FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO LIVRE
NOÇÕES DE CAPELANIA
NOÇÕES DE CAPELANIA
Disciplina de conteúdo
básico, que propõe reflexões acerca da preparação e capacitação para
visitadores evangélicos. Aborda procedimentos específicos de cada área e a boa
conduta do visitador ao ministrar o amor de Deus a pessoas necessitadas,
encarceradas, enlutadas, em leitos hospitalares, em instituições públicas e
privadas. Amparado por lei federal, a prestação do serviço de Capelania vem
crescendo a cada ano, visto a sua importância se ligado a um conselho de
classe, que credencia o Capelão, para o exercício eclesiástico.
1. CAPELANIA
No âmbito geral, é um
serviço voluntário, que presta assistência espiritual sem conotação de
proselitismo, de forma interdenominacional. É levar ao outro a pensar na sua
espiritualidade e ajuda-lo a construir em cima disso, independentemente da fé
que ele professe. A capelania caracteriza-se pela capacidade e predisposição de
se amparar o outro através da escuta, trazendo-o a pensar no Deus de amor. O
trabalho do capelão é falar de espiritualidade, da vida após esta vida. É levar
a fé, a esperança e o amor (I Co 13:13); é aperfeiçoar a fé com as obras (Tg
2:22); é ser ovelha de Jesus (Mt 25:35-36); é uma visão bíblica. Capelania,
portanto, é uma estratégia de levar pessoas a terem experiências com Deus e
entregarem a Ele o controle de suas vidas; nem sempre pregando a Cristo
diretamente, mas sempre evidenciando e compartilhando o amor de Cristo.
1.1 COMO SURGIU
Capelania não é um termo
moderno. É o nome dado aos serviços religiosos prestados por oficiais
treinados, tendo origem nas Forças Armadas do Exército em 1776. Conta-se que,
na França, o oficial Sgt. Martinho ao encontrar um homem abandonado na rua debaixo
de chuva e frio cortou sua capa e o cobriu num ato de solidariedade, humanismo,
caridade, ajuda e amor ao próximo. Ao morrer, esta capa foi levada como uma
relíquia para a Igreja passando a ser venerada. Esta igreja recebeu o nome de
“Igreja da Capa”. Daí as derivações: Capela, Capelão e Capelania.
1.2 CAPELÃO
É um ministro religioso
autorizado a prestar assistência religiosa e a realizar cultos em comunidades
religiosas, conventos, colégios, universidades, hospitais, presídios,
corporações militares e outras organizações. Na sociedade, deve portar-se com
descrição, absoluto respeito e dignidade cristã; devem ter boa conduta,
irrepreensíveis perante todos. Devem amar a sua Pátria e se esforçarem para que
todos quanto os cerquem façam o mesmo e observem as suas leis. Devem zelar pelo
bom nome de seus colegas, não permitindo que, em qualquer situação, haja
comentários desabonadores a respeito dos mesmos. Igualmente, devem fazer tudo
quanto estiver ao seu alcance para evitar que, quem quer que seja, use propaganda
negativa contra capelães cristãos através da imprensa escrita, falada e
televisionada, procurando o benefício dos seus subalternos. O capelão tem que
ter vocação, boa saúde, vida espiritual verdadeira e ser estudioso. Mas, são os
dons espirituais a principal ferramenta que diferenciará o capelão evangélico
dos demais. Portanto, é necessário estar com a vida espiritual em dia e
revestir-se da armadura de Deus (Efésios 6).
2. CAPELANIA NO BRASIL
No Brasil o ofício de
capelania começou na área militar em 1858, com o nome de Repartição
Eclesiástica, evidentemente com a igreja Católica. Durante a Segunda Grande
Guerra Mundial, em 1944, o serviço foi estabelecido com o nome de Assistência
Religiosa das Forças Armadas. Na mesma época foi criada também a Capelania
Evangélica para assegurar a presença de Capelães Evangélicos na FEB. O grande
nome que se destacou na Segunda Guerra Mundial, foi do Pastor João Filson
Soren. Ele foi o primeiro capelão militar evangélico do Exército Brasileiro.
Tendo servido na Força Expedicionária Brasileira (FEB) entre 1944 e 1954, na
época com 36 anos. A comunidade evangélica do Rio de Janeiro comemora no dia 21
de junho o “Dia do Capelão Evangélico”, instituído pela Lei Municipal
n.°3983/2005, em memória ao nascimento do ilustre combatente de Cristo, o
Pastor João Filson Soren, o primeiro capelão evangélico do Brasil.
2.1 LEIS QUE ASSEGURAM O
SERVIÇO DE CAPELANIA
- LEI MUNICIPAL – RJ 775 de
12/1985
Autoriza o ingresso de
ministros religiosos solicitados para prestarem assistência religiosa aos
enfermos.
- LEI FEDERAL – RJ 6.923
art. 5º, inciso VII – Constituição de 1988
É assegurada nos termos da
lei a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
internação coletiva.
- LEI 4.154 – 11/03/2003
Altera a lei 2.994 de
30/06/1998
Art. 1º - Fica autorizado o
ingresso de capelães nos hospitais e demais casas de saúde da rede estadual e
privada de todos os credos.
- LEI ESTADUAL – 4.622, de
18/10/2005
Art 1º Fica o poder
executivo autorizado a criar nos hospitais públicos do Estado do Rio de
Janeiro, o serviço voluntário de capelania hospitalar, com vistas ao
atendimento espiritual dos pacientes internados e seus familiares.
LEI MUNICIPAL – RJ
3983/2005, de autoria da Deputada Federal Liliam Sá Institui no calendário
oficial do Município, o dia do Capelão Evangélico Civil e Militar, e dá outras
providências.
3. FUNDAMENTAÇÃO BÍBLICA DE
CAPELANIA
Em João 5:39-40 temos uma
fundamentação bíblica para capelania nas palavras de Jesus, levar a vida. Em I
Reis 22, os profetas acompanharam o exército de Israel para fazerem consultas a
Deus a respeito das batalhas. Em Mateus 25:34-36 fala da assistência a certos
grupos especiais: famintos e sedentos, estrangeiros, mendigos, enfermos,
encarcerados. Isso tudo dá ideia de capelania. Em Lucas 10:25-36, a parábola do
Bom Samaritano, refere-se a um cuidado total: físico, emocional, psicológico e
espiritual.
4. ÁREAS DE ATUAÇÃO DA
CAPELANIA
- Capelania Militar
- Capelania Hospitalar
- Capelania Cemiterial
- Capelania Prisional
- Capelania Social
- Capelania Pós-desastre
- Capelania Comunitária
- Capelania Infantil
- Capelania Empresarial
- Capelania Universitária
- Capelania Educacional
- Capelania Esportiva
Enfim, onde houver pessoas
reunidas haverá sempre demandas para a atuação do capelão, que levará o amparo,
o consolo, a esperança, o amor, o companheirismo, o otimismo e a fé que produz.
