FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO LIVRE
HOMILÉTICA
CONCEITO GERAL
Uma grande realidade
no ministério cristão é que a pregação da palavra de Deus não é um privilégio
somente concedido a pastores com formação acadêmica, mas, de leigos também.
Seria fatal para expansão do Evangelho, que precisa atingir até os quatros
cantos da terra, se a ajuda da pregação do leigo fosse negligenciada. Porém,
sem desdourar o aspecto da pregação simples, sem preparo acadêmico, afirmamos
que, quanto maior for o preparo do obreiro com ou sem curso teológico, melhor
condições terá de ser usado pelo Espírito de Deus para entregar a mensagem do
reino dos céus, que visa à transformação do coração do pecador, transformando-o
em filho de Deus.
O pregador precisa
saber de sua importância indiscutível na grande seara; corrigir detalhes da sua
apresentação quando está diante do público; dar maior ênfase à oração, a igreja
e a Palavra. O pregador também precisa saber que o aspecto intelectual é algo
que não deve ser rejeitado, pois muita contribuição poderá ser fornecida pela
história, ciência, filosofia, etc. Àquele que foi incumbida à responsabilidade
de transmitir o recado divino, este terá que ter consciência da objetividade do
sermão, e não se deixar levar por variações de tantas idéias tais, que não
deixam o público seguir uma linha de pensamento.
O pregador tem que
saber usar corretamente o texto de onde irá extrair a sua mensagem; ter a
criatividade para dar um tema interessante ao assunto que irá expor; saber
começar com uma boa introdução e terminar bem, com uma conclusão que venha a
desafiar o público a tomar uma posição ao final da pregação.
O pregador deve
aprender a fazer o esboço de sua mensagem dentro de uma lógica com relação ao
tema e o texto, sabendo distinguir o que é um sermão temático, um sermão
textual e um sermão expositivo. Aquele que tem a responsabilidade de pregar
deve dar o devido valor ao tesouro que são as ilustrações, e o momento certo de
usá-las no púlpito.
A homilética, como arte de pregar, não
deve ser algo a ser aprendido somente por pastores, existe uma grande
necessidade do leigo ter conhecimento desta arte, já que é possível também
àqueles que não tiveram a oportunidade de estudar numa instituição teológica.
Todos aqueles que pregam a Palavra de Deus tem condições de melhorar ainda mais
suas mensagens.
RELAÇÃO ENTRE HOMILÉTICA E A HERMENÊUTICA
Enquanto a hermenêutica é a ciência e a
arte de interpretar, a Homilética é a ciência e a técnica de comunicar ou expor
a mensagem bíblica. A palavra Homilética vem do grego HOMILIA, que significa
persuasão, falar, etc. Assim sendo, muitos definem a Homilética como “A Arte de
Pregar”.
As primeiras teorias acerca da Homilética
surgiram entre 345 e 405 d.C. nos escritos de Crisóstomo, pregador da igreja
primitiva e também por Agostinho.
OS PROBLEMAS DA HOMILÉTICA
Com certeza, a
pregação hoje sofre nas várias igrejas um problema que é notado pelos cristãos:
a) Falta de preparo
do pregador. (Pouca espiritualidade e falta de conhecimento da Palavra)
b) Falta de unidade
no assunto. (Começar pregando uma coisa e terminar pregando outra)
c) Falta de vivência
real do pregador na fé cristã em relação ao que ele prega.
d) Falta de aplicação
prática às necessidades da Igreja. (Pregar assuntos que não tem nada a ver com
os problemas pelos quais a igreja passa)
RELAÇÃO DIVINO-HUMANA NA HOMILÉTICA
Deus é o autor e inspirador da mensagem; o
pregador é o veículo usado para transmitir o recado divino, e o ouvinte é o
alvo a ser alcançado. Sendo assim, podemos expressar este relacionamento na
seguinte ordem:
O QUE O PREGADOR DEVE CONSIDERAR SOBRE A MENSAGEM
a) É o Espírito Santo
que convence o pecador e não a lógica do pregador.
b) As ilustrações são
importantes, mas nunca substituirão a Palavra de Deus.
c) A arte e a técnica
não substituem a inspiração divina.
A HISTÓRIA DA PREGAÇÃO
Após o exílio na Babilônia foi que a
homilia primitiva começou a desenvolver-se, por ocasião de um novo aspecto na
vida judaica: A pregação feita em público com a leitura das Escrituras e
explanação da mesma, por volta de 445-425 a.C. (Ne 13:1-3).
Os gregos entre 500-300 a.C. desenvolveram
a retórica com os grandes filósofos: Platão, Sócrates e Aristóteles. Os romanos
influenciados pelos gregos aperfeiçoaram a retórica em forma de oratória. Jesus
foi o maior exemplo de pregação pública nos dias dos tempos romanos.
ASPECTOS DA PREGAÇÃO DE JESUS
a) Falou por
parábolas (Mt 13:34)
b) Explicou as
Escrituras (Lc 4:1 6-21)
c) Repreendeu o
sistema pecaminoso da época (Jo 8:43-47)
d) Transformou a
palavra em ação, com poder (Mc 2:9-12)
e) Profetizou sobre
si mesmo (Jo 2:19)
f) Profetizou sobre os
fins dos tempos (Mt 24:4-13)
DETALHES QUE DEVEM SER CORRIGIDOS QUANDO SE ESTÁ NO
PÚLPITO
a) Não se deve
gesticular demasiadamente o tempo todo;
b) Evitar coçar-se
(Faça-o de modo discreto a não chamar a atenção);
c) Não ficar de boca
aberta;
d) Os botões da roupa
devem estar todos abotoados (a não ser o blazer com botões no meio, que pode
ser usado aberto);
e) Não passar as mãos
nos cabelos o tempo todo;
f) Não esfregar as
mãos na roupa;
g) Evitar repetições
o tempo todo de palavras tais como: “Né”, “Realmente”, “Hã”, “Aleluia”, etc;
h) Parar a mensagem
para se dirigir a alguém no auditório fora do aspecto da mensagem;
i) Evitar as “gracinhas”
no púlpito;
j) Não falar além do
tempo normal (Geralmente 30 minutos, é um tempo ideal em uma reunião normal de
1 hora e meia de duração, para se poder ficar a vontade para usar o restante do
tempo com relação ao apelo ou convite às pessoas para virem à frente, orar por
elas e finalizar o culto, porém, pode haver exceções com relação ao tempo – não
se pode ser taxativo quanto a este aspecto da homilética).
QUANTO AO PREGADOR
É muito importante que o pregador
conquiste o público com a sua mensagem, e as pessoas vibrem com a sua
experiência e autoridade. Qual o motivo do fracasso de certos pregadores em
nossas igrejas? Por que pregam mensagens tão cansativas e desinteressantes?
Isto é algo simples de responder: Pregam ao pé da letra que não devemos nos preocupar
com o quê havemos de pregar, pois o Espírito Santo será com a nossa boca, e ao
chegarem ao púlpito entregam “qualquer coisa”. O pregador tem que ter em
mente que o público que se prontifica em ir a igreja ouvir a mensagem de Deus,
não merece ouvir coisa cansativa e desinteressante. O pregador é o veículo
chave do anúncio da Palavra de Deus, portanto, para ser eficiente no ministério
da Palavra, precisa estar envolvido com os seguintes fatores:
a) Consagrado à Oração
O pregador precisa ter uma vida de oração
para que possa transmitir o recado divino inspiradamente. O sucesso da pregação
depende da intensidade da inspiração e das palavras do pregador. O fracasso de
uma mensagem pode, entre muitos motivos, ser atribuído a falta de uma vida de
oração por parte do pregador. Se tiver uma vida vazia de oração, sua mensagem
também será vazia de vida. O requisito ORAÇÃO é o primeiro dos fatores
importantes que o pregador vai precisar para o êxito da sua mensagem.
b) Consagrado à Igreja
Jamais se deve dar oportunidade para usar
da palavra àqueles Irmãos que quase nunca vão a Igreja. Se tais irmãos se acham
no direito de não ir sempre à igreja, a igreja também tem o direito de não
permiti-los ter o privilégio de pregar no templo de Deus. O altar é santo e é necessário
que todos os que vão usar da Palavra estejam conscientes disto e tenham grande
amor pela Igreja de Deus. Para a segurança emocional do pregador é necessário
que ele esteja bem familiarizado com o tipo de ambiente que irá ouvi-lo.
Um pregador consagrado
às atividades da igreja tem melhor condição emocional e psicológica para estar
diante do público sem transparecer medo, nervosismo, insegurança, etc. Todo
pregador consciente de sua função não ignora este importante fator.
c) Consagrado à Palavra
O pregador da Palavra
de Deus tem por finalidade anunciar as verdades divinas, e somente o poderá
fazê-lo se tiver conhecimento destas verdades. Quanto maior o conhecimento
bíblico, mais autoridade terá ao falar das coisas dos céus. O conhecimento
profundo da Palavra de Deus é uma segurança indispensável para se construir um
excelente sermão. O pregador tem que ter em mente que o público precisa ficar
encantado com o conteúdo da mensagem da Bíblia, e para isto, nada melhor do que
exposições profundas das Escrituras. Temos que anunciar a Cristo como único
salvador do mundo, temos por obrigação de conhecer sua vida, o que fez, o que
ainda faz, o que ele quer, quais são suas promessas, e a sua relação com a vida
e a morte. A Bíblia tem multas promessas para o homem, e, conhecer tais fatos é
dever obrigatório de todo àquele que se dedica a falar do plano de Deus para a
salvação do pecador.
QUANTO AO CONHECIMENTO INTELECTUAL DO PREGADOR
“Quem lê mais tem sempre algo a falar a
quem lê menos”, diz um ditado popular. Na igreja encontramos pessoas de
diversos níveis de cultura. Algumas com uma grande capacidade intelectual,
outras com um conhecimento médio e outras com um nível intelectual pequeno.
Portanto, eis a razão pela qual todo pregador tem que estar à altura do nível
intelectual daqueles que irão ouvi-lo. Todo pregador precisa que seu público
lhe dê crédito como orador, e, quando o pregador demonstra ter uma excelente
cultura, ele obtém o respeito de seus ouvintes, e suas mensagens sempre serão
interessantes. Nunca é demais possuir conhecimento geral daquilo que vai pela
ciência, história, filosofia, etc. Um sermão para ser rico em conteúdo depende
da intelectualidade do pregador. Um pregador culto terá mais autoridade ao
falar em público. Isto não deve ser privilégio somente de alguns pastores, mas,
de qualquer pregador interessado em melhorar a qualidade de suas mensagens.
Quanto maior o conhecimento do pregador, maior será a bagagem para o Espírito
Santo usar. A segurança intelectual do pregador é evidenciada das seguintes
fontes de conhecimento:
1. Conhecimento
Bíblico
2. Conhecimento
Histórico
3. Conhecimento
Científico
4. Conhecimento
Filosófico
5. Experiências
Pessoais
Conhecimento Bíblico
Já vimos anteriormente a importância do
conhecimento bíblico quando estudamos a importância do pregador ser consagrado
a Palavra.
Conhecimento Histórico
É importante que o pregador saiba em que
data foram escritos os livros bíblicos, e para quem eram destinados,
situando-se também nos panoramas históricos, social, econômico e religioso da
época dos seus autores. É muito importante que o pregador conheça o
desenvolvimento da história através dos séculos e a sua relação com o
cristianismo. Mil e uma ilustrações podem ser adquiridas com os fatos
relacionados com a igreja e com os grandes cristãos da antigüidade. A história
está cheia de curiosidades que poderão ser contadas pelo pregador. Com tais
fatos, a mensagem cristã torna-se mais rica em conteúdo, despertando o
interesse e a admiração do público. Um fato incontestável é que um público
admirado com a pregação tende a ceder mais facilmente aos apelos do pregador.
Conhecimento Cientifico
Conhecer algo da ciência, comparando
sempre com as verdades bíblicas, é algo muito bom, pois muitas das vezes, as
descobertas científicas vêm sustentar aquilo que a Bíblia vem afirmando há
milênios. Expor algo da ciência também torna uma mensagem bem interessante e
atrai muito, a atenção do público. Muitas pessoas têm chegado a conversão
através das verdades da Bíblia confrontadas com a ciência. Um bom pregador não
ignora este fato.
Conhecimento Filosófico
O público vibra e considera interessante
quando o pregador sustenta uma verdade bíblica com uma citação de algum
importante Filósofo. Conhecer o pensamento dos muitos pensadores acerca da vida
e da morte; do bem e do mal, é algo fascinante. Muitas das vezes os absurdos e
as verdades da Filosofia ajudam a ilustrar de forma maravilhosa um sermão.
Experiências Pessoais
A vida cristã é cheia de experiências
maravilhosas com Deus. Tais experiências ocorrem tanto conosco, como também com
algum outro irmão verdadeiramente servo de Deus. Assim, o testemunho destes
fatos faz com que sempre se tenha algo de edificante para uma boa mensagem. O
sentimento do público é ativado quando o pregador expõe suas vivências pessoais
ou de outrem. É multo importante tocar o instinto emocional dos ouvintes.
Quando isto ocorre, a mensagem será sempre lembrada. O pregador deve usar desta
arma poderosa para as mensagens principalmente evangelísticas. Entretanto, se a
mensagem é doutrinária, e o pregador tem algo de sua vida para ilustrar com
relação à fé cristã, deverá fazê-lo com toda a autoridade. Este recurso produz
um maior número de conversões ou de conserto de vida cristã ao final da mensagem.
OBS: Mesmo que o pregador
tem todo o recurso técnico e intelectual, jamais poderá deixar de lado o fator
mais importante de todos: A inspiração do Espírito Santo. Nunca se deve
esquecer que, a obra é de Deus, a Palavra é a Palavra de Deus, o interesse em
salvar o público é de Deus, portanto, seja qual for o recurso que o pregador
irá usar, sua mensagem e seus argumentos são sempre para levar o ouvinte a crer
na Palavra de Deus e em suas maravilhosas promessas.
OBJETIVIDADE DO SERMÃO
Uma boa mensagem é objetiva desde o começo
até o fim, ou seja, um bom sermão obedece a um tema desde a introdução até a
conclusão. Podemos esboçar esta objetividade com a seguinte ilustração: Certa
senhora possui um passarinho de estimação e um gato travesso está preste a pegá-lo.
Seu filho vê a cena e lhe transmite o fato com as seguintes palavras: “Mamãe,
um gato pulou em cima da janela e vai pegar o passarinho na gaiola!” Vejamos a
eficiência da expressão do menino:
1. Atraiu a atenção
da mãe para aquilo que estava falando.
2. Levou a mãe a
tomar uma atitude (No caso, em defesa do pássaro).
3. Falou pouco, mas
falou objetivamente.
Ser objetivo, atrair a atenção dos
ouvintes e levá-los a tomar uma posição com relação ao propósito da mensagem, é
essencial a todo bom pregador. Um sermão objetivo, bem dividido e bem
preparado, ajuda tanto ao pregador quanto ao público. As melhores mensagens
nunca são esquecidas. Tem pessoas que lembram de mensagens que foram pregadas
há vários anos atrás. Estas mensagens de alguma forma ou de outra, lhes
atraíram a atenção.
Todo pregador que se preza não sobe no
púlpito sem um pedaço de papel com suas anotações para serem lembradas no
momento certo. Neste papel deve constar toda a divisão do sermão, ao qual
chamamos de esboço. Geralmente, um esboço de mensagem consta do seguinte:
TÍTULO
(Texto)
INTRODUÇÃO
PROPOSIÇÃO
Sentença
Interrogativa
Sentença de Transição
I. PRIMEIRO SUBTÍTULO
1. Primeira
subdivisão
2. Segunda subdivisão
Sentença de Transição
II. SEGUNDO SUBTÍTULO
1. Primeira subdivisão
2. Segunda subdivisão
Sentença de Transição
III. TERCEIRO
SUBTÍTULO
1. Primeira
subdivisão
2. Segunda subdivisão
Sentença de Transição
CONCLUSÃO
OBS.: A quantidade de SUBTÍTULOS vai
depender exclusivamente da mensagem do pregador, pois uma mensagem pode ter
tanto um subtítulo, quanto vários (dois, três, quatro, etc).
TÍTULO
O pregador não deve
se preocupar com o título no início do preparo de seu sermão, pois geralmente o
título, assim como a introdução, é um dos últimos itens a ser preparado.
