FACULDADE DE TEOLOGIA TESTEMUNHAS HOJE
CURSO LIVRE
ANGELOLOGIA
CONCEITO
GERAL DE ANGELOLOGIA
Ao
nosso redor há um mundo espiritual poderoso, populoso e de recursos superiores
ao nosso mundo visível. Bons e Maus espíritos passam em nosso meio, de um lugar
para o outro, com grande rapidez e movimentos imperceptíveis. Alguns desses
espíritos se interessam pelo nosso bem estar, outros porém, estão empenhados em
fazer-nos o mal. Muitas pessoas questionam se existem realmente tais espíritos
ou seres, quem são, onde se encontram e o que fazem.
A
palavra de Deus é a única fonte de informação que merece confiança, e que
possui respostas para estas perguntas. Ela deixa claro que há outra classe de
seres superiores ao homem. Esses seres habitam nos céus e formam os exércitos
celestiais, a inumerável companhia dos servos invisíveis de Deus. Esses são os
anjos de Deus, os quais estão sujeitos ao governo divino, e o importante papel
que têm desempenhado na história da humanidade torna-os merecedores de
referência especial. Existem também aqueles, pertencentes a mesma classe de
seres, que anteriormente foram servos de Deus mas que agora se encontram em
atitude de rebelião contra seu governo.
A
doutrina dos anjos segue logicamente a doutrina de Deus, pois os anjos são
fundamentalmente os ministros da providência de Deus. Essa doutrina permite-nos
conhecer a origem, existência, natureza, queda, classificação, obra e destino
dos anjos.
A
doutrina dos anjos é fundamentalmente o estudo dos ministros da providência de
Deus (são os agentes especiais de Deus). Como em toda doutrina, há uma
negligência muito grande desta, nas igrejas e entre os teólogos, que chega a
ser verdadeira rejeição. Considerado pelos estudiosos contemporâneos como a
mais notável e difícil das matérias, por isso tem sido marco da implantação de
grandes seitas e heresias, do mundo atual.
Três
aspectos de negligência desta doutrina
Primeiro.
Desde o princípio do cristianismo, os gnósticos prestavam adoração aos anjos
(Cl 2.18); depois então, na Idade Média, com as crenças absurdas dos rituais de
bruxarias envolvendo culto aos anjos,
e agora em
nossos dias, os
estudos cabalísticos
personalizados no meio esotérico e místico, ensinam novamente o culto aos
anjos, por meio de bruxos sofisticados e modernos. Sabendo que antes de tudo, a
existência e ministério dos anjos são fartamente ensinados nas Escrituras, por
isso, não podemos negligenciar os ensinamentos sagrados.
Segundo.
A evidência de possessão demoníaca e adoração a demônios de forma veemente em
nossos dias. O apóstolo Paulo parece travar grande luta com a grande idolatria
que considerava adoração a demônios (1Co 10.19-21). Nos últimos dias, esta
adoração aos demônios e a ídolos deve aumentar bastante (Ap 9.20-21). A
negligência deixa de existir para dar lugar à um crescente pensamento sobre o
assunto, especialmente do lado do mal. Não podemos negligenciar tal doutrina.
Terceiro.
A prática acentuada do espiritismo que crescerá assustadoramente nos últimos
dias, conduzindo homens, mulheres e crianças a profundos caminhos de trevas e
cegueira espiritual (1Tm 4.1-2). E ainda a obra de satanás e dos espíritos
maléficos, atrapalhando o progresso da graça em nossos próprios corações e a
obra de Deus no mundo (Ef 6.12).
Deveríamos
querer saber mais e mais dos ensinamentos sagrados para podermos estar firmes
contra as astutas ciladas deste inimigo derrotado, Satanás, o anjo caído (Rm
16.20; Ap 12.7-9; 20.1-10).
1 - A DOUTRINA SECULAR
ACERCA DOS ANJOS
1.1. Histórias nas
sociedades
Histórias
seculares, histórias religiosas e a arqueologia mostram que quase todas as
culturas do mundo aceitam a existência de seres sobrenaturais. Muitas
sociedades não faziam nenhuma distinção entre seres bons e maus. Os egípcios
antigos acreditavam que seres sobrenaturais controlavam todas as fases da vida.
O mesmo acontecia na Pérsia, Babilônia e Índia. Apesar de ser uma cultura
inteiramente voltada para a filosofia e idéias humanísticas, os gregos antigos
acreditavam em espíritos, e a adoração dos mesmos fazia parte de sua vida
diária.
Os
romanos absorveram grande parte de outras religiões em sua própria, isto é,
eles faziam isso quando as outras religiões eram politeístas. Eles simplesmente
acrescentavam deuses ao seu panteão.
Geddes
MacGregor escreveu no seu livro (Anjos, Ministros da Graça): “...da
Escandinávia ao Irã, da Irlanda à América do Sul, o folclore popular é repleto
de alusões a espíritos tão elementares...que foram trazidos do folclore antigo
dos celtas, escandinavos, teutônicos e outras culturas”. Mesmo nas culturas
mais orientais, como da China, Japão e Coréia, anjos e/ou demônios eram parte
integrante de suas religiões, embora muitas vezes esses seres fossem chamados
deuses. No extremo oriente, os espíritos eram considerados como seres humanos
mortos resultando na adoração de ancestrais e mesmo na adoração direta a anjos
ou demônios.
Certo
teólogo, de nome Alexander Hislop, fez um trabalho monumental no final do
século XVIII ao traçar conexões entre todas as religiões antigas. Ele comparou
a crença e adoração de seres sobrenaturais de nação em nação e de religião em
religião. Seu relatório dá maior evidência ao fato de que algo aconteceu
em algum lugar nos tempos antigos envolvendo o
relacionamento entre os reinos natural e sobrenatural. O que quer que tenha
sido, ainda influencia muitas pessoas em nossos dias.
1.2. Os Anjos no decurso da
história
Nas
tradições pagãs (algumas das quais influenciaram os judeus de tempos
posteriores), os anjos eram, às vezes, considerados divinos, e outras vezes,
fenômenos naturais. Eram seres que faziam boas ações em favor das pessoas, ou
eram as próprias pessoas que praticavam o bem; tal confusão está refletida no
fato de que tanto a palavra hebraica “mal'ãkh”, quanto a grega “angelos” têm
dois sentidos. O significado básico de cada uma delas é “mensageiro”. Mas este
mensageiro, (dependendo do contexto) pode ser um mensageiro humano comum, ou um
mensageiro celestial, um anjo.
Alguns,
com base na teoria da evolução, fazem a idéia de anjos remontar ao início da
civilização. “O conceito de anjos pode ter evoluído dos tempos pré-históricos
quando, então, os seres humanos primitivos emergiram das cavernas e começaram a
erguer os olhos aos céus... A voz de Deus já não era a rosnada da floresta, mas
o estrondo do céu”. Segundo essa teoria, desenvolveu-se um conceito de anjos
que servissem à humanidade como mediadores de Deus. O conhecimento genuíno dos
anjos, no entanto, veio somente através da Revelação Divina.
1.3. Na visão da mitologia
Posteriormente, os assírios
e os gregos deram asas a alguns desses seres semidivinos. Hermes tinha asas nos
calcanhares. Eros, “o espírito voador do amor apaixonado”, tinha asas afixadas
aos ombros. Num tom bastante divertido, os romanos inventaram Cupido, “o deus
do amor erótico”, retratado como um garoto brincalhão que atirava flechas
invisíveis para encorajar romances. Platão (cerca de 427- 347 a.C.) também
falava de “anjos da guarda”. As Escrituras Hebraicas atribuem nomes a somente
dois anjos: Gabriel, que iluminou o entendimento de Daniel (Dn 9.21-27), e o arcanjo Miguel, o protetor
de Israel (Dn 12.1).
O livro apócrifo de Tobias
(200-250 a.C.), porém, inventou um arcanjo chamado Rafael que, repetidas vezes,
ajudou Tobias em situações difíceis. Realmente, só existe um arcanjo (anjo
principal), que é Miguel (Jd 9). Mais tarde, Filo (20 a.C. à 42 d.C.), o
filósofo judaico de Alexandria, no Egito, retratou os anjos como mediadores
entre Deus e a raça humana. Os anjos, criaturas subordinadas, habitavam nos
ares como “os servos dos poderes de Deus. Eram almas incorpóreas sendo
totalmente inteligentes em tudo e possuindo pensamentos puros”.
1.4. Nos primeiros séculos
do cristianismo
Durante o período do Novo
Testamento, os fariseus acreditavam que os anjos fossem seres sobrenaturais
que, freqüentemente, comunicavam a vontade de Deus (At 23.8). Os saduceus,
todavia, influenciados pela filosofia grega, diziam: “não há ressurreição, nem
anjo, nem espírito” (At 23.8). Para eles, os anjos não passavam de “bons
pensamentos e intenções” do coração humano.
Nos primeiros séculos depois
de Cristo, os pais da igreja pouco disseram a respeito dos anjos. A maior parte
de sua atenção era dedicada a outros assuntos referente à natureza de Cristo.
Mesmo assim, todos eles acreditavam na existência dos anjos.
a) Inácio de Antioquia, um
dos primeiros pais da igreja, acreditava que a salvação dos anjos dependia do
sangue de Cristo;
b) Orígenes (182 - 251 d.C.)
declarou a impecabilidade dos anjos, afirmando que, se foi possível a queda de
um anjo, talvez seja possível a salvação de um demônio. Semelhante
posicionamento acabou por ser rejeitado pelos concílios eclesiásticos;
c) Já em 400 d.C., Jerônimo
(347 - 420 d.C.) acreditava que anjos da guarda eram dados aos seres humanos
quando do nascimento destes;
d) Posteriormente, Pedro
Lombardo (100 - 160 d.C.) acrescentou que um único anjo podia guardar muitas
pessoas de uma só vez;
e) Dionísio, o Areopagita, (500 d.C.) contribuiu
notavelmente para o estudo dos anjos. Ele retratou o anjo como “uma imagem de
Deus, uma manifestação da luz oculta, um espelho puro, brilhante, sem defeito,
nem impureza, ou mancha”;
f) Semelhantemente Irineu, quatro séculos antes
(130 - 195 d.C.), também construiu hipóteses a respeito de uma hierarquia
angelical;
g) Depois, Gregório Magno
(540-604 d.C.) atribuiu aos anjos corpos celestiais.
1.5. Perguntas sem respostas
Ao raiar do século XIII, os
anjos passaram a ser assunto de muita especulação. O teólogo italiano Tomás de
Aquino (1.225 - 1.274 d.C.) formulou perguntas mui relevantes a respeito. Sete
das suas 118 conjeturas sondavam as seguintes áreas:
a) De que se compõe o corpo
de um anjo? Há mais de uma espécie de anjo?
b) Quando os anjos assumem a
forma humana, exercem funções vitais do corpo?
c) Os anjos sabem quando é
manhã e quando é entardecer?
d) Conseguem entender muitos
pensamentos ao mesmo tempo?
e) Conhecem nossas intenções secretas?
f) Têm capacidade de falar uns com os outros?
1.6. Pintados e cultuados
Mais descritivos foram os
retratos pintados pelos renascentistas; representavam os anjos como “figuras
varonis ... crianças tocando harpas e trombetas, bem diferentes de Miguel, o
arcanjo. Retratos pintados com péssimo gosto como “cupidinhos gorduchinhos”,
com muito colesterol, vestidos com pouca roupa, estrategicamente colocados,
essas criaturas eram freqüentemente usadas como friso artístico. O cristianismo
medieval assimilou a massa de especulações, e, como conseqüência, começou a
incluir a adoração aos anjos em suas liturgias, essa aberração continuou
crescendo, levando o Papa Clemente X (1670 - 1676 d.C.) a decretar uma festa em
homenagem aos anjos.
1.7. Calvino e Lutero
A despeito dos excessos
católicos romanos, o Cristianismo Reformado continuou a ensinar que os anjos
ajudam o povo de Deus.
a) João Calvino (1509 - 1564
d.C.) acreditava que “os anjos são despenseiros e administradores da
beneficência de Deus para conosco... Mantêm a vigília, visando a nossa
segurança; tomam a seu encargo a nossa defesa; dirigem os nossos caminhos, e
zelam para que nenhum mal nos aconteça”.
b) Martinho Lutero (1483 -
1546 d.C.) em “Conversas à Mesa”, falou em termos semelhantes. Observou como
esses seres espirituais, criados por Deus, servem à Igreja e ao Reino. Eles
ficam mui perto de Deus e do cristão. “Estão em pé diante da face do Pai, perto
do sol, mas sem esforço vêm rapidamente socorrer-nos”.
1.8. Pós-reforma
Na Era do Racionalismo
(cerca de 1800 d.C.), surgiram graves dúvidas contra a existência do
sobrenatural; os ensinamentos historicamente aceitos pela Igreja começaram a
ser reexaminados. Como conseqüência, alguns céticos resolveram chamar os anjos
“personificações de energias divinas, ou princípios bons e maus, ou doenças e
influências naturais”.
Já em 1918, alguns eruditos
judaicos começaram a ecoar a voz liberal, afirmando que os anjos não eram
reais, pois desnecessários. “Um mundo de leis e de processos não precisa de uma
escada viva para levar-nos da Terra até Deus, nas alturas”. Isso não abalou a
fé dos evangélicos conservadores que continuam a confirmar a validade dos
anjos.
1.9. O Consenso do cenário
moderno
a) Foi talvez o teólogo liberal Paul Tillich
(1886 - 1965) quem postulou o conceito mais radical do período moderno.
Considerava os anjos essências platônicas: emanações da parte de Deus.
Acreditava que os anjos queriam voltar à essência divina da qual surgiram para
serem iguais a Deus. Tillich aconselhava: “Para interpretar o conceito dos
anjos de modo relevante, hoje, interprete-os como as essências platônicas, como
os poderes da existência, e não como seres especiais. Se você interpretá-los
desta última maneira, tudo não passará de grosseira mitologia”.
b) Karl Barth (1886 - 1968)
e Miliard Erickson (1932), entretanto, encorajavam uma abordagem mais cautelosa
e sadia. Barth, o pai da neo-ortodoxia, achava ser o assunto “o mais notável e
difícil de todos”. Reconhecia o enigma do intérprete: Como “avançar sem ser
precipitado”; estar “ao mesmo tempo aberto e cauteloso, crítico e ingênuo,
perspicaz e modesto?”
c) Erickson, teólogo
conservador, acrescentou que poderíamos ser tentados a omitir, ou negligenciar,
o estudo dos anjos, porém “se é para sermos estudiosos fiéis da Bíblia, não
temos outra escolha senão falar a respeito deles”.
2 - A DOUTRINA BÍBLICA
DOS ANJOS
2.1. Preâmbulo
Muito se tem escrito no
mundo secular e religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoas
espiritualmente carentes e supersticiosas, induzindo-as à conceituações erradas
e falsas sobre o mundo espiritual. Nesta disciplina, procuraremos aclarar a
verdade e a realidade do assunto segundo a revelação feita pela Bíblia Sagrada.
Não poucas passagens das Escrituras ensinam que há uma ordem de seres
celestiais totalmente distintos da humanidade e da Divindade, que ocupam uma
posição exaltada acima da atual posição do homem caído. Estes seres celestiais
são mencionados pelo menos 108 vezes no Antigo Testamento e 165 vezes no Novo
Testamento, e a partir deste conjunto de Escrituras o estudante pode criar a
sua “doutrina dos Anjos”.
2.2. Etimologia e conceito
do termo
A palavra portuguesa anjo possui origem no latim angelus, que por sua vez deriva-se do
grego angelos. No idioma hebraico,
temos mal'ãk. Seu significado básico é “mensageiro” (para designar a idéia de
ofício de mensageiro). O grego clássico emprega o termo angelos para o mensageiro, o embaixador em assuntos humanos, que
fala e age no lugar daquele que o enviou.
No Antigo Testamento , onde
o termo mal'ãk ocorre 108 vezes, os anjos aparecem como seres celestiais, membros da corte de
Yahweh, que servem e louvam a Ele (Ne
9.6; Jó 1.6), são espíritos ministradores
(1Rs 19.5), transmitem a vontade de Deus
(Dn 8.16,17)), obedecem a vontade
de Deus (Sl 103.20), executam os propósitos de Deus (Nm
22.22), e celebram os louvores de Deus
(Jó 38.7; Sl 148.2).
No Novo Testamento, onde a
palavra angelos aparece por 175 vezes, os anjos aparecem como representativos
do mundo celestial e mensageiros de Deus. Funções semelhantes às do Antigo
Testamento são atribuídas a eles, tais como: servem e louvam a Cristo (Fp
2.9-11; Hb 1.6), são
espíritos ministradores (Lc 16.22; At 12.7-11; Hb
1.7,14), transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; At 8.26),
obedecem a vontade dEle (Mt 6.10), executam os Seus
propósitos (Mt 13.39-42), e celebram os louvores de Cristo
(Lc 2.13,14). Ali, os anjos estão vinculados a eventos especiais, tais como: a
concepção de Cristo (Mt 1.20,21), Seu
nascimento (Lc 2.10-12), Sua
ressurreição (Mt 28.5,7) e Sua ascensão e Segunda Vinda (At 1.11).
O termo teológico apropriado
para esse estudo que ora iniciamos é Angelologia (do grego angelos, “anjo” e
logia, “estudo”, “dissertação”). Angelologia se constitui, portanto, de
doutrina específica dentro do contexto daquilo que denominados
de Teologia Sistemática, a qual se ocupa em estudar a existência, as
características, natureza moral e atividades dos anjos.
Quando consideramos os
anjos, como nas outras doutrinas, existe campo para o uso da razão.
Considerando que Deus é Espírito (Jo 4.24), que não participa de maneira
nenhuma dos elementos materiais, é natural presumir que existem seres criados
que se assemelham mais com Deus do que com as criaturas terrestres que combinam
o elemento material com o imaterial. Há um reino material, um reino animal e um
reino humano; assim, podemos presumir que há um reino angélico ou espiritual.
Contudo, a Angelologia não repousa sobre a razão ou a suposição, mas sobre a
“Revelação”.
2.3. Variedade dos termos
aplicados aos anjos
Os termos genéricos usados
para anjos, geralmente indicam sua atribuição ou função. Relacionamos abaixo alguns
destes termos encontrados nas Sagradas Escrituras:
a) Leitourgos (grego) e Mishrathim
(hebraico): algumas vezes usadas com o significado de “anjos”, são palavras
para “servo” ou “ministro”.
b) Hoste: É a palavra hebraica “sava”.
Essa palavra se estende a toda formação do exército celestial de Deus - uma
força militar que luta as batalhas e cumprem a vontade de Deus. (Lc 2.13; Ef
6.12; Hb 12.22).
c) Espíritos (Hb 1.14).
d) Vigias: Como em Dn 4.13,17, define anjos como supervisores e
agentes de serviço de Deus nos assuntos do mundo. Talvez nessa classe de anjos
estejam os que tomam decisões e executam os mandamentos de Deus na Terra.
e) Bene Elim: Ou “filhos poderosos”, é traduzido por “poderosos” no SI
29.1. Essa é a descrição do grande poder dos anjos.
f) Bene Elohim: Ou “filhos de Deus”, define os anjos como uma
determinada classe de seres. Este termo inclui Satanás. (Jó 16; 2.1; Sl 29.1;
89.6).
g) Elohim: separadamente é algumas vezes aplicada aos anjos. Ela
retrata os anjos como uma classe de seres sobrenaturais, de força mais elevada
que a do homem. Quando os anjos apareceram a Jacó em Betel, o
termo usado é Elohim (Gn 35.7).
h) Estrelas: É o termo simbólico usado para os anjos, sugerindo que
sua habitação é os céus (Ap 12.4).
i) Um sacerdote (Ml 2.7). O sacerdote é chamado de mensageiro, “anjo”
do Senhor.
j) Santos (Sl 89.5-7).
k) Os seres celestiais (Sl 29.1; 89.6) têm esse título.
l) Um uso mais amplo ainda
inclui também a coluna de nuvem (Êx 14.19).
m) A pestilência (2Sm 24.16,17).
n) Os ventos (Sl 104.4).
o) E as pragas (Sl 78.49).
p) Paulo chamou seu espinho na carne de anjo, isto é,
“mensageiro de Satanás” (2Co 12.7; Gl 4.13,14).
q) Pastores da igreja (Ap 2.1,8,12). Os sete anjos das sete igrejas da
Ásia Menor podem ter sido os sete bispos dessas igrejas que visitaram João na
Ilha de Patmos.
r) Estrelas.
Jesus Cristo diz que tem na Sua mão as sete estrelas (Ap 1.20b). “... As sete
estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete castiçais, que viste, são as
sete igrejas.”
s) Principados,
poderes, tronos, dominações e autoridades (Cl 1.16; Rm 38; 1Co 15.24; Ef
6.12; Cl 2.15).
t) Congregação/ assembléia (Sl 89.6,7).
u) Os anjos são mensageiros
ou servidores celestiais de Deus (Hb 1.14). “Não são, porventura, todos eles
espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de
herdar a salvação”?
2.4. Deus é autor de todas
as coisas visíveis e invisíveis
O ponto de partida está na
declaração de que todas as coisas criadas foram feitas “segundo o propósito
daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11b).
