quarta-feira, 11 de março de 2020



FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE


CURSO LIVRE
CARTAS PAULINAS











CARTAS PAULINAS
 Carta de
São Paulo
aos Romanos
Esta carta e verdadeiramente a mais importante peça do Novo Testamento. É o evangelho mais puro.  É de grande valor para um Cristão não somente para memorizar palavra por palavra, mas também para o ocupar  com isso diariamente, como se fosse o pão diário da alma. É impossível ler ou meditar nesta carta {tão pouco}. Quanto mais alguém lida com ela, mais preciosa ela se torna e melhor ela saboreia. Por esta razão, eu quero completar meu serviço e, com este prefácio, prover uma introdução para a carta, a medida que Deus me dá abilidade, de maneira que qualquer um possa obter o mais profundo entendimento dela. Até agora ela tem sido escurecida{colocada em trevas} pelas interpretações [notas de explicação e comentários que acompanham o texto] e por muitos um comentário sem uso, mas está dentro dela própria uma luz resplandecente, quase resplandecente o suficiente para iluminar toda a Escritura. Para começarmos, nós temos que nos tornar familiares com o vocabulário da carta e saber o que São Paulo  quer dizer das palavras lei, pecado, graça, fé, justiça, carne, espírito, etc. Do contrário, não há uso em lê-la. Você não deve entender a palavra lei aqui em padrões humanos, i.e., um regulamento sobre que tipo de ações devem ou não devem serem feitas. Esta é a maneira em que está as leis humanas: você satisfaz os mandamentos da lei com obras, não importa se o seu coração está ou não de acordo. Deus julga o que está no mais profundo do coração. Por esta razão suas leis
também fazem mandamentos no mais profundo do coração e não deixa o coração descansar se  satisfazendo com as ações; mais ainda ele pune como hipocrisia e desmente todas as obras feitas  longe do mais profundo do coração. Todos os seres humanos são chamados de mentirosos (Sl 116), uma vez que nenhum deles cumprem ou podem cumprir as leis de Deus no mais profundo do coração. Todos acham dentro de si uma aversão ao bem e um desejo ardente pelo mal. Onde não há desejo espontâneo pelo bem, lá o coração não está fundamentado nas leis de Deus. Lá também o pecado está certamente para ser achado assim como a merecida ira de Deus, mesmo que muitas boas obras e uma vida de honra apareça exteriormente ou não. Por esta razão, no capítulo 2, São Paulo acrescenta que os judeus são todos pecadores e diz que somente os cumpridores da lei são justificados aos olhos de Deus.  O que ele está dizendo é que ninguém é um cumpridor da lei pelas obras.  Externamente, ele diz para eles, "Vocês ensinam que não se pode cometer adultério, e vocês cometem adultério. Vocês julgam outro de uma certo assunto e se condena vocês próprios naquele mesmo assunto, porque vocês fazem todas as mesmas coisas ao qual vocês julgam ao outro." Isto é como se ele estivesse dizendo, "Externamente você vive propriamente nas obras da lei e julgam aqueles que não estão vivendo a mesma maneira, vocês sabem como ensinar a todo mundo. Você olha o argueiro no olho de outro mas não nota a trave que está no seu próprio." Externamente, vocês tomam a lei com obras contrariado com o temor de punição ou amor pelo enriquecimento {ganho, lucro, acréscimo, vantagem}. Da mesma maneira, vocês fazem tudo sem o desejo espontâneo e amor à lei; vocês agem por aversão e força. Vocês deveriam viver de outra maneira se a lei não existisse. Segue-se, então, que vocês, no profundo do coração, são inimigos da lei. O que significa para vocês, por isso, em ensinar ao outro que não se deve roubar, quando vocês, no profundo do coração, são ladrões e seria um externamente também, se você tivesse coragem. (Com certeza, do outro lado as obras não permanecem por muito tempo com tanta hipocrisia.) Então assim, vocês ensinam aos outros mas não a vocês mesmos; vocês nem sabem ao certo o que estão ensinando. Vocês nunca estudaram a lei corretamente. Mais adiante, a lei faz aumentar o pecado, como São Paulo diz no capítulo 5. Isso porque a pessoa se torna mais e mais inimigos da lei, quanto mais ela demanda dele o que ele não pode possivelmente fazer. No capítulo 7,  São Paulo diz, "A lei é espiritual." O que isso significa? Se a lei fosse física, então ela poderia ser satisfeita com obras, mas desde que ela é espiritual, ninguém pode satisfaze-la a menos que tudo que ele faça jorre do profundo do coração. Mas ninguém pode dar um coração assim exceto o Espírito de Deus, o qual faz a pessoa ser de acordo com {ou como} a lei, assim que ele atualmente concebe um coração com o sentimento ardente pela lei e a partir daí {de hoje em diante} faz tudo, não através do medo e da força, mas de um coração espontâneo. Tal lei é espiritual desde que ela possa ser amada e cumprida por um tal coração e por um tal espírito espontâneo como esse. Se o Espírito não está no coração, então permanece o pecado, com aversão e inimizade contra a lei, o que nela própria é boa, justa e santa. Você deve se atualizar da ideia de que uma coisa é fazer as obras da lei e outra coisa é cumpri-la.  As obras da lei são todas as coisas que uma pessoa faz ou pode fazer de sua própria disposição espontânea e pelas suas próprias forças em obedecer a lei. Mas porque em fazer tais obras o coração detesta a lei e ainda é forçado a obedecê-la, as obras são uma total perca e são completamente inúteis {sem uso}. Isto é o que São Paulo quer dizer no Capítulo 3 quando diz, "Nenhum ser humano é justificado diante de Deus através das obras da lei." Através disso você pode ver que os mestres [i.e., os teólogos] e sofistas são sedutores quando eles ensinam que você pode se preparar para a graça através das obras. Como pode qualquer pessoa se preparar a si próprio para o bem por meio das obras se ele não faz nenhuma boa obra exceto com aversão e constrangimento em seu coração? Como pode tal obra agradar a Deus, se isso procede de um coração oposto e sem desejo ardente? {desejo ardente- >unwilling=sem a força da mente em
direcionar seus pensamentos e ações e influenciar a outros neste sentido.} Mas para cumprir a lei significa fazer suas obras ardentemente, amavelmente e espontaneamente, sem o constrangimento da lei; significa viver bem e de maneira que agrada a Deus, como se não existisse lei nem punição. É o Espírito Santo, entretanto, quem põe tal desejo ardente de amor dentro do coração, como Paulo diz no capítulo 5. Mas o Espírito é somente dado, com, e através da fé em Jesus Cristo, como Paulo diz em sua introdução. Assim, também, a fé somente vem através da palavra de Deus, do Evangelho, o qual prega Cristo: como ele é tanto Filho de Deus e do homem, como ele morreu e ressuscitou para o nosso beneficio. Paulo diz tudo isso nos capítulos 3,4 e 10. Isso é porque a fé sozinha faz alguém justo e cumpre a lei; fé, isto é que traz o Espírito Santo através do mérito de Cristo. O Espírito, em troca, oferece um coração alegre e espontâneo, como a lei demanda. Então boas obras procede da fé por ela própria. Isto é o que Paulo quer dizer no capítulo 3 quando, após ele ter jogado fora as obras da lei, ele parece querer abolir a lei pela fé. Não, ele diz, nós aprovamos a lei através da fé, i.e. nós a cumprimos através da fé. Pecado nas Escrituras significa não somente as obras externas do corpo mas também todos aqueles movimentos dentro de nós que se ocupam eles mesmos de nos mover a fazer as obras externas, nominalmente, o profundo do coração com toda sua força. Por esta razão, a palavra realmente deve se referir a uma queda total de uma pessoa no pecado. Nenhuma obra externa do pecado acontece, após tudo isso, a menos que uma pessoa se entregue a si próprio a isso completamente, corpo e alma. Em particular, as Escrituras vêem no profundo do coração,  para o fundamento e para a principal fonte de todo o pecado: incredulidade dentro do mais profundo do coração. Desta maneira, assim como a fé sozinha se faz justa e traz o Espírito e o desejo de fazer boas obras externas, então somente a incredulidade que peca e exalta a carne e traz o desejo de fazer obras externas do mal. É o que aconteceu a Adão e Eva no Paraíso (Cf Gênesis 3). Isso é o porquê de somente a incredulidade é chamada de pecado por Cristo, como ele diz em João 16, "O Espírito punirá o mundo por causa do pecado, porque ele não crê em mim." Mais adiante, antes que as boas e más obras aconteçam, que são os frutos bons e ruins do coração, deve estar presente no coração tanto a fé ou a incredulidade, a fonte, mina e poder chefe de todo pecado. Isso é porque, nas Escrituras, a incredulidade é chamada de a cabeça da serpente e do antigo dragão os quais a semente da mulher, i.e. Cristo, deve esmagar, como foi prometido a Adão (cf. Gênesis3). Graça e dom que se distinguem nessa graça atualmente denotam a bondade de Deus ou favor que Ele tem para nós e pelo que Ele está disposto a derramar Cristo e o Espírito com seus dons em nós, como se torna claro desde o capítulo 5, onde Paulo diz, "A graça e o dom estão em Cristo, etc." Os dons e o Espírito crescem diariamente dentro de nós, ainda que eles não são completos, desde que os desejos do mal e dos pecados permanecem em nós os quais guerreiam contra o Espírito, como Paulo diz no capítulo 7, e em Gálatas, capítulo 5. E Gênesis, capítulo 3, proclama a inimizade entre a semente da mulher e a semente da serpente. Mas a graça realmente faz muito isso: que nós somos considerados completamente justos diante de Deus. A graça de Deus não está dividida em pigmentos e pedaços, como são os dons, mas a graça nos levanta completamente ao favor de Deus, pelo beneficio de Cristo, nosso intercessor e mediador, de modo que os dons são permitidos a iniciar suas obras em nós. Desta maneira, você deve estudar o capítulo 7, onde São Paulo retrata ele mesmo como ainda um pecador, enquanto no capítulo 8 ele diz que, por causa dos dons incompletos e por causa do Espírito, não há nada capaz de condenar ao inferno aqueles que estão em Cristo. Porque a nossa carne ainda  não foi morta, nós ainda somos pecadores, mas porque nós cremos em Jesus e temos os princípios do Espírito, Deus então nos mostra o seu favor e a sua misericórdia, em que ele nem percebe nem julga tais pecados. Melhor ainda, ele lida conosco de acordo com nossa fé em Cristo até que o pecado é morto. Fé não é aquela ilusão humana e sonho ao qual algumas pessoas pensam que é. Quando eles ouvem e falam muito sobre a fé e ainda vê que nenhum progresso moral e nenhuma boas obras resultam disso, eles caem no erro e dizem, "Fé não é tudo. Você deve fazer obras se você quer ser virtuoso e ir até o céu." O resultado é que, quando eles ouvem o Evangelho, eles tropeçam e fazem para eles mesmos com suas próprias forças um conceito em seus corações que diz, "Eu creio". Este conceito eles pensam ser fé verdadeira. Mas desde que isto é uma fabricação humana e pensamento e não uma experiência do coração, isto não sucede em nada, e então segue-se nenhum progresso. Fé é um trabalho de Deus em nós, o qual nos muda e nos traz a nascer um novo proveniente de Deus (Cf João 1). Ela mata o velho Adão, nos faz pessoas completamente diferentes no coração, pensamento, sentido, e todas nossas forças, e traz o Espírito Santo com ela. Como é  viva, criativa, uma coisa ativa cheio de poder é a fé! É impossível que a fé em alguma ocasião faça parar o fazer  bem. A fé não pergunta se boas obras estão para serem feitas, mas, antes que ela seja questionada, ela as fez. Ela está sempre ativa.  Seja quem for que não fizer tais obras está sem fé; ele anda se apalpando e se examinando por fé e boas obras mas não sabe o que a fé ou boas obras são. Mesmo assim, eles tagarelam com muitas palavras sobre fé e boas obras. A fé é uma confiança viva, inabalável na graça de Deus; ela é então certa, que alguém poderia morrer mil vezes por ela. Este tipo de confiança e conhecimento da graça de  Deus faz uma pessoa cheia de alegria, confiante, e alegre com consideração a Deus e todas criaturas. Isto é o que o Espírito Santo faz pela fé. Através da fé uma pessoa fará bem a todos sem uso de força, espontaneamente e alegremente; ele servirá a todos, sofrerá tudo pelo amor e louvor a Deus, o qual lhe tem mostrado tal graça. É tão impossível separar  obras da fé como separar as chamas do brilho do fogo. Por esta razão, fique de guarda contra suas próprias falsas ideias e contra os tagarela dores que pensam que eles são inteligentes o suficiente para fazer julgamentos sobre a fé e boas obras mas os quais são na realidade os maiores tolos. Peça a Deus para trabalhar a fé em você; do contrário, você permanecerá eternamente sem fé, não importa o que você tente fazer ou fabricar. Agora justiça é  justamente uma fé assim. É chamada de justiça de Deus ou aquela justiça a qual é válida aos olhos de Deus, porque é Deus quem a dá e a considera como justiça pelo benefício de Cristo nosso Mediador. Ela influencia uma pessoa para dar a todos o que ele está devendo. Através da fé uma pessoa se torna sem pecado e obstinado pelos mandamentos de Deus. Assim ele dá a Deus a honra pertencente a Ele e paga a Ele o que está devendo. Ele serve às pessoas espontaneamente com os meios disponíveis a ele. Neste caminho ele paga a todos sua dívida. Nem a natureza, nem o desejo livre, nem as nossas próprias forças podem nos trazer tal justiça, da maneira como ninguém pode dar a si próprio fé, então também ele não pode remover a incredulidade. Como ele pode jogar fora mesmo o menor dos pecados? Por esta razão, tudo que toma lugar fora da fé ou da incredulidade é mentira, hipocrisia e pecado (Romanos 14), não importa como mansamente isto parece prosseguir. Você não deve entender carne aqui como denotando somente lascívia ou espírito como denotando somente a parte interior do coração. Aqui São Paulo chama a carne(como faz Cristo em João 3) tudo que nasceu da carne, i.e. todo ser humano com corpo e alma, razão e sentidos, desde que tudo dentro dele se inclina para a carne. Isto é o porquê você deveria saber o suficiente para chamar aquela pessoa de "carnal" quem, sem a graça, fabrica, ensina e tagarela sobre assuntos altamente espirituais. Você pode aprender a mesma coisa em Gálatas, capítulo 5, onde São Paulo chama a heresia e obras odiadas da carne. E em Romanos, capítulo 8, ele diz que, através da carne, a lei é enfraquecida. Ele diz isso, não da lascívia, mas de todos pecados, muitos deles da incredulidade, o qual é o mais espiritual dos defeitos. Do outro lado, você deve saber o suficiente para chamar aquela pessoa "espiritual" que está ocupada com as mais superficiais obras como foi Cristo, quando ele lavou os pés dos discípulos, e Pedro, quando ele conduziu seu barco e pescou. Então assim, uma pessoa é "carne" quando, de uma internamente ou externamente, vive somente para fazer aquelas coisas que são de uso da carne e para a existência temporária. Uma pessoa é "espiritual" quem, internamente ou externamente, vive somente para fazer aquelas coisas que são de uso do espírito e para a vida porvir. A menos que você entenda estas palavras desta maneira, você nunca entenderá nem esta carta de São Paulo nem o livro das Escrituras. Esteja atento, por isso, contra os professores que usam estas palavras diferentemente, não importa quem ele seja, seja Jerônimo, Agostinho, Ambrosio, Origen ou qualquer outro tão grande como grande eles são. Agora vamos voltar para a carta ela mesmo.
A primeira dívida de um pregador do Evangelho é, através de sua revelação da lei e do pecado,  considerar e transformar em pecado tudo na vida que não tem o Espírito e a fé em Cristo como sua base. [Aqui e em qualquer lugar no prefácio de Lutero, como você percebe em Romanos, não está claro tanto se o "espírito" tem o significado de "Espírito Santo" ou "homem espiritual", como Lutero tem previamente definido isso.]  Desta maneira, ele levará  as pessoas para um reconhecimento de sua miserável condição, e assim eles se tornarão humildes e afligir-se por ajuda. Isto é o que São Paulo faz. Ele começa no capítulo 1 por censurar os mais bárbaros pecados e a incredulidade que estão à vista,  como eram (e ainda são) os pecados dos pagãos, que vivem sem a graça de Deus. Ele diz que, através do Evangelho, Deus está revelando sua ira lá do céu sobre toda espécie humana por causa da vida sem Deus e injusta que eles vivem. Assim, apesar deles saberem e reconhecerem dia após dia que há um Deus, ainda a natureza humana nela própria, sem a graça, é tão má que ela nem agradece muito menos honra a Deus. Esta natureza cega ela própria e continuamente cai em imoralidade, mesmo indo mais longe cometendo idolatria e outros pecados horríveis e imperfeições.  Ela está sem vergonha dela própria e deixa tais coisas sem punição nas outras. No capítulo 2, São Paulo estende sua rejeição àqueles que aparentam exteriormente piedosos  ou quem peca secretamente. Assim eram os judeus, e assim são todos os hipócritas ainda, quem vive vidas virtuosas mas sem obstinação e sem amor;  em seus corações eles são inimigos das leis de Deus e gostam de julgar outras pessoas. Este é o caminho da hipocrisia: eles pensam que são puros mas são atualmente cheios de gula, ódio, soberba e toda sorte de sujeira(Cf Mateus 23).  Estes são aqueles que desprezam a bondade de Deus e, pela dureza de seus corações, acrescenta ira sobre eles. Assim Paulo explica  a lei corretamente onde ele não deixa ninguém permanecer sem pecado mas proclama a ira de Deus a todos que querem viver virtuosamente pela natureza ou pela vontade própria. Ele faz  eles se tornarem não melhores do que pecadores públicos; ele diz que eles são duros de coração e sem arrependimento. No capítulo 3, Paulo atura ambos os públicos e os pecados secretos juntos: um, ele diz, é como o outro, todos são pecadores à vista de Deus. Ao lado, os Judeus tiveram a Palavra de Deus, mesmo que muitos não acreditaram nela. Mas ainda a verdade de Deus e a fé nele não são por essa razão devolvidas sem uso. São Paulo introduz, como de um lado, os dizeres do Salmo 51, em que Deus permanece a verdade em suas palavras. Então ele retorna ao seu tópico e prova baseado na Escritura que eles são todos pecadores e que ninguém se torna justo através das obras da lei mas que Deus entregou a lei somente para que o pecado possa ser percebido. Após São Paulo ensina o caminho certo para ser virtuoso e ser salvo; ele diz que todos eles são pecadores, incapazes{destituídos} da glória de Deus. Eles devem, entretanto, serem justificados através da fé em Cristo, que tem recebido o mérito para nós através do sangue e tem se tornado a nós uma base de misericórdia [cf. Êxodo 25:17, Levítico 16:14 em diante, e João.2:2] na presença de Deus, o qual nos perdoa todos os nossos pecados anteriores. Fazendo assim, Deus prova que isso é sua justiça sozinha, o qual ele dá através da fé, que nos ajuda, a justiça a qual foi revelada no tempo escolhido através do Evangelho e, previamente a isso, foi testemunhada pela Lei e os Profetas. Por esta razão, a lei é estabelecida pela fé, mas as obras da lei, junto com a glória observada neles, são destruídas pela fé. [Com o termo "espírito", a palavra "lei" parece ser para Lutero, e para São Paulo, dois significados. Algumas vezes parece significar "regulamentos sobre o que deve e o que não deve ser feito", como no terceiro parágrafo deste prefácio; algumas vezes parece significar o "Torah", como na sentença anterior. E algumas vezes parece significar ter ambos os significados, como se segue.] Nos capítulo 1 até 3, São Paulo tem revelado o pecado pelo que é e tem ensinado o caminho da fé o qual conduz à justiça. Agora, no Capítulo 4 ele lida com algumas objeções e críticas. Ele se dedica primeiro àquele que as pessoas levantam que, ouvindo que a fé faz justiça sem obras, diz, "O quê? Não devemos fazer nenhuma boa obra?" Aqui São Paulo levanta Abraão como exemplo, Ele diz, " O que Abraão realiza com suas boas obras? Foram todas elas  boas para nada e sem uso?" Ele conclui que Abraão foi feito justo separadamente de todas suas obras através da fé sozinha(cf. Gênesis 15). Agora se a obra de sua circuncisão não fez nada para fazê-lo justo, uma obra que Deus tinha mandado ele fazer  e em consequência uma obra de obediência, então certamente nenhuma outra boa obra pode fazer qualquer coisa para fazer uma pessoa justa. Mesmo como a circuncisão de Abraão foium sinal externo com o qual ele provou sua justiça baseada na fé, assim também todas as boas obras são sinais externos que procedem da fé e são os frutos da fé; eles provam que a pessoa já é internamente justa aos olhos de Deus. São Paulo verifica seus ensinamentos na fé no capítulo 3 com um exemplo poderoso da Escritura. Ele chama de testemunha Davi, que diz no Salmo 32 que uma pessoa se torna justo sem as obras mas não permanece sem obras uma vez que ele se tornou justo.  Então Paulo estende seu exemplo e o aplica contra todas as obras da lei. Ele conclui que os Judeus não podem ser herdeiros de Abraão somente por causa de seus parentesco de sangue com ele e ainda menos por causa das obras da lei. Mais ainda, preferencialmente eles devem herdar a fé de Abraão se eles quiserem ser seus reais herdeiros, desde que isso foi antecedente  para a Lei  de Moisés e da lei da circuncisão de que Abraão se tornou justo através da fé e foi chamado de um pai dos crentes.  São Paulo acrescenta que a lei traz mais ira do que graça, porque ninguém a obedece com amor e obstinação. Mais desgraça que graça vem por causa das obras da lei. Por esta razão a fé sozinha pode obter a graça prometida a Abraão. Exemplos como esses estão escritos para nosso benefício, de que nós também devemos ter fé. No capítulo 5, São Paulo vem para os frutos e obras da fé, nominalmente, gozo, paz, amor por Deus e por todas as pessoas;  em acréscimo: convicção, firmeza, confiança, coragem, e esperança através da aflição e sofrimento.
Tudo isso segue onde a fé é genuína, por causa da superabundância da boa vontade em que Deus mostrou em Cristo; ele tem morrido por nós antes que nós pudéssemos pedi-lo por isso, sim, mesmo que nós tenhamos sido seus inimigos. Assim nós temos estabelecido que a fé, sem qualquer boa obra, nos faz justos. Não se segue, entretanto, que não devemos fazer boas obras; preferencialmente significa que obras moralmente honestas não permanece em falta. Sobre tais obras, sobre as "sagradas obras" as pessoas não sabem nada;  eles inventam para eles mesmos suas próprias obras no qual não há nem a paz, nem o regozijo, nem convicção, nem amor, nem esperança, nem firmeza, nem qualquer tipo de obras Cristãs genuínas ou fé.  Após São Paulo faz um desvio, uma agradável pequena viagem, e relatos onde ambos o pecado e a justiça, a morte e a vida procede. Ele faz uma oposição destes dois: Adão e Cristo. O que ele quer dizer é que Cristo, um segundo Adão, teve que vir para nos fazer herdeiros de sua  justiça através de um novo nascimento na fé, justamente como o velho Adão nos fez herdeiros do pecado através do antigo nascimento da carne. São Paulo prova, por este raciocínio, que uma pessoa não pode se ajudar a si mesmo pelas suas obras a sair do pecado para a justiça não mais que ele possa se prevenir de seu próprio nascimento físico. São Paulo também prova que a lei divina, o qual deveria ter sido bem adaptada, como se alguma coisa foi, em ajudar as pessoas a obter justiça,  não somente não houve ajuda quando ela veio, mas ela ainda aumentou o pecado. A má natureza humana, consequentemente, se torna mais inimigo a isso; quanto mais a lei proíbe ela satisfazer seu próprio desejo, quanto mais ela quer fazer isso. Assim a lei torna a Cristo o todo  maior necessário e demanda mais graça para ajudar a natureza humana. No capítulo 6, São Paulo levanta a obra especial da fé, a luta em que o espírito peleja contra a carne para matar aqueles pecados e desejos que permanecem naquelas pessoas que foram tornadas justas. Ele nos ensina que a fé não nos liberta do pecado a ponto de sermos negligente, preguiçosos e auto confiantes, como se não houvesse mais pecado em nós. O pecado está lá, mas, por causa da fé que luta contra ele, Deus não considera o pecado como merecendo condenação. Por isso nós temos em nosso próprio ser uma vida de obras para nós; nós devemos temer nosso corpo, matar suas luxúrias, forçar os seus membros a obedecer ao espírito e não às luxúrias. Nós devemos fazer isto de maneira que nós nos conformemos à morte e à ressurreição de Cristo e completar nosso Batismo, o qual significa uma morte para o pecado e  uma nova vida de graça. Nosso objetivo é ser completamente limpos do pecado e então ressuscitar corporalmente com Cristo e viver para sempre. São Paulo diz que nós podemos executar tudo isso porque nós estamos na graça e não na lei. Ele explica que estar "fora da lei" não é o mesmo como não tendo lei e sendo capaz de fazer o que você desejar. Não, estar "debaixo da lei"  significa  viver sem a graça, rendido pelas obras da lei. Então certamente o pecado reina pelos significados da lei, desde que ninguém é naturalmente bem disposto para a lei. Toda esta condição, entretanto, é o maior dos pecados. Mas a graça torna a lei amável para nós, de maneira que então  não há mais pecado, e a lei não é mais contra nós, mas é por nós. Isto é a verdadeira liberdade sobre o pecado e sobre a lei; São Paulo escreve sobre isso no resto do capítulo.  Ele diz que isto é uma liberdade apenas para fazer o bem com obstinação e para viver uma vida boa sem a obrigação da lei. Esta liberdade é, por esta razão, uma liberdade espiritual a qual não suspende a lei mas a qual supre o que a lei requere, nominalmente o ardor e amor. Essas coisas silencia a lei de maneira que ela não tem mais nenhuma causa para dirigir as pessoas e fazer requerimentos deles. Isto é como se você devesse alguma coisa a um agiota e não pudesse pagá-lo. Você pode se livrar dele de uma das duas maneiras: ou ele não levaria nada de você e rasgar seu livro de contas, ou um homem piedoso o pagaria para você e daria a você o que você precisasse para saldar a sua dívida. Isso é exatamente como Cristo nos livra da lei. Por esta razão nossa liberdade não é uma liberdade selvagem, carnal que não tem obrigação para fazer nada. Ao contrário, é uma liberdade que faz um grande negócio, sem dúvida de tudo, ainda está livre dos mandamentos da lei e dívidas. No capítulo 7, São Paulo confirma o precedente por uma analogia desenhada pela vida conjugal. Quando um homem morre, a esposa está livre; aquele está livre e limpo do outro. Não é o caso em que uma mulher não possa ou não deveria casar com outro homem;  melhor ainda ela está agora pela primeira vez livre para casar com qualquer outro. Ela não poderia fazer isso antes de ela ser livre de seu primeiro marido.  No mesmo caminho, nossa consciência está  ligada à lei tão longo quanto nossa condição é aquela do pecado do antigo homem. Mas quando o velho homem é morto pelo espírito, então a consciência é livre, e consciência e lei estão livres uma da outra.  Não aquela consciência deveria agora fazer nada; mais ainda, ela deveria agora pela primeira vez verdadeiramente unir-se ao seu segundo marido, Cristo, e dar à luz o fruto da vida. Mais adiante São Paulo esquematiza mais a natureza do pecado e a lei. É a lei que faz o pecado realmente ativa e poderosamente, porque o homem velho se torna mais e mais inimigo da lei desde que  ele não possa pagar o débito requerido pela lei. O pecado é a sua inteira natureza; dele mesmo ele não pode fazer nada. É assim como a lei é a sua morte e tortura. Agora a lei não é má por ela mesma; é a nossa natureza má que não pode tolerar que a boa lei devesse requerer o bem disso. É como o caso de uma pessoa doente, o qual não pode tolerar que você o requeira que ele corra e pule e faça outras coisas que uma pessoa saudável faz. São Paulo conclui aqui que, se nós entendemos a lei propriamente e a compreendemos da melhor maneira possível, então nós vamos ver que a sua única função é nos lembrar de nossos pecados, para nos matar por nossos pecados, e para nos tornar merecedores da  ira eterna. A Consciência aprende e experimenta tudo isso em detalhes quando ela vem face a face com a lei. Segue-se, então, que nós deveríamos ter algo à mais, além e acima da lei, o qual pode fazer uma pessoa virtuosa e fazê-lo por isso ser salvo. Aqueles, entretanto, que não entendem a lei direitamente estão cegos; eles vão para seus caminhos ousadamente e acham que eles estão satisfazendo a lei com obras. Eles não sabem o quanto a lei requere, nominalmente, um coração livre, obstinado e ardente. Esta é a razão pelo que eles não vêem Moisés direitamente diante de seus olhos. [ Em ambos ensinamentos Judeus e Cristãos, Moisés foi comumente tomado para ser o autor do Pentateuco, os primeiros cinco livros da Bíblia. Cf.  a imagem envolvida da face de Moisés e o véu encobrindo isso em 2 Coríntios 3.7-18.]  Para eles ele é coberto e escondido pelo véu. Então São Paulo mostra como o espírito e a carne lutam contra si em uma pessoa. Ele se dá como exemplo, de maneira que, nós podemos aprender como matar o pecado dentro de nós. Ele dá tanto ao espírito e a carne o nome de "lei", de maneira que, assim como é na natureza da lei divina para guiar uma pessoa e fazer  mandamentos para ele, assim também a carne guia e requere e se enfurece contra o espírito e quer ter seu próprio caminho. Da mesma maneira o espírito guia e requere contra a carne e quer ter seu próprio caminho. Esta guerra permanece dentro de nós ao longo de nossa vida, em uma pessoa mais, em outra menos, dependendo de que o espírito ou a carne seja mais forte. Ainda todo ser humano é tanto: espírito e carne. O ser humano luta com ele mesmo até que ele se torne completamente espiritual. No capítulo 8, São Paulo conforta os tais lutadores dizendo para eles que esta carne não pode trazer condenação. Ele vai adiante para mostrar o que a natureza da carne e do espírito são. Espírito, ele diz, vem de Cristo, o qual nos deu seu Espírito Santo; o Espírito Santo nos faz espiritual e reprime a carne. O Espírito Santo nos assegura que nós somos filhos de Deus não importa tão furiosamente o pecado possa assolar dentro de nós, tão longo nós seguimos o Espírito e lutamos contra o pecado para matá-lo. Porque nada é tão efetivo em mortificar a carne como a cruz e o sofrimento, Paulo nos conforta em nosso sofrimento. Ele diz que o Espírito, [cf. nota anterior sobre o significado do "espírito".] o amor e todas as criaturas serão levantadas por nós; o Espírito dentro de nós geme e todas as criaturas junto conosco em que nós sejamos libertados da carne e do pecado. Assim nós vemos que estes três capítulos, 6, 7 e 8, todos lidam com a obra da fé, o qual está para matar o velho Adão e para reprimir a carne. Nos capítulos 9, 10 e 11, São Paulo nos ensina sobre a eterna providência de Deus. É a fonte original que determina quem deveria acreditar ou não, quem poderia ser livre do pecado e quem não pode. Tais assuntos têm sido lançados fora de nossas mãos e são colocadas nas mãos de Deus de maneira que nós devamos nos tornar virtuosos. É absolutamente necessário que isso seja assim, pelo que nós somos tão fracos e incertos de nós mesmos que, se isso dependesse de nós, nenhum ser humano seria salvo. O diabo nos venceria a todos nós. Mas Deus está resoluto; Sua providência não falhará, e ninguém pode impedir sua realização. Por esta razão nós temos esperança contra o pecado. Mas aqui nós devemos tapar a boca daqueles espíritos sacrílegos e arrogantes que, simples iniciantes como eles são, trazem suas razões para tolerar este assunto e doutorar-se, de suas posições exaltadas, para provar o abismo da providência divina e inutilmente se perturbam sobre tanto se eles são predestinados ou não. Estas pessoas devem com certeza se precipitar para as suas ruínas, desde que eles tanto se desesperarão ou abandonarão a eles mesmos para uma vida de probabilidades. Você, entretanto, deve seguir o raciocínio desta carta na ordem em que é apresentada. Fixe sua atenção, primeiro que tudo, no Evangelho de Cristo, de maneira que você possa reconhecer seu pecado e a Sua graça. Então lute contra o pecado, como o capítulo 1-8 tem lhe ensinado a fazer. Finalmente, quando você tem chegado, no capítulo 8, debaixo da sombra da cruz e da dor {sofrimento},  eles lhe ensinarão, nos capítulos 9-11, sobre a providência e que conforto ela é. [O contexto aqui e na carta de São Paulo se faz claro que isto é a cruz e a paixão, não somente de Cristo, mas de cada cristão.] Longe do sofrimento, da cruz e das angústias da morte, você não pode lidar com a providência sem dano para você mesmo e sem ira secreta contra Deus. O velho Adão deve estar quase morto antes que você possa suportar este assunto e beber este vinho forte. Por esta razão tenha certeza de que você não beba vinho enquanto você ainda é um bebê de peito. Há uma medida adequada, hora e idade para entendimento de toda doutrina.
No capítulo 12, São Paulo ensina a verdadeira liturgia e faz a todos os cristãos sacerdotes, de maneira que eles possam oferecer, não dinheiro ou gado, como os sacerdotes fazem na Lei, mas os seus próprios corpos, por colocar seus desejos para a morte. Adiante, ele descreve a conduta externa de Cristãos cujas vidas são governadas pelo Espírito; ele fala como eles ensinam, pregam, ordenam, servem, dão, sofrem, amam, vivem e atuam para os amigos, inimigos e a todos. Estas são as obras que um Cristão faz, pelo que, como eu tenho dito, fé não é negligência. No capítulo 13, São Paulo ensina que devemos honrar e obedecer às autoridades seculares. Ele inclui isto, não porque isso faz as pessoas virtuosas à vista de Deus, mas porque isso realmente garante que o virtuoso tem paz externa e proteção e que o perverso não pode fazer o mal sem temor e numa paz sem perturbação. Por esta razão isto é o dever de uma pessoa virtuosa em honrar a autoridade secular, mesmo que, rigorosamente falando, eles não precisam disso. Finalmente, São Paulo resume tudo em amor e ajunta tudo isso no exemplo de Cristo: o que ele tem feito por nós, nós devemos também fazer e seguí-lo. No capítulo 14, São Paulo ensina que devemos cuidadosamente guiar aqueles com a consciência fraca e poupá-los. Não devemos usar a liberdade Cristã para prejudicar mas melhor ainda para ajudar o fraco. Onde isso não é feito, segue-se a dissensão e desprezo ao Evangelho, no qual tudo mais depende. É melhor conceder caminho um pouco para os fracos na fé até que eles se tornem mais forte, do que ter o ensinamento do Evangelho perecer completamente. Esta obra é uma obra particularmente necessária de amor especialmente agora quando as pessoas, por comer carne e por outras liberdades, são atrevidos, ousados e estão desnecessariamente abalando suas consciências fracas o qual ainda não tem vindo a conhecer a verdade. No capítulo 15, São Paulo menciona Cristo como um exemplo para mostrar que nós devemos também ter paciência com o fraco, mesmo com aqueles que falham por pecar publicamente ou por sua moral repugnadas. Nós não devemos expulsá-los  mas devemos conduzi-los até que eles se tornem melhores. Esse é o caminho com que Cristo nos tratou e ainda nos trata todos os dias; ele conduz pacientemente com nossas imperfeições, nossa moral enfraquecida e todas as nossas imperfeições, e ele nos ajuda incessantemente. Finalmente Paulo ora pelos Cristãos em Roma; ele os elogia e os recomenda a Deus. Ele aponta seu próprio ministério e a mensagem que ele  prega. Ele faz uma discreta súplica por uma contribuição para os pobres em Jerusalém. Amor puro é a base de tudo que ele diz e faz. O último capítulo consiste em saudações. Mas Paulo também inclui uma saudável advertência contra as doutrinas humanas as quais são pregadas ao lado do Evangelho e que fazem uma grande distribuição de danos. É como se ele tivesse claramente visto que por causa de Roma e através dos romanos viria os livros Canônicos e Decretos  distorcidos e destruidores com  todos agrupamentos e colônias de leis humanas e mandamentos que está agora afogando todo o mundo e tem rasurado esta carta e todas as Escrituras, também o Espírito e a fé. Nada sobra exceto o ídolo do Ventre {idol Belly, Belly=abdomen}, e São Paulo descreve em palavras aquelas pessoas aqui como servos  de seus próprios ventres. Deus nos resgata deles. Amem. Nós achamos dentro desta carta, então, o ensinamento mais rico possível sobre o que um Cristão deva conhecer: o significado da lei, Evangelho, pecado, punição, graça, fé, justiça, Cristo, Deus, boas obras, amor, esperança e a cruz. Nós aprendemos como nós estamos prontos para atuar a favor de todos, a favor do virtuoso e do pecador, a favor do forte e do fraco, dos amigos e inimigos, e a favor de nós mesmos. Paulo  baseia tudo firmemente na Escritura e prova seus pontos com exemplos de sua própria experiência e dos Profetas, de maneira que nada mais possa ser desejado. Por esta razão parece que São Paulo, ao escrever esta carta, quis compor um sumário de tudo do ensinamento Cristão e evangélico o qual poderia também ser uma introdução para todo o Velho Testamento. Sem dúvida, seja quem for que pegue esta carta para possuir de coração a luz e o poder do Velho Testamento. Por esta razão cada e todos os Cristãos devem fazer desta carta o objeto habitual e constante de seu estudo. Deus nos garante sua graça para fazer assim. Amém.
* Notas de tradução: O texto dentro dos quadros [ ] são apenas explicativos e não faz parte do prefácio de Lutero, assim como os textos em{ } que foram usados pelo tradutor brasileiro. O termo justo, justiça e justificar são sinônimos dos termos reto, retidão e se tornar reto. Ambas as traduções são comuns do alemão "gerecht" e palavras correlatas. Uma situação similar existe na palavra fé, que é sinônimo de crença, do alemão "Glaube". Assim, "Nós somos justificados pela fé" é sinônimo de "Nós somos feitos retos pela crença".