5. IMPOTANTES REQUISITOS
PARA O EXERCÍCIO DA
CAPELANIA
• 1 – Saber diferenciar os
serviços CAPELANIA e EVANGELISMO.
• 2 - Vida consagrada (Oração,
jejum) e vigilância quanto a possíveis brechas que darão legalidade ao inimigo
para nos retaliar. Vida espiritual e pessoal equilibrada. Só podemos oferecer
aquilo que temos.
• 3 - Buscar capacitação na
área em que deseja atuar.
• 4 - Trazer a Palavra de
Deus (Bíblia) para dentro de si, meditando diariamente nas promessas e
procurando memorizá-las, pois haverá ocasião em que a Bíblia não estará ao
nosso alcance.
• 5 – É preciso saber
explicar o plano de salvação e como conduzir alguém a Cristo, caso haja
possibilidade de fazê-lo.
• 6 - Buscar em Deus
descobrir a sua real motivação para o trabalho. Tendo compreendido a sua
motivação, estar atento às oportunidades.
• 7 - O serviço cristão nos
aproxima de Deus porque passamos a depender dele para tudo que fazemos. Isso
aumenta em nós o desejo de passar cada vez mais tempo em sua companhia, de buscar
diariamente a sua presença (Espírito Santo).
6. CAPELANIA MILITAR
Também chamada de capelania
castrense. O capelão militar é um ministro religioso encarregado de prestar
assistência religiosa a alguma corporação militar (Exército, Marinha,
Aeronáutica, PM e Corpo de Bombeiros Militares). Nas instituições militares
existem as capelanias evangélica e católica, as quais desenvolvem essas
atividades buscando assistir aos integrantes das forças armadas, bem como os
seus familiares, nas diversas situações da vida.
6.1 SUA MISÃO
Atuar nas diversas
instituições através de oficiais (militares) ou voluntários capacitados em
hospitais, quartéis, navios, presídios, delegacias, hospitais, sanatórios,
asilos, orfanatos, casas de menores, escolas, cemitérios, sindicatos, fábricas,
empresas, clubes, creches, condomínios, instituições públicas (Câmara, Prefeitura,
repartições, etc.). Estes agentes levam amor, conforto e esperança aos soldados,
pacientes, alunos, funcionários e familiares, vivendo a fé cristã através do
atendimento espiritual, emocional, social, recreativo e educacional. Sem distinção
de credo, raça, sexo e classe social, na busca contínua da excelência no ensino
e no ministério de consolo e esperança eternos.
6.2 BREVE HITÓRICO
1. JOÃO FILSON SOREN, O
PRIMEIRO CAPELÃO MILITAR EVANGÉLICO DO BRASIL.
Dentre as muitas
instituições beneficiadas pela valiosa obra pública realizada pelos capelães
evangélicos, podem citar-se: a Região Militar do Leste (sic) e 1º Região
Militar, Academia Militar das Agulhas Negras (Resende, RJ), Escola de Sargentos
das Armas (Três Corações, MG), Escola de Aprendizes de Marinheiro (sic) e 14º
Batalhão de Caçadores [...]. João Filson Soren, brasileiro, pastor Batista,
exerceu a presidência da Convenção Batista Brasileira por dez mandatos
consecutivos. Presidiu a Aliança Batista Mundial (ABM) de 1960-1965. Nos 50 anos
de existência da ABM, foi o primeiro Latino Americano a receber esta investidura.
Pastoreou a Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, por 50 anos. Recebeu o
trabalho pastoral da igreja de seu pai, o rev. Francisco Fulgêncio Soren. João
Filson Soren e seu pai trabalharam nesta igreja por quase todo século vinte, de
1902 a 1985. O pastor João Filson Soren faleceu no dia 2 de janeiro de 2002, um
dia depois de comemorar o seu 67º aniversário de ordenação ao sagrado
ministério, e um dia antes de comemorar o início de seu pastorado. O carioca
João Filson Soren morreu no Rio de Janeiro, com 93 anos de idade. Durante seu
pastorado, o rev. Soren batizou 3.345 novos membros, cerca de 67 pessoas por
ano.
2. ORIGEM DA CAPELANIA
MILITAR EVANGÉLICA
(PROTESTANTE) NO BRASIL
Sob o patrocínio da
Confederação Evangélica do Brasil e por instrumento do seu Conselho de Relações
Inter eclesiástica e dos capelães evangélicos, é ministrada assistência
religiosa no Exército [...]. Nomeados oficialmente pela Confederação Evangélica
do Brasil, os capelães são reconhecidos pelas autoridades e exercem o seu
ministério sem distinção de credo ou denominação. Na maioria dos casos este
trabalho era feito voluntariamente, inicialmente apenas o capelão da 1º Região
Militar (1º RM) recebia seus vencimentos do governo federal. De caráter
rigorosamente interdenominacional, representa essa assistência uma das mais
expressivas realizações da obra de cooperação e de unidade espiritual do
Evangelho brasileiro.
7. CAPELANIA HOSPITALAR
Breve histórico da CENJ
(Capelania Evangélica Nova Jerusalém)
NO HUPE:
A CENJ iniciou suas atividades
no Hospital Universitário Pedro Ernesto , em 8 de janeiro de 2009, sob a
coordenação geral da Pastora Kátia Maria Brito Monteiro. O Diretor geral do
hospital, Dr. Rodolpho Acatauassú Nunes, sensível à necessidade de assistência
espiritual aos pacientes, autorizou a implantação deste serviço, com a
supervisão da Coordenadoria de Comunicação Social, Eventos e Humanização do
hospital. Atualmente, com uma equipe de cerca de 50 visitadores está presente
nesta instituição às quintas-feiras e aos sábados das 13 às 15h, em espaço
previamente agendado e disponibilizado pelo hospital.
NO HUGG:
Em abril de 2012, uma nova
porta se abriu para a CENJ, o Hospital Universitário Gaffrée e Guinle. Um
projeto de Capelania Evangélica foi apresentado à Assistente Social, que
encaminhou ao Diretor Geral, e este marcou reunião com a capelã Pra. Kátia para
a implantação da referida Capelania. No dia 3 de abril de 2012 iniciaram-se as
atividades da CENJ neste hospital, às terças-feiras das 13 às 15h, com uma
equipe de 10 capelães cadastrados pelo setor de Serviço Social. Após as
orientações da coordenação, usando jaleco e crachá para circulação nas
dependências do hospital, a equipe é distribuída para visitação leito a leito nas
enfermarias. Além da visitação semanal, a CENJ também realiza cantatas em datas
especiais como Páscoa e Natal nas portarias e distribuição de kits higiênicos
nas enfermarias dos referidos hospitais. Com o apoio da Igreja Batista em
Renovação Espiritual Nova Jerusalém, a CENJ realiza anualmente os cursos de
Formação em Capelania e Visitador Hospitalar. Nos anos de 2010 e 2011 realizou
dois Fóruns de Capelanias.