CARACTERÍSTICAS DO
TÍTULO
1. O título deve ser
interessante e atraente a fim de despertar a atenção dos ouvintes. Para ser
interessante ele deve relacionar-se as situações específicas e às necessidades
das pessoas que ouvem o sermão.
2. O título deve ter
relação com o tema do sermão ou com o texto bíblico.
3. O título deve ser
decente e digno. Devem ser evitados títulos rudes que ofendem e causam apatia.
4. O título deve ser
preferencialmente breve.
5. O título pode ser
uma citação breve de um texto bíblico.
Uma vez com o texto na mão, é evidente que
se terá de falar sobre um determinado assunto, e, se já sabemos sobre o quê
vamos falar, então é necessário que se dê um título ao assunto proposto. O
público precisa saber sobre o quê vai ouvir. O fato de se dar um título a
mensagem, ajuda ao pregador a não se perder na pregação, pois, vira e volta,
ele pode citar o título e voltar ao assunto que começou, mantendo assim também
os ouvintes com o pensamento fixo em sobre o quê está voltada à mensagem. O
título faz o público obedecer logo de início a linha de pensamento do pregador,
e facilita a compreensão para se entender aonde o pregador quer chegar.
O título pode ser extraído das próprias
palavras do texto ou simplesmente ser inspirado nele. Exemplo: em João 11:15 há
um título sugestivo nas próprias palavras do texto: “PARA QUE POSSAIS CRER”. A
mensagem aqui poderia ser abordada com os seguintes tópicos:
TÍTULO: PARA QUE
POSSAIS CRER (Jo 11:15)
I) Devido o
testemunho de Jesus
II) Devido o
testemunho do cumprimento das Escrituras
III) Devido o
testemunho da igreja em todos os tempos
Em Mt 28:7 encontramos a expressão “IDE,
POIS DEPRESSA”, que sugere um ótimo tema. A mensagem aqui poderia apresentar o
aspecto de que devemos anunciar o Evangelho porque o mundo, para ser salvo,
depende de ouvir a verdade, e enquanto não ouve, vai sucumbindo em pecados, não
estando preparado para o dia do juízo. Observamos então que o tema pode ser
tirado das próprias palavras do texto, porém, podemos também criar um tema para
o texto com as nossas próprias palavras e criatividade.
Exemplo: Na passagem
de Mateus 27:20-26, lemos que o povo tinha que se decidir pela libertação de
Jesus Cristo ou Barrabás, e acabou optando pela libertação do criminoso. Em vez
de extrairmos o tema das palavras contidas no texto, poderíamos criar o
seguinte título para um sermão bem interessante: “A ESCOLHA DAS TREVAS”.
Traríamos ao público uma profunda mensagem sobre a escolha errada que muitos
ainda estão fazendo.
TEXTO
É normal vermos pregadores lerem um texto
com uma infinidade de versículos (um texto deste tamanho), e pregar sobre
tantos assuntos diferentes, que após variar tanto o rumo do assunto em que
começou a mensagem, que nem ele e nem o público sabem, no final das contas,
aonde se quis chegar com o texto e com a pregação. Uma pregação cheia de
variações de assuntos não deixa o público captar uma linha de pensamento dentro
da mensagem. O erro acima é o de querer um texto grande com suas variedades de
assuntos. Outro tipo de erro comum é aquele cometido por certo pregador que leu
os trinta e seis versículos do capítulo três do Evangelho de João, e em seguida
disse: “Agora, meus irmãos, vamos falar sobre João 3:16". O quê ocasionou
tal pregador? Simplesmente gastou ou perdeu tempo. Cansou o público e não
aproveitou quase nada do que leu. O quê seria correto fazer? Ora, se o quê ele
iria pregar estava contido em João 3:16, então deveria ter ignorado os outros
trinta e cinco versículos. Naturalmente, existem mensagens que estão contidas
em textos com vários versículos, tais como as parábolas ou outras passagens
semelhantes. O pregador deve então ler somente o necessário aonde irá basear
sua mensagem, obviamente, conhecendo o contexto da passagem (as partes antes e
depois dos versículos que escolheu para pregar).
INTRODUÇÃO
A introdução, também chamada de exórdio,
deve também ser elaborada por último, como acontece com o título. Deve ficar
claro que a introdução não é o mesmo que as preliminares que os pregadores
costumam proclamar. As preliminares consistem de observações gerais que não se
relacionam com o sermão. Geralmente é uma apresentação do pregador ou um
testemunho para que este seja conhecido do povo.
A introdução é o processo pelo qual o
pregador procura conduzir a mente dos ouvintes para o tema de sua mensagem. Na
introdução o pregador procura prender a atenção dos ouvintes acerca do tema que
pretende proclamar.
1. CARACTERÍSTICAS DA INTRODUÇÃO
1. Deve despertar o
interesse dos ouvintes.
2. Deve ser breve.
Esta parte é bem simples, mas também exige
arte e técnica por parte do pregador. A introdução se resume em falar em poucas
palavras sobre o que irá tratar a mensagem. O pregador precisa logo de início
ganhar a atenção do público, e para isso, nada melhor do que começar a mensagem
com uma boa introdução. A introdução poderá ser feita de duas maneiras básicas:
a) Pode-se começar um
sermão com uma ilustração extraída da história, da ciência, da experiência
pessoal do pregador ou de qualquer outra fonte.
b) Pode-se começar um
sermão com um resumo dos tópicos, quando não se tem uma ilustração apropriada
como introdução.
Um começo bem interessante na mensagem faz
o pregador ser eficaz logo de início. Porém, o que chamamos, de interessante na
introdução do sermão, é uma ilustração que tenha estreita relação com o tema.
Quando se usa uma ilustração para começar uma mensagem, esta ilustração terá
que enfatizar o tema sobre o qual irá girar a mensagem.
Exemplos de
introdução com ilustrações:
1) Certo pregador
começou assim sua mensagem: “O Imperador Teodósio, por ocasião de uma anistia
política, determinou que muitos presos fossem libertados. Tendo assim, aberto
os cárceres, disse: ‘E agora, provera Deus que eu pudesse abrir todos os
túmulos e dar vida aos mortos’. Irmãos, aquilo que era impossível para o
Imperador Teodósio não o é, para Jesus, que disse que a terra e o mar dariam
seus mortos no último dia. Todos pelo Seu poder serão ressuscitados, uns para
condenação eterna, e outros para a vida eterna. Este é nosso tema hoje: A
ressurreição em Cristo Jesus.”
2) Um pregador fez
esta introdução à sua mensagem: “Certo homem era encarregado de todas as noites
acender determinado farol para que os navegantes que por ali passassem pudessem
ver os grandes recifes, e assim se desviar deles. Uma bela noite encontrava-se
embriagado e dormiu se esquecendo da importância que era manter aquele farol
aceso durante as noites. O resultado trágico foi visto pela manhã: Os vários
corpos que boiavam mortos devido ao choque entre o pequeno navio que por ali
passava na noite anterior e os grandes recifes existentes ali. Este fato
ocorrera devido a luz do farol não ter brilhado naquela noite. Um poeta
cristão, sobrevivente daquele naufrágio, escreveu as linhas do conhecido hino:
“Resplandeçam vossas luzes através do escuro mar” – Irmãos, somos encarregados
de brilhar para o mundo, pois nas trevas do pecado muitas almas estão
perecendo. Jesus disse: “Vós sois a luz do mundo”, e este é o nosso tema hoje.”
PROPOSIÇÃO OU TEMA
Proposição é uma declaração positiva do
assunto a ser proclamado. É a afirmação de uma verdade bíblica, eterna que tem
aplicação universal.
A proposição também é chamada de “tese”,
“tema”, “idéia homilética”.
Deve-se atentar para o fato de que assunto
e tema não são a mesma coisa. O assunto é algo mais genérico, enquanto que o
tema é mais específico. Um assunto, por exemplo, poderia ser a “Esperança”, e
vários temas poderiam ser derivados deste assunto: “A Esperança do Crente”, “A
Esperança do Mundo”, etc...
Uma proposição, para ser completa deve
possuir um “sujeito” e um “complemento”. Para descobrir o sujeito e o
complemento da passagem bíblica, convém aplicar as interrogativas “quem”, “o
que”, “por que”, “como”, “quando” e “onde”.
O texto de Gálatas 3:13 nos servirá de
exemplo: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós;
porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro”. Fazendo
a pergunta “sobre o que fala este texto?”, descobriremos o sujeito da sentença,
ou seja, “a maldição da Lei”. O complemento é tudo aquilo que a passagem relata
acerca da maldição da Lei, isto é, que ela foi realizada quando Cristo a tomou
sobre si, sendo pendurado no madeiro. Uma vez tendo descoberto o sujeito e o
complemento, podemos formular a idéia exegética do texto: “Nossa redenção da
maldição da Lei foi realizada por Cristo, o qual recebeu a maldição por nós”.
A proposição deve preferencialmente estar
na afirmativa. A frase “Devemos honrar a Cristo obedecendo aos Seus
mandamentos” é melhor do que “Não devemos desonrar a Cristo desobedecendo aos
seus mandamentos”.
A proposição difere da idéia exegética. A
idéia exegética é a afirmativa de uma única sentença; é a verdade principal da
passagem, enquanto que a proposição é a verdade espiritual ou princípio eterno,
transmitido por toda a passagem.
Tomemos como exemplo a passagem de Marcos
16:1-4: “Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé,
compraram aromas para irem ungi-lo. E, no primeiro dia da semana, foram ao
sepulcro muito cedo, ao levantar do sol. E diziam umas às outras: Quem nos
revolverá a pedra da porta do sepulcro? Mas, levantando os olhos, notaram que a
pedra, que era muito grande, já estava revolvida”. A idéia exegética desta
passagem é: “...as mulheres, a caminho do túmulo para ungir a Jesus,
preocupavam se com um problema grande demais para elas, porém já resolvido
antes de elas terem de enfrentá-lo”. Esta idéia exegética nos leva à seguinte
tese: “Deus é maior do que qualquer problema que tenhamos de enfrentar”.
Note que a idéia exegética é uma verdade
fundamental da sentença, mas a tese extraída da idéia exegética é uma verdade
eterna e universal, aplicável a tudo e a todos.
A proposição deve ser
formulada no tempo presente; não deve incluir referências geográficas ou
históricas; não deve fazer uso de nomes próprios, exceto os nomes divinos. Uma
tese com algumas dessas características ficariam muito embaraçosas: “Assim como
o Senhor chamou a Abrão de Ur dos Caldeus para ir para uma terra que
desconhecida, da mesma forma Ele chama alguns de nós para irmos pregar aos
estrangeiros”.
SENTENÇA INTERROGATIVA E SENTENÇA DE
TRANSIÇÃO
A proposição deve ser ligada ao sermão
através de uma pergunta, e esta por sua vez através de uma sentença de
transição. Para ligar a proposição ao sermão, usa-se qualquer um dos cinco
advérbios interrogativos: “por que”, “como”, “o que”, “quando” e “onde”.
Vejamos alguns exemplos: Na proposição “A Vida Cristã é uma Vida Vitoriosa”
podemos incluir a seguinte interrogativa: “Quais são os motivos que nos levam a
considerar que a Vida Cristã é uma Vida Vitoriosa?” (ou Como se faz da Vida
Cristã uma Vida Vitoriosa?). Este tema poderia nos levar a uma resposta baseada
em Romanos: “Por que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a
Deus” ou “Por que em todas essas coisas somos mais do que vencedores”.
A sentença de transição faz a transição
entre a interrogativa e o corpo do sermão. A transição para a interrogativa
acima, por exemplo, poderia ser: “Vejamos cinco motivos pelos quais podemos
afirmar que a Vida Cristã é uma Vida Vitoriosa”. A palavra “motivo” é a
palavra-chave da transição, pois toda transição deve possuir uma palavra-chave
que caracterize os pontos principais do sermão. Vários são os motivos que
classificam a vida cristã como sendo uma vida vitoriosa, e em cada divisão do
sermão deve expressar claramente esses motivos. As sentenças de Transição que
ligam as divisões do sermão devem repetir a palavra-chave. Por exemplo:
“Vejamos qual é o primeiro motivo pelo qual devemos afirmar que a vida
cristã é uma Vida Vitoriosa”. A estrutura homilética seria a seguinte:
PROPOSIÇÃO: A Vida Cristã é uma Vida
Vitoriosa
INTERROGATIVA: Quais
são os motivos que nos levam a considerar que a Vida Cristã é uma Vida
Vitoriosa?
TRANSIÇÃO: O texto
nos apresenta cinco motivos pelo qual devemos afirmar que a vida cristã
é uma Vida Vitoriosa. Vejamos o primeiro motivo:
I. PRIMEIRA DIVISÃO:
“Por que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus...”
TRANSIÇÃO: Vejamos o
segundo motivo...
II. SEGUNDA DIVISÃO:
“Por que em todas essas coisas somos mais do que vencedores”.
LISTA DE PALAVRAS
CHAVES
Alvos, argumentos, aspectos, atitudes,
causas, efeitos, evidências, fatores, fatos, fontes, lições, manifestações,
marcas, meios, métodos, motivos, necessidades, objetivos, ocasiões, passos,
provas, verdades, virtudes, etc. (note que as palavras-chaves estão no plural).
TÓPICOS OU DIVISÕES PRINCIPAIS
As Divisões são: o
corpo do sermão. São as verdades espirituais divididas em partes seqüenciais,
distintas, mas interligadas à verdade principal que é a proposição.
CARACTERÍSTICAS DAS
DIVISÕES PRINCIPAIS
1. Devem ter unidade
de pensamento.
2. Elas ajudam o
pregador a lembrar-se dos pontos principais do sermão.
3. Elas ajudam os
ouvintes a recordarem-se dos aspectos principais do sermão.
4. Elas devem ser
distintas umas das outras.
5. Elas devem
originar-se da proposição e desenvolvê-la progressivamente até o clímax do
sermão.
6. Elas devem ser
uniformes e simétricas.
7. Cada divisão deve Ter
apenas uma idéia ou ensino.
8. O número das
divisões deve, sempre que puder, ser o menor possível.
Exemplo:
TÍTULO: O DISCIPULADO
E SUAS NECESSIDADES (Cl 1:28)
I) Necessidade do Amor (SUBTÍTULO)
II) Necessidade da
alimentação (SUBTÍTULO)
III) Necessidade de maturidade (SUBTÍTULO)
TÍTULO: VESTIDURAS
DIFERENTES (Sf 1:8)
I) Caracterizada por uma fé diferente
(SUBTÍTULO)
II) Caracterizada por
um viver diferente (SUBTÍTULO)
III) Caracterizada
por uma esperança diferente (SUBTÍTULO)
QUANTO AS ILUSTRAÇÕES
Já comentamos anteriormente que podemos
extrair ilustrações da História, ciência, experiências pessoais, etc.
Entretanto, o pregador não deve transformar-se num mero contador de estórias.
As ilustrações não devem, de maneira nenhuma, por mais interessantes que sejam,
substituir a Palavra de Deus. Não se deve, em hipótese nenhuma, ocupar o tempo
todo da mensagem com ilustrações. Sabemos que são importantes e necessárias,
mas o que o público precisa ouvir é a Palavra de Deus. Se o pregador vai
dividir o seu sermão em três tópicos, e costuma usar uma média de meia hora
para a sua pregação, possivelmente uma ilustração rápida para cada tópico será
o suficiente. Isto não quer dizer que todo pregador seja obrigado a contar três
ilustrações quando for pregar um sermão de três tópicos. Muitas das vezes o
pregador poderá usar somente uma ou duas ilustrações. Existe também o aspecto
de se começar a mensagem com uma ilustração, que deverá enfatizar bem o tema, e
durante todo o sermão, em dado momento o pregador volta a mesma ilustração,
contando-a por partes, dando a sua conclusão exatamente no momento do
fechamento da mensagem. Este aspecto de se contar somente uma ilustração por
partes, ao longo do sermão, exige uma maior arte e técnica por parte do
pregador, mas com a prática, o pregador adquire a habilidade necessária para
isso.
Outro fator importante é não ficar
“enchendo lingüiça” na ora de contar as ilustrações. As ilustrações, em geral,
devem ser contadas em poucas palavras, rapidamente, porque causa um maior
efeito assim.
