutido anteriormente. Neste tempo haverá a
preparação necessária para que a nação de Israel se converta ao Senhor.
9.4.2- Julgar a nações gentílicas
Toda infidelidade e descrença serão julgadas
na grande tribulação, os judeus receberão o tratamento devido, como também os
infiéis e suas nações. Jesus relata em Ap 3:10 um tempo de “provação que há
de vir sobre os moradores da terra”, entendemos aqui que um juízo sobre a
humanidade está previsto, Paulo aos tessalonicenses diz que “por isso, Deus
lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira, para que sejam
julgados todos os que não creram a verdade; antes, tiveram prazer na
iniqüidade.” (2Ts 2:11-12). Durante o governo do anticristo as nações o
apoiarão e serão influenciadas por ele. Os gentios afrontaram a Deus “pisarão
a Cidade Santa por quarenta e dois meses”.(Ap 11:2); ao serem mortas a duas
testemunhas enviadas por Deus “povos, e tribos, e línguas, e nações verão
seu corpo morto (...) não permitirão que o seu corpo morto seja posto em
sepulcros”.(Ap 11:9); as nações se deliciaram com o pecado, “as nações
beberam do vinho da ira da sua prostituição”, como também seus governantes,
“Os reis da terra se prostituíram” (Ap 18:3); rebelaram-se contra Deus
praticando tudo o que ele abomina “porque todas as nações foram enganadas
pelas tuas feitiçarias.”(Ap 18:23); sendo merecedores da fúria do rei dos
reis, “da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações”(Ap
19:15).
9.5- A ESTRUTURA DA GRANDE TRIBULAÇÃO
Já sabemos que a grande tribulação é a
septuagésima semana de Daniel, e que este período é de sete anos. O que veremos
agora é quanto à sua estrutura, ou seja, como será seu desenrolar quanto ao
tempo. Observe o gráfico abaixo, e em seguida serão dadas a s devidas
explicações.
Com o estabelecimento do acordo de paz entre
o anticristo e Israel, inicia-se a grande tribulação. A igreja já foi
arrebatada, restando na terra os gentios e os Judeus. No meio da semana,
segundo Daniel, o anticristo “fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à
consumação”, este fato fará com que, a partir da metade da semana, ou seja,
após os primeiros três anos e meio, se dê inicio ao período descrito em Daniel
7:25 “E proferirá palavras contra o Altíssimo, e destruirá os santos do
Altíssimo, e cuidará em mudar os tempos e a lei; e eles serão entregues nas
suas mãos por um tempo, e tempos, e metade de um tempo”. Este mesmo período
é mencionado em Ap 11:2 e 13:5 como 42 meses; também aparece como 1260 dias em
Ap 11:3 e 12:6, todos tratam do mesmo espaço de tempo como também do mesmo
período. Em Daniel observamos que ele apresenta os três anos e meio finais da
grande tribulação como: um tempo (um ano), e tempos (dois anos),
e metade de um tempo (meio ano).1260 dias, correspondem a 42 meses
de 30 dias cada.
Após os sete anos de grande tribulação, Jesus
retornará novamente para julgar os inimigos de Israel, inclusive satanás, o
anticristo e o falso profeta.
Concluímos então, que
o período tribulacional durará sete anos, porém tendo duas fazes, a primeira
está em torno de uma falsa paz determinada através de um acordo entre o
anticristo e Israel; com o rompimento deste, desencadeia-se um ataque violento
contra Israel e todos moradores da terra, que termina com a volta gloriosa de
Jesus Cristo. O fato de o período tribulacional ter duas fazes, não dá margem
para que se ensine que somente os últimos três anos meio sejam a grande
tribulação, se assim fosse, não existiria a septuagésima semana, mas sim, meia
semana de Daniel.
CAPÍTULO
10 A BESTA
O anticristo, depois de Jesus, é a
figura mais marcante do período tribulacional. O seu título denuncia seu
caráter e suas intenções.
Anticristo vem do grego
antichristos, e
seu sentido é óbvio, adversário de Cristo ou contra Cristo. Alguns escritores
apresentam este título como sendo de alguém que quer se passar pelo Cristo e
não necessariamente contra ele, talvez esteja em mente o uso paralelo de
“antipapa”, que se refere a alguém que se intitula papa mesmo não sendo
reconhecido pela igreja romana e na história são vários os exemplos a esse
respeito. A questão é que neste caso isto não pode ser admitido, pois todos os
textos que o apresentam falando de sua postura, atitudes e intenções, sempre
estão voltadas à destruição de Cristo e seus propósitos, se assim fosse Jesus
ou outro escritor neotestamentário o intitularia de pseudocristo, como em Mateus 24:24.
O termo anticristo é emprestado de 1ª
João 2:18, 22; 4:3 e 2ª João 7 à primeira besta de Apocalipse 13, porque este
termo define muito bem seu caráter e propósito, e esta é a única relação que
existe entre os dois. No livro de Apocalipse a besta nunca é chamada de
anticristo, porém nada impede que a chamemos desta maneira, já que de uma
maneira ou outra ele é um anticristo.
b) tinha dez chifres
(...) e, sobre os chifres, dez diademas
Ap 17:12-13 esclarece: “Os dez
chifres que viste são dez reis, os quais ainda não receberam reino”. Assim
como os dedos da estátua e como os chifres do animal terrível. Estes reis
receberão sua autoridade no tempo designado por Deus para que todo seu plano
seja estabelecido. O fato de terem diademas sobre os chifres demonstra essa
futura autoridade, pois diadema significa, de um modo geral, ornamento real para a cabeça, coroa.
d) “E deu-lhe o
dragão o seu poder, o seu trono e grande autoridade”.
O dragão é Satanás (Ap 12:9) e este dará poder
e autoridade á besta. Paulo diz que seu aparecimento é segundo a “energeia”, ou seja, seu trabalhar, sua força
sobrenatural, isto demonstra que o anticristo tem sua origem em satanás, sua
habilidade política vem das trevas (Dn 8:25), sua prosperidade é de procedência
maligna (Dn 11:36), e toda esta relação com satanás o constituirá inimigo de
Deus, “abriu a boca em blasfêmias contra Deus, para lhe difamar o nome e
difamar o tabernáculo, a saber, os que habitam no céu” (Ap 13:6). Mais uma
vez é indicado o período em que a besta governará, que é de quarenta e dois
meses (Ap 13:5), ou 1260 dias (Ap 12:6). Dominará o mundo e perseguirá todo
aquele que se recusar a adorá-lo uma vez que são servos de Deus (Ap 13:7-8),
perseguirá Israel e este será preservado pelo próprio Deus (Ap 12:6).
Se pensássemos nesta
marca a pouco mais de cinqüenta anos, não admitiríamos outra possibilidade a
não ser que ela seria feita com um ferro em brasa, e assim como um animal é
marcado seriamos também. Logo depois veio a possibilidade de se tratar do
código de barras, mas esta já foi substituída pelo biochip, que pode ser até
menor que um grão de arroz e conter todas as informações que forem necessárias.
De qualquer forma, o falso profeta instituirá este sistema como sendo
obrigatório a todos não por força, mas por persuasão. Seu fim será o mesmo que
o do anticristo (Ap 19:20).
CAPÍTULO
11- A
INVASÃO NA PALESTINA
Já
sabemos que a grande tribulação será um período de juízo contra Israel, e que o
propósito de Deus para esta nação é que se convertam ao Senhor e o sirvam com
sinceridade. Para isto meios serão utilizados, e um deles é uma invasão de
confederações a Terra Santa.
O que
iremos estudar neste capítulo está relacionado à confederação que invadirá
Israel durante o período tribulacional, é bom deixar claro que estes conflitos
não são especificamente a guerra do Armagedom, esta acontecerá no fim da grande
tribulação, marcando o momento da vinda gloriosa de Jesus para inaugurar seu
reino messiânico.
11.1-
OS INIMIGOS DO NORTE
Para
sabermos quem são estes inimigos buscaremos no livro do profeta Ezequiel, que nos
capítulos 38 e 39, falam a respeito de uma confederação de vários reinos que se
juntarão sob uma liderança para invadir o território de Israel, afim de
destruí-lo.
No
cap 38:1-6, são mencionadas as nações que se juntarão para formarem esta
confederação. Todas estas estarão sob o comando de um líder, chamado Gogue.
Vejamos o texto.
Veio
a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, volve o rosto contra Gogue,
da terra de Magogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal;
profetiza contra ele e dize: Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu sou contra ti,
ó Gogue, príncipe de Rôs, de Meseque e Tubal. Far-te-ei que te volvas, porei anzóis no teu
queixo e te levarei a ti e todo o teu exército, cavalos e cavaleiros, todos
vestidos de armamento completo, grande multidão, com pavês e escudo, empunhando
todos a espada; persas e etíopes e Pute com eles, todos
com escudo e capacete; Gômer e todas as suas tropas; a casa de
Togarma, do lado do Norte, e todas as suas tropas, muitos povos contigo.
(Em itálico estão os nomes das nações que se unirão.)
Para
conhecermos os detalhes sobre a invasão, precisaremos, anteriormente,
identificar que são atualmente estes paises, a começar pelo líder desta
confederação.
11.1.1-
Gogue príncipe de Magogue
Gogue
será o líder das forças do norte, este não se trata de Gogue filho de Semaías,
mas um nome simbólico. O que realmente nos importa é quanto a sua terra, e esta
é chamada Magogue, formada por Rôs, Meseque e Tubal.
Magogue
é o segundo filho de Jafé, neto de Noé (Gn 10:2), com a distribuição das
terras, cada um dos filhos de Noé juntamente com suas famílias, povoaram cada
região da terra. Magogue, foi para a região da Caucásia, esta que é uma:
Região que se localiza no extremo sudeste da
Europa, entre o mar Negro e o mar Cáspio, divide-se em duas regiões pela
cordilheira do Cáucaso. A zona norte, situada no interior da Federação Russa e
conhecida como Cáucaso,(...) A parte mais meridional e extensa,
Transcaucásia,(...). Essa região compreende a Geórgia, Armênia e o Azerbaijão.
A
Caucásia é conhecida como o “berço da raça branca”, portanto, Magogue é a raiz
dos Caucasóides, que é uma classificação, em termos de raças humanas, aos povos
de pele, olhos e cabelos claros.
Desde a
antiguidade estes povos eram chamados de citas. Flávio Josefo, historiador do
século I, identifica os descendentes de Jafé como sendo a origem dos Citas,
Gregos e Romanos (é claro que estes povos se dividiram e hoje compreendem até
certo ponto, os latinos). Josefo indica Magogue como o pai da raça Cita “Magogue
fundou a (colônia) dos Magogianos a que eles (os gregos) chamam
de citas” (Primeiro livro Cap 6:18). A Enciclopédia Encarta define assim os
Citas:
Cita,
nome dado pelos escritores gregos clássicos a um grupo de tribos nômades que
ocuparam a Europa central e a Ásia durante o século VIII a.C. Esta denominação
abrange os habitantes da zona de Cítia, ao norte do mar Negro, entre os
Cárpatos e o rio Don, no que são atualmente a Moldávia, a Ucrânia, o leste da
Rússia, e todas as tribos nômades que habitaram as estepes entre a Hungria e as
montanhas do Turquestão.
Gogue é
o príncipe desta região, que é formada a, principio, por três territórios, Rôs,
Meseque e Tubal.
Ao
iniciarmos o reconhecimento de cada um deles nos deparamos com um problema que
é o fato de muitas versões omitirem o território de “Rôs”, traduzindo este
termo por “chefe”, portanto se faz necessário averiguarmos essa tradução antes
de continuarmos.
Rôs vem da palavra
hebraica ro’sh (var), e significa: cabeça, topo, cume, parte superior, chefe,
total, soma, altura, fronte, começo (Strong). De um modo geral é traduzido por
cabeça em seu sentido literal (Gn 3:15; 40:16), outra vezes é traduzido por
cume ou topo de um monte, torre ou escada (Nm 14:40; Gn 11:4; gn 28:12), também
é traduzida por capitão no sentido de chefe (Nm 14:4; Ex 6:14). Seu sentido é
abrangente. No texto de Ezequiel 38:2, várias traduções empregam a Ro’sh, o
sentido de chefe “Gogue, terra de Magogue, príncipe e chefe de Meseque e de
Tubal,” (RC), a tradução na linguagem de Hoje diz “Gogue, o principal
governador das nações de Meseque e Tubal, na terra de Magogue.”.
Estas traduções estariam
corretas se, neste caso, “ro’sh” fosse um substantivo, assim como é apresentado
em outras referências, no entanto o contexto do versículo como também a oração
em hebraico não permitem que seja dessa forma, obrigando “ro’sh” a ser um nome
próprio. Isso pode ser visto através de seu precedente, nasiy’ que significa:
pessoa elevada, chefe, príncipe, capitão, líder; ou seja, Ro’sh quando usado no
sentido de chefe, príncipe ou capitão, torna-se sinônimo de nasiy’, o que torna
ro’sh, enquanto substantivo, totalmente desnecessário, até porque príncipe no
hebraico tem sentido completo e suficiente para qualificar Gogue como príncipe,
chefe, líder etc. O fato de ro’sh ser seguido Meseque e Tubal, torna mais
convincente sua tradução como nome próprio que como algumas Bíblias apresentam.
A Septuaginta (versão grega do Velho Testamento Séc.III a.C.) traduz ro’sh como
nome próprio, pois a oração em grego não permite ser de outra maneira, já que
príncipe no grego archon, tem o mesmo significado que no hebraico.
Algo que marca ro’sh como
sendo a “cidade cabeça ou chefe”, pode ser o fato dela ser um tipo de capital
ou metrópole da terra de Magogue. De qualquer maneira este nome pode ser,
inicialmente um adjetivo que veio a ser definitivamente um nome próprio da
“cidade”.
Resolvido
este problema, nos resta saber quem são, atualmente estas cidades. O que
sabemos a respeito da terra de Magogue é que fica na região da Rússia e adjacências.
Desde o século XVI , os intérpretes da palavra de Deus ligam Rôs à Rússia, e
esta interpretação tem permanecido firme e sustentável até hoje.
Meseque
é a segunda “cidade” que faz parte do território magogiano. Este nome veio de
Meshek (Kvm), (transliterado para o português como Meseque) sexto filho de Jafé.
A
descendência de Jafé, como já visto, foi a que deu origem aos citas, como
também outros povos daquela região, dessa forma, Meseque é considerado como o
que deu origem aos russos.
A descendência
de Meseque se dirigiu à região que fica entre o mar Negro e o Cáspio, e ali
foram chamados de “Moschi”. Mais tarde, durante o período de domínio Babilônico
e Persa na Ásia ocidental, boa parte deles cruzaram o Cáucaso, espalhando-se
pela região mais ao Norte, onde foram conhecidos como “Muscovs”, uma forma
primitiva de Moscou, atual capital Russa. Em inscrições assírias são
mencionados como “Muski”.
Tubal, irmão de Meseque,
quinto filho de Jafé. Tubal sempre é visto, nas Escrituras, juntamente com Meseque
(Gn 10:2; 1 Cr 1:5;), ambos eram mercadores de escravos; sua fama era de serem
um povo cruel que traziam destruição onde passavam (Ez 27:13; 32:26), o que vem
confirmar o motivo da ira de Deus contra eles.
Tubal é mencionado em
documentos assírios como sendo os “Tibareni”, o historiador grego, Heródoto
(484?-425 a .C.),
também dá o mesmo nome aos descendentes de Tubal. Este povo vivia também na
região do Cáucaso, e hoje seu nome é Tobolsk, cidade Siberiana, que é a parte
oriental da região asiática Russa.
Concluímos que a terra de
Magogue trata-se do território, hoje conhecido como Federação Russa. Meseque é
Moscou e Tubal é Tobolsk.
11.1.2-
Os aliados de Gogue
Por
mais breve que pretendamos ser neste estudo, é necessário um esforço em
identificar quem são estes aliados que juntamente com a Rússia invadirão Israel
na grande tribulação, portanto conheceremos quem são para podermos iniciar
nossa pesquisa.
Ez 38:5-6 relaciona os
aliados dessa forma: Persas, etíopes, Pute, Gômer e a casa de Togarma.
A região Pérsia foi
resumida ao território do atual Irã, e isto pode ser observado facilmente em
qualquer livro de história.