OS LIVROS DE 1 E II CORÍNTIOS
1:1-31 Problemas em Corinto
2:1-16 Revelação pelo Espírito
3:1-23 Cristãos Carnais
4:1 - 5:13 A Posição de Paulo
6:1 - 7:40 Moralidade Cristã
8:1 - 9:23 Carnes dos Ídolos: Ame a Teu Irmão
9:24 - 11:1 Carnes dos Ídolos: Ame a Deus
11:2-34 - Relembrando as Tradições
12:1 - 13:13 Dons Espirituais (1)
14:1-40 Dons Espirituais (2)
15:1-58 A Ressurreição
16:1-24 - Instruções Finais

1 Coríntios 1:1-31
Problemas em Corinto
Paulo visitou Corinto, uma cidade bem importante no litoral da Grécia, pela pri-meira vez, durante sua segunda viagem missionária (Atos 18). Ele permaneceu ali durante um ano e meio e, como resultado de seu trabalho, muitos se converteram ao Senhor e uma igreja começou. Depois que ele partiu, Paulo continuou a pensar nos irmãos que tinha ensinado e a orar por eles (1 Coríntios 1:4-5). Ele recebeu várias infor-mações sobre eles através da família de Cloe (1:11), Estéfanas, Fortunato e Acaico (16:17-18) e por carta (7:1). Escreveu-lhes várias vezes, incluindo-se pelo menos uma carta antes de 1 Coríntios (5:9).