CONCLUSÃO
Começar e terminar bem um sermão é dever
de todos aqueles que são chamados para anunciar as boas novas salvação. A
conclusão é tecnicamente um apelo ao tema. O pregador começa um sermão com um
tema, e tem que terminar em cima do mesmo assunto, ou tema. A conclusão é
exatamente aonde o pregador quis chegar com o tema. O pregador tem que levar o
público a tomar uma posição ao final da mensagem, e este apelo é feito dentro
do assunto ou tema, o qual transcorreu a pregação. Um sermão bem estruturado tem
começo, meio e fim, obedecendo a uma lógica durante todo o tempo.
A conclusão é o clímax do sermão. Na
conclusão o pregador deve chegar ao seu alvo que é atingir seus ouvintes e
persuadi-los a praticarem e aplicarem em suas vidas a mensagem que ouviram. É a
sessão do sermão onde tudo o que foi dito anteriormente é reafirmado com mais
intensidade e vigor, a fim de produzir maior impacto nos ouvintes.
CARACTERÍSTICAS DA CONCLUSÃO
1. A conclusão não é
apenas um anexo da mensagem, é parte dela.
2. Na conclusão não
devem ser apresentadas novas idéias, mas apenas ser enfatizado as já expostas
anteriormente.
3. A conclusão é a
parte mais poderosa do sermão, porque une todas as verdades ensinadas em uma
verdade única.
4. A conclusão deve
ser breve.
5. A conclusão pode
ser uma recapitulação das idéias expostas nas divisões principais.
6. A conclusão pode
ser uma ilustração.
7. A conclusão poder
ser a aplicação da mensagem aos aspectos práticos da vida.
8. A conclusão pode
ser um apelo.
CLASSIFICAÇÃO DOS SERMÕES
Existem quatro tipos
básicos de sermões que podem ser classificados em:
a) Sermão Temático
b) Sermão Textual
c) Sermão Expositivo
d) Sermão Biográfico
O sermão é
diferente da homilia ou da preleção exegética.
A homilia é a
exposição seqüencial da passagem, versículo por versículo, apresentando-se
apenas a idéia exegética que cada versículo contém. É um comentário sobre uma
passagem bíblica, curta ou longa, explicada e aplicada versículo por versículo,
ou frase por frase. A homilia não possui estrutura homilética.
A preleção
exegética é um comentário detalhado de um texto, com ou sem ordem lógica ou
aplicação prática. A exegese interpreta o significado oculto da passagem, mas a
exposição apresenta ao público esse significado.
SERMÃO TEMÁTICO
É aquele cujas divisões
principais derivam do tema, e não diretamente do texto bíblico. Isso não quer
dizer que o tema não seja bíblico, mas sim que o sermão gira em torno do tema e
não de uma passagem específica. Porém para que o sermão temático seja bíblico,
o tema deve ser extraído da Bíblia. Um tema, por exemplo, poderia ser a fé
evangélica. O sermão, então não se basearia em apenas um texto bíblico, mas em
diversos versículos da Bíblia, pois a palavra fé se prolifera por toda a
Escritura. O sermão baseado neste tema poderia expor a fé dos patriarcas, a fé
dos mártires, a fé dos apóstolos, e assim por diante.
TÍTULO: O JOVEM NOS
DIAS DE HOJE (EcI 12:1)
I) É influenciado
pela tecnologia moderna
II) É influenciado
pelas filosofias modernas
III) É influenciado
pela religiosidade moderna
TÍTULO: AS
RESPONSABILIDADES DO CRISTÃO (II Tm 3:14)
I) A responsabilidade
com a Palavra
II) A
responsabilidade com a Igreja
III) A
responsabilidade com o testemunho
TÍTULO: FAZER
DISCÍPULOS (Mt 28:19)
I) Envolve desejo
para buscar o perdido
II) Envolve preparo
para buscar o perdido
III) Envolve tempo
para buscar o perdido
Muitas mensagens
criativas e empolgantes partem de um sermão temático, pois há uma infinidade de
temas que poderão ser criados para a mensagem cristã. O sermão temático nos dá
a possibilidade de termos sempre “algo novo” para pregar. Existe, no entanto, o
perigo das “divagações”, pois o assunto a ser pregado, já que deriva do tema e
não do texto bíblico, é possível que o pregador deixe de lado as citações da
Bíblia. O pregador que se propõe a pregar um sermão temático, deve atentar para
o detalhe mais importante que é citar a Palavra de Deus parar torna o assunto,
um sermão bíblico.
O sermão temático
também pode ter o seu tema extraído das palavras do próprio versículo bíblico,
porém, a exposição do assunto não será uma análise da passagem bíblica, e sim,
a discussão irá girar em torno do tema. Exemplo:
TÍTULO: A NOSSA
CONSOLAÇÃO TRANSBORDA POR MEIO DE CRISTO (II Co 1:5)
I) Por isso a razão
de nossa alegria
II) Por isso a razão
de nossa esperança
III) Por isso a razão
de nossa vitória
TÍTULO: O VOSSO TEMPO
ESTÁ SEMPRE PRESENTE (Jo 7:6)
I) Com relação à
igreja: tempo de semear
II) Com relação ao
crente afastado: tempo de reconciliação
III) Com relação ao
descrente: tempo de decisão
EXEMPLO DE UM ESBOÇO
NEGATIVO
TÍTULO: JESUS VIRÁ DO
MESMO MODO COMO SUBIU (At 1:11)
I) Jesus virá para
condenar o mundo
II) O mundo será
condenado no último dia
III) Muitos ficarão
sem salvação
IV) A prostituta não
foi condenada
CONSIDERAÇÕES SOBRE O
ESBOÇO NEGATIVO:
a) O tema está ótimo.
b) O primeiro tópico
está correto, pois está bem relacionado com o tema.
c) O segundo tópico
não foi bem estruturado, pois é quase idêntico ao primeiro, e o pregador irá
repetir muita coisa já dita antes, no primeiro tópico.
d) Neste terceiro
tópico o sermão começará a ficar cansativo, pois será a reprise daquilo que já
foi dito nos outros dois anteriores.
c) A quarta e última
divisão apresenta um tópico que é mais uma ilustração do que propriamente uma
divisão.
Dentro do tema citado
para este esboço negativo ou errado, poderíamos criar um excelente sermão com
os seguintes tópicos corretamente construídos:
TÍTULO: JESUS VIRÁ DO
MODO COMO SUBIU (At 1:11)
I) Virá para condenar
o mundo
II) Virá para
conceder galardões aos Seus servos
III) Virá para
implantar o Seu Reino sobre as nações
O sermão temático é o
mais simples e o mais apropriado para inserirmos nele nossa cultura geral sobre
a História, Ciência, Filosofia e experiências vividas por nós mesmos ou por
terceiros. Uma coisa muito significativa é citarmos sempre as fontes de onde
extraímos tais experiências para não deixarmos dúvidas sobre a veracidade dos
fatos narrados em nossas pregações. Exemplo:
TÍTULO: CORAGEM PARA
TESTEMUNHAR (At 23:11)
I) A luta é santa
II) A luta é árdua
III) A luta compensa
Num esboço como este
citado acima, existe a possibilidade de mil e uma ilustrações, principalmente
quando entrarmos na discussão do segundo tópico e tentarmos comprovar o porquê
da luta ser árdua, citando as experiências vividas no combate ao pecado e a
incredulidade. Imaginemos quantas experiências acontecem nas lutas nos campos
missionários, que são realmente árduas. Também, ao entrarmos na discussão do
terceiro tópico, poderão ser contadas muitas experiências de vitórias sobre o
mundo e o pecado, cujos testemunhos demonstram ao público o porquê a luta
cristã compensa, valendo a pena ter assim, coragem para testemunhar. As grandes
vantagens deste tipo de sermão estão na facilidade da construção do esboço e no
aspecto interessante das ilustrações. Porém, cada ilustração deverá provir de
fontes verídicas.
SUBDIVISÕES OU SUBTÓPICOS
Quando você constrói
o esboço de um sermão temático, geralmente você divide o tema em tópicos, no
entanto, estes tópicos poderão ter subtópicos ou subdivisões. Exemplo:
TÍTULO: O DOMÍNIO DO
HOMEM (Gn 1:26)
I) COM RELAÇÃO AO
MUNDO (SUBTÍTULO)
a) Ele conquista
terras (SUBDIVISÃO)
b) Ele cria invenções
(SUBDIVISÃO)
c) Ele cria sistemas
(SUBDIVISÃO)
lI) COM RELAÇÃO AO
PECADO (SUBTÍTULO)
a) Ele é advertido
contra o pecado (SUBDIVISÃO)
b) Ele é subjugado
pelo pecado (SUBDIVISÃO)
c) Ele é condenado
pelo pecado (SUBDIVISÃO)
III) COM RELAÇÃO AO
EVANGELHO (SUBTÍTULO)
a) Ele deve dominar o
conhecimento da Palavra de Deus (SUBDIVISÃO)
b) Ele deve crer nas
promessas da Palavra de Deus (SUBDIVISÃO)
c) Ele deve obedecer
a Palavra de Deus (SUBDIVISÃO)
Podemos reparar então
que os tópicos são as divisões com relação ao tema e os subtópicos são as
divisões com relação aos tópicos. Dividimos então o tema em tópicos, e
dividimos os tópicos em subtópicos.
As subdivisões não
precisam ser necessariamente em número igual para todos os tópicos. É possível
que um primeiro tópico tenha três subdivisões e os demais tenham apenas duas ou
até mesmo, mais subdivisões e vice-versa.
Para o estudo
bíblico, o sermão com tópicos e subtópicos se toma excelente para uma exposição
completa do assunto. Durante um estudo bíblico, dentro do aspecto de um sermão
com alguns tópicos e subtópicos, o uso de um quadro ou um retroprojetor, seria
um fator de grande importância para que o público acompanhe as aplicações das
divisões e subdivisões do sermão. Naturalmente é possível que os números de
subdivisões não sejam os mesmos para cada tópico.
TÍTULO: ORAI SEM
CESSAR (1 Ts 5:1 7)
I) O SIGNIFICADO DA
ORAÇÃO:
a) É dependência do
homem para com Deus
b) É sintonia entre o
homem e Deus
c) É adoração do
Homem a Deus
II) OS MOTIVOS DA
ORAÇÃO:
a) A oração por si
mesmo
b) A oração pelas
necessidades espirituais da Igreja
c) A oração pelos
enfermos
d) A oração pelos
incrédulos
III) AS
POSSIBILIDADES DAS ORAÇÕES:
a) É possível em
qualquer lugar
b) É possível a
qualquer hora
c) É possível a
qualquer pessoa
TÍTULO: OURO REFINADO
PELO FOGO (Ap 3:18)
I) EVIDENCIADO NAS
PROMESSAS MATERIAIS
a) Promessa de cura
(Jr 33:6; Jr 30:17; Is 53:4)
b) Promessa de
sustento (Is 41:10; Is 41:13)
c) Promessa de
prosperidade (Is 58:11; Js 1:8)
lI) EVIDENCIADO NAS
PROMESSAS ESPIRITUAIS
a) Promessa de ajuda
angelical (Hb 1:13,14; SI 34:7)
b) Promessa de
libertação (Mc 16:17; Jo 8:32)
c) Promessa de sinais
(JI 2:28)
d) Promessa de
derramamento do Espírito (JI 2:29)
e) Promessa de paz
(Is 32:18; Jo 14:27)
f) Promessa de
salvação (Jo 3:16,17)
SERMÃO TEXTUAL
O sermão textual é
aquele cujas divisões principais derivam de um texto bíblico, constituído de
uma porção mais ou menos breve das Escrituras. O tema é extraído do próprio
texto, e por isso o esboço das divisões deve manter-se estritamente dentro dos
limites do texto. Exemplo:
TÍTULO: A CARNE E O
ESPÍRITO (Rm 8:13)
I) UM ALERTA DIVINO:
“...se viverdes segundo a carne...”
II) UMA CONSEQÜÊNCIA
GLORIOSA: “Certamente morrereis...”
III) UM APELO DIVINO:
“Se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo...”
IV) UM RESULTADO
GLORIOSO: “...certamente vivereis.”
TÍTULO: A
DETERMINAÇÃO DE ESDRAS (Ed 7:10)
I) ESTAVA DISPOSTO A
CONHECER A PALAVRA DE DEUS: “Esdras tinha disposto no coração buscar a Lei do
Senhor...”
II) ESTAVA DISPOSTO A
OBEDECER A PALAVRA DE DEUS: “...e para a cumprir...”
III) ESTAVA DISPOSTO
A ENSiNAR A PALAVRA DE DEUS: “...e para ensinar em Israel Seus estatutos e
juízos.”
OBS: Repare que nos
exemplos citados as divisões são uma análise das próprias palavras do texto.
Assim, de modo
diferente do sermão temático, no sermão textual o pregador se prende o tempo
todo ao texto. Em muitos casos, existem passagens na Bíblia em que o próprio
texto nos fornece uma perfeita divisão, isto é, as divisões são as próprias
palavras do texto. Exemplo:
TÍTULO: O QUE SÃO OS
CRISTÃOS DIANTE DE DEUS? (1 Pe 2:9)
I) Raça eleita
II) Sacerdócio real
III) Nação santa
IV) Povo de
propriedade exclusiva de Deus
CARACTERÍSTICAS DO
SERMÃO TEXTUAL
1. Deve girar em
torno de uma única idéia principal da passagem, e as divisões principais devem
desenvolver essa idéia.
2. As divisões podem
consistir em verdades sugeridas pelo texto.
3. As divisões devem,
preferencialmente e quando possível, vir em seqüência lógica e cronológica.
4. As próprias
palavras do texto podem formar as divisões principais do sermão, desde que elas
se refiram à idéia principal.
VANTAGENS DO SERMÃO
TEXTUAL
• É Profundamente
bíblico.
• Exige um
conhecimento maior das Escrituras.
• Por não ser
extraído de um texto grande, podemos usar ilustrações.
• Podemos usar este
tipo de sermão para o doutrinamento bíblico.
SERMÃO EXPOSITIVO
É aquele cujas
divisões principais se derivam do texto, e consistem em idéias progressivas que
giram em torno de uma idéia principal. O sermão expositivo, assim como o sermão
temático e o textual, gira em torno de um tema, mas na mensagem expositiva o
tema é extraído de vários versículos em vez de um único. Por isso mesmo os
vários versículos de uma passagem que dão origem ao tema único do sermão devem ser
uma unidade expositiva. O sermão expositivo se baseia em uma porção extensa das
Escrituras.
Pode ser alguns
versículos ou um capítulo inteiro, até mesmo um livro. Exemplo:
TÍTULO: A ORAÇÃO
SACERDOTAL DE CRISTO (Jo 17:1-26)
I) OS MOTIVOS DA
ORAÇÃO POR SI PRÓPRIO
a) O pedido de
glorificação (Vs. 1, 5)
b) O reconhecimento
de sua autoridade (V. 2)
c) A definição de
vida eterna (V. 3)
d) A missão cumprida
(V. 4)
II) OS MOTIVOS DA
ORAÇÃO PELOS DISCÍPULOS
a) Os discípulos eram
vidas que lhe pertenciam (V. 6)
b) Os discípulos eram
conhecedores da Palavra (V. 8)
c) Os discípulos
creram no Filho de Deus (V. 8)
d) A proteção amorosa
divina (V. 11)
e) Os discípulos não
eram do Mundo (V. 14)
f) O ódio do Mundo
contra os discípulos (V. 14)
g) A santificação dos
discípulos (Vs. 17-19)
h) Os futuros
discípulos (V. 20)
i) A união dos
discípulos com Deus (Vs. 21-23)
j) Um lugar garantido
na glória (V. 24)
k) A continuação da
obra (V. 26)
No sermão expositivo,
apesar da apresentação de um texto longo, existe uma relação progressiva de
idéias contidas na passagem bíblica.
TÍTULO: O SALMO DOS
ATRIBUTOS DE DEUS (SI 139)
I) Sua onisciência
(Vs. 1-4)
II) Sua onipresença
(Vs. 7-9)
III) Sua onipotência
(V. 10)
IV) Seu poder criador
(Vs. 13, 14)
V) Seu controle sobre
a vida (Vs. 15-17)
VI) Seu pensamento
inatingível (Vs. 17, 18)
VII) A santidade de
Seu nome (V. 20)
VIII) Sua condição
para mudar o coração humano (Vs. 23, 24)
Os sermões
expositivos, além de doutrinários, dão ótimas mensagens biográficas. Eis alguns
temas para mensagens biográficas:
a) Moisés, o
libertador.
b) Abraão, o
missionário.
c) Jacó, o
suplantador.
d) Davi, o homem
segundo o coração de Deus.
e) Jesus, o filho de
Deus.
f) Pedro, aquele que
negou o filho de Deus.
g) Paulo, o perseguidor.