Os etíopes são os
descendentes de Cuxe, primeiro filho de Cam e neto de Noé. Alguns historiadores
não vêem os etíopes mencionados por Ezequiel como sendo os mesmos da atual
África, isto não se deve ao fato de ser uma região impossibilitada de ter um
exército com condições de guerra de grande proporção, mas sim a uma questão de
evidência histórica. Foram descobertas inscrições assírias que apresentam um
povo com características semelhantes aos descendentes de Cuxe que habitaram
mais ao norte da Arábia (a Etiópia da África fica ao sul da Arábia), chamados
Cassitas, estes parecem representar melhor, devido a posição geográfica, os
etíopes mencionados por Ezequiel.
O terceiro aliado é
apresentado como Pute, esta nação leva o nome do terceiro filho de Cam , também
de fácil identificação, é a atual Líbia. Josefo no século primeiro escreveu “Pute
(...) povoou a Líbia e chamou a estes povos Puteenses”. Alguns
historiadores colocam Pute como sendo outro povo que habitava nas cercanias da
Pérsia (atual Irã).
Gômer,
quarto do grupo, primeiro filho de Jafé, irmão de Magogue, Tubal e Meseque. É
indicado categoricamente como o que originou os Cimerios e os Celtas. Ambos
eram povos arianos que viviam em sistema nômade; no século VIIa.C. foram para a
região da Ásia Menor, de onde foram expulsos. A maior parte rumou para o norte,
mais precisamente para a região da atual Alemanha, o que confirma a indicação
encontrada no Tamulde judeu, onde os descendentes de Gomer são chamados de
“Germanis”. Alguns historiadores reconhecem Gomer como sendo a Capadócia, atual
Turquia; isto parece difícil devido não haver ligação étnica entre os povos
Celtas e os atuais turcos.
O
quinto poder confederado é chamado de “casa de Togarma”. Togarma era o filho
mais velho de Gômer; é reconhecido, por um consenso majoritário que se trata da
atual Armênia.
A
bíblia ainda nos revela que estes terão consigo “muitos povos”; não podemos identifica-los,
mas sabemos que muitas nações têm interesse na região da Palestina e por isso
se unirão na intenção de conquista-la. Um ponto relevante está em que todos
este paises já combateram de forma direta ou indireta contra Israel.
11.2- O
MOMENTO DA INVASÃO
Quanto
à época da invasão da confederação do Norte à Palestina, temos algumas
divergências; existem os que pensam que será nesta dispensação, os que acham
que será após o milênio, no final da grande tribulação, no começo da grande
tribulação, enfim, os pensamentos são variados, no entanto a Bíblia não nos
permite “filosofar” mas sim observar seus textos e extrair deles o que
realmente pode nos direcionar a um caminho correto.
Sem
perder tempo refutando cada pensamento, iremos direto à interpretação adotada
neste trabalho, a qual entende que esta invasão será em meio a grande
tribulação. Alguns pontos que confirmam esta invasão na grande tribulação, e
mais precisamente na metade do período.
· Alguns posicionam
esta invasão durante o milênio baseado em Ez 38: 8;11-12; entretanto esta paz
descrita refere-se ao período inicial da grande tribulação onde Israel estará
sendo “protegido” pela besta devido o acordo firmado no inicio da semana
profética.
· Aqueles que a
posicionam no fim do milênio baseiam-se em Ap 20:8; porém esta referência a
Gogue e Magogue, é apenas um símbolo das nações gentílicas que, com a soltura
de satanás, serão persuadidos a uma última revolta contra Israel. Serão
exterminados pelo fogo do Senhor. (v.9)
· Outro detalhe que
chama a atenção é o uso das expressões “fim dos anos” e “últimos dias”, que, no
Velho Testamento, sempre estão relacionadas ao dia do Senhor; a grande
tribulação.
· Ez 38:23 demonstra
que esta invasão desencadeará o juízo do Deus todo Poderoso e sua proclamação
diante das nações que só ele é Senhor. No cap. 39:21-29 observamos com clareza
que o período que se está falando se tratada grande tribulação já que o
propósito expresso nesta passagem é fazer com que os Gentios e judeus
reconheçam a Deus e se convertam a ele.
· Os que localizam este
evento no inicio da grande tribulação apegam-se, dentre outras passagens, a Ez
39:9, onde é mencionado um período de sete anos para que sejam consumidos os
despojos bélicos da guerra. A questão que estes sete anos são apenas simbólicos
e não se referem à duração do período tribulacional, pois serve para demonstrar
o tamanho do exército que fora destruído, a ponto de suas armas servirem de
lenha por tanto tempo.
· Vemos em Dn 9:27 que
será feito um acordo e que no meio da semana este será quebrado, é cabível
concluir que algo trará o fim desta aliança, e será, justamente esta invasão.
· Algo que posiciona
esta invasão na metade da semana profética é também encontrado em Ez 39:21-29,
onde vemos que a vitória divina sob os exércitos inimigos servirá de sinal para
os gentios (v.21) e os da casa de Israel (v.22); isto fará com que surjam
gentios e um remanescente judaico que pregarão a vinda do reino messiânico; e,
conforme descrito em Ap 11:1-14, acontecerá na segunda metade da grande
tribulação. Então se cumprirá o que está descrito em Ez 39:28-29; todo o Israel
glorificará ao Senhor.
CAPÍTULO 12
OS PRINCIPAIS EVENTOS
DA GRANDE TRIBULAÇÃO
Todo o
período tribulacional será marcado por vários acontecimentos e em especial a
segunda metade que terá eventos singulares e sem precedentes em toda a história
da humanidade, será tempo de grande ação sobrenatural, por isso observaremos os
principais eventos que sucederão neste período. Observe o gráfico abaixo.
Dos
eventos mencionados no gráfico, alguns já foram abordados por estarem
interligados com assuntos já discutidos, o restante são eventos que necessitam
ser observados num contexto geral dos
acontecimentos da segunda metade do período tribulacional. É bom lembrarmos que
quando nos deparamos com textos extremamente obscuros, a melhor opção é relatar
apenas o que está escrito sem procurar uma explicação, caindo no erro de
“arranjar” uma resposta para o que não tem.
12.1-
AS DUAS TESTEMUNHAS
Um
estudo bastante interessante é o que diz respeito as duas testemunhas que
surgirão durante a grande tribulação, mais precisamente no meio do período. Sua
apresentação e ministério estão expressos no capítulo 11 de apocalipse; junto
com a visão do anjo e do livrinho do capítulo 10, formam um parêntese entre a
sexta e a sétima trombeta.
Quanto
à afirmação de que surgirão em meio a tribulação pode ser claramente
evidenciado pelo v.2, já que há uma referência ao período final da tribulação
que é de quarenta e dois meses ( três anos e meio, sendo cada mês de trinta
dias), que é quando surgem as testemunhas. Seu ministério durará durante toda
segunda metade da grande tribulação “Darei às
minhas duas testemunhas que profetizem por mil duzentos e sessenta dias,
vestidas de pano de saco” (v.3).
No
final da grande tribulação, terão concluído o propósito de anunciarem o
evangelho do reino e os juízos divinos; a besta irá contra eles; serão mortos
tendo seus corpos estirados em praça publica durante três dias e meio, até que
Deus os ressuscite e os arrebate até o céu.(v.7-11)
Muitas teorias surgem quando se tenta
identifica-los, porém o v. 4 nos dá uma informação mui valiosa pois revela de
maneira simbólica, que serão judeus, já que candeeiros e oliveiras estão
totalmente ligados a Israel (Zc 4); o v.5 caracteriza o ministério como sendo
profético: “Elas têm autoridade para fechar o céu,
para que não chova durante os dias em que profetizarem. Têm autoridade também
sobre as águas, para convertê-las em sangue, bem como para ferir a terra com
toda sorte de flagelos, tantas vezes quantas quiserem.”; são chamados de “profetas” no v.10. O grande problema
está em que vários escritores e comentaristas buscam uma identificação para
estes, o que tem gerado uma série de especulações infundadas; uns dizem ser
Elias e Enoque, outros dizem ser Elias e Moisés, porém tudo se resume a dois
pontos básicos para que se chegue a esta suposição, o primeiro aspecto que leva
a esta conclusão é o fato de Elias e Enoque terem sido arrebatados, portanto
não morreram; o segundo ponto defende ser Elias e Moisés baseando-se nos
milagres apontados no texto (v.6), que são semelhantes aos feitos pelos dois
profetas no passado. O autor deste estudo prefere a posição que não identifica
as duas testemunhas, reconhecendo-as apenas como dois homens que Deus encherá
do seu Espírito para que lhe sirvam como profeta durante o período
tribulacional; em defesa desta afirmação, podemos refutar as duas
possibilidades acima sem muita dificuldade.
É pouco provável que sejam
identificados como Elias e Enoque porque o fato de terem sido arrebatados não
os obriga a voltarem a terra para morrerem baseando-se em Hb 9:27, pois se os
temos como tipo da igreja que há de ser arrebatada, temos que ter em mente que
da mesma forma, se nos formos arrebatados agora, também não provaríamos a morte
física, excluindo a total necessidade de ressuscitarmos para morrermos e outra
vez sermos levados por Cristo, portanto este argumento é totalmente inválido
para estabelecermos esta identificação.
A identificação das
testemunhas como sendo Elias e Moisés também não tem fundamento, pois: 1) a
questão dos milagres serem semelhantes não prova nada, até porque durante a
segunda metade da grande tribulação três vezes são mencionados juízos sobre as
águas e estas se tornando sangue (Ap 8:8; 16:3-4); a falta de água também é
mencionada nas profecias sendo operada pelo próprio Deus (Ap 16:12). Devemos
ter em mente que quem opera o milagre é o Senhor Deus, e ele não necessitar
trazer alguém à vida ou do passado para que seja realizado um prodígio. 2)
também não serve como argumento a aparição dos dois no monte da transfiguração
(Mt 17:1-13), pois aparecem em corpos glorificados semelhantes ao de Jesus após
a ressurreição; é importante ressaltar que o propósito da transfiguração é
confirmar a impecabilidade de Cristo; sua autoridade,visto que a lei e os
profetas estão ali representados; o assunto em pauta na conversa foi sua morte
em Jerusalém (Lc 9:31), o que não os liga, no caso de aparecerem juntos, aos
eventos escatológicos.
Algo que tem trazido muita
discussão está relacionado à futura vinda de Elias, profetizada em Malaquias
4:5-6:
Eis que
eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do
SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a
seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.
Dentre
muitas teorias a respeito do assunto será destacada apenas a que tem maior
sustentação bíblica. Esta se baseia na afirmação de que João Batista não
cumpriu esta profecia pelo fato de Israel não ter-lo aceitado.
Vemos
em Malaquias que a profecia a cerca de João batista está, de certa forma,
dividida em duas fazes: Ml 3:1 e 4:5-6. Lucas 1:17 mostra que o Elias predito
não era o literal, mas sim alguém “no espírito e poder de Elias”; esta
preparação referia-se ao seu primeiro advento e foi confirmado o cumprimento
desta profecia pelo próprio Jesus Cristo “Este é de quem está escrito: Eis
aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho
diante de ti” (Mt 11:10).No entanto o segundo ponto (Ml 4:5-6) da profecia
de Malaquias está totalmente relacionado ao dia do Senhor, o qual já sabemos
que se refere a grande tribulação; a promessa diz que Elias seria enviado “antes
que venha o grande e terrível dia do Senhor”, a fim de preparar a geração
que vivesse no tempo final, “ele converterá o coração dos pais aos filhos e
o coração dos filhos a seus pais”; podemos concluir, então que isto ainda
não aconteceu. O que deu errado para que a profecia não se cumprisse? Numa
resposta aos seus discípulos Jesus dá a entender o que aconteceu “E, se o
quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir” (Mt 11:14); o
que Jesus quis dizer aqui foi que se a nação quisesse reconhece-lo como o Elias
profetizado automaticamente o reconheceria como o Messias, assim o reino seria
instituído, os inimigos julgados, e Israel seria restaurado; a questão é que
isso não aconteceu, ou seja não o reconheceram como o que cumpria a profecia
fazendo com que esta parte ficasse pendente. Em Mt 17:10-11, o assunto volta à tona
e Jesus é enfático na resposta aos discípulos: “Mas os discípulos o
interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha
primeiro? Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as
coisas”; o versículo seguinte vem reafirmar o que ele já havia dito
anteriormente “Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o
reconheceram”, sendo assim João não pode cumprir toda a profecia; ele
mesmo, ao ser perguntado se era Elias disse que não. “Então, lhe perguntaram:
Quem és, pois? És tu Elias? Ele disse: Não sou” (João 1:21).
A
conclusão que chegamos é que haverá um ministério profético futuro que deverá
cumprir em sua totalidade a profecia de Malaquias, entretanto esse “futuro
Elias” não precisa ser literal, pois Jesus demonstrou, reconhecendo em João o
Elias predito, que este será alguém “no espírito e poder de Elias”.
12.2-
OS 144 MIL SELADOS
A
referencia ao 144 mil judeus remanescentes não se trata de um evento em si, no
entanto sua aparição no texto profético é por demais importante, por isso se az
necessário uma análise o texto a fim de identificarmos com cuidado de quem o
texto está falando.
A
citação a respeito deste numeroso grupo é feita em Ap 7:1-8 e 14:1-5. uma
primeira discussão que surge é se estes dois grupos são os mesmos ou se
referem-se a povos diferentes, o que parece claro interpretar com sendo apenas
duas referencias ao mesmo povo. Os amilenistas por não acreditarem num milênio
literal, não aceitam a idéia de que estes são um remanescente judeu que permanecerá
fiel, pois não vêem nenhuma necessidade disso para que as profecias se cumpram,
já que também não acreditam que existirá a Grande tribulação, sendo assim
acreditam que este grupo se trata de um símbolo da igreja redimida que servirá
a Cristo na terra; eles crêem também que todas as promessas que foram feitas ao
povo de Israel, essas promessas Deus as cumpre hoje na igreja, que segundo eles
é o Israel Espiritual.
Quanto
a esse raciocínio amilenista, devemos estuda-lo com cuidado, pois existe uma
necessidade total na existência de um remanescente judeu, pois, como visto
anteriormente, as alianças feitas com Abraão (Gn 12:1-3), com Israel no deserto
(Dt 30:1-10), com Davi (IISm 7:12-16) e através do profeta Jeremias (Jr
31:31-34), todas têm em comum o caráter incondicional e restrito, ou seja, é
Deus quem fará e se refere a Israel, pois nelas estão implícitas bênçãos a
respeito da posse da terra, da perpetuidade da nação, do reinado do descendente
de Davi e etc. Todas estas e outras características demonstram que as alianças
não se destinam a outro povo que não sejam os judeus. Quanto ao seu
cumprimento, já foi abordado anteriormente que estas profecias nunca se
cumpriram, portanto para que se cumpram é necessário que haja um povo
remanescente, este em hipótese alguma é a igreja, mas sim judeus preservados e
que permaneceram fiéis.
Em
Ap 14:1-5 é onde obtemos maiores informações sobre este grupo de israelitas;
através do v.4 percebemos que estes
serão judeus que se converterão a Jesus, o texto deixa claro que eles
“seguem” o Cordeiro. Parece legitima a interpretação que coloca esta conversão
durante o período tribulacional, mais precisamente no meio desta, posto que com
o fim do acordo de paz instituído pelo anticristo, todo o furor satânico se
dirigirá contra a nação de Israel, trazendo a conversão deste remanescente
israelense. Outra característica destes é sua castidade (v.4), parece claro que
em meio a Grande tribulação ninguém poderá ter um casamento normal, portanto
casar-se parece fora de cogitação durante um tempo de tamanha aflição. É errado
pensar que eles foram escolhidos por serem justos, ou por serem virgens, pois
se assim fosse estaríamos corrompendo a santidade do casamento como também o
processo de justificação divina, mas sim que o chamado de Jesus os tornou
convictos em sua posição de santidade e permanência da castidade, da mesma
forma que Paulo procedeu. Parece razoável crer que este grupo pregará o
evangelho do reino durante a Grande tribulação já que Deus não levanta servos
para permanecerem inertes.
12.3-OS
JUÍZOS DIVINOS
Quanto
aos juízos, existe grande divergência referente a interpretação, este fato se
dá pelo motivo de uma boa parte dos comentaristas não aceitarem que existe um
literalismo, e este deve estar preso a um contexto, ou seja, a própria Bíblia,
como um todo, deve fornecer informações que ajudem a interpretar as passagens;
é certo que ainda assim não teremos muito êxito, pois o uso de símbolos é
demasiado, mas estaremos estudando os textos com coerência.