A primeira carta aos coríntios ensina, adverte e até repreende quanto a vários problemas e questões que se levantaram na igreja. Desde que o ensinamento de Paulo era o mesmo em todas as igrejas (4:17), ele endereçava a carta tanto à igreja de Deus em Corinto como àqueles que invocam o Senhor em todos os lugares (1:2). Muitos dos problemas que os coríntios enfrentaram nós também enfrentamos; por isso, um estudo cuidadoso dessa carta pode ajudar-nos.
Introdução
(1:1-9)
Paulo apresenta a si mesmo e aqueles a quem ele estava escre-vendo (1:1-2), saúda-os (1:3) e lhes conta sobre suas orações por eles (1:4-9). Ele chama a atenção para o próprio Senhor (note com que freqüência Paulo se refere a Deus ou a Jesus) e sobre sua volta. Vários dos temas iniciais de Paulo nos preparam para discussões mais extensas no decorrer do livro: seu apostolado (9:1-18); a coerên-cia da revelação em todos os lugares (4:17; 7:17; 11:16; 14:33-34; 16:1-2); nossa dívida com Deus por tudo o que temos (3:1-9; 4:1-13, etc.), a volta do Senhor (capítulo 15).

Problema de divisão (1:10-17): A família de Cloe disse a Paulo que a igreja estava desenvolvendo um espírito partidário, declarando fidelidade a vários pregadores famosos. Paulo ficou horrorizado. Eles estavam tentando arrancar os membros de Cristo dividindo seu corpo. Paulo insistiu que ele não foi crucificado por eles e que eles não foram batizados no nome dele. De fato, ele se alegrava por ter batizado pessoalmente poucos deles, para que assim não tivessem base para dizer que eram "de Paulo".

Problema de sabedoria humana (1:18-31): A questão da divisão tinha origem num problema mais fundamental: uma exaltação da sabedoria humana, seja a filosofia grega, ou a visão judaica do rei conquistador, que é totalmente contrária ao caminho de Deus. O evangelho apresentando um Messias crucificado parecia absurdo para eles, como se falasse de "gelo frito." Mas Deus intencionalmente escolheu redimir o homem de um modo que o mundo considera loucura, para humilhar os homens. Seu lema é: "Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (1:31).

Perguntas para estudo pessoal:

Quais duas coisas seriam exigidas para que alguém pertencesse a Paulo? Então, quais duas coisas são exigidas para que alguém pertença a Cristo (1:13)?
O que buscam os sábios mundanos?
Por que Deus não escolheu os poderosos e os nobres?

1 Coríntios 2:1-16
Revelação pelo Espírito
Os coríntios exaltavam a sabedoria humana (capítulo 1). Em contraste, Paulo demonstrava que tanto o meio de salvação que Deus escolheu (a crucificação de Cristo 1:18-25) quanto o povo que Deus salvou (1:26-31) contradizem a sabedoria humana. No capítulo 2, Paulo mostra que Deus se revela somente através do Espírito; portanto, a sabedoria dos homens não pode chegar a conhecer Deus nem a aprender sua vontade.

Métodos de ensino (2:1-5): Deus escolheu uma mensagem simples que Paulo proclamou de modo direto. Ele não mostrou eloqüência retórica, mas simplesmente declarou Cristo e sua crucificação. Muitos líderes religiosos até hoje procuram projetar uma imagem de ostentosa autoconfiança; Paulo mostrou humildade, sentindo sua inadequação diante da tremenda tarefa de proclamar a vontade do Senhor. Sua recusa a fascinar sua audiência com seu próprio encanto e cultura deixaram a fé do povo repousando no Senhor e não nele mesmo.

Sabedoria de Deus (2:6-13): De fato, a salvação de Deus é sábia. Sua sabedoria, contudo, continua desconhecida pela elite do mundo. Desde que a sabedoria de Deus não pode ser descoberta pelo raciocínio humano, nenhum homem pode jamais chegar a entender a vontade de Deus pelo seu próprio entendimento ou pesquisa. Ninguém pode saber o que estou pensando a menos que eu lhe diga. Do mesmo modo, ninguém pode conhecer a mente de Deus fora da revelação que Deus fez aos seus apóstolos através do Espírito. Deus não revelou apenas o conteúdo geral de sua mensagem, mas deu as próprias palavras da Escritura. Assim, podemos chegar a saber a vontade de Deus revelada pelo Espírito quando lemos o que os apóstolos e os profetas escreveram no Novo Testamento.

O homem separado da revelação (2:14-16): Paulo contrasta o homem "natural" e o homem "espiritual". O homem "natural" é o que não aceita a revelação de Deus, a Bíblia. Seu horizonte é limitado pelas coisas da vida. Ele não pode conhecer Deus porque é somente através da palavra de Deus que uma pessoa pode chegar a entender qual é sua vontade. O homem "espiritual" ouve as Escrituras e confia no que Deus revelou. Enquanto as pessoas mundanas consideram tolo o homem "espiritual", isso não importa; afinal, foram os sábios deste mundo que crucificaram o próprio Senhor da glória (2:8).

A auto-revelação direta de Deus, impossível de ser descoberta pelo engenho do homem, envergonha todas as tentativas de exaltar a sabedoria humana.

Perguntas para estudo pessoal:
Qual era a maneira de Paulo pregar?
Por que Paulo não tentou impressionar o povo em sua pregação (2:5)?
Por que os homens não podem saber a vontade de Deus pelos seus próprios sentimentos e intuição?
Qual é a diferença entre o homem "natural" e o homem "espiritual"?

1 Coríntios 3:1-23
Cristãos Carnais
Paulo tinha repreendido os coríntios por seguirem os homens e exaltarem a sabedoria mundana. O capítulo três declara a causa radical desses pecados: a carnalidade.

Carnalidade (3:1-4, 18-20): Paulo repreendeu os sintomas da espiritualidade infantil dos coríntios: Œ Sua alimentação. Eles não podiam tolerar carne forte (isto é, verdades espirituais profundas), somente leite (isto é, os fundamentos).  O ciúme e a discórdia. Os irmãos competiam entre si tentando mostrar-se superiores uns dos outros. Ž  Sua exaltação de pregadores. Os coríntios tentavam aliar-se com um pregador ou outro, criando partidos rivais.  Seu orgulho. Eles pensavam que eram sábios (3:18), cheios de conhecimento (8:2) e espiritualidade (14:37). Egoísmo e presunção cegavam-nos para suas verdadeiras necessidades espirituais.

Ensinamentos corretivos (3:5-9, 21-23): Paulo enfatiza a posição inferior dos pregadores. Eles eram meros servidores de Deus, mas é ele quem dá o crescimento e que recompensa os pregadores de acordo com seu trabalho (não de acordo com sua eloqüência ou inteligência). Além do mais, ciúme, rivalidade e jactância sinalizam sentimentos de inferioridade. Mas nenhum cristão precisa provar ou "reivindicar" nada porque Deus nos deu todas as coisas em Cristo.

Edifício de Deus (3:10-17): A igreja é o edifício de Deus, composto de Cristo como fundação e aqueles que são trazidos a Cristo como materiais de construção (veja Efésios 2:19-22; 1 Pedro 2:5). Paulo instrui pessoas que fazem três tipos de coisas para o edifício de Deus: lançar a fundação, construir sobre a fundação e destruir o edifício. Àqueles que estão lançando a fundação, ele insiste que Cristo seja o material exclusivo. Desde que a filosofia e a sabedoria mundana são vazias, aqueles que pregam o evangelho precisam pregar aquelas coisas reveladas pelo Senhor. Àqueles que estão construindo sobre a fundação ele encoraja o cuidado. Os construtores trazem vários tipos de pessoas a Cristo. Alguns são duráveis como ouro, prata e pedras preciosas; outros são altamente inflamáveis como madeira, feno e palha. No fogo (isto é, no tempo da tribulação e da tentação) a qualidade destes discípulos se manifesta. Alguns construtores encontram suas "obras" (isto é, convertidos) destruídas pelo fogo da aflição. Ainda que grandemente desapontados, esses mesmos construtores serão salvos desde que pessoalmente resistam ao fogo. Outros construtores regozijam-se grandemente porque aqueles a quem eles ensinaram perseveram na tribulação. Finalmente, aqueles que destroem o edifício com falso ensinamento e com divisão estão ameaçados com julgamento severo pelo Todo-Poderoso.

Perguntas para estudo pessoal:
De que modos os coríntios manifestavam carnalidade?
Qual era a diferença entre a obra de Paulo e a de Apolo (3:6)?
O que os materiais de construção representam em 3:12-15?
Por que não devemos gabar-nos?

1 Coríntios 4:1 - 5:13
A Posição de Paulo
A incompreensão do papel dos pregadores era um dos principais problemas dos coríntios. Para corrigi-los, Paulo usou como exemplos a si mesmo e Apolo. Ele discutiu:

Sua relação com Deus (4:1-6): Paulo era um administrador de Deus, incumbido de administrar sua preciosa revelação. Como tal, Deus era o seu juiz. Ele não estava sujeito nem aos irmãos coríntios nem a si mesmo. Uma vez que nenhum ser humano está qualificado para avaliar os servos de Deus, ele não permitia que as críticas o impedissem de cumprir as tarefas dadas por Deus. Uma vez que o homem pode facilmente enganar-se e convencer-se de que está certo, quando não está, ele não tinha confiança em sua própria aprovação. Seu brilho, sucesso, eloqüência e popularidade eram insignificantes porque Deus julgaria somente sua fidelidade.

Sua relação com o mundo (4:7-13): Paulo contrastou sua própria aflição com o triunfalismo deles. Enquanto eles se imaginavam ricos e sábios, Paulo era a escória da terra. Com ironia, ele os fez envergonharem-se de seu orgulho: "Que pena que nós, os apóstolos, não sabíamos que a vossa dispensação de glória já tinha começado!" Hoje muitos tentam tornar o cristianismo num meio de buscar a grandeza mundana. Cristo não prometeu sucesso e prosperidade na vida e aqueles que pensam de outra forma devem reler 1 Coríntios 4:7-13.

Sua relação com eles (4:14 - 5:13): Por evangelizar Corinto, Paulo se tornou, em certo sentido, o pai espiritual deles. Ele esperava que o imitassem (como ele imitava a Cristo) e os disciplinava quando necessário. A disciplina de Paulo incluiu instruções especiais a respeito de um homem da congregação que estava vivendo com sua madrasta. A igreja deveria agoniar-se diante desta flagrante desobediência mas, de fato, estavam orgulhosos de sua tolerância liberal. Paulo reprovou-os firmemente e lhes disse que se reunissem para entregar o homem a Satanás. Ele pretendia que apontassem publicamente o homem como infiel e não mais nas boas graças dos irmãos. Isso mostraria que ele agora estava no reino de Satanás, e não do Senhor. Eles também deveriam deixar de ter vida social com ele. Quando uma igreja tolera membros que se recusam a se arrepender do pecado, o corpo todo rapidamente fica infectado com a corrupção espiritual. A igreja deve identificar publicamente os membros imorais e cada membro deve evitar conviver com eles até que se arrependam.

Perguntas para estudo pessoal:
Como Paulo demonstrou a capacidade superior de Deus para julgar (4:5)?
Como era a vida de Paulo (4:9-13)?
Que passos uma igreja deve dar quando lidar com um membro imoral que se recusa a arrepender?
O que o fermento representa em 5:6-8? Qual é o ponto que Paulo está ensinando aqui?

1 Coríntios 6:1 - 7:40
Moralidade Cristã
Os cristãos, às vezes, falham nos pontos fundamentais da vida espiritual. Os coríntios procederam assim e Paulo escreveu para corrigi-los.

Demandas judiciais (6:1-11): Ainda que os coríntios aceitassem calmamente a gritante imoralidade em seu meio (capítulo 5), eles processavam seus irmãos, junto a justiça, por danos pessoais sem importância. Paulo ficou horrorizado ao ver que os cristãos que julgarão o mundo estavam resolvendo as diferenças entre si em tribunais humanos. Ele proibiu terminantemente os cristãos de processarem os outros cristãos. Ele os aconselhou a indicarem um irmão para arbitrar as disputas, ou melhor, para evitá-las definitivamente sofrendo a injustiça sem se queixarem.

Imoralidade sexual (6:12-20): Os cristãos abusavam de sua "liberdade" em Cristo reivindicando o direito de satisfazerem seus desejos sexuais como desejassem. Mas Paulo argumentou que a imoralidade sexual é inaceitável para um cristão: Œ Desde que a união sexual envolve a transformação em "uma só carne", a fornicação com efeito afasta o membro do corpo de Cristo que se une a uma meretriz.  Os pecados sexuais são contra nossos próprios corpos. Não existe sexo "ocasional". Ž  Deus habita no cristão; portanto, nada que seria errado no templo de Deus é justo no corpo do filho de Deus. A fornicação é tão terrível que não devemos parar para negociar com ela. Temos que fugir!

Questões sobre casamento (7:1-40): Os coríntios tinham feito a Paulo diversas perguntas por carta. No capítulo 7, Paulo começou a respondê-las. Eles queriam saber se a pessoa deveria mudar seu estado conjugal quando fosse convertida. Generalizando, Paulo disse que não. Ele ordenou que os casados continuassem casados e que satisfizessem os desejos naturais de seu cônjuge. Ele disse que os que fossem casados com não-cristãos não procurassem a separação, mas que permanecessem casados se o par incrédulo quisesse. Ainda que Paulo advertisse as viúvas e as solteiras de que a perseguição iminente poderia complicar suas vidas caso se casassem, ele enfaticamente afirmou que o casamento não era errado para aqueles que o desejassem muito.

O fato de ser um cristão não muda a profissão da pessoa, sua raça nem seu estado civil. Normalmente, quando alguém é chamado, continua no estado em que está. Há exceções claras, certamente. Por exemplo, se a ocupação da pessoa ou o casamento é pecaminoso, é preciso haver mudança. Aqueles que vivem em poligamia, homossexualidade ou adultério têm que separar-se do seu parceiro para servir ao Senhor. Mas se o relacionamento não for pecaminoso, o mesmo permanece quando a pessoa se converte.

Perguntas para estudo pessoal:

Liste os argumentos que Paulo apresentou para proibir os cristãos de processarem os seus irmãos.
Como a imoralidade sexual é um pecado especial (6:18)?
Sob quais circunstâncias Paulo permite que esposo e esposa se abstenham de relações sexuais (7:5)?
Quais opções uma pessoa divorciada tem (7:10-11)?

1 Coríntios 8:1 - 9:23
Carnes dos Ídolos: Ame a Teu Irmão
Os irmãos no primeiro século debatiam fortemente a questão de comer carne que tinha sido sacrificada aos ídolos. Uma vez que as festas dos ídolos eram ocasiões sociais importantes, a família e os amigos pressionavam os cristãos para assisti-las. Todos sabiam que um servo de Deus não poderia adorar ídolos, mas assistir a um festival de ídolo era outra questão e alguns dos coríntios acreditavam que era correto fazer isso. Paulo dedicou três capítulos a essa questão crucial. Ele começou mostrando como visitar templos de ídolos poderia "ferir" os demais discípulos e, portanto, ser contrário ao princípio de amar uns aos outros.

Respondendo aos argumentos deles (8:1-13): Paulo citou e refutou argumentos dos coríntios que favoreciam o comer carnes dos ídolos. í "Sabemos que todos temos conhecimento" (8:1 NVI). Os coríntios se orgulhavam do conhecimento e sabedoria que possuíam (capítulos 1-4). Paulo respon-deu que o amor supera o conhecimento, porque enquanto este ensoberbece, o amor edifica. Para visualizar a diferença, pense numa bolha e num edifício. í "Sabemos que o ídolo não significa nada no mundo" (8:4 NVI). O ponto crucial do argumento deles era que não fazia mal assistir a festas de ídolos porque estes não existem. Paulo respondeu dizendo que os ex-idólatras honravam, em seu coração, o ídolo, en-quanto assistiam. î Finalmente, eles diziam que a comida era indiferente para Deus (8:8). Eles estavam insistindo no seu direito de comer o que lhes agradasse, mas Paulo afirmou que o amor, e não a liberdade, deve guiar nossa conduta. O perigo era que o irmão "fraco", induzido pelo exemplo do cristão "forte", entrasse no templo e realmente adorasse o ídolo. Desta forma, este abuso dos "direitos" por parte do irmão forte era capaz de levar o irmão a pecar. Ser culpado de destruir o irmão por quem Cristo morreu é um assunto bem sério.

O exemplo de Paulo (9:1-23): Paulo observou como ele tinha renunciado aos seus "direitos" a favor do evangelho. Ele tinha pleno direito de receber sustento financeiro pela sua pregação, mas se recusava a receber isso deles. Uma vez que ele tinha renunciado ao seu direito de exigir um salário para aliviar a carga deles, certamente eles poderiam renunciar a alguma carne por amor à alma de um irmão fraco. Mais ainda, Paulo renunciou ao seu direito de ser ele mesmo, tornando-se todas as coisas para todos os homens, a fim de que ele pudesse ser mais eficiente no ganhá-los para Cristo. O exemplo de Paulo mostra que nenhuma quantidade de sacrifício próprio é demais. Os coríntios, portanto, deveriam deixar de comer a carne sacrificada aos ídolos por amor aos seus irmãos.

Perguntas para estudo pessoal:
O que o Novo Testamento ensina sobre comer carne sacrificada aos ídolos (Atos 15:19-29; Apocalipse 2:14-20)?
No capítulo 8, qual é o critério principal para determinar o que um cristão deve fazer nas situações delicadas?
Quais argumentos Paulo apresenta para ensinar que os pregadores têm direito a sustento financeiro?

No contexto, qual é o propósito de Paulo ao insistir tão enfaticamente que um pregador tem direito de receber sustento?

1 Coríntios 9:24 - 11:1
Carnes dos Ídolos: Ame a Deus
Ao escrever sobre as carnes sacrificadas aos ídolos Paulo tinha dois pontos a defender. Ele apresentou o primeiro no capítulo 8 (abstenha-se de carne por amor a teu irmão) e,então, deu duas ilustrações no capítulo 9 (eu renunciei ao meu direito ao sustento financeiro e a ser eu mesmo por amor do evangelho). Ele começou o segundo ponto com ilustrações (o atleta, 9:24-27 e os israelitas, 10:1-13) e, então, fez sua exortação (foge da idolatria 10:14-22).