Os sermões
expositivos também nos proporcionam ótimas mensagens proféticas. a) Isaías, o
profeta messiânico.
b) Jeremias, o
profeta chorão.
c) Daniel, o profeta
apocalíptico.
d) Jonas, o profeta
rebelde.
e) Ageu, o profeta da
reconstrução.
Quando pregamos um
sermão expositivo, praticamente não existe espaço para as muitas ilustrações
que podemos usar, pois praticamente estamos pregando um sermão temático. Ambos
os sermões, textual e expositivo, tem tanto o tema como as divisões, extraídos do
texto bíblico, sendo possível então, no sermão textual o uso de ilustrações, já
que ele é baseado numa pequena porção da Bíblia. No sermão expositivo, visto
que é baseado numa porção mais ou menos, extensa da Bíblia, fica praticamente
impossibilitado o uso de ilustrações (naturalmente há exceções), não havendo
possibilidades para divagações, já que este tipo de mensagem é uma exposição
completa do trecho bíblico.
O sermão expositivo é
recomendado para o estudo bíblico e a Igreja depende deste tipo de sermão como
alimento espiritual para conhecimento das Escrituras e fortalecimento na
Palavra.
DIFERENÇA ENTRE SERMÃO EXPOSITIVO E TEXTUAL
No sermão textual as
divisões principais oriundas do texto são usadas como uma linha de sugestão,
isto é, indicam a tendência do pensamento a ser seguido no sermão, permitindo
ao pregador extrair as subdivisões ou idéias de qualquer parte das Escrituras.
Já no sermão expositivo o pregador é forçado a extrair todas as subdivisões e,
é claro, a divisão principal, da própria passagem que pretende explicar ou
expor.
SERMÃO BIOGRÁFICO
É um tipo específico
de sermão que tem por objetivo expor a vida de algum personagem bíblico como
modelo de fé e exemplo de comportamento.
CONSELHOS PRÁTICOS NO
PREPARO DA MENSAGEM
1 - Leia muitas vezes
o texto.
2 - Reproduza o texto
com as suas próprias palavras.
3 - Observe os
contextos imediato e remoto.
4 - Pesquise as
circunstâncias histórico-culturais.
5 - Anote
particularidades.
6 - Faça o esboço.
7 - Selecione
ilustrações.
8 - Determine uma
conclusão específica ao assunto proposto.
9 - O pregador deve
variar o tom de sua voz ao pregar do púlpito o seu sermão. (Um sermão pregado
num mesmo tom de voz (o tempo todo baixo ou o tempo todo alto), leva o ouvido
do auditório a cansar-se. A oscilação da tonalidade da voz (Ora baixo, ora alto
num mesmo sermão), leva o público a despertar-se de repente, e voltar a atenção
de novo para as palavras do pregador).
CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES DO SERMÃO
1. DISCUSSÃO
A discussão é o desenvolvimento
das idéias contidas nas divisões do sermão. A fonte principal para a discussão
deve ser a Bíblia, mas não é errado o pregador recorrer a outras fontes, desde
que sejam confiáveis. Essas fontes podem ser citações de revistas ou jornais,
poesias, letras de hinos ou provérbios da sapiência popular. Fontes históricas
também são de grande valia para a discussão, conforme a natureza do sermão.
2. ILUSTRAÇÃO
É o processo de
explicar algo desconhecido pelo conhecido. É a exposição de um exemplo que torna
claro os ensinamentos do sermão.
A ilustração pode ser
uma parábola, uma alegoria, um testemunho ou uma história (ou uma estória).
Deve ser enfatizado que a ilustração não é a parte mais importante do sermão,
mas sim a explanação do texto. A parte mais importante é a interpretação do
texto, pois o alvo do sermão é torná-lo conhecido do público, e a ilustração se
presta a essa tarefa.
3. APLICAÇÃO
A aplicação é o
processo mediante o qual o pregador aplica a verdade espiritual do sermão à
vida dos seus ouvintes, a fim de persuadi-los a uma reação favorável à
mensagem. Em outras palavras a aplicação é e persuasão das palavras do
pregador; é a palavra dirigida ao coração. Na pregação o pregador fala a mente
das pessoas, a fim de que meditem nas palavras que estão ouvindo, mas na
aplicação o pregador fala ao coração, a fim de que pratiquem as palavras
ouvidas. A aplicação é a meditação posta em prática.
4. APELO
O apelo é o processo
de requerer do auditório uma resposta positiva acerca do que foi explanado. O
apelo é uma invocação feita aos ouvintes para que recebam os ensinamentos
expostos na pregação.
Deve ser enfatizado
que a própria pregação já em si um apelo. O verdadeiro apelo é feito pelo
Espírito Santo. Ele chama e invoca os homens para que ouçam a Sua Palavra, e
quando estes se voltam para Ela, demonstram sua fé nas palavras que ouviram. As
Escrituras afirmam que a fé vem pelo ouvir da Palavra de Deus, portanto a
exposição da Palavra é o apelo que o Espírito Santo dirige aos homens para que
ouçam, creiam e a recebam a Palavra em seu coração. Isto não impede, entretanto
que se façam apelos à platéia de forma visual, por meio de um levantar de braço
ou solicitando ao ouvinte que vá à frente da congregação. Deve-se, no entanto,
entender que esses fatos não se constituem na concretização do apelo, e,
portanto, deve, este tipo de apelo, ser usado com moderação.
IMPORTANTE: O sermão expositivo é
considerado, pelos pregadores mais proeminentes, o melhor tipo de sermão. Ele
possui uma série de vantagens sobre os outros tipos. Uma dessas vantagens é
que, justamente por se basear em uma porção extensa das Escrituras, é possível
obter diversas aplicações de um mesmo texto.
Vejamos como exemplo
o texto de Mateus 14:14-21
EXEMPLO 1
Este exemplo enfoca “os
atributos de Jesus”
TÍTULO: NOSSO SENHOR
SINGULAR
I. A COMPAIXÃO DE
JESUS
a) Demonstrada em seu
interesse pela multidão (V. 14)
b) Demonstrada em seu
serviço à multidão (V. 14)
II. A TERNURA DE
JESUS
a) Demonstrada em sua
resposta graciosa aos discípulos (Vs. 15, 16)
b) Demonstrada em seu
trato paciente com os discípulos (Vs. 17, 18)
III. O PODER DE JESUS
a) Manifesto na
alimentação da multidão (Vs. 19-21)
b) Exercido mediante
o serviço dos discípulos (Vs. 14-21)
EXEMPLO 2
Este exemplo enfoca a
mesma passagem tendo “Cristo como o Supridor de nossas necessidades”
TÍTULO: VEJA DEUS
OPERAR
I. CRISTO SE
INTERESSA POR NOSSAS NECESSIDADES
a) Tem compaixão de
nós em nossas necessidades (Vs. 14-16)
b) Ele nos considera
em nossas necessidades quando outros não se importam conosco (Vs. 15, 16)
II. CRISTO, AO SUPRIR
NOSSAS NECESSIDADES, NÃO SE RESTRINGE PELAS CIRCUNSTÂNCIAS
a) Ele não se
restringe por nossa falta de recursos (Vs. 17, 18)
b) Ele não se
restringe por qualquer outra falta (V. 19)
III. CRISTO SUPRE
NOSSAS NECESSIDADES
a) Supre nossas
necessidades com abundância (V. 20)
b) Provê muito mais
do que o suficiente (Vs. 20, 21)
EXEMPLO 3
Este exemplo enfoca a
mesma passagem sob o ponto de vista de “nossos problemas”
TÍTULO: RESOLVENDO
NOSSOS PROBLEMAS
I. ÀS VEZES NOS
CONFRONTAM OS PROBLEMAS
a) Problemas de
grandes proporções (Vs. 14, 15)
b) De natureza
imediata (V. 15)
c) De solução humana
impossível (V. 15)
II. CRISTO É
ABUNDANTEMENTE CAPAZ DE SOLUCIONAR NOSSOS PROBLEMAS
a) Sob a condição de
que lhe entreguemos nossos recursos limitados (Vs. 16-18)
b) Sob a condição de
que lhe obedeçamos sem questionar (Vs. 19-22)
EXEMPLO 4
Este exemplo enfoca “a
fé em relação com a necessidade humana”
TÍTULO: RELACIONANDO
A FÉ COM A NECESSIDADE HUMANA
I. O DESAFIO DA FÉ
a) O motivo do
desafio (Vs. 14, 15)
b) A substância do
desafio (Vs. 14, 15)
II. A OBRA DA FÉ
a) O primeiro ato de
fé (Vs. 17, 18)
b) O segundo ato de
fé (Vs. 19)
III. A RECOMPENSA DA
FÉ
a) A bem-aventurança
da recompensa (V. 20)
b) A grandeza da
recompensa (Vs. 20, 21)
CULTO E MÚSICA
AS BASES ESPIRITUAIS
DO CULTO CRISTÃO
Psicólogos e
sociólogos debatem a procura da razão porque o homem adora.
A antropologia e a
arqueologia descobrem em todas as civilizações a presença da religião e do
culto. Supõem ser isto resultado do medo, do instinto gregário, do
desconhecimento do futuro etc. Numa coisa todos concordam: o homem é um ser
adorador, tem espírito religioso, adora.
Mas, quando afirmamos
isto, outra batalha se forma: qual a adoração verdadeira? Existe um lugar, uma
fonte, um modo de adorar verdadeiros? Existe adoração falsa?
Era nestas
interrogações que a alma da mulher samaritana se debatia. Ela estava presa ao
pecado do adultério, presa à confusão religiosa.
Na sua época, a babel
religiosa, existia.
Ela confessa: “Nossos
pais adoravam neste monte (Samaria), vós (Judeus) dizeis que em Jerusalém é que
se deve adorar”. Ela poderia dizer mais: “nós aceitamos somente o Pentateuco
como livro sagrado e vós dizeis que os salmos e os profetas também o são”.
Afinal, o que se deve
seguir?
Qual a verdadeira
religião?
Não poucos de nós
passamos pelas mesmas angústias daquela mulher. Mas, graças a Deus que
ela encontrou-se com
o Senhor Jesus. E a conversa que teve com o nosso mestre vem respondendo, há
dois milênios, estas
interrogações espirituais.
Em sua conversa com a
mulher, Jesus apresentou: AS BASES ESPIRITUAIS DO CULTO
CRISTÃO.
NÃO TEM UM LUGAR ADORATIVO
Podemos afirmar que
hoje, ligar a verdadeira adoração a algum lugar da terra é superstição. Jesus
disse: “A hora vem quando nem neste monte, nem em Jerusalém, adorareis o Pai”.
A verdadeira adoração é de um Deus Espírito, e nesta condição limitar a
divindade é ir de encontro à Sua eterna e infinita natureza.
Deus não tem um túmulo
sagrado, nem uma Aparecida do Norte, nem uma Roma, nem uma Fátima, nem uma
Jerusalém. Ele não se prende à rua tal, número tal; não tem lugar, gruta, nem
cidade. Nem seu poder, nem sua pessoa se limitam a um pedaço de pau, nem a um
ídolo de ouro, prata ou barro. Não é propriedade particular da igreja tal e nem
é monopólio de organização nenhuma. Deus é Espírito e Ele por
Jesus Cristo e pelo
Santo Espírito, se coloca no interior do homem e aí é adorado, servido, e
trabalha esteja este homem no ventre de um peixe, no fundo do mar, pisando no
solo da lua, ou presente num templo.
A superstição busca
lugar, ídolos, símbolos, amuletos, coisas ungidas, centros peregrinativos,
gurus, missionários, bispos e reverendos. Mas o louvor cristão busca adorar em
Espírito e em verdade.
NÃO É REFLEXO DO CERIMONIALISMO
Deus é Espírito e
quer adoração em Espírito.
O louvor cristão é
espiritual. O cerimonialismo visa à “sensação”. Procura “impressionar”. O homem
adora a liturgia, o brilho, a festa e as emoções. O cerimonialismo se
estabelece num culto rígido de gestos ensaiados ou num culto carismático de
danças, palmas e sensações. Mas Jesus afirma que o louvor cristão não se prende
a aparatos religiosos. Quando Ele esteve presente na festa da dedicação, no
instante da cerimônia do derramamento de água pelos sacerdotes, Ele se pôs de
pé em lugar de destaque e proclamou: “Quem tem sede, venha a mim e beba” (João
7:37). Só nEle encontramos a satisfação que o cerimonialismo jamais poderá
oferecer.
O louvor verdadeiro
não é produto fabricado por gestos sacerdotais ou pastorais, nem nas palavras
mecanizadas de orações repetitivas; nem é resultado de frases e gestos
exorcizantes ou expressões corporais. É a aproximação da alma na sua
simplicidade e que, por meio de Jesus Cristo, pelo Espírito Santo, se chega a
Deus e, bebendo da água da vida, encontra satisfação, jamais achada nos “gestos
ensaiados ou espontâneos” dos homens.
NÃO VEM DE DEDUÇÕES LÓGICAS
Os samaritanos não
aceitavam a plenitude bíblica. Só criam no Pentateuco. Eis aqui o erro deles.
Tinham abandonado a Bíblia. A confusão entrara em suas mentes. Jesus mostrou
que o louvor é revelado pelo Pai. A adoração verdadeira não é fruto da
criatividade, não carece de sanções doutorais, nem precisa de endosso humano.
Não tem que ser fruto de conclusão lógica.
TEM QUE SER CRISTOCÊNTRICO
A adoração é um ato
divino humano. É o encontro do eterno com o passageiro. Do infinito com o
finito. Do Espiritual com o carnal, de Deus com o homem.
No culto, no louvor,
Deus e o homem se encontram. Por isso deve haver um mediador Deus-
Homem. Um homem
verdadeiro e um Deus verdadeiro devem mediar o louvor. Este perfeito homem,
perfeito Deus, é Jesus Cristo. A mulher sabia que, “quando viesse o Messias”,
tudo seria solucionado.
Jesus se apresentou
como sendo o que estava por vir. Ele mesmo disse: “Ninguém vem ao Pai senão,
por mim” (Jo 14.6).
É impossível o louvor
sem a mediação de Jesus Cristo. Tentar adorar a Deus sem estar em comunhão com
Jesus é condenação assegurada.
TEM QUE SER UNIVERSAL
A Bíblia diz que os
discípulos voltaram e se admiraram que Jesus estivesse conversando com uma
mulher, e ainda “samaritana”.
Religiões racistas e
preconceituosas não podem ter o louvor verdadeiro. Deus não tem etnias
privilegiadas. Agora, sob a dispensação do Evangelho da graça, todos os povos,
línguas, tribos e nações são admitidos ao culto verdadeiro.
Devemos fugir de
religiões segregarias e acepcionistas; elas ignoram a graça de um Deus de amor,
pois, em Cristo “não há homem, mulher, bárbaro, cita, sábio ou inculto”, somos
em Cristo, todos admitidos ao seu culto.
Não cremos em
religiões fascistas, bairristas, onde se defende a guetificação cultural,
regional, ignorando o caráter universal do culto cristão. No louvor cristão,
todos os povos da terra são, por meio de Jesus, recebidos pelo Pai, que não faz
acepção de pessoas.
TEM QUE SER TRANSFORMADOR
A mulher, após o
encontro com Jesus Cristo, teve sua vida mudada. Abandonou a prostituição e se
tornou uma missionária. O vero louvor eleva o caráter de quem adora. Fala à
mente, ao coração, à vontade e ao espírito.
Não existe no louvor
cristão aquela história de que o “culto terminou”. Há um prosseguir adorativo
na vida missionária, transformada e transformadora. O louvor cristão se faz
presente dia-a-dia na obediência, em casa; no respeito, na igreja; na lealdade,
no trabalho; na fidelidade, no amor; no cuidado, em tudo. O louvor é ato
vitalício. Quando os homens vêm ao louvor — se realmente adoram — não voltam os
mesmos! O louvor cristão fortalece o caráter, restabelece a fé, santifica o
espírito.