7.1 MINISTRANDO A ENFERMOS
E HOSPITALIZADOS
Capelania Hospitalar é um
projeto voluntário sem fins lucrativos, de caráter religioso, beneficente, sem
qualquer vínculo partidário ou empregatício, garantido pela Lei nº 4.522, de
18/10/2005, em hospitais públicos e privados. A finalidade é assistir
espiritualmente aos pacientes hospitalizados, que assim desejarem, por meio de
visitas leito a leito, apoio pré e pós cirúrgico, terapias de urgência
(UTI/CTI), assistência a pacientes terminais, assistência a familiares e/ou
acompanhantes e também aos profissionais e estudantes de saúde. Além de desenvolver
atividades de artesanato e música dentro do hospital. Enfim é um lindo
ministério!
7.2 O CAPELÃO HOSPITALAR
O Capelão Hospitalar é o
religioso devidamente qualificado, que cuida da assistência religiosa e
espiritual dentro do hospital, quer seja dos doentes ali internados, seus
familiares e/ou acompanhantes, dos profissionais da saúde e outros funcionários
das diversas áreas administrativas. O hospital é uma instituição que busca uma
cura física. É preciso respeitar o ambiente, a estrutura hospitalar e o
trabalho dentro das normas estabelecidas. A Constituição Brasileira dá ao
capelão o direito de atender os doentes, porém não é um direito absoluto.
Deve-se estar atento às normas de cada instituição desenvolvendo o trabalho
numa forma que não atinja os direitos dos outros.
Importante:
• A identificação na
portaria
• A apresentação no Posto
de Enfermagem
• A permissão da
família/acompanhante
O serviço de capelania
hospitalar é composto de:
a) Capelão
b) Capelães auxiliares
c) Visitadores
É um serviço que deve ser
feito com todo coração e competência. Da mesma forma que um missionário se
prepara em várias áreas quando planeja atuar num outro país, o trabalho que é
realizado nos hospitais considera tal preparo. Os hospitais são campos
missionários onde se fala outra linguagem, têm cultura e características que
lhe são próprias. Os visitadores e os capelães vão aos hospitais desprovidos de
todo tipo de preconceito e com a certeza de que são meros instrumentos nas mãos
de Deus. É importante neste trabalho que se tenha vocação (chamado de Deus),
paciência e intimidade com Deus. E necessário ter flexibilidade para atender as
exigências de cada instituição. É fundamental que a equipe de capelania siga as
regras, além de ter boa saúde, autocontrole e “amar” ir ao hospital.
7.3 PERFIL DO CAPELÃO
a) Ser ativo em sua igreja
local há mais de dois anos
b) Vida cristã autêntica
c) Conhecimento bíblico
d) Equilíbrio emocional e
doutrinário
Com estes requisitos,
aquele que deseja fazer parte da equipe de serviço de capelania hospitalar
precisa considerar um período de treinamento teórico e prático através dos
cursos de: Visitador Hospitalar e Capelão. O trabalho de visitação hospitalar é
um ministério específico e sublime, porém percebemos o descaso de alguns
crentes e líderes em nossos dias. Ouvimos alguns falarem: não tenho chamada
para a visitação hospitalar, não suporto hospital e a maior desculpa é: não
tenho tempo, ando muito ocupado ultimamente... Em Mt. 25:35-40, no sermão
profético, o Senhor dirá aos justos: “...estive nu e vestiste-me; adoeci e
visitaste-me, estive na prisão e fostes ver-me”. Então os justos lhe
perguntarão, dizendo: “... Senhor, quando te vimos nu e te vestimos?
E quando te vimos enfermo
ou na prisão e fomos ver-te? E respondendo o Rei lhes dirá: em verdade vos digo
que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Encontramos
inúmeros relatos da manifestação do Senhor em favor dos enfermos. Jesus sempre
esteve à volta com grandes multidões, e grande parte era de enfermos buscando o
alívio para sua dor. Em Seu ministério terreno, Ele viveu entre os enfermos,
atendeu-os no leito e chegou ao ponto de sentir íntima compaixão, isto é, colocando-se
no lugar do outro. Muitos que estão no hospital querem ser ouvidos, e nós
“emprestamos nossos ouvidos”. Diferente do evangelismo que conhecemos, nós
ouvimos mais e falamos menos. Dando, assim, importância à pessoa e sua história
de vida. E com carinho e o amor de Cristo, semeamos a Palavra de Deus.
Não podemos abandonar uma
prática ensinada e deixada pelo nosso Mestre. A visitação aos enfermos foi o
método de Jesus, devemos seguir o Seu exemplo a fim de agradar Àquele que nos
alistou para esta peleja... Árdua tarefa, mas gloriosa!
7.4 OBJETIVOS DO MINISTÉRIO
DE VISITAÇÃO HOSPITALAR
• Levar conforto em hora de
aflição e transmitir ensinos bíblicos, a fim de que cada pessoa que passe pelo
hospital tenha um encontro pessoal com Jesus Cristo.
• Compartilhar o amor de
Deus através de palavras ou gestos. Às vezes, basta ficar ao lado de um enfermo
com bastante dor apenas segurando-lhe a mão. Para tanto, é preciso estar
sensível às oportunidades que surgem.
• Enquanto as igrejas abrem
suas portas duas a três vezes por semana, os hospitais permanecem com suas portas
abertas todos os dias sem interrupção.
• As pessoas reconhecem
durante a enfermidade, de um modo especial, a necessidade de Deus. Estatísticas
informam que 85% das pessoas doentes lembram-se mais de Deus.
• A internação é um momento
de crise, constituindo-se uma grande oportunidade para o encorajamento e
conforto.
• Outros motivos: a
grandeza da obra; a situação dos homens sem Deus; a ação do inimigo ceifando o
corpo e a alma.
7.5 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA
VISITAÇÃO LEITO A LEITO
a) Para que ir ao hospital?
Para transmitir o amor de Deus.
b) Como ir ao hospital? Com
roupas adequadas (evitar transparências,
cores vibrantes, de
preferência usar jaleco), não usar acessórios.
c) O que levar ao hospital?
Revistas evangélicas, meditações, porções dos evangelhos ou o Novo Testamento.
d) O que fazer no hospital?