Exemplos (9:24 - 10:13): Os atletas olímpicos são esforçados, disciplinados e concentrados. Eles forçam seus músculos até o limite e renunciam a prazeres normais em sua busca por uma coroa corruptível, a qual era, naquela época, feita de aipo seco. Não devem os cristãos serem mais esforçados, disciplinados e concentrados em sua busca pela coroa incorruptível no céu?

Os israelitas, no deserto, foram todos abençoados por Deus. Ele guiou a todos, batizou todos no Mar Vermelho e deu a todos alimento e bebida espirituais. Contudo, "a maioria" caiu no deserto. "A maioria" era 603.548 dos 603.550 homens. Todos, menos dois. Por que caíram? Eles festejaram em volta de um bezerro de ouro, cometeram imoralidade sexual associada com idolatria, etc. E por que Deus registrou estes acontecimentos? Não para aqueles que caíram (era muito tarde para eles), mas para nós, de modo que aceitando a advertência possamos evitar o julgamento que eles tiveram.

Fugindo da idolatria (10:14-22): Este é o ponto crucial do argumento de Paulo. Participar da ceia do Senhor une os cristãos a Cristo e aos outros cristãos. Participar do altar une os judeus ao altar e à adoração do Velho Testamento. Portanto, participar de festas idólatras também tem conseqüências. Paulo não estava ensinando que comer carne oferecida a ídolo une os cristãos a um "deus" imaginário, mas aos demônios que promoviam a idolatria. Não se pode participar da mesa do Senhor e ao mesmo tempo da mesa do ídolo.

Conclusões (10:23—11:1): Paulo finalizou a discussão considerando assuntos práticos. Algumas vezes sobras de carne de ídolo seriam vendidas no atacado ao açougueiro, que as revenderiam como qualquer outra carne. Uma vez que essa carne não foi fisicamente alterada pela cerimônia no templo, um cristão poderia comprá-la sem investigar a sua origem. Ele também poderia partilhar de uma refeição na casa de um vizinho pagão. Mas se fosse chamada a atenção para a carne como tendo vindo de um templo de ídolo, então ele deveria abster-se de comê-la por causa da consciência de outras pessoas. Tudo precisa ser avaliado por dois princípios: A glória de Deus (10:31) e o bem-estar de outros (10:32).

Perguntas para estudo pessoal:
Paulo ressalta quais aspectos do atleta?
Que paralelos você vê entre os pecados dos israelitas e os cometidos pelos irmãos que assistiam a festas de ídolos?
Qual é a razão principal pela qual Paulo condenou a participação em festas de ídolos?
Por quais dois princípios deve ser julgada toda a conduta cristã?

1 Coríntios 11:2-34
Relembrando as Tradições
O cristianismo se apoia num modelo fixo dado a nós pelo Senhor através dos apóstolos. Em geral, os coríntios estavam retendo firmemente as tradições que Paulo lhes havia entregue (2). Mas havia uma área na qual Paulo os repreendeu (17) e relembrou-lhes o ensinamento que lhes havia passado (23).

Liderança (11:2-16): Deus é o cabeça de Cristo, que é o cabeça do homem, que é o cabeça da mulher. Deus, o Criador, tem direito a determinar nossos papéis e devemos respeitar a hierarquia que ele estabeleceu. Sem dar muitos detalhes específicos, Paulo ensinou os homens a não cobrirem as suas cabeças quando oravam ou profetizavam e as mulheres a usarem véus quando oravam e profetizavam. Ele baseava seu apelo na natureza básica dos homens e das mulheres (7-9), nos anjos (10), no comprimento do cabelo dos homens e das mulheres (14-15) e na prática universal das igrejas (16).

A Ceia do Senhor (11:17-34): Os coríntios estavam abusando da ceia do Senhor. As divisões entre eles os levavam a não esperar para partilhar juntos, mas cada um comia o seu próprio alimento logo que possível, nada deixando para os outros. O ambiente era irreverente, e os pobres estavam sendo excluídos. Paulo deu diversas ordens específicas para corrigir a situação. Primeiro de tudo, a ceia do Senhor não era para ser transformada numa refeição comum. As refeições deveriam ser tomadas em casa, mas a ceia do Senhor era uma recordação solene da morte de Cristo. Segundo, ele ordenou que a ceia fosse observada reverentemente meditando na crucificação. Ele advertiu que aqueles que participassem sem uma séria reflexão seriam culpados do próprio corpo e sangue do Senhor. De fato, alguns já tinham sido castigados pelo Senhor porque não estavam participando corretamente. Finalmente, Paulo lhes disse para esperar uns pelos outros antes de começar a tomar a ceia do Senhor. Desse modo todos eles poderiam juntamente comer e recordar do Senhor.

Estes mesmos princípios precisam ser observados hoje. ì Eventos sociais fazem parte do trabalho do lar, e não da obra da igreja. A obra da igreja local é espiritual. í Devemos comemorar a ceia do Senhor com a máxima reverência, dando tempo para pensar sobre o sofrimento e o amor do Senhor e quanto lhe devemos. î A ceia deve ser comemorada por toda a congregação ao mesmo tempo. A ceia do Senhor pertence à reunião da igreja, onde o Senhor a colocou.

Perguntas para estudo pessoal:
Quais fatos Paulo apresenta para demonstrar o relacionamento entre homens e mulheres?
O que era bom nas divisões? (19)
Que devemos fazer durante a ceia do Senhor?
Onde as refeições normais devem ser comidas?

1 Coríntios 12:1 - 13:13
Dons Espirituais (1)
Os coríntios entenderam mal como os dons espirituais funcionariam, por isso Paulo escreveu para corrigir os equívocos deles.

Verdades sobre os dons espirituais.
O conteúdo determina a autenticidade dos dons espirituais (12:1-3). No paganismo, a própria experiência era importante; o que era feito não importava. Em Cristo, o teste de cada dom é a mensagem que ele inspira seu possuidor a afirmar.  Uma vez que todos os diversos dons espirituais têm uma mesma fonte (12:4-11) não deveria haver rivalidade, ciúme ou comparação jactanciosa.  Todos os membros do corpo são necessários (12:12-26) porque todos são batizados por um Espírito em um corpo inteiro. Os membros não deveriam sentir-se inferiores ou superiores a outros membros porque Deus pôs cada um no corpo onde lhe agradou e deu a cada um as capacidades que ele quis.  Dons de ensino (apóstolos, profetas, professores) são mais importantes do que os dons espetaculares (milagres, curas, línguas) (12:27-31).  O amor é mais importante do que os dons espirituais (13:1-7). Mesmo que alguém fale línguas angelicais, sem amor isso é inútil. Ainda que se saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, sem amor não é nada. Mesmo que se dê tudo aos pobres e seja queimado numa fogueira, sem amor é vazio. ' Os dons espirituais foram temporários (13:8-13). Quando o perfeito (a revelação completa) veio, os dons espirituais acabaram. Como características infantis são descartadas quando a idade adulta é atingida, assim os dons espirituais ficaram obsoletos quando Deus completou a revelação de sua vontade no primeiro século.

Lições para nós
Ainda que os dons espirituais tenham cessado, os princípios que Paulo ensinou são importantes para nossa edificação.  Tudo deverá ser provado pelos critérios de sua concordância com o ensinamento do Senhor Jesus Cristo.  Todas as capacidades vêm de Deus, assim não devemos ser arrogantes pelas nossas.  Cada membro deverá ser valorizado e devemos pensar de nós mesmos como um corpo em Cristo.  O ensinamento é o alicerce de nosso crescimento e função.  Sem amor, todo o nosso serviço espiritual é inútil. ' Devemos prestar cuidadosa atenção à revelação completa que foi produzida pelo uso dos dons espirituais no primeiro século.

Perguntas para estudo pessoal:
Quais dons espirituais Paulo lista?
Todos os cristãos tinham todos os dons espirituais?

As questões de Paulo em 13:1-3 eram situações de fato ou possibilidades hipotéticas? Em outras palavras, ele falou em línguas de anjos, soube todos os mistérios e conhecimentos, e tinha dado seu corpo para ser queimado?
Quanto tempo a fé e a esperança tinham que durar (2 Coríntios 5:7; Romanos 8:24-25)?

1 Coríntios 14:1-40
Dons Espirituais (2)
Os coríntios tinham muitos problemas relacionados com o uso dos dons espirituais. Em resposta, Paulo observou que os dons eram temporários, durando até completar a revelação do Novo Testamento (13:8-13). Ele também lhes disse como usar esses dons durante a era na qual eles ainda estavam em vigor.
  
Tudo para edificação (14:1-19). A meta das reuniões cristãs tinha sido sempre a edificação, o desenvolvimento espiritual dos irmãos. A profecia edificava os coríntios porque ensinava, consolava e exortava. Mas falar em línguas (i. e., em outras línguas) nos cultos em Corinto não edificava porque somente Deus e a pessoa que falava sabiam o que estava sendo dito. O único modo pelo qual falar em línguas estrangeiras poderia edificar os coríntios era se alguém as traduzisse para a língua que falavam; de outro modo era como uma trombeta soando uma advertência ininteligível, inútil. Paulo não estava "rebaixando" as línguas porque ele não podia falá-las; ele podia. Mas sabia que as reuniões da igreja fortaleceriam os irmãos somente quando os presentes entendessem a linguagem que estava sendo falada.
  
O propósito das línguas (14:20-25). O verdadeiro papel das línguas era servir como um sinal para os incrédulos. Em Atos 2 os apóstolos falaram em línguas e pessoas de várias nações que tinham-se juntado para a festa judia do Pentecostes puderam enten-dê-los. A súbita capacidade dos apóstolos para falar línguas estrangeiras maravilhou a multidão e levou à conversão de 3000 em um só dia. Corinto não tinha milhares de pessoas de outras nações reunidas para uma festa. Quando os irmãos falaram em línguas estrangeiras ali, isso soava como algaravia. E pior, falavam todos ao mesmo tempo, compondo a confusão. Do modo como os coríntios estavam abusando das línguas, seria mais provável alguém ser convertido pela profecia (que era realmente para os crentes) do que pelas línguas.
  
Instruções especiais (14:26-40). Paulo deu regras minuciosas para o uso dos dons espirituais, regras que são quase sempre ignoradas por aqueles que declaram ter estes dons hoje em dia. Somente dois ou três oradores em línguas ou profetas deveriam falar em cada reunião. Cada um tinha que falar na sua vez. Nos cultos, nunca deveria ter diversas pessoas falando ao mesmo tempo. Nenhuma mulher deveria falar alto nas assembléias da igreja. O culto inteiro tinha que ser conduzido com decência e ordem. Os princípios por trás destas regras aplicam-se na adoração de hoje, também.

Perguntas para estudo pessoal:
Qual era a vantagem da profecia sobre as línguas?
Qual foi o problema que Paulo observou quanto a orar em outra língua?
Porque as mulheres não deviam falar nos serviços de adoração, de acordo com 14:34-35?
Quais regras são dadas para as assembléias neste capítulo? Quais dons espirituais Paulo lista?

1 Coríntios 15:1-58
A Ressurreição
Alguns mestres ensinavam que não havia ressurreição dos mortos. Para refutar esta falsa doutrina, Paulo primeiro estabeleceu uma base comum com seus leitores, afirmando a ressurreição de Cristo. A evidência da ressurreição de Cristo é esmagadora. Não há confirmação mais forte de um evento histórico do que testemunho ocular. No caso de Jesus, mais de quinhentas pessoas viram Jesus vivo depois que ressurgiu. Sua ressurreição não pode ser razoavelmente negada, e assim prova que há ressurreição dos mortos.

Conseqüências da ressurreição de Cristo (15:12-28). Cristo ou foi ressuscitado ou não. Se não foi, então a pregação apostólica foi em vão, porque acusavam Deus de algo que ele não tinha feito, e a fé é vã porque se apóia na res-surreição de Cristo. Se Cristo foi ressusci-tado então todos os crentes serão ressus-citados com ele. Cristo foi os primeiros frutos, um sinal e uma garantia de farta colheita. Observe o raciocínio de Paulo: a meta máxima de Deus para o universo é que Cristo retorne o governo a Deus depois de derrotar todos os inimigos. O último inimigo a ser derrotado é a morte, a qual Cristo venceria pela ressurreição. Sem esta, Cristo não venceria o último inimigo. Ele não retornaria o reino a Deus, que não seria o supremo rei. A negação da ressurreição frustra todo o plano de Deus para o universo.

Se não há ressurreição (15:29-34). Se não há ressurreição, o batismo não tem sentido. Se for assim, aqueles que estavam sendo batizados acreditando na ressurreição estavam apenas sendo bati-zados para os mortos, para a sepultura. O sofrimento de Paulo e as escapadas por um triz da morte foram absurdas se esta vida é tudo o que existe. De fato, se não há ressurreição, deveríamos viver intensa-mente aqui, porque amanhã morreremos.

Como são ressuscitados os mortos? (15:35-58). Os oponentes de Paulo objetaram contra a ressurreição porque não podiam imaginar como poderia acontecer. Paulo explicou a ressurreição por analogia. Enterrar um corpo é como plantar uma semente, porque a planta brota da semente, mas não se parece com ela. O corpo ressurgido sai do corpo enterrado, mas não se parece com ele. Deus tem muita experiência em preparar corpos adequados, por isso será capaz de providenciar facilmente um corpo adaptado a nossa existência eterna. Quando Cristo retornar, os mortos serão ressuscitados com corpos glorificados, os vivos serão mudados instantaneamente e todos serão levados ao grande julgamento do trono de Deus. A promessa de ressurreição deve motivar todos a perseverar e abundar no Senhor.

Perguntas para estudo pessoal:
Como Paulo provou a ressurreição?
Quais são as conseqüências de negar a ressurreição?
Como a ressurreição se encaixa no plano máximo de Deus para o universo?
Como deve nossa fé na ressurreição fazer-nos viver?



1 Coríntios 16:1-24
Instruções Finais
Ao concluir 1 Coríntios, Paulo deu várias instruções.
Coleta (16:1-4). Muitos textos relatam a coleta que Paulo dirigiu para os cristãos pobres de Jerusalém (2 Coríntios 8-9; Romanos 15:22-33; Atos 24:17). Esta coleta ilustra princípios importantes: ŒO Novo Testamento é um projeto para todas as igrejas. As diretrizes que Paulo tinha dado às igrejas da Galácia e mais tarde daria às igrejas da Macedônia (2 Coríntios 8:1-5) eram as mesmas que ele estava dando a Corinto. Havia uniformidade de doutrina e prática entre os irmãos primitivos (1 Coríntios 4:17) que era um reflexo da unidade do próprio Deus (Efésios 4:4-6).  A doação deveria ser semanal. Paulo acertou o domingo como o dia em que os cristãos devem contribuir para a caixa comum. Ž A contribuição deve ser de acordo com a prosperidade da pessoa. O Novo Testamento não tem nenhuma declaração da quantidade exata ou porcentagem a ser dada. Quanto mais prosperamos por Deus, tanto mais devemos dar.
  
Visitas (16:5-12,15-18). Paulo planejou ficar em Éfeso até o Pentecostes e então esperava visitar Corinto e passar o inverno com os irmãos de lá. Ele reconhecia que estes planos dependiam de Deus (7). Muitos adversários confrontaram Paulo em Éfeso (9), mas ele não os viu como um sinal de que não estava fazendo a vontade de Deus. Além do mais, o evangelho costuma provocar oposição. Timóteo provavelmente visitaria Corinto também e Paulo queria que o respeitassem (10-11). Apolo, apesar do forte encorajamento de Paulo, decidiu não ir ainda. Estéfanas e dois outros irmãos saíram de Corinto para visitar Paulo e passaram algum tempo ajudando-o. Agora estavam retornando a Corinto. O trabalho duro destes homens deveria merecer o respeito e a cooperação de todos os irmãos.
  
Várias exortações (16:13-14,19-24). Paulo podia juntar muitas coisas num pequeno espaço. As exortações dos versículos 13 e 14 podem ser lidas em segundos, mas exigem trabalho real para se aplicarem. Ele os encorajou a estarem alertas e vigilantes, permanecerem firmemente no Senhor, a serem corajosos, fortes, e amarem sempre. Ele também queria que os coríntios saudassem uns aos outros afetuosamente e enviou suas saudações a eles. O próprio Paulo escreveu a saudação final (compare 2 Tessalonicenses 3:17; Gálatas 6:11; Colossenses 4:18; Romanos 16:22; Filemom 19). 1 Coríntios começa e termina com o Senhor. Jesus é mencionado em cada um dos primeiros 10 versículos do livro e também nos últimos três.

Perguntas para estudo pessoal:
Quais lições podemos aprender sobre a coleta, nesta passagem?
Por que Paulo não planejava ir até eles mais cedo?
Por que Paulo os encorajava tanto a respeitar Estéfanas e seus amigos?
Faça uma lista dos principais tópicos tratados em 1 Coríntios.


II Coríntios
Introdução
2 Coríntios 1
2 Coríntios 2
2 Coríntios 3
2 Coríntios 4
2 Coríntios 5
2 Coríntios 6
2 Coríntios 7
2 Coríntios 8
2 Coríntios 9
2 Coríntios 10
2 Coríntios 11
2 Coríntios 12
2 Coríntios 13
Introdução
Começamos com uma pequena introdução ao livro. Algumas destas informações são repetidas da introdução à primeira carta.

No mapa: Corinto era a capital da Acaia, situada no sul da Grécia. Por causa da sua posição perto do istmo que ligava duas partes da Grécia, era uma cidade de importância comercial, cultural e religiosa. Tinha diversos templos dedicados aos vários falsos deuses da época, incluindo um templo de Afrodite, onde os adoradores da deusa praticavam prostituição.

Na história bíblica: Encontramos o relato do início do trabalho em Corinto em Atos 18:1-17. Na sua segunda viagem missionária, Paulo foi de Atenas até Corínto, onde permaneceu 18 meses. Ele morou e trabalhou com Áqüila e Priscila, judeus que fabricavam tendas. Aos sábados, Paulo ensinava na sinagoga. Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia (veja Atos 17:14-15), Paulo se entregou totalmente ao trabalho do evangelho. A oposição entre os judeus cresceu, e ele sacudiu o pó dos pés (veja Mateus 7:6; 10:14-15) e deu sua atenção aos gentios. Muitas pessoas, incluindo Crispo, o líder da sinagoga, creram e foram batizadas. Deus mandou que Paulo ficasse naquela cidade. Ele continuou seu trabalho em Corinto durante um ano e seis meses.

**Obs.: Algumas pessoas citam o exemplo de Paulo ensinando na sinagoga aos sábados como evidência da importância de guardar o sábado nos dias de hoje. A questão não é o fato deste apóstolo ter ensinado aos sábados, mas o motivo. Paulo costumava procurar pessoas com interesse em coisas espirituais quando e onde elas se reuniam, seja num sábado junto do rio em Filipos (Atos 16:13) ou seja todos os dias numa praça em Atenas (Atos 17:17). Nem Paulo nem outros cristãos primitivos ensinavam a necessidade de guardar o sábado, e pessoas hoje não têm direito de acrescentar tal exigência à doutrina de Cristo.