Os
entendimentos são variados; preteristas procuram acomoda-los à história
secular; os espiritualistas preferem encará-los como sendo lições para a vida
cotidiana, onde preceitos morais são ensinados (o principal deles é Agostinho
de Hipona); os continuístas ensinam que se trata apenas de um retrato da ação
de Deus, no decorrer da história, contra a igreja católica (os reformadores
criam desta maneira). Neste oceano de idéias os futuristas se destacam por ter
o Apocalipse e os juízos descritos nele, como sendo real, futuro e algo que
deve advertir os crentes a santificarem suas vidas a fim de não participarem da
tribulação que há de vir, e isto esta baseado no ensino geral das Escrituras e
não numa conveniência humana.
12.2.1-
Os sete selos (Ap 6:1-17 e 8:1-6)
Em Ap
5:1, João menciona um livro selado com sete selos, estes têm uma revelação de
tempos futuros. Estes acontecimentos serão na primeira metade da grande
tribulação.
1o
selo (v.2)-
“Vi, então, e eis um cavalo branco e o seu cavaleiro com um arco; e foi-lhe
dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer.” Muitos têm encontrado
neste, uma analogia a Jesus Cristo e a proclamação do evangelho, no entanto
isto está fora de cogitação, já que o período tribulacional não está ligado ao
evangelho da graça. Esta comparação se dá apenas pelo fato de: 1) o cavalo ser
branco, que geralmente está ligado a pureza, santidade e, no caso de
apocalipse, vitória; 2) ter uma coroa; e 3) a expressão “ele saiu vencendo e
para vencer”. Aqui não se trata de Cristo e seu evangelho, mas sim da ascensão
do anticristo que aparece trazendo uma falsa paz e proclamando-se um “rei”; a
frase acima kai exhlyen nikwn kai ina nikhsh, poderia
ser traduzida por “e saiu conquistando e para conquistar”. Os selos seguintes
confirmam esta interpretação.
2o
selo (v.3-4)- “E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro, foi-lhe dado
tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe
foi dada uma grande espada” O anticristo em seu processo de conquista
imporá uma paz à força que trará, justamente o contrário; guerras. As reações
de nações descontentes com o novo sistema político serão violentas. A exemplo
disto estudamos anteriormente a questão da batalha iniciada pela confederação
do norte e o reino do sul.
3o
selo (v.5-6)- “E, havendo aberto o terceiro selo, eu ouvi o terceiro animal, dizendo: Vem e vê! E
olhei, e eis um cavalo preto; e o que sobre ele estava assentado tinha uma
balança na mão” Com a guerra vem a escassez e fome generalizada, enquanto a besta
fortalece seu governo as pessoas sofrerão a total falta de alimento. Um denário
era o salário de um dia de um empregado; vemos que neste tempo uma pessoa
trabalhará um dia por um punhado de farinha.
4o
selo (v.7-8)- “Quando o Cordeiro abriu o quarto selo, ouvi a voz do quarto ser vivente
dizendo: Vem! E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este
chamado Morte; e o Inferno o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre
a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por
meio das feras da terra.” É obvio
que com a guerra e a fome as doenças se alastrarão de maneira absurda; os
animais sofrerão da mesma fome e buscarão outro alimento, o ser humano. A
mortandade é prevista, um quarto da humanidade; esta fração sendo simbólica ou
não, demonstra de maneira expressiva a proporção do acontecimento.
5o selo
(v.9-11)- “Quando
ele abriu o quinto selo, eu vi, debaixo
do altar, as almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus
e por causa do testemunho que sustentavam” João vê, debaixo do altar as almas
dos que morreram por causa da palavra de Deus. Vários escritores têm buscado
saber a que tempo pertencem estes mártires, entretanto, se nos levarmos em
consideração o contexto dos selos, nos chegaremos a conclusão de que são os mortos
em Cristo que durante a grande tribulação anunciarão sua palavra. Estes
ansiavam pelo momento do Juízo de Cristo; foi-lhes dado uma veste branca e dito
que aguardassem até o ultimo mártir. Estes mesmos são vistos novamente no cap.
7:9-17 onde são apresentados como vencedores e em 20:4 onde são participante da
ressurreição. A principal observação que devemos fazer não é quanto à
identidade destes, e sim quanto ao cuidado de Deus por seus servos; eles não
são vistos em qualquer lugar, mas no céu; debaixo do altar; aos pés de Jesus.
6o selo
(v.12-17)- “Vi
quando o Cordeiro abriu o sexto selo, e sobreveio grande terremoto. O sol se
tornou negro como saco de crina, a lua toda, como sangue, as estrelas do céu
caíram pela terra, como a figueira, quando abalada por vento forte, deixa cair
os seus figos verdes, e o céu recolheu-se como um pergaminho quando se enrola.
Então, todos os montes e ilhas foram movidos do seu lugar” Estamos chegando ao
fim da primeira metade da grande tribulação; o fim está próximo. Haverá um
grande terremoto; uma catástrofe cósmica acontecera’. Todo este alvoroço
causará um pânico incontrolável; a partir daqui muitos outros terríveis
acontecimentos estão para vir. Alguns intérpretes vêem estas descrições como sendo o retrato do
sistema político-religioso do fim dos tempos, preferindo uma interpretação
bastante figurada da narrativa; melhor é permanecer no sistema literal tendo o
cuidado de não forçar o texto.
7o selo
(8:1-6)-
Depois de um intervalo, Ap 8 dá seqüência à abertura dos selos. Este tem
características diferentes, pois dá inicio a segunda metade da grande
tribulação que traz consigo uma nova seqüência de juízos divinos; as sete
trombetas. O silencio (v.1) vem, chamar a atenção para a magnitude do momento
que se iniciará. Os setes anjos (v.2) surgem com sete trombetas para, com cada
uma delas, anunciar uma sentença sobre a terra. As orações dos santos e o
incensário com o fogo do altar são lançados na terra anunciando o tempo da ira
do Deus eterno.
Nos
seis primeiros selos encontramos o cumprimento do discurso profético feito por
Jesus poucos dias antes de sua morte (Mt 24:4-13), e é importante lembrar que
estas situações de falsos sinais, guerras, doenças, fome, perseguições etc.
perdurarão até o fim do período tribulacional; os selos não estarão restritos
apenas à primeira metade deste.
12.2.2-
As sete trombetas (Ap 8:7-12; 9:1-21 e 11:15-19)
Com o
inicio da segunda metade da grande tribulação, a ira de Deus começa ser
derramada; ela vem a abertura do sétimo selo. ”Então, os sete anjos que
tinham as sete trombetas prepararam-se para tocar” (Ap 8:7)
As
trombetas se dividem; as quatro primeiras estão ligadas a catástrofes naturais,
enquanto as demais falam de acontecimentos de caráter diferenciados. Cada uma
delas traz conseqüências terríveis; independente de como e quão estranhos
sejam, denotam a proporção do estrago que trará ao planeta.
1o
Trombeta (8:7)-
“O primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com
sangue, e foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra,
e das árvores, e também toda erva verde.” Uma grande chuva de granizo e
fogo misturado com sangue cairá sobre a terra, e mais precisamente sobre as
florestas e campos, a devastação é incontrolável; a terça parte será queimada.
Muitos encontram aqui uma simbologia ao
juízo de Deus contra a Palestina pela razão ser sobre a “terra”; devemos
reconhecer que o tipo bíblico permite esta interpretação (Ap 13: 11), no
entanto considerando que interpretamos os selos literalmente; porque agora
mudar de método de interpretação se estamos lidando com uma seqüência linear e
cronológica de acontecimentos ? O juízo
desta trombeta é semelhante à sétima praga lançada sobre o Egito (Ex 9:23-25).
2o
Trombeta (8:8)- “O
segundo anjo tocou a trombeta, e uma como que grande montanha ardendo em chamas
foi atirada ao mar, cuja terça parte se tornou em sangue, e morreu a terça
parte da criação que tinha vida, existente no mar, e foi destruída a terça
parte das embarcações” A conseqüência desta trombeta é idêntica à primeira
praga do Egito que tornou em sangue o rio Nilo (Ex 7:20-21); a diferença é que neste caso, a terça parte dos mares
atingidos. Seguindo o mesmo simbolismo da trombeta anterior identifica-se esta
praga sobre o mar, como sendo sobre as nações gentílicas (Ap 17:15); mas com
certeza, a melhor opção é interpretar como sendo um acontecimento literal, pois
Deus já mostrou que pode fazer qualquer coisa quando assim for seu propósito.
De qualquer forma a calamidade será grande, pois um terço dos seres marinhos
morrerão, e a terça parte das embarcações serão destruídas.
3o
Trombeta (8:10-11)- “O terceiro anjo tocou a trombeta, e caiu do céu sobre a
terça parte dos rios, e sobre as fontes das águas uma grande estrela, ardendo
como tocha.O nome da estrela é Absinto; e a terça parte das águas se tornou em
absinto, e muitos dos homens morreram por causa dessas águas, porque se
tornaram amargosas.”
Nesta trombeta, os rio e fontes de água são atingidas se tornando imbebíveis
causando mortes devido à falta de água potável. Quanto à “estrela absinto”, ela
provavelmente será algo vindo do céu contendo substância que infectarão a água.
Muitos preferem interpretar de maneira simbólica; dizendo que, assim como a
terra e o mar têm um simbolismo agora os rios e fontes de água, referindo-se a
vida espiritual dos que estarão na grande tribulação, esta será atingida de
maneira que, para muitos não haverá a menor chance se salvação, seja pelo fato
de ter aceitado a marca da besta ou por outro motivo. Entretanto esta estrela é
literal, e tornará amarga a água doce; um exemplo de fato semelhante, mas ao
contrário, temos as águas de Mara que pelo poder sobrenatural, foram
purificadas (Ex 15:23-25).
4o
Trombeta (8:12-13)- “O quarto anjo tocou a trombeta, e foi ferida a terça parte
do sol, da lua e das estrelas, para que a terça parte deles escurecesse e, na
sua terça parte, não brilhasse, tanto o dia como também a noite. Então, vi e
ouvi uma águia que, voando pelo meio do céu, dizia em grande voz: Ai! Ai! Ai
dos que moram na terra, por causa das restantes vozes da trombeta dos três
anjos que ainda têm de tocar!” A terra, o mar, os rio e as fontes de água já
sofreram irremediável dano, agora o céu é ferido; mais precisamente o sol, a
lua e as estrelas, a terça parte de cada, perdeu sua luminosidade. No mesmo
raciocínio apresentado até aqui, estes astros representariam os governos e
lideres políticos. Não podemos, por mais que tenha fundamento, ceder a
interpretações que apelem para um significado que negue a possibilidade de Deus
fazer algo para nós, impossível, ou seja, muitos acham improvável que haja um
acontecimento nos céus deste porte, o fato é que Jesus mencionou que sua vinda
seria precedida por eventos desta conjuntura.
Logo em
seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua
claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão
abalados. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da
terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com
poder e muita glória. (Mt 24:29-30)
Também nesta trombeta são mencionados três
“ais” que estão por vir, pondo fim a esta primeira faze de trombetas, seguindo-se
imediatamente as outras.
5o
Trombeta (9:1-12)- Este
é o primeiro “ai”. Um dos mais terríveis juízos vem com a quinta trombeta; ao
soar desta João vê “uma estrela que caiu do céu na terra. E foi-lhe
dada a chave do poço do abismo.” (v.1), indicando um anjo caído ou um
demônio que libertará um exército de seres demoníacos. Por ser demasiado o simbolismo
nesta passagem podemos supor que esse anjo represente um indivíduo que iniciará
um período de sofrimentos horríveis, o qual podemos presumir que está em foco a
pessoa do anticristo. Não há exagero em tomar estes gafanhotos como literais,
mas segundo a descrição feita nos vs. 7-11 demonstram que estes serão seres
demoníacos ou pessoas possuídas por demônios, mas nunca uma raça meio-homem
meio demônio. É importante lembrarmos que Deus já usou um evento semelhante
para julgar Israel; o fato é descrito pelo profeta Joel (cap. 1 e 2) que fala
da invasão de gafanhotos como sendo um exército a serviço do juízo divino (Jl
2:25), neste caso uma melhor interpretação indica que foram gafanhotos
literais, não impedindo que outros intérpretes pensem ser um exército humano,
seja qual for a interpretação, no caso desta trombeta, qualquer das duas
demonstra que o terror será angustiante.
Foi
lhes dado poder não para matar, mas para trazer dano, sofrimento apenas
aos homens que “não têm nas suas testas
o selo de Deus” por um tempo
determinado; o nome de seu rei, Abadom (destruidor) esclarece a intenção; a
questão de este período ser de cinco meses está ligada à duração da vida de um
gafanhoto. O texto diz que buscarão a morte, mas esta fugirá deles, isto é,
Deus não permitirá que morram neste período para que se complete seu plano.
6o
Trombeta (9:13-21)-
Após os juízos derramados a terra estará em total desolação, os sofrimentos
causados aos descrentes terão sido terríveis. A sexta trombeta, o segundo “ai”,
traz consigo a libertação dos quatro anjos que estão junto ao rio Eufrates, a
leste de Israel onde ficava a Assíria e a Babilônia, estes anjos com certeza
são “caídos”, pois estavam presos (v.14). O texto nos diz que eles aguardam o
momento já determinado para agirem; o exército que os segue é gigantesco,
duzentos milhões. Aqui João parece ter visto realmente um exército bem
aparelhado e com grande poder de destruição, não podemos deixar de perceber a
literalidade por traz da simbologia, pois fogo, fumaça e enxofre poderiam ser
bombas, ou munição de algum tipo de arma usada pelos tanques de guerra
(possíveis cavalos), tudo isso é suposição a verdade que se tem é que este
exército matará um terço dos descrentes. O mais interessante é o que está
expresso nos vs. 20 e 21, pois revelam o propósito destes acontecimentos, que é
a conversão dos incrédulos, ou seja, que através de assolações como as
descritas nas seis primeiras trombetas, o homem pudesse reconhecer a Jesus como
salvador.
7o
Trombeta (11:15-19)- A
seqüência de “ais” parece, a primeira vista, ter si interrompida, no entanto o
que acontece é um parêntese nos acontecimentos. A sétima trombeta faz as
ultimas preparações para volta de Jesus, o que é descrito no texto. A igreja
arrebatada, simbolizada pelos vinte e quatro anciãos (v.16), adora a Jesus por
sua vitória. A visão da arca indica que todos os propósitos estabelecidos para
o reino, estariam prestes a se cumprir, e que, portanto a consumação dos tempos
era chegada; as convulsões da natureza demonstram a importância do momento,
assim como foi na morte de Jesus (Mt 27:51; Lc 23:44-45). Um segundo aspecto
desta trombeta é que ela dá inicio, assim como o sétimo selo, a uma outra
seqüência de juízos, as sete taças; estas compreendem o terceiro “ai”.
12.2.3-
As sete taças (Ap 16)
No
gráfico das trombetas vimos que as sete taças aparecem com o soar da última
trombeta, isto significa que estas serão derramadas no fim da grande
tribulação; é bom relembrar que enquanto as trombetas marcam toda a segunda
metade do período o juízo das taças vem num último “instante“ antes da vinda de
Jesus, para concluir a ira de Deus sobre os incrédulos.
De um
modo geral as taças têm, a primeira vista, paralelo com as trombetas, no
entanto elas são dirigidas diretamente aos homens e fica óbvio que será sobre
os adoradores da besta, ao contrário das trombetas que se vistas de maneira
literal tem relação com o mundo, ou seja, as árvores, o mar, a terra etc.
1o
Taça (v.2)-
“E foi o primeiro e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma chaga má
e maligna nos homens que tinham o sinal da besta e que adoravam a sua imagem.”
Esta primeira é semelhante à sexta praga lançada sobre o Egito (Ex 9:8-12); seu
alvo são os adoradores da imagem da besta.
2o
Taça (v.3)- “E
o segundo anjo derramou a sua taça no mar, que se tornou em sangue como de um
morto, e morreu no mar toda alma vivente.” Aqui encontramos a continuação da segunda
trombeta (Ap8:7), ou seu agravamento; o algo “semelhante a um monte ardendo em
fogo” não é mencionado, mas fica claro que a situação piorou pois a pedra ao
ser lançada polui “com sangue” a terça parte do mar e mata a terça parte dos
seres marinhos; agora todo o restante é morto pelo avanço do poluente.