Portanto, o relato da obra da criação no livro de Gênesis se constitui como o
princípio e a base de toda a revelação divina e, conseqüentemente, a base da
relação do homem com Deus. A Bíblia revela que o Deus Trino é o Autor da
criação (Gn 1.1; Is 40.12; 44.24; 45.12). O apóstolo Paulo destaca a Pessoa de
Jesus Cristo, na qualidade de criador, mas diz que “todas as coisas são de
Deus, o Pai” (1Co 8.6; Jo 1.3; Cl 1. 15-17). O Espírito Santo participa da obra
da criação em harmonia perfeita com o Pai e o Filho conforme indicam os textos
de Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.30; Is 40.12,13.
2.4.1. A obra da criação foi
feita por um ato livre da parte do criador
A Bíblia deixa claro que
Deus é auto-suficiente e não tem qualquer relação de dependência de nada e de
ninguém (Jó 22.3,13; At 17.25). Ao realizar a obra da criação, Ele o fez não
por necessidade, mas por sua soberana e livre vontade de fazer o que quer e o
que lhe apraz. Ora, a única dependência divina é a de sua própria e soberana
vontade. A Bíblia Sagrada refuta essa idéia e fortalece o fato de que “Deus fez
todas as coisas segundo o conselho da sua vontade” (Ef 1.11; Ap 4.11).
2.4.2. A obra da criação
teve um começo
A criação teve um princípio
tanto para as visíveis como para as invisíveis. A prova irrefutável do ponto de
vista bíblico está no primeiro versículo da Bíblia: “No princípio criou Deus os
céus e a terra” (Gn 1.1). A expressão “no princípio” no hebraico é bereshith, que literalmente significa
“começo”. O sentido da palavra é indefinido e sugere que a criação teve um
início, um começo (Sl 90.2; 102.25). Por essas Escrituras, entende-se que, num
momento específico, conforme sua soberana vontade, Deus criou a matéria e a
substância que antes nunca existiram. Quanto à existência do mundo espiritual,
o princípio é o mesmo estabelecido para a criação da matéria, pois Deus criou
tudo do nada.
2.4.3. A criação das coisas
materiais
A base dessa declaração está
na narrativa bíblica dos primeiros capítulos de Gênesis. Entretanto, a criação
material é imensa e abrange todo o sistema solar e outros sistemas existentes e
descobertos pelo homem. A extensão dos corpos celestes espalhados no espaço
sideral, fazendo parte da Via Láctea, com muitos sóis, planetas e satélites,
nos dá visão apenas limitada de toda a grandeza da criação material (Ne 9.6).
Na criação da terra, o
Criador formou a vida física numa combinação do imaterial com o material (Gn
1.11,20-22). Nesta ordem da criação são incluídos o homem, os animais nas mais
variadas espécies, além da vida vegetal. Há uma certa reciprocidade entre anjos
e homens como seres espirituais. Porém, é preciso distinguir ambas as criações,
porque os anjos são apenas seres espirituais e os homens são seres espirituais
e materiais. A vida dos anjos é apenas espiritual. A vida física foi criada
para propagar-se, por isso, os homens procriam e geram outros homens. A vida
dos anjos é única e eterna; não pode propagar-se, isto é, os anjos não
procriam.
2.4.4. A criação das coisas
espirituais
Ao responder aos
questionamentos do patriarca Jó, o Criador disse-lhe, de modo enfático e
poético que, quando este ainda nem havia nascido, nem o mundo material havia
sido criado, os seus anjos, que são espíritos criados por Ele, já estavam
presentes na criação do mundo material (Jó 38.1-7). Nesta Escritura, Deus
procura convencer a Jó que o Senhor é o Criador da terra e a rege com justiça e
que, ao criar o mundo material, as estrelas da alva alegremente cantavam, e todos
os filhos de Deus rejubilavam (Jó 38.7). Na linguagem figurada da Bíblia, tanto
“as estrelas da alva” quanto “os de Deus” são figuras dos seres espirituais
criados pelo Senhor.
2.5. A origem dos anjos
Dois fatos devem ser levados
em conta. O primeiro é que os anjos não existem desde a eternidade. Isto por um
lado é mostrado pelos versículos que falam de sua criação, Ne 9.6: “Tu fizeste
o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército” Sl 148.2,5: “Louvai-o todos os
seus anjos; louvai-o todas as suas legiões celestes... louvem o nome do Senhor,
pois mandou ele, e foram criados”. Por outro lado está subentendido na
declaração de 1Tm 6.16, onde afirma que Deus é “o único que possui
imortalidade”. O outro fato diz respeito a época de sua criação. Não é indicada
com precisão em parte alguma na Bíblia, contudo é mais provável que tenha se
dado juntamente com a criação dos céus em Gn 1.1. Pode ser que Deus os tenha
criado imediatamente após ter criado os céus e antes de ter criado a terra,
pois de acordo com Jó 38.4-7, “rejubilaram todos os filhos de Deus” quando Ele
lançava os fundamentos da terra.
2.5.1. Sua existência
A existência dos anjos é
claramente demonstrada pelo ensino, tanto do Antigo, quanto do Novo
Testamentos. São inúmeros os textos do Antigo Testamento que comprovam a
realidade da existência dos anjos. Queremos, no entanto, destacar apenas os que
se seguem: Gn 32.1,2; Jz 6.11ss; 1Rs 19.5; Ne 9.6; Jó 1.6; 2.1; Sl 68.17;
91.11; 104.4; Is 6.2,3; Dn 8.15-17; Nos textos alistados anteriormente, vemos os anjos em suas
funções principais de
servir e louvar a Yahweh, transmitir
as mensagens de Deus, obedecer A Sua vontade, executar a
vontade de Deus, e também como
guerreiros. No contexto do Novo Testamento, os anjos não são apresentados
simplesmente como “mensageiros de Deus”, mas também como “ministros aos
herdeiros da salvação” (Hb 1.14). Outrossim, a existência dos anjos é
apresentada de maneira inequívoca no Novo Testamento. Vejamos, por exemplo, os
textos a seguir: Mt 13.39; 13.41; 18.10; 26.53; Mc 8.38; Lc 22.43; Jo 1.51; Ef
1.21; Cl 1.16; 2Ts 1.7; Hb 1.13,14; 12.22; 1Pe 3.22; 2Pe 2.11; Jd 9; Ap 12.7;
22.8,9.
A Bíblia fala da
manifestação dos anjos na obra da criação do mundo físico (Jó 38.6,7). Eles
estavam presentes quando Moisés recebeu de Deus as tábuas da Lei (Hb 2.2); no
nascimento de Jesus (Lc 2.13); quando foram servir ao Senhor Jesus no deserto
da tentação (Mt 4.11); na ressurreição de Cristo (Mt 28.2; Lc 24.4,5); na
ascensão de Cristo (At 1.10). Outras manifestações podem ser listadas neste
ponto em toda a Bíblia. Sua manifestação é incorpórea; eles são seres
espirituais e morais, porque acima de tudo, são pessoas. A realidade dos anjos
se comprova mediante os atributos de personalidade que eles demonstram falando,
pensando, sentindo e decidindo. Muitas das suas manifestações são feitas
através de formas materiais inexistentes. Entretanto, os demônios, que são
anjos caídos da graça de Deus, incorporam em corpos de pessoas vivas ou de
animais, e por essas possessões materiais, se manifestam. Os anjos de Deus não
tomam outros corpos para se manifestarem, mas tomam formas de pessoas humanas
visíveis para se fazerem manifestos.
2.5.2. A origem dos anjos
A época de sua criação não é
indicada com precisão em parte alguma, mas é provável que tenha se dado
juntamente com a criação dos céus (Gn 1.1). Pode ser que tenham sido criados
por Deus imediatamente após a criação dos céus e antes da criação da terra,
pois de acordo com Jó 38.4-7, rejubilavam todos os filhos de Deus quando Ele
lançava os fundamentos da terra. Que os anjos não existem desde a eternidade é
mostrado pelos versículos que falam de sua criação (Ne 9.6, Sl 148.2,5; Cl
1.16). Embora não seja citado número definido na Bíblia, acredita-se que a
quantidade de anjos é muito grande (Dn 7.10; Mt 26.53; Hb 12.22).
2.5.3. O propósito da
criação
Os anjos foram criados para
darem glória, honra e ações de graça a Deus; para adorarem a Cristo (Hb 1.6);
para cumprirem os propósitos de Deus: proteção de Israel (Dn 12.1), luta contra
Satanás (Jd 9; Ap 12.7), anunciar a vinda de Cristo (1Ts 4.16), guardarem o
trono de Deus (Ez 10.1-4), se preocuparem com a adoração a Deus perante o Seu
Santo Trono (Is 6.2-7), assistirem a
Deus em sua obra Soberana (Cl 1.16; 2.10; Ef 1.21; 3.10).
2.6. Existem anjos bons e
anjos maus
Na criação original dos
anjos, não houve essa classificação entre bons e maus. A Bíblia declara que os
anjos foram criados no mesmo nível de justiça, bondade e santidade (2Pe 2.4; Jd
6). O que define entre bons e maus é o fato de que foram criados como seres
morais com livre-arbítrio, e daí, a liberdade de escolha consciente entre o bem
e o mal. A queda de Lúcifer deve-se a esta condição moral dos anjos (Is
14.12-16; Ez 28.12-19). A Bíblia fala acerca dos anjos que pecaram contra o
Criador e não guardaram a sua dignidade (2Pe 2.4; Jd 6; Jó 4.18-21). Aos anjos
que não pecaram e não seguiram a Lúcifer, Deus os exaltou e os confirmou em sua
posição celestial e para sempre estarão na sua presença, contemplando e
executando a vontade do Criador. São chamados de “anjos eleitos” (1Tm 5.21) e
evidentemente receberam graça suficiente para habilitá-los a manter sua posição
de perseverança, pela qual foram confirmados em sua condição e agora são
incapazes de pecar. São chamados também de “santos anjos” (2Co 11.14). Sempre
contemplam a face Deus (Lc 9.26), e tem vida imortal (Lc 20.36). Sua atividade
mais elevada é a adoração a Deus (Ne 9.6; Fp 2.9-11; Hb 1.6; Jó 38.7; Is 6.3;
Sl 103.20; 148.2 Ap 5.11).
2.7. O número de Anjos
Várias passagens das
Escrituras indicam que há um número muito grande de anjos (Dn 7.10; Mt 26.53;
Sl 68.17; Lc 2.13; Hb 12.22), e são repetidamente mencionados como exércitos
dos céus ou de Deus. No Getsêmani, Jesus disse a um discípulo que queria
defendê-los dos que vieram prendê-lo: “Acaso pensas que não posso rogar ao meu
pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos”? (Mt
26.53). Portanto, seu criador e mestre é descrito como “Senhor dos Exércitos”.
Outrossim, a quantidade
existente de anjos é única e incontável, porque desde que foram criados não
foram aumentados nem diminuídos. Eles não procriam e foram criados de uma vez
pelo poder da Palavra de Deus. A Bíblia utiliza expressões variadas para
designar “milhares de milhares”, “multidão dos exércitos celestiais”, “muitos
milhares de anjos” (Ap 5.11; Dn 7.10; Dt 33.2; Hb 12.22; Lc 2.13). É impossível
determinar o número de anjos porque é incontável e é o mesmo número em todos os
tempos, desde que foram criados (Sl 148.2-5).
3 - A NATUREZA DOS ANJOS
3.1. Não são seres humanos
glorificados
Em Mateus 22.30 está escrito
“que seremos como anjos”, mas não diz que seremos anjos. No futuro, os crentes
hão de julgar os anjos “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto
mais as coisas pertencentes a esta vida? (1Co 6.3). Embora havemos de julgar os
anjos maus, isso é diferente de dizer que seremos anjos. As “incontáveis hostes
de anjos” são diferenciadas dos “espíritos dos justos aperfeiçoados” (Hb
12.22,23).
3.2. Não são os filhos de
Deus em Gênesis seis
Os anjos são chamados
“Filhos de Deus” no Velho Testamento nas referências de Jó 1.6; 2.1; 38.7. Deve
ser observado, porém, que, apesar de serem assim chamados, os homens também o
foram (Lc 3.38; Jo 1.12; 1Jo 5.1-2). A palavra original é “Benai-Elohim” -
filhos de Deus.
Que os filhos de Deus se
refere aos anjos, neste texto de Gn 6, é a posição tomada por Josefo, Filo
Judeus e os autores do Livro de Enoque e do Testamento dos Doze Patriarcas. Era
a posição geralmente aceita pelos judeus eruditos dos primeiros séculos da era
cristã. A impressão que geraram “gigantes” foi da Septuaginta (LXX), que também
traduziu todos os manuscritos, substituindo “filhos de Deus” por “anjos de
Deus” em Gn 6; Jó 1.6 e 2.1, e por “meus anjos” em Jó 38.7.
“...Estes eram os valentes
que houve na antigüidade, os homens de fama” (Gn 6.4). Filhos do relacionamento
entre “os filhos de Deus” com as “filhas dos homens”. Esta é a definição
original dos textos da palavra de Deus e não “NEFILINS”, que encontramos em alguns
textos traduzido e não confiáveis, conforme The Theological Workbook of the Old
Testament, por Harris, Archer e Waltke.
3.2.1. Teoria equivocada de
que os “filhos de Deus” eram anjos
a) As referências de Jó 1.6;
2.1; 38.7.
b) A relação anormal produziu
gigantes impiedosos.
c) Anjos podem aparecer como
homens (Gn 19.1,5); ou em homens (Mc 1.23-26; Mc 5.13). O Dr. Henry Morris diz:
“Os filhos de Deus e as filhas dos homens são homens e mulheres, mas foram
possessos por demônios”.
d) Em Mt 22.30, o Senhor
estava apenas explicando que os anjos não se reproduzem como os humanos. Não há
prova que os anjos não têm sexo. Nos originais, a palavra anjos, sempre é no
gênero masculino. Alguém explica que os anjos não se reproduzem porque não
existe “anjas”.
e) As referências associadas
com Judas 6; 1Pd 3.8-20; 2Pd 2.4-6.
f) Esta teoria foi
assegurada por historiadores como Josefo e Plínio.
g) Os livros apócrifos (3
deles), asseguram esta posição.
h) É considerado que houve duas quedas dos
anjos, uma quando Satanás liderou a rebelião, antes da queda do homem e outra
em Gn 6 (teoria defendida por Clarence Larkin).
3.2.2. Teoria de que os
“filhos de Deus” não eram os anjos e sim os descendentes de Sete
Em Gênesis 6 encontramos a
corrupção geral do gênero humano bem como
um protesto de Deus contra os casamentos entre os da linhagem reta de
Sete e os da linhagem ímpia de Caim. Eis o texto: v.1 “E aconteceu que, como os
homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram
filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e
tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então, disse o SENHOR: Não
contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne;
porém os seus dias serão cento e vinte anos”.
Esses filhos de Deus, sem
dúvida, não eram anjos como teorizam alguns, mas, descendentes da linhagem
piedosa de Sete (Dt 14.1; Sl 73.15; Os 1.10); eles deram início aos casamentos
mistos com as filhas dos homens, isto é, mulheres da família ímpia de Caim. A
teoria de que os filhos de Deus eram anjos, não subsiste ante as palavras de
Jesus, que os anjos não se casam (Mt 22.30; Mc 12.25). Essa união entre os
justos e os ímpios levou à maldade do versículo 5, isto é, os justos passaram a
uma vivência iníqua. Como resultado, a terra corrompeu-se e encheu-se de
violência. Observemos alguns pontos que invalidam a teoria de que os filhos de
Deus neste eram anjos:
a) Se anjos de fato se
relacionam sexualmente com mulheres, este é um prodígio espetacular da história
que viola as normas da natureza, e não há nada na Bíblia que diga que anjos têm
poderes sexuais.
b) Em Gn 6, encontramos em
seu contexto a seqüência do termo “homem”, vv 1,2,3.
c) A distinção entre os
“filhos de Deus” e Satanás nos textos de Jó 1.6; 2.1 de modo que, claramente
entendemos que o título “filhos de Deus” não se refere aos anjos caídos.
d) Se esta relação entre
anjos e mulheres gerou os “nefilins-gigantes”, como se explica a presença
destes, antes deste ato, e depois do dilúvio em Nm 13.33?
e) A linguagem de Gn 6.2 é
normal para expressar relação entre humanos.
f) Os textos do Novo
Testamento não provam que são anjos: (a) 1Pd 3.18-20 não menciona nada sobre
estes “espíritos em prisão” serem anjos, pelo contrário, o contexto indica
homens (1Pd 4.6); (b) 2Pd 2.4 e Judas 6,7 são referências de anjos, mas não
provam que estiveram envolvidos em Gn 6.
g) Os livros apócrifos,
provavelmente foram produzidos pelos essênios, os quais adotaram a
interpretação angélica. E tão somente pelo fato de serem apócrifos, isso lhes
nega toda autenticidade em termo de canonicidade.
3.3. São seres espirituais
Os anjos são descritos
espíritos, porque diferentes dos homens, eles não estão limitados às condições
naturais e físicas. Aparecem e desaparecem, e movimentam-se com uma rapidez
imperceptível sem usar meios naturais. Apesar de serem espíritos, têm o poder
de assumir a forma de corpos humanos a fim de tornar visível sua presença aos
sentidos do homem (Gn 19.1-3).
3.4. São espíritos
invisíveis
Os anjos são reais, mas nem
sempre visíveis (Hb 12.22). Embora Deus ocasionalmente lhes conceda a
visibilidade (Gn 19.1-22), são espíritos invisíveis (Sl 104.4; Hb
1.7,14).Vejamos o Sl 104.4: “Fazes a teus anjos ventos”, citado em Hb 1.7.
Observe também Hb 1.14; “Não são todos eles espíritos ministradores enviados
para serviços, a favor dos que hão de herdar a salvação”?
3.5. Possuem corpos
espirituais
Com demasiada freqüência o
problema é confundido pela imposição aos seres espirituais daquelas limitações
que pertencem à humanidade. Para os santos no céu foi prometido um “corpo
espiritual” (1Co 15.44). Há muitos tipos de corpos até mesmo na Terra, o
Apóstolo declara (1Co 15.39,40) e prossegue dizendo que também há corpos
celestiais e corpos terrestres. Não podemos dizer que não há corpos celestiais
apenas porque o homem não tem poder de discernir esses corpos. Os espíritos têm
uma forma definida de organização que está adaptada à lei de sua existência.
Eles são finitos e espaciais. Tudo isto é verdade embora eles estejam muito
afastados desta economia do mundo. Eles têm a capacidade de se aproximar da
esfera da vida humana, mas o fato de maneira nenhuma lhes impõe a conformidade
com a existência humana. O aparecimento de anjos pode ser, quando a ocasião
exige, com a aparência de homens, de modo que eles se passam por homens. Como
poderíamos explicar de outra maneira que alguns “... sem o saber acolheram
anjos...” (Hb 13.2)? Por outro lado, seu aparecimento às vezes é deslumbrante e
glorioso (Mt 28.2-4). Quando Cristo declarou: “...um espírito não tem carne nem
ossos, como vedes que eu tenho...” (Lc 24.37-39), Ele não quis dizer que um
espírito não tem corpo algum, mas, antes, que os espíritos têm corpos
constitucionalmente diferentes dos corpos dos homens.
3.6. São exércitos e não
raça
As Escrituras ensinam que o
casamento não é da ordem ou do plano de Deus para os anjos: “Porque na
ressurreição nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos do
céu” (Mt 22.30; Mc 12.25). Portanto, não se caracteriza uma raça. No Velho
Testamento os anjos são chamados de “filhos de Deus” (Jó 1.6; 2.1; 38.7), mas
nunca lemos a respeito dos “filhos dos anjos”. Os anjos sempre são descritos
como varões, porém na realidade não tem sexo, não propagam sua espécie (Lc
20.34-35).
As Escrituras em parte
alguma ensinam que os anjos sejam seres sexuados. No fundamento genuíno criador
de Deus, não foi deixada margem alguma para se acreditar na reprodução de seres
da escala espiritual. Sobre este assunto, apenas nos foi revelado as leis que
regem os seres naturais ou materiais. Não conhecemos nenhum texto Sagrado
explícito ou sequer subjetivo que nos conduza ao pensamento de que os anjos
podem se reproduzir, ou possuam sexo. Seus nomes masculinos, não se refere em
nenhum momento à uma ordem de sexualidade humana (macho e fêmea).
Acreditamos sim que os anjos
não se reproduzem, pois a obra criadora de Deus revelada em Sua Palavra, se fez
desse modo, e qualquer indagação ou afirmação contrária é mera especulação e
apostasia da veracidade bíblica.
3.7. São seres racionais
morais e imortais
Aos anjos são atribuídas
características pessoais; são inteligentes dotados de vontade e atividade. O
fato de que são seres inteligentes parece inferir-se imediatamente do fato de
que são espíritos (2Sm 14.20; Mt 24.36, Ef 3.10; 1Pe 1.12; 2Pe 2.11). Embora
não sejam oniscientes, são superiores aos homens em conhecimento (Mt 24.36) e
por ter natureza moral estão sob obrigação moral; são recompensados pela
obediência e punidos pela desobediência.