OS ADORADORES SÃO PROCURADOS POR DEUS
Jesus disse à mulher
samaritana que Deus busca seus adoradores! Vivemos sob a influência do
Marketing da
propaganda. Sabemos que boa divulgação resulta em bom (número) auditório.
Encher os templos constitui, hoje, prova de bons ministros. Apelações, shows,
estrelas... e a igreja está uma bênção!
Cheia... cheia... Mas Jesus disse que é
o Pai quem procura seus adoradores, são escolhas divinas: “Não fostes vós quem
me escolhestes a mim, pelo contrário eu vos escolhi”. A verdadeira adoração é a
prestada por aqueles que o Espírito Santo reúne na pureza da busca sincera, do
louvor verdadeiro.
A BASE BÍBLICA DO
CULTO CRISTÃO
A confissão de fé
adotada pela igreja, afirma que o objetivo principal da vida humana é a
glorificação de Deus e o alegrar-se n’Ele. Isto faz do Culto “o ato mais
importante, mais relevante, mais glorioso na vida do homem” (Karl Barth).
Contudo, quantos crentes sabem distinguir entre a verdadeira e a falsa
adoração? Será que você tem cultuado de um modo que agrada a Deus? A base da
sua adoração é o ensino bíblico ou a experiência humana?
O VOCABULÁRIO BÍBLICO
Para alcançarmos uma
visão correta sobre o culto cristão, é mister examinarmos alguns termos usados
pelos escritores bíblicos:
1. “Latreía”
Seu significado
principal é “serviço” ou “culto”. Denota o serviço prestado a Deus, pelo povo
inteiro e pelo indivíduo, tanto externamente no ritual, como internamente no
coração. Em outras palavras é o serviço que se oferece à divindade através do
Culto formal, ritualístico e através do oferecimento integral da vida
(Êx 3:12; 10:3; 7-8; Dt 6:13; Mt 4:10; Lc 1:74;
2:37; Rm 12:1).
2. “Leitourgía”
Composto de duas
palavras gregas, “povo” (Iaós) e “trabalho” (érgon), significa
“serviço do povo”. No Velho Testamento, aplicava-se ao serviço oferecido a Deus
pelo Sacerdote, quando apresentava o holocausto sobre o altar de sacrifícios
(Js 22:27; 1 Cr 23:24, 28). No Novo Testamento, aplica-se essencialmente ao
serviço que Cristo oferece a Deus, pois ele é o nosso “Liturgos” (Hb 8:2, 6).
Em suma, “Liturgia” é o serviço que o pastor e toda a igreja oferecem a Deus à
semelhança do serviço realizado por Jesus (Rm
15:16; Fp 2:17; At
13:2).
3. “Proskunein”
Originalmente, significava
“beijar”. No Velho Testamento significa “curvar-se”, tanto para homenagear
homens importantes e autoridades (Gn 27:29, 1 Sm 25:23), como para “adorar” a
Deus (Gn 24:52; 2 Cr 7:3; 29:29; SI 95:6). No Novo Testamento, denota
exclusivamente a adoração que se dirige a Deus (At 10:25-26; Ap 19:10; 22:8-9).
Em seu emprego absoluto, significa “participar do Culto Público”, “fazer
orações”, “entoar hinos” e “adorar” (Jo 12:20; At 8:27; 24:11; Ap 4:8-11;
5:8-10; 19:1-7). Esta
adoração compreende o
ato externo e a atitude interna correspondente.
4. Outros termos
Os vocábulos “Eusebia”
(piedade) e “Thresfeia” (religião), aparecem no Novo Testamento para
expressar a conduta do adorador (2 Tm 3:12; Jo 9:9-35; At 26:5; Tg 1:26). Quem
adora mostra a sua devoção através de uma vida piedosa.
EMBASAMENTO TEOLÓGICO
A adoração cristã se
fundamenta na Nova Aliança (Hb 8). Está franqueada ao crente a comunhão com
Deus, pelo novo e vivo caminho aberto por Jesus Cristo (Hb 10:19-22). Portanto,
ofereçamos sempre por Ele (Jesus Cristo) a Deus “sacrifício de louvor” (Hb
13:15a).
Em todo Novo
Testamento temos informações importantes sobre o culto:
1. Mediador do Culto
O Culto Cristão é
mediado por Jesus Cristo, o sumo sacerdote que se identifica com os adoradores
(Hb 2:12, 13; 16-18;
Jo 17:24; Mt 18:20).
2. Sacerdote
Cristo fez de seus
seguidores sacerdotes de Deus, isto é, pessoas cujo culto, Deus aceita (Ap
1:5,6; 5:8-10; 1 Pe 2:9).
3. Reverência
O Culto Cristão não
deve ser profanado, mas oferecido com reverência e temor (Hb 10:28-31;
12:28-29).
4. Natureza do Culto
O Culto Cristão, não
é meramente um evento sócio-cultural (Hb 4:16; 1 Jo 1:5-10).
OS PRÉ-REQUISITOS DO CULTO
“O cumprimento de um
ritual não basta para que haja culto. É indispensável a aceitação, por Deus do
culto oferecido. Deus estabelece condições para aceitar a adoração de homens. A
ignorância dessas condições, ou sua violação, transforma o ritual em exercício
unilateral enervante com sérias conseqüências para os participantes” (Boanerges
Ribeiro).
Vejamos os
pré-requisitos do culto sem os quais não alcançamos comunhão com Deus, ao
contrário provocamos a Sua ira:
1. Fé (Hb 10:38;
11:6)
2. Envolvimento total
da vida (Rm 12:1-2; Mc 12:30; Lc 10:27)
3. Deve ser dirigido
a Deus (Mt 4:10; 6:6; Hb 13:15)
4. Modelado pelo
ensino bíblico (Mt 15:9; Hb 4:12-13; Hb 12:28)
5. Mediado por Cristo
(Hb 9:12, 24-28; 10:19)
A NECESSIDADE E
ESSÊNCIA DO CULTO
O “tédio religioso”
sempre foi um dos maiores inimigos do Cristão, no que se refere à sua vida
espiritual. O tédio é um estado mental resultante do esforço para manter
interesse por uma coisa pelo qual não temos o mínimo interesse. Por exemplo:
participar de uma escola dominical, quando o nosso desejo era estar na praia.
Este fato tem levado a igreja, em nossos dias, a oferecer certos atrativos ao
povo, no que tange ao culto. “Em muitos lugares raramente é possível ir a uma
reunião cuja única atração seja Deus. Só se pode concluir que os filhos de Deus
estão entediados dEle, pois é preciso mimá-los com pirulitos e balinhas na
forma de filmes religiosos, jogos e refrescos” (A. W. Tozer). Por esta razão,
propomo-nos discutir a necessidade e a essência do culto.
A NECESSIDADE DO CULTO
O culto é necessário
pelas seguintes razões:
1.
Finalidade
do Homem
No culto, o homem
acha a razão da sua existência. Ele foi criado para a adoração. “O fim supremo
e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre”. Fora da
posição de adorador de Deus, o homem não encontra o sentido para vida (leia 1
Co 10:3 1; Rm 11:36).
2. Obediência
O culto foi
instituído e ordenado por Jesus Cristo. Como diz Karl Barth: “Na adoração, não
somos chamados a expressar nossas necessidades ou possibilidades, mas sim a
obedecer”. Quando a igreja se reúne para louvar, orar, pregar a Palavra e
celebrar os sacramentos, ela simplesmente obedece (Mc 16:15 -16; At 1:8; 1 Co
11:24, 25; At 20:7).
3. O Espírito Santo
O culto é suscitado e
expresso pelo Espírito Santo. A salvação provoca adoração (At 10:46). O perdão
restaura a capacidade de adorar, anteriormente perdida por causa do pecado.
Veja alguns exemplos: (Lc 5:25; 13:13; 17:15; 18:43; 1 Co 12:3 e 2 Co 1:22).
4. Utilidade
O culto é útil. Ele
tem utilidade didática, sociológica e psicológica. No ato do culto aprendemos a
ser cristãos. Ele é a escola por excelência do cristão. No culto há também
coesão, integração e comunhão pessoal (1 Co 10:17; At 2:42-47). Por fim, o
culto traz paz, descanso e cura para a alma dos fiéis.
A ESSÊNCIA DO CULTO
Em meio às múltiplas
maneiras de cultuar, há um elemento imprescindível à adoração: o AMOR. A
essência da adoração é o amor. É totalmente impossível adorar a Deus sem
amá-lo. E Deus nunca se satisfez com menos que “TUDO”. “Amarás o Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força” (Dt 6:5;
Mt 22:37). “Sem o incentivo do amor por Deus, o culto não passa de palha, pura
casca, isento de qualquer valor. Pode até se tornar em culto a satanás” (Russel
Shedd). Afirmamos, entretanto, que o culto verdadeiro requer amor de todo o
coração, amor integral da mente e todo o nosso esforço.
1. Amor de Todo
Coração
Para o Hebreu, o
“Coração” é considerado a sede da mente e da vontade, bem como das emoções. O
termo “Alma” refere-se à fonte da vida e vitalidade (Gn 2:7,19), ou mesmo o próprio
“ser”. Estes dois termos indicam que o homem deve amar e adorar a Deus sem
qualquer reserva em sua devoção. É no coração humano que Deus se revela (At
16:14; 2 Co 4:4,6). É, portanto com o coração que devemos expressar nosso amor
por Ele.
2. Amor Integral da
Mente
A adoração envolve
também o exercício da mente. “Dianóia”, em grego, significa a capacidade
de pensar e refletir religiosamente (1 Jo 5:20; Ef 4:18; Mt 24:15). Este
entendimento é dádiva divina (Lc 24:25; Ef 1:17,18). Portanto, a adoração deve
ocupar a mente, de maneira a envolver a meditação e consciência do homem. Em
Romanos 12:2, Paulo estabelece que o culto cristão deve ser racional (“LOGIKEN
LATREÍA”). Amar a Deus com
entendimento é um desafio para o crente (Mc 12:30).
3. Amor que Exige
Todo Nosso Esforço
Na adoração cristã,
Deus exige ser amado com toda a força do adorador (Mc 12:30; Lc 10:27 e Dt
6:5). O termo “Força” (Ischuos) se refere à força e poder de criaturas vivas
(Hb 11:34); exige-se que o cristão gaste todas as suas energias físicas em atos
de amor por Deus (Rm 12:1; 2 Co 2:15,16). O amor a Deus expressa-se no serviço
prestado por meio do coração (1 Co 13:3). Portanto, amar a Deus com “Toda
a força” representa
gastar a vida e energia unicamente com expressões de lealdade e afeição a Deus.
OS ELEMENTOS DO CULTO
Os elementos do culto
são os meios usados pelo adorador para expressar o culto. São as “formas e
funções por meio das quais a recepção e a ação litúrgica se efetivam e,
mediante sua cooperação orgânica, suscitam e expressam o evento cultual” (O.
Haendler).
Os principais
elementos de culto são: a Bíblia, a oração, a música, os sacramentos e as
ofertas.
O Catecismo de
Heidelberg, redigido por Zacarias Ursino e Gaspar Oliviano, publicado em 1563 e
usado pelas Igrejas Reformadas, diz que o cristão deve “freqüentar assiduamente
à igreja, para ouvir e aprender a Palavra de Deus, participar dos sacramentos,
invocar publicamente ao Senhor e contribuir para as necessidades”.
Reflitamos, portanto,
sobre os elementos do culto e a sua utilização hoje.
A BÍBLIA SAGRADA
A Bíblia é a Palavra
de Deus. Ela é o elemento mais importante do culto cristão, pois “todo ato
cristão de adoração é sustido pela Palavra de Deus. Sem ela o culto
esvaziar-se-ia de sua substância e perderia o traço que o separa de um culto
não cristão” (J. V. Allmen). As verdades bíblicas devem modelar o ato de culto,
bem como as idéias e o comportamento do adorador (1 Sm 15:22-23; Mt 15:9).
A Bíblia aparece no
culto sob diversas formas. As principais são a leitura (individual, conjunta e
alternada), a pregação, o canto (congregacional, coral, conjuntos e solos) e as
saudações e bênçãos pastorais (1 Tm 4:13; 1 Ts 5:27; Ap 1:3; 1 Co 11:23-29; Lc
4:16-30; 2 Co 13:13).
A ORAÇÃO
Orar é cumprir uma
ordem do Senhor (Lc 18:1 e 1 Ts 5:17). A oração é indispensável ao cristão, que
deve praticá-la individualmente e coletivamente (Mt 6:5-8 e At 12:12). A oração
é “o privilégio supremo dos cristãos, concedido por Deus ao elevá-los à
categoria de filhos. A oração só é possível dentro da família de Deus: é o
exercer os direitos de filhos no contexto dessa família (Rm 8:15 e Gl 4:6). Os
filhos são herdeiros, participantes responsáveis, por conseguinte, de toda a
economia da família. Na família do Pai os filhos têm o direito de tomar a
palavra. A oração é, portanto, a autorização que Deus dá a que os filhos digam
o que têm a dizer com referência aos assuntos que a eles dizem respeito”
(citado por V. Allmen).
A Bíblia nos ensina
que a oração faz parte do culto particular e público. As orações nas reuniões
da igreja devem ser uma constante hoje, como foi no passado (At 1:14; 4:24;
12:5; 21:5; Lc 1:10; Mt 18:19). As mesmas devem ser dirigidas a Deus (Mt 4:10),
por meio e em nome de Jesus Cristo (Ef 2:18; Hb 10:19), acompanhadas de humildade
e ação de graças (Gn 18:27; Fp 4:6; Cl 4:2). Podem ser feitas em silêncio e
audivelmente, nas posturas diversas (Mc 11:25; At 20:36; Mt 26:39).
A MÚSICA
A música também se
destaca como um elemento indispensável ao culto. A igreja sempre usou hinos e
cânticos na expressão do seu culto (Rm 15:9; 1 Co 14:15; Ef 5:19; Cl 3:16; Tg
5:13; Ap 5:9; 14:3; Mt 26:30).
O professor Bill
Ichter, autoridade em música, descreve algumas características da música que
deve ser usada na igreja:
1. Quanto à Expressão
Deve expressar uma
verdade bíblica.
2. Quanto à Doutrina
Deve expressar
doutrinas corretas.
3. Quanto à Devoção
Deve ser
caracteristicamente devocional.
4. Quanto à Forma
Deve possuir boa
forma literária.
5. Quanto ao Estilo
Deve ter um bom
estilo musical.
6. Quanto à Ocasião
Deve ser apropriada à
ocasião em que estiver sendo usada.
7. Quanto ao Uso
Deve ser adaptada ao
uso da congregação.
8. Quanto ao Alcance
Deve ser apropriada e
ao alcance da capacidade dos cantores.
O apóstolo Paulo nos
revela que músicas nas igrejas devem ser: “salmos, hinos e cânticos
espirituais”, entoados para o louvor a Deus e a edificação mútua dos irmãos (Cl
3:16).
OS SACRAMENTOS
“Os sacramentos são
santos sinais e selos do pacto da Graça, imediatamente instituídos por Deus,
para representar Cristo e os seus benefícios e confirmar o nosso interesse
nEle, bem como para fazer uma diferença visível entre os que pertencem à igreja
e o resto do mundo, e solenemente obrigá-los ao serviço de Deus em Cristo,
segundo a sua palavra” (C. Fé, cap. XXVII, 1). Esta definição nos mostra que o
sacramento é “um sinal externo de uma graça interna”.
Há somente dois
sacramentos instituídos por Jesus: o Batismo e a Santa Ceia (Mt 28:19 e 26:26-
30). Ambos devem ser
celebrados publicamente administrados somente pelos pastores ordenados (Hb
5:4).
OFERTÓRIO
Atualmente, no
Brasil, os evangélicos são questionados quanto à contribuição financeira para
as igrejas. Há uma razão óbvia: a proliferação de igrejas que comercializam
bênçãos.
Muitos perguntam: “É
verdade que na sua igreja todos devem dar 10% do salário ao Pastor?”
Isso nos leva a
explicar, que o ato de ofertar ou contribuir faz parte do culto. O ofertar
sempre foi um elemento integrante da adoração a Deus e uma expressão de
fidelidade (Dt 12:4-7; Ml 3:10; Mc 12:41-44; 2
Cr 8:12-18; Hb
13:16).