3o
Taça (v.4-7)- “E
o terceiro anjo derramou a sua taça nos rios e nas fontes das águas, e se
tornaram em sangue” A praga do Egito também está explicita aqui (Ex 7:14-25);
também existe relação com a terceira trombeta (Ap 8:8-9). O sangue nas águas
doces tem a intenção de vingar os mártires que derramaram seu sangue por causa
da palavra. Sem água potável não há condição de vida; a água do mar também não
pode ser aproveitada por estar contaminada, restando a espera pela morte.
4o
Taça (v.8-9)- “O
quarto anjo derramou a sua taça sobre o sol, e foi-lhe dado queimar os homens
com fogo. Com efeito, os homens se queimaram com o intenso calor, e blasfemaram
o nome de Deus, que tem autoridade sobre estes flagelos, e nem se arrependeram
para lhe darem glória” Aqueles que interpretam de maneira simbólica, neste
caso, não tem outra opção a não ser ver este versículo de maneira literal,
posto que o quarto anjo atinge o sol de maneira que este queimará as pessoas, e
é assim que o texto exige que seja interpretado. Na quarta trombeta vimos que o
sol teve a terça parte ferida; aqui ele ganha poder para com seu calor provocar
queimaduras terríveis fazendo que com que amaldiçoem a Deus. Com o grande
avanço da destruição da camada de ozônio vemos que isto não só é capaz de
acontecer como já há problemas devido a exposição ao sol por tempo prolongado,
com o derramar da quarta taça isto será muito pior a ponto das queimaduras
serem imediatas.
5o Taça
(v.10-11)- “Derramou o quinto a sua taça sobre o trono da besta, cujo
reino se tornou em trevas, e os homens remordiam a língua por causa da dor que
sentiam e blasfemaram o Deus do céu por causa das angústias e das úlceras que
sofriam; e não se arrependeram de suas obras.” A primeira declaração
de João a respeito do trono e reino da besta é um tanto obscuro porem parece
indicar algum tipo de flagelo que trouxe a seus seguidores o sofrimento que
João menciona. O termo traduzido por “angústias” é
ponos (ponov) que ficaria melhor como na tradução corrigida, “dores”; uma
tradução literal seria “grande problema”; portanto sofrem dores generalizadas,
somadas a isso, as ulceras que piorava ainda mais a situação. Como em outras
passagens, vemos que Deus permite tais sofrimentos para que se arrependam, no
entanto a humanidade não buscará o perdão de seus pecados. (Ap 9:20-21)
6o
Taça (v. 12-16)- “Derramou
o sexto a sua taça sobre o grande rio Eufrates, cujas águas secaram, para que
se preparasse o caminho dos reis que vêm do lado do nascimento do sol. Então, vi sair da boca do dragão, da boca da
besta e da boca do falso profeta três espíritos imundos semelhantes a rãs;
porque eles são espíritos de demônios, operadores de sinais, e se dirigem aos
reis do mundo inteiro com o fim de ajuntá-los para a peleja do grande Dia do
Deus Todo-Poderoso (...) Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama
Armagedom.”
Mais uma vez o rio Eufrates é mencionado, desta vez, após secar, dá passagem
aos “reis que vem do lado do nascimento do sol”; estes são inevitavelmente
ligados à China como sendo o líder desta confederação asiática. O dragão, que é
satanás, juntamente com a besta e o falso profeta, expelirão cada, um demônio
que, com poder de engano, persuadirão os lideres de governo de modo que se
juntarão para a batalha do Armagedom.
7o
Taça (v. 17-21)- Então,
derramou o sétimo anjo a sua taça pelo ar, e saiu grande voz do santuário, do
lado do trono, dizendo: Feito está! A sétima taça traz a consumação. Jesus está
vindo! Na sua morte o céu escureceu e houve um terremoto, porém aqui as
dimensões dos abalos nunca foram visto na Terra; os trovões e relâmpagos São
como trombetas que anunciam sua chegada (v.18). “E a grande cidade se
dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações.” Quanto à “grande
cidade” é impossível identifica-la, no entanto podemos excluir Jerusalém desta possível lista, pis conforme Zacarias
14 indica ela estará “de pé”, diferente das outras grandes cidades que estarão
em total ruínas devido o grande terremoto. “E lembrou-se Deus da grande
Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua ira.” Esta
referência à Babilônia indica o Juízo não por vir, mas consumado; se neste caso
estiver em mente a Babilônia religiosa, esta destruição é apresentada nos
capítulo 17. De acordo com o desenrolar dos acontecimentos esta ira sobre esta
Babilônia aconteceu no fim da primeira metade da grande tribulação; é
importante lembrar que o Apocalipse não segue uma cronologia sistemática na
maior parte do livro, portanto o fato do acontecimento estar adiante (Cap. 17)
não quer dizer que acontecerá após esta taça, até porque esta precede
imediatamente à volta de Jesus. Se esta for a Babilônia política apresentada no
capítulo 18, aí sim este versículo estará se referindo a algo após o
derramamento da sétima taça. “Todas as ilhas fugiram, e os montes não foram
achados; também desabou do céu sobre os homens” além da destruição das
grandes cidades (v.19) parece que teremos um verdadeiro caos em todo o planeta,
nos momentos antes do retorno de Cristo. Deus revela a João um último flagelo
que virá sobre os homens para que se arrependam, isto porque estes se conduzem
para o vale de Megido onde acontecerá a batalha do Armagedom, “grande
saraivada, com pedras que pesavam cerca de um talento; e, por causa do flagelo
da chuva de pedras, os homens blasfemaram de Deus, porquanto o seu flagelo era
sobremodo grande”.
12.3-
A QUEDA DAS DUAS BABILÔNIAS
Os
capítulos 17 e 18 de Apocalipse são motivo de bastante discussão no que se
refere à identidade das duas Babilônias. Para podermos estudar os
acontecimentos com cada uma delas precisaremos faze-lo separadamente, nomeando
a principio a do cap. 17 como Babilônia religiosa, e a do cap. 18 como
Babilônia política.
12.3.1-
Babilônia religiosa (Ap 17)
Boa
parte deste capítulo já foi estudada anteriormente, por isso nos deteremos
apenas no que se refere à Babilônia religiosa.
Veio
um dos sete anjos que têm as sete taças e falou comigo, dizendo: Vem,
mostrar-te-ei o julgamento da grande meretriz que se acha sentada sobre muitas
águas,(v.1)
Este capítulo fala de um sistema religioso que vai imperar no inicio da Grande
tribulação, é chama de “a grande prostituta”; no v.2 lemos que sua influência e
domínio perverteram os lideres mundiais.
“vi
uma mulher montada numa besta escarlate,(...) Achava-se a mulher vestida de
púrpura e de escarlata, adornada de ouro, de pedras preciosas e de pérolas,
tendo na mão um cálice de ouro transbordante de abominações e com as imundícias
da sua prostituição.” (v. 3-4). Por estar vestida de púrpura e vermelho e
adornada com jóias de valor, indica um poder sacerdotal riquíssimo que tem
“sobre seus ombros” um histórico de pecados abomináveis. João ao ver que a
meretriz está “embriagada” com o sangue derramado pelos verdadeiros cristão por
causa do evangelho fica admirado (v.6-7). Esta falsa religião perseguirá
aqueles que se recusarem a servi-la, preferindo morrer ou sofrer por Cristo.
Dados
muito importantes são apresentados nos vs. 8 a 18, pois se referem a essa prostituta e os
que estão com ela:
1) Será
uma religião que tem características pagãs herdadas da antiguidade, pois as
sete cabeças que a besta, na qual ela está assentada, possui (v.3), representam
sete montes e sete reinos mundiais (v.9-10)), cinco já haviam caído: o egípcio,
o assírio, o babilônico, o medo-persa e o grego; um existe: o Romano; e um
existirá: o império Romano vivificado; cada um deles tinha práticas religiosas
que foram herdadas pela religião
apóstata. O versículo 15 nos mostra que ela abrange todas as nações tendo de
uma forma ou outra influência sobre elas, tornado-a um instrumento político
poderoso.
2) A
babilônia religiosa será um poder religioso-político (v.18) que, devido
influência, terá grande utilidade para os dez reis (v.12) representados pelos
dez chifres, que como já vimos formam o império romano ressurreto, ou seja, uma
confederação de dez reis que estarão unidos com esta falsa religião para,
juntos , darem ao anticristo o poder que ele necessita para controlar o mundo
(v. 9-13).
3)
outro dado muito interessante é que realmente ela é uma meretriz, pois assim
que o anticristo consegue seu intento ela é descartada como uma prostituta que
não tem mais valor, e mais que isso eles a destruirão (v.16), para dar inicio a
adoração a si mesmo, uma nova religião centrada no próprio anticristo; ele será
o deus que muitos adorarão como sendo o Deus verdadeiro (Ap 13:15).
Para
uma identificação mais precisa e sem se valer de intrigas religiosas é bom
atentarmos para a historia babilônica e seus credos religiosos, pois tem muito
a nos revelar, já que sua forma de adoração pagã permeia todo o cenário
religioso de nosso tempo, e é este sistema pagão que caracterizará esta
religião da mentira.
Como é
conhecido por todos, a Babilônia foi fundada por Ninrode, bisneto de Noé, e
assim também é conhecida como a terra de Ninrode (Mq 5:6). De acordo com a
história suma mulher Semíramis conhecia a promessa feita da Adão e Eva que
suscitaria um descendente da mulher para pisar a serpente (Gn 3:15) e assim
teve um filho supostamente de maneira milagrosa e lhe deu o nome Tamuz. Este
foi apresentado como o libertador prometido e assim começou a ser adorado juntamente
com sua mãe, dando início a uma prática de adorar o filho salvador e a mulher
escolhida para concebê-lo. Jeremias condenou a entrega de oferendas a Semíramis
(também conhecida por Astarte), conhecida como “rainha do céu” (Jr 7:18;
44:17-19,25), como também a adoração a Tamuz que havia sido morto por um javali
e supostamente ressuscitado (Ez 8:17).
Todo
esse culto pagão se alastrou por toda a Mesopotâmia chegando até a Síria e a
Canaã. O uso de imagens de Semíramis segurando uma criança foi difundido chegando
a Fenícia e a partir de lá, conquistou toda a terra. No Egito foram conhecidos
como Ísis e Hórus, no panteão egípcio são Osíris e Isis; na Grécia como
Afrodite e Eros, Tamuz também é apresentado como Adonis; na Itália como Vênus e
Cupido. Todo o sistema religioso pagão da Babilônia teve ramificações, tendo
relação estreita com outros deuses, sendo Tamuz associado a Baal e a Dagon, o
deus-peixe, também chamado de “guardião da ponte”.
Todo o
mundo era influencia de alguma maneira por este paganismo, entre os imperadores
era algo defendido e eles mesmos se colocavam como lideres destes cultos, dessa
forma com a cristianização do império romano através de Constantino em 313 d.c
e a oficialização do Cristianismo como a religião do império por Flávio Teodósio
em 378-9 d.c, todos foram obrigados a se dizerem cristãos. Constantino era
muito mais que um, imperador ele era o chefe da igreja colocando em uso esta
“bagagem pagã” causando uma separação entre os professos e os verdadeiros
cristãos, os que ficaram ao seu lado absorveram todas as idéias, ordens e
mistura cristã-pagã na religião, imposta por ele e aceita sem o menor problema,
já que o homem sempre prefere ser guiado por instintos e aparências que pela
palavra de Deus. Com isso logo tivemos a introdução do culto à mãe e filho no
cristianismo. Com o decorrer do tempo, na igreja cristã; era, para muitos
“convertidos”, irresistível a idéia de fundir práticas herdadas de antigas
religiões ao culto cristão, e isso é patente também em nossos dias.
A
religião Babilônica tinha credos que existem até hoje como:1)o sinal da cruz,
pois Tamuz era o deus da fertilidade e para ele esta significava o principio da
vida e a primeira letra de seu nome; 2) criam que depois que uma pessoa morria
ia para um lugar específico para que fossem purificados de seus pecados para,
então, poderem entrar no céu, hoje isso se chama purgatório; 3)acreditavam que
após uma oração a água se tornava “santa” capaz de curar e espantar o mal; é
conhecida hoje como “água benta”; 4) Havia uma festa chamada de “festival de
Istar” onde javalis eram comidos em memória a morte e ressurreição de Tamuz, e
quarenta dias antes do mês de Sivã (depois substituído pelo nome Tamuz)
começava-se um período de “choro por Tamuz”, que terminava na festa, Ezequiel condenou
esta prática que também passou a ser feita pelos judeus apóstatas (Ez 8:14); o
período da quaresma tem grande semelhança com este.
Por
tudo isso nos vemos que a religião babilônica está viva, e quando a verdadeira
igreja de Jesus Cristo for arrebatada deixará o “caminho livre” tornando tudo
mais fácil para que a “mãe das prostituições” possa ser usada por satanás em
seu propósito.
12.3.2-
A babilônia política (Ap 18)
Muitos
têm empreendido esforços para identificar esta Babilônia, pois ela é apresentada
com aspectos diferentes da anterior, aqui não está em questão uma autoridade
eclesiástica, mas sim política. Vejamos o que o texto nos tem a dizer.
”Caiu! Caiu a grande
Babilônia e se tornou morada de demônios, covil de toda espécie de espírito
imundo e esconderijo de todo gênero de ave imunda e detestável” (v.2). Através desta
e outras referencias no texto, podemos concluir que estamos falando de uma
cidade literal, um tipo de “capital” que proporcionou a expansão do pecado e do
engano.
Alguns comentaristas querem provar que
esta Babilônia política será uma cidade literalmente construída na região da
antiga Babilônia, edificação esta que seria feita durante a grande tribulação e
destruída no fim dela; o problema é que tudo isso está baseado na questão de
haverem profecias no antigo testamento (Is 13; 14 e Jr 51) que falam de uma
destruição repentina da cidade, e que segundo os intérpretes , nunca aconteceu.
A verdade é que estes textos indicam a destruição da Babilônia pelos Medos por
volta de 530 a .C.
(Is 13:17). Isaias teve a revelação da queda da Babilônia mesmo antes dela se
tornar uma potencia mundial, pois em seu tempo quem dominava era o império
Assírio, que foi, por sua vez, dominado pelo babilônico. Este argumento não tem
condições suficientes para podermos aceitar a idéia de uma babilônia
reconstruída durante o período tribulacional.
Através do próprio capítulo 18 obtemos
detalhes que nos fazem entender de quem se trata; o v. 3 nos diz que: “(...) Com ela se prostituíram os reis da terra. Também os
mercadores da terra se enriqueceram à custa da sua luxúria.”, percebamos que toda a narrativa a respeito daqueles que
estão ligados a babilônia política está no passado, claro que isto se deve ao
fato da sua destruição mas também demonstra que não é acontecimento recente o
enriquecimento ilícito, os pecados e toda sorte de abominações; o v. 5 diz que “os
seus pecados se acumularam até ao céu, e Deus se lembrou dos atos iníquos que
ela praticou.”, ou seja, Deus vem suportando as atitudes e procedimentos
pecaminosos, porém haverá um fim para tanta iniqüidade; assim como a antiga
babilônia foi destruída por afligir os judeus, este império político-religioso
será massacrado por derramar o sangue dos santos (v.24).
Estes dois aspectos da
babilônia refletem seus dois campos de ação, através do poder eclesiástico
persuadem, dominam e impõem uma submissão maligna; através de seu poder
político negociam não só dinheiro, terras e bens, mas também vidas humanas. Em
si há um sentimento de superioridade baseada na arrogância e não em razão de um
poder divino legitimamente concedido, ela mesma se exaltou e se glorificou,
viveu de maneira extravagante; sua soberba chegou aponto de dizer: “porque
diz consigo mesma: Estou sentada como rainha. Viúva, não sou. Pranto, nunca hei
de ver!” (v.7). A medida com que mediu, também será medida: “Dai-lhe em
retribuição como também ela retribuiu, pagai-lhe em dobro segundo as suas obras
e, no cálice em que ela misturou bebidas, misturai dobrado para ela.”(v.6).
Todo o seu poderio de anos ruirá de uma só vez, primeiro como religião depois a
própria cidade será arrasada.
Uma
leitura, mesmo que desatenciosa, pode revelar a identidade deste império como
sendo a religião Católica Romana e o Vaticano que desde sua ascensão a partir
de Constantino afligiu o mundo durante toda a idade média, lançando milhões a
fogueira e outros tipos de morte; o Vaticano tem sido a sede deste poder; o v.