1) Dirigir-se ao balcão de
enfermagem apresentando-se e informando o motivo da visita e solicitando
informações sobre os pacientes do setor (pacientes com restrição ou
impossibilitados de receber visitas etc.).
2) Ao entrar nas
enfermarias avaliar se é o momento de entrar.
3) Apresentar-se ao
paciente/acompanhante, explicando o motivo da visita
(certificando-se de que ele
a aceite).
4) Priorizar os pacientes
interessados.
5) Centralizar o doente e
não a doença.
6) Demonstrar interesse
pelo paciente.
7) Falar em tom normal,
jamais cochichar ou gritar.
8) Conversar sobre
atualidades.
9) Ceder a vez para médicos
e enfermeiras.
10) Respeitar as ideias
religiosas diferentes.
11) Manter boas relações
com outras capelanias do hospital.
12) Falar do amor de Deus,
nunca da igreja.
13) Oferecer-se para orar
pelo paciente, e fazê-lo se ele permitir.
e) O que “NÃO” fazer no
hospital?
1) Acordar o paciente.
2) Conversar com dois
pacientes ao mesmo tempo.
3) Chorar na frente do
paciente.
4) Tocar no paciente.
5) Regular soro, dar
remédio ou água.
6) Sentar na cama do
paciente.
7) Mexer nos objetos
pessoais do paciente.
8) Cansar o paciente.
9) Levantar as mãos para
orar (imposição de mãos).
10) Prometer cura.
11) Ungir com óleo.
12) Banalizar o sofrimento
do paciente.
7.6 PASSAGENS BÍBLICAS
APROPRIADAS
CONSOLO E ESPERANÇA
Sl. 23 – “O Senhor é o meu
Pastor e nada me faltará...”
Sl. 34:7a – “Descansa no
Senhor e espera Nele...”
Sl. 51 – “Tem misericórdia
de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade..”
Is. 40 – “Consolai,
consolai o meu povo, diz o vosso Deus”
Is. 53:4 - “Verdadeiramente
Ele tomou sobre si as nossas enfermidades...”
Mt. 5:1-12 –
“Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.”
Rm. 5:1-5 – “Sendo, pois
justificados pela fé, temos paz com Deus...”
Rm. 8:28 – “Todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a Deus.”
Fp. 4:6 – “Não estejais
ansiosos por coisa alguma...”
GRANDES PROMESSAS
Mt. 6:33 – “Buscai primeiro
o reino de Deus...e todas as demais coisas serão acrescentadas.”
Mt. 11:28 – “Vinde a mim,
todos os que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei.”
Mt. 28:20 – “...e eis que
Eu estou convosco todos os dias...”
Rm. 8:32 – “Aquele que nem
mesmo o Seu próprio Filho poupou, como não nos
dará também com Ele todas
as coisas.”
Hb. 7:25 – “...Ele pode
também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam a Deus.”
Fp. 4:6-7 – “Não estejais
inquietos por coisa alguma... e a paz de Deus que excede todo o entendimento
guardará os vossos corações... em Cristo.” O caminho da salvação:
Todos pecaram: Rm. 3:23; I
Jo. 1:8; Ec. 7:20
O pecador está perdido: Rm.
6:23; Ez. 18:4; Jo. 8:24; Jo. 3:18
O pecador não pode
salvar-se a si mesmo: Rm. 3:10-12; Ef. 2:8-9; I Pe. 1:18-19
Cristo morreu pelos nossos
pecados: Rm. 5:8; Is. 53:-5-6; Jo. 1:29
Somos salvos pela fé em
Jesus: Ef. 2:8-9; At. 16:31; Jo. 5:24; Jo. 3:16
7.7 O INÍCIO DA CONVERSAÇÃO
COM O PACIENTE
Por mais que tentemos
imaginar como será o contato com o paciente, só o saberemos de fato quando
tivermos que fazê-lo. Parece algo simples, mas na prática, para se iniciar uma
conversação com alguém que não o conhece e não o convidou não é tão fácil. E,
no hospital, constantemente, vamos ter contato com quem não nos conhece. Para o
paciente não é muito fácil entender o motivo de nossa visita e do nosso
interesse por ele. Por isso, é muito importante que no primeiro contato venhamos
a aproveitar bem os minutos iniciais para explicarmos qual é o nosso trabalho e
nossa responsabilidade junto ao hospital. Procuramos atentar para o nome do
paciente junto ao leito, chamando-o pelo nome. Apresentamo-nos fazendo um breve
relato sobre o nosso trabalho e perguntamos ao paciente se ele aceita a nossa
visita. Se a resposta for positiva daremos então início à conversação, procurando
fazer perguntas abertas favorecendo, assim, o diálogo e a exposição de suas
necessidades. Se percebermos que a nossa presença não é bem-vinda, não
insistimos. Perguntamos ao paciente se ele concorda que anotemos o seu nome
para oração e, se ele permitir, oramos em sua presença também. Lembrando que é importante
deixarmos a porta sempre aberta para o próximo capelão (ou evangelista).
Geralmente, para que uma pessoa seja alcançada pelo amor de Deus muitos lhe são
enviados. Você lembra quantos foram até você? Atentemos para o fato de que o
visitador corre o risco de ser inoportuno, se o paciente não entender o que é o
trabalho da capelania e o que faz ali, pois deverá desejar a sua permanência.
Não basta para isso aquela apresentação formal do tipo: “Prezado senhor, eu sou
a capelã Fulana e trabalho neste hospital”. Será que o paciente entendeu alguma
coisa? Será que ele sabe o que faz um capelão, por exemplo? Muito mais do que
uma simples apresentação, estes primeiros instantes servem para que o capelão
explique ao enfermo o que é o serviço de capelania do hospital, como ele
funciona e qual a sua própria função. Faça um breve relato do seu trabalho.
Isto deverá motivar o paciente a desejar receber o acompanhamento do capelão. O
foco central da conversa deve ser sempre o paciente, mas algum tipo de
estruturação pode ser necessária para começarmos o trabalho. Algum objeto
percebido em sua cabeceira, por exemplo, pode nos dar subsídio para iniciar a
conversação com pessoas muito fechadas. Não daria certo deixarmos por conta do
paciente o desenvolvimento de uma conversa com quem ele não conhece e a quem ele
não convidou. Por certo, ele seria totalmente evasivo e superficial. A verdade
é que se o paciente não sabe exatamente qual o nosso objetivo, não saberá como
se comportar diante de nós. Quando um médico pergunta “como vão as coisas”, ele
sabe exatamente como responder por que sabe a que o médico está se referindo.