A Bíblia fala dos anjos que
permanecerem leais como “santos anjos” (Mt 25.31; Mc 8.38; Lc 9.26; At 10.22;
Ap 14.10) e retrata os que caíram como mentirosos e pecadores (Jo 8.44; 1Jo
3.8-10).
A imortalidade dos anjos
está ligada ao sentido de que os anjos bons não estão sujeitos a morte (Lc
20.35-36), além de serem dotados de poder formando o exército de Deus, uma
hoste de heróis poderosos, sempre prontos para fazer o que o Senhor mandar (Sl
103.20; Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb 1.14) enquanto que os anjos maus formam o exército
de Satanás empenhado em destruir a obra do Senhor (Lc 11.21; 2Ts 2.9; 1 Pe
5.8).
Ilustrações do poder de um
anjo são encontradas na libertação dos apóstolos da prisão (At 5.19; 12.7) e no
rolar da pedra de mais de 4 toneladas que fechou o túmulo de Cristo (Mt 28.2).
3.8. Os Anjos não são
oniscientes
Apesar da Bíblia dizer que
os anjos são mais inteligentes que Daniel, eles não são oniscientes. Eles não
sabem tudo. Não são iguais a Deus em sabedoria. Jesus, particularmente, deu
testemunho da limitação do conhecimento dos anjos, quando falou que eles
ignoravam o dia da vinda do Filho do Homem (Mt 24.36).
Os anjos, sem dúvida, sabem
coisas a nosso respeito que desconhecemos. Devido ao fato de serem espíritos
auxiliadores, usarão estes conhecimentos para o nosso bem e nunca para maus
propósitos.
3.9. São seres inteligentes
Embora seu serviço e
dignidade possam variar, não há nenhuma implicação na Bíblia de que alguns
anjos são mais inteligentes que outros. Cada aspecto da personalidade dos anjos
foi declarado. Eles são seres individuais e, embora espíritos, experimentam
emoções.
a) Os anjos prestam culto
inteligente (Sl 148.2);
b) os anjos contemplam com o
devido respeito à face do pai (Mt 18.10);
c) os anjos conhecem suas
limitações (Mt 24.36);
d) os anjos reconhecem sua
inferioridade para com Jesus (Hb 1.4-14).
E, no caso dos anjos caídos,
eles conhecem a sua capacidade de
fazer o mal. Os
anjos são individuais,
mas, embora às
vezes apareçam, em uma condição separada, estão sujeitos a classificações
e a variadas categorias de importância.
Pela sublime tarefa que os
anjos desempenham no tempo e no espaço, desde o princípio; e por aquilo que a
respeito deles a Bíblia diz, a conclusão a que se chega é que os anjos excedem
em muito em conhecimento e em sabedoria os mais brilhantes homens que a
história humana já teve.
Sem dúvida, os anjos foram
criados espíritos inteligentes, cujo conhecimento teve início em sua origem,
continuando a se ampliar até os nossos dias. As oportunidades de observação que
os anjos têm, e as muitas experiências que, nesse sentido, conforme podemos
supor, devem ter tido, juntamente com as revelações diretas da parte de Deus,
devem ter-se adicionado grandemente ao acúmulo de sua inteligência original.
3.10. Os Anjos são poderosos
O que se aplica a todas as
criaturas em relação ao poder que têm, também se aplica aos anjos: Seu poder
deriva de Deus. O seu poder, embora seja grande, é restrito. Eles não podem
fazer aquelas coisas que são peculiares à Divindade: criar, agir sem os meios,
ou sondar o coração do homem. Eles podem influenciar a mente humana como uma
criatura pode influenciar outra. O conhecimento desta verdade é de grande
importância, Até mesmo um anjo pode reivindicar ajuda divina quando em conflito
com outro anjo (Jd v.9).
O poder angelical é
superior, mas não supremo. Deus simplesmente lhes empresta o seu poder, pois
eles são os seus agentes especiais. Os anjos, portanto, são “maiores em força e
poder” do que nós (2Pe 2.11), Como “magníficos em poder, que cumpris as suas
ordens,” (SI 103.20) “anjos poderosos” mediarão os juízos finais de Deus contra
o pecado (2Ts 1.7).
3.11. Os Anjos são numerosos
A alusão ao número dos anjos
é um dos superlativos da Bíblia. Eles foram descritos em multidões “que os homens
não podem contar”. Temos razões para concluir que há tantos seres espirituais
em existência quantos seres humanos vão existir em toda a história da Terra. É
significativo que a frase “o exército do céu” descreve tanto
as estrelas materiais quanto os anjos, sendo que ambos não podem ser
contados (Gn 15.5). Vale a citação do Dr. Cooke com a sua lista de testemunho
bíblico sobre o número dos anjos: “Veja o que diz Macaias: “Vi o Senhor
assentado no seu trono, e todo o exército do céu estava junto a ele, à sua
direita e à sua esquerda” (1Rs 22.19). Ouça o que diz Davi: “Os anjos de Deus
são vinte mil, sim milhares de milhares” (SI 68.17). Eliseu viu um destacamento
destes seres celestiais que foram enviados para sua guarda pessoal, quando “o
monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6.17).
Ouça o que Daniel viu: “... milhares de milhares o serviam, e miríade de
miríade estavam diante dele...” (Dn 7.10). Eis o que os pastores vigilantes
viram e ouviram na noite do nascimento do Redentor: “...uma multidão da milícia
celestial louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas maiores alturas...” (Lc
2.13). Ouça o que diz Jesus: “... acaso pensas que não posso rogar a meu Pai, e
ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” (Mt 26.53).
Veja novamente o magnífico
espetáculo que João viu e ouviu quando olhou para o mundo celestial: “Vi, e
ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos
anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares,
proclamando em grande voz. Digno é o Cordeiro, que foi morto...” (Ap 5.11,12).
Se estes números forem entendidos literalmente, eles indicam 202 milhões, mas
são apenas uma parte do exército celestial. Contudo, é provável que estes
números não tenham a intenção de indicar qualquer quantidade exata, mas que a
multidão era imensa, além do que costuma usualmente entrar na computação
humana. Por isso lemos, em Hb 12.22, não sobre um número definido ou limitado,
embora grande, mas de “incontáveis hostes de anjos”.
3.12. Os Anjos são maiores
em força e poder
“Enquanto os anjos, sendo
maiores em força e poder não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante do
Senhor” (2Pe 2.11), estes seres celestiais, já contam na presente Era com a
felicidade da vida última, isto é, são seres imortais (Lc 20.36). Esta
capacidade a eles imposta, lhes dá a condição de serem superiores aos homens
que são seres mortais.
3.13. Inferiores a Cristo
“Ainda que por um pouco de
tempo, Jesus fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão e
morte” (Sl 8.5; Hb 2.9). Quanto à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo, os anjos
são inferiores a Ele em dois pontos.
a) Os Anjos são criaturas.
Os anjos são “criaturas” de Deus, ainda que chamados “filhos de Deus”, contudo,
não têm em si a condição original peculiar ao Senhor Jesus. O escritor aos
Hebreus, salienta: “... feito Jesus tanto mais excelente do que os anjos,
quanto herdou mais excelente nome do que eles...” (Hb 1.4).
b) Os Anjos são adoradores.
Em razão da adoração, os anjos são inferiores a Cristo; eles são adoradores,
enquanto que Cristo é adorado! Isto é depreendido nas próprias palavras do
Criador: “... e todos os anjos de Deus o adorem” (Hb 1.6b). Este direito
inerente ao Filho de Deus o coloca acima deles.
As Escrituras dizem que os
anjos são seres superiores em força e poder aos homens: contudo, jamais em
hipótese alguma, eles aceitam adoração; em lugar de os anjos serem objeto de
adoração, eles são súditos que adoram Jesus Cristo. O apóstolo Paulo advertiu:
“Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos
anjos...” (CI 2.18a). E no Apocalipse (19.10; 22.9) João é advertido pelo
próprio ser angelical: “...Olha não faças tal, porque eu sou conservo teu e de
teus irmãos, dos profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a
Deus”.
Portanto, os anjos não são
objetos de adoração como João chegou a supor momentaneamente. E no contexto do
significado do pensamento diz Paulo: “Porque estou certo de que, nem a morte,
nem a vida, nem os anjos nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 8.38,39). Ora, isto
apresenta Cristo como sendo Senhor dos próprios anjos. E de fato, Ele foi feito
mais excelente do que os anjos (Hb 1.4). Os anjos foram criados; Cristo é
Criador: Como Criador Jesus é superior aos anjos, pois maior do que a criatura
é aquele que a criou (Is 45.9). Anjos são súditos; Cristo é o Senhor.
3.14. Os Anjos tomam
decisões
Os anjos tomam decisões. A
desobediência de um grupo deles subentende sua capacidade de escolha, e de
influenciar outros com a sua iniqüidade (1Tm 4.1). Por outro lado, quando o bom
anjo recusou a adoração de João (Ap 22.8,9), fica subentendida sua capacidade
de escolha, e de influenciar outros com o bem. Embora os anjos bons respondam
com obediência ao mandamento de Deus, não são autômatos. Pelo contrário: optam
com intenso ardor a obediência dedicada.
3.15. Os Anjos possuem
habitação
A habitação dos anjos também
é um assunto revelado definidamente. Já falamos da insinuação de que todo o
Universo encontra-se habitado por inumeráveis exércitos de seres espirituais.
Esta vasta ordem de seres com todas as suas classificações tem habitações e
centros fixos para as suas atividades. Com o uso da frase “os anjos no céu” (Mc
13.32), Cristo definidamente afirma que os anjos habitam as esferas celestiais.
O apóstolo Paulo escreve:
“um anjo vindo do céu” (Gl 1.8) e “...toda família, tanto no céu como sobre a
terra...” (Ef 3.15). Igualmente, na oração que Cristo ensinou aos Seus
discípulos, eles foram instruídos a dizer: “... faça-se a Tua vontade, assim na
Terra como no céu...” (Mt 6.10). O Dr. A. C. Gaebelein escreve sobre a habitação dos anjos, dizendo:
“No hebraico, céu está no plural ‘os céus’. A Bíblia fala de três céus, sendo o
terceiro céu, o céu dos céus, o lugar da habitação de Deus, onde o Seu trono
sempre esteve. O tabernáculo do Seu povo terreno, Israel, era um modelo dos
céus. Moisés, quando esteve na montanha, olhou para a vastidão dos céus e viu
os três céus. Ele não tinha telescópio. Mas o próprio Deus lhe mostrou os
mistérios dos céus. Então Deus o advertiu quando estava para construir o
tabernáculo, dizendo ao Seu servo: 'Vê que faças todas as coisas de acordo com
o modelo que te foi mostrado no monte' (Hb 8.5). O tabernáculo tinha três
compartimentos: o pátio externo, o lugar Santo e o Santo dos Santos. Uma vez
por ano o sumo sacerdote entrava neste local terreno de adoração, passando pelo
pátio externo para o lugar Santo e finalmente, levando o sangue do sacrifício,
ele entrava no Santo dos Santos para aspergir o sangue na presença santa de
Jeová. Mas Arão era apenas um tipo daquele que é maior que Arão, o verdadeiro
Sumo Sacerdote. Dele, do verdadeiro Sacerdote, o nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, foi escrito que Ele penetrou os céus (Hb 4.14): 'Porque Cristo não
entrou em santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu,
para comparecer, agora, por nós, diante de Deus' (Hb 9.24). Ele passou pelos
céus, o pátio exterior, o céu que circunda a Terra; o lugar Santo, o Universo
imenso com sua distância imensurável e, finalmente, Ele entrou no terceiro céu,
o céu que a astronomia sabe que existe, mas que nenhum telescópio pode
alcançar. Nos lugares celestiais, de acordo com a Epístola aos Efésios, estão
os principados e potestades, a multidão incontável de anjos. Sua habitação está
nos céus. Deus que os criou, que os fez espíritos e os revestiu de corpos
apropriados para a sua natureza espiritual, também deve lhes ter designado
habitação... Também é significativo que a frase ‘exército dos céus’ signifique
tanto as estrelas como os exércitos angelicais; o ‘Senhor dos Exércitos também
tem o mesmo significado duplo, pois Ele é o Senhor das estrelas e o Senhor dos
anjos’”.
3.16. Sua aparência
Nas histórias que se têm
colecionado, há anjos com asas e outros sem asas, anjos que se parecem com
anjos e outros que se parecem com seres humanos. Parece que os anjos que
aparecem como homens, e não como anjos, vão ter a aparência de quem estão
visitando. Em outras palavras, se o anjo que apareceu à mãe de Sansão não se
parecesse com um israelita, ela não teria chamado filho de Deus, como sendo ele
um profeta israelita (Jz 13.6). Se os anjos que aparecem sem que se saiba que
são anjos (Hb 13.2), então aparecem aos chineses como chineses, aos africanos
como africanos, e a americanos como americanos. Isso significa que há anjos
aparecendo como negros e brancos.
3.17. Suas asas
A Bíblia não nos diz que
anjos possuem asas. Esta idéia de asas vem de um verso em Daniel onde está
registrado que um anjo veio voando rapidamente (Dn 9.21). Entretanto, como os
anjos não se movem no tempo e no espaço como nós, não sabemos se precisam de
asas para voar. Outras ordens de seres celestiais chamadas querubins, serafins
são descritas como possuindo asas (Ez 1.5-11; 1Rs 6.27). Na arte medieval,
muitos anjos são desenhados com asas, mas vieram da idéia da deusa grega Nike.
Portanto, creio que muitos
anjos não possuem asas. Eles são “espíritos puros”, não compostos de matéria,
mas compostos de essência e existência, de ação e de potencialidade, escreveu
Tomás de Aquino. Em religiões não cristãs, a idéia de como são os anjos varia,
particularmente com as personalidades angelicais
específicas, uma vez que são percebidos, ou imaginados por diferentes
grupos. Não estamos sempre atentos à sua presença porque os anjos nem sempre
fazem aparições visíveis.
3.18. Características do seu
próprio de um ser
3.18.1. Rejubilam diante do
Todo Poderoso
“Quando as estrelas da alva juntas alegremente
cantavam, e todos os filhos (os anjos) de Deus rejubilavam” (Jó 38.7). Alguns
estudiosos da Bíblia insistem em que os anjos não cantam. Isso, porém, não é
verdade! Os anjos possuem a suprema aptidão de oferecer louvores, e a sua música
vem sendo desde tempos imemoriais o veículo primordial de louvor ao nosso Deus
Todo Poderoso, Jó diz que quando Deus lançava os fundamentos da Terra, os anjos
cantavam rejubilando de alegria. A música é a linguagem universal. É possível
que João tenha visto um imponente coro celeste (Ap 5.11,12) de muitos milhões
de anjos que expressavam seu louvor ao Cordeiro celeste através de magnífica
música. Não é debalde que o Salmista exorta (SI 148-2): “...Louvai-o todos os
seus anjos...” Isto é real! De acordo com Lc 2.13, multidões de anjos
apareceram na noite do nascimento de Cristo, clamando de alegria em vista do
início da nova criação, como tinham feito no princípio da primitiva criação (Hb
1.6).
3.19. Os Anjos são
incomparáveis entre as criaturas de Deus
O respeito aos anjos era
profundo no judaísmo, a ponto de ver um anjo ser considerado como experiência
tão grande, quanto ver o próprio Deus (Gn 16.13; 31.13; Êx 3.4; Jz 6.14;
13.22). Algum desses casos era Deus manifestando-se de alguma forma visível. A
teologia judaica posterior encarava os anjos como mediadores entre Deus e os
homens (Ez 40.3; Zc 3), e a posição tão elevada naturalmente fez com que alguns
os adorassem.
Os Anjos “são incomparáveis
entre as criaturas, mas nem por isso deixam de ser criaturas”. Correspondem com
adoração e louvor a Deus (Sl 148.2; Is 6.1-3; Lc 2.13-15; Ap 4.6-11) e a Cristo
(Hb 1.6). Como conseqüência, os cristãos não devem exaltá-los (Ap 22.8-9); os
que o fazem, perdem a sua recompensa futura (Cl 2.18).
Uma das razões pela qual se
originou a carta aos Colossenses, escrita pela o apóstolo Paulo, foi o culto
aos anjos. A cidade de Colossos estava localizada perto de Laodicéia (Cl 4.16),
no sudeste da Ásia Menor, cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso. A igreja
colossense, tudo indica, foi fundada como resultado do grandioso ministério de
Paulo em Éfeso, durante três anos (At 20.31), cujos efeitos foram tão poderosos
e de tão grande alcance que “todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra
do Senhor Jesus” (At 19.10). Paulo talvez nunca tenha visitado Colossos
pessoalmente (Cl 2.1), mas mantivera contatos com a igreja através de Epafras,
um dos seus convertidos e cooperadores naquela cidade (Cl 1.7; 4.12). O motivo
desta epístola foi o surgimento de ensinos falsos na igreja colossense,
ameaçando o seu futuro espiritual (Cl 2.8). Quando Epafras, dirigente da igreja
colossense e seu provável fundador viajou com o objetivo de visitar Paulo e
informar-lhe a respeito da situação em Colossos (Cl 1.8; 4.12), Paulo então escreveu
esta epístola. Nessa ocasião Paulo estava preso (Cl 4.3,10,18), possivelmente
em Roma (At 28.16-31), aguardando comparecer perante César (At 25.11,12). O
cooperador de Paulo, Tíquico, entregou pessoalmente a carta em Colossos, em
nome do apóstolo (Cl 4.7).
Paulo escreveu esta epístola
porque os falsos mestres estavam se infiltrando na igreja de Colossos,
ensinando que a doutrina apostólica e a salvação em Cristo eram insuficientes
para a plena redenção. Esse falso ensino misturava a “filosofia” e a “tradição”
humanas com o evangelho (Cl 2.8) e requeria a adoração de anjos como intermediários entre Deus e o homem (Cl
2.18). Os falsos mestres exigiam a observância de certos ritos religiosos
judaicos (Cl 2.16,21-23) e justificavam a sua heresia, afirmando que recebiam
revelações através de visões (Cl 2.18). A filosofia subjacente nessas heresias
reaparece hoje entre os que ensinam que Jesus Cristo e o evangelho original do
Novo Testamento são inadequados para satisfazer nossas necessidades espirituais
(2Pe 1.3). Paulo refuta essa heresia ao demonstrar que Cristo não somente é
nosso Salvador pessoal, como também cabeça da igreja e Senhor do universo e da
criação. Logo, é Jesus Cristo e o seu poder em nossa vida, e não a filosofia ou
sabedoria humanas, que nos redime e salva eternamente. Não necessitamos de
intermediários para termos comunhão com Cristo; devemos nos acercar dEle
diretamente. Ser crente significa crer em Cristo e no seu evangelho; confiar
nEle amá-lo e viver na sua presença. Não devemos acrescentar coisa alguma ao
evangelho, nem ter outro intermediário entre Deus e o homem, nem aceitar a
filosofia humanista.
Nesta carta Paulo nos
adverte a vigiar contra todas as filosofias, religiões e tradições que destacam
a importância do homem à parte de Deus e de sua revelação escrita. Hoje, uma
das maiores ameaças teológicas contra o cristianismo bíblico é o “humanismo
secular”, que se tornou a filosofia de base e a religião aceita em quase toda
educação secular e é o ponto de vista aprovado na maior parte dos meios de
comunicação e diversão no mundo inteiro.
Que ensina a filosofia do
humanismo? Ensina que o homem, o universo e tudo quanto existe é apenas matéria
e energia moldadas ao acaso. Afirma que
o homem não foi criado por um Deus pessoal, mas que resultou de um processo
evolutivo. Rejeita a crença num Deus pessoal e infinito, e nega ser a Bíblia a
revelação inspirada de Deus à raça humana. Afirma que não existe conhecimento à
parte das descobertas feitas pelo homem, e que a razão humana determina a ética
apropriada para a sociedade, fazendo do ser humano a autoridade máxima neste
particular. Procura modificar ou melhorar o comportamento humano mediante
educação, redistribuição econômica, psicologia moderna ou sabedoria humana. Crê
que padrões morais não são absolutos, e sim relativos e determinados por aquilo
que faz as pessoas sentirem-se felizes, que lhes dá prazer, ou que parece bom
para a sociedade, de acordo com os alvos estabelecidos por seus líderes; deste
modo, os valores e moralidade bíblicos são rejeitados. Considera que a
auto-realização do homem, sua auto-satisfação e seu prazer são o sumo bem da
vida. Sustenta que as pessoas devem aprender a lidar com a morte e com as
dificuldades da vida, sem crer em Deus ou depender dEle.
A filosofia do humanismo
começou com Satanás e é uma expressão da sua mentira de que o homem pode ser
igual a Deus (Gn 3.5). As Escrituras identificam os humanistas como os que
“mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do
que o Criador” (Rm 1.25).
Todos os dirigentes,
pastores e pais cristãos devem envidar seus máximos esforços em proteger seus
filhos da doutrinação humanista, desmascarando-lhes os erros e instilando nas
mentes deles um desprezo santo pela sua influência destrutiva (Rm 1.20-32; 2Co
10.4,5; 2Tm 3.1-10; Jd 4-20; 1Co 1.20; 2Pe 2.19).