16 narra de maneira clara, características desta babilônia “Ai! Ai da grande
cidade, que estava vestida de linho finíssimo, de púrpura, e de escarlata,
adornada de ouro, e de pedras preciosas, e de pérolas, porque, em uma só hora,
ficou devastada tamanha riqueza!”; neste versículo vemos a ostentação e a
luxúria, por outro lado nos é apresentado, como no cap. 17, vestida de púrpura
e escarlata demonstrando uma suposta autoridade sacerdotal.
É interessante notar que a liturgia
desta religião é apresentada no v.23 como sendo “feitiçarias”, e que, por meio
delas, enganaram as nações. A palavra feitiçaria, do grego pharmakeia (farmakeia), é definida por Strong, dentre
outras, da seguinte maneira: “feitiçaria, artes mágicas, freqüentemente
encontrado em conexão com a idolatria e estimulada por ela. (Metáf.) as
decepções e seduções da idolatria”.
O capítulo termina de
maneira dramática, uma verdadeira expressão de vingança por parte de nosso Deus
contra aquela que ousou tocar nos verdadeiros ungidos do Senhor (v.19-24).
12.4-
A BATALHA DO ARMAGEDOM
A mais
importante das batalhas travadas durante todo o período tribulacional com
certeza é a que ocorrerá em Armagedom. A bíblia nomeia como sendo “a peleja do
grande dia do Deus Todo-Poderoso” (Ap 16:14), pois se trata do “acerto de
contas” de Jesus com o anticristo.
Armagedom,
ou Har-Magedon, é um nome figurativo para a “Cidade de Megido”, ou ainda Vale
ou montanhas de Megido; é o mesmo lugar mencionado em 2Cr 35:22 como sendo o
“vale de Megido”, onde o rei Josias morreu em guerra contra Neco rei do Egito
na famosa batalha de Carquémis; foi também onde morreu o rei de Judá, Açazias
(2Rs 9:27). Fazia parte desta mesma região, a planície de Jezreel mais
conhecida como planície de Esdrelom, onde o rei Saul morreu juntamente com seus
três filhos (1Sm 31:8); foi também onde Israel obteve vitórias como a de Débora
e Baraque contra Sísera (Jz 4:13-14; 5:19-21); e a de Gideão quando venceu os
midianitas (Jz 7). Esta região era e é conhecida por ser tradicionalmente, um
lugar de batalhas travadas por Israel no decorrer de sua história; no momento
que antecede a volta de Jesus este mesmo lugar será novamente palco de uma
peleja que, como nunca visto, será vencida por Jesus Cristo.
A
batalha de Armagedom é descrita em Ap 19:11-21, neste texto vemos a dimensão do
combate como também do que restará dos exércitos inimigos de Cristo; no entanto
é fácil perceber que o numero de soldados será grande demais para um território
tão pequeno como o vale de Megido, a questão é que ali será o centro das
atividades bélicas mas os exércitos se estenderão por toda circunvizinhança até
Jerusalém (Zc 14:2)
Vemos
em Joel uma referencia a esta batalha apresentando-a no vale de Josafá (Jl
3:2,12), neste caso este nome é simbólico fazendo referencia ao vale de Megido.
12.4.1-
o tempo da guerra
Com certeza o primeiro ponto a ser analisado é
quanto ao tempo, ou seja, quando esta batalha acontecerá? Existem algumas
teorias a respeito da época do acontecimento, mas por serem pensamentos de uma
minoria não nos deteremos além do necessário na observação de suas bases.
1) Há
alguns que localizam esta batalha antes do arrebatamento, e isto se dá por
confundirem com a invasão do de Gogue que também não acontecerá antes do
arrebatamento, se assim fosse a doutrina da iminência seria de todo descartada.
2) Os
que a posicionam no inicio do milênio também o fazem por confundirem o
Armagedom com a invasão de Gogue e seus aliados; de qualquer forma seria
impossível que acontecesse no milênio já que a terra neste período estaria
purificada não cabendo a hipótese de imundícia causada pelos corpos espalhados
por todos os lados.
Percebemos
que o maior problema de localização no tempo e em alguns pontos se dá por
colocarem como sendo a mesma peleja a de Gogue e seus aliados e a batalha de
Armagedom.
Armagedom
é futura e é o evento que marca a vinda de Jesus Cristo para estabelecer seu
reino messiânico (Ap 19:11).
12.4.2-
os exércitos inimigos
Uma
questão bastante interessante é quanto aos exércitos que estarão em marcha
contra Israel para a grande batalha, pois para identificarmos a razão da
invasão e seus agentes precisaremos observar que Armagedom é a última batalha
de uma guerra iniciada no meio da grande tribulação. Quando as forças aliadas
da Rússia invadirem a palestina para saqueá-la (Ez 38:11-12), o anticristo
ainda estará em aliança com Israel, fazendo que este após presenciar o próprio
Deus destruindo a confederação do Norte, romperá esta aliança com Israel a fim
de subjuga-la e tomar-lhe como propriedade. Após este conflito em que Deus
vence os inimigos de Israel inicia-se a
segunda metade da grande tribulação que será marcada por um domínio mundial de
um só governo, o do anticristo.
Em
Daniel 11:36-45 é profetizado a vinda de um rei maligno e soberbo, sua boca
proferirá blasfêmias contra o Deus Todo-Poderoso (v.36; Ap 13:5-6), este é o
mesmo chifre pequeno de Dn 7:8; a besta; o anticristo. Em especial do v.40 ao
45 é descrita uma movimentação de guerra: “E, no fim do tempo, o rei do Sul
lutará com ele, e o rei do Norte o acometerá com carros, e com cavaleiros, e
com muitos navios” (v. 40). Esta menção ao rei do norte parece indicar que
quando a confederação do norte invadiu a palestina para saqueá-la, o líder
russo sobreviveu, se é que foi para a batalha; o que podemos notar é que tendo
Deus destruído seu exército e seus aliados, este rei se une agora ao rei do sul
para irem de encontro com o líder mundial, o anticristo, que Durante este
período estará dominando toda a terra. Existem comentaristas que posicionam
esta batalha em que está envolvido o rei do norte e o rei do sul como sendo a
guerra de Gogue, no entanto as causas das duas batalhas são diferentes na,
primeira Gogue quer tomar a terra para rouba-la e escravizar os que vivem nela
(Ez 38:11-13), na segunda o alvo é o rei que há de vir, a besta. No entanto
tudo isto faz parte do propósito de satanás que já influenciou líderes do mundo
inteiro para que fossem para a palestina, onde uniriam as suas forças para
guerrearem contra Jesus (Ap 16:13-16); em primeira instancia o rei do norte e
do sul estarão guerreando contra a besta que terá alguns aliados que se
submeteram a força ao anticristo que são a Líbia e a Etiópia, ou o que restou
deles depois da destruição de seus exércitos pelo próprio Deus, ao mesmo que
anteriormente, e é quando o anticristo recebe notícias vinda do Oriente e do
Norte que o espantarão (v.44), o que parece identificar com Ap.16:12, que fala
da preparação para a vinda de um exército do oriente, ou lugar do nascimento do
sol, para a batalha de Armagedom; este podem ser os exércitos chineses ou uma
confederação asiática, apesar da primeira hipótese ser mais aceita. Sabendo
dista vinda iminente desta força oriental a besta se dirigirá a Jerusalém e: “armará
as tendas do seu palácio entre o mar grande e o monte santo e glorioso; mas
virá ao seu fim, e não haverá quem o socorra.” (v.45). Neste ponto todos os
reis da terra já estão na região da ultima batalha, imbuídos do mesmo
sentimento de revolta contra Deus, tendo suas mentes influenciadas pelo poder
dos três demônios que saíram a operar sinais (Ap 16:13-14); aqueles que a
principio queriam lutar contra o anticristo, agora se voltam contra Deus se juntando para um só propósito, talvez a
questão não seja de aliança de paz entre eles mas numa tentativa de destruírem
não só o povo de Israel mas também a cidade de Jerusalém que ao que parece será
a única no mundo a permanecer de pé depois de tantas guerras e catástrofes.
12.4.3-
A vitória do Senhor
A
vitória do Senhor nesta batalha está totalmente ligada a volta de Jesus para
inaugurar o reino messiânico, no entanto nos deteremos a expor os fatos
relativos à sua vitória contra os exércitos de satanás e sua besta.
Dois
textos comentam amplamente esta vitória e seus resultados que são Ap19:11-21 e
Zc14. Neste ultimo o profeta demonstra
que Jerusalém ainda estará de pé mesmo depois de tantas catástrofes; coma
invasão dos inimigos as casas serão arrombadas e as mulheres estupradas, com
isso a população fugirá para se esconder como quem sai em exílio (Zc 14:2l;
leia também a profecia de dupla
referencia proferida por Jesus em Mt 24:15:20). O v.3 de Zc14 faz menção a uma
batalha anterior “Então, sairá o SENHOR e pelejará contra essas nações, como
pelejou no dia da batalha.”; esta bem pode ser a que o Senhor venceu Gogue
e seus aliados, ou apenas a uma menção geral as vitórias concedidas por Deus a
Israel; a questão é que Deus promete destruir seus inimigos.”Naquele dia
procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém” (Zc 12:9).
Haverá um momento dramático nos instantes antes da vinda
de Jesus Cristo, pois todos estão no vale de Megido e em toda a redondeza;
quando Jesus surge Ap 19:19 diz: “E vi a besta, e os reis da terra, e os
seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre
o cavalo e ao seu exército.”; a ousadia será retribuída com fúria por parte
de Cristo, que prenderá a besta e o falso profeta lançando-os vivos no lago de
fogo e enxofre, e todos os exércitos foram mortos pelo próprio Cristo (v.20 e
21).
CAPÍTULO 13
A VINDA DE JESUS
Todo o
desenrolar dos acontecimentos escatológicos à partir daqui, está relacionado a
vinda de Jesus Cristo. Quanto a isso já sabemos que ela é dividida em duas
fazes; a primeira é o arrebatamento, aonde Cristo vem até as nuvens de maneira
“invisível” aos pecadores, para buscar sua igreja redimida; nesta segunda faze
ele vem de maneira visível, ou seja, todos o verão, independente quem seja:“Então,
aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se
lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
muita glória.”. Sua vinda não é para redimir a humanidade, pois para isso
já veio em seu primeiro advento, mas para trazer juízo sobre a terra. O que
Deus falou por meio do profeta Malaquias deve servir como alerta às nações, a
fim de se converterem ao Senhor “para que eu não venha e fira a terra com
maldição.” (Ml 4:6)
13.1-
O LOCAL DA VINDA
A
ascensão de Jesus se deu no Monte das Oliveiras; naquele momento surgem dois
anjos que falam profeticamente a respeito de seu futuro retorno:
E,
estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois
varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões
galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi
assunto ao céu virá do modo como o vistes subir. Atos 1:11
A
profecia Angélica aguarda seu cumprimento literal, pois a maneira e natureza de
sua volta foram claramente expostas pelos anjos “Esse Jesus que dentre vós
foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir”, ou seja, visível,
corpórea, gradual e no monte das oliveiras. O local é da vinda de Jesus já é
conhecido, e era desde o profeta Zacarias, pois Deus já o revelara “Naquele
dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de
Jerusalém para o oriente” (Zc 14:4).
Também
conhecido como Olivete o Monte das Oliveiras fica ao oriente de Jerusalém (Zc
14:14) e o que o separa da cidade é o vale de Cedrom. A montanha tem quatro
picos, o “Galileu”; o “profetas”, este nome é dado em razão de haver no local
uma gruta chamada “Tumulo dos profetas”; o “Monte da Ofensa” ou “Monte da
Corrupção”, leva este nome devido ser o lugar onde Salomão erigiu “altos” a
Quemos, Moloque, Astarote, Camos e Milcom a fim de agradar suas esposas
idólatras (IRs 11:7-8; IIRs 23:13); e por último o “Monte da Ascensão”, o mais
alto de todos, onde tradicionalmente foi o lugar da ascensão de Cristo; na
parte central deste encontra-se a “Igreja da Ascensão” construída por
Constantino no quarto século.
O Monte
das Oliveiras foi cenário de muitos acontecimentos importantes, foi por lá que
Davi fugiu de Absalão, seu filho (IISm 15:30); Ezequiel, numa visão vê a glória
de Deus pousando sobre o monte (Ez 11:23); foi ali onde Jesus pregou o seu
ultimo e escatológico discurso (Mt 24; 25; Mc 13 e Lc 21). Era um lugar
pessoalmente preferido por Jesus e onde ouve o episódio da transfiguração (Mt
17:1-13) e foi próximo da descida do monte que o povo começou a aclama-lo ao
entrar em Jerusalém (Lc 19:37); ali em suas encostas ficava o Getsêmani, onde o
Senhor orava constantemente (Mt 26:36). Através da profecia de Zacarias 14:4 e
dos anjos em Atos 1:11, podemos concluir que Jesus aparecerá forma corpórea no
monte das oliveiras, de frente para Jerusalém.
13.2-
AS CONSEQÜÊNCIAS DA VINDA
Em seu
primeiro advento Jesus trouxe mudanças que marcariam não só na religião como
também na sociedade em geral, seus ensinos e doutrinas permanecem marcados em
qualquer povo mesmo que este não o adore como Senhor. Em seu segundo advento as
mudanças serão ainda mais marcantes e porque não dizer, terríveis. Neste tópico
veremos as principais conseqüências de seu retorno seja no planeta ou na
humanidade.
13.2.1-
As mudanças topográficas
Por
todo o período tribulacional haverá terremotos de escala cada vez maior (Ap
6:12; 8:5; 11:13; 11:13; 11:19; 16:18), porém no momento da vinda de Jesus
acontecerão mudanças inusitadas, e isto é descrito pelo profeta Zacarias:
O
monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e
haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a
outra metade, para o sul. Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos
montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de
Uzias, rei de Judá; então, virá o SENHOR, meu Deus, e todos os santos, com
ele. Acontecerá, naquele dia, que não
haverá luz, mas frio e gelo. Mas será um dia singular conhecido do SENHOR; não
será nem dia nem noite, mas haverá luz à tarde. Naquele dia, também sucederá
que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e a
outra metade, até ao mar ocidental; no verão e no inverno, sucederá isto. (...)
Toda a terra se tornará como a planície de Geba a Rimom, ao sul de Jerusalém;
(Zc 14:4-8,10)
Ao
descer do céu Jesus colocará seus pés literalmente no monte das oliveiras
causando algo tão assombroso que boa parte dos comentaristas deste texto não
aceitam essa afirmação do profeta como sendo literal; Calvino chama de
ignorantes os que interpretam este texto desta maneira, talvez ele não tenha
lido o que disseram os profetas Miquéias e Naum:
Os
montes debaixo dele se derretem, e os vales se fendem; são como a cera diante
do fogo, como as águas que se precipitam num abismo. (Mq 1:4) Os montes tremem perante ele, e os outeiros
se derretem; e a terra se levanta diante dele, sim, o mundo e todos os que nele
habitam. (Na 1:5)
Com a
abertura do monte surgirá no meio das duas metades um vale muito grande que se
estenderá até Azel, o lugar é desconhecido mas usa o nome de um descendente de
Saul, o terror diante de tal acontecimento causará a fuga desesperada de muitas
pessoas; Deus revela que será uma fuga desesperada semelhante ao terremoto que
houve no tempo do rei Uzias (IICr 26),
detalhes sobre este grande tremor mencionado por Zacarias não são
encontrados nas Escrituras, porém Flavio Josefo faz comentário sobre ele,
fazendo menção à tradição judaica quanto ao acontecimento, dizendo:
Sentiu-se
um terrível tremor de terra; o alto do templo abriu-se, um raio de sol feriu o
ímpio rei no rosto, e no mesmo instante ele ficou coberto de lepra. O mesmo
tremor de terra dividiu em dois, num lugar perto da cidade, de nome Eroge, o
monte que está voltado para o ocidente, do qual metade foi levada a quatro
estádios dali, contra outro monte que está voltado para o levante, o que barrou
a estrada principal e cobriu de terra os jardins do rei.
Este
dia será singular, diz a Bíblia, referindo-se à questão de não ter aparência de
um dia comum (Zc 14:6-7). Outra grande mudança na topografia da região será o
surgimento de uma nascente de água em Jerusalém que correrão para o mar da Galiléia
e para o Mediterrâneo (v.8; Ez 47:1-12)
Interpretar
estas profecias de maneira literal traz certo incômodo para muitos como já foi
dito anteriormente, no entanto não podemos deixar de observar que se não for
assim estaremos a mercê de interpretações que surgirão de mentes criativas e
especuladoras, ou seja, se Deus usou um monte literal (o das Oliveiras) e um
agente literal (o Messias) porque achar que os eventos que cercam os dois são
meramente alegóricos? Temos por base, para crer que acontecerão abalos cósmicos
e terrestres como também outros acontecimentos, várias referências bíblicas que
mencionam tais eventos (Jl 2:30-31; Mt 24:29).