Mas, se um capelão, a quem ele não conhece e nem compreende, lhe faz a mesma
pergunta, o paciente não saberá o que responder, porque não sabe o que esta
pergunta significa. Podemos perguntar como anda a sua vida espiritual, de que
maneira ele tem se comunicado com Deus. O tipo de instrução que sugerimos não
implica em sermos formais ao extremo e nem em transferirmos o foco da atenção
do paciente para nós mesmos. Apenas estamos convencidos de que uma apresentação
simples, calorosa, mas direta, deixará o paciente muito mais à vontade em nossa
presença e isto abrirá portas para uma conversação genuína.
7.8 ESCUTAR – UMA ARTE
• Nas definições do
dicionário, Ouvir é: perceber, entender (sons, ruídos) pelo sentido da audição;
e Escutar é: tornar-se atento para ouvir; dar ouvidos a; prestar atenção para
ouvir alguma coisa. O capelão acolhe, e para tal precisa desenvolver a arte de
escutar, para fazêlo com qualidade e com respeito, mesmo que não tenha como
resolver o problema do outro. Deve estar pronto para, a partir da escuta bem
feita, lançar uma palavra de conforto e esperança, que sempre cai bem. Escutar
é uma arte que pode ser desenvolvida. E, alguns princípios, se postos em
prática, nos ajudarão a crescer na arte de escutar e, consequentemente, na habilidade
de ajudar as pessoas. Precisamos nos empenhar em aperfeiçoar nossas atitudes a
cada encontro. Se praticarmos 6 princípios básicos para estruturar este
relacionamento, certamente seremos bem sucedidos em nossos objetivos:
1) ANALISAR NOSSA PRÓPRIA
ATITUDE
• Avalie e reflita as
emoções (sua e do paciente) e procure manter o controle quanto à agressividade,
a timidez, a passividade e a impaciência.
• Qual é a sua atitude em
relação à pessoa com quem está conversando? Você tem preconceito dela? Tem medo
dela?
• A situação de saúde causa
repugnância dentro de você?
• Existe qualquer
hostilidade entre vocês? Você realmente se importa com esta pessoa?
• Ao ver alguém sofrendo,
lembre-se que as suas reações emocionais negativas podem ser detectadas pelo doente
ou seus familiares. Busque discernimento e sensibilidade na conversação. Seja
paciente para escutar enfermos e familiares (acompanhantes).
• Tudo isto vai afetar o
significado do que você ouvirá dela. As palavras perdem seu sentido, quando
nossas atitudes não permitem que escutemos com objetividade.
• Precisamos desenvolver
uma atitude de aceitação da pessoa e do que ela diz, sem julgá-la ou
condená-la. Não devemos defender qualquer posição nossa, mas tentar ouvir o que
o outro quer revelar.
2) FOCALIZAR NOSSA ATENÇÃO
PRINCIPALMENTE NA VOZ E NOS OLHOS DO OUTRO
• Concentre-se em atender
às necessidades daquela pessoa diante de você.
• Escute com os olhos, de
forma discreta, para sentir a pessoa e o ambiente e modere os seus gestos.
• Repare a voz do paciente,
que estado emocional ele revela? Uma voz baixa ou uma voz monótona pode indicar
nervosismo. Um falar depressa e em voz alta pode indicar um espírito agressivo,
e pode ser que ele não queira deixar você falar muito. Você poderá dizer: “pela
sua voz, tenho a impressão de que está muito...”
• Podemos utilizar de
técnicas da comunicação não verbal através de gestos corporais e expressões
faciais, muito úteis para lidar com pessoas fechadas.
• Livros indicados: “O
Corpo Fala” (Pierre Weil e Roland Tompakow) / AComunicação não Verbal (Flora
Davis).
3) DESENVOLVER A CAPACIDADE
DE AVALIAR OS SENTIMENTOS DO PACIENTE
• Preste atenção à conversa
do paciente para verificar suas preocupações.
• Saiba que os efeitos da
dor e dos remédios podem alterar o
comportamento ou a
receptividade do paciente de uma hora pra outra.
• No geral, há palavras que
expressam sentimentos diversos: convicção, perturbação, irritação, alegria,
felicidade. Mas, é o tom de voz que dá aos sentimentos proferidos um significado
maior que as definições de um dicionário. Cabe a nós avaliar o conteúdo
emocional da comunicação. Se o paciente chora enquanto fala, permita-lhe este
privilégio. Você como ouvinte, não deve fugir das lágrimas, mas prestar atenção
para descobrir as razões pelas quais a pessoa está chorando. “O que significa
as suas lágrimas”.
• Enquanto o outro estiver
explicando seus problemas evite o perigo de se distrair pensando nos seus
próprios problemas.
• O que a palavra
espiritual significa para você? E cura? Não devemos avaliar o outro segundo os
nossos conceitos.
• Devemos nos empenhar em
entender o significado da dor causada pelo sofrimento, só sente sua alma aquele
que experimenta a dor do sofrimento. A dor se suprime com analgésico, o
sofrimento não. Se colocar na posição do outro para entender o seu ponto de
vista sempre funciona.
4) APRENDER A INTERPRETAR E
VERBALIZAR AS EMOÇÕES QUE VOCÊ ESTÁ RECEBENDO
• É preciso fornecer ao
paciente um feedback das emoções que ele está transmitindo. Ele ficará
satisfeito se você revelar que entendeu o problema dele. Isso não significa
apenas repetir literalmente o que a pessoa já disse, mas interpretar o sentido
das palavras usadas e os seus sentimentos e depois verbalizá-las com suas
próprias palavras.
• Não queira forçar o
doente a se sentir alegre nem o desanime. Aja sempre com naturalidade.
• Não dê a impressão de
estar com pressa, nem se demore até cansar o doente.
• O capelão precisa ajudar
o paciente a reconhecer a importância do hospital e das pessoas imbuídas na sua
recuperação. Precisa demonstrar interesse na recuperação do paciente e na sua
necessidade de ser ouvido. Aquele que se sente esquecido e desprovido de sorte
será “socorrido” pelo capelão.
5) EVITAR AGRESSIVIDADE
• Não domine a conversa.
Lembremos que a nossa missão é ouvi-lo e confortá-lo. Quando falamos muito, a
pessoa se confunde.
• Não discuta, nem revele
hostilidade ou ressentimento.
• Não tente manipular as
pessoas, nem enganá-las.
• Jamais julgue ou debata
com o paciente algo pessoal de sua vida. Busque exercer a misericórdia sendo
firme para apoiá-lo no que necessita. Respeite a sua crença e o seu ponto de
vista. Devemos trazer o paciente apensar no Deus de amor.
• O paciente está
sensibilizado pelo estado em que se encontra e não pode,de forma alguma, ser
confrontado. Mas, consolado, amparado em seus medos e incertezas quanto às
circunstâncias.