Os falsos mestres ensinavam
que era preciso reverenciar e adorar os anjos,
como mediadores, para ter comunhão
com Deus.
Para Paulo, invocar os anjos
seria substituir Jesus Cristo como cabeça todo-suficiente da igreja (Cl 2.19);
daí, Paulo advertir contra isso. Hoje, a crença de que Jesus Cristo não é o
único intermediário entre Deus e o homem é posta em prática na adoração e
oração a santos mortos, como padroeiros e mediadores. Essa prática despoja
Cristo de sua supremacia e centralidade no plano redentor de Deus. Adorar e
orar a qualquer pessoa que não seja Deus Pai, Deus Filho ou Deus Espírito Santo
são práticas antibíblicas, e por isso devem ser rejeitadas.
Não obstante, o zelo de
Paulo refutando o culto aos anjos, entre outras heresias, após o século IV
d.C., o culto aos anjos tornou-se generalizado, sendo honrado especialmente o
arcanjo Miguel. Os anjos passas a figurar com destaque na arte e no culto dos
cristãos medievais. Posteriormente, com o advento do protestantismo, os líderes
protestantes desencorajaram a prática, contudo, os liberais relegaram os anjos
ao domínio da fantasia religiosa e poética. Desta forma hoje os anjos são
adorados em larga escala.
4 - HIERARQUIA E CLASSIFICAÇÃO
DOS ANJOS
Introdução
A Bíblia faz menção de anjos
bons e anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente
criados bons e santos (Gn 1.31); tendo livre-arbítrio. Numerosos anjos
participaram da rebelião de Satanás contra Deus (Ez 28.12-17; Jd 6; Ap 12.9; Mt
4.10) e abandonaram o seu estado original de graça, como servos de Deus, e
assim perderam o direito à sua posição celestial.
4.1. O Anjo do Senhor
Uma designação especial no
Antigo Testamento é “O ANJO DO SENHOR”. Podemos ler 60 ocorrências no Antigo
Testamento, onde sua aparição e autoridade o classifica de forma especial (Gn
16.11; 16.13; 18.2; 18.13-33; 22.11-18; 24.7; 31.11-13; 32.24-30; Êx.3.2-6;
Jz.2.1; 6.11-14; 13.21,22).
4.1.1. Sua identidade
4.1.1.1. Existem aqueles que
acreditam que era simplesmente um anjo em missão especial representando Jeová
a) Esta identificação fala
de Jesus um anjo, que se assemelha à doutrina mulçumana, mórmon e outras.
b) Jesus tinha um anjo
especial a quem chamava de “Meu anjo”, enviado para “testificar acerca destas
coisas” descrito em Ap 22.16. Então Deus também poderia fazer uso de um anjo
para missões especiais ou comissioná-lo para tal.
c) Em Mateus o anjo que
aparece a Zacarias e Maria é chamado “O
Anjo do Senhor’ (Kurios), depois identificado como Gabriel. “Kurios” é a
palavra grega equivalente a Jeová, de acordo com o dicionário expositivo de
Vine. Como “Anjo
do Senhor” Gabriel
tinha autoridade de agir e falar pelo Senhor, como já vimos.
d) O Teólogo Hicks observa
que as Escrituras ocasionalmente atribuem as palavras de um anjo a Deus mesmo
quando ele não é um anjo de Jeová. Isso não deveria causar problemas, porque se
um anjo de Jeová é Deus ou o Seu anjo, ainda assim representa Deus intervindo
diretamente na vida dos homens.
4.1.1.2. Há vários
argumentos que afirmam ser uma teofania da segunda pessoa da Trindade
(Cristofania). Dentre eles alistamos:
a) A linguagem, malak yaweh, é um título singular e
peculiar mostrando que esse personagem era mais do que um anjo.
b) No Antigo Testamento, ele
é consistentemente apresentado como Jeová: O anjo apareceu, mas Deus, ou o
Senhor, falou.
c) As promessas ou
orientações dadas por este ser são tais que somente Deus poderia ter assim
dado.
d) Este anjo, identificado
como Jeová, apesar de tudo é apresentado de forma distinta de Jeová e clama por
Jeová. Portanto, este anjo parece ser uma Cristofania, ou pré-encarnação do
Filho de Deus, Jesus Cristo.
e) Quando o Anjo do Senhor
apareceu a Josué, diz a Palavra do Senhor que ele Josué) “...se prostrou sobre
o seu rosto na terra, e O adorou, e disse-lhE: Que diz meu Senhor ao seu
servo?”(Js 5.1). Se o Anjo do Senhor não fosse o próprio Senhor (o Senhor
Jesus), o anjo (caso fosse simplesmente “um anjo”) teria
proibido a Josué de adorá-lo, como ocorreu em Ap 19.10 e Ap 22.8,9.
f) Em Jz 2.1, o Anjo do
Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe à terra que a vossos
pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei o meu concerto convosco
(o grifo nos pronomes é nosso). Comparada esta passagem com outras que
descrevem o mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do
concerto israelita. Foi Ele quem jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó que aos seus
descendentes daria a terra de Canaã (Gn 13.14-17; 17.8). Jurou que esse
concerto seria eterno. Ele tirou os israelitas do Egito (Êx 20.1,2) e Ele os
levou à terra prometida (Js 1.1,2).
g) Embora concordemos com o
fato de que existem controvérsias a respeito desta passagem de Jz 13.18,
reputamos a mesma como factual e elucidativa. Quando Manoá, pergunta ao Anjo do
Senhor, o Seu nome, Ele responde: “...porque perguntas assim pelo
meu nome, visto que é maravilhoso”? Uma comparação desta resposta com a
passagem de Is 9.6 demonstra que o Anjo do Senhor que apareceu a Manoá é o
Menino de quem nos Isaías se refere. Isto é, o Anjo do Senhor, cujo nome é
Maravilhoso.
h) Outra prova
escriturística que apresentamos, é que no contexto neotestamentário, a Bíblia
deixa de utilizar-se do termo “o Anjo do Senhor” como pessoa específica. Isto é
demonstrado pelo fato de que o artigo definido masculino singular “o” deixa de
ser utilizado, sendo substituído pelo artigo indefinido “um”. Alguns exemplos
disto são os textos de Lc 1.11; At 12.7
e At 12.23, dentre muitos outros. Infelizmente, nem todas as ocorrências no
Novo Testamento, na versão ARC, aonde deveria ocorrer a expressão “um” anjo do
Senhor, acontece. Em vez disso, se encontra o termo “o” anjo do Senhor. Fato
que foi corrigido na versão ARA, nos textos citados e em outros correlatos.
Esta substituição na ARA
possui um grande significado. Pois no contexto do Novo Testamento,
contemporâneo ou posterior à encarnação, as manifestações angelicais não eram
do Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, pois o Anjo do Senhor já
havia sido manifestado na carne (1Tm 3.16).
4.1.2. Tarefas realizadas
a) Mensagens ao povo do Senhor (Gn 22.15-18);
b) suprir necessidades do povo do Senhor (1Rs
19.5-7);
c) proteger o povo de Deus do perigo (Êx 14.19);
d) ocasionalmente destruir
os inimigos de Jeová (Êx 23.23);
e) punia os rebeldes (2Sm
24.16,17).
4.1.3. Seus aparecimentos
a) Seu primeiro aparecimento
foi à escrava egípcia, Hagar a fim de lhe socorrer e foi identificado como
sendo “O Anjo do Senhor” (Gn 16.7-12);
b) a pessoa de Abraão (Gn 22.11,15);
c) a Jacó (Gn 31.11-13);
d) a Moisés (Êx 3.2). Ainda
mais explicitamente, o anjo do Senhor que apareceu a Moisés na sarça ardente
disse, em linguagem bem clara: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Êx 3.6);
e) a todos os israelitas durante o êxodo (Êx
14.19);
f) mais tarde em Boquim (Jz 2.1,4);
g) a Balaão (Nm 22.22-36);
h) a Josué (Js 5.13-15, onde
o príncipe do exército do SENHOR é mais provavelmente o Anjo do SENHOR); Josué prostrou-se e o adorou (Js
5.14). Esta atitude tem levado muitos a crerem que esse anjo era uma
manifestação do próprio Senhor Deus; do contrário, o anjo teria proibido Josué
de adorá-lo (Ap 19.10; 22.8,9);
i) a Gideão (Jz 6.11);
j) a Davi (1Cr 21.16);
k) a Elias (2Rs 1.3-4);
l) a Daniel (Dn 6.22).
4.2. O Arcanjo Miguel
Miguel tem seu
correspondente no grego “Michael e no hebraico mika'el. O nome Miguel é muito expressivo, “quem é como Deus?” Em
que aspecto ele é semelhante a Deus não foi revelado, mas temos três passagens
nas quais ele foi diretamente mencionado e onde vemos que ele tem grande
autoridade. De acordo com Dn 12.1, ele é o “defensor do povo de Daniel -
Israel”. Em Judas 9 ele teve uma controvérsia com Satanás sobre o corpo de
Moisés; mas nessa situação e apesar de toda a sua grandeza, ele não se atreveu
a “proferir juízo infamatório contra ele”, mas confiando na sua dependência de
Deus, ele declara: “...o Senhor te repreenda”. Miguel se encontra novamente na
predição registrada em Ap 12.7-12. Ele, como chefe dos exércitos do céu,
participa de uma batalha vitoriosa no céu contra Satanás e os seus anjos. Temos
ainda a revelação de que a “voz do arcanjo” será ouvida quando Cristo voltar
para buscar a Igreja (1Ts 4.16).
A tradição sobre a existência
de arcanjos não fazia parte original da fé judaica. Assim, na literatura
bíblica, Miguel é introduzido em Dn 10.13,21 e 12.1 e reaparece no Novo
Testamento em Jd 9 e Ap 12.7. Embora
algumas literaturas tenham Gabriel como outro Arcanjo (totalizando sete na
literatura apócrifa e pseudepígrafa, onde
quatro nomes são revelados: Miguel,
Gabriel, Rafael e Uriel), a Bíblia só revela a existência de
um único Arcanjo, Miguel. Isto é demonstrado
pelo fato de que nas duas ocorrências da palavra grega archangelos, “arcanjo”, 1Ts 4.16 e Jd 9, o termo só aparece no
singular, ligado unicamente ao nome de Miguel, donde se conclui biblicamente
que só exista um anjo assim denominado Arcanjo, ou anjo-chefe, e que esse
Arcanjo chama-se Miguel.
O Miguel que se pode
encontrar no Novo Testamento surge no Antigo Testamento apenas no livro de
Daniel, à semelhança de Gabriel, é um ser celestial. Tem, no entanto,
responsabilidade especiais como campeão de Israel contra o anjo rival dos persas (Dn 10.13,21),
e ele comanda os exércitos celestiais
contra todas as forças sobrenaturais do mal
na última grande batalha (Dn 12.1). Na literatura judaica recente, bem
como nos apócrifos e pseudepígrafos, o nome de Miguel é apresentado como
guardião militar e intercessor de Israel.
No Novo Testamento, Miguel
aparece apenas em duas ocasiões. Em Jd 9, há
referência a uma disputa entre Miguel e o diabo com respeito ao
corpo de Moisés. Essa passagem é bastante polêmica. Orígenes acreditava que isto estaria
registrado num apócrifo chamado de “Assunção de Moisés”, mas a história não
aparece nos textos existentes, porém incompletos, desta obra. A literatura
rabínica posterior parece ter conhecimento desta história. O outro texto em que Miguel aparece, é Ap 12.7, que retoma
o tema de Dn 12.1, apresentando-se
Miguel como sendo o vencedor do dragão primordial, identificado como Satanás.
4.3. Gabriel
O vocábulo Gabriel tem sua
correspondente no hebraico “geber El”, e significa “homem de Deus”. Aparece
quatro vezes nas Escrituras como revelador do propósito divino. No Antigo
Testamento ele falou a Daniel sobre o final dos tempos (Dn 8.15-27).
Semelhantemente, deu a Daniel a predição quase incomparável de Dn 9.20-27. O
profeta descobriu (Jr 25.11-12) que o período que Israel tinha de permanecer na
Babilônia era de setenta anos e que esse tempo estava para se completar. Então
se entregou à oração pelo seu povo. A oração, conforme registrada, Gabriel
passou com incrível rapidez do trono de Deus para o profeta que orava na Terra.
Foi então que este anjo revelou o propósito de Jeová quanto ao futuro de
Israel. No Novo Testamento trouxe a Zacarias a mensagem do nascimento João (Lc
1.11-20) e foi ele que veio com a maior de todas as mensagens à Maria quanto ao
nascimento de Cristo e o Seu ministério como Rei sobre o trono de Davi (Lc
1.26-33). Apresenta-se como aquele que “assiste diante de Deus” (Lc 1.19).
4.4. Querubins
Querubim tem sua
correspondente no hebraico “qeruvim” (Gn 3.22-24; Ez 10.1-3). Vocábulo
correlato com um verbo acadiano que significa “bendizer, louvar, adorar”. Os
querubins estão sempre associados com a santidade de Deus e a adoração que a
sua presença imediata inspira. O título querubim fala de sua posição elevada e
santa e sua responsabilidade está intimamente relacionada com o trono de Deus
como defensores de Seu caráter e presença santa. Proteger a santidade de Deus é
uma atividade importante deles. Os querubins aparecem pela primeira vez junto
ao portão do Éden, depois que o homem foi expulso e como protetores para que o
homem não retorne poluindo a santa presença de Deus. Aparecem novamente como
protetores, embora em imagens de ouro, sobre a arca da aliança, onde Deus se
comprazia em habitar. A cortina do tabernáculo separava a presença divina do
povo ímpio, tinha bordados de figuras de querubins (Êx 26.1). Ezequiel
refere-se a estes seres chamando-os pelo seu título dezenove vezes e a verdade
relacionada com eles deriva destas
passagens. Ele os apresenta com quatro rostos diferentes: de um
leão, de um boi, de um homem e a face de uma águia (Ez 1.3-28; 10.1-22). Este
simbolismo relaciona-se imediatamente com as criaturas viventes da visão de
João (Ap 4.6-5.14).
4.5. Serafins (Is 6.1-3)
A palavra serafins do
hebraico “saraph” significa “ardentes”, “queimadores”, “irradiantes da glória
de Deus”, “brilhantes de Deus”, “incandescidos de Deus”. Declaram a glória
incomparável de Deus e a sua santidade suprema. O título serafins fala de
adoração incessante, do seu ministério de purificação e de sua humildade. Eles
aparecem apenas uma vez nas Escrituras sob esta designação (Is 6.1-3). Sua
atribuição tripla de adoração conforme registrada por Isaías foi repetida por
João (Ap 4.8) e sob o título de criaturas viventes. Alguns estudiosos acreditam
que os “seres viventes” (ou animais, Ap 4.6-9) são sinônimos de serafins e
querubins. Todavia, os querubins em Ezequiel parecem semelhantes, e os “seres
viventes” em Apocalipse são diferentes entre si.
4.6. Anjos eleitos
A referência, em 1Tm 5.21,
aos “anjos eleitos”, descortina imediatamente um campo interessante de pesquisa
referente ao alcance que a doutrina da eleição soberana deve ter na relação dos
anjos para com o seu Criador. É preciso aceitar que os anjos foram criados com
um propósito e que no seu reino, assim como o homem, os desígnios do Criador
serão executados até o final. A queda de alguns anjos foi tão antecipada por
Deus quanto a queda do homem. Está também implícito que os anjos passaram por
um período de experiência.
4.7. Governadores
Há indicações de que existam
organizações entre os anjos bons. Em Cl 1.16, Paulo fala de tronos, soberanias
(domínios), principados e potestades (poderes) e acrescenta que foram criados
por intermédio dEle e para Ele. Isto parece incluir que ele está se referindo
aos anjos bons. Em Efésios 1.21, a referência parece incluir tanto os anjos
bons quanto maus. Nas outras passagens, essa terminologia se refere
definitivamente apenas aos anjos maus (Rm 8.38; Ef 6.13; Cl 2.15).
a) Tronos (thronoi) se
referem a seres angélicos, cujo lugar é na presença imediata de Deus. Esses
anjos são investidos de poder real que exercem sob Deus;
b) Domínios (gr. kuriotetes)
parecem estar próximos dos thronoi em
dignidade;
c) Principados (gr. archai)
parecem se referir a governantes sobre povos e nações distintos. Assim, Miguel
é tido como príncipe de Israel (Dn 10.21; 12.1); assim lemos também a respeito
do príncipe da Pérsia e do príncipe da Grécia (Dn 10.20). Isto é, cada um é um
príncipe em um destes principados;
d) Poderes – potestades (gr.
exousiai) são possivelmente autoridades subordinadas, servindo sob uma das
outras ordens. É verdade que não podemos saber com certeza o significado real
desses termos, mas esses acima parecem ser uma explicação plausível.
4.8. Anjos especialmente
nomeados
Certos anjos só ficaram
conhecidos pelo serviço que prestaram. Destes, temos aqueles que serviram como
anjos de juízo (Gn 19.13; 2Sm 24.16; 2Rs 19.35; Ez 9.1,5,7; Sl 78.49). Vejamos:
a) Vigilantes (Dn 4.13,23).
Os “vigias” (aram. irin, correlato com o heb. ur, “estar acordado”) são
mencionados somente em Daniel 4.13,17,23. São os “santos” que promoviam
zelosamente os decretos soberanos de Deus, e demonstravam o senhorio de Deus
sobre Nabucodonosor.
b) Anjo do abismo (Ap 9.11).
“Tinham sobre si rei o anjo do abismo, cujo nome em hebraico é Abadom e em
grego Apoliom” (Ap 9.11). Abadom (ou Apoliom) é identificado, tal como sucede
como muitíssimos outros elementos do Apocalipse, de muitas formas variadas. A
seguir damos os principais pareceres sobre Abadom ou Apoliom: (a) É possível
que o “anjo-estrela” do primeiro versículo (Ap 9.1) esteja aqui em pauta,
portanto ele é quem tem o poder de abrir o abismo; (b) as interpretações
“simbólicas” não vêem aqui qualquer “ser” em particular, mas apenas a
manifestação do “princípio do mal” de várias formas; (c) tradicionalmente,
Satanás é reputado o “rei do mundo inferior”, a personificação do mal e daquilo
que ele produz neste caso, a “destruição”.
Portanto, vários intérpretes
supõem que Satanás está em foco neste passo bíblico; (d) há precedentes,
entretanto, para supor-se que o “rei do hades e Satanás são personalidades
distintas”. Se o vidente João alude aqui a esse tipo de tradição, então o “rei”
(o “destruidor”) neste caso será um elevado poder maligno, um arcanjo das
trevas, por assim dizer, mas não o próprio Satanás. Não obstante, poderíamos
supor que esse poder maligno está sujeito à autoridade do diabo. Dentre essas
interpretações, a de número quatro (d) é a mais provável.
4.9. Aquele que tem
autoridade sobre o fogo
“E saiu do Altar outro anjo,
que tinha poder sobre o fogo...”. Esse
Anjo é aquele que, cuja missão é conservar o fogo aceso no altar celeste (Ap
14.18).
4.10. O anjo das águas
“E ouvi o anjo das águas que dizia: Justo és
tu, ó Senhor, que és, e que eras, e santo és, porque julgaste estas coisas” (Ap
16.5). Essa idéia é extraída da noção judaica helenista de que cada elemento da
natureza é controlado pelos anjos. Assim, teríamos os anjos dos quatro ventos,
do calor, da geada, das águas, do fogo, e assim, interminavelmente. O anjo que
aparece neste versículo tem por tarefa guardar os suprimentos de água do globo
terrestre.
4.11. Anjos que controlam os
ventos
“E, depois destas coisas, vi
quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro
ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar,
nem contra árvore alguma” (Ap 7.1). Os anjos que se acham nos quatro cantos da
terra conservam presos os quatro ventos. Não lhes é permitido soprar e nem
destruir. Em Dn 7.2,3, vemos os quatro ventos do céu irrompendo sobre o mar,
provocando destruições imensas. Deus está no comando até do vento. “E ele,
despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento
se aquietou, e houve grande bonança” (Mc 4.39).
4.12. Anjos guardiões
4.12.1. Das nações
“E olhei e ouvi a voz de
muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número
deles milhões de milhões e milhares de milhares” (Ap 5.11). A exemplo de
Apocalipse Mateus 26.53, Hebreus 12.22,
e Salmos 68.17 indicam que os anjos a serviço de Deus são muito
numerosos. Outras passagens indicam que eles observam os homens, prestando
serviços em prol de nações, comunidades e indivíduos (Hb 1.14; Mt 18.10; Sl
9.1; Dn 10.13; 12.1; Js 5.14). Os trechos bíblicos que dão apoio à doutrina dos
anjos guardiões são Jó 33.23; Dn 10.13; Mt 18.10; Hb 1.14 e Ap 1.20.
4.12.2. Crença judaica
Uma antiga doutrina judaica ensina que o anjo guardião tem a
semelhança ou aparência daquele a quem guarda, a que talvez seja refletido em
Atos 12.15. Essa idéia pode estar ligada à noção oriental do eu-superior ou
super-eu do indivíduo. Presumivelmente, a alma não é o elemento superior do
indivíduo, mas sim é um instrumento do eu-superior, que é a verdadeira entidade.