13.2.2-
A restauração espiritual da nação
Este é
um momento dramático da história de Israel, pois tudo o que Deus anteriormente
prometera está relacionado a conversão dos judeus. Neste ponto nos deparamos
com o cumprimento da aliança estabelecida com Abraão e posteriormente
confirmada através do profeta Jeremias, que é a nova aliança (já estudada
anteriormente) encontrada em Jr 31:31-34. em meio aos acontecimentos
concernentes à vinda do Senhor, em um dado momento Deus executará a “abertura
de olhos” da nação para que se convertam a ele; Zacarias descreve este momento:
E
sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o espírito
da graça e de súplicas; olharão para aquele a quem traspassaram; pranteá-lo-ão
como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele como se chora
amargamente pelo primogênito. Naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém,
como o pranto de Hadade-Rimom, no vale de Megido. A terra pranteará (...)
Naquele
dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Davi e para os habitantes de
Jerusalém, para remover o pecado e a impureza. (Zc 12:10-12; 13:1)
Muitas
profecias indicam este momento (Ez 37:12-14; 39:29;
Jl 2:28; Is 32:15). Será o ápice do amor de Deus por um povo que
rejeitara todas as iniciativas divinas de restaurar o relacionamento destruído
pelo pecado.
13.2.3-
Os julgamentos
A vinda
de Jesus trará consigo dois juízos, estes são: o julgamento dos judeus e o dos
gentios.
O
propósito destes é purificar a terra daqueles que se tornaram rebeldes e
incrédulos, a fim de que o Senhor possa inaugurar o reino messiânico.
a) O
julgamento dos judeus
Este é o primeiro a ser realizado. Deus em Ez
20:36-38 faz menção a este momento:
Como
entrei em juízo com vossos pais, no deserto da terra do Egito, assim entrarei
em juízo convosco, diz o SENHOR Deus. Far-vos-ei passar debaixo do meu cajado e
vos sujeitarei à disciplina da aliança; separarei dentre vós os rebeldes e os
que transgrediram contra mim; da terra das suas moradas eu os farei sair, mas
não entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o SENHOR.
Zc
13:1-6 parece indicar que mesmo sendo convertida a nação, ainda haverá uma
purificação, o que parece razoável se levarmos em conta que o cristão sofre uma
contínua purificação, mesmo que não seja referente aos pecados já perdoados por
Deus mas de práticas que como passar do tempo vão sendo eliminadas da vida do
convertido. Assim como Deus preparou a nação no deserto para entrar na terra
prometida, fará novamente, porém de maneira definitiva, para serem introduzidos
no reino messiânico.
O
caráter do julgamento é de extrema rigidez, pois diz “Far-vos-ei passar
debaixo do meu cajado e vos sujeitarei à disciplina da aliança”. Ainda
assim parece que muitos não se arrependerão, já que Ezequiel menciona uma
separação “separarei dentre vós os rebeldes e os que transgrediram contra
mim”.
b) O julgamento dos
gentios
Imediatamente após o julgamento dos judeus, as
Escrituras mencionam o julgamento das nações, o que pode ser entendido como
sendo os gentios, pois o termo traduzido por nações é ethnos,
usado para se referir aos povos pagãos.
O texto que menciona este
julgamento está em Mateus 25:31-46; aqui Jesus revela o momento do juízo:
Quando
vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se
assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua
presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as
ovelhas; (v.31-32)
Este
momento não pode ser localizado em outro tempo a não ser o de seu retorno; o
problema que surge é quanto ao método usado por Jesus naquele dia, pois o texto
parece trazer evidência de que a salvação deverá literalmente ser comprovada
por obras durante o período tribulacional (v.35-46), é obvio que a morte
vicária de Cristo não perderá o valor, no entanto parece lógico que os que se disserem cristãos na grande tribulação
não poderão ficar só na palavra já que o ser será sentença de morte devido o
culto ao anticristo e a marca da besta, ou seja, só permanecerão fiéis os que
realmente se converteram ao Senhor.
Jesus traz uma questão bastante relevante que
é a relação dos gentios com os “meus pequeninos irmãos” (v.40); o
contexto indica que ele está falando dos judeus, assim vemos que quando o
anticristo estiver perseguindo-os, os gentios convertidos que os ajudarem e
visitarem terão comprovado a sua fidelidade para com Jesus Cristo, e isso lhes
será imputado por justiça, não própria, mas como fruto de sua fé, cabendo então
o que disse Tiago: “a fé sem as obras é morta” (Tg 2:20).
O
resultado do julgamento é uma separação entre os gentios, “e porá as ovelhas
à sua direita, mas os cabritos, à esquerda” (v.33); os da direita
representam os salvos que agora herdam o reino messiânico (v.34);
conseqüentemente os da esquerda são os perdidos, aos quais é dito: “Apartai-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjo.”
(v.41).
Outras importantes conseqüências são: o término da
primeira ressurreição e a inauguração do reino messiânico. No entanto, por
merecerem ainda melhor atenção, serão tratadas em capítulos separados.
CAPÍTULO 14
AS RESSURREIÇÕES
Este
assunto é bastante discutido na escatologia bíblica; muitas teorias surgem
quando se procura estabelecer uma seqüência ou uma localização no tempo das
ressurreições mencionadas nas Escrituras. Em Ap 20:5 encontramos uma referência
à primeira ressurreição, o problema surge quando percebemos que esta será após
a grande tribulação, preparando os salvos para entrarem no milênio. Daí nos vem
uma pergunta: será esta ressurreição a do arrebatamento? Se assim for, o
arrebatamento é após o período tribulacional? A resposta para estas e outra
perguntas serão respondidas ao estudarmos o plano da ressurreição.
Existem
dois tipos básicos de ressurreição a chamada ressurreição para vida e ressurreição
para a condenação.
14.1-
A RESSURREIÇÃO PARA A VIDA
Esta é
encontrada com outras apresentações, porém, o sentido é o mesmo; em Lc 14:14 é
chamada de “ressurreição dos justos”; em Hb 11:35 de “melhor
ressurreição”; e Ap 20:6 diz: “Bem-aventurado
e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem
poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com
ele mil anos”. Esta difere da ressurreição para condenação no que se refere
à razão e conseqüência; aos que forem vivificados são prometidas bênçãos e
recompensas (Mt 22:30; Ap 20:6).
Quanto
ao texto de Ap 20:5 onde é mencionada a primeira ressurreição; o problema que
esta referencia traz é a respeito de sua ligação com o arrebatamento, ou seja,
os pós-tribulacionistas acreditam que esta é a mesma ressurreição mencionada
por Paulo em sua carta aos tessalonicenses onde diz que:
Porquanto
o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e
ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo
ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos
ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. (ITs 4:16-17)
No
entanto há um erro fatal nesta colocação, pois despreza a explicação dada nos
mesmos versículos onde é mencionada a primeira ressurreição, onde lemos:
E
vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de
julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e
pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não
receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante
mil anos. Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram.
Esta é a primeira ressurreição (Ap 20:4)
O texto
deixa bem claro, que, ressurgirão no fim da grande tribulação os que: “foram
degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a
besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão”, ou
seja, os que morreram durante o período tribulacional.
Mas
então a que se refere esta “primeira ressurreição”? Como vimos anteriormente
esta faz parte do grupo de nomes que se referem à ressurreição para a vida, ou
seja, todas as ressurreições dos salvos formam o grupo da ressurreição que vem
como prêmio aos servos de Cristo, por isso João disse: “Bem-aventurado e
santo é aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre esses a segunda
morte não tem autoridade”. Paulo aos Coríntios nos fala desta vivificação
futura para os crentes em Jesus Cristo, que acontecerá no arrebatamento,
trazendo um ensinamento sólido contra qualquer falso ensino, pois tentam
associar a do arrebatamento com a que acontecerá no final da Grande tribulação.
O texto se encontra em ICo 15:22-23, estes dois versículos trazem verdades que
precisam ser analisadas em separado para que tenhamos um melhor entendimento.
1) A
primeira está no v. 22.
Porque,
assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em
Cristo.
Neste
ponto muitos podem deduzir uma só ressurreição, ou seja, toda a humanidade um dia
será vivificada em Cristo, o que torna a doutrina em heresia, no entanto isto
não faz parte do pensamento de Paulo, nem tem relação com a linha de raciocínio
que ele quer traçar aqui; o que está em sua mente é o mesmo paralelo traçado em
IÇO 15:45 “Pois assim está escrito: O
primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito
vivificante.”, isto é, o primeiro Adão (o Adão do Éden), foi feito homem
natural; tendo pecado ficou sujeito à morte física e sofrendo a morte espiritual(Gn
2:17); da mesma forma os que ainda não estão em Cristo fazem parte desta
natureza, ou seja, a morte tem poder sobre eles, diferente dos que agora são
justificados por meio da morte vicária de Jesus Cristo , o último Adão (ICo
15:53-57), estes mesmo morrendo fisicamente não estão separados de Cristo (Rm
8:34-36), aguardam, porém, o momento de sua ressurreição. Então o versículo 22
fica claro; todos que estão ligados a Adão pela natureza pecaminosa e sem a
devida justificação, morrerão tendo sido separados de Deus de uma vez por
todas; da mesma forma os que estiverem ligados em Cristo serão ressuscitados
assim como ele ressuscitou, por isso ele é chamado de “as primícias dos que
dormem” (ICo 15:20).
2) A
segunda verdade neste texto, refere-se aos participantes da ressurreição que
acontecerá no arrebatamento; o versículo é o 23.
Cada
um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de
Cristo, na sua vinda.
A ordem
é determinada neste verso, pois trata não da vinda em glória no final da Grande
tribulação, mas sim da vinda no arrebatamento da igreja. Veja que Paulo
confirma o que disse no versículo 20, dizendo que primeiro será ressuscitado
Jesus que é “as primícias”, ou os primeiros frutos da colheita; depois, isto é,
após um intervalo, os que são de Cristo ressuscitarão na sua vinda. Veja bem os
que são de Cristo representam aqueles que estão “em Cristo”, não um outro grupo
e qualquer outra época anterior ainda que seja de redimidos.
14.1.1-
A ressurreição dos salvos do Velho Testamento
Outro
questionamento bastante interessante é quanto à ressurreição dos salvos do
Velho Testamento; como já vimos a primeira ressurreição de Ap 20:5 inclui três
fazes que são: a ressurreição de Cristo; a da igreja no arrebatamento e a dos
salvos da grande tribulação, para chegarmos a um veredicto precisaremos
analisar cada uma destas fazes para sabermos em qual dela os judeus salvos
caberiam. A primeira trata da ressurreição de Jesus, portanto esta já pode ser
descartada; na segunda também não podem estar incluídos os Judeus, pois como
vimos esta está ligada aos que “são de Cristo”. Outro fator determinante para
não incluirmos a ressurreição dos Judeus salvos, no arrebatamento se dá por
conta de Deus ainda estar tratando com Israel durante o período tribulacional,
ou seja, no arrebatamento a igreja terá findado, iniciando o processo de
restauração espiritual de Israel, sendo assim não há motivos para crer que Deus
ressuscitará os Judeus salvos no arrebatamento, já que ainda não terminou seu
plano para com Israel, cabendo, então esta ressurreição, no final da Grande
tribulação, juntamente com os mártires do período tribulacional e em seqüência
com a restauração de Israel, para que os judeus vivos que se converteram,
juntamente com os vivificados, possam gozar do cumprimento das alianças feitas
por Deus para com a nação.
Concluímos
então que a primeira ressurreição mencionada em Ap 20:5 é composta pela
ressurreição de Jesus Cristo, da igreja no arrebatamento, dos salvos da grande
tribulação e dos redimidos do Velho Testamento.
14.2-
A RESSURREIÇÃO PARA CONDENAÇÃO
Esta é assim apresentada em Jo 5:29 “E os que fizeram
o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a
ressurreição da condenação”. Também chamada de “segunda morte”, é diferente
da anterior; esta não traz nenhum tipo de benefício, mas está totalmente ligada
a condenação eterna. João ao mencionar a primeira ressurreição (Ap 20:5) fala
também a respeito dos que não participaram dela dizendo: “Os restantes dos
mortos não reviveram até que se completassem os mil anos.”, isto é, os não
salvos de todos os tempos não ressurgirão antes que se cumpra a era milenar;
estes são os que “morrem em Adão” (ICo 15:22). Algo que se pode perceber é que
em todo o capítulo 15 de ICorintios, Paulo nunca faz menção a este grupo de
ressurretos; só vamos encontrá-los em Ap 20:11-15, no juízo do Grande Trono
Branco que é após o milênio. No v.12 desta passagem João diz que as bases do
julgamento serão as obras de cada um; o versículo diz: “E os mortos foram
julgados, segundo as suas obras, conforme o que se achava escrito nos livros”.
“O livro da vida” mencionado no v.12, indica um “controle” por parte de Deus
contendo os nomes de todos os genuinamente convertidos. O resultado não pode
ser modificado, não há revisão de caso ou uma nova audiência; que não tiver seu
nome escrito será condenado. Algo interessante é que nenhum deles terá seu nome
neste livro, esta parte do julgamento parece indicar a justiça de Deus de
maneira que ele exporá provas cabais contra qualquer argumentação. Sobre o
veredicto João diz: “E, se alguém não foi achado inscrito no Livro da Vida,
esse foi lançado para dentro do lago de fogo”.
CAPÍTULO 15
O MILÊNIO
O
milênio não se restringe a uma parte do estudo de escatologia, é algo tão
importante que se deve encarar como doutrina da igreja cristã.
Desde a
igreja primitiva já se acreditava no período literal de mil anos que viria a ser instaurado por Jesus Cristo em sua
vinda; no entanto a igreja Romana não reconheceu o milênio como literal e sim
espiritual, ou seja, na cruz Cristo já acorrentou Satanás e agora vivemos num
mundo governado diretamente por Deus. Uma desculpa para não se acreditar em sua
literalidade está em ver o milênio como uma “esperança Judaica”, isto é,
acreditam que está fundamentada na esperança de um tempo futuro de benção para
a nação de Israel, onde o messias os governará.
Milênio vem da palavra grega chilioi (cilioi), que
significa literalmente: mil; desta surgiu o termo “Quiliasmo”, mais tarde
conhecido como milenarismo.
15.1-
TEORIAS SOBRE MILENARISMO
O ensino de um milênio futuro tem seus
perseguidores, são aqueles que não acreditam na literalidade deste tempo que
virá. Estudaremos de maneira breve cada uma destas correntes de interpretação,
como também a adotada neste estudo.
15.2.1- Pós-
Milenismo
Tanto o pós-milenismo como o
pré-milenismo tem como ponto chave à volta de Cristo a terra, ou seja, seu
retorno marca o fim ou o inicio da era milenial, sendo assim o pós-milenista
acredita que Jesus virá após o fim do milênio, enquanto o pré-milenista crê que
a volta do Senhor será anterior ao milênio.
O pensamento pós-milenista surgiu por
volta do ano 1700, na Inglaterra, num momento em que o humanismo tomava conta
da Europa, se desenvolveu de maneira bastante considerável nos séculos seguinte
e hoje faz parte do pensamento de alguns grandes nomes da teologia como Charles Hodge, B.B. Warfield, W.G.T. Shedd, e A.H. Strong.
Estes crêem que o milênio
não se trata de um período literal de mil anos, mas sim de um período de tempo
indeterminado que se iniciou com a morte de Cristo; crêem que foi neste momento
em que se deu o aprisionamento de Satanás. Desde então o mundo vem num
constante movimento de melhora, e tem como “motor” para essa evolução da paz e
justiça social, a evangelização e a ação do Espírito Santo, ou seja, a cada
mais pessoas se converterão a ponto de a grande maioria da humanidade ser de
crentes em Jesus, o que fará que chegue um tempo onde o mal será tão irrisório
que nem será notado, para isto baseiam-se entre outras passagens, na parábola
do grão de mostarda e na do fermento (Mt 13:31-33). Os pós-milenistas acreditam
que devido que todas as nações estarem debaixo da autoridade de Cristo, este
mundo em que vivemos terá dias extremamente melhores. Quanto ao reinado de
Jesus Cristo, a teoria acredita que o Senhor não necessita descer a terra para
um reino literal, pois já reina em nossos corações e está assentado em um trono
real no céu.