6) EVITE A PASSIVIDADE E A
TIMIDEZ EXAGERADA
• Não precisamos concordar
com tudo que o paciente diz. É mais importante entender o que ela diz, do que
criar uma impressão favorável.
• Não é necessário que a
pessoa fique totalmente despreocupada. As soluções dos problemas vêm por meio
das tensões.
• Não seja passivo como uma
esponja. Demonstre interesse e participação no diálogo e esteja preparado para
responder.
• Não se prenda aos
detalhes da conversa. Identifique as informações básicas para compreender o
interlocutor.
• Todas as nossas
iniciativas, a maneira como conduziremos a conversa com o paciente irá depender
da habilidade que tivermos na escuta. Por isso, a importância de desenvolvermos
esta habilidade.
7.9 NORMAS PARA UMA ESCUTA
EFICAZ
• Escutar é um processo.
Você precisa identificar-se com a pessoa que fala.
• Se a pessoa tenta
diminuir o problema isso pode revelar falta de confiança em sua ajuda ou
ausência de auto-estima.
• Alguns problemas podem
não nos parece sérios, mas devemos reconhecer que ele é sério para a pessoa que
está sofrendo com ele.
• Demonstre compaixão e
aceitação, ainda que suas convicções pessoais sejam diferentes.
• Se o paciente lhe
apresentar um problema que lhe parece insolúvel, aceite seu estado de confusão
e ajude-o observar os diferentes aspectos do problema: sua origem, quem esta
envolvida nele, possível soluções, etc.
• Ajude-o a assumir a
responsabilidade por suas decisões.
• Demonstre amizade e
interesse. O problema é grande? Leve a carga com a pessoa até que ela possa
levá-la sozinha.
• Procure dividir o problema
em várias partes para atacá-las separadamente.
• Dê oportunidade para a
pessoa esclarecer sua posição. Isto facilitará a compreensão dos problemas e
como solucioná-los.
• Se descobrir contradições
na conversa revele-as à pessoa, com muita sabedoria evitando colocá-la como
mentirosa. Isto a ajudará a se sentir menos confusa e ansiosa.
• Pergunte se ela já
enfrentou um problema semelhante no passado. Ela poderá recordar que tem
habilidade para superar a situação, como já aconteceu.
• Apresente várias alternativas
para resolver o problema. Mas, evite conselhos estereotipados. E anime a pessoa
a restabelecer relações com pessoas de importância em sua vida (parentes,
amigos, pastor)
• Evite perguntas com
respostas premeditadas fazendo perguntas “abertas”.
• Enfatize o tempo presente
e o objetivo da entrevista. Veja se tem possibilidade de ajudar esta pessoa
nestas circunstâncias, senão encaminhe-a a outra pessoa.
• Não se deve alimentar
esperanças infundadas. Evite dizer: “Não se preocupe, está tudo bem”.
• Termine a conversa
apresentando objetivamente o que deverá ser feito. Deixe a pessoa tomar a
decisão adequada e assumir a responsabilidade.
• Reconheça suas
capacidades e limitações, você é humano e finito. Confie na atuação de Deus
através de sua insuficiência e deixe-O agir onde você é insuficiente.
“Se ao paciente é
suficiente uma palavra não ofereça discursos; Se lhe for necessário apenas um
gesto, esqueça as palavras; Se ele só lhe pedir um olhar, omita o gesto. E se
lhe basta o silêncio ore com ele e por ele”. O evangelho é pregado em meio a
tudo isso. Tradução livre de um poema do Pe. Martin Puerto, Argentina
8. CAPELANIA PRISIONAL
O Senhor Jesus em Hebreus
13:3 nos diz: "lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos
que sofrem mal tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os mal
tratados". Com estes ensinamentos o ministério da capelania prisional,
entende que o Senhor quer alcançar não somente as pessoas enfermas e em
tratamentos nas internações hospitalares, mas também, as pessoas que se
encontram internadas em regime prisional.
8.1 OBJETIVO
Inicialmente, dar suporte
ao trabalho cristão evangelístico de apoio aos internos do sistema
penintenciário no tocante ao serviço de capelania prisional, compromisso com a
não violência, respeito à vida, solidariedade, relacionamento com os
profissionais da segurança (policiais civis e militares), teologia do
sofrimento, consolo, noções de aconselhamento cristão e comportamento ético no
ambiente prisional, dentre outros. O presídio é um lugar onde ninguém gostaria
de estar, muito menos de saber que existem pessoas que estão lá por motivos
variados, todos tipificados no Código Penal Brasileiro, e de acordo com a sentença
recebida pelos seus atos, podem cumprir a pena em regime fechado, semiaberto e
aberto. Sem dúvida alguma, é um lugar onde as lágrimas rolam todos os dias,
pessoas têm sentimentos variados, é um local onde o inferno implanta o seu
reino de terror com todo tipo de opressão, depressão, espíritos malignos que
rondam as mentes, muitas vezes levando ao suicídio, mortes, fugas e tudo o que
tem de ruim por conta da atuação do mal. É um lugar triste de dor e sofrimento
onde o ser humano está privado do maior bem que tem – a liberdade. Quando esta
lhe é retirada, retira-se também o tempo de vida e este não volta, não há como
reverter o tempo perdido, o que se passou em sua vida estará para sempre
marcado em seu coração. Restando tão somente que a atuação do Senhor em sua
vida possa consolá-lo em Deus. O posicionamento quanto à atuação da capelania
prisional como um grupo interdenominacional de evangélicos desenvolvendo este
trabalho, e o de estar constantemente na presença do Senhor, literalmente no
óleo do Espírito Santo, preparados para enfrentar todas as retaliações, entendendo
que elas poderão vir. Por isso, o capelão prisional precisa ser enviado,
comissionado pela Igreja local e trabalhar em unidade com este conjunto maior e
com seus pastores, não podendo estar sem cobertura espiritual. Sendo vigilante
em oração e jejum, e fechando possíveis brechas que darão legalidade ao diabo
para investir contra a Igreja impedindo-a de cumprir o seu chamado.