Alguns judeus começaram a perseguir Paulo, mas Gálio, o procônsul da província (52 d.C.), recusou-se a ouvir as queixas deles contra o apóstolo. Paulo permaneceu ainda algum tempo em Corinto, e depois foi para Éfeso e outros lugares, encerrando a viagem em Antioquia da Síria.

Na terceira viagem, Paulo escreveu a primeira carta aos coríntios quando estava em Éfeso, onde ele trabalhou no evangelho durante três anos. Depois de partir de Éfeso, ele mandou a segunda carta da Macedônia (Atos 20:1-2; 2 Coríntios 7:5-6). Muitos comentaristas acreditam, baseados principalmente nos comentários de Paulo em 2:1-10; 7:8; 12:14; 13:1, que entre as duas cartas aconteceram duas coisas não registradas no livro de Atos: (1) Que Paulo fez uma visita a Corínto, e voltou para Éfeso entristecido, e (2) Que ele mandou uma outra carta, considerada severa, repreendendo algumas atitudes erradas dos coríntios.

O conteúdo da carta: Enquanto a primeira carta é voltada, em boa parte, aos problemas específicos dos coríntios (questões de doutrina e prática), a segunda carta abre mais o coração de Paulo para mostrar os seus sentimentos fortes em relação aos coríntios e, mais ainda, para com o Senhor. É um livro extremamente rico pelo qual somos privilegiados para ver o coração de uma das grandes personagens da História, o apóstolo Paulo.

2 Coríntios 1
1:1-2
Paulo e Timóteo mandaram esta carta à igreja dos coríntios e aos demais santos na Acaia.

**Obs.: Como era seu costume, Paulo incluiu seu co-obreiro na saudação, mas a carta é do próprio apóstolo. Por este motivo, ele refere a si mesmo na primeira pessoa, e comenta sobre Timóteo na terceira pessoa (veja 1:19).

1:3-11
Paulo agradeceu pela consolação que Deus dá.

O sofrimento de Cristo favorece os seus servos.

O conforto que Deus dava a Paulo, em seu sofrimento, equipou o apóstolo para confortar outros que passavam por angústias. Como participavam do sofrimento, participariam, também, da consolação.

Paulo passou por tribulações na Ásia, até ao ponto de desesperar da própria vida. Por essa experiência, ele aprendeu a confiar mais ainda em Deus (veja 12:9-10). O apóstolo agradeceu as orações dos coríntios a seu favor.

**Obs.: No resto do livro, Paulo comentará bastante sobre sua atitude em relação ao sofrimento, especialmente no capítulo 12.

1:12-14
Paulo afirmou sua sinceridade para com os coríntios, e os relembrou de que sua mensagem era de Deus, e não da sabedoria humana.

1:15-22
Paulo defendeu a sua honestidade em relação às mudanças nos planos dele.

Ele tinha planejado uma viagem a Corinto. De lá, ele iria à Macedônia e voltaria a Corinto antes de prosseguir para a Judéia. Quando não fez a viagem como pretendia, alguns evidentemente questionaram sua integridade. Ele se defendeu, dizendo que sua palavra era confiável, como a palavra do Senhor.

**Obs.: Paulo cita, neste parágrafo, o Pai, o Filho e o Espírito. Disse que somos confirmados em Cristo, ungidos por Deus (Pai), e selados no Espírito. Assim, ele mostra o privilégio do cristão de estar em comunhão com as três pessoas divinas (veja Mateus 28:19; João 14:17,23; 1 Coríntios 6:19).

1:23-24
Paulo disse que ainda não tinha ido a Corinto para poupá-los. Baseado em comentários encontrados mais tarde no livro, entendemos que Paulo estava dando tempo para os coríntios se arrependerem de alguns pecados, para evitar a necessidade de repreensões ásperas (veja, por exemplo, 10:2,9-11; 12:19-21; 13:1-2,10).

2 Coríntios 2
2:1-4
Paulo não queria voltar para Corinto em tristeza; então deu tempo para que resolvessem os problemas primeiro.

Ele não se regozijou na tristeza deles. Pelo contrário, ele queria participar da alegria desses queridos irmãos.

A tristeza evidente na carta dele demonstrou seu amor verdadeiro para com eles.

**Obs.: Qual carta? Alguns comentaristas acreditam que Paulo mandou uma carta entre 1 e 2 Coríntios, severamente repreendendo os coríntios por algumas atitudes erradas. Supõe-se que esta carta severa fosse enviada depois de uma visita rápida e desagradável (que teria sido, segundo esta interpretação, a segunda visita; uma vez que ele estava planejando a terceira visita em 12:14 e 13:1).

2:5-11
Quando o irmão pecador se arrepende e volta, deve ser acolhido em amor pelos irmãos.

A referida punição seria, provavelmente, a rejeição do pecador do meio da congregação, conforme o ensinamento de 1 Coríntios 5. Um dos propósitos de tal expulsão é a salvação do espírito do pecador, ou seja, o arrependimento e perdão dele. Uma vez que o pecador se arrepende, deve ser perdoado e confortado.

**Obs.: Qual irmão? Paulo não identifica o irmão que voltou. Pode ser o homem imoral de 1 Coríntios 5. Pode ser um dos homens com queixa contra o irmão em 1 Coríntios 6. Pode ser algum outro caso não especificado. Não importa o pecado ou a identidade do pecador. O princípio ensinado aqui é válido em qualquer caso de arrependimento de um irmão que pecou. Quando se arrepende, os outros devem o perdoar (veja Mateus 18:15-35).

O irmão arrependido precisa ser perdoado e confortado, para evitar que seja consumido por excessiva tristeza. A tristeza e sentimentos de culpa servem para nos conduzir ao arrependimento (7:10; Tiago 8-10). Mas, se ficar na tristeza e vergonha, a pessoa será consumida e vencida pelo erro. O irmão arrependido deve sentir o amor dos outros discípulos.

2:12-13
Paulo ficou pouco tempo em Trôade, porque não encontrou Tito. Continuou a sua viagem até a Macedônia.

**Obs.: Saindo de Éfeso, Paulo foi até Trôade (ainda na Ásia), e depois prosseguiu até a Macedônia, que faz parte da Europa.

2:14-17
O aroma de vida e morte.
Neste parágrafo, Paulo usa simbolicamente a imagem de um desfile triunfal de um exército. Depois da batalha, o comandante conduzia seus soldados, seguidos pelos prisioneiros. O incenso queimado levava o cheiro de vitória aos vencedores, mas o cheiro de morte aos prisioneiros, pois seriam mortos depois do desfile.

Paulo pregava uma mensagem só. A mesma palavra que faz o pecador sentir-se culpado e réu de morte traz as boas novas de vida aos fiéis.

Paulo disse que não mercadejava a palavra, reafirmando sua sinceridade.

2 Coríntios 3
3:1-11
Paulo não precisou dar carta de recomendação aos coríntios para estabelecer sua credibilidade, pois os próprios coríntios eram evidência de seu trabalho.

Ele começa, aqui, um contraste entre o evangelho de Cristo e a lei do Velho Testamento. Observe os pontos principais:

ANTIGA ALIANÇA X NOVA ALIANÇA

Tinta X Espírito
Pedra X Carne/corações
Letra mata X Espírito vivifica
Ministério da morte X Ministério do Espírito
Condenação X Justiça
Outrora X Atual
Desvanecia-se X Permanente
Glória X Sobreexcelente glória

**Obs.: "A letra mata, mas o espírito vivifica". Muitas pessoas distorcem o sentido desta frase, até usando o versículo para dizer que estudo da Bíblia pode ser prejudicial! Mas, um pouquinho de estudo do contexto mostra que tal interpretação é totalmente errônea. No contexto, a letra representa o sistema da lei do Velho Testamento, que trouxe conhecimento das conseqüências do pecado, mas não revelou o caminho para a salvação. O espírito representa a palavra de Cristo, que nos dá a solução para nosso problema.

3:12-18
A grande diferença entre o Novo e o Velho Testamentos pode ser resumida na palavra "esperança". Nós temos esperança e, por isso, temos motivo para falar ousadamente sobre Cristo.

**Obs.: A grande diferença entre o evangelho de Cristo e muitas religiões e filosofias é a esperança. Muitas religiões oferecem a "esperança" de voltar pela reencarnação para viver de novo, talvez como uma pessoa numa vida mais sofrida, talvez como vaca ou mosca. Outras religiões oferecem a "esperança" de perder a identidade em algum tipo de consciência universal. Várias filosofias oferecem a "esperança" de morrer e cessar de existir. Mas Jesus oferece a esperança da vida eterna. Pedro entendeu este fato quando disse a Jesus: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna" (João 6:68).

Paulo disse que as pessoas que continuavam confiando na lei de Moisés ainda tinham um véu que escondia a verdade sobre Cristo. O véu não está mais sobre o rosto de Moisés, e sim sobre o coração dos que não se convertem a Cristo.

A verdadeira liberdade está no Espírito do Senhor.
  Obs.: Liberdade X Libertinagem. Paulo disse que a liberdade está no Espírito de Deus, mas muitas pessoas procuram liberdade em outros lugares. Até rejeitam a palavra do Senhor, rebelando-se contra a autoridade dele para cumprir sua própria vontade. Tal libertinagem resulta na escravidão espiritual da pessoa (2 Pedro 2:18-20).

Pelo Espírito, somos transformados na imagem do Senhor.

  Obs.: A imagem de Deus. Deus criou o homem à imagem dele (Gênesis 1:26-27), mas o homem manchou a imagem com o pecado. Jesus nos mostrou a imagem do Pai (2 Coríntios 4:4; Colossenses 1:15). Nós somos refeitos à imagem de Cristo (2 Coríntios 3:18; Colossenses 3:10).

  Obs.: Considere as afirmações dos versículos 17 e 18 em relação a divindade do Espírito Santo: "o Senhor é o Espírito" e "pelo Senhor, o Espírito". E ainda há pessoas que negam a personalidade e a divindade dele!
2 Coríntios 4
4:1-6
Paulo fez seu trabalho de uma maneira transparente e sincera, e não pretendia desistir dele.

Outros andavam de modo vergonhoso, usando de astúcia e adulterando a palavra de Deus.

As pessoas cegas continuam perdidas, não enxergando a imagem de Deus em Cristo.

Paulo não pregou uma doutrina particular, mas sim, o evangelho de Cristo.

Paulo, escolhido por Cristo para ser apóstolo, se colocou na posição de servo dos coríntios, por amor de Jesus.

**Obs.: É importante observar, nas cartas de Paulo, o uso de palavras como servo, submissão, sacrifício, etc. Ele mostra uma atitude de humilde serviço, que nós devemos imitar.

Através de Cristo, conhecemos a glória de Deus.

4:7-15
Neste parágrafo, Paulo explica bem a grande responsabilidade dos apóstolos. No contexto, em que ele fala sobre a sua própria morte, parece que os vasos de barro são os próprios apóstolos. Isso não nega, porém, a nossa responsabilidade na divulgação do evangelho hoje (veja a transmissão dessa responsabilidade de uma geração para outra em 2 Timóteo 2:2).

Paulo queria sempre manifestar o poder de Cristo, e não o seu próprio.

**Obs.: Confiança na carne. Nas cartas aos coríntios, Paulo fortemente rejeita a ênfase nas obras dos homens. A grande tendência de muitas igrejas, hoje em dia, é honrar os homens pelas obras realizadas (diplomas de seminários, títulos de honra, glória de trabalhos bem-sucedidos, reconhecimento por homens, etc.). Paulo pôs tudo que o homem é, e tudo que o homem faz, na categoria de um vaso de barro. A glória pertence ao tesouro guardado no vaso, não ao próprio vaso.

O versículo 10 apresenta um tema mencionado várias outras vezes por Paulo. O cristão, em alguns sentidos, participa da morte de Cristo e, também, participa da vida após a ressurreição (compare com Romanos 6:3-4; 2 Coríntios 5:17; Colossenses 3:1-10).

No versículo 13, ele resume o sentido de Salmo 116, onde Deus é louvado por ter livrado seu servo da morte. Neste contexto, Paulo mostra a mesma confiança. Ele será livrado da morte na ressurreição, e todos que ouvem o evangelho podem participar da mesma esperança.

4:16-18
Por causa da sua esperança da ressurreição, Paulo não se desanimava quando contemplava a própria morte. Ele mostrou a sua fé nas promessas de Deus, e depositou sua confiança nas coisas eternas e invisíveis.

2 Coríntios 5
5:1-5
Neste parágrafo, Paulo apresenta uma perspectiva cristã da morte física.

O corpo físico é um tabernáculo (tenda) terrestre que está se gastando.
O corpo espiritual é um edifício (templo) eterno e celeste.
Os santos gemem neste corpo, querendo ser revestidos da vida eterna.

Tal esperança é válida somente para as pessoas preparadas/vestidas da imagem de Cristo, e não despreparadas/espiritualmente nuas (veja Colossenses 3:5-12; 2 Pedro 1:4).

Paulo deixa bem claro que ele não deseja a morte, e sim a vida eterna. Ele não quer ser despido; ele quer ser revestido da vida.

**Obs.: O desejo de morrer. É importante compreender a diferença entre a vontade de Paulo e a vontade do rei Saul, Judas Iscariotes e outros que, até hoje, consideram o suicídio uma saída. Paulo não desejava a morte, e sim a vida. Ele não estava correndo dos problemas desta vida, mas olhava para o fim do caminho (2 Timóteo 4:6-8). Embora querendo estar com Deus na eternidade, Paulo não apressou sua própria morte. Ele confiava em Deus para decidir a hora certa para dar-lhe a coroa da vida. Embora Deus tenha livrado os fiéis do medo de morrer, ele não autorizou o suicídio.

Deus nos preparou para a vida eterna, já dando uma amostra da vida eterna através do Espírito (veja Efésios 1:13).

  Obs.: A vida eterna: presente ou futuro? Quando a Bíblia ensina sobre a salvação em Cristo e a vida eterna, fala em dois sentidos (veja 1 Timóteo 4:8). Num sentido, os discípulos de Cristo já têm a salvação e participam da vida espiritual nele (Atos 2:47; 15:11; Romanos 6:4; Efésios 2:1,5; Colossenses 2:13; 1 João 5:12-13). Em outro sentido, ainda aguardamos a salvação e a vida eterna (veja Romanos 2:7; 13:11; Gálatas 6:8; Tito 3:7; Hebreus 9:28; Judas 21).

5:6-10
Paulo andava em esperança da vida eterna que o motivou a ser agradável a Deus.

Todos nós seremos julgados pelas coisas feitas no corpo.

  Obs.: Julgamento segundo as coisas feitas por meio do corpo. Apesar da confusão causada por várias doutrinas humanas, algumas afirmações bíblicas são bem claras. As diversas filosofias e religiões que ensinam a reencarnação enfrentam um problema no versículo 10. Paulo não falou de julgamento das coisas feitas por meio dos corpos. Ele falou de um corpo só (veja Hebreus 9:27). Os premilenaristas ensinam que haverá duas ressurreições, mas Jesus afirma que todos seremos ressuscitados na mesma hora para o julgamento final (João 5:28-29).

5:11-17
Paulo pregava com convicção, persuadido da mensagem de Cristo. Ele não confiava nas aparências da carne, e sim na verdade no coração. Outros o julgavam louco, mas ele continuou servindo a Deus.

Os que estão em Cristo são novas criaturas.
  Obs.: Versículo 17 mostra a grande diferença entre a morte e as trevas do passado e a vida e a luz em Cristo. Infelizmente, algumas pessoas torcem o sentido do versículo para justificar o pecado. Sugerem que a pessoa que praticava pecado pode continuar nas mesmas práticas, porque agora Deus fez tudo novo. Mas ele fez tudo novo quando justificou (salvou, perdoou) o pecador. Ele não justificou o pecado. Para sermos novas criaturas, temos que deixar de praticar as coisas condenadas por Deus (veja 1 Coríntios 6:9-11).

5:18-21
O trabalho de Paulo era o ministério da reconciliação, promovendo a paz entre Deus e os homens (veja Isaías 59:1-2; Efésios 2:14-18).

Paulo usufruiu a reconciliação, e passou a pregar a mesma mensagem para outros. Ele diz: "Deus...nos reconciliou" (5:18) e "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo" (5:19).

Considere bem a mensagem profunda do versículo 21 sobre a grande troca feita por Deus:

- Jesus não conheceu pecado, e Deus o fez pecado por nós.

- Nós conhecemos pecado, e Deus nos fez justiça através dele!

- Ele levou sobre si os nossos pecados; levamos sobre nós a justiça dele! Que maravilha!

2 Coríntios 6
No parágrafo anterior (5:18-21), Paulo falou da reconciliação. Disse que Cristo nos reconciliou, e que deu o ministério da reconciliação aos seus embaixadores. Ele continua falando sobre este segundo aspecto da reconciliação (o papel dele como servo de Jesus) no início do capítulo 6.

6:1-3
Paulo exortou-os a não receberem a graça de Cristo em vão, frisando a urgência da sua obediência.

  Obs.: Ele cita Isaías 49:8 como a palavra de Jesus. Este versículo faz parte de uma série de profecias messiânicas em Isaías sob o tema "O Servo do Senhor".

Paulo serviu com toda sinceridade e dedicação, para não impedir o progresso do evangelho.

6:4-10
Ao invés de dar motivo de escândalo, Paulo se negou em tudo para ser um bom embaixador de Cristo.

Ele aceitou sofrimento na sua vida (versículos 4 e 5), e ainda desenvolveu as qualidades características de um servo fiel (versículo 6).

  Obs.: Tudo indica que Paulo ainda estava sendo criticado e rejeitado por alguns entre os coríntios. Seu amor não fingido (sem hipocrisia) sugere um contraste com o falso amor dos falsos apóstolos que estavam perturbando os coríntios (veja 11:13).

Paulo confiava plenamente no poder de Deus para fazer seu trabalho, independente das interpretações erradas por parte de outras pessoas.




6:11-13
Paulo sente-se constrangido, não por falta de vontade de sua parte, mas pela rejeição pelos coríntios. O coração dele estava bem aberto para recebê-los, mas eles permaneciam fechados.

6:14-18
Nestes versículos, e no primeiro do capítulo 7, Paulo destaca a importância da santificação na vida dos cristãos. Não pode haver concordância entre as coisas de Deus e as do Maligno. Observe os contrastes:

Justiça X Iniqüidade
Luz X Trevas
Cristo X O Maligno
Crente X Incrédulo
Santuário de Deus X Ídolos

Nos versículos 16 a 18, Paulo usa várias citações do Velho Testamento sobre o povo santo. Deus desejava um povo santo em Israel, mas os hebreus não cumpriram sua responsabilidade. Então, ele começou a profetizar sobre um povo santo e cumpriu as profecias em Israel espiritual, a igreja. Hoje, em Cristo, participamos da comunhão do Todo-Poderoso que habita entre os cristãos.

2 Coríntios 7
Paulo concluiu o capítulo 6 com um apelo à santidade. Ele citou as grandes promessas da comunhão com Deus, dizendo que Deus anda e habita no meio dos fiéis.

7:1
Baseado nas grandes promessas de comunhão com Deus, Paulo pede a cada discípulo:

(1) Purificar-se de toda impureza
(a) da carne (imoralidade, obras da carne).
(b) do espírito (idolatria, doutrinas e práticas erradas).
(2) Aperfeiçoar a santidade com reverência e respeito para com Deus.