“Ninguém se iluda: o
reino de Deus não se edifica com dinheiro, mas com pessoas. Após o novo
nascimento, contudo, não devemos deixar de dar o dízimo. Não é a igreja que
precisa de dinheiro, como às vezes dizemos. Nós é que precisamos trazer
dinheiro à igreja: nosso progresso espiritual depende disso – 2 Co 9:5,10” (B.
Ribeiro).
Em suma, ofertar é
cultuar e cultuar é ofertar.
O LUGAR E O TEMPO DO
CULTO
Alfred Thomas
afirmou: “Bancos vazios no templo do senhor significam corações vazios, lares
vazios da verdadeira religião, com a irreverência do domingo, e a conseqüente
ruína espiritual”.
Isto é correto e
reflete uma dura verdade: o não reconhecimento do senhorio de Jesus Cristo no
tempo e no espaço. “Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio
e o fim” (Ap 22:13). “... tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1:16b).
Jesus é o Senhor de tudo.
“Sem domingo, nenhuma
adoração; sem adoração, nenhuma religião; sem religião, nenhuma moral; sem
moral, então, o quê?” (Craword Johnson).
Vejamos o que nos
ensina a Bíblia, sobre a santificação do espaço e do tempo.
O LUGAR DO CULTO
Os lugares de culto
são lugares santos, separados para um fim específico, a saber, o de tornar-se
palco da presença de Cristo, o lugar do encontro entre o Senhor e o Seu povo.
Geralmente, por decisão da Igreja, um lugar é planejado, construído e separado
para o serviço divino. O sucessor de Zuínglio, H. Bullinger comentando o
assunto diz: “dedica-se a Deus e aos usos sagrados, ou em outras palavras, os
separa do uso comum para destiná-los e votá-los, segundo a vontade de Deus, a
um uso singular e sagrado”.
A Confissão Helvética
Posterior, falando sobre os lugares de culto, diz: “Ora, como cremos que Deus
não habita em templos feitos por mãos humanas, também sabemos que os lugares
dedicados a Deus e ao Seu serviço não são profanos, mas sagrados, por causa da
Palavra de Deus e do uso de coisas santas a que são destinados; e os que
freqüentam tais lugares devem comportar-se com todo decoro e reverência,
lembrando que estão num lugar santo, na presença de Deus e dos seus santos
anjos”.
Obviamente, é
necessário evitar toda superstição. Não devemos transformar o lugar de culto
num “espaço tabu” e, nem tampouco, achar que se possa fazer seja lá o que for
no lugar de culto. A dedicação de espaço para o culto é inevitável enquanto nos
acharmos neste mundo. Não somente temos testemunhos nesse sentido no Velho
Testamento (Dt 12:5,11; 15:20; 1 Rs 5:5), mas também indícios de que a Igreja
usou espaços separados, desde o momento em que se lhe tornou possível a
construção de lugares de culto.
Teologicamente, é
importante estabelecer alguns pressupostos:
1. O Novo Testamento
Sob a Nova Aliança, o
Senhor não escolheu um lugar específico para a manifestação da sua presença (Jo
4:20-24).
2. O Templo no Novo
Testamento
A partir do
Pentecostes, a IGREJA, o “povo de Deus”, torna-se o templo (1 Co 3:16; Ef
2:20-22; 1 Pe 2:4-10). Não somente a Igreja na sua dimensão comunitária, mas
cada membro individualmente é um templo, dedicado a proclamar, a refletir e a
louvar o seu Senhor (1 Co 6:19s).
3. O lugar do Culto
O lugar do culto
cristão é a Igreja reunida, em nome do Senhor Jesus (Mt 18.20). “A Teologia do
Velho Testamento já mostra que o lugar por excelência da presença de Deus e,
conseqüentemente, o lugar de culto, é o povo que invoca o seu nome. E com o seu
povo que ele habita, onde quer que se encontre esse povo. E se é verdade que
existem lugares sagrados, não é para insinuar que Deus se localize
exclusivamente em tais lugares, mas, sim, mostrar que Deus intervém no mundo e
reivindica para si a soberania sobre a terra toda. É também para demonstrar que
Deus convoca o seu povo para encontrar-se com ele dentro dos limites deste
mundo” (Von Allmen).
O CULTO E O TEMPO
“A adoração, quando
expressa em ritual, exige tempo. Sob o antigo pacto Deus fez provisão para
períodos de tempos diários, semanais, anuais e mesmo de gerações, para o
cumprimento da obrigação de culto em Israel. O sacrifício diário (Nm 28:1-8), o
descanso do sábado ou do sétimo dia, os primeiros dias do mês e as cinco festas
anuais do período pré-exílico foram divinamente determinados” (Russel Shedd).
A guarda semanal do
sábado é um exemplo fundamental do tempo separado para Deus (Êx 20:11; 31:13).
Neste mandamento, Deus lembra o homem da sua responsabilidade em adorá-lo,
observando tempos e lugares santos.
Sob o Novo Pacto, o
cristão vê no tempo a concretização da sua salvação (Gl 4:4-5). Os tempos
judaicos (festas, sábado, etc.) não passavam de sombras das coisas que haviam
de vir. Jesus Cristo é a realidade (Cl 2:17). Jesus constitui-se o verdadeiro
“sábado” (Mc 2:23-28 e Mt 11:28-30). Para a igreja primitiva, o descanso
“consiste em consagrar a Deus, não um dia, mas, sim, todos os dias, e em
abster-se, não do trabalho corporal, mas sim do pecado” (Von Allmen).
O fato de Cristo
haver cumprido em si o sábado, levou a igreja a escolher um novo dia para o
culto: o “dia do Senhor” ou “o primeiro dia da semana” (At 20:7; Mt 28:1; Mc
16:1; Lc 24:1; Jo 20:1; Ap 1:10). Sem dúvida este dia é o domingo.
Entretanto, qual o
significado do domingo?
1. Um Memorial
É um memorial da
ressurreição de Cristo.
2. Um Símbolo
É o símbolo de um
novo começo.
3. Comunhão Cristã
É um dia litúrgico.
Socialmente, você
pode descansar em qualquer outro dia da semana, dependendo sempre da sociedade
em que você está inserido. Contudo, o domingo é o dia da comunhão cristã, da
Nova Aliança.
O culto celebrado no
domingo relembra o evento fundamental à existência da Igreja — a ressurreição
de Cristo.
Em suma, a adoração
pelo Espírito acaba com o conceito de tempos designados para o culto.
Contudo, a Igreja
como povo deve manifestar-se por meio do ato de reunir-se. Não é possível
Igreja sem culto. O dia específico é o domingo (1 Co 16:2), porque lembra à
Igreja a vitória de Jesus sobre o pecado, o que lhe permite a existência.
O CULTO REFORMADO I –
ALGUNS DOS SEUS PRINCÍPIOS
A preocupação dos
Reformadores era de ter um “culto legítimo” — legítimo perante Deus. Esta deve
ser a nossa preocupação também. Podemos aprender muito com os resultados dos
trabalhos de homens como Lutero e Calvino. Dizendo isto, não podemos esquecer
que a história não é normativa. A Escritura é a única regra de fé e de prática.
Foi a Escritura que levou os Reformadores à reforma do culto. “Porventura a
palavra de Deus se originou no meio de vós, ou veio ela exclusivamente para vós
outros?” (1 Co 14:36). Esta palavra apostólica justifica um estudo do Culto
Reformado com atenção especial à história deste culto.
O título deste estudo
fala de princípios do Culto Reformado, porque não existe algo como “O culto
reformado”. Não existe um só “culto reformado”. No século XVI havia uma grande
variedade de modelos de culto nas Igrejas Reformadas na Europa. O próprio
Calvino fez vários modelos para as congregações que ele serviu como pastor. Mas
certamente podemos descobrir princípios comuns em todos estes modelos.
CULTO LEGÍTIMO CONFORME AS ESCRITURAS
Parece que o termo
“culto legítimo” é de Calvino. Ele ensina no início da sua grande obra, As Institutas,
que há uma estreita ligação entre o conhecimento de Deus e a adoração a Deus. O
“culto legítimo” é apenas possível dentro dos moldes da Revelação de Deus.
Oculto a Deus é determinado, caracterizado e colorido pela Revelação de Deus.
Em outra parte das Institutas (IV.X.30), Calvino diz: “Eu aprovo
exclusivamente essas ordenanças humanas que sejam não somente fundadas na
autoridade de Deus, mas também tomadas da Escritura e, por isso, inteiramente
divinas”. Temos que adorar a Deus da maneira que Ele nos ordenou. Este era um
princípio imutável para Calvino. Ao mesmo tempo, este princípio levou Calvino a
dizer que preceitos para o culto e formas de expressão podem ser variáveis
quando não há ensino expresso sobre eles na Escritura. Resumindo, o culto será
legítimo se estiver em conformidade com
as Escrituras. Este é
o primeiro grande princípio do Culto Reformado.
Isto significou o
rompimento com a liturgia romana. Os Reformadores chegaram à conclusão de que
esta liturgia contém elementos pagãos e judaicos. O uso de imagens é um exemplo
típico da necessidade do pagão de ter um deus visível que ele pode manipular.
Tal uso ofende a suprema majestade do Deus Vivo.
Calvino sentenciou: A
liturgia Romana imita o culto mosaico do Velho Testamento e nega a vinda de
Cristo, que é o fim das cerimônias judaicas (Cf. Rm 10:4). Especialmente a
Carta aos Hebreus mostra que o próprio Cristo reformou o culto, através de seu
ato salvífico. Calvino sempre defendeu a unidade essencial entre a Antiga e a
Nova Aliança. Mas ele sabia que com Cristo chegou a fase da Nova Aliança, com
seu novo modo de cultuar a Deus. Adoramos a Deus em espírito e em verdade (Cf.
Jo 4:23). O culto romano negava esta realidade. Por isso, o culto tinha que ser
reformado por nossos irmãos do século XVI.
CULTO REFORMADO VOLTA AO CULTO ORIGINAL
O Culto Reformado,
rompendo com a antiga liturgia romana, era por isso mesmo uma volta ao culto
original da igreja dos apóstolos e dos chamados “Pais da Igreja” (líderes
destacados da Igreja Antiga dos séculos II a IV). Neste segundo princípio do
Culto Reformado descobrimos, por exemplo, no título que Calvino deu à liturgia
de Genebra de 1542: Forma de culto “conforme o costume da Igreja Antiga”. Como
era, para Calvino, o culto original da Igreja Apostólica? Ele estava consciente
de que a Escritura não nos oferece um modelo detalhado para nossos cultos
dominicais. Mesmo assim, para Calvino, o Novo
Testamento contém
alguns elementos básicos que nunca podem faltar nos cultos.
Reconhecemos então em
Atos 2:42, um verso que, para Calvino, era fundamental: “E perseveravam na
doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações”. Nas suas
Institutas (IV.XVll.44), Calvino escreve, baseando-se neste verso:
“Assim, de modo geral, haver-se-ia de agir que nenhuma reunião da igreja se
fizesse, sem a Palavra, as orações, a participação da Ceia e as esmolas”.
Como foi que Calvino
aplicou os elementos principais da Escritura em seu modelo para um culto
reformado? O primeiro modelo, que encontramos nos escritos de Calvino está nas Institutas,
já na primeira edição de 1536 (IV.XVII.43). Encontramos as seguintes partes:
orações públicas; o sermão; celebração da
Santa Ceia; exortação
à fé sincera e à confissão dessa fé; ação de graças e louvores em cânticos;
despedida em paz. A celebração da Santa Ceia inclui a leitura das palavras da
instituição, proclamação das promessas do Senhor nestas palavras, vedação à
comunhão daqueles que o Senhor barrou dela, oração, cantar salmos ou leitura
bíblica, e por final a própria comunhão. Calvino sempre permaneceu fiel a este
resumo de seu programa litúrgico que ele escreveu na idade de 26 anos.
Queremos ainda
perguntar por que Calvino tinha tanta atenção para a Igreja Antiga e aos Pais
da
Igreja?
1. Primeiro: porque
ele queria cultuar a Deus na comunhão com todos os santos (Ef 3:18).
2. Segundo: porque o
testemunho dos Pais da Igreja não apoiava o culto romano, como a Igreja Romana
dizia.
3. Terceiro: a razão
mais importante do interesse para a Igreja Antiga era porque ela preservou o
culto bíblico.
Os Pais da Igreja em
si não eram importantes para Calvino, e, sim, a fidelidade deles à doutrina do
Evangelho, também na
área da liturgia. Por isso, a reforma do culto no século XVI significa a volta
à origem mais antiga do culto, e não um rompimento revolucionário com o
passado. O Culto Reformado deu uma volta por cima da “antiga” liturgia romana,
de volta às fontes que eram os ensinos dos apóstolos de Cristo.
Como a Igreja Antiga
estava perto da era dos apóstolos, Calvino usou os testemunhos dos Pais da
Igreja na sua reforma
do culto. Ele restaurou a Santa Ceia como ato de comunhão entre Cristo e seus
fiéis e como ação de graças. Contra a prática de missas privadas, enfatizava
Calvino que a Santa Ceia devia ser celebrada na presença da congregação
inteira, nos cultos dominicais, como na Igreja Antiga. Calvino colocou no
início do primeiro culto dominical a confissão dos pecados seguida de palavras
de absolvição, conforme a prática antiga. Outra prática da Igreja Antiga que
Calvino restaurou era a de recitar ou cantar o
Credo Apostólico no
culto como renovação do juramento de fidelidade ao Deus Triúno.
LIBERDADE CRISTÃ NA LITURGIA REFORMADA
Parecem dois
princípios contraditórios: querer um culto somente baseado nas Escrituras e
permitir liberdade na liturgia. Mas não há nenhuma contradição, se entendemos o
que é liberdade cristã. Ela é a liberdade que Cristo nos dá em Sua Palavra. Por
isso, esta liberdade tem seus limites na própria Palavra de Cristo, o único
Legislador em questões litúrgicas. Liberdade cristã na liturgia não pode
significar desordem, arbitrariedade ou mania de sempre renovar o culto. Por
outro lado, Calvino não queria obrigar a consciência através de tradições
humanas como a Igreja Romana fazia. Nem queria legalismo na liturgia. O que
está escrito expressamente na Palavra nos obriga a observá-lo. Mas Calvino
reconhecia que nosso Mestre não quis prescrever minuciosamente o que devemos
seguir e que Ele não julgou “convir a todos os séculos uma forma única” (Institutas
IV.X.3O). O próprio Calvino serviu várias igrejas reformadas com modelos de
culto que eram diferentes em certos pontos.
O CULTO REFORMADO II
– ALGUMAS CARACTERÍSTICAS
Vamos estudar algumas
características do Culto Reformado. Certamente, o Culto Reformado não é
totalmente distinto de cultos em outras tradições protestantes. Por exemplo,
orar e cantar não são características só do Culto Reformado. Não há culto, em
igreja nenhuma, que não tenha orações e cânticos.
Mas, sem dúvida, a
estrutura de um encontro dentro da aliança, a centralidade da pregação e o
cantar salmos se constituem elementos distintos do culto reformado.
Observação: neste estudo
trataremos apenas do culto público.
ENCONTRO DE DEUS COM
O POVO DA SUA ALIANÇA
Lemos em Levítico
23:3 esta palavra do Senhor: “Seis dias trabalhareis, mas o sétimo dia será o
sábado do descanso solene, santa convocação; ... é sábado do Senhor...” Este
verso nos ensina várias coisas sobre o culto:
— O culto é
caracterizado como santa convocação;
— O culto é
iniciativa do próprio Senhor;
— O culto é realizado
num dia especial, o Dia de descanso.
Este ensino nos
permite tirar algumas conclusões:
1. Encontro com Deus
Deus quer se
encontrar com seu povo. A palavra “convocação” tem a ver com reunião,
assembléia. Na linguagem evangélica de hoje temos termos como culto
evangelístico, culto de oração e culto de doutrina, mas o culto é antes de
qualquer coisa o encontro entre Deus e seu povo. É o único encontro que pode
ser chamado de “santa convocação”.
2. Procedência do
Culto
A palavra
“convocação” também significa que Deus nos chama para o culto. O culto vem de
Deus! O culto não é nossa iniciativa. Deus é, como sempre, o primeiro. O culto
é encontro de Deus com seu povo e, por isso, nosso encontro com Ele.