8.2 TEOLOGIA DO SOFRIMENTO
Neste estudo de teologia do
sofrimento, o que mais impressiona é o fato deste sofrimento estar ligado
diretamente na contra-mão do versículo que entendo denotar todo o amor que
livra do sofrimento eterno: João 3:16 – “...para que todo aquele que nele crê,
não pereça...”. Dentro de um presídio, este sofrimento toma uma forma
extremamente cruel, atingindo a alma do preso, a culpa, o arrependimento ou
não, o “filme” que fica passando na mente, a dor que corrói internamente, pois
nenhum detento está ali em férias da vida ou da família. E esta condição de
perecer eternamente é a maior preocupação do capelão no resgate do amor, pois o
inferno é eterno. O objetivo, então, é transformar a maldição em benção, a
tristeza em alegria, o desespero em calmaria na alma, o sofrimento em
consciência do Céu e do inferno, por toda a eternidade. “E irão estes para o
tormento eterno, mas os justos para a vida eterna”. (Mateus 25:46)
8.3 CONSOLO E
ACONSELHAMENTO CRISTÃO
No livro de Mateus
25:31-46, todas as maneiras de consolo e aconselhamento cristão estão descritas
de forma única e eficaz, e neste condão de entendimentos não há como escapar do
julgamento do Senhor acerca do que podíamos fazer e não o fizemos por pura
displicência. No presídio, estas situações são muito claras e destacam-se
também na ótica de Deus, pois todo o lugar em que colocarmos os nossos pés, ali
será terra santa, consagrada ao Senhor. E, dentro de um presídio se tem uma
terra muito fértil para consolar e aconselhar numa realidade nunca vista pela
sociedade. Não se tem muito tempo dentro de um presídio para dedicar a essa
prática, por isso o capelão precisa estar afiado na Palavra de Deus, para de
imediato aplicá-la. Os aconselhamentos são feitos pelas grades, sem contato
pessoal com o detento, por esta razão deve-se fazer o melhor que puder, pois
aquela oportunidade pode ser a única e última para ele. A distribuição de
Bíblias é de vital importância a todos os internos que assim deseja-la, mas o
alvo deve ir além da fronteira do poder fazer superando os limites de pregar,
consolar e aconselhar. Na Palavra do Senhor está escrito com todas as letras de
forma muito clara. “não julgueis segundo a aparência, mas julgais segundo a
reta justiça” (João7:24). A falta de perdão traz tormenta 24h por dia dentro de
um presídio. Mas, como ministrar perdão se não o vivenciarmos? Devemos exercer
o perdão incondicionalmente. Presídio é lugar de perdão.
8.4 ÉTICA PRISIONAL
Encarar os fatos acerca de
uma postura de condenação ou absolvição cabe tão somente às circunstâncias
judiciais, se ele ou ela está condenado (a) é porque houve um julgamento e uma
sentença judicial que o (a) condenou a cumprir a sua pena. A postura do capelão
deve ser a de que ele (a) foi condenado (a) e deverá cumprir a sua pena de
forma que a sua dívida com a sociedade seja paga. Porém, como homem/mulher
transformado (a) pelo poder de Deus. Essa é a diferença do preso comum para os
que se convertem ao Senhor Jesus, eles são homens e mulheres transformados e
essa diferença sobressai dos (as) demais detentos (as).
9. CAPELANIA SOCIAL
Há uma importância imensa
para Deus, no relativo a dar assistência aos que estão com fome, sede, nus,
conforme escrito em Mateus 25:35-36. É ordem do Senhor Jesus. Aprenderemos que
a fé e as obras devem caminhar juntas. Deus, em sua Palavra, deu ênfase
especial ao amor. Desde o Velho Testamento Ele deixou leis e mandamentos sobre
a prática do amor destacando alguns segmentos marginalizados como: pobre, necessitado,
viúva, órfão e o estrangeiro. Na Bíblia encontramos inúmeras referências às
boas obras e a prática do bem. Vejamos alguns versículos bíblicos: Êxodo 22:22
– “A nenhuma viúva nem órfão afligireis”; 23:6 – “Não perverterás o direito do
teu pobre na sua demanda.” Levítico 19:15 – “Não farás injustiça no juízo; não
farás acepção da pessoa do pobre, nem honrarás o poderoso; mas com justiça
julgarás o teu próximo”; 23:22 – “Quando fizeres a sega da tua terra, não
segarás totalmente os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da
tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixará. Eu sou o Senhor vosso
Deus.” Mateus 5:16 – "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para
que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao Vosso Pai, que esta nos
céus". Esta é a visão e o objetivo da capelania social. A ação social deve
estar associada à apresentação do Evangelho como meio para mostrar às pessoas o
cuidado e o amor de Deus, ao conhecer e suprir-lhe as necessidades materiais
através do seu povo. A responsabilidade social é um conjunto de conceitos e
ações que contribui para fazer um mundo melhor com a participação de todos. E,
a capelania social é a solicitude de toda igreja para com as questões sociais.
Trata-se de uma sensibilidade que deve estar presente em cada igreja e em cada
dimensão, setor e pastoral. Enfim, deve estar presente nas comunidades
eclesiais de base e nos movimentos. Em outras palavras, deve ser preocupação inerente
a toda ação evangélica. Dentro da dimensão sócio transformadora, é função da
capelania social procurar responder a esse tipo de situação. Isto significa que
as respostas não estão prontas, não há receita acabada. Em cada momento e em
cada local, é preciso iniciar um processo em que o maior número de pessoas se
envolva na busca de soluções concretas. A partir da conscientização, da
organização e da mobilização, abrem-se caminhos alternativos. O importante é
chamar a atenção da igreja e da sociedade para esse quadro de injustiça cada
vez mais grave. É importante também, como veremos adiante, envolver o maior
número de parceiros na luta pela transformação social. A capelania social tem
como finalidade concretizar, em ações sociais e específicas, a atitude da
igreja diante de situações reais de marginalização A capelania social é voltada
para a condição socioeconômica da população. Hoje, como ontem, ela se preocupa
com as questões relacionadas à saúde, à habilidade ao trabalho, à educação, e,
enfim, às condições reais da existência e qualidade de vida. “Eu vim para que
todos tenham vida e a tenham com abundância.” (João.10:10)
10. CAPELANIA CEMITERIAL
Ao nos depararmos com uma
situação de falecimento, percebemos o quanto estamos despreparados para tal momento,
principalmente se for alguém muito querido. A assistência à família é
imprescindível e dever ser oferecidas por pessoas capacitadas para tal, para
que ajudem e não aumentem o sofrimento já existente. Esse acontecimento mesmo
indesejado e doloroso nos traz uma grande oportunidade de fazer uma melhor
reflexão sobre:
1) Como está nossa vida
para com o Senhor nosso Deus?
2) Qual é a nossa real
condição espiritual para enfrentar a eternidade?
3) Em se tratando de um
momento delicado, sofrido e muitas vezes até desesperador, o capelão tem por
objetivo levar aos familiares e amigos da família uma palavra de consolo e
conforto espiritual, mostrando aos presentes através da palavra de Deus, que nem
sempre a morte é o fim. E que o nosso Deus, em Cristo Jesus, tem um propósito em
tudo, conforme a sua Palavra; (João 14:2,3).