7:2-4
Paulo volta a falar sobre os problemas entre ele e os coríntios. Ele pede que abram seus corações, afirmando que ele sempre agia em boa fé e sinceridade.

7:5-16
Paulo começou a comentar sobre sua procura de Tito em 2:12-13. Falou que chegou a Trôade (partindo de Éfeso) e não encontrou Tito. Por esta razão, foi para a Macedônia. Em 2:14, ele agradeceu a Deus pela vitória, mas não explicou o motivo específico das ações de graça. Ele continuou falando sobre as bênçãos de Deus e sobre o privilégio de participar delas. Aqui, ele volta à questão da procura de Tito.

Quando Paulo chegou à Macedônia, ele não achou Tito. Ele sentiu-se angustiado, enfrentando vários problemas com esta preocupação sobre esse irmão e cooperador. Mas, Deus o confortou com a chegada de Tito, levando notícias animadoras dos coríntios.

Paulo comentou sobre a severidade de uma carta anterior.
  Obs.: É possível que houvesse outra carta entre 1 e 2 Coríntios, na qual Paulo repreendeu algumas atitudes erradas dos coríntios. Muitas pessoas acreditam que, entre as duas cartas, Paulo teria feito uma visita a Corinto e que, devido àlguns problemas com os irmãos na visita, teria mandado uma carta severa, corrigindo-os.

Ele se alegrou por causa do arrependimento verdadeiro deles. No versículo 10, ele fez um comentário valioso sobre a tristeza e o arrependimento. A tristeza de entender que o nosso pecado fere ao próprio Deus produz o arrependimento verdadeiro que leva a salvação. Mas a tristeza do mundo, de se lamentar por causa de conseqüências pessoais e imediatas, sem compreender os efeitos maiores do pecado, não produz o arrependimento que Deus quer. Pode causar algum sentimento de remorso (como Judas Iscariotes sentiu quando devolveu o dinheiro da traição), mas não produz o arrependimento verdadeiro que precisamos para sair do pecado.
Além da sua alegria devida ao arrependimento dos coríntios, Paulo ficou mais contente ainda quando ouviu de que maneira eles trataram Timóteo.

Paulo começou este capítulo com tristeza, pedindo que eles abrissem os corações para aceitá-lo. Encerrou o capítulo elogiando a atitude dos coríntios, e dizendo que tinha plena confiança neles.

2 Coríntios 8
Nos capítulos 8 e 9, Paulo incentiva os coríntios a participarem liberalmente da assistência aos santos necessitados na Judéia. Neste ensinamento, encontramos instruções e exemplos que mostram um aspecto do verdadeira amor entre irmãos em Cristo. Os que tinham condições financeiras ajudaram outros que necessitavam de assistência.

8:1-7
Paulo cita o bom exemplo das igrejas da Macedônia para incentivar a generosidade dos coríntios. Apesar dos seus próprios problemas, os macedônios se mostraram liberais quanto à assistência aos santos. Insistiram em ajudar, mesmo acima da sua capacidade. Tal generosidade não começou com o dinheiro, mas com o sacrifício de si mesmos.

  Obs.: Uma vez que nós nos entregamos ao Senhor, devemos entender que os nossos recursos (dinheiro, habilidades, etc.) são ferramentas para usar no serviço a Deus. Os discípulos na Macedônia entenderam isso.

  Obs.: A graça concedida. Paulo usa essa expressão para descrever o privilégio de sacrificar, dando dinheiro para ajudar aos outros.

8:8-15
Paulo não quer obrigar os coríntios a participarem dessa benevolência, mas procura incentivá-los a dar voluntariamente por amor.

Ele cita o exemplo de Jesus. Ele deixou a riqueza dos céus e se fez pobre por causa do seu amor para conosco. Através da pobreza dele, nós adquirimos as riquezas espirituais que ele mandou.

Paulo espera a concretização dos planos dos coríntios. Eles falaram já da vontade de ajudar; ele espera a demonstração desse amor.

  Obs. Querer e realizar. Devemos sempre nos esforçar para pôr em prática os nossos planos espirituais. É importante querer crescer e fazer o bem. Cabe a nós cumprir a nossa parte para realizar tais intenções boas. Veja Filipenses 2:12-13.

Paulo não espera que ninguém dê acima das suas condições, nem quer que alguns fiquem sobrecarregados enquanto outros são aliviados. Ele procura igualdade entre irmãos.

  Obs.: Igualdade. Alguns interpretam de uma maneira literal e errada esta palavra "igualdade" (8:13). Nem Paulo nem outros servos de Deus no Novo Testamento pregaram igualdade absoluta em termos de bens materiais. Eles não propuseram nenhum sistema de comunismo onde todos teriam exatamente as mesmas coisas. Ainda encontramos ricos e pobres entre os discípulos primitivos, mas não houve a necessidade de alguém passar fome enquanto outros tinham abundância.

  Obs.: Deus proverá. A citação de 8:15 vem de Êxodo 16:18, um trecho que enfatiza o fato que Deus providencia as nossas necessidades (compare com Mateus 6:21-34).

8:16-24
Paulo quer evitar a vergonha de irmãos chegarem a Corinto para achar os coríntios despreparados. Por isso, ele enviou três irmãos para ajudar na preparação da coleta dos coríntios antes de chegarem outros com Paulo. Esses três são: Tito (8:16), um irmão escolhido pelas igrejas (8:18), e mais um irmão de confiança (8:22).

  Eleito pelas igrejas (8:19). Alguns procuram qualquer apoio para justificar a criação de grandes denominações, completas com seus congressos nacionais, etc. Mas uma vez que uma igreja mostrou sua confiança num irmão para acompanhar Tito, ele foi "eleito" ou "escolhido" por aquela igreja. Quando uma outra congregação, conhecendo o mesmo irmão, pediu a mesma coisa, ele foi "eleito pelas igrejas". Não há nada aqui que justifique reuniões ou organizações que envolvam várias igrejas em decisões coletivas.

2 Coríntios 9
9:1-5
No início do capítulo 8, Paulo usou o exemplo dos macedônios para incentivar a liberalidade dos coríntios. Agora, ele disse que usou, também, o exemplo dos coríntios para estimular os macedônios! Devemos estimular uns aos outros em amor e boas obras (veja Hebreus 10:24).

Paulo enviou os irmãos citados no fim do capítulo 8 para evitar algum constrangimento mais tarde. Eles ajudariam os coríntios a preparar a oferta, para que não se envergonhassem com a chegada de outros irmãos depois.

9:6-15
Paulo incentiva os coríntios a darem generosamente. Ele cita um princípio bem conhecido nas Escrituras: ceifamos o que semeamos.

A oferta é voluntária, segundo a decisão de cada um para dar com alegria.

  Obs.: É obrigação contribuir? Aqui, Paulo diz que a oferta não deve ser feita por necessidade, mas 1 Coríntios 16:1-2 aborda o mesmo assunto como ordem. Podemos entender assim: é a responsabilidade de cada cristão contribuir, mas não devemos fazê-lo só por causa da obrigação. Devemos entender o propósito da oferta e participar com alegria, reconhecendo o privilégio de participar do trabalho do Senhor.

Ao invés de segurar o nosso dinheiro, recusando utilizá-lo para servir a outros, devemos lembrar que todas as nossas bênçãos e a nossa capacidade de dar vêm do Senhor.

  Obs.: O versículo 9 é uma citação de Salmo 112:9. O Salmo 112 inteiro fala sobre a importância da bondade e fidelidade do servo para ser abençoado por Deus.

A generosidade dos gentios em ajudar os santos necessitados de Jerusalém teve outros benefícios:

-Além de ajudar aqueles santos, demonstrou gratidão para com Deus.

-Além de ajudar aqueles santos, demonstrou comunhão com todos os santos.

Por outro lado, os outros santos oravam em favor dos coríntios.

Quem merece a gratidão e a glória é o próprio Deus.

2 Coríntios 10
Neste capítulo, Paulo volta à defesa do seu apostolado em contraste com as alegações dos falsos apóstolos que induziram os coríntios ao erro. Em alguns momentos, ele assume o ponto de vista dos seus críticos, usando de ironia para se colocar numa posição de fraqueza. É necessário uma leitura cuidadosa para não se perder nas mudanças de "tom" nas palavras de Paulo.

10:1-6
Paulo falou que era humilde entre eles mas ousado nas suas cartas. Mais tarde, ele explica que essa foi uma acusação feita por seus detratores (compare com o versículo 10: "dizem").

Por enquanto, Paulo usa esta imagem para reforçar seu ponto. O sentido é este: "Tudo bem, vocês me consideram manso quando presente e severo quando ausente. Então, façam tudo para corrigir os seus problemas, porque não quero ser severo quando chego aí."

Apesar das opiniões de outros sobre Paulo, ele afirma a sua determinação de fazer o certo, agindo de acordo com a vontade de Deus e não a dos homens. Os versículos 3 a 6 descrevem bem a atitude e as táticas do servo de Deus nas batalhas espirituais. Observe:

-Somos seres humanos, mas não usamos táticas humanas.
-As armas que usamos são espirituais, não carnais.
-Com as armas poderosas de Deus, podemos vencer a força dos homens (fortalezas, sofismas, altivez, pensamentos).
-Nosso alvo é simples: levar "cativo todo pensamento à obediência de Cristo", completando a nossa submissão.

  Obs.: Sofismas são pensamentos ou raciocínios que parecem razoáveis e válidos, porém são falsos. Paulo mostra, aqui, que a sabedoria de Deus é superior à suposta sabedoria dos homens.

10:7-12
Paulo pede para seus críticos serem justos com ele. Eles se consideravam servos de Cristo, mas negavam a posição dele na família do Senhor. De fato, Paulo não era nem um pouquinho inferior a eles. Ele tinha recebido autoridade de Cristo para edificar, e não para destruir.

  Obs.: Para edificar e não para destruir. Paulo mostra um dos problemas fundamentais do partidarismo. Ao invés de edificar, o espírito carnal destrói. Em 1 Coríntios 3:1-16, ele frisou este mesmo ponto. Os verdadeiros servos não procuram criar ou defender seus próprios partidos (assim destruindo o corpo de Cristo). Cada um de nós deve edificar e contribuir ao bem do corpo.

Paulo não aceitou a acusação que ele fosse forte nas cartas e fraco quando presente. Prometeu, se fosse necessário, usar da mesma severidade na presença deles.

  Obs.: Padrões errados para avaliação de homens. Paulo recusou avaliar-se por comparações com outros homens, e condenou tal prática. Infelizmente, muitos supostos servos do Senhor ainda não captaram o sentido desse ensinamento. Há hoje comentários sobre qual pregador é melhor que o outro, prêmios para melhores sermões, melhores livros, melhores sites evangélicos na Internet, etc. Pessoas que alegam ser cristãs participam ousadamente do pecado de auto-promoção. Tal prática não cabe no reino de Deus (veja Mateus 20:27; 23:11; Lucas 17:10).


10:13-18
Paulo não tentou validar seu trabalho por comparações com os trabalhos de outros. Ele se viu no contexto da responsabilidade que Deus lhe deu. A esfera de ação dele incluiu Corinto e ele faria o trabalho entre eles, apesar da oposição de alguns "irmãos".

  Obs.: A esfera de ação. Embora Paulo comente sobre locais geográficos, ele não sugere limites de território físico no trabalho do Senhor. Os apóstolos foram enviados ao mundo (Marcos 16:15), e a mesma responsabilidade de pregar o evangelho foi transmitida a homens fiéis e idôneos (2 Timóteo 2:2). Pessoas que se acham hoje donas de determinados "territórios" no trabalho do Senhor mostram a mesma atitude carnal que Paulo condenou. Como servos de Deus, podemos e devemos pregar em qualquer lugar onde exista oportunidade.

Neste parágrafo, encontramos uma frase que deve controlar todas as tendências orgulhosas de auto-engrandecimento: "Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor" (versículo 17).

2 Coríntios 11
11:1-6
Paulo justifica sua loucura! Na segunda metade deste capítulo, ele usará alguns argumentos que normalmente não empregaria. Aqui, ele explica o motivo. Ele estava agindo por amor aos coríntios, fazendo tudo para evitar que eles caíssem no engano de falsos apóstolos.

  Obs.: A "loucura" de Paulo. Quando homens carnais começaram a comparar pessoas, Paulo ficou para trás. Outros eram mais eloqüentes ou mais polidos do que Paulo. Ele disse, ironicamente, que ele era louco e os próprios coríntios sábios (1 Coríntios 4:10). É claro que não era o caso. Em 1 Coríntios 2:16, ele disse que tinha a mente de Cristo. No início de 1 Coríntios 3, chamou os coríntios de crianças carnais. Do mesmo modo, ele criticou as pessoas que se julgavam sábias, dizendo que devemos nos gloriar exclusivamente no Senhor (2 Coríntios 10:12,17-18). Paulo não era louco, mas considerou qualquer defesa baseada nos feitos humanos um tipo de loucura. Assim, ele respondeu com esse tipo de argumento em 1 Coríntios 4:10-13 e usará a mesma abordagem em 2 Coríntios 11:21-29.

O zelo de Paulo destaca a importância de nos manter puros, e de ajudar outros a fazerem o mesmo. Paulo procurava proteger os coríntios de falsos mestres para apresentar a noiva como virgem ao seu verdadeiro esposo, Cristo.

  Obs.: A noiva de Cristo. Paulo emprega aqui uma ilustração muito comum para descrever o povo de Deus. Desde o Velho Testamento, a relação entre Deus e seu povo foi comparada ao noivado e ao casamento. No Novo Testamento, encontramos a mesma figura em vários livros (Sugestão para seu próprio estudo: faça uma lista de passagens que usam a figura de casamento para descrever esta relação espiritual). Dessa figura, vêm diversas aplicações: a pureza da noiva (aqui), o amor do marido e a submissão da mulher (Efésios 5:22-33), o problema de adultério espiritual (o livro de Oséias; Ezequiel 16); o adorno da noiva para o casamento (Apocalipse 21:2), etc.

11:7-15
Ao invés de se exaltar como outros, especialmente os falsos apóstolos (tais apóstolos-11:5), Paulo tinha se humilhado para servir. Viveu humildemente. Não pediu dinheiro aos coríntios, mesmo passando privações.

  Obs.: "Despojei outras igrejas..." (8-9). Paulo recebeu seu sustento de outras congregações. Ele não se fez pesado aos coríntios. Ele não viu o trabalho com uma igreja como "negócio" para lucrar materialmente e, sim, como serviço e sacrifício. Ele precisava de sustento, é claro, e o recebia de outras congregações. Especificamente, ele cita ajuda recebida da Macedônia durante seu tempo em Corinto. Da mesma forma, evangelistas hoje podem ser sustentados por igrejas (veja 1 Coríntios 9:11-15). Como aqui, o sustento deve ser enviado diretamente da igreja ao pregador (Filipenses 4:15-17). Não há nenhuma autorização nas Escrituras para criar ou manter algum tipo de sociedade missionária, nem de elevar uma congregação acima de outras como matriz ou igreja patrocinadora.

A humildade de Paulo não reflete falta de confiança em relação à sua mensagem ou à sua missão (10).

Por qual razão Paulo confrontaria esses falsos apóstolos? Para destruir vidas e mostrar falta de amor? De modo algum! Ele entrou nesta batalha espiritual para poupar os amados coríntios dos estragos e da perdição que os falsos mestres trazem.

  Obs.: O aspecto polêmico do nosso serviço. Qualquer servo fiel a Deus terá que enfrentar os inimigos da cruz, e devemos nos preparar para tais confrontos (1 Pedro 3:15). Nunca devemos esquecer que são batalhas espirituais (2 Coríntios 10:3-6) e que o propósito não é a destruição das pessoas que se opõem a nós, e sim a salvação das mesmas. O nosso foco não deve ser na batalha em si, mas nas pessoas que queremos extrair dos erros perniciosos do Maligno (2 Timóteo 2:24-26).

Satanás e seus servos se apresentam como anjos de luz, como se fossem apóstolos de Cristo e ministros de justiça. Uma das maiores armas do diabo é a sua astúcia. Ele vende a corrupção e a morte, mas em embalagens atraentes que parecem inocentes. Os servos do diabo são, muitas vezes, pessoas simpáticas e prestativas que parecem tão sinceras que outras pessoas são facilmente enganadas por elas. Temos de lembrar que o próprio Satanás se apresenta como anjo de luz, e os seus servos são lobos vestidos como cordeirinhos.

11:16-33
Este trecho é exemplo da "loucura" de Paulo. Na verdade, ele jamais se defenderia com argumentos carnais, tentando se exaltar. O ponto que ele quer ensinar aqui é simples: Se os servos de Deus tivessem direito de se gloriar, como os falsos apóstolos entre vocês fazem, eu poderia me defender muito bem. Mas, de fato, não temos direito de nos exaltar. A tolerância dos falsos mestres levará vocês à escravidão espiritual.

Os argumentos da loucura de Paulo:
(1) A sua genealogia: de pura linhagem dos judeus.
(2) O seu trabalho: ministro de Cristo que sofria muito por causa da sua fé.
(3) Preocupação com as igrejas: um peso até maior do que o sofrimento físico.

Paulo não se gloriou nestas coisas. A única coisa dele que deu motivo para se gloriar foi a sua própria fraqueza. Quando enfrentou perseguições intensas, foi Deus que deu livramento. A fraqueza de Paulo, até a sua incapacidade de se defender, destacou a grandeza de Deus e seu poder (veja 10:17). Este é o tema do início do capítulo 12.

**Obs.: Como precisamos de homens como Paulo hoje! É triste observar a falta de humildade entre supostos servos de Cristo. Homens procuram se glorificar, e exaltam uns aos outros, mesmo no contexto de igrejas e trabalhos espirituais. Cultos especiais para honrar homens, destaque dado a alguns por causa de sua formação teológica, exaltação de pessoas que têm conquistado bens materiais ou posição social e o uso de líderes políticos como convidados especiais são exemplos da carnalidade que Paulo rejeitou e condenou. Um dos aspectos tristes dos desvios de igrejas e pessoas "religiosas" é o esquecimento das qualidades que Deus quer na vida de todos os cristãos (leia Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:3-11), nos evangelistas (1 Timóteo 4:12-16), nos diáoncos (1 Timóteo 3:8-13) e nos presbíteros/pastores/bispos (1 Timóteo 3:1-7; Tito 1:5-9). Alguns destes trechos falam sobre habilidade e talento, mas a grande ênfase está no caráter, nas atitudes e na conduta das pessoas. Paulo não confiou nas coisas que ele trouxe a Cristo, mas no que Cristo fez para ele, transformando a sua vida.

**Obs.: O cuidado de Paulo para com as igrejas (versículos 28 e 29). Entre os pesos que ele suportava, Paulo achou mais difícil o peso de preocupação com as igrejas. Ele não está reclamando sobre o trabalho em si, nem o cansaço que ele sentia. Ele tinha tanta compaixão que realmente sofria com as pessoas. Paulo sentiu as fraquezas e escândalos dos irmãos em vários lugares, como se ele mesmo estivesse passando pelos mesmos problemas.

2 Coríntios 12
Paulo continua os comentários do capítulo 11, mostrando que ele poderia se gloriar mais que os falsos apóstolos que estavam enganando os coríntios. Embora que tenha como se gloriar, ele não o faz porque entende bem que toda a glória pertence ao Senhor.