3. Objetivos do Culto
Reformado
O culto como encontro
entre Deus e seu povo faz parte da Aliança de Deus. Nesta Aliança, Deus é o
primeiro, visto que Ele estabeleceu sua aliança (pacto) com Abraão, e não
Abraão com Deus. Deus criou um dia especial para o encontro com seu povo: o
sábado, chamado em Êxodo 31:13-17 de um “sinal da Aliança”. E Deus colocou o
culto no centro deste dia especial.
Por isso, o Culto
Reformado tem a estrutura de um encontro em que os dois “partidos” ou “participantes”
da Aliança agem e falam. Não queremos falar do culto como um diálogo, porque o
diálogo supõe igualdade entre os participantes. Na Aliança de Deus não há
igualdade. Deus é o Soberano, e nós somos seus súditos. Nós não somos “sócios”
de Deus. Mas podemos dizer que o culto e a “conversa” de Deus com seu povo.
Isto significa que
Deus fala primeiro! Nisto, o Culto Reformado é diferente do culto romano que
coloca o homem no primeiro lugar, com sua ação na missa. Especialmente Calvino
sempre enfatizou que o culto é primeiramente uma ação de Deus. E Ele que age e
fala, garantindo, dando e efetuando sua salvação.
Mas é claro que Deus
espera uma resposta de seu povo: No culto, o povo de Deus também age. Mas esta
ação é sempre uma reação. A congregação reage à Palavra de Deus, dando sua
resposta de fé, cantando, confessando e orando, e, antes de tudo, escutando,
recebendo assim a salvação divina.
Tudo isso constitui a
primeira característica do Culto Reformado: é um encontro de Deus com seu povo.
É um encontro com dois grandes objetivos: o de Deus é salvar seu povo, e o
objetivo do povo de Deus é glorificar a seu Deus.
CENTRALIDADE DA PREGAÇÃO
Se Deus é o primeiro
no culto, sua Palavra deve ter o lugar central dentro do culto. Especialmente
agora, na Nova Aliança, na qual não há mais lugar para as cerimônias do antigo
culto de Israel. Deus usou aquelas cerimônias como figuras e sombras da
realidade que é Cristo. Por isso a carta aos Hebreus 1:2 diz que “nos últimos
dias Deus nos falou pelo Filho”. O Filho de Deus é chamado de o Verbo, a
Palavra, o Porta-voz do Pai.
Deus se encontra com
seu povo, no culto, principalmente através da sua Palavra. Os Reformadores
baniram as imagens porque Deus vem até seu povo na sua Palavra. Só conhecemos
Deus através da sua
Palavra. Ele se
revela a nós em sua Palavra. Rm 10:17 nos ensina que é somente a Palavra que
opera nossa fé.
No Culto Reformado,
esta Palavra é lida e pregada. O próprio Deus nos deu a leitura da Palavra
dando-nos as Escrituras. Em várias partes da Bíblia encontramos leituras da
Palavra na reunião do povo de Deus. No culto da Aliança, encontramos a
cerimônia do derramamento do sangue da Aliança, mas também a leitura do Livro
da Aliança. O próprio Senhor Jesus fez a leitura bíblica num culto, segundo Lc 4:17-20.
Mas era a convicção
de todos os Reformadores que as Escrituras foram dadas por Deus, não somente
para serem lidas no culto, mas também para serem pregadas e explicadas. Para
eles, a leitura e pregação da Palavra eram inseparáveis. Já os profetas do Velho
Testamento pregavam a Palavra. O próprio Cristo deu aos apóstolos a tarefa de
ensinar aos discípulos de todas as nações (Mt 28:20). Os apóstolos falaram do
ministério da Palavra (At 6:4). A Palavra deve ser distribuída ou servida ao
povo de
Deus. A Primeira
Igreja permanecia na doutrina dos apóstolos (At 2:42). Esta doutrina era o
ensino pela pregação da Palavra. “Prega a Palavra”, Paulo diz para o jovem
pastor Timóteo (2 Tm 4:2). Pode ser claro que a própria Bíblia mostra que a
leitura da Palavra exige a pregação dela.
No encontro com Deus,
Ele fala primeiro.
CANTAR SALMOS
O sacrifício da Nova
Aliança é o louvor diz Hb 13:15. Este louvor “é o fruto de lábios que confessam
o seu nome”. É a Palavra que nos faz conhecer e confessar o Nome de Deus. O assunto
da centralidade da pregação nos leva naturalmente ao louvor, que é fruto da
Palavra pregada.
Como deve ser este
louvor? Respondendo a esta pergunta, encontramos uma característica do
Culto Reformado: cantar
salmos. Especialmente o reformador João Calvino é responsável por esta
característica. Para ele, cantar salmos tem prioridade. Mas ele não sabia que
Ef 5:19 e Cl 3:16 falam de “salmos... hinos e cânticos espirituais”? Claro que
sabia. Por isso, Calvino não defendia o uso exclusivo dos salmos nos cultos,
como alguns calvinistas pensam. Em sua primeira publicação litúrgica (1539),
Calvino ofereceu ao povo de Deus não somente alguns salmos rimados, mas também
alguns cânticos, baseados em trechos bíblicos. Na Igreja de Genebra se cantavam
os Dez Mandamentos e o Credo Apostólico!
Calvino não era
contra o uso de hinos, desde que fossem baseados em versos ou trechos da
Bíblia.
Mas os salmos tinham
prioridade e Calvino fez questão de oferecer à Igreja todos os 150 salmos
rimados. Ele concordava com uma palavra de Agostinho: “Ninguém pode cantar de
modo digno perante Deus se não cantar aquilo que recebeu de Deus”. Por isso,
Calvino concluiu que não há cânticos melhores do que os Salmos de Davi porque
eles foram inspirados pelo Espírito Santo.
A MÚSICA NA DISPENSAÇÃO
DA LEI
O trono de Deus é
estabelecido em louvores e por isso a música existe desde o princípio e
permanecerá para sempre, pois o nosso Deus será eternamente louvado (Jó 38:4-7
e SI 115:18). A música é eterna.
A música é um
instrumento de louvor a Deus, um meio de expressão e acima de tudo uma força
dinamizadora de poder, energia e vitalidade, capaz de exercer grandes
influências não só nos seres humanos como também nos animais e nas plantas.
Schimichi Zuzuki, musicólogo contemporâneo japonês, ao escrever um método de
aprendizagem musical para crianças disse: “Meu propósito principal, não é o
ensino da música. O que aspiro é formar bons cidadãos. Se uma criança escuta
boa música, desde que nasce e aprende a executar um instrumento, adquirirá
sensibilidade, disciplina, retidão e nela se formará um lindo coração”.
O nosso propósito
nesta lição é mostrar o que a Bíblia nos ensina sobre a música e as suas
funções na religião do povo de Deus.
O SIGNIFICADO DA MÚSICA PARA OS JUDEUS
A Bíblia nos informa
que a música sempre esteve presente na vida da nação judaica, como seu melhor
meio de expressão. Daí a razão dos maiores eventos da história de Israel
acharem-se registrados em cânticos (p. ex. Êx 15:1-21 e SI 126). “A história
dos Judeus contém inúmeros acontecimentos em que a música desempenha relevante
papel, desde as muralhas de Jericó que caíram ao toque das trombetas, até o
cuidado dispensado à música do grande templo de Jerusalém. Esse povo, que
mostrava inclinação para a escultura e pintura e a quem era proibido
representar a Deus por imagens, concentrou toda a sua força criadora na poesia
e na música que serviam por excelência à religião” (Kurt Pahlan).
Foi no reinado de
Davi que a música teve o seu maior desenvolvimento e, elevada ao nível de
ministério, tornou-se exclusiva da religião. Davi sendo rei, músico e poeta,
criou técnicas para fabricação de instrumentos, desenvolveu a arte do canto,
com formas ainda usadas nas igrejas e instituições musicais em todo mundo e
estruturou o ministério da música a serviço da religião, até hoje não superado.
COMO O MINISTÉRIO DA MÚSICA FOI ESTRUTURADO NA
DISPENSAÇÃO DA LEI
A música foi
instituída no culto por Deus, no reinado de Davi (2 Cr 29:25). Sendo Davi
músico e conhecedor do valor da música na vida de seu povo e da religião,
passou a desenvolvê-la em termos de ministério, através do desempenho de quatro
mil músicos com os seguintes critérios e funções:
1. Critérios:
1.1. Escolha (1 Cr
16:4,5)
Os quatros mil não
foram alistados por vontade própria, mas por vontade de Deus.
1.2. Purificação
Escolhidos da tribo
de Levi, por exigência do próprio Deus, eram purificados para exercerem as
funções determinadas no seu ministério (Nm 8:6).
2. Funções:
2.1. Louvar (2 Cr
8:14 e 1 Cr 16:4,5)
2.2. Profetizar (1 Cr
25:1-3)
2.3. Ensinar (1 Cr
15:22 e 25:5-7)
2.4. Santificar (2 Cr
29:5)
Queremos destacar
dentre as funções, o ensino da música e o desenvolvimento do canto. Davi
juntamente com Quenanias e mais duzentos e oitenta e oito mestres criaram
formas e desenvolveram técnicas de canto que até hoje são usadas em todo mundo.
Vejamos alguns exemplos:
Ne 12:8 – Regência de
canto coletivo congregacional;
Ne 12:42 – Regência
dos cantores ou coral;
1 Cr 15:21 – Uso de
instrumentos adaptados ao acompanhamento do canto.
Pela necessidade de
tempo para a boa formação e bom desempenho do músico, o trabalho era permanente
e de dedicação exclusiva. Davi, sendo músico, foi sensível a essa necessidade
(1 Cr 9:33 e 6:31-32). A manutenção dos músicos era através dos dízimos e ofertas,
porque o ministério fazia parte do sacerdócio, sob a responsabilidade do rei
(Ne 12:46-47; 10:37,39; 13:10,12,14).
A MÚSICA NA DISPENSAÇÃO DA GRAÇA
Depois de um silêncio
de quatrocentos anos entre os céus e a palestina, a música volta a aparecer como
serva fiel da religião, fazendo-se cumprir as palavras cantadas pelo salmista:
“E pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos verão isso
e temerão e confiarão no Senhor” (SI 40:3). O novo cântico da graça e do amor
brotou nos corações dos escolhidos como prenunciadores das novas de Salvação: “Magnificat”
(Lc 1:46-55), “Benedictus” (Lc 1:68-79), “Glória in ExceIsis Deo”
(Lc 2:14) e “Nunc Dimitts” (Lc 2:29-33). E a partir de então, os
corações dos crentes romperam em cânticos, pela experiência da graça de Cristo,
como jamais cantaram e deixariam de cantar. Conforme o testemunho de Plínio
(109 A.D.), o cristianismo passou a ser chamado “a religião do canto”.
A ATITUDE DE CRISTO EM RELAÇÃO À MÚSICA
A arte da música e do
canto entre o povo de Israel, não se extinguiu com a dispensação do Velho
Testamento. E é
evidente, que na época de Jesus, a música continuava com as mesmas funções
estabelecidas por Deus, a serviço da religião.
Por muitas vezes,
Jesus foi visto, participando dos cultos e das festas solenes no templo, sem
jamais, em qualquer ocasião proferir palavras de censura ou reprovação aos
cânticos entoados. Os discípulos e a multidão O aclamaram com cânticos por
ocasião da sua entrada triunfal em Jerusalém (Lc 19:37).
Possivelmente, Jesus
cantou muitas vezes em sua vida. No entanto, a Bíblia faz referência especial à
ocasião da Ceia, quando ele incluiu a música, consagrando-a a serviço do culto
cristão (Mt 26:30; Mc 14:26). A partir daquele momento, o ministério da música,
na nova dispensação, era estabelecido como meio de expressão de fé e
manifestação da graça divina através de Cristo.
COMO O MINISTÉRIO DA MÚSICA FOI ESTRUTURADO NA
DISPENSAÇÃO DA GRAÇA
Cremos firmemente que
o canto de glorificação a Deus cantado por Jesus, na Ceia, antes de ir para o
Monte das Oliveiras, teve um sentido de resgate da música do Judaísmo para o
cristianismo (Mc 14:26). A música expressão de fé, dom da graça divina e
liberdade do evangelho, em Jesus, passa a pertencer ao
“sacerdócio real” (1 Pd 2:9) ou ao reino e
sacerdotes de Deus (Ap 1:6). Portanto, no Novo Testamento, a música se
apresenta com uma estrutura nova e específica mas como um resultado ou
aplicação do que ela foi no Velho Testamento.
O apóstolo Paulo, por
formação acadêmica, também sabia música e como doutor da lei, era grande
conhecedor do ministério criado por Davi. Portanto, com conhecimento e
sabedoria, orientou as igrejas com os mesmos princípios estabelecidos no Velho
Testamento.
1. Em Relação aos
Critérios
Na dispensação da lei
a música era ministrada pelos levitas, cujos critérios eram: escolhidos e
purificados (1 Cr 16:4-5 e Nm 8:6).
Na dispensação da
graça é sacerdócio dos crentes, cujos critérios são: eleição e santificação (Ef
1:4 e 1 Ts 4:7).
2. Em Relação às
Funções
Na dispensação da Lei
as funções da música, exercidas pelos levitas, eram: louvar, profetizar,
ensinar e santificar.
Na dispensação da
graça as funções da música exercidas pelos crentes, são:
2.1. Louvar –
“louvando com salmos, hinos e cânticos espirituais” (Cl 3:16 e Ef 5:19).
2.2. Profetizar –
“Habite ricamente em vós a palavra de Cristo” (Cl 3:16). Os levitas músicos
transmitiam a palavra recebida de Deus (2 Cr 20:14). Os músicos crentes
transmitem a palavra revelada como regra de fé e prática da vida.
2.3. Ensinar –
“...instruindo-vos uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais” (CI
3:16).
O preparo e a
eficiência foram as grandes características do ministério da velha dispensação.
Nele havia mestres como Asafe, Jedutum e muitos outros que, além de Davi,
compuseram cânticos que não só edificaram o povo de Israel no passado, mas que
até hoje edificam o povo de Deus.
2.4. Santificar –
“Edificando-vos com salmos, hinos e cânticos espirituais” (Cl 3:16). Na
dispensação da lei, os músicos eram ordenados a se santificarem. Na dispensação
da graça, os crentes são eleitos para receber a marca da santificação que se
expressa pelo testemunho de vida e pelo louvor. Deve existir coerência entre o
que se vive e se canta.
A MÚSICA NOS NOSSOS
DIAS
TEOLOGIA E MÚSICA
Podemos dizer que
existe uma única música certa para aquele específico lugar no culto. Não serve
qualquer música em qualquer lugar. Tem que ser aquela. Pode ser até uma única
estrofe. Naquele lugar tem a finalidade única de reforçar o que foi dito,
tornar claro, subsidiar a Palavra. Disse Lutero: “em nome da Teologia, concedo
à música o lugar maior no culto”. Ele não está dizendo que a música é mais
importante que a Palavra, ou que a Teologia. A música tem que ser subsídio para
a Palavra; se não for, ela estará fora do contexto. “Hoje o conjunto ‘Fulano de
Tal’ vem aqui abrilhantar o nosso culto”. Por que? O culto não precisa ser
abrilhantado. O culto não é uma festinha de aniversário. É fácil de perceber
nos nossos dias uma confusão entre culto e festa. No Velho Testamento era mais
fácil de se ver a distinção, porque existiam festas litúrgicas e momentos de
adoração e sacrifício. Eram coisas diferentes. A festa era horizontal, era a
hora de se alegrar no Senhor. Todo mundo se alegrava. Esta era a hora dos
instrumentos, das danças, dos cânticos. Às vezes até no espaço do templo,
inclusive, mas eram festas. Mas o culto sacrificial, o sacrifício, nem alegre
era. Hoje temos misturado as coisas: Temos culto do pastor, culto do bebê,
culto de formatura, culto das mães. Isso nos parece, criar algumas dificuldades
para nós mesmos estabelecermos os limites. Até onde é “da mãe” e até onde “é de
Deus”? Como vamos preparar o programa do culto e o sermão?