Esse super-eu é o homem em sua forma mais elevada, um poderosíssimo ser
espiritual. Nesse caso, o anjo guardião seria o próprio homem, e a alma seria
seu instrumento, tal como o corpo é o instrumento da alma. Há muitos mistérios,
e talvez o que aqui dizemos perscrute um tanto esses mistérios, sem
desvendá-los. Se esse conceito é veraz, então o indivíduo é seu próprio anjo
guardião, ou pelo menos, poderia ser, embora esse anjo exista em uma outra
dimensão de seu próprio ser. Isso não negaria a existência de outros espíritos
elevados, que poderiam interessar-se em nossas vidas e aos quais poderíamos
chamar de “anjos”.
5 - SUAS ATRIBUIÇÕES MINISTERIAIS
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5.1. No ministério de Jesus
5.1.1. Na eternidade passada
(Sl 90.2), adoravam a Cristo
“E, quando outra vez
introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem” (Hb
1.6). A expressão eternidade passada refere-se à existência eterna de Deus, que
não tem começo nem fim. Eternidade (hb. olam) não significa em primeiro lugar
que Deus transcende o tempo, mas, sim, que é infindável no tempo (Gn 21.33; Jó
10.5; 36.26). As Escrituras não ensinam que Deus existe num tipo de eterno
tempo presente, onde não há nem o passado nem o futuro. Os trechos das
Escrituras que declaram a eternidade de Deus fazem-no em termos de
continuidade, e não de intemporalidade, isto é, Deus conhece o passado como
passado, o presente como presente e o futuro como futuro.
5.1.2. Anunciaram o seu
nascimento
“Ora, o nascimento de Jesus
Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se
ajuntarem, rachou-se ter concebido do Espírito Santo. Então, José, seu marido,
como era justo se a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. E,
projetando ele isso, eis que, em sonho,
lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas
receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo.
E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de JESUS, porque ele salvará o
seu povo dos seus pecados” (Mt 1.18,19, 20,21); Ler ainda Lc 1.26,28; 2.8,20. Um anjo do Senhor anuncia o nascimento de Jesus, fato registrado tanto por Mateus
quanto por Lucas, ambos concordam em seus registros em declarar inequivocamente
que Jesus nasceu de uma mãe virgem, sem a intervenção de pai humano, e que Ele
foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1.34,35). A doutrina do nascimento
virginal de Jesus, de há muito vem sendo atacada pelos teólogos liberais. É
inegável, no entanto, que o profeta Isaías vaticinou a vinda de um menino,
nascido de uma virgem, que seria chamado Emanuel , um termo hebraico
que significa Deus conosco (Is 7.14). Essa predição foi feita 700 anos
antes do nascimento de Cristo. A palavra virgem é a tradução correta da palavra
grega parthenos, empregada na
Setuaginta, em Is 7.14. A palavra hebraica significando virgem (almah) ,
empregada por Isaías, designa uma virgem em idade de casamento, e nunca é usada
no Antigo Testamento para qualquer outra condição da mulher, exceto a da
virgindade (Gn 24.43; Is 7.14). Daí, Isaías, Mateus e Lucas afirmarem a
virgindade da mãe de Jesus (Is 7.14). É de toda importância o nascimento
virginal de Jesus. Para que o nosso Redentor pudesse expiar os nossos pecados e
assim nos salvar, Ele teria que ser numa só pessoa, tanto Deus como homem
impecável (Hb 7.25,26). O nascimento virginal de Jesus satisfaz essas duas
exigências. (a) A única maneira de Ele nascer como homem era nascer de uma
mulher. (b) A única maneira de Ele ser um homem impecável era ser concebido
pelo Espírito Santo (Hb 4.15). (c) A única maneira de Ele ser deidade, era ter
Deus como seu Pai. A concepção de Jesus, portanto, não foi por meios naturais,
mas sobrenaturais, daí, o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de
Deus (Lc 1.35). Por isso, Jesus Cristo nos é revelado como uma só Pessoa
divina, com duas naturezas: divina e humana, mas impecável. Por ter vivido como
ser humano, Jesus se compadece das fraquezas do ser humano (Hb 4.15,16). Como o
divino Filho de Deus, Ele tem poder para libertar o ser humano da escravidão do
pecado e do poder de Satanás (At 26.18; Cl 2.15; Hb 2.14; 4.14,15; 7.25). Como
ser divino e também homem impecável, Ele preenche os requisitos como sacrifício
pelos pecados de cada um, e também como sumo sacerdote, para interceder por
todos os que por Ele aproximam-se de Deus (Hb 2.9-18; 5.1-9; 7.24-28; 10.4-12).
Eis a suprema importância da intervenção angelical junto a José quando este
intentava deixar secretamente Maria (Mt 1.18,19).
5.1.3. Protegeram-No na Sua
infância
“E, tendo-se eles retirado, eis que o anjo do Senhor apareceu a José
em sonhos, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e foge para o Egito,
e demora-te lá até que eu te diga, porque Herodes há de procurar o menino para
o matar. E, levantando-se ele, tomou o menino e sua mãe, de noite, e foi para o
Egito. E esteve lá até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito
da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho.
...Morto, porém, Herodes, eis que o anjo do Senhor apareceu, num sonho, a José,
no Egito, dizendo: Levanta-te, e toma o menino e sua mãe, e vai para a terra de
Israel, porque já estão mortos os que procuravam a morte do menino. Então, ele
se levantou, e tomou o menino e sua mãe, e foi para a terra de Israel”. Esses
dois avisos da parte de Deus a José, por
meio dos seus anjos, nos ensinam que Deus vela por aqueles que Ele ama e
Ele é quem melhor sabe frustrar os planos dos ímpios e livrar seus fiéis das
mãos dos que lhes querem fazer mal.
5.1.4. Acolheram depois da
tentação no deserto
“E, tendo jejuado quarenta
dias e quarenta noites, depois teve fome; E, chegando-se a ele o tentador,
disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele,
porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda
a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.2,3). “Então, o diabo o deixou; e, eis
que chegaram os anjos e o serviram”
(Mt 4.11). Jesus jejuou 40 dias, e depois teve fome, e a seguir foi tentado por
Satanás a comer. Isto pode indicar que Cristo absteve-se de alimento, mas não
de água. Abster-se de água por 40 dias requer um milagre. Uma vez que Cristo
teve que enfrentar a tentação, como representante do homem ele não poderia
empregar nenhum outro meio para vencê-la além do de um homem cheio do Espírito
Santo (Êx 34.28; 1Rs 19.8; Mt 6.16). Por conseguinte, esperaria na providência
do Pai, não precisaria transformar pedras em pães para alimentar-se. A sua
justa obediência é recompensada pelo Pai ao ser servido pelos anjos (Mt 4.11). Um dos aspectos principais da
tentação de Jesus girou em torno do tipo de Messias que Ele seria e como
empregaria a sua unção da parte de Deus. Jesus foi tentado a utilizar sua unção
e posição para servir a seus próprios interesses, obter glória e poder sobre as
nações, ao invés de aceitar a cruz e o caminho do sofrimento, e ajustar-se à
expectativa popular de um Messias sensacional.
5.1.5. Consolaram-no em sua
luta espiritual no Getsêmani
Em oração no Getsêmani Jesus
diz: “...Meu pai, se possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como
eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.39b). “E apareceu-lhe um anjo do céu, que
o confortava” (Lc 22.43). Sua oração, no que diz respeito ao afastamento do
cálice não foi atendida, contudo, foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante
um anjo do céu, que o confortava.
5.1.6. Acompanharam toda sua
vida ministerial
Jesus falou de anjos que
subiam e desciam sobre Ele (Jo 1.51); disse poder contar com mais de 12 legiões
de anjos em prol de sua defesa (Mt 26.53). “E, sem dúvida alguma, grande é o
mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em
espírito, visto dos anjos, pregado
aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1Tm 3.16).
5.1.7. Observaram-no na Sua
ressurreição
A ressurreição de Jesus
Cristo (Mt 28.2-5; Lc 24.23; Jo 20.12; Mt 28.6) é uma das verdades essenciais
do evangelho (1Co 15.1-8). Qual a importância da ressurreição de Cristo para os
que nEle crêem? Ela comprova que Ele é o Filho de Deus (Jo 10.17,18; Rm 1.4).
Garante a eficácia da sua morte redentora (Rm 6.4; 1Co 15.17). Confirma a
verdade das Escrituras (Sl 16.10; Lc 24.44-47; At 2.31). É prova do juízo
futuro dos ímpios (At 17.30,31). É o fundamento pelo qual Cristo concede o
Espírito Santo e a vida espiritual ao seu povo (Jo 20.22; Rm 5.10; 1Co 15.45),
e a base do seu ministério celestial de intercessão pelo crente (Hb 7.23-28).
Garante ao crente a sua futura herança celestial (1Pe 1.3,4) e sua ressurreição
ou transformação quando o Senhor vier (Jo 14.3; 1Ts 4.14ss). Ela põe à disposição
do crente, na sua vida diária, a presença de Cristo e o seu poder sobre o
pecado (Gl 2.20; Ef 1.18-20; Rm 5.10).
A ressurreição de Cristo
está bem comprovada historicamente. Depois de ressurgir, Cristo permaneceu na
terra por quarenta dias, aparecendo e falando com os apóstolos e muitos outros
seus seguidores. Suas aparições depois da ressurreição são as seguintes: a
Maria Madalena (Jo 20.11-18); às mulheres que voltavam do sepulcro (Mt
28.9,10); a Pedro (Lc 24.34); aos dois que iam a caminho de Emaús (Lc
24.13-32); a todos os discípulos, exceto Tomé e outros com eles (Lc 24.36-43);
a todos os discípulos num domingo à noite, uma semana depois (Jo 20.26-31); a
sete discípulos junto ao mar da Galiléia (Jo 21.1-25); a 500 crentes na
Galiléia 1Co 15.6); a Tiago (1Co 15.7); aos discípulos que receberam a Grande
Comissão (Mt 28.16-20); aos apóstolos, no momento da sua ascensão (At 1.3-11);
e ao apóstolo Paulo (1Co 15.8).
E nesta ocasião tão solene,
de elevada significância, anjos do Senhor
se fazem presentes,
testemunhando, confortando e
dando orientações às visitantes do túmulo vazio: “E eis que houvera um
grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo
a pedra, e sentou-se sobre ela. E o seu aspecto era como um relâmpago, e a sua
veste branca como a neve. E os guardas, com medo dele, ficaram muito
assombrados e como mortos. Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres: Não
tenhais medo; pois eu sei que buscai a Jesus, que foi crucificado. Ele não está
aqui, porque já ressuscitou, como tinha dito. Vinde e vede o lugar onde o
Senhor jazia. Ide, pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já
ressuscitou dos mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o
vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito” (Mt 28.2-7).
5.1.8. Na sua ascensão
acompanharam
“E levou-os fora, até
Betânia; e, levantando as mãos, os abençoou. E aconteceu que, abençoando-os
ele, se apartou deles e foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com
grande júbilo para Jerusalém” (Lc 24.50-52). “E, quando dizia isto, vendo-o
eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.
E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles
se puseram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões
galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi
recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At
1.9,10,11).
5.1.9. Eles o acompanharão
na Sua segunda vinda
“E a vós, que sois
atribulados, descanso conosco, quando se manifestar Senhor Jesus desde o céu,
com os anjos do seu poder, como
labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não
obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 1.7). Observamos que
embora Deus vá retribuir aos ímpios (2Ts 1.6) no começo da grande tribulação
(Ap 6), a retribuição completa (2Ts.6-9) ocorrerá somente no fim da presente
era, quando o “Senhor Jesus se manifestar desde o céu, com os anjos do seu poder”, para julgar os
ímpios (2Ts 7-10; Ap 19.11-21). Ler ainda: Mt 24.31; 25.31; Mc 8.38; 13.27; Lc
9.26.
5.2. São ministradores a
favor dos santos
Entre as múltiplas funções
exercidas pelos anjos, destaca-se de maneira especial e particular aquela que
diz respeito à
orientação e ministração do bem
ao Povo de Deus.
Nem sempre podemos ter
consciência da presença dos anjos, ainda que eles estejam ao nosso redor. Nem
sempre podemos predizer como eles aparecerão. Diz-se, todavia, que os anjos são
nossos vizinhos bem chegados. Com freqüência podem ser nossos companheiros nas
circunstâncias mais diversas, sem, contudo nos apercebermos de sua presença.
Pouco é o que sabemos acerca da sua constante assistência. A Bíblia nos
garante, entretanto, que um dia as “escamas” serão retiradas dos nossos olhos,
para que possamos ver e reconhecer em toda a plenitude as coisas que
desconhecemos, inclusive a atenção que os anjos nos dedicam.
Muitas experiências do Povo
de Deus, tanto nos dias do Antigo Testamento como do Novo, bem como nos dias
pós-apostólicos indicam que os anjos nos têm auxiliado. Há pessoas que poderão
não ter sabido que estavam sendo ajudadas, porém a visita era real.
Existem nos nossos dias
muitos clássicos da literatura evangélica que tratam da forma como muitos
crentes nos tempos modernos, nas circunstâncias mais diversas, foram
confortados por anjos de Deus. Portanto, podemos contar com o auxílio dos
anjos, hoje.
5.3. Aplicadores dos juízos
de Deus
Deus, por seu ilimitado
poder, detém consigo elementos não só de edificação, mas também de destruição.
Nos domínios da natureza, em particular, Ele tem usado o vento, a água, e o
fogo, como elementos de manifestação da sua ira. Porém, no campo espiritual,
Ele usa seus anjos, principalmente quando a ação visa à defesa do Seu Povo e o
abatimento dos “poderosos” da Terra.
Os anjos são
responsabilizados pela morte dos primogênitos do Egito, pela destruição de
Sodoma e Gomorra, pela destruição do exército assírio nos dias de Ezequias,
pela ameaça de iminente destruição da cidade de Jerusalém nos dias de Davi,
pela punição de Herodes Agripa, por contender com o Diabo por causa do corpo de
Moisés.
Na Bíblia, parece que nenhum
outro texto fala de forma tão conclusiva da ação heróica dos santos anjos na
execução das guerras e dos juízos de
Deus, como o SI 104.4, que diz: “... fazes a teus anjos ventos e a teus
ministros, labaredas de fogo...”.
5.4. Comunicadores das
Boas-Novas
As Escrituras estão cheias
de grandes eventos no cumprimento dos quais os anjos de Deus desempenharam
papel decisivo, como comunicadores de boas-novas e da misericórdia divina.
Particularmente no Antigo Testamento, eles anunciaram o nascimento de lsaque e
de Sansão. Já no Novo Testamento, eles anunciaram o nascimento de João Batista;
o nascimento, ressurreição e volta de Jesus Cristo.
Como vemos, Deus usou os
seus anjos para anunciar o nascimento do maior personagem do Novo Testamento,
bem como do seu precursor, a ressurreição e a volta triunfal de Cristo.
Certamente que Deus pode usar ainda hoje os seus anjos como comunicadores da
sua vontade, e nada poderá impedi-lo de fazer, desde que isto contribua para a
Sua Glória. Porém, ao crente de hoje é conferida a maior responsabilidade do
que aos anjos, referente à comunicação das Boas-Novas do Reino de Deus.
5.5. Como espectadores da
obra de Deus
Em quatro exemplos lemos que
os anjos foram espectadores. Em Lc 15.10 eles observaram a alegria do Senhor
por um pecador que se arrepende. Não é a alegria dos anjos, como se supõe
freqüentemente (Jd 24). Em Lc 12.8-9, Cristo disse: “...digo vos ainda: Todo
aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará
diante dos anjos de Deus, mas o que me negar diante dos homens, será negado
diante dos anjos de Deus...”. Assim, também, toda a vida terrena de Cristo foi
“contemplada por anjos” (1Tm 3.16). Em
Ap 14.10-11, os anjos observam o infortúnio eterno daqueles que “adoram a besta
e a sua imagem”. Por outro lado, a Igreja, segundo predição, julgará os anjos
(1Co 6.3), apesar de que, atualmente, esteja tão pouco preparada até mesmo para
julgar as coisas da Terra.
5.6. Executores de juízos
divinos
Foram portadores de
mensagens de Deus (Zc 1.14-17); trouxeram
respostas às orações (Dn 9.21-23; At 10.4);
serviram em prol do povo de Deus
(Dn 3.25; 6.22); protegeram os santos que tementes a Deus que se afastaram do
mal (Sl 34.7; 91.11; Dn 6.22; At 12.7-10); castigaram os inimigos de Deus (2Rs
19.35).
5.7. Desempenharam uma
elevada missão ao revelarem a lei de Deus a Moisés (At 7.38; Gl 3.19; Hb 2.2).
“...Vós que recebestes a lei
por ordenação dos anjos e não a guardastes” (At 7.53). Veja o contexto de GI
3.19: “...a lei..., foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro”. Moisés
falava, e Deus respondia em alta voz. Agora com a presença de Deus na montanha,
tudo mudou de aspecto. A montanha inteira pareceu pulsar de vida. O terror se
apoderou do povo embaixo. A terra pareceu abalada por meio obscuro. Quando Deus
veio ao topo da montanha, estava acompanhado de milhares de anjos (SI 68.8-17).
Moisés, testemunha silenciosa e solitária deveria ter sido dominado por uma
grande visão, ainda que não fosse a totalidade das forças de Deus. Abala a
imaginação pensar que espécie de manchete teria ocorrido ali. “E tão terrível
era a visão que Moisés disse: Estou todo assombrado, e tremendo” (Hb 12.21a).
Observa-se que a aparição de Deus cercada de seres angélicos foi imensamente
gloriosa. Ele resplandeceu como o sol quando ganha força no firmamento. Mesmo
Seir e Parã, duas montanhas a alguma distância, foram iluminadas pela Glória
Divina que apareceu no monte Sinai, refletindo alguns de seus raios; tão
brilhante foi a aparição de Deus e Seus ministros e tanto empenho de relatar as
maravilhas da providência divina, que até “...raios brilhantes saíam da sua
mão...” (SI 18.7,8; Hb 3.3). Além desta aparição de anjos ao lado do seu
Criador, o ministério angelical é proeminentemente desenvolvido no Antigo
Testamento. H. Halley observa que os anjos estão presentes em quase todos os
acontecimentos tanto do Antigo como do Novo Testamento. Eles afloram por toda a
Bíblia!
5.8. Executam sem questionar
qualquer comando de Deus
Sob as ordens de Deus um
anjo feriu a 70 mil escolhidos de Israel no tempo de Davi. “Então, enviou o
SENHOR a peste a Israel, desde pela manhã até ao tempo determinado; e, desde Dã
até Berseba, morreram setenta mil homens do povo. Estendendo, pois, mo Anjo a
sua mão sobre Jerusalém, para a destruir, o SENHOR se arrependeu daquele mal; e
disse ao Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, agora retira a tua
mão. E o Anjo do SENHOR estava junto à eira de Araúna, o jebuseu. E, vendo Davi
ao Anjo que feria o povo, falou ao SENHOR e disse: Eis que eu sou o que pequei
e eu o que iniquamente procedi; porém estas ovelhas que fizeram? Seja, pois, a
tua mão contra mim e contra a casa de meu pai” (2Sm 24.15-17).
5.9. Prestam socorro sob o
comando divino
Obedecendo a Deus um anjo
acudiu Elias quando fugia da fúria de Jezabel. “E deitou-se e dormiu debaixo de
um zimbro; e eis que, então, um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come. E
olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas e uma
botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. E o anjo do SENHOR
tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque mui comprido
te será o caminho. Levantou-se, pois, e comeu, e bebeu, e, com a força daquela
comida, caminhou quarenta dias de quarenta noites até Horebe, o monte de Deus”
(1Rs 19.5-8); Deus cuidou do desalentado Elias de modo compassivo e amorável
(Hb 4.14,15). Permitiu que Elias dormisse; fortaleceu-o com alimentos;
propiciou-lhe uma revelação inspiradora do seu poder e presença; concedeu-lhe
nova revelação e orientação; deu-lhe um companheiro fiel e fraterno. Noutras
palavras, quando o filho de Deus enfrenta o desânimo, no desempenho que Deus
lhe confiou, ele pode suplicar a Deus, em nome de Cristo, que lhe dê força,
graça e coragem, e os capacite diante de tais situações (Hb 2.18; 3.6; 7.25).
5.10. Estão sempre prontos
para agir
Por divina revelação Eliseu,
certa manhã, viu-se cercado de anjos invisíveis aos olhos de seu criado e
visíveis aos seus. “Então, enviou
para lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais vieram de noite e
cercaram a cidade. E o moço do homem de Deus se levantou mui cedo e saiu, e eis
que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então, o seu moço
lhe disse: Ai! Meu senhor! Que faremos? E ele disse: Não temas; porque mais são
os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu e disse:
SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os
olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de
fogo, em redor de Eliseu” (2Rs 6.14-17). Existe um mundo espiritual invisível,
que consiste nas hostes de anjos ministradores, que estão ativos na vida do
povo de Deus (Gn 32.1,2; Sl 91.11; 34.7; Is 63.9). Desse ocorrido podemos
assimilar vários princípios: Não somente Deus está a favor do seu povo (Rm
8.31), como também exércitos dos seus anjos
estão disponíveis, prontos para defender o crente e o reino de
Deus (Sl 34.7). Por conseguinte todos os que crêem na Bíblia devem orar
continuamente para Deus livrá-los da cegueira espiritual e abrir os olhos dos
seus corações para verem mais claramente a realidade espiritual do reino de Deus
(Lc 24.31; Ef 1.18-21) e suas hostes celestiais (Hb 1.14). Os espíritos
ministradores de Deus não estão distantes, mas, sim, bem perto (Gn 32.1,2),
observando os atos e a fé dos filhos de Deus e agindo em favor deles (At
7.55-60; 1Co 4.9; Ef 3.10; 1Tm 5.21). Sabemos que a verdadeira batalha no reino
de Deus não é contra a carne e o sangue. É uma batalha espiritual “contra as
potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ef 6.12; Ap 12.7-9; Ef 6.11).