Quanto ao arrebatamento
crêem que este acontecerá quando na terra a grande maioria for de salvos, assim
Jesus vem em forma corpórea, arrebata seu povo que estiver vivo e também
ressuscita os mortos salvos da era da igreja e também os do velho Testamento,
levando-os consigo; retorna imediatamente a terra para julgar os ímpios. Neste
ponto algo que deve ser mencionado; é que para o pós-milenista haverão duas
ressurreições na vinda de Jesus, a do momento do arrebatamento e a quando ele
se assenta para julgar os ímpios, ressuscitando, assim, os não salvos de todos
os tempos, que é juízo final do Grande Trono Branco. Neste conceito não existe
nenhuma diferença entre Israel e igreja.
Esta teoria está
praticamente extinta desde o inicio do século XX, no entanto seus adeptos
migraram em sua maioria para o amilenismo por terem muito ponto em comum.
15.1.2-
Amilenismo
O
amilenismo ou, como preferem os adeptos da teoria, “milenismo realizado”, não
tem data certa para seu surgimento, no entanto sua estrutura foi estabelecida
por Agostinho, bispo de Hipona, e absorvido pela igreja católica, sufocando a
crença da igreja primitiva num milênio literal; quando se deu a reforma
protestante no século XVI os reformadores deram continuidade a este pensamento,
tanto é que a grande maioria das igrejas históricas reformadas, são
amilenistas.
Os
amilenistas não aceitam o milênio como sendo literal, desta maneira concluem
que já estamos no milênio, por isso a preferência pelo titulo “milenismo
realizado”. Desta maneira o milenio trata-se do reinado de Cristo no coração
dos crentes, os quais já desfrutam dos benefícios de seu governo espiritual.
Seus principais defensores são L. Berkhof, O.T.
Allis, G.C. Berkhouwer , entre outros.
Quanto
ao arrebatamento não crêem que este ocorrerá, pois vêem a volta de Jesus como
sendo uma, sendo esta localizada no fim do tempo para ressucitar os mortos
salvos e juntamente com os fiéis vivos leva-los ao céu; neste mesmo momento
entendem que serão ressurretos os ímpios de todos os tempos que com os não
salvos vivos comparecerão ao juízo final para serem condenados, desta maneira
para o amilenista haverá duas ressurreições universais, uma única para a
salvação e outra para a condenação, o que tem sido difícil de ser provado.
Esta,
entre todas é que mais se fortaleceu desde a reforma protestante, e hoje é
amplamente aceita na Europa e Estados Unidos, conseqüentemente o mundo se
dispõe a abraçar esta crença sem maiores análises.
15.1.3-
Pré-milenismo
Diferente
das outras teorias o pré-milenismo acredita num milênio literal, ou seja, Jesus
estará literalmente na terra governado-a e estabelecendo a justiça e paz entre
a humanidade, sendo este período de exatamente mil anos.
Basicamente
o pré-milenismo se divide em duas subclasses: os históricos e os
dispensacionalistas
a) O
pré-milenismo histórico: formado por aqueles que acreditam num milênio literal e
subseqüente a vinda de Cristo, no entanto o problema é que interpretam o livro
de apocalipse como sendo um quadro histórico que trata do propósito e da
história da redenção, isto é, para eles o apocalipse é meramente um livro que
conta a história da salvação da humanidade, desprezando o caráter profético e
futurístico apresentado no livro, desta maneira não acreditam que existirá o
período tribulacional, anticristo, derramamento da ira divina por meio de
flagelos etc. Seus principais defensores são G.E.
Ladd, A. Reese e M.J. Erickson.
b) O
pré-milenismo dispensacionalista: como já foi abordado anteriormente, esta é a
posição adotada neste trabalho. Este pensamento interpreta o apocalipse como
tendo seus acontecimentos, ainda que obscurecidos por símbolos, como literais,
sendo assim o milênio deve ser encarado como um reino literal de mil anos, que
será inaugurado na vinda gloriosa de Jesus Cristo. Grandes interpretes e
professores de escatologia Bíblica defendem o dispensacionalismo, como: L.S. Chafer, J.D. Pentecost, C.C. Ryrie, J.F. Walvoord e
Scofield, entre outros.
Com
certeza é o que mais avança na atualidade e começa a assustar os amilenistas
que até então estavam em situação confortável, já que vivem na sombra dos grandes
nomes da reforma. O dispensacionalismo tornou-se alvo de criticas por crer nos
acontecimentos preditos por mais estranhos que pareçam ser, os perseguidores
não vêem possibilidade de haverem sinais tão prodigiosos como os descritos no
Apocalipse de João, da mesma forma que os egípcios não acreditavam que
sucederiam pragas tão terríveis como as que Deus enviou contra eles por meio de
Moisés. Observe o que pensa um Reverendo amilenista a respeito do pré-milenismo
dispensacionalista:
De todas essas perspectivas protestantes, a meu ver, a que mais se
coaduna com a exegese bíblica é a posição amilenista. O Pré-milenismo, se
parece muito com os roteiros Hollywoodianos, muitos fantasiosos.
O pré-milenismo não é uma doutrina nova, mas sim a que fazia parte
da crença da igreja primitiva, no entanto esta foi encoberta pela igreja Romana
que procurando se estabelecer como autoridade suprema se colocou como a que
detinha os meios para se desfrutar do reino milenar prometido por Jesus,
tornado o mundo cristão obrigatoriamente em amilenistas. Hoje o pré-milenismo é
o único método de ver o reino milenial de maneira satisfatória e dentro do
contexto Bíblico. Sua literalidade é totalmente necessária para que se cumpram
promessas feitas em alianças com a nação de Israel que nunca foram cumpridas e
que em hipótese alguma podem ser cumpridas pela igreja, já que Israel e igreja
são distintas no que se refere ao propósito de Deus.
15.1- A
ERA MILENIAL
Um dos mais expressivos
pontos da escatologia é a promessa de um reino teocrático, onde o mundo será
governado por Jesus Cristo, no entanto algumas questões estão sempre trazendo
dúvida aos crentes da realidade desta teocracia. O que veremos agora se trata
da apresentação deste reino tanto no Velho Testamento como no Novo.
15.1.1- O
milênio no Velho Testamento
Fartas, são as passagens
que falam de um tempo de paz e prosperidade para Israel e de um modo quase
total esta se referem ao milênio, ou seja, um reino totalmente dirigido pelo
messias ansiosamente pelos Judeus. No Maimônides, uma espécie de credo Judaico
se lê:
A VINDA DO MASHIACH
(Messias)
E
A ERA MESSIÂNICA: Creio plenamente na vinda do mashiach e, embora ele possa
demorar, aguardo todos os dias a sua chegada.
A esperança Judaica está totalmente baseada na vinda do messias
para estabelecer este reino:
Um
ser humano descendente do Rei David, comprometido em cumprir e fortalecer o
cumprimento de toda a Torá, reunirá todos os judeus do mundo em Israel,
reconstruirá o Templo de Jerusalém e trará a paz universal. (...) Pois além de
trazer paz a Israel e erradicar a miséria do mundo todo, finalmente toda a
criação finalmente atingirá o seu estado de máxima perfeição. Por mais acomodados e confortáveis que
estejamos hoje em dia, o mundo, no mínimo, ainda está imperfeito... (Por Rabino
Israel Rubin, diretor de Chabad em Albany)
O que vai acontecer quando o Mashiach vier?
(...) Não haverá nem fome nem guerra, inveja ou competição, porque todas as
coisas materiais estarão em abundância. Naquele tempo, ele continua, a ocupação
do mundo inteiro será unicamente conhecer a D-us. ( Rabino Manis Friedman)
Esta tão esperada era
messiânica está baseada nas alianças feitas com Abraão e Davi onde é prometida
a terra por possessão eterna e um rei que regerá com justiça, no entanto
encontramos por todo o Velho Testamento profecias e referencias este respeito. Ao falar da vinda de um futuro
profeta, Moisés disse: Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos,
semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo
o que eu lhe ordenar (Dt 18:18). Vejamos alguma referencias ao reino
messiânico: Isaias: 4:1-6; 9:6-7; 11:1-9; 40:41; 60:1-22; 65: 17:25. Jeremias
23:1-8; Ezequiel 39:21-29; 43-17; Daniel 12:1-4; Oséias 3:4-5; 3:17-21; Amós
9:11-15; Miquéias 4:1-5; 5:1-15; Sofonias 3:9-20; Zacarias 8:1-8; Malaquias
4:1-6.
Todas estas e outras profecias a respeito da
era messiânica têm caráter totalmente literal o que é demonstrado pela
esperança judaica que se firma, justamente, nestas promessas. Para Israel não
há outro meio de cumprimento a não ser através do milênio, pois como já visto
as alianças tem caráter futuro e incondicional, portanto devem e serão
cumpridas.
15.1.2- O milênio nos Evangelhos.
Para um judeu contemporâneo de Jesus, a
esperança no messias era maior que em qualquer outra época, pois havia muitos
anos que Deus não se manifestava através dos profetas; o povo era afligido pelo
império Romano e tudo poderia mudar com a vinda do rei da linhagem de Davi.
Desta maneira nos é apresentado no decorrer das narrativas uma seqüência de
acontecimentos ligados à vinda do rei esperado, como também sua rejeição por
parte da nação.
O livro de Mateus é universalmente
reconhecido como o que apresenta Jesus como o messias esperado, portanto o
utilizaremos como o centro desta breve consideração.
A genealogia de Jesus o liga diretamente a
descendência de Davi (1:1), esta é que é fundamental para que o Senhor pudesse
ao menos se dizer o Messias... Do capítulo 1 ao 11:3 Jesus é apresentado como o
rei; as curas, libertações e discursos provam sua autoridade. A rejeição a
Jesus se inicia a partir do capítulo 12 e vai até o 16; período marcado por
controvérsias entre a liderança política e religiosa. Sua total rejeição por
parte da nação vem a partir do capítulo 17 e vai até o fim do livro.
Devemos ter em mente que Jesus veio para
cumprir as profecias porém esta rejeição (que fazia parte da presciência de
Deus) não permitiu o seu cumprimento; João expressa com muita clareza este fato
dizendo: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.” (Jô
1:11). Desta maneira o propósito de Deus para a nação foi adiado,
proporcionando a inclusão dos gentios no plano divino.
15.2.3-
O milênio no Apocalipse.
Freqüentemente os pré-milenistas são acusados
de crer em tão grande evento, baseados em apenas um versículo (Ap 20:4), no
entanto isto é uma afirmação desprovida do conhecimento sobre o assunto, pois
todo conceito de um reino literal vem, como já vimos, das promessas a nação de
Israel e de sua confirmação através do messianismo de Jesus, a questão é que em
apocalipse foi completada a revelação a cerca da era milenar, ou seja, foi
revelado aquilo que ainda estava oculto.O argumento mais usado contra um
milênio literal é a questão de serem estabelecidos exatamente mil anos, o que,
para muitos, é apenas simbólico e representa um período de tempo indeterminado
como, supostamente, os dias da criação e a afirmação de Pedro em 2Pe 3:8; um
outro argumento usado pelos contrários ao pré-milenismo é que um reino literal
de mil anos torna a era messiânica exclusivamente terrena e temporal. A questão
é que tais afirmações são errôneas; em primeiro lugar devemos ter em mente que
não podemos abandonar o sistema literal de interpretação apenas porque algo
novo foi revelado nas Escrituras e por que esta revelação não “soa” como digna
de ser levada em consideração, se assim fosse também não deveríamos crer como
sendo literal à volta de Jesus (todas as correntes crêem no retorno literal),
já que parece tão fantástico como sua permanência na terra por mil anos.
Quanto a referencia de 2Pe 3:8 onde lemos: “(...)
para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia” É preciso
perceber que Pedro apenas ressalta a natureza de Deus, isto é, sua onipresença;
para Deus o remoto passado e o mais longínquo futuro são presente para Deus, e
também sua eternidade, deus não se cansa ou fica velho; não há ociosidade em
Deus; para ele mil anos são como um dia e de um dia ele poder tornar em mil
anos.
O fato
de o reino milenial durar exatamente mil anos não o torna temporal, pois este
tem um caráter eterno, ou seja, assim como cristãos temos uma vida humana
limitada, porém já estamos em Cristo, o que nos torna eternos em sua presença,
portanto, ao compararmos nossa vida terrena em Cristo ao milênio veremos que
apesar do reino ser de um tempo limitado ele tem uma validade eterna, só vai
mudar o ambiente; que quando este findar não será mais a terra e sim a nova
Jerusalém. O reino também não é
essencialmente terreno pois também tem caráter espiritual, já que para
fazer parte dele deve-se necessariamente ter experimentado da salvação em
Cristo, ou seja, não estamos falando de um reino político na esfera humana mas
de um reino teocrático (Governado por Deus), universal e totalmente
equilibrado.
Por tudo o que foi mencionado o pré-milenismo
crê que a era messiânica será literal e durará mil anos, sob governo Divino.
15.3-
OS PROPÓSITOS DO MILÊNIO
Toda a
questão sobre onisciência de Deus pode ser muito bem expressa na literalidade
do milênio, pois os propósitos deste, são mais antigos e mais fortes que
qualquer pensamento atual sobre a possibilidade deste tempo de paz e
prosperidade ser real ou não. Veremos alguns desses principais propósitos que
fazem com que tenhamos a plena certeza da literalidade do milênio.
15.3.1-
Cumprir as alianças estabelecidas com Israel.
Em
termos de propósitos poderíamos dizer que este é o principal deles, pois foram
feitas promessas que nunca, na historia de Israel, encontraram cumprimento.
Sobre estas alianças já tratamos anteriormente, porém veremos sua ligação com o
reino milenial.
a)
Aliança abraâmica (Gn 12:1-3; 15:18-21; 17:1-8)
Nesta foram asseguradas a Israel não só a
posse definitiva da terra como também a perpetuidade de sua descendência; já
foi colocado que esta com as outras tem caráter incondicional e nunca foram
cumpridas. Sendo assim com a instituição do reino milenial a aliança abraâmica
seria efetivamente cumprida. Miquéias a respeito da era messiânica disse:
Quem,
ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a iniqüidade e te esqueces da transgressão
do restante da tua herança? O SENHOR não retém a sua ira para sempre, porque
tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as
nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.
Mostrarás a Jacó a fidelidade e a Abraão, a misericórdia, as quais juraste a
nossos pais, desde os dias antigos.(Mq 7:18-20)
b)
Aliança palestina (Dt 30:1-10)
A posse
da terra mais uma vez é assegurada com a aliança Palestina, porém isso só
ocorreria quando Israel como nação se convertesse, o detalhe é que Deus quem
operará este arrependimento, e isto acontecerá na volta de Jesus Cristo no
final da Grande tribulação, dando inicio ao milênio que cumprirá esta promessa
a respeito da terra. Veja o que disse Ezequiel:
Dar-vos-ei
coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de
pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei
que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis.
Habitareis na terra que eu dei a vossos pais; vós sereis o meu povo, e eu serei
o vosso Deus.(Ez 36:26-28)
c)
Aliança davídica (2Sm 7:12-16)
Deus
prometeu a Davi que o trono permaneceria em sua descendência e seu reinado como
também a nação seriam estabelecidos para sempre; promessa esta que ainda não se
cumpriu. Jesus ao ser este rei do reino milenial, estabelecerá Israel em sua
terra e a nação terá seus direitos garantidos, cumprindo assim esta aliança.
Farei
deles uma só nação na terra, nos montes de Israel, e um só rei será rei de
todos eles. Nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão
em dois reinos.(...) Assim, eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus. O meu
servo Davi reinará sobre eles; todos eles terão um só pastor, (...) Habitarão na terra que dei a meu servo Jacó,
na qual vossos pais habitaram; habitarão nela, (...) para sempre; e Davi, meu
servo, será seu príncipe eternamente. (Ez 37:22-25)
d) A
nova aliança (Jr 31:31-40)
Nesta
aliança foi prometido a Israel uma conversão nacional que lhes traria a
comunhão com Deus; estava implícito na aliança que Deus perdoaria os pecados da
nação e lhes daria um coração novo; em outras apresentações da aliança vemos
que Deus os encheria de seu Espírito (Jl 2:28-29). Como as anteriores esta
aliança jamais foi cumprida, e só será na vinda de Jesus quando Deus tirará a
venda dos olhos da nação trazendo a conversão prometida. Portanto, para que
Israel possa desfrutar das bênçãos da nova aliança é totalmente necessário um
milênio literal.