OS BABILÔNIOS DE HOJE
Ouvimos muitas vezes
pastores dizerem: “a gente precisa manter os jovens na igreja, os cultos
precisam ser atraentes. Eu odeio essa música, mas tenho que deixar...” e quando
cantam, muitos falam: “ainda bem que eles estão aqui, não estão no mundo”. É
porque eles “estão aqui” que precisam fazer melhor que lá fora. Já houve uma
época na nossa história reformada em que a música que acontecia nas igrejas era
a melhor que se produzia naquele lugar. No séc. XVII, no séc. XVIII e no início
do séc. XIX, se alguém visitasse uma cidade européia e quisesse ver e ouvir o
que de melhor aquela população produzia, iria para a igreja. Lá havia a melhor
música e a melhor arquitetura. Os músicos da corte do palácio iam lá aprender
com os músicos da igreja. Havia uma romaria enorme até a cidade de Leipzig para
aprender com Bach. Bach passou 45 anos de sua vida trabalhando como
músico de uma única igreja (a igreja de St. Thomaz, em Leipzig). Sua obra
inteira foi S. D. G. (Soli Deo Glori). Ele assinava assim. Essa era a sua
finalidade; por isso ele fazia o melhor que podia, exatamente porque era para a
Glória de Deus. O músico do palácio podia fazer de qualquer jeito porque
fazia para ganhar dinheiro, era só para honrar o rei. Mas na igreja era o
melhor que se podia produzir porque era para Deus. Percebe-se que mudamos
radicalmente: estávamos na dianteira absoluta, e hoje isto mudou muito. Hoje
nós estamos desesperadamente correndo atrás da música secular, para imitá-la,
para ver se conseguimos manter o jovem dentro da igreja. É por isso que o povo
não se importa mais com o nosso cântico de Sião. Os babilônios queriam
ouvir o cântico de Sião, eram tocados em outros instrumentos, eram outros
cânticos que não era o deles. Os babilônios (as pessoas fora da igreja) de hoje
“não estão nem aí” com a nossa música. Hoje há várias rádios “gospel” tocando
música o dia inteiro e não tem diferença nenhuma das outras (no sentido do
estilo musical).
MÚSICAS BOAS E RUINS
Mas a música continua
tendo dois papéis no culto. O de impressão, de atmosfera, que ela já faz só com
o instrumental. Mas o seu papel central no culto é o de expressão – é subsidiar
o texto. E isso só acontece quando há um bom casamento entre os dois. Cada
elemento diferente da música mexe com uma parte diferente do nosso organismo e
isso faz com que sejamos integralmente atingidos, quer queiramos quer não, quer
estejamos ouvindo ou não, quer sejamos perfeitamente hábeis, auditivamente, ou
surdos completamente. A música consegue ser ouvida epidermicamente. A música
influencia pessoas completamente surdas e altera o seu comportamento. Se
delinear na mente de alguém a idéia de que estamos defendendo a música do
hinário em detrimento dos novos cânticos (corinhos), ou defendendo coral em
detrimento de conjunto, isso absolutamente não é verdade. Entendemos que
existem hoje, muitas músicas novas boas e muitas ruins. A maior parte ruim por
uma razão simples, porque elas ainda não foram filtradas pelo tempo; o tempo é
um ótimo filtro. No séc. XVII também foi produzida muita coisa ruim, mas foi
embora. Só ficaram as melhores. Existem muitas músicas novas boas sendo
produzidas e, por outro lado, nos nossos hinários, existem muitas músicas que
não são tão boas assim. Não é pelo fato de estarem no hinário que são boas.
Como líderes, temos obrigação de analisar cuidadosamente os textos das músicas
que estão nos hinários, dos hinos que vão ser cantados. Estamos, muitas vezes,
cantando coisas impressas nos hinários em que nem sempre acreditamos.
MÚSICA CERTA NO LUGAR CERTO
A nossa visão do que
seja a música incorporada no momento de culto é que haja, primeiro, um trabalho
muito consciente do líder na escolha do que vai se cantar; depois, aonde vai se
cantar.
Gostaríamos de
esclarecer um ponto em que a gente faz certa confusão. Existem hinos que são
herança dos séculos XVII e XVIII, alguns são de estilo coral; alguns desses
corais eram compostos e tinham cerca de 42, 43 e até 50 estrofes. Essas
estrofes eram cantadas de acordo com o período por que se passava naquele
momento. Por exemplo, se era uma época de Natal, cantava-se o trecho do hino
que falava sobre o Natal. Muitas vezes, muitos desses hinos, são hinos que
contam todo o plano da salvação. Esses hinos não foram compostos para ser
cantados inteiros. Se você pegar o saltério de Genebra, por exemplo, que era o
hinário de Calvino, ou o cancioneiro de Witemberg, de Lutero, vai encontrar
muitos desses hinos. No saltério de Genebra vai encontrar o Salmo 119,
inteirinho. Ninguém o cantava inteiro, evidentemente.
Cantavam-se trechos
dos hinos, os trechos que tinham mais a ver com aquele momento de culto.
Perdemos um pouco disso a partir do momento em que se passou a ter uma nova
visão do hino: o hino apenas como subsídio musical do culto; canta-se o hino
sem se preocupar com a letra. Se o culto está muito longo e o hino tem quatro
estrofes e o coro, cantamos a primeira, a segunda e a última. Nunca a terceira.
Mas às vezes a última começa com um “então”. “Então”, por que? Porque é a
continuação da terceira. A nossa proposta é que cantemos as estrofes que
servirem para aquele momento de culto. Pode até ser somente a terceira, se for
a estrofe que sirva para aquele momento. Evidentemente, há hinos que não têm
como ser partidos. Eles têm começo, meio e fim. Mas há muitos que são
absolutamente compartimentados, eles foram pensados assim, para serem usados
compartimentados. Vocês devem estar percebendo que isso exige trabalho e uma
leitura cuidadosa.
PARÊNTESE NO CULTO
Quando começarmos a
excluir isso, as coisas ganharão uma nova dimensão. Por exemplo, quando o grupo
de jovens deixar de ser parêntese de culto. Por que é parêntese? Começa o
culto, faz-se a leitura, e então passa-se ao momento de louvor. Abre-se o
parêntese: o grupo vai para frente, afina os instrumentos e dirige o louvor.
Canta-se uma vez uma música com todos, depois só as mulheres, então só os
homens, explica-se o que o Espírito Santo faz na vida do crente; depois mais um
cântico, mais um, outro mais.
Quarenta minutos
depois, todo mundo em pé, fecha-se o parêntese e o dirigente diz: “agora vamos
continuar o nosso culto...”. Esse é um grande erro, e é recente em nossa
história cúltica. Quando nós todos éramos crianças, não havia isso. Isso
começou a acontecer no final do séc. XIX, quando algumas denominações
enfatizaram tremendamente o acampamento de jovens. Nasceu daí uma música especial
para esses tipos de reuniões; chamados corinhos; mas a força maior surgiu, na
verdade, nos anos 80, quando os acampamentos reuniam uma quantia muito grande
de jovens e para esses acampamentos compunham-se e cantavam-se determinado tipo
de música que não tinha nada a ver com a música que se cantava regularmente nas
igrejas. Esses jovens passavam lá, um final de semana e quando chegavam na
igreja queriam, com a maior das boas intenções, trazer aquela atmosfera, aquilo
que sentiram lá no acampamento e a música que aprenderam e cantaram lá. Nessa
mesma época, as nossas igrejas não estavam aparelhadas para oferecer um tipo de
música alternativa de boa qualidade para os jovens.
MÚSICA SACRA OU PROFANA?
A geração dos anos 10
e 20, ou parte dela foram convertidas ainda pelos primeiros missionários ou,
quando não, pelos herdeiros dessa conversão. Essa geração, e a geração que veio
imediatamente depois foi uma geração conversionista, ou seja, convertida, isto
é, os nossos avós que freqüentavam a igreja evangélica, já tinham sido
católicos antes de se converterem. Quando eles se converteram, cantaram um tipo
de canção completamente diferente de tudo que eles tinham ouvido até então.
Quando os nossos avós cantaram os hinos dos Salmos e Hinos (o primeiro
hinário traduzido integralmente), eles se consideravam cantando música
absolutamente sacra, porque aqueles sons nunca haviam sido ouvidos antes. Não
interessa se era, até mesmo, uma música de bar americano. Aqui é um terreno
complicado porque toca mesmo no que é música sacra e o que não é música sacra.
Modernamente, definimos música sacra para um grupo; é impossível definição de
música sacra genérica, por uma razão muito simples: o sacro, na verdade, aquilo
que é verdadeiramente aceito por Deus, não tem nada a ver com a qualidade dos
sons; tem a ver com o coração e lábios limpos, tem a ver com o cantante, e com
Deus.
O estilo que está
soando no espaço é mais ou menos convencional para um grupo de pessoas, isto é,
se é sacro ou não para aquelas pessoas que estão ali. Cuíca é um instrumento
sacro ou profano, na sua cabeça? Profano! Por que? Porque associamos com
o carnaval. Agora, leva essa cuíca para o Tibet, converta os tibetanos e diz a
eles que esse instrumento vai iniciar todos os Cultos ao Senhor. “Esse som vai
ser o introdutório do culto”. Pronto, a partir de então, aquilo lá vai ser o
som santo por excelência, sacro por excelência. A cuíca não é menos santa do
que o violino. O violino é feito de madeira, tripa e metal. A cuíca é feita de
madeira, pele e metal. “Igualzinho”. Materialmente, não há diferença. Portanto,
temos que pensar o que vale para as músicas. Temos ouvido muito isto: algumas
igrejas cantavam “passarinhos, belas flores”, (hoje já não canta mais), isso
era música de bar americano. Era mesmo, só que ninguém sabia que era. Aquele
som nunca havia sido ouvido aqui; aquele tipo de melodia foi identificado pelos
nossos avós, bisavós, como música sacra. Por que? Porque ela era diferente da
que eles cantavam nos bailinhos de final de semana, ou na igreja católica que
eles freqüentavam. É exatamente isso que hoje é usado como critério para
definir, para um grupo sócio-cultural, o que é música sacra: é diferente da
música que aquele grupo conhece, fora do templo.
Esta é a primeira
característica de música sacra, naquele momento histórico. A segunda é que ela
é, basicamente, acompanhamento para a Palavra. Quando eles cantavam aquele tipo
de música aquilo era, para eles, música sacra. Pode ser que para os nossos dias
não seja mais. Quando o coro ou a congregação canta um hino, muitos se sentem
elevados com essa música sacra. Certa vez uma família alemã que veio passar
férias no Brasil e foi a uma igreja, e o coro levantou e começou a cantar um
hino, eles ficaram assombrados, porque esse era o hino nacional alemão, que
Hitler obrigava todo mundo a aprender. Mas isso não quer dizer que a melodia
que está lá é ruim. Era Haydn, uma maravilha. Mas quando ficamos sabendo da sua
raiz, então complica. Outro exemplo é o hino “Grande é Jeová”. Quer música mais
sacra que esta? Mas isso é Tannhäuser, uma ópera de Wagner, e nessa ópera, o
cavaleiro rapta a princesa da torre, com nem um pouco de boas intenções, bota-a
debaixo do braço e vai embora. O mesmo acontece com o “Largo” de Handel que
todo solista gosta de cantar. Quer coisa mais santa? Só que aqui é o rei
Xerxes, embaixo da macieira, olhando a pessoa que iria conquistar e agradecendo
a sombra da macieira.
Isto não é sacro
(estamos falando da melodia e não da letra da música). Percebe-se, portanto,
que essa é uma questão muito complicada e elas só são resolvidas exatamente
assim: música sacra é aquela, para aquele grupo sócio-cultural, diferente da
sua secular, ou seja, a música sacra é a diferente da que, naquele momento, é
secular.
MÚSICA DE IMITAÇÃO
Será que a nossa
música tem que ser uma imitação da música secular? Não! Será que, então,
estamos defendendo aqui que devemos cantar somente os velhos hinos dos
hinários? Também não. Será que estamos dizendo que os jovens não têm
participação no culto? Também não. Gostaríamos muito de ver outra vez a música
da igreja liderando o movimento cultural, que ela fosse melhor e nitidamente
melhor.
Isso não é
impossível. Temos visto isso acontecer em outros lugares, não no Brasil. Nós,
infelizmente, no Brasil, tivemos uma censura, uma lacuna muito grande. Quando
os jovens procuravam por uma coisa nova não tinham isso sendo fornecido. A
geração dos anos 30 cantou os hinos do hinário sem problemas; a dos anos 40,
também, mas já cantou um ou outro corinho; a dos anos 50 cantou mais corinhos;
a dos anos 60, só cantava corinhos; a dos 70 não quer cantar nada que não sejam
as músicas novas. Por que? Porque quando a geração dos anos 50 e 60 procurou
alguma coisa, não encontrou; os músicos sacros; se haviam, estavam calados; não
havia ninguém compondo hinos, que pudesse ao lado do hinário, parecer como uma
alternativa boa. Porque é muito fácil a gente falar para o jovem: “isso é uma
droga”. Difícil é falar: “isso é melhor que isso” e fazê-lo sentir que é melhor
mesmo.
Temos visto muito nas
nossas igrejas pessoas falando assim: “O rock não pode”. “Por que?” “Porque
não”. “Mas por que não?”, “Porque é do diabo”. “Mas por que é do diabo?”
“Porque é”. Isso é resposta? “Esse tipo de música não pode por causa disso,
disso, e disso”; “porque tem uma outra muito melhor, ouça”. Onde está essa
parte? Não é só criticar: “esse conjunto de jovens é uma droga”. É mesmo,
muitas vezes, mas onde está um melhor? Falta mostrar como fazer melhor, como
fazer diferente. Pegar essa criatividade que está ai e multiplicar isso. Se for
verdade que nos últimos anos a produção de música nacional sacra não esteve
muito boa, para oferecer uma alternativa satisfatória, quem sabe os próximos
anos serão melhores. A geração passada quando quis cantar coisas novas não
encontrou nada. Ou cantava as coisas velhas ou importava. E importou, num
primeiro momento, dos Estados Unidos nem sempre as melhores coisas; num segundo
momento imitou aquela música. Nas primeiras gravações de grupos alternativos
jovens no Brasil, você tem música americana, autenticamente americana,
traduzida para o português. Música jovem americana. Num segundo momento, música
escrita no Brasil por eles mesmos, mas imitando o estilo que havia sido
importado. Num terceiro momento, nacionalismo exacerbado; que condena tudo o
que é importado e surgem os grupos superalternativos, proclamando que tudo que
vinha de fora, em princípio, não prestava; a gente tinha que fazer uma coisa
que fosse só nossa. É ai que se esbarrava num problema sério: de convencer o
pessoal do Sul a cantar baião; isto é uma loucura, porque aquilo não era deles
na verdade. Nós estamos tão fragmentados nessa questão cultural, que para o
pessoal do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o coral alemão era muito mais
música deles do que baião.
BOA PERGUNTA: E AGORA, O QUE A GENTE FAZ DOMINGO QUE VEM?
A primeira coisa: já
vai melhorar muito quando lermos os textos dos hinos (seja dos hinários ou
corinhos) cuidadosamente, e isso não é fácil de fazer: ler o texto criticamente
quer seja um dos novos ou do hinário. É muito difícil porque: primeiro, quando
lemos um hino impresso, lemos com respeito, pois consideramos uma palavra “meio
inspirada”; temos dificuldade em criticar, ainda que esteja péssimo em
linguagem e Teologia; a segunda dificuldade que temos em relação aos hinos é
que muitos deles nos acompanham há muito tempo, então, estamos muito ligados
emocionalmente a eles. Temos uma ligação emocional que não nos permite ser
racionais, muitas vezes, para fazer uma análise honesta daquele texto. Se conseguirmos
fazer isto seriamente, sempre, tanto com os hinos do hinário como com os novos,
num primeiro momento; e, num segundo momento, feito esta seleção, encontrarmos
o lugar “certo” deles acontecerem; e ao invés de um pacote de 40 minutos de
música, usaremos dentre aquelas 6, 7, ou 8 músicas selecionadas, aquela certa
para o momento certo, então o nosso culto passa a ter coerência e as pessoas
começam a ter a sensação de começo, meio e fim. E isso já melhora no domingo
que vem!
E depois, entendemos que a função dos líderes
nas igrejas tem que ser despertar nas pessoas vocacionadas para a música o
senso de responsabilidade de que estão fazendo uma coisa muito séria. Descobrir
essas pessoas e levá-las para frente. Para frente não quer dizer para frente da
igreja, para tocar. Quer dizer: “levá-las a aprender”. Ninguém tem mais
desculpas de que não tem onde aprender. Há cursos ótimos, professores ótimos,
em muitos lugares. É preciso resgatar a importância de se aprender música, que
se perdeu na nossa cultura.
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