12:1-6
Se fosse para se exaltar, Paulo citaria as suas próprias experiências espirituais, principalmente as suas visões e revelações. Até uma vez ele foi levado ao terceiro céu (o paraíso) onde ouviu coisas que o homem não pode falar! Mas, esta experiência não deu motivo para Paulo se exaltar. Foi algo que ele recebeu, não algum ato que ele fez. Foi Deus que lhe concedeu esta bênção, e Paulo continua sendo um mero homem.

  Obs.: "Conheço um homem" - Paulo se esforçou tanto para evitar a vanglória que nem se identificou aqui. A experiência obviamente era dele mesmo, mas ele não quer dizer "Eu fui arrebatado ao paraíso!" De fato, ele guardou silêncio sobre este assunto durante 14 anos!

**Obs.: O terceiro céu - Paulo o identifica como o paraíso. Normalmente se supõe que o primeiro seria a atmosfera (firmamento) e o segundo o espaço (sol, lua, estrelas, etc.).

  Obs.: Se Paulo recusa se gloriar nos seus feitos e nas suas experiências espirituais, ele pode se gloriar no que? Ele já falou várias vezes: na sua fraqueza. Alguns dos detratores de Paulo o consideravam fraco (10:10; 11:21). No seu argumento aqui, ele torna seu ponto "fraco" em ponto forte. Ele se gloria na fraqueza, porque a fraqueza dele destaca com mais clareza a força de Deus (11:30; 12:5,9,10; 13:3).

12:7-10
A ilustração de fraqueza que Paulo escolheu foi de algum sofrimento que ele descreve como "espinho na carne". Ele não identifica o espinho, mas fala algumas coisas interessantes que nos ajudam quando enfrentamos diversos tipos de sofrimento em nossas vidas:

(1) O espinho servia para combater qualquer tendência de se ensoberbecer ou se exaltar. Nas fraquezas, lembramos da nossa dependência de Deus e do fato que somos insignificantes em comparação com ele.

(2) O espinho foi um mensageiro de Satanás. Embora Deus use nossas angústias para seu propósito, foi Satanás que pôs o espinho na vida de Paulo. Compare com o caso de Jó. Deus permitiu que o Diabo o afligisse.

(3) Paulo pediu três vezes, mas Deus recusou tirar o espinho de sua vida. As doutrinas de algumas igrejas hoje que sugerem que a vida cristã deve ser livre de sofrimento, ou que sofrimento é prova de pecado na vida da pessoa, são doutrinas erradíssimas. Paulo, um servo fiel e dedicado, sofreu na carne. Servos fiéis hoje podem sofrer pobreza, doenças e outras tristezas.

(4) A graça de Deus basta. Satanás mandou o espinho, mas Deus o usou para mostrar a importância de sua graça para com Paulo.

(5) O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza do homem.

(6) Paulo prefere gloriar em Cristo do que receber a glória dos homens.

(7) Uma vez que Paulo aprendeu entender as coisas desta maneira, ele sentia prazer nas fraquezas, injúrias, etc, pois nestes momentos ele viu o poder de Deus com mais nitidez. Veja Tiago 1:3-4.

(8) Quando Paulo era fraco em termos de circunstâncias desta vida, ele se sentiu mais forte por causa da força de Deus na vida dele.

12:11-13
Paulo considerou toda esta "loucura" desnecessária e constrangedora. Os fatos deveriam ter sido evidentes aos coríntios:

(1) Ele não era inferior aos falsos profetas!

(2) Ele apresentou as credenciais do apostolado (milagres) aos coríntios.

(3) O fato que ele não recebeu sustento da igreja dos coríntios não a fez inferior a outras. (Ele pede perdão pela "injustiça" de não ser pesado para eles!)

  Obs. As credenciais do apostolado. Paulo cita seus sinais, prodígios e poderes miraculosos como provas do seu apostolado. Nisso ele nos lembra de um fato freqüentemente ignorado sobre os dons miraculosos na igreja primitiva. Os sinais serviam para confirmar a palavra pregada pelos apóstolos (Marcos 16:20; Hebreus 2:3-4). Hoje, temos a palavra revelada e confirmada nas Escrituras, e não há mais necessidade de sinais (1 Coríntios 13:8-13). Nós não somos apóstolos (testemunhas oculares de Cristo ressuscitado - Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8), e não temos as credenciais do apostolado. Graças a Deus, temos um caminho sobremodo excelente, superior a qualquer sinal miraculoso; temos a palavra de Deus que pode salvar almas!

12:14-18
Paulo não pretendia ser "pesado" na próxima visita a Corinto. Ele não foi atrás dos bens, e sim procurou as pessoas. Ele não se interessou pelo dinheiro dos coríntios.

  Obs.: "pela terceira vez" sugere a possibilidade de uma visita por Paulo a Corinto entre a primeira e segunda carta. Veja comentários a esse respeito na introdução (Estudo 1/15).

  Obs.: O motivo do trabalho de Paulo. Este apóstolo não procurava os bens materiais dos cristãos onde ele trabalhava. Não tinha metas de arrecadação, nem demandas salariais. Recebia sustento, sim, mas não aproveitou oportunidades de tomar os bens dos recém-convertidos nas igrejas que ele estabeleceu.

Paulo se gastou no trabalho em prol das almas dos outros irmãos (15).

Voltando a usar um tom de ironia, ele diz que prendeu os coríntios com dolo (16). Assim, ele chama atenção ao fato da sinceridade e falta de qualquer egoísmo no seu trabalho. Nem ele, nem os seus companheiros, tinham explorado os coríntios.

  Obs.: Paulo e outros poderiam ter aproveitado as coletas que foram feitas para ajudar os irmãos necessitados na Judéia, mas não o fizeram. De fato, Paulo fez tudo para evitar qualquer suspeita ou acusação em relação ao dinheiro levado (veja 8:19-24). Como o trabalho dele foi diferente dos negócios ocultos e, às vezes, sujos de algumas igrejas hoje!

12:19-21
Mostrando a sinceridade do seu amor para com os coríntios, Paulo faz mais um apelo incentivando-os a praticar a pureza. Ele não gostaria de encontrá-los praticando pecado.

2 Coríntios 13
13:1-4
Paulo se preparou para visitar Corinto pela terceira vez (veja comentário sobre 12:14 no estudo anterior) e estaria preparado para confrontar os falsos apóstolos com a justiça que a palavra de Deus exige.

Paulo mostrou certeza de que Cristo falava nele, e afirmou a sua fé no poder de Jesus. Jesus morreu na fraqueza mas ressuscitou e vive no poder. Paulo (e qualquer outro) é fraco (veja 12:10), mas vive pelo poder de Deus.

13:5-10
Paulo desafiou os leitores que se examinassem para verificar a sua situação espiritual (5).

  Obs.: O desafio do versículo 5 vale para qualquer cristão. Realmente estamos na fé?

Enquanto Paulo sugeriu a possibilidade que os coríntios fossem reprovados, ele falou com confiança de sua própria posição, e pediu que eles reconhecessem que ele não era reprovado (6).

Paulo continuou orando para que os coríntios fizessem o bem, sem depender da atitude deles em relação a ele (7).

Paulo não faria nada contra a verdade, e se regozijaria se os coríntios fossem, de fato, fortes (8-9).

As correções que Paulo fez por carta tinham o propósito de evitar uma reprovação mais forte na visita a Corinto (10). Se for necessário ser duro, ele o faria com a autoridade que o Senhor lhe concedeu.

13:11-13
Como costumava fazer, Paulo encerrou a carta com algumas saudações para os irmãos. Ele enfatiza:

(1) A união e paz entre irmãos (11)

(2) O amor fraternal (12)

Paulo encerra com uma bênção que inclui as três pessoas divinas: Jesus, o Pai e o Espírito Santo (13).

  Obs.: Algumas Bíblias dividem o versículo 12 em dois (12 e 13), assim dando um total de 14 versículos no capítulo. Outras têm apenas 13 versículos. O conteúdo é o mesmo. Aqui seguimos uma tradução que tem 13 versículos no capítulo.


O LIVRO DE GÁLATAS
1:1 - 2:10 - Não Sigam Outro Evangelho
2:11 - 3:5 - A Justificação Vem pela Fé
3:6-29 Até Que Viesse o Cristo
4:1-31 Na Plenitude do Tempo
5:1-26 Permanecei Firmes em Cristo
6:1-18 Levai as Cargas Uns dos Outros

Estudo Textual: Gálatas 1:1 - 2:10
Não Sigam Outro Evangelho
Não sigam outro evangelho (1:1-9). Paulo começa a sua carta às igrejas da Galácia abordando a questão de autoridade. Sua própria autoridade como apóstolo veio diretamente de Jesus (1:1). A autoridade de Jesus era a autoridade de Deus, que foi pro-vada na ressurreição (1:1; veja Mateus 28:18 e Atos 17:30-31). O evangelho que Paulo pregou falou sobre a graça de Cristo, que se entregou pelos nossos pecados “para nos desarraigar deste mundo perverso” (1:4).

Contudo, alguns perturbavam os gálatas, pregando “outro evangelho” (1:6). De fato, não existe outro evangelho, mas estes estavam pervertendo “o evangelho de Cristo” (1:7). Perverter o evangelho quer dizer acrescentar (ou diminuir) sem a autori-dade de Cristo. Paulo disse que qualquer pessoa que “vos pregue evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” — mesmo se for um apóstolo ou um anjo do céu (1:8-9)! “Anátema” quer dizer “separado para ser destruído”. Qualquer pessoa que não ensina o evangelho que Cristo entregou não tem a autoridade de Cristo e será destruída (veja 2 João 9).

A fonte do evangelho (1:10-24). Paulo afirmou enfaticamente que o evangelho que ele ensinava não veio do homem. Primeiro, se viesse dos homens, seria mais agradável a eles. Mas, Paulo está sendo perseguido por seu evangelho, até pelos próprios gála-tas! (Veja 4:16 e 5:11). Está sendo perse-guido porque ele procura agradar a Cristo, não ao homem (1:10; veja Mateus 6:24).

Quando Paulo recebeu o evangelho de Cristo (1:11-12), ele não foi para Jerusalém para ser instruído pelos outros apóstolos. Antes, ele foi diretamente para Arábia e Damasco, pregando o evangelho que tinha recebido (1:15-17; veja Atos 9:1-22). Três anos passaram antes de Paulo encontrar os apóstolos em Jerusalém (1:18). Os irmãos na Judéia não o conheciam, mas apenas ouviram que ele estava pregando a mesma fé que anteriormente tentava destruir (1:22-23). O ponto dele é este: sem conhecer os outros, como ele poderia ter recebido o evangelho deles?

Paulo perante os falsos mestres (2:1-10). Quando Paulo voltou a Jerusalém 14 anos mais tarde, ele comunicou aos líderes da igreja o evangelho que ele havia pregado entre os gentios (2:1-2). Ele viajava com um gentio chamado Tito. Alguns “falsos irmãos” tentaram convencê-lo a ser circuncidado. Mas Paulo não se submeteu a eles por “nem uma hora” quando queriam avançar seu acréscimo (e perversão) do evangelho, “para que a verdade do evangelho permanecesse” (2:3-5).

Quando Tiago, Cefas e João viram que Deus estava trabalhando em Paulo como também trabalhava em Pedro, eles lhe ofereceram “a destra de comunhão”, aceitando-o porque Deus o havia aceitado (2:6-9). Eles reconheceram que a sua glória era de Cristo, e eles não pediram que ele mudasse algum ensinamento. Pediram apenas que ele lembrasse dos pobres, como já o fazia (2:10).

Perguntas para mais estudo:
Esta carta foi escrita a pessoas que já tinham recebido o evangelho verdadeiro no primeiro século d.C. (1:9). O que ela ensina sobre “novas revelações” depois do primeiro século (incluindo hoje), mesmo por profetas, apóstolos ou anjos? (1:8-9).

Qual é a fonte certa do evangelho? (1:11-12; veja Efésios 3:3-4).
O que Paulo fez quando alguns tentaram pregar um evangelho pervertido? (2:4-5). O que devemos fazer na mesma situação?

Estudo Textual: Gálatas 2:11 - 3:5
A Justificação Vem pela Fé
O erro de Pedro (2:11-21). Quando o apóstolo Pedro (Cefas, veja João 1:41-42) visitou Antioquia, Paulo viu que ele não praticava a mesma coisa que pregava (2:11-14). Até o fiel Barnabé (veja Atos 11:22-24) começou a praticar erro devido ao mau exemplo de Pedro (2:13). Se esses homens erraram, pessoas honestas podem errar em questões de fé hoje em dia.

Pedro errou porque temia “os da circuncisão”. O foco dele estava em homens e não em Deus. Deus revelou o evangelho e nos julgará por ele (João 12:47-49). Muitas pessoas praticam erro porque querem agradar seus cônjuges, pais, amigos ou pastores ao invés de focalizar Deus e sua palavra (1:10; veja Mateus 10:28).

Os judeus procuraram ser justificados por Deus devido às suas obras da lei (o Velho Testamento). Mas o evangelho de Cristo revela que homens não são justificados por obras da lei, e sim pela fé em Cristo Jesus (2:16). Enquanto Pedro tinha sido justificado pela fé em Cristo, ele voltou à prática da lei como se a sua justificação pela fé não fosse suficiente. Muitos hoje que alegam ter fé em Cristo caem no mesmo erro de Pedro: guardando o sábado, pagando o dízimo, procurando intercessão de sacerdotes e praticando outras obras baseadas na justiça da lei. Mas voltando à lei nega a graça de Cristo, e invalida a morte dele (2:21).

Obras da lei podem justificar uma pessoa somente se ela guardar perfeitamente toda a lei (veja Tiago 2:10). Cristo morreu porque todos são pecadores —tanto judeus como gentios. Todos têm desobedecido a lei de Deus (2:17; veja Romanos 3:23). Aquele que foi justificado pela fé em Cristo tem morrido para a lei, “a fim de viver para Deus” (2:19). Morrer relativamente à lei não quer dizer viver sem lei (veja 1 Coríntios 9:19-21). Antes, quer dizer fazer as obras de Deus (Efésios 2:10) como pessoa justificada, não como pessoa que procura se justificar pelas suas próprias obras. Viver pela fé exige uma vida de sacrifícios diários, para que possamos nos entregar àquele que nos justificou (2:19-20; veja Romanos 12:1-2).

Obras da lei ou pregação da fé? (3:1-5). Os gálatas haviam sido justificados pela fé em Cristo Jesus sem saber nada sobre a lei de Moisés. Seria tolice para eles voltarem a uma lei que não justifica, uma vez que já foram justificados em Cristo (3:1).

Os gálatas haviam recebido o Espírito Santo como a confirmação do evangelho (3:2; veja Marcos 16:15-20; 2 Coríntios 12:12; Hebreus 2:4). Se Deus lhes tinha confir-mado o evangelho pelo Espírito, como é que eles procuraram o aperfeiçoamento através de leis que pertencem à carne: circuncisão, restrições sobre alimentos, etc. (3:3-5)?

Muitos, hoje em dia, ainda procuram a perfeição por meios carnais, impondo regras baseadas no Velho Testamento. Mas, a justificação vem somente pela fé em Cristo e obediência ao evangelho dele (veja Colossenses 2:20-23; 2 João 9).



Perguntas para mais estudo:
A fé é meramente uma questão de "opinião" ou "interpretação", ou é questão de fato sobre a qual eu poderia errar? (2:11)
Dê exemplos de maneiras que algumas pessoas hoje estão voltando para a lei ao invés de viver pela fé em Cristo? Qual o resultado de voltar para a lei? (2:21)
O evangelho de Cristo trata do aperfeiçoamento físico ou o espiritual? (3:3)

Estudo Textual: Gálatas 3:6-29
Até Que Viesse o Cristo
Recipientes da promessa (3:6-18). No livro de Gênesis, Deus fez várias promessas a Abraão (Gênesis 12:1-3). Quando Deus confirmou essas promessas, Abraão "creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça" (3:6; Gênesis 15:6). Dessa forma percebemos que Abraão não foi justificado por guardar perfeitamente as obras da lei, e sim pela fé nas promessas de Deus (3:10-12). Mas, a promessa de bênção não foi limitada a Abraão: "Em ti, serão abençoados todos os povos" (3:8).

Deus fez a aliança para abençoar as nações com Abraão e seu descendente, o Cristo (3:16). Foi confirmada pela promessa, que Abraão aceitou (3:17,6). A lei, que entrou em vigor 430 anos depois, não anulou a promessa já dada gratuitamente a Abraão. Junto com Abraão, todos que vivem pela fé nas promessas de Deus herdam a bênção que foi prometida em Cristo muito tempo antes de existir a lei (3:9,14,18).

O propósito da lei (3:19-25). Embora a promessa de bênção já tinha sido dada, a lei foi necessária por dois motivos:

"por causa das transgressões" (3:19). A lei foi dada a Israel quando saiu do Egito, para que fosse uma nação santa, diferente das outras ao seu redor (Êxodo 19:1-6). A lei trouxe conhecimento do pecado e castigo pelo pecado para que o pecado pudesse ser evitado (veja Romanos 3:19-20; 5:13; 7:7).

"para nos conduzir a Cristo" (3:24). Uma vez que alguém transgrediu a lei, ele foi condenado porque a lei não trouxe perdão pelo pecado (3:10,21-22). Nos sacrifícios de animais, a lei serviu como sombra do perdão pelo pecado que seria realizado no perfeito sacrifício de Cristo (veja Hebreus 9:1 - 10:18). Assim, a lei foi dada para proteger contra o pecado "até que viesse o descendente a quem se fez a promessa", Cristo (3:16,19-23). A lei foi feita para guiar, não para salvar. Mesmo na época da lei, a salvação foi dada somente através do futuro sacrifício de Cristo (Hebreus 9:15).

A importância desses fatos é isto: se a lei foi dada até a vinda de Cristo, então, uma vez que ele veio, a lei não está mais em vigor (3:24-25).

Filhos e herdeiros mediante a fé (3:26-29). Uma vez que a lei não está mais em vigor, nós devemos nos tornar filhos de Deus da mesma maneira que Abraão o fez, pela fé na promessa do Cristo (3:7,26). Os filhos de Deus pela fé são aqueles que se revestiram de Cristo no batismo — uma resposta de fé (veja 1 Pedro 3:21) — e que, por isso, se uniram a ele como "herdeiros segundo a promessa" (3:27-29).

Perguntas para mais estudo:
Como Abraão foi justificado diante de Deus: por obras da lei ou pela fé? (3:6)
Por que foi dada a lei? (3:19-25). Alguma parte da lei de Moisés continua em vigor hoje? Justifique sua resposta.
O que eu devo fazer para me tornar um filho adotivo de Deus e herdar a bênção prometida? (3:7,26-29)

Estudo Textual: Gálatas 4:1-31
Na Plenitude do Tempo
Continuando a discussão da herança que vem pela fé e não pela lei (veja capítulo 3), Paulo utiliza duas ilustrações para esclarecer seu ponto:

1ª Ilustração: Herdeiro X Escravo (4:1-11). O herdeiro, um dia, será senhor da casa. Não obstante, enquanto é menor ele não tem nenhum direito mais do que os escravos (4:1). Até que alcance uma idade determinada pelo pai, ele continua sob a supervisão de tutores e curadores (4:2). Contanto, chegando à maior idade, ele rece-be todos os seus direitos como herdeiro.