15.3.2-
Estabelecer o propósito inicial de Deus para a humanidade
Nos
dias da criação Deus preparou todo um ambiente favorável para que sua obra
prima vivesse nela, o homem (no sentido de humanidade) teve a primeira
oportunidade de viver num mundo teocrático; Deus é quem governava diretamente.
Vindo a queda o pecado impossibilitou o
permitia tal relacionamento. Com isso a soberania de Deus de certa forma foi
atingida, não que ele tenha sido surpreendido por algo inusitado, no entanto
seu plano foi alterado; é como se Satanás dissesse que Deus falhara, o que é
fora de cogitação. No decorrer da história seja por Moisés, pelos juizes ou
reis, ficou provado que o homem não tem condições de estabelecer um reino de
paz e justiça plena, isso só será possível se o próprio criador se colocar como
agende deste governo. Com isso Deus espera o momento de demonstrar sua
autoridade no que se refere ao governo divino. Na grande tribulação Deus
provará sua onipotência, não para a igreja mas para toda a humanidade, Satanás
e seus anjos; com o milênio toda a vontade de Deus como também sua soberania
serão mundialmente reconhecidas, ou seja, Deus mostrará que seus planos não são
frustrados.
15.4-
A VIDA DO MILÊNIO
O governo de Jesus Cristo será de maneira
nunca vista na terra; as condições de vida, em todos os aspectos, nunca foram
experimentados pela humanidade; e é bom que fique claro que o milênio não tem
nenhuma relação com a morada eterna na Nova Jerusalém. Aqui observaremos
rapidamente algumas características da vida no milênio.
a) Prevalecerão a paz e justiça
Eis que vêm dias, diz
o SENHOR, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e
agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá
será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será
chamado: SENHOR, Justiça Nossa. (Jr 25:6-7)
Com a destruição dos inimigos de Israel e
também das nações ímpias, será estabelecido um governo que trará toda a questão
de justiça social e jurídica sob total controle, o que proporcionará um estado
sólido e coeso, trazendo como conseqüência uma paz sustentada pela autoridade
do Senhor Jesus Cristo; parece claro que em alguns aspectos será uma paz , para
alguns, forçada pois não poderão agir como desejam sendo obrigados a se
submeterem, pois toda desobediência será rigidamente castigada (Zc 14:16-19).
b)
Será quebrada a maldição que estava sobre a terra
Este é
um grande ponto no que se refere às características da vida milenial, pois
desde a queda do homem terra está sob uma maldição que tem trazido sofrimentos
e toda sorte de mazelas a sociedade como todo e ao individuo. Em gênesis
3:17-19 lemos:
Visto
que atendeste a voz de tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não
comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento
durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu
comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à
terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.
Por
causa desta maldição a terra não produz o que deveria e o homem se torna
escravo dela tendo que depender do pleno esforço para obter seu sustento; esta
maldição, que atingiu diretamente o homem, o torna indefeso às doenças e
deformações; o pecado o separa de Deus (Rm 3:23), na era milenial isto não
acontecerá pois a maldição sobre a terra será tirada e como conseqüência da
conversão da humanidade, também será tirada do homem. No milênio vários
aspectos de nossa vida diária serão modificados devido a retirada desta
maldição. A terra produzirá como nunca (Zc 8:12), trazendo prosperidade e
abundância (Is 30:23-25), até o sol e a lua produzirão mais luz, sem que haja
aumento de temperatura (Is 30:26); o trabalho continuará a existir, mas este
não será feito de maneira fatigante (Is 65:21-23); toda a humanidade buscará ao
Senhor (Zc 14:16; Is 12:3-6), trazendo plenitude espiritual (Jl 2:28-29) e santidade (Is 4:3-5) aos servos do reino. O
próprio Senhor estará com a humanidade por meio de Jesus Cristo (Ez 37:27-28),
com isso, logo no inicio do milênio os doentes serão curados, os surdos
ouvirão, os cegos enxergarão, os aleijados andarão, enfim, todos os que tiverem
defeitos físicos serão restaurados (Is 35:3-6); as pessoas viverão muito mais
que hoje se vive, portanto “morrer aos cem anos é morrer ainda jovem”
(Is 65:20).
Todas
estas bênçãos trarão uma felicidade real aos habitantes da terra que se
alegrarão no Senhor por cada um de seus benefícios
Os
resgatados do SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria
eterna coroará a sua cabeça; gozo e alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza
e o gemido. (Is 35:10)
c)
Os ressurretos e os vivos no milênio
Um
ponto bastante interessante é a questão da relação dos crentes que
ressuscitaram na primeira ressurreição (salvos do Velho e do Novo Testamento) e
que viverão juntamente com os que estarão vivos na ra milenial. A questão
parece delicada se ilharmos do ponto de vista humano, mas para o Senhor isso
não será problema.
Os
amilenistas argumentam que isso não será possível, pois se tratam de duas
naturezas totalmente distintas, no entanto devemos levar em consideração duas
coisas; 1) Jesus, após sua ressurreição se apresentou a Maria madalena, aos
apóstolos, conversou com eles e percorreu vários lugares diferentes (João
20:11-13; 19-23; 26-29; 21:1; At 1:7-8), tornando totalmente possível uma
convivência. 2) É preciso lembrar que os ressuscitados não estarão na mesma
posição que os vivos, ou seja, os vivos estarão, de certa forma, sendo provados
já que haverá correção diante de erros (Zc 14:16-19), e tendo a condição de
súditos comuns no reino messiânico, enquanto os que ressuscitaram já
experimentaram a consumação de sua salvação e agora desfrutam da benção de ter
a mesma natureza santa e pura de Jesus Cristo (I João 3:2), portanto estes
terão a responsabilidade e o privilegio
de governar juntamente com Cristo (Mt 19:27-29; ICo 6:2; Ap 20:6).
De uma
maneira maravilhosa Deus estabelecerá sua vontade independente de quão
inacreditável seja.
15.4-
A BATALHA NO FIM DO MILÊNIO
No fim
da dispensação do milênio Satanás será solto e se levantará em sua ultima
tentativa de Destruir a Cristo. Ap 20:7-9 dá os detalhes:
Quando,
porém, se completarem os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a
seduzir as nações que há nos quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, a fim de
reuni-las para a peleja. O número dessas é como a areia do mar. Marcharam,
então, pela superfície da terra e sitiaram o acampamento dos santos e a cidade
querida; desceu, porém, fogo do céu e os consumiu.
Esta
será uma guerra diferente de todas as outra, muitos confundem com a invasão dos
exércitos confederados de Gogue a Palestina, no entanto esta referencia a Gogue
e Magogue trata da natureza inimiga dos exércitos que serão influenciados por
Satanás; também se trata de uma representação de todas as nações inimigas, ou
seja, assim como Gogue um dia se levantou contra Israel, todas as nações, no
mesmo intento, se levantarão também. Outro ponto que deixa clara a diferença é
que Os exércitos descritos em Ez 38 e 39 são de apenas uma região da terra em
quanto os de Apocalipse 20 vem de toda a terra. O motivo da guerra é claro;
Jerusalém será a capital do mundo e local onde estará o Rei dos Reis, isto
tornará a cidade, mais uma vez, em alvo de Satanás.
A
quantidade de pessoas iludidas pelo diabo será muito grande o que pode ser
visto pela expressão: “e subiram pela largura da terra”; poderíamos
pensar que alguém ceder a Satanás seria impossível já que viveu sob um governo
divino, no entanto precisamos entender que estas pessoas nunca estiveram sob
influencia maligna, e conseqüentemente não tiveram sua obediência provada,
sendo assim esta ultima incursão se Satanás está totalmente nos planos de Deus
que mostrará que o homem não tem condições de por si próprio ser justo a ponto
de vencer as tentações do diabo, mesmo vivendo num ambiente extremamente
espiritual.
A
destruição dos exércitos inimigos é milagrosa “desceu fogo do céu, e os
devorou” assim mais uma vez a soberania de Deus prevaleceu. O resultado é
descrito por João como sendo definitivo; satanás estará de uma vez por todas no
seu devido lugar.
O
diabo, o sedutor deles, foi lançado para dentro do lago de fogo e enxofre, onde
já se encontram não só a besta como também o falso profeta; e serão
atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos. (Ap 20:10).
15.5-
O JUÍZO FINAL
O
milênio trouxe o cumprimento das alianças feitas com a nação, com seu fim o
plano das dispensações fica concluído, restando o ultimo julgamento; o juízo do
Grande Trono Branco. Agora Deus, por meio de uma ressurreição chama os ímpios
que morreram desde a criação para serem julgados; sobre isto lemos em Ap
20:11-12, 15.
Vi
um grande trono branco e aquele que nele se assenta, (...). Vi também os
mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono. Então, se
abriram livros. Ainda outro livro, o Livro da Vida, foi aberto. E os mortos
foram julgados, segundo as suas obras,(...). Deu o mar os mortos que nele
estavam. A morte e o além entregaram os mortos que neles havia. E foram
julgados (...). Então, a morte e o inferno foram lançados para dentro do lago
de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo. E, se alguém não foi achado
inscrito no Livro da Vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo.
Como já
foi comentado anteriormente, este texto fala a respeito da ressurreição para
condenação; este caso não trata de um julgamento onde salvos e não salvos
receberão um veredicto a respeito de sua salvação ou condenação, mas
comparecerão unicamente os ímpios mortos que agora ressuscitam para serem
“avisados”de sua condenação eterna. A questão de serem mencionadas as obras
como base do julgamento, é importante lembrar que o principal fato, em questão
de obras que os levou a condenação foi o fato de não terem recebido Jesus como
Senhor e salvador ou mesmo que o receberam, mas desviaram-se, não tendo andado
em sua palavra; aqui a principal questão esta relaciona a atitude que tivemos
para com Jesus Cristo e não simplesmente se fomos bons ou maus durante nossa
vida.
O fim destes é mencionado como sendo a segunda morte, a
diferença é que esta é definitivamente de sofrimento, tem caráter eterno; é
eterna. Todo o inferno, Satanás e seus anjos; todos estarão lá; enquanto isso
os salvos se alegram e bradam a vitória consumada; eles entram na santa cidade
e desfrutam eternamente da presença de Deus.
CAPÍTULO 16
O ESTADO ETERNO
Com o
fim das dispensações chegamos a uma condição totalmente nova, que não está
relacionada com o tempo ou espaço, ou seja, não é passageira nem terrena, mas
eterna e celestial.
Deus
ainda tem duas coisas a fazer, que são: recriar a terra e instalar seus
redimidos na cidade Santa; a Nova Jerusalém celestial.
“Vi
novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar
já não existe”
(Ap 21:1)
Mesmo
depois da purificação da terra feita no inicio do milenio, esta foi novamente
contaminada com a soltura de Satanás, não que o trabalho de Deus não tenha sido
bem feito mas a retirada “provisória” da maldição foi para que as condições
fossem favoráveis para a vida milenial. Alguns comentaristas acreditam que esta
maldição permanecerá na terra mesmo na duração do milênio, no entanto as
condições apresentadas para a era messiânica não são cabíveis numa terra
amaldiçoada; pensam desta maneira pelo fato de ainda haver vestígios da
natureza humana, portanto, pecaminosa, demonstrada pela desobediência no fim da
era, no entanto o que Deus fará é impedir que o poder da maldição vem a agir no
período milenial deixando sua total exterminação para o momento da destruição
da atual criação. Pedro falando acerca desta destruição disse: “Ora, os céus
que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para
fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios”
(IIPe 3:7). Vemos que o versículo fala de uma destruição pelo fogo no mesmo
tempo do julgamento final dos ímpios, e
como já vimos isso acontecerá no juízo do Grande Trono Branco, entre o
milênio e instauração no novo céu e da nova terra.
O
apóstolo João inicia a narração de sua visão já com o novo céu e a nova terra,
não nos dando detalhes de como será esta destruição, como também o porque de
uma nova criação. O que é fato é que o mundo em que vivemos será consumido pelo
fogo e nada mais restará dele; com certeza a escolha pelo fogo por parte de
Deus tem a ver com a simbologia que o envolve; o fogo representa purificação e
é esta a intenção do Deus Soberano Criador.
Um
grande questionamento que surge em torno dos textos concernentes ao estado
eterno (Ap 21 e 22:1-6), é o fato de haver suposta semelhança com a descrição
do milênio, ou seja alguns comentaristas acreditam que estes textos não se
referem a uma condição eterna, nem de uma cidade literal vinda do céu, mas da
vida no período milenial. Apesar de haver posições contrárias, de um modo geral
os pré-milenistas acreditam que os capítulos 21 e 22 estão em ordem cronológica
e não se tratam de uma retrospectiva ao assunto abordado em Ap 20:4-6, onde é
mencionado o milênio; para se crer que os textos em discussão não se referem ao
estado eterno precisa-se negligenciar fatos e características marcantes tanto
do milênio como do estado eterno, com, por exemplo, na cidade apresentada no
capítulo 21, 1) haverá um muro com doze portas ao seu derredor, em cada uma
destas portas haverá um anjo e sobre elas estará escrito o nome de uma tribo de
Israel (21:12), e seus doze fundamentos representam os doze apóstolos (v.14),
esta descrição jamais pode ser aplicada ao milênio (v.17-21). 2)A medida da
cidade é exata, diferente da Jerusalém milenial (v.16). 3) Nesta cidade não
haverá templo (v.22) enquanto no milênio este é imprescindível. 4) a cidade não
necessitará de luz do sol nem da lua (v.23-24), diferente do milênio, pois a
humanidade necessitará deles para a sobrevivência. 5) ali não entrará nada
impuro, mas somente os inscritos no livro da vida (v.27); o milênio
testemunhará uma ultima rebelião contra Deus. Por tudo isso fica provado que os
textos em pauta são relativos ao estado eterno e a Jerusalém celestial e nunca
à vida terrena no milênio.
16.2-
A NOVA JERUSALÉM
O
apóstolo João faz um relato detalhado da Nova Jerusalém; já foi concluído que
ela não se trata de uma cidade terrena, mas sim, celestial e eterna. Vejamos
algumas características importantes a respeito dela:
a)
Ela desce do céu, da parte de Deus (vs.2,10): Jesus em sua promessa
registrada em Jo14:2, disse que iria preparar um lugar para seus remidos, este
lugar é justamente esta santa cidade vinda não de algo terreno e passageiro,
mas do próprio Deus que em seu filho não só justificou os que creram com também
lhes forneceu uma morada onde Jesus também estará por toda a eternidade. A
referencia “desce do céu” parece indicar que a cidade estará na órbita da nova
terra; o que é inconcebível é que comentaristas localizem a cidade literalmente
na nova terra.
b)
Nela não há tristeza (v.4): “E Deus enxugará dos olhos toda a
lágrima”. Não que lágrima represente tristeza, mas todo choro pela morte,
pranto,angustia ou dor. A alegria e felicidade eterna reinarão na morada dos remidos.
c)
Ela tem a gloria de Deus (v.11; 22:5): A gloria do Senhor será suficiente para todas
as necessidades desta cidade celestial; parece lógico que tendo recebido corpos
espirituais, estes não necessitarão do sol ou da lua, portanto a própria
presença do Senhor iluminará a Nova Jerusalém. Deus será a fonte de energia e
Cristo a lâmpada que resplandecerá por toda a eternidade.
d)
Deus e seu filho são o templo da cidade (v.22; 22:3-4)): A presença de Deus e
de Jesus não serão espirituais mas, literais, verdadeiramente veremos o seu
rosto. Para os amilenistas isto é total absurdo, fantasia, mas para os que têm
ansiosamente aguardado a eterna redenção é motivo de fortalecer-se em Cristo
Jesus.
e)
Será isenta de qualquer pecado ou maldição (8;27;22:3): Nenhum pecado ou
pecador entrará na cidade; nenhuma maldição existirá. Devemos lembra que
Satanás, e seus demônios, a morte e o inferno já passaram e estão no lago de
fogo e enxofre (Ap20:10,14).
f)
Nela haverá um rio e uma árvore (22:1,2): O rio representa a vida que procede do
Cordeiro; a árvore da cidade retrata a árvore da vida do éden, só que
desta não será necessário a do conhecimento (Gn 2:9) para provar seus
habitantes pois estes já foram provados e aprovados por Deus; são agora os
redimidos pelo sangue purificador de Jesus Cristo.
Eis que venho sem
demora. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste
livro.Aquele que dá testemunho destas coisas diz: Certamente, venho sem demora.
Amém!
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