Concluímos que há um relacionamento de causa e efeito nas batalhas espirituais;
o resultado das batalhas espirituais é determinado parcialmente pela fé e
oração dos santos (Ef 6.18,19; Mt 9.38).
5.11. Atuam em situações
adversas
Durante o cativeiro
babilônico, um anjo livrou o profeta Daniel da cova dos leões. “O meu Deus
enviou o seu anjo e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano,
porque foi achada em mim inocência diante dele; e também contra ti, ó rei, não
tenho cometido delito algum” (Dn 6.22). A cova dos leões era subterrânea, tendo
uma abertura na parte superior. Uma pedra grande cobria a abertura, e o selo do
rei significava que a cova não podia ser aberta sem a sua autorização. Daniel,
por ser íntegro e ter um “espírito excelente”, era admirado pelo rei, que
também honrava o seu Deus. Por isso, quando o rei cumpriu à risca o seu
decreto, manifestou a esperança de que Deus livraria Daniel. Possivelmente ele
ouvira falar do livramento que Deus concedera aos três amigos de Daniel, no
caso da fornalha de fogo ardente (Dn 3.6,23-29). O rei procurou encorajar
Daniel a crer no seu Deus, mas sua atitude na manhã seguinte não demonstrava
confiança de que Daniel estivesse vivo. Mas
o anjo de Deus fechou a boca dos leões diante do profeta fiel, e este
estava são e salvo. Este livramento levou Dario a dar testemunho do poder do
Deus que é maior do que o poder dos leões. Note-se também que o significado do
nome de Daniel, “Deus é meu juiz”, cumpriu-se na própria experiência do profeta.
Ele foi vindicado pelo Senhor, e considerado justo por sua decisão de não se
contaminar, para manter a pureza da lei de Deus
e por sua fidelidade na oração.
5.12. Auxiliam os filhos de
Deus na produção de textos
Um anjo ajudou a Zacarias na
redação de seu livro (Zc 1.9; 2.3 e 4.5). Durante todo o período da Antiga
Aliança os anjos estiveram presentes na vida de muitos personagens da Bíblia.
Podemos fazer outras citações, tais como; 1Rs 13.18; Jó 4.15,16; SI 34.7; Zc
3.3 etc. Ora, estas aparições ou intervenções angélicas na vida destas pessoas,
são apenas manifestações tópicas, pois em outras ocasiões os anjos estiveram
presentes, porém invisíveis aos olhos humanos.
5.13. Estão presentes não
dificuldades dos que prestam serviço a Deus
A Igreja Primitiva teve seu
princípio de formação auxiliada e protegida por estes seres celestiais.
Vejamos: dois anjos foram testemunhas da ascensão de Cristo (At 1.10,11); um
anjo abriu as portas da prisão e soltou os apóstolos Pedro e João (At 5.19); um
anjo encaminhou Filipe, o Evangelista, ao eunuco etíope (At 8.28); um anjo
soltou Pedro da prisão (At 12.7-9); um anjo orientou o Centurião Cornélio, a
chamar a Pedro (At 10.3); um anjo feriu Herodes e ele morreu comido de bichos
(At 12.23); um anjo esteve com Paulo indo à Roma (At 27.23).
5.14. No final da presente
era atuarão grandemente
Os anjos no livro do
Apocalipse são proeminentes. Por exemplo, um anjo dirigiu a redação do livro
para João (Ap 11.1; 22.6,16). Cerca de 71 vezes, os anjos são nele mencionados
com missão especial. Não é imaginação, mas realidade, que os anjos são nossos
conservos de mil maneiras. Nenhuma verdade está mais estabelecida pelas
Escrituras do que a declaração de Hb 1.14, que diz “serem estes seres enviados
para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”. Deus mandará um
anjo para completar a pregação do “Evangelho do Reino”. Na passagem de
Apocalipse 14.6, está pintado literalmente a missão deste mensageiro. “... e vi
outro anjo voar pelo meio do céu, e tinha o Evangelho Eterno, para proclamar
aos que habitam sobre a Terra, e a toda a nação, tribo, e língua, e povo”. Duas pregações
deste Evangelho são mencionadas nas Escrituras, uma passada, começando com o
ministério de João Batista e terminando com a rejeição do seu Rei pelos judeus.
A outra
ainda é futura
(Mt 24.14), durante
a Grande Tribulação, e imediatamente antes da vinda em Glória de
Cristo. Isso será feito pelo anjo do presente texto. Este Evangelho será
pregado logo no fim da Grande Tribulação e imediatamente como já dissemos
acima, antes do julgamento das nações viventes (Mt 25.31-46). Estas
“Boas-Novas” são universais e abrangem “toda a criatura”.
5.15. Na cura divina
Uma outra cooperação
angelical no que diz respeito à pessoa humana, prende-se ao fato de cura
divina. Embora um pouco escasso, a passagem de João 5.4 ilustra o significado
do pensamento. Ali vemos um anjo de Deus trazendo cura para os enfermos,
“descia em certo tempo, ao tanque, e agitava a água; e o primeiro que ali
descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que
tivesse”. Em muitas outras passagens tanto do Antigo como do Novo Testamento,
observamos os anjos cooperando com Deus e os homens no plano da redenção (Êx
23.20,23; Jó 33.23; Dn 9.24-27; Hb 1.14; 1Pe 1.12).
5.16. No conforto e
consolação
Esta cooperação angelical
prende-se ao ministério da “consolação” e do “conforto”. Sua presença pode
tranqüilizar e confortar em tempos de crise argumenta Billy Graham (Anjos, os
agentes secretos de Deus), Daniel também afirma isto no capítulo 10.19 do seu
livro. Veja! “... e, falando ele (o anjo) comigo, esforcei-me, e disse: Fala,
meu senhor, porque me confortaste...”.
Nosso amado Salvador, apesar de ser Senhor dos anjos, foi também certa
vez confortado por um deles. “...e apareceu-lhe um anjo (Gabriel?) do Céu, que
o confortava...” (Lc 22.43; Hb 5.7). O profeta Zacarias teve também similar
experiência quando Deus pôs na boca do anjo intérprete “palavras consoladoras”,
as quais foram transmitidas para o profeta (Zc 1.13b). Outras passagens
similares, tanto do Antigo como do Novo Testamento, poderiam ser aqui anotadas,
mas somente catalogamos estas para expressar o significado do pensamento.
6 - SATANOLOGIA
Introdução
Em tempos remotos, houve
rebelião entre os seres espirituais, nos lugares elevados (Jó 4.18; Mt 25.41;
2Pe 2.4). O mais elevado dos anjos “querubim ungido”, encabeçou essa rebelião.
Por certo há muitas ordens de seres angelicais, algumas dotadas de grande
poder, e outras de poder inferior aos homens, algumas elementares, talvez
similares aos animais irracionais, e outras com inteligência ainda inferior aos
irracionais.
6.1. O Fato de sua Queda
Tudo nos leva a crer que os
anjos foram criados em estado de perfeição. Quando nos referimos ao relato da
criação em Gn 1, lemos sete vezes que o que Deus havia feito era bom. No último
versículo desse capítulo, lemos “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era
muito bom”. Isso certamente inclui a perfeição dos anjos em santidade quando
originalmente criados. Não poucos teólogos acham que Ez 28.15 se refere a
Satanás. Assim sendo, então ele é definitivamente mostrado como tendo sido
criado perfeito. Todavia, diversas passagens mostram alguns dos anjos como maus
(Sl 78.49; Mt 25.41; Ap 9.11; 12.7-9), isto se deve ao fato de terem deixado
seu próprio principado e habitação apropriada (Jd 6) e pecado (2Pe 2.4). Não há
dúvida que Lúcifer tenha sido o chefe da apostasia. Is 14.12 se refere a ele
como sendo a Estrela da Manhã e Filho da Alva, e lamenta a sua queda. Ez 28.15-17
semelhantemente descreve sua queda. Não pode haver dúvidas, portanto, de que
houve realmente uma queda para alguns dos anjos.
6.2. A Época da sua Queda
A Escritura silencia quanto
a este ponto; mas deixa claro que a queda dos anjos se deu antes da do homem,
já que Satanás entrou no Jardim sob a forma de serpente e induziu Eva a pecar.
6.3. A Causa de sua Queda
Este é dos profundos
mistérios da teologia. Mostramos acima que os anjos foram criados
perfeitos. Isto significa que toda a
afeição de seus corações era dirigida por Deus. A questão é: como pôde tal ser
cair? Como pôde a primeira afeição menos santa brotar em tal coração, e como
pôde a vontade receber o primeiro impulso para se afastar de Deus? Diversas
soluções para o problema têm sido propostas. Vamos ver algumas delas:
A primeira é a de que tudo
que existe se deve a Deus. Os que crêem
nesta doutrina afirmam que, portanto, Ele deve ser o autor do pecado
também. Replicamos que se Deus for o autor do pecado e aí condenar a criatura por
cometer pecado, então não temos um universo moral.
A segunda é a crença de que
o mal resulta da natureza do mundo. É assim que crêem todos os sistemas
pessimistas, do budismo até os nossos tempos. Arthur Schopenhauer, filósofo
alemão (1788-1860) afirmava que a existência do mundo era o maior de todos os
males e a fonte de todos os outros males. Eduard Von Hartmann, filósofo alemão
(1842-1905) chamou a criação de crime imperdoável. Mas as Escrituras declaram
repetidamente que tudo que Deus fez é bom; e positivamente rejeitam a idéia de
que a natureza é inerentemente má (Cl 2.20-22).
A terceira é a idéia de
Georg W. Friedrich Hegel, filósofo alemão (1770-1831), bem como da maioria dos
evolucionistas, a saber: que o mal resulta da natureza da criatura. Eles afirmam
que o pecado é um estágio necessário no desenvolvimento do espírito. É
simplesmente um progresso de baixíssimas origens da existência, através do
desenvolvimento evolucionário até os mais altos pontos.
As Escrituras desconhecem um
tal desenvolvimento evolucionário e vê o universo e as criaturas como
originalmente perfeitas. É bom lembrar que a criatura tinha originalmente o que
os teólogos latinos chamavam de “posse pecare et posse non pecare”, isto é, a capacidade de pecar e a capacidade
de não pecar. Ela foi colocada na posição de poder fazer qualquer uma das duas
coisas sem ser constrangida a fazer uma ou outra coisa. Em outras palavras, sua
vontade era autônoma.
A quarta idéia, apoiada em
bases bíblicas, é de que a queda do “querubim ungido” resultou de sua própria
escolha. Deus estabeleceu a sua soberana vontade para ser obedecida e apreciada
por seus anjos. Entretanto, a vontade divina não seria obedecida por força, mas
livremente. É por esse princípio bíblico que podemos entender a causa da queda.
A Escritura de Isaías 14 é tipológica. A profecia fala do rei Nabucodonosor, um
rei ilustrado à semelhança de Thobal, rei de Tiro. O que precedeu a queda do
“querubim” foi a sua ilusão e engano acerca do seu próprio poder nas hostes
angelicais. Imaginando-se superior a todos os demais anjos criados, pretendeu
tomar o lugar do Criador. Cinco afirmativas descritas em Isaías 14.13,14
revelam as pretensões do “querubim”.
A primeira afirmativa foi
“eu subirei ao céu”. Uma tentativa de estar acima de toda a criação e do
próprio Deus. As expressões “eu subirei ao céu” , e “estavas no Éden, jardim de
Deus” devem ser analisadas a luz de “como caíste do céu”, a fim de que o Éden,
aqui em apreço, não seja confundido com o Éden terrestre. Naqueles primórdios o
jardim do Éden fora preparado com tanto magnificência para o “querubim”, “o
perfeito em formosura” que descarta a idéia de um Éden mineral. O Éden
magnífico e riquíssimo do “querubim” existiu antes do Éden de Adão e Eva e com
certeza, em outra dimensão e glória, tratava-se de um Éden metafísico,
espiritual. A pomposa descrição de Ezequiel, embora nos mostre haver sido o
Éden um reino mineral das pedras preciosas, isto se dar apenas a título de
conotação, ao passo que, segundo Gn 2.5-15, o Éden de Adão era de natureza
vegetal e mineral. Aquele era espiritual, criado para um ser espiritual, e este
material, físico, pois seria o habitat de nossos pais, não confundamos,
portanto, os Edens. A segunda, “acima das estrelas de Deus exaltarei o meu
trono”. Quando se refere às estrelas de Deus, ele estava falando dos demais
anjos criados. A terceira, “no monte da congregação me assentarei”. O monte da
congregação refere-se ao lugar do trono de Deus onde ele queria assentar-se. A
quarta, “subirei acima das mais altas nuvens”. Mais uma vez, ele revela sua
intenção presunçosa de superioridade. A quinta “serei semelhante ao Altíssimo”.
Aqui estava a mais grave das pretensões de Lúcifer. Ele queria colocar-se em
posição unilateral em relação ao Criador.
Devemos, portanto, concluir
que a queda dos anjos se deu devido a sua revolta auto determinada contra Deus. Foi sua
escolha, de si próprio e seus interesses em lugar de escolherem a Deus e Seus
interesses. Se indagarmos que
motivo em particular
pode ter estado por trás dessa
rebelião, parecemos obter diversas respostas das Escrituras. Grande
prosperidade e beleza parecem ser apontadas como possíveis causas. O rei de
Tiro simboliza Satanás em Ez 28.11-19; e
diz-se que ele caiu devido a essas coisas (1Tm 3.6). Ambição desmedida e o
desejo de ser mais que Deus parecem outra causa. O rei da Babilônia é
acusado de ter essa ambição, e ele
também simboliza Satanás (Is 14.13,14). A queda de Lúcifer foi inevitável e
conseqüente. Sua avidez irrefreada de querer ser igual a Deus, aguçou o
interesse de grande número de anjos que resolveu acompanhá-lo. Por esse ato
pecaminoso contra o seu Criador, Lúcifer foi destituído de suas funções
celestiais e condenado a execração eterna. Mas ele continua como o instigador
do pecado no mundo (Rm 7.14).
6.4. O Resultado de sua
Queda
As Escrituras registram
diversos resultados decorrentes sua queda, entre eles alistamos que:
a) Todos eles perderam sua
santidade original e se tornaram corruptos em natureza e conduta (Mt 10.1; Ef
6.11,12; Ap 12.9);
b) alguns deles foram
lançados no inferno (tártaro) e estão acorrentados até o dia do julgamento (2Pe
2.4);
c) outros permaneceram em
liberdade e trabalham em definida oposição à obra dos anjos bons (Ap 12.7-9; Dn
10.12,13,20,21; Jd 9);
d) pode também ter havido um
efeito sobre a criação original em Gn 1;
e) eles serão, em um dia
futuro, atirados para a terra (Ap 12.8,9) e, após seu julgamento (1Co 6.3), no
lago de fogo (Mt 25.41; 2Pe 2.4; Jd 6).
Outrossim, discordamos da
idéia de que a redenção de Cristo tenha incluído os anjos caídos, como querem
alguns teólogos. O estado de condenação dos “anjos caídos” é irreversível,
assim como é imutável, a situação daqueles que partiram para a eternidade sem
Cristo (Ap 20.10). “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e
enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão
atormentados para todo o sempre”. O poder de Satanás acabará então, pois Deus o
lançará no lago de fogo para todo o sempre (Is 14.9-17). Ali, ele não reinará,
sendo sempre atormentado, dia e noite, eternamente.
Finalmente, seria bom que os
que advogam salvação para o diabo e seus anjos, observassem os textos bíblico,
que alistamos na seqüência:
a) Anuncia “tribulação e
angústia” (Rm 2.9).
b) “Pranto e ranger de dentes”
(Mt 22.13; 25.30).
c) “Eterna perdição” (2Ts
1.9).
d) “Fornalha de fogo” (Mt
13.42,50).
e) Preconiza “cadeias da
escuridão” (2Pe 2.4).
f) Do “tormento eterno” (Mt
25.46), de um “inferno” e de um “fogo que nunca se apaga” (Mc 9.43).
g) De um “ardente lago de
fogo e de enxofre” (Ap 19.20).
h) E onde “a fumaça do seu
tormento sobe para todo o sempre; e não têm repouso, nem de dia nem de noite”
(Ap 14.11).
6.5. Os Anjos Maus
Eles estão divididos em duas
classes distintas: os livres e os prisioneiros. Aqueles que estão livres andam
pelas regiões celestiais sob o governo de seu príncipe e líder, Satanás, que é
o único que recebe menção específica na Bíblia (Mt 12.24; Mt 25.41). Esses
espíritos malignos em liberdade, sob o comando de Satanás, de quem são
emissários e súditos (Mt 12.26), são tão numerosos que estão em todo o lugar.
Os anjos caídos que estão
presos são aqueles que abandonaram sua própria habitação, e tornaram-se tão
depravados ou maus, que Deus os encerrou no abismo (tártaro, Jd v.6; Ap
9.1,2,11).
6.5.1. Os Anjos que são
Mantidos Aprisionados
Tanto o apóstolo Pedro como
Judas irmão de Tiago (2Pe 2.4; Jd v.6) concordam ao se referirem aos mesmos
anjos. Pedro diz que eles pecaram e que Deus os precipitou no Tártaro,
entregando-os ao abismo de trevas e reservando-os para juízo. Judas apresenta
seu pecado como sendo o de haverem abandonado seu próprio principado e
domicílio. Pode ser que Judas estivesse pensando na passagem de Dt 32.8 da
Septuaginta. Lá afirma que Deus dividiu as nações “de acordo com o número dos
anjos de Deus”. Assume-se que Deus tenha nomeado um ou mais anjos para cada uma
das nações. O fato de que várias nações estão assim sob um ou outro desses
príncipes “angélicos” é evidenciado por Daniel (10.13,20; 11.1; 12.1). Deixar
seu próprio principado poderia assim significar infidelidade no cumprimento de
seus deveres; mais provavelmente significa que eles tentaram obter um
principado mais cobiçado. Como castigo do seu pecado, Deus os precipitou no Tártaro.
É só aqui que esta palavra aparece no Novo Testamento. Para Homero poeta grego,
autor dos épicos Ilíada e Odisséia (séc. IX a.C.), o Tártaro é um lugar sombrio
abaixo do Hades. Se os homens maus
descem ao Hades, não parece improvável que Tártaro, o lugar onde os anjos maus
estão confinados seja ainda mais abaixo. Seu castigo consiste de estarem
confinados em abismos de trevas e estarem presos por algemas eternas,
reservados para o juízo do grande dia. As algemas são “eternas” (gr. aidiois),
no sentido de que nunca se desgastam. Serão usadas, entretanto, apenas até o
dia do juízo, ocasião em que serão lançados no lago do fogo.
6.5.2. Os Anjos Maus que
estão em Liberdade.
Estes são normalmente
mencionados em conexão com Satanás, seu líder (Mt 25.41; Ap 12.7-9). Mas, Sl
78.49; Rm 8.38; 1Co 6.3; Ap 9.14 referem-se a eles separadamente. Estão, é
claro, incluído em “todo principado e potestade, e poder, e domínio” (Ef 1.21),
e são mencionados especificamente em Ef 6.12 e Cl 2.15. Sua principal ocupação
é a de apoiar seu líder Satanás na luta dele contra os anjos bons e o povo e a
causa de Deus.
6.6. Satanás
Satanás (gr. Satã, que significa
adversário), foi antes um elevado anjo, criado perfeito e bom. Foi designado
como ministro junto ao trono de Deus, porém num certo tempo, antes de o mundo
existir, rebelou-se e tornou-se o principal adversário de Deus e dos homens (Ez
28.12-15). Satanás na sua rebelião contra
Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos
inferiores (Ap 12.4). Satanás e muitos desses anjos inferiores decaídos foram
banidos para a terra e sua atmosfera circundante, onde operam limitados segundo
a vontade permissiva de Deus.
Satanás, também chamado “a
serpente”, provocou a queda da raça humana (Gn 3.1-6). Nesse episódio, a
serpente levantou-se contra Deus através da sua criação. Declarou que aquilo
que Deus dissera a Adão não era a verdade, por fim, ela foi a causa de Deus
amaldiçoar a criação, inclusive a raça humana que ele fizera à sua imagem. A
serpente é posteriormente identificada com Satanás ou o Diabo (Ap 12.9; 20.2).
Certamente Satanás controlou a serpente e usou-a como instrumento para efetuar
a tentação (2Co 11.3,14).