A Capelania Cemiterial com
muita habilidade poderá realizar um excelente trabalho de evangelização levando
apoio com orações e consolo aos entes queridos, familiares, amigos e, em geral,
a todos os presentes na cerimônia de sepultamento. Pois, o capelão levará uma
mensagem de compaixão e conforto. Isaias 49:10; Filipenses 2:1; Colossences
2:2; I Tessalonicensses 4:18.
O CONFORTO DE DEUS
Podemos enfrentar as
adversidades da vida com mais força quando nos entregamos ao Senhor nosso Deus,
em Cristo, e confiamos que Ele pode nos proporcionar umaforça Divina para
vencer. Fl. 4:13; Sl 30:11.
11. ÉTICA NA CAPELANIA
A ética é a teoria ou
ciência do comportamento moral dos homens em sociedade ou a reflexão filosófica
sobre moralidade, isto é, sobre as regra e os códigos morais que norteiam a
conduta humana. O motivo da aplicação do estudo da ética do capelão está
relacionado ao fato do capelão necessitar de luz sobre seu trabalho diário, pois
constantemente precisa tomar decisões morais em situações complexas e equívocas.
É especialmente indispensável que o capelão tenha compreensão de ética a fim de
aplicar a sua própria vida, bem como, dar uma orientação moral sã ao aflito,
hospitalizado, encarcerado, enlutado, tendo em vista que, nenhum julgamento
adequado pode ser feito de um ato certo ou errado, bom ou mal sem que o motivo
que está ao fundo de toda conduta seja conhecido. Um bom exemplo de ética
encontramos em Jesus. O apóstolo Paulo o descreve como aquele que foi
totalmente altruísta ao se esvaziar de si mesmo para ser útil aos outros
(Filipenses 2). A ética não leva o indivíduo a ser egoísta ou individualista,
mas altruísta, introduzindo-se no contexto para a utilidade do todo. Sendo a
ética inerente à vida humana, sua importância é bastante evidenciada na vida
profissional, porque cada profissional tem responsabilidades individuais e responsabilidades
sociais, pois envolvem pessoas que delas se beneficiam, por isso é necessário
saber “fazer” e “agir”. O fazer diz respeito à competência e eficiência que
todo profissional deve possuir bem em exercício de seu ofício. O agir se refere
à conduta do profissional, sendo ele capelão ou não, ao conjunto de atitudes
que deve assumir no desempenho de seu ofício.
11.1 AS NORMAS MORAIS E
JURÍDICAS
Como disciplina prática, a
ética procura responder a questões do tipo:
1 – O que devo fazer?
2 – Como devo agir?
Quando essas questões
éticas são colocadas pelo capelão e respondidas apenas por sua consciência
(individual), surgem as normas morais. Por outro lado, se colocadas pela
sociedade e respondidas pelo Estado, surgem as normas jurídicas. Normas morais:
São regras éticas que tem como base a consciência moral das pessoas ou de um
grupo social. Sua transgressão não acarreta sanção do Estado. Normas jurídicas:
Regra social de conduta que tem como base o poder social do Estado sobre a
população que habita seu território.
11.2 CONSEQUÊNCIA MORAL
A consciência permite o
desenvolvimento do saber e de toda a racionalidade que se empenha em distinguir
o verdadeiro do falso. Mas, além dessa consciência lógica, o ser humano possui
também a consciência moral, isto é, a faculdade de observar a própria conduta e
formular juízos sobre os atos passados, presentes e intenções futuras. Assim, a
consciência moral é uma característica peculiar ao homem de julgar suas ações, decidindo
se elas são boas ou más.
11.3 O VALOR HUMANO
Atribuir valor a alguma
coisa é não fica indiferente a ela. Valorizar é dar valor. Os valores resultam
da experiência vivida pelo homem ao se relacionar com o outro. O que significa
que os valores são em parte herdados da cultura. Em tese, tais valores existem para
que a sociedade subsista, mantenha a integridade e possa se desenvolver. O homem
precisa de regras para sobreviver.
11.4 A CONDUTA DO CAPELÃO
Na ética não há
individualismo ou egoismo, mas altruísmo e espírito coletivo. Em qualquer tipo
de atividade, para atingir os seus objetivos como um todo o homem há de ser
ético. Salmos 15:1-5; Provérbios 10:9 e 28:18. Toda instiuição seja ela
religiosa, civil ou militar tem uma imagem perante a sociedade, assim sendo, a
postura do capelão é importante, pois, é a sua instituição exposta diariamente,
ou seja, é um representante da capelania evangélica em meio a uma sociedade
sofrida. E a postura adequada é aquela que demonstra confiabilidade. A ética
cristã é a base da capelania. Segundo o Dicionário Teológico, ética é o estudo
sistemático dos deveres e obrigações do indivíduo, da sociedade e do governo, com
o objetivo de estabelecer o que é certo e o que é errado. Tendo como fonte a consciência,
o direito natural, a tradição e as legislações escritas. Mas, acima de toda sistemática
da ética filosófica, existe a ética das éticas, a qual o Senhor Jesus estabeleceu
nas Sagradas Escrituras, e que tem por objetivo definir o supremo bem, declarando
os princípios da ação humana, ou seja, como fazer e como agir. A revelação
bíblica estabelece a vontade de Deus e nos dá normas e princípios de conduta,
que são a base para a prestação de serviço de capelão, contudo, podemos perceber
que ética filosófica (ou secular) e ética cristã tem as suas correlações. Ambas
têm interesses comuns na base fundamental da conduta humana, na natureza do
certo ou errado (valores, deveres, homem, sociedade). No tocante a conduta do
capelão quanto ao “como fazer” e “como agir” não se deve esquecer de que
trata-se de um mensageiro habilitado a levar amor, conforto e esperança aos
desalentados, familiares e profissionais envolvidos nesta dinâmica, transmitindo
a fé cristã através da assistência espiritual, emocional e social, sem qualquer
distinção de raça, credo religioso ou social. Em busca da da excelência n oensino
e no minitério de consolo e esperança eterna, com o propósito de conquistar
almas para o Reino. A má conduta e a não observação dos procedimentos corretos
podem fechar portas que outros anteriormente lutaram para que fossem abertas.
12. BIBLIOGRAFIA
– Materiais utilizados no
Curso de Formação em Capelania CENJ (Capelania Evangélica Nova Jerusalém);
– Bíblia Sagrada;
– Pesquisas na Web
13. LITERATURA INDICADA
• “A Revolução no
Voluntariado” – Bill Hybels Editora Mundo Cristão – SP
• “No leito da
enfermidade”, “Mal em bem”, “Aconselhamento a pacientes terminais”,
“O poder do amor” e “Dor na
alma – Depressão – Uma dor que ninguém compreende”
– Eleny Vassão
Editora Cultura Cristã.
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