6.6.1. Todo o Mundo está no
Maligno
Nunca compreenderemos
adequadamente o Novo Testamento a não ser que reconheçamos o fato subjacente
nele de que Satanás é o deus deste mundo. Ele é o maligno, e o seu poder
controla o presente século mau (Lc 13.16; 2Co 4.4; Gl 1.4; Ef 6.12).
As Escrituras não ensinam
que Deus hoje controla diretamente este mundo ímpio, cheio de gente pecaminosa,
de maldade, de crueldade, de injustiça, de impiedade etc. Deus não deseja, nem
causa, de nenhuma maneira, todo o sofrimento que há no mundo; nem tudo quanto
aqui ocorre procede da sua perfeita vontade. A Bíblia indica que atualmente o mundo
não está sob o domínio de Deus, mas em
rebelião contra seu governo e sob o domínio de Satanás. Por causa dessa
condição, Cristo veio a morrer (Jo 3.16) e reconciliar o mundo com Deus (2Co
5.18,19). Nunca devemos afirmar que “Deus está no controle de tudo”, a fim de
esquivar-nos da responsabilidade de lutar seriamente contra o pecado, a
iniqüidade ou a mornidão espiritual.
Há, no entanto, um sentido
em que Deus está no controle do mundo ímpio. Deus é soberano e, portanto, todas
as coisas acontecem de acordo com sua vontade permissiva e controle ou, às
vezes, através da sua ação direta, de conformidade com o seu propósito e
sabedoria. Mesmo assim, na presente era da história, Deus tem limitado seu
supremo poder e domínio sobre o mundo. Esta limitação é apenas temporária,
porque no tempo determinado pela sua sabedoria, Ele destruirá toda a iniqüidade
e o próprio Satanás (Ap 19.20).
Somente então é que “os
reinos do mundo vieram a ser de nosso
Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15).
O império do mal sobre o
qual Satanás reina é altamente organizado e exerce autoridade sobre regiões do
mundo inferior, os anjos caídos (Ap 12.7), os homens perdidos (Jo 12.31; Ef
2.2) e o mundo em geral (Lc 4.5,6; 2Co 4.4). Satanás não é onipresente,
onipotente, nem onisciente; por isso a maior parte da sua atividade é delegada
a seus inumeráveis demônios (Ap 16.13,14).
Jesus veio à terra a fim de
destruir as obras de Satanás (1Jo 3.8), de estabelecer o reino de Deus e de
livrar o homem do domínio de Satanás (1Jo 3.8), Lc 4.19; 13.16; At 26.18).
Cristo, pela sua morte e ressurreição, derrotou Satanás e ganhou a vitória
final de Deus sobre ele (Hb 2.14).
No fim da presente era,
Satanás será confinado ao abismo durante mil anos (Ap 20.1-3). Depois disso
será solto, após o que fará uma derradeira
tentativa de derrotar Deus, seguindo-se
sua ruína final, que será o seu lançamento no lago do fogo (Ap 20.7-10).
Satanás atualmente guerreia
contra Deus e seu povo (Ef 6.11-18), procurando desviar os fiéis da sua
lealdade a Cristo (2Co 11.3) e fazê-los pecar e viver segundo o sistema do
mundo (1Tm 5.15). O cristão deve sempre orar por livramento do poder de
Satanás, para manter-se alerta contra seus ardis e tentações (Ef 6.11), e
resistir-lhe no combate espiritual, permanecendo firme na fé (Ef 6.10-18).
6.6.2. A Personalidade de
Satanás
O substantivo personalidade
vem do grego idiótens etos, que significa propriedade particular, caráter
próprio. Pessoa na língua grega é um substantivo feminino referente a um homem
ou uma mulher - antropos, substantivo masculino -, e no termo gramático e
teológico prósopon, que significa face, figura, gesto, olhar, aspecto, máscara,
papel, personagem. Personalidade significa forma de vida caracterizada por uma
existência alto consciente que possui intelecto, emoções e vontade. É,
portanto, o caráter essencial e exclusivo de uma pessoa; aquilo que a distingue
de outra. Na psicologia é a individualidade consciente.
O exposto supra justifica-se
pelo fato de que atualmente existe uma forte tendência, entre os professores
modernistas, em eliminar a personalidade de Satanás. Falam a respeito do que
era antigamente chamado de “diabo” como sendo simplesmente o “mal”. As Escrituras exprimem com freqüência
relativamente a personalidade de Satanás. Assim sendo, pronomes pessoais são
usados para se referir a ele (Jó 1.8,12; 2.2,3,6; Zc 3.2; Mt 4.10; Jo 8.44);
atributos pessoais lhe são consignados (Is 14.13,14 – vontade, Jó 1.9,10 – conhecimento); e atos pessoais são
desempenhados por ele (Jó 1.9-11; Mt 4.1-11; Ap 12.7-10).
Conseqüentemente, é bom que
saibamos que Satanás não é um símbolo mitológico do mal. É um ser vivo, real,
inteligente. Não podemos esquecer que seu nome verdadeiro é Lúcifer (heb.
hekb), portador de luz. Ele foi dotado de livre arbítrio, perfeito quanto as
suas ações. Toda a sua personalidade e caráter eram perfeitos como a luz é
perfeita na sua própria essência; ele não é a luz, Deus é luz, mas na permissão
divina ele refletia, ele estava sempre participando da glória e da luz divina.
6.6.3. O Estado Original de
Satanás
No livro do profeta Ezequiel
28.1-2 um governador é apresentado como o príncipe de Tiro. Ele é descrito como
um homem que se tornou tão frívolo quanto as suas riquezas e inteligência, a
ponto de reivindicar ser igual a Deus. “Veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo: Filho do homem, levanta lamentações contra o rei de Tiro, e diz-lhe:
Assim diz o Senhor Deus: Tu és o sinete da perfeição, cheio de sabedoria e
formosura. Estavas no Éden, jardim de Deus, de todas as pedras preciosas te
cobrias: o sárdio, o topázio, o diamante, o berilo, o ônix, o jaspe, a safira,
o carbúnculo e a esmeralda; de ouro se te fizeram os engastes e os ornamentos;
no dia em que foste criado foram eles preparados. Tu eras querubim da guarda,
ungido, e te estabeleci; permanecias no monte santo de Deus, no brilho das
pedras andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste
criado, até que se achou iniqüidade em
ti” (Ez 28.11-15).
No texto supra encontramos Deus
lamentando por essa pessoa; ele – sinete da perfeição, cheio de sabedoria e
formosura, querubim da guarda, ungido etc. Era, por conseguinte, o mais
perfeito, o mais belo, e mais sábio de toda a criação de Deus!
Estaremos em condições de
entender quão perfeito é o perfeito? Ele é chamado de “querubim da guarda,
ungido”. Querubim é um ser angélico de elevada categoria associado com a presença santa de Deus e sua glória. Ele é chamado “o ungido”,
o que indica favor supremo de Deus. “Ungido” é a mesma palavra que se usa
falando do Messias, rei ungido de Deus. Esta pessoa era o governador e líder
dos seres angélicos e evidentemente os guiava em seu louvor a Deus e júbilo. A
palavra hebraica traduzida “da guarda” em Ezequiel 28.14 e 16 significa literalmente
“quem conduz”.
Observamos, ainda que lhe
foram dadas todas as jóias fabulosas, indicando também sua categoria exaltada.
Ele estivera no “Éden, jardim de Deus” e “no monte santo de Deus”. Ele andava
“no brilho das pedras”, o que é um símbolo amiúde usado para indicar a presença
santa de Deus. Tal descrição não poderia aplicar-se a um mero ser humano.
Entretanto, foi perfeito até
“que se achou iniqüidade nele”. Esta falta de eqüidade marcou a queda de
Lúcifer e a origem de Satanás (Is 14.12-14).
É importante observar que
Deus Se dirige a Satanás mediante a pessoa do príncipe de Tiro (Ez 28). Satanás
é a fonte invisível da arrogância e auto-deificação deste príncipe. Scofield
(Bíblia de Estudo), descreve outros casos de tratamento indireto com Satanás mediante
um homem ou outra criatura: quando Deus Se dirigiu à serpente no jardim, em
Gênesis 3.14; quando Jesus falou a
Satanás através de Pedro, em Mateus 16.23. “A visão não é de Satanás em sua
própria pessoa, mas de Satanás em seu desempenho num rei terreno e através
desse rei que se arroga honras divinas”.
6.6.4. A relação figurada
com o Rei de Tiro (Ez 28.1-10)
No devido contexto, a
profecia de Ezequiel contra o rei de Tiro contém uma referência velada a
Satanás como o verdadeiro governante de Tiro e como o deus deste mundo (2Co
4.4; 1Jo 5.19). O rei é descrito como um visitante que estava no jardim do Éden
(Ez 28.13), que fora um anjo, querubim ungido (Ez 28.14), e uma criatura
perfeita em todos os seus caminhos, até que nela se achou iniqüidade (Ez
28.15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (Ez 28.17), foi precipitado do
monte de Deus (Ez 28.16,17; Is 14.13-15).
Nos primeiros dez
versículos, o rei de Tiro é apresentado literalmente como alguém conhecido na
história como Thobal (ou Ithobaal II) que reinou em 586 a.C. Naquele período,
Thobal, como rei de Tiro, uma cidade-reino, encheu-se de orgulho e presunção,
imaginando-se um deus. No versículo 2, o profeta fala do “príncipe de Tiro” e
no versículo 12 fala do “rei de Tiro”. Na primeira parte quando fala do
“príncipe”, apresenta-o como um homem vaidoso e presunçoso, que se imaginava um
deus. Porém, o texto quando fala do mesmo personagem no versículo 12, passa a
ter um sentido mais espiritual, e desse modo, entende-se que se trata,
comparativamente, de outro rei, chamado Lúcifer, influenciador espiritual do
príncipe literal. Thobal, o príncipe, imaginava a sua cidade como inexpugnável
por estar construída sobre uma rocha.
O pecado maior do rei de
Tiro era o orgulho, que o levou a exaltar-se qual divindade. Por isso, ele
sofreria o julgamento divino e desceria à cova como todos os mortais (Ez 28.8).
Muitos hoje, especialmente os que foram enganados pelos ensinos da Nova Era,
crêem que realmente são deuses, ou que estão se tornando deuses. Esses enganadores
e suas vítimas, caso não se convertam a Deus, receberão a mesma condenação do
rei de Tiro.
6.6.5. Algumas
características originais antes da queda
O texto (Ez 28.12-16) indica
que Lúcifer era possuidor de elevada distinção e detentor de honrosos títulos e
posições, conforme destacaremos a seguir:
a) “o aferidor da medida”
(v. 12). A palavra “selo” (aferidor) é uma tradução fiel do original hebraico,
porque significa que ele era a imagem, perfeita da criação divina e uma imagem
refletida em si mesmo que lhe conferia o privilégio de ser a mais bela e
inteligente criatura de Deus (v. 12). Nele se encontrava a medida perfeita da
criação daquilo que Deus queria.
b) “estavas no Éden, jardim
de Deus” (v.13). A menção sobre pedras preciosas existentes no Jardim do Éden
tem um sentido figurado para ilustrar os privilégios dessa criatura chamada
Lúcifer, personificada no texto como “o rei de Tiro”. O ornamento de pedras
preciosas desse personagem indica a grandeza e a beleza de sua aparência. Era
um tipo da glória tipificada e representada por Lúcifer antes da queda.
c) “no dia em que foste
criado” (v. 13). É importante essa expressão porque declara que Lúcifer é um
ser criado por Deus. Como criatura de Deus não lhe dava o direito de
imaginar-se tão superior a ponto de querer ser igual a Deus.
d) “querubim ungido para
proteger” (v. 14). Na descrição profética de Ezequiel, Lúcifer pertencia a mais
alta classe de seres angélicos. Sua relação com Deus manifestava-se em sua
função específica de proteger o trono de Deus. Esse ministério de proteção dos
querubins tem a ver com a incumbência de preservar toda a criação divina (Gn
3.24; Êx 25.17-20; Sl 80.1).
e) “perfeito eras nos teus
caminhos” (v. 15). A frase tem na conjugação verbal do verbo ser no passado
“eras”, a história antiga de Lúcifer, como alguém que escondia em seu interior
a iniqüidade da vaidade e do orgulho.
6.6.6. Nomes que designam
Satanás
Satanás é um ser
inteligente, hostil e traiçoeiro. A Bíblia inteira o apresenta resistindo a
Deus e perturbando a paz das nações com guerra, destruição e misérias. As
Escrituras se referem a este ser poderoso através de substantivos próprios e
pronomes pessoais diferentes, como:
a) Satanás (1Cr 21.1; Jó 1.6; Lc 10.18; Ap 20.2
etc.). Esse
título lhe foi dado após a sua queda da presença de Deus, e significa
“adversário” (Zc 3.1; 1Pe 5.8). Foi a partir do momento em que Lúcifer
encheu-se de iniqüidade e permitiu que a presunção o dominasse que aconteceu a
grande tragédia universal. Ele imaginou-se poderoso o suficiente para competir
ou mesmo superar o trono de Deus. Lúcifer, então, se fez adversário e oponente
constante e implacável contra o Criador. Tornou-se, por isso, um arquiinimigo
de toda a criação viva de Deus.
b) Diabo (Mt 13.39; Jo 13.2
etc.). Este termo aparece apenas no Novo Testamento. É uma transcrição do
vocábulo grego diabolos que significa “caluniador, acusador” (Ap 12.10). Essa
característica ele demonstrou como uma das suas tarefas mais terríveis e
maléficas. Existe uma história onde o diabo calunia e acusa um servo de Deus
chamado Jó. Embora esse homem fosse íntegro, o diabo apareceu diante do Senhor
para acusá-lo (Jô 1.9-11). Portanto,
a Bíblia identifica o diabo como caluniador e acusador dos servos de
Deus. Como diabo, ele é o acusador dos irmãos (Ap 12.10). Ele fala mal de Deus
para o homem (Gn 3.1-7) e do homem para Deus (Ap 12.10. Como pai da mentira,
ele tenta acusar os servos do Senhor, como se Deus não pudesse perceber as suas
mentiras (Jo 8.44). Mas a Bíblia declara que “temos um advogado para com o Pai,
Jesus Cristo, o Justo” (1Jo 2.1).
c) Dragão (Is 51.9; Ap
12.3,7 etc.). A palavra “dragão” (tannin) parece significar literalmente
“serpente” ou “monstro marinho”. O dragão é considerado como a personalidade de
Satanás, como o é de Faraó em Ez 29.3; 32.2. O dragão é um animal marinho e
pode apropriadamente representar a atividade de Satanás nos mares do mundo.
d) A Antiga serpente (Gn
3.1; Is 27.1 etc.). Este termo indica sua desonestidade (Jó 26.13) e falsidade
(2Co 11.3).
e) Belzebu (Mt 10.25;
12.24,27), ou mais corretamente, Beelzebul, de acordo com a palavra grega. Não
se conhece o significado exato do termo. Em sírio, significa “senhor do
esterco”. É também sugerido que o termo significa “senhor da casa”. Esse título
tinha uma relação com um deus pagão de Ecrom, por nome Baal-Zebub ou
Baal-Zebul. No texto grego do Novo Testamento, esse nome aparece como Belzebu,
cuja atribuição dada pelos judeus do tempo de Cristo era o de “príncipe dos
demônios” (Mt 10.25; Mc 3.22). Como os judeus usavam esse nome com um tom de
escárnio, porque o mesmo referia-se a um ídolo pagão, Jesus, sem reserva nem
qualquer pudor, identificou Belzebu como Satanás (Lc 11.18,19; Mc 3.24-27).
f) Belial ou Beliar (2Co 6.15). Este termo é
usado no Velho Testamento no sentido de “indignidade” (2Sm 23.6). Assim, lemos
a respeito dos “filhos de Belial” (Jz 20.13), os “homens de Belial” (1Sm
30.22), e dos “homens depravados”.
g) Lúcifer. Esse nome não aparece literalmente
em nossas versões bíblicas, é a forma latina traduzido por Jerônimo na
Vulgata. Na linguagem metafórica de
Isaías 14.12, o nome Lúcifer aparece vinculado a expressão “filho da alva”. Os
babilônicos criam que os astros celestes ou estrelas fossem seres angélicos,
por isso, “um filho da alva” representava a primeira luz da manhã, e
Lúcifer, em seu primeiro estado
possuía esta característica. Este termo significa a estrela da manhã, um nome
dado ao planeta Vênus. Significa literalmente o que traz a luz, e é um nome
usado para Satanás na passagem de Isaías. Como Lúcifer, Satanás é mostrado como
um anjo de luz.
h) Maligno (Mt 13.19,38; 2Co 6.15 etc.). Esta é
uma descrição de seu caráter e sua obra.
j) Tentador (Gn 3.1; Jó 2.7; Mt 4.3; Mc 1.13; Jo
13.2 etc.). Este nome indica seu constante propósito e esforço para
levar os homens ao pecado.
k) deus deste século (2Co 4.4). Como tal, ele
tem seus “ministros” (2Co 11.15), “doutrinas” (1Tm 4.1), “sacrifícios” (1Co
10.20), “sinagogas” (Ap 2.9). Ele patrocina a religião do homem natural e é,
sem dúvida alguma, responsável
por todos os falsos cultos e sistemas que assolam a cristandade hoje em dia.
l) Príncipe da potestade do ar (Ef 2.2; 6.12).
Como tal, ele é o líder dos anjos maus (Mt 25.41; Ap 12.7) e o príncipe dos
demônios (Mt 12.24; Ap 16.13,14). Ele comanda uma vasta hoste de servos que
executam suas ordens, e governa com poder despótico.
m) Príncipe deste mundo (Jo
12.31; 14.30). Isto parece se referir a sua influência sobre os governos deste
mundo. Jesus não disputou a reivindicação de algum tipo de direito aqui neste
planeta feita por Satanás em Mt 4.8,9. Mas Deus é claro, estabeleceu limites
definidos para ele, e quando chegar a hora, ele será subjugado pelo governo
dAquele que tem o direito de governar, Jesus, nosso santo Senhor.
n) O Adversário (1Pe 5.8; Ap 7.17; 20.2). O
Acusador dos filhos de Deus (Ap 12.10). O Enganador (Gn 3.4; 13; 2Co
11.3,13,14; 2Tm 2.26). O pai da mentira (Jo 8.44).
6.6.7. A atuação de Satanás
6.6.7.1. Em relação à obra
redentora de Cristo
O autor da Epístola aos
Hebreus (4.15) diz que Jesus foi tentado
em tudo. Essa declaração
parece chocar-se com a lógica da Divindade, uma vez que é impossível que
Deus seja tentado ou submetido à tentação. Porém, devemos analisar essa
declaração sob a ótica cristológica que destaca as duas naturezas de Cristo, a
divina e a humana. Por que Jesus foi tentado pelo Diabo? John Broadus, em seu
comentário de Mateus, responde a essa questão da seguinte maneira: “Ele daria,
pela tentação, prova de sua verdadeira humanidade, de que possuía uma alma
humana; seria parte do seu exemplo a nós; faria parte de sua disciplina
pessoal; faria parte de sua preparação para ser um intercessor compassivo (Hb
2.18; 4.15); era parte da grande batalha na qual ‘a semente da mulher pisaria a
cabeça da serpente’” (Gn 3.15).
Ao tentar Jesus, o diabo
queria convencê-lo a desistir ou a adiar sua missão. O tentador sabia qual era
a missão de Jesus, por isso, procurou criar-lhe situações embaraçosas, tentando
levá-lo a empregar meios contrários ao plano divino. Jesus, contudo, não cedeu
a nenhuma das insinuações satânicas. Ele não fraquejou, nem tomou atalhos para
cumprir sua missão. Do mesmo modo, somos tentados a provocar a ira de Deus e a
pecar contra a sua vontade soberana, mas devemos resistir firmes na fé (Tg 4.7;
1Pe 5.8,9).
É assim que Satanás opera em
nossos dias. Ele procura compelir-nos a galgar lugares e posições fora de
tempo, a tomar decisões precipitadas e, acima de tudo, a contrariar a vontade
de Deus. Ele usou várias pessoas para tentar boicotar a obra de Cristo (Mt
2.16; Mt 16.23; Jo 8.44; Jo 13.27).
6.6.7.2. Em relação às
nações
“E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o
grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se preparasse o caminho
dos reis do Oriente. E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do
falso profeta vi saírem três espíritos imundos, semelhantes a rãs, porque são
espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis
de todo o mundo para os congregar para a batalha, naquele grande Dia do Deus
Todo-poderoso... E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom”
(Ap 16.12-16). Esta será a penúltima rebelião de Satanás contra Deus. Trata-se
das nações do Oriente que, impulsionadas por forças satânicas, participarão de
um grande conflito, a saber, a guerra do Armagedom (Ap 19.17-21). O sexto anjo
prepara o caminho para a guerra final da presente era, secando o rio Eufrates
para deixar os exércitos do Oriente aproximarem-se de
Israel (Is 11.15).
O v.13 do texto supra faz
menção de espíritos imundos semelhantes a rãs que são demônios operadores de
milagres e, assim, enganam as nações para apoiarem o mal, o pecado e o
anticristo. Isso é um sinal evidente que durante a grande tribulação, os
governantes das nações ficarão endemoninhados. É dessa forma que enganados por
Satanás através de seus milagres, urdirão um plano louco que lançará o mundo
inteiro num grande holocausto que dar-se-á no local chamado Armagedom (gr.
harmagedon) (Ap 16.16). Esta região está localizada no centro-norte da
Palestina e significa “vale do Megido” que será o ponto central da batalha,
naquele grande dia do Deus Todo-poderoso (Ap 16.14). Essa guerra será travada
perto do fim da tribulação, e acabará quando Cristo voltar para destruir os
ímpios (Ap 14.19), para libertar o seu povo e para inaugurar seu reino
messiânico. Note os seguintes fatos no tocante a esse evento: Os profetas do
Antigo Testamento profetizaram o evento (Dt 32.43; Jr 25.31; Jl 3.2,9-17; Sf
3.8; Zc 14.2-5); Satanás e os seus demônios reunirão muitas nações sob a
direção do anticristo a fim de guerrearem contra Deus, contra seus exércitos,
contra seu povo e para destruir Jerusalém (Ap 16.13,14,16; 17.14; 19.14,19; Ez
38,39; Zc 14.2). Embora o ponto central esteja na terra de Israel, o evento do
Armagedom envolverá a totalidade do mundo (Jr 25.29-38); Cristo voltará e
intervirá de modo sobrenatural, destruindo o anticristo e os seus exércitos (Ap
19.19-21; Zc 14.1-5), e todos aqueles que desobedecem ao evangelho (Sl 110.5;
Is 66.15,16; 2Ts 1.7-10). Deus também enviará destruição e terremotos sobre o
mundo inteiro nesse período (Ap 16.18,19; Jr 25.29-33).
Após a batalha do Armagedom
Satanás será preso por um período de mil anos, contudo, depois desse tempo será
solto, onde por fim reunirá uma multidão incontável de pessoas (Ap 20.9) e as
comandará para a última batalha na tentativa insana de derrotar a Deus. “E vi
descer do céu um anjo que tinha a chave do abismo e uma grande cadeia na sua
mão. Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e
amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo
sobre ele, para que mais não engane as nações...” (Ap 20.3). “E, acabando-se os
mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão
sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do
mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre ia largura da terra e
cercaram o arraial
dos santos e
a cidade amada;
mas desceu fogo do céu e os devorou” (Ap 20.7-9). Como observamos acima,
no término do milênio, Satanás será solto e numa atitude desesperada manipula,
pela última vez, as nações, enganando-se a ponto de supor que ainda poderá
derrotar a Deus. Sairá a enganar aqueles que quiserem rebelar-se contra o reino
de Cristo, e ajuntará uma multidão de semelhantes rebeldes. “Gogue e Magogue”
(Ap 20.8).
É desta forma que Satanás
trabalha incansavelmente. Atua cegando os entendimentos (2Co 4.4); arrebatando
a palavra dos corações (Lc 8.12); usando homens para se oporem
à obra de Deus (Ap 2.10). E para tanto mente (At 5.3); acusa e difama
(Ap 12.10); dificulta trabalho (1Ts 2.18); se vale de demônios (Ef 6.11-12);
semeia o joio entre os crentes (Mt
13.38-39); realiza perseguições contra os seus oponentes (Ap 2.10) etc.
7 - DEMONOLOGIA
Introdução
A demonologia é um estudo
que vem despertando o interesse das pessoas neste final de século. Idéias
fictícias, invencionices mistificadas, teorias religiosas e filosóficas e até
alusões bíblicas desprovidas de interpretação correta têm invadido o mundo da
literatura secular. O cristão por sua vez não desconhece o fato de que Satanás
na sua rebelião contra Deus arrastou consigo uma grande multidão de anjos das
ordens inferiores (Ap 12.4) que são identificados (após sua queda) com os
demônios ou espíritos e que Satanás e muitos desses anjos inferiores decaídos
foram banidos para a terra e sua atmosfera circundante, onde operam limitados
segundo a vontade permissiva de Deus. Neste capítulo, teremos a oportunidade de
conhecer essa doutrina do ponto de vista da Bíblia, como única autoridade capaz
de revelar e esclarecer a realidade e a identidade dos demônios.
7.1. A doutrina dos demônios
O termo “demônio” aparece
somente três vezes no Velho Testamento (Dt 32.17; Sl 106.37; Lv 17.7). No Novo
Testamento, a palavra “demônio” (gr. daimon ou daimonion) assumiu o sentido de
malignidade, pois eles são seres espirituais, inteligentes, impuros e com poder
para afligir e contaminar os homens moral e espiritualmente. O termo daimon
ocorre em Mt 8.31; e daimoniodes apenas em Tg 3.15. Mas o substantivo daimonion
aparece 63 vezes, e o verbo daimonizomai, 13 vezes. No grego clássico, os
termos daimonion e daimon se referem a
deuses inferiores, tanto bons como maus.
No texto de Dt 32.17, o
cântico de Moisés destaca que os israelitas caíram em idolatria: “sacrifícios
ofereceram aos demônios (shedhim)”. Entende-se então que o termo shedhim se
identifica não só com as imagens de idolatria, mas também relaciona o termo com
seres espirituais por
detrás dos que adoram
as imagens. O
termo seirim, etimologicamente significa “o peludo” ou “bode peludo”. O
povo de Israel repudiava esses animais porque eram considerados objetos de
adoração (Lv 17.1-7).
7.2. Quem são os Demônios
Alguns teólogos entendem que
os demônios e espíritos maus são diferentes dos anjos caídos. Outros admitem
que tanto anjos caídos, espíritos malignos e demônios são apenas nomes
diferentes para os mesmos seres. Antes de apresentarmos o nosso ponto de vista
exibiremos algumas teorias enganosas.
7.2.1. Teorias falsas sobre
os demônios
Essas teorias apresentam
idéias divergentes sobre a origem dos anjos caídos. Teóricos utilizam textos
bíblicos isolados para defenderem suas posições.
7.2.1.1. Os demônios são espíritos
sem corpos de habitantes de uma raça pré-adâmica
Acreditam os defensores
dessa teoria que havia na terra uma raça pré-adâmica que se constituía de
criaturas físicas, as quais, pela rebelião de Lúcifer, sofreram a perda de seus
corpos materiais, tornando-se espíritos sem corpos, denominados “demônios”.
Esta idéia vai de encontro ao fato de que em parte alguma das Escrituras é tal
raça mencionada. Mas como a queda de Satanás, de seus anjos e dos demônios deve
ter acontecido entre Gn 1 e 2, não é improvável que, além dos anjos, houvesse
uma raça de seres espirituais que habitava na terra, sobre quem Satanás
dominava, e que também caiu quando ele caiu. Como castigo para ele, Deus
permitiu-lhes estar aí em um estado de desincorporação até que sejam confinados
ao Geena, quando do julgamento final de Satanás e suas hostes. Diversos
escritores modernos que escrevem sobre profecias aceitam este ponto de vista.
Esta idéia parece explicar melhor o fato dos demônios buscarem possuir seres
humanos. A destruição a que se refere 2Pe 3.5,6 poderia se referir a um
julgamento sobre uma tal raça pré-adâmica, através da qual a criação
perfeita de Deus foi transformada no
caos de Gn 1.2.
Satanás é um anjo, e é
chamado príncipe dos demônios (Mt 12.24),
indicando que os
demônios são anjos e
não uma raça pré-adâmica. Além
disso, Satanás tem uma hierarquia bem organizada de anjos (Ef 6.11-12), e é
razoável supor que estes sejam demônios. Alguns demônios já estão presos (2Pe
2.4; Jd 6) e alguns estão à solta, cumprindo ordens de Satanás. Alguns pensam
que a razão para tal aprisionamento é a participação daqueles demônios no
pecado de Gn 6.1-4.
Na verdade, essa teoria não
consegue se definir, porque biblicamente, nunca existiu raça alguma pré-adâmica
que tivesse habitado neste planeta. Por essa razão, a idéia de uma raça
pré-adâmica é pura conjectura, sem nenhum apoio bíblico. Não há nenhuma raça
criada anterior à raça humana de Adão e Eva (Gn 1.26,27). A única criação de
seres vivos e inteligentes existente antes da criação da raça humana eram os
anjos, e estes nunca habitaram na terra como raça criada.
7.2.1.2. Os demônios são
seres gerados da relação de anjos com mulheres antediluvianas (Gn 6.1-4)
Não são poucos os teólogos
que apóiam as doutrinas das “testemunhas de Jeová”, ao defenderem ser “os
filhos de Deus” (Gn 6.2) anjos caídos que não guardaram o seu estado original.
Essa teoria defende uma intromissão angélica na esfera humana e como resultado
uma raça de gigantes perversos.
Os defensores dessa teoria interpretam
que “as filhas dos homens” eram realmente da descendência de Adão e Eva e que
“os filhos de Deus” eram anjos que entraram em conúbio com estas mulheres e
produziram uma progênie espantosa de filhos gigantes. Os que admitem essa
teoria partem da idéia de que “os anjos” são chamados “filhos de Deus” em
algumas partes das Escrituras, mui especialmente no Antigo Testamento.
É fato que em algumas
Escrituras encontramos a expressão “filhos de Deus” para referir-se aos
“anjos”, mas não podemos omitir outro fato de que a mesma expressão “filhos de
Deus” também se encontra em outras escrituras referindo-se a “homens”. Isto só
é possível perceber à luz do contexto de cada escritura. Forçar uma
interpretação contrariando o contexto, tanto o imediato como o remoto,
significa ferir a revelação divina de cada escritura. O argumento aceitável,
racional e bíblico, é que esses “filhos de Deus” eram oriundos da linhagem
piedosa de Sete e as “filhas dos homens”
eram da linhagem pecaminosa de Caim. O ensino bíblico e canônico é que
os anjos são seres assexuados. Eles não possuem descendência, nem ascendência
ou família. Foram apenas criados e, tantos quantos foram criados no princípio
da criação, são tantos quantos existem.
7.2.1.3 Os Demônios são
simples nomes dados a certas enfermidades
Com o aparecimento das
idéias dos atuais grupos da Confissão Positiva e da Teologia da Prosperidade
nos meios pentecostais, essa teoria tem se espalhado como se fosse planta
daninha entre o povo de Deus. Crêem e ensinam que as doenças, de um modo geral,
são “espíritos maus” ou “demônios” que precisam ser expelidos. Essa teoria
atribui certas desordens naturais a atividade dos maus espíritos. Ao nomear as
doenças como espíritos maus ou demônios, mesmo aquelas doenças de causas naturais,
estão tratando os espíritos ou demônios como se eles não tivessem existência
real. Devemos ter cuidado em separar as causas dos seus efeitos. Nem todas as
enfermidades são causadas por demônios, e nem todas podem ser atribuídas aos
demônios. Há doenças de causas naturais como conseqüência da herança pecaminosa
que todo ser humano herda, e há doenças causadas por demônios. Não podemos
tratar as doenças como demônios, pois dessa forma todo crente quando fica
enfermo estaria endemoninhado, o que é um absurdo. Não podemos, também, tratar
os demônios como se não tivessem existência real. Os demônios não são coisas,
nem meras idéias, nem doenças. Eles são seres pessoais e espirituais que podem
causar grandes danos às pessoas. Lucas conta que uma certa mulher esteve presa
por um espírito de enfermidade por 18 anos e Jesus a libertou daquele jugo. O
texto bíblico diz literalmente que aquela mulher estava possessa de um
“espírito de enfermidade” (Lc 13.11), isto é, entende-se que um espírito
maligno aprisionava aquela mulher com uma enfermidade, mas esta não era um
espírito ou demônio. Aquele espírito provocou naquela mulher a enfermidade que
a fizera sofrer por longo tempo.
7.2.1.4. Os demônios são os
espíritos de homens malvados que já estão mortos
Outra tremenda aberração!
Não há nenhum apoio bíblico para esta idéia. Essa teoria foi se desenvolvendo
através dos séculos e, em pleno final do século 20, torna-se generalizada.
Porém, a Bíblia refuta veementemente esse falso conceito. Os
demônios são apenas “anjos caídos” e são eles que promovem todo o engano e
confusão na mente humana. Os mortos continuam mortos e seus espíritos não andam
vagando por aí a perturbar a paz das pessoas.
7.2.2. O que a Bíblia afirma
ser os demônios
O Novo Testamento menciona
muitas vezes pessoas sofrendo de opressão ou influência maligna de Satanás,
devido a um espírito maligno que neles habita; menciona também o conflito de
Jesus com os demônios. O Evangelho segundo Marcos, por exemplo, descreve muitos
desses casos: 1.23-27, 32, 34, 39; 3.10-12, 15; 5.1-20; 6.7, 13; 7.25-30;
9.17-29; 16.17.
Os demônios são seres
espirituais com personalidade e inteligência. Como súditos de Satanás, inimigos
de Deus e dos seres humanos (Mt 12.43-45), são malignos, destrutivos e estão
sob a autoridade de Satanás (Mt 4.10 nota).
Os demônios são a força
motriz que está por trás da idolatria, de modo que adorar falsos deuses é
praticamente o mesmo que adorar demônios (1Co 10.20). O Novo Testamento mostra
que o mundo está alienado de Deus e controlado por Satanás (Jo 12.31; 2Co 4.4;
Ef 6.10-12).
Os demônios são parte das
potestades malignas; o cristão tem de lutar continuamente contra eles (Ef
6.12).
Os demônios podem habitar no
corpo dos incrédulos, e, constantemente, o fazem (Mc 5.15; Lc 4.41; 8.27,28; At
16.18) e falam através das vozes dessas pessoas. Escravizam tais indivíduos e
os induzem à iniqüidade, à imoralidade e à destruição.
Os demônios podem causar
doenças físicas (Mt 9.32,33; 12.22; 17.14-18; Mc 9.17-27; Lc 13.11,16), embora
nem todas as doenças e enfermidades procedam de espíritos maus (Mt 4.24; Lc
5.12,13). Aqueles que se envolvem com espiritismo e magia (isto é, feitiçaria)
estão lidando com espíritos malignos, o que facilmente leva à possessão
demoníaca (At 13.8-10; 19.19; Gl 5.20; Ap 9.20,21).
Os espíritos malignos
estarão grandemente ativos nos últimos dias
desta era, na
difusão do ocultismo,
imoralidade, violência e crueldade; atacarão a Palavra de Deus e a
sã doutrina (Mt 24.24; 2Co 11.14,15; 1Tm 4.1). O maior surto de
atividade demoníaca ocorrerá através do Anticristo e seus
seguidores (2Ts 2.9; Ap 13.2-8; 16.13,14).
7.2.3. Jesus e os demônios
Nos seus milagres, Jesus
freqüentemente ataca o poder de Satanás e o demonismo (Mc 1.25,26, 34, 39;
3.10,11; 5.1-20; 9.17-29; Lc 13.11,12,16). Um dos seus propósitos ao vir à
terra foi subjugar Satanás e libertar seus escravos (Mt 12.29; Mc 1.27; Lc
4.18).
Jesus derrotou Satanás, em
parte pela expulsão de demônios e, de modo pleno, através da sua morte e
ressurreição (Jo 12.31; 16.17; Cl 2.15; Hb 2.14). Deste modo, Ele aniquilou o
domínio de Satanás e restaurou o poder do reino de Deus.
O inferno (gr. Gehenna), o
lugar de tormento, está preparado para o diabo e seus demônios - anjos (Mt
8.29; 25.41). Exemplos do termo Gehenna no grego: Mc 9.43,45,47; Mt 10.28;
18.9.
7.2.4. O crente e os
demônios
As Escrituras ensinam que
nenhum verdadeiro crente, em quem habita o Espírito Santo, pode ficar
endemoninhado; isto é, o Espírito e os demônios nunca poderão habitar no mesmo
corpo (2Co 6.15,16). Os demônios podem, no entanto, influenciar os pensamentos,
emoções e atos dos crentes que não obedecem aos ditames do Espírito Santo (Mt
16.23; 2Co 11.3,14).
Jesus prometeu aos genuínos
crentes autoridade sobre o poder de Satanás e das suas hostes. Ao nos
depararmos com eles, devemos aniquilar o poder que querem exercer sobre nós e
sobre outras pessoas, confrontando-os sem trégua pelo poder do Espírito Santo
(Lc 4.14-19). Desta maneira, podemos nos livrar dos poderes das trevas.
Segundo a parábola em Mc
3.27, o conflito espiritual contra Satanás envolve três aspectos: declarar
guerra contra Satanás segundo o propósito de Deus (Lc 4.14-19); ir onde Satanás
está (qualquer lugar onde ele tem uma fortaleza), atacá-lo e vencê-lo pela oração
e pela proclamação da Palavra, e destruir suas armas de engano e tentação
demoníacos (Lc 11.20-22); apoderar-se de bens ou posses, isto é, libertando os
cativos do inimigo e entregando-os a Deus para que recebam perdão e
santificação mediante a fé em Cristo (Lc 11.22; At 26.18).
Seguem-se os passos que cada
um deve observar nesta luta contra o mal: Reconhecer que não estamos num
conflito contra a carne e o sangue, mas contra forças espirituais do mal (Ef
6.12); viver diante de Deus uma vida fervorosamente dedicada à sua verdade e
justiça (Rm 12.1,2; Ef 6.14); Crer que o poder de Satanás pode ser aniquilado
seja onde for o seu domínio (At 26.18; Ef 6.16; 1Ts 5.8) e reconhecer que o
crente tem armas espirituais poderosas dadas por Deus para a destruição das
fortalezas de Satanás (2Co 10.3-5); proclamar o evangelho do reino, na
plenitude do Espírito Santo (Mt 4.23; Lc 1.15-17; At 1.8; 2.4; 8.12; Rm 1.16;
Ef 6.15); confrontar Satanás e o seu poder de modo direto, pela fé no nome de
Jesus (At 16.16-18), ao usar a Palavra de Deus (Ef 6.17), ao orar no Espírito
(At 6.4; Ef 6.18), ao jejuar (Mt 6.16; Mc 9.29) e ao expulsar demônios (Mt
10.1; 12.28; 17.17-21; Mc 16.17; Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.12); orar,
principalmente, para que o Espírito Santo convença os perdidos, no tocante ao
pecado, à justiça e ao juízo vindouro (Jo 16.7-11); orar, com desejo sincero,
pelas manifestações do Espírito, mediante os dons de curar, de línguas, de
milagres e de maravilhas (At 4.29-33; 10.38; 1Co 12.7-11).
7.3. A natureza espiritual,
intelectual e moral dos demônios
Eles possuem uma natureza
intelectual, até mesmo porque na etimologia da palavra daimon o sentido é
conhecimento, inteligência. Portanto, os demônios não são coisas impensantes,
mas conhecem a Jesus e até falam dele como “o filho do Altíssimo” (Mc 5.6,7).
Tiago escreveu que os demônios crêem e estremecem (Tg 2.19). Quanto à natureza
moral dos demônios é inegável que eles se corromperam indo após Lúcifer,
praticando toda a sorte de perversão e depravação espiritual. Por isso, eles
são chamados “espíritos imundos” (Mt 10.1; Mc 1.27; 3.11; Lc 4.36; At 8.7, Ap
16.13). Eles usam as pessoas, possuindo suas mentes ou influenciando-as por
outros meios a fim de que elas se tornem “instrumentos de iniqüidade” (Rm
6.13).
Na rebelião promovida por
Lúcifer, este arrastou consigo uma grande multidão de seres angelicais (Mt
25.41; Ap 12.4). Depois, ele organizou sua própria corte com os anjos que o
seguiram, distinguindo-os em “principados, potestades e dominadores das trevas
e hostes espirituais
da maldade” (Ef 6.12). Os anjos
que trocaram a sua habitação pela oferta do rebelde Lúcifer, foram banidos da
presença de Deus e seguiram a liderança de Lúcifer. E, assim, passaram a ser
identificados como “anjos caídos”.
7.4. Lugar atual e destino
final dos demônios
a) Satanás na sua rebelião
inicial contra Deus (Mt 4.10) sublevou uma terça parte dos anjos (Ap 12.4). A
maioria deles está solta sob o domínio e controle de Satanás (Mt 12.24; 25.41;
Ef 2.2; Ap 12.7). Estes são os emissários altamente organizados do diabo (Ef
6.11,12) que equivalem aos demônios referidos na Bíblia;
b) Outros desses estão
algemados no poço do abismo (2Pe 2.4; Jd 6), e serão soltos na Grande
Tribulação. “E o quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela que do céu caiu
na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo. E abriu o poço do abismo, e
subiu fumaça do poço como a fumaça de uma grande fornalha e, com a fumaça do
poço, escureceu-se o sol e o ar” (Ap 9.1,2). Nesse texto encontramos a estrela que
cai do céu que é provavelmente um anjo que executa o julgamento divino e o poço
do abismo que é o lugar onde estão aprisionados os demônios que não guardaram o
seu principado e ali foram encerrados até que Che o tempo de serem soltos (Ap
11.7; 17.8; 20.1,3; Lc 8.31; 2Pe 2.4; Jd 6). Do poço do abismo saem gafanhotos
que representam um vultoso número de demônios e também intensa atividade
demoníaca na terra, perto do fim da história.
c) finalmente todos os
demônios serão lançados juntamente com Satanás para dentro do lago de fogo.
“Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25.41).
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