Em termos espirituais, tanto judeus como gentios eram menores na casa de Deus, sem direitos à herança (4:3). Mas, Deus determinou que o tempo da maior idade para ambos chegaria em Cristo (4:4-5). Em Cristo, os dois se tornam filhos e herdeiros, com todos os devidos benefícios (4:6-7).

Como menores sem Cristo, tanto judeus como gentios estavam "sujeitos aos rudi-mentos do mundo" (4:3). Os gentios esta-vam sujeitos aos falsos deuses (4:8). Os judeus estavam sujeitos a uma lei física (4:10). Porém, em Cristo, ambos são "conhecidos por Deus", reconhecidos como os verdadeiros herdeiros. Voltando à idola-tria ou à lei de Moisés seria voltar à escravi-dão e perder a herança (4:9,11).

"Inimigo, por vos dizer a verdade?" (4:12-20). Paulo pediu que eles seguissem o seu exemplo (4:12). Ele deixou para trás tudo que ele era como judeu para adquirir as riquezas de Cristo (veja Filipenses 3:2-11). Do mesmo modo, esses judeus e gentios precisam deixar tudo para ganhar a herança em Cristo.

Paulo ficou admirado que aqueles que o aceitou quando ele pregou no início (4:13-15) agora o rejeitaram por causa da verdade (4:16). Infelizmente, muitos recebem a palavra de Deus com prontidão até que a verdade pise nas suas tradições. Devemos ser zelosos pelo bem (4:18), custe o que custar, e prontos para aceitar a verdade de Deus, mesmo se ela contradiz tudo que sempre acreditávamos.

2ª Ilustração: As duas alianças (4:21-31). Para entender melhor este trecho, veja Gênesis capítulos 16, 20 e 21. A segunda ilustração é uma forte imagem baseada na história de Isaque e Ismael. Ismael foi o filho de Abraão pela serva Agar, "segundo a carne", ou seja, através de meios perfeitamente naturais. Isaque, porém, foi o filho de Abraão e sua esposa, Sara, que já tinha passado a idade para ter filhos. O nascimento de Isaque não foi um acontecimento natural, e sim o cumpri-mento da promessa de Deus (4:21-23).

Paulo diz que isso é uma alegoria da nossa situação atual em Cristo. Agar representa todos que são filhos de Abraão segundo a carne —aqueles que nasceram em Israel. Estes são os escravos sob a lei (4:24-25). Mas Sára representa todos que são filhos de Abraão segundo a promessa —segundo a fé em Cristo (veja 3:26-27). Estes são os herdeiros, "filhos da promessa, como Isaque" (4:26-28). A Escritura diz que estes da promessa receberão a herança, e aqueles da carne serão lançados fora (4:30).

Perguntas para mais estudo:
Quem decide quando o herdeiro toma posse da herança? (4:2)
Quando é que uma pessoa se torna herdeira de Deus?
Como os cristãos são como Isaque e não como Ismael? Por que essa diferença importa?

Estudo Textual: Gálatas 5:1-26
Permanecei Firmes em Cristo
Paulo começou defendendo o evangelho e o seu próprio apostolado (capítulos 1 e 2). Então, ele ensinou que a justificação do pecado vem pela fé no evangelho, e não por guardar a lei de Moisés (capítulos 3 e 4). Agora, tendo apresentado o argumento que o cristão nasce à liberdade em Cristo e não à escravidão (4:21-31), ele encerra a carta com aplicações práticas da liberdade cristã (capítulos 5 e 6).

Liberdade em Cristo (5:1-12). Cristo libertou esses discípulos do rigor da lei mosaica, mas ainda corriam risco de voltar à escravidão (5:1). Paulo lhes avisou que, se eles se submetessem à lei (especificamente à circuncisão), não aproveitariam Cristo (5:2). Há dois motivos para isso. Primeiro, a pessoa é justificada pela lei somente se ela guardar “toda a lei” (5:3; veja Tiago 2:10). A circuncisão é o primeiro passo de uma lei que precisaria ser guardada inteiramente. Segundo, procurando a justificação pela lei nega a graça de Deus no sacrifício de Cristo (5:4-5). Cristo derramou seu sangue para a remissão dos pecados (veja Mateus 26:28 e Hebreus 9:11-15). As pessoas que respon-dem a esse sacrifício com fé ativa e amoro-sa são justificadas (5:5-6). Aqueles que procuram remissão dos pecados através de obras da lei decaem da graça (5:4).

Embora esses começaram na liberdade, estavam sendo impedidos de continuarem na verdade (5:7). Paulo os chamou na ver-dade, mas outros mudaram a mensagem (5:8). Mudando o evangelho sempre im-pede, ao invés de ajudar. Doutrinas falsas têm efeitos duradouros, e aqueles que as divulgam receberão punição justa (5:9-10; Tiago 3:1). Aqueles que ensinam que os cristãos precisam guardar alguma parte da lei de Moisés hoje “incitam à rebeldia” contra o evangelho de Deus (5:11-12).

Liberdade exige serviço (5:13-15). Embora há liberdade, em Cristo, da lei de Moisés, essa liberdade não quer dizer que estamos sem lei (veja 1 Coríntios 9:20-21; Tiago 1:22-25). A vida do cristão é uma de serviço ao Senhor e aos outros: a fé “atua pelo amor” (5:6,13). Esses irmãos foram divididos pelo ensinamento falso no meio deles e estavam atacando ao invés de servir um ao outro (5:15). No seu “zelo” pela lei, já estavam negligenciando a lei em que esperavam a salvação (5:14).

Andai no Espírito (5:16-26). O Espírito e a carne são inimigos naturais (5:17). Andando no Espírito excluirá, naturalmente, andando na carne (5:16). No contexto, andar no Espírito é a mesma coisa de ser “guiados pelo Espírito”. Não é alguma experiência mística no Espírito Santo, e sim, o andar claramente delineado em contraste com o andar da carne. Aqueles que continuam nas “obras da carne” (5:19-21) não são guiados pelo Espírito de Deus, e “não herdarão o reino de Deus” (5:21). Por outro lado, aqueles que cultivam “o fruto do Espírito” (5:22-23) não recebem nenhuma condenação pela lei; são justificados (5:23). O cristão cultiva fruto espiritual porque ele se crucifica com Cristo e vive como um ressurreto, no Espírito e não na carne (5:24-25; veja Romanos 6:1-14; Colossenses 2:11-12). Aquele que não crucificou a si mesmo ainda faz as obras da carne, tentando se exaltar por meios carnais (5:26).

Perguntas para mais estudo:
Deus quer que o homem guarde a lei de Moisés hoje? O que Paulo disse sobre aqueles que continuam ensinando a lei de Moisés? (5:1-12)
O cristão é livre de toda lei? (5:13)
 O que quer dizer “andar no Espírito”? (5:18-26)





Estudo Textual: Gálatas 6:1-18
Levai as Cargas Uns dos Outros
Ensinamento falso estava causando divisão entre os discípulos na Galácia. Estavam atacando um ao outro (5:15) e invejosamente se exaltando uns sobre os outros (5:26), ao invés de trabalhar juntos para superar batalhas espirituais. Mas, na guerra contra o pecado, precisamos da ajuda um do outro para encorajamento e força. Em Gálatas 6, Paulo continua com as aplicações práticas na vida cristã, exortando os irmãos a ajudarem um ao outro.

Levar as cargas dos irmãos (6:1-10). Se um irmão cair no pecado, outro que "anda no Espírito" (veja 5:16,22-26) tem a responsabilidade de corrigi-lo, evitando que aquele esteja sobrecarregado pelo erro (6:1; veja Tiago 5:19-20; Judas 22-23). Ajudando o outro a superar o pecado mostra o amor que cumpre tanto a lei de Moisés como a de Cristo (6:2; veja 5:14).

A pessoa de mente carnal, porém, não ajuda o irmão caído, pois vê a oportunidade para se julgar superior (6:3; veja Lucas 18:9-14). Paulo avisa que tal auto-julgamento comparativo é vão, porque cada um será julgado individualmente de acordo com seu próprio desempenho nos seus deveres (6:4-5; veja 2 Coríntios 5:10). Ironicamente, aquele que não ajuda o irmão caído a ficar em pé já se julga como irresponsável.

Em termos mais gerais, o cristão tem o dever perante Deus para fazer o bem para seus irmãos. O servo de Deus tem responsabilidade de compartilhar "todas as coisas boas" com aquele que se dedica ao ensinamento da palavra de Deus (6:6).

Com Deus, o que uma pessoa semeia é o que ela ceifará (6:7). A pessoa que desperdiça seus recursos satisfazendo desejos carnais receberá somente a herança da carne: a corrupção. Porém, aquele que usa seus recursos para o crescimento espiritual receberá a recompensa do espírito: a vida eterna (6:8-9).

O cristão tem a responsabilidade de usar todos os seus recursos (espirituais, financeiros e outros) de um modo que agrada a Deus. A responsabilidade individual de fazer "o bem a todos" (6:10) incluirá ajuda ao irmão caído (6:1), apoio a um pregador do evangelho (6:6) ou dar ajuda a qualquer um que precisa.

O Israel de Deus (6:11-18). Aqueles na Galácia que exigiam a circuncisão para a salvação não estavam realmente interes-sados em ajudar as pessoas ensinadas, nem em guardar eles mesmos a lei de Moisés. Eles queriam evitar a perseguição pelos judeus (6:12-13; veja 2:11-14; 5:3,14-15). Eles se gloriaram na carne dos seus "convertidos", e não na cruz de Cristo (6:13-14). Muitos hoje ainda gloriam na carne dos seus convertidos, usando um evangelho carnal para atrair grandes números de pessoas, ao invés de ensinar a verdade de Cristo e sofrer a perseguição da cruz (6:14; 2 Timóteo 3:12-13). A verdadeira conversão vem, não por meios carnais, e sim na circuncisão do coração, para se tornar uma nova criatura (6:15; veja Colossenses 2:11-15). O "Israel de Deus" são aqueles que andam segundo esta nova criação em Cristo. Estes não levam as marcas da circuncisão na sua carne, e sim as marcas de Jesus numa vida transformada (6:16-17; veja 5:22-25; Romanos 2:28-29).

Perguntas para mais estudo:
Qual a nossa responsabilidade para com um irmão que peca? (6:1-5)
Qual a nossa responsabilidade com as bênçãos que Deus nos dá? (6:6-10)
O que faz alguém um membro do "Israel de Deus"? (6:11-18).


UM ESTUDO DO LIVRO DE EFÉSIOS

Efésios 1
Efésios 2
Efésios 3:1-13
Efésios 3:14-21
Efésios 4:1-16
Efésios 4:17-32
Efésios 5:1-21
Efésios 5:22 - 6:9
Efésios 6:10-24

Introdução ao Livro de Efésios
Na sua segunda viagem missionária, Paulo passou por Éfeso (Atos 18:18-21). Ficou pouco tempo, mas deixou Áqüila e Priscila, seus companheiros desde o tempo que ele havia ficado em Corinto (Atos 18:1-3). Paulo saiu de Éfeso com a intençao de voltar. Terminou a segunda viagem em Antioquia, donde partiu na terceira (Atos 18:22-23).

Antes de Paulo chegar de volta a Éfeso, um outro pregador passou pela cidade. Apolo foi um pregador capaz e eloqüente, mas chegou em Éfeso com entendimento incompleto da obra do Senhor. Ele entendeu o plano de Deus até o batismo de João, mas evidentemente não conheceu o comprimento do plano de Deus. João e seu batismo olhavam para frente, ainda esperando a morte e a ressurreição de Cristo. Áqüila e Priscila ensinaram este evangelista zeloso e ele continuou pregando ousadamente em outros lugares, principalmente na Acaia (província que incluia a cidade de Corinto). O relato desta história se encontra em Atos 18:24-28.

Quando Paulo chegou a Éfeso, ele encontrou um grupo de discípulos que nada sabiam da vinda do Espírito Santo (Atos 19:1-2). Pelo contexto, deduzimos que estes discípulos ouviram e aceitaram a mensagem pregada por Apolo antes de aprender melhor de Áqüila e Priscila. Paulo esclareceu o assunto, mostrando que Jesus já morreu, ressuscitou, voltou aos céus e enviou o Espírito Santo. Entendendo melhor, estes doze homens "foram batizados em o nome do Senhor Jesus" (Atos 19:3-5). Depois do batismo, Paulo impôs as mãos e eles receberam dons de línguas e profecia do Espírito Santo (Atos 19:6-7).

Paulo continuou em Éfeso por três anos (Atos 20:31), ensinando na sinagoga e na escola de Tirano, realizando milagres extraordinários, e conduzindo muitas pessoas a Cristo. O trabalho de Paulo e outros discípulos em Éfeso provocou um grande tumulto por parte dos seguidores da "deusa" Diana (Atos 19). Paulo prosseguiu para a Macedônia e a Grécia. Na volta, passou perto de Éfeso. De Mileto, ele chamou os presbíteros da igreja de Éfeso e conversou com eles, avisando sobre o perigo de lobos vorazes entrarem no meio deles (Atos 20).

Paulo continuou a sua viagem até Jerusalém, onde foi preso (Atos 21-23). Foi transferido para Cesaréia onde foi detido por dois anos ou mais (Atos 23-26) e, depois, foi levado a Roma (Atos 27-28). Lucas encerra a história do livro de Atos com Paulo ainda em Roma dois anos depois da chegada àquela cidade. Durante estes anos de prisão, ele escreveu o livro de Efésios (veja 3:1; 4:1; 6:20).

O LIVRO DE EFÉSIOS
Há grandes similaridades entre Efésios e Colossenses. Um estudo paralelo dos dois livros mostra muitos pontos iguais e estruturas paralelas. Mas, os livros não são iguais. Colossenses frisa a primazia de Cristo. Efésios, também, fala de sua primazia, mas destaca mais o papel da igreja no plano eterno de Deus.

Existe um debate sobre os destinatários da carta. Alguns manuscritos omitem as palavras "em Éfeso" em 1:1. Nós não entraremos nesta discussão aqui, porque não muda o sentido do livro para nós. Se Paulo enviou esta carta exclusivamente aos efésios ou a vários irmãos em diversos lugares, a mensagem para os dias de hoje é a mesma.

Entre os assuntos tratados neste livro:
As bênçãos espirituais em Cristo
A primazia de Jesus Cristo
A salvação pela graça mediante a fé
A paz em Cristo
O plano eterno de Deus para a igreja
Os dons concedidos à igreja para promover a edificação dela
A importância da santificação
A conduta cristã em várias relações: marido/mulher, pais/filhos, servos/senhores
A armadura de Deus para enfrentar os inimigos espirituais

Efésios 1
1:1-2
Paulo se descreve como apóstolo (enviado) de Jesus pela vontade de Deus.

  Obs.: Nesta carta, Paulo pretende mostrar como Deus preparou a salvação desde a eternidade. O plano perfeito dele, o mistério revelado, envolve as próprias pessoas divinas e, também, depende dos homens escolhidos para divulgar a mensagem (veja 3:1-7).

Ele descreve os seus destinatários como santos (separados ou santificados) e fiéis (leais ao Senhor).

  Obs.: A palavra "santo" é usada na Bíblia para identificar cristãos vivos. A pessoa se torna "santa" quando é separada do mundo na salvação (1 Coríntios 6:11).

Graça e paz são as saudações costumárias nas cartas de Paulo.

1:3-14
Deus tem nos abençoado em Cristo. Este trecho apresenta diversos fatos importantes sobre o plano eterno de Deus para nossa salvação. Entre eles:

(1) Recebemos bênçãos espirituais (3).

(2) Entramos em regiões celestiais (3). Mesmo enquanto estamos na Terra, Deus habita em nós e nós nele (João 14:17,23; 1 Coríntios 6:19; Gálatas 3:27).

(3) As bênçãos estão em Cristo (3). Não há outro caminho que leve à salvação (Atos 4:12).

(4) O plano para nossa salvação é eterno (4). Ele nos escolheu (4) e nos predestinou segundo o bom propósito de sua vontade (5,11). O texto aqui não sugere nada de predestinação arbitrária segundo o capricho de Deus. A idéia é que tudo que Deus tem feito desde a eternidade tinha o propósito de nos salvar.

(5) Ele quer pessoas santas e irrepreensíveis (4).

(6) Recebemos a adoção de filhos (5). Que privilégio de entrar na família de Deus como filhos dele! Os cristãos são primogênitos de Deus (Hebreus 12:23) e irmãos de Jesus (Hebreus 2:11-13).

(7) Deus nos concedeu sua gloriosa graça no seu amado Filho (6). A história da salvação é uma história de graça e amor.

(8) Temos a redenção/remissão dos pecados pelo sangue de Cristo (7). "...sem derramamento de sangue, não há remissão" (Hebreus 9:22).

(9) Deus derramou sobre nós abundantemente sua rica graça pela revelação de sua vontade (7-9). Pela revelação do mistério eterno, Deus nos oferece a salvação que ele preparou desde a eternidade.

(10) Todos os aspectos do plano dele se convergiram em Cristo no tempo determinado por Deus (10).

(11) Em Cristo, fomos feitos herança (11). Não somente recebemos a herança como primogênitos, mas também nos tornamos a herança de Deus para a glória dele (12). Ele nos recebe!

(12) A mesma salvação que Deus ofereceu aos judeus foi também concedida aos gentios (13). Eles foram selados com o mesmo Espírito da promessa. Judeus e gentios recebem a salvação da mesma fonte e pertencem ao mesmo Espírito.

(13) O Espírito é o penhor (garantia, sinal, entrada) da nossa herança (14). As afirmações do Espírito sobre a nossa salvação nos consolam enquanto aguardamos a vinda de Cristo e a glória eterna. (Veja 2 Coríntios 1:22; 5:5; Romanos 8:16-17).

1:15-23
Neste parágrafo, Paulo relata o teor das suas orações em favor dos irmãos.

(1) Ele sempre agradecia por eles por causa da fé e amor que demonstravam (15-16).

(2) Ele pedia que eles recebessem sabedoria, conhecimento e iluminação para apreciar a grandeza das bênçãos espirituais concedidas por Deus (17-19).

(3) Ele confiava no poder daquele que ressuscitou e exaltou Jesus Cristo (20-21).

  Obs.: O poder da oração. Muitas pessoas confiam na oração, mas não entendem o poder dela. O poder não está na oração em si, nem na pessoa que a faz. O poder permanece naquele que ouve e responde às orações (Efésios 3:20).

Jesus é o cabeça sobre todas as coisas (22-23). A igreja é o corpo dele, e ele o cabeça dela (veja Colossenses 1:18)

Jesus tem a primazia sobre todos os poderes de todas as épocas (21-22).

Aqui percebemos a perfeição, a plenitude, do plano de Deus. Cristo é o cabeça e a igreja é o corpo, mostrando para o mundo a beleza do plano eterno de Deus para a salvação do homem (23).

Efésios 2
2:1-3
Vos, vós, vossos (1). Paulo já começou a falar sobre os gentios no capítulo 1 ("...em quem também vós..." - 1:13), e agora fala especificamente do pecado e da salvação deles pela graça de Deus.

**Obs.: "Ele vos deu vida" (1, ARA2): estas palavras não se encontram no texto original do versículo 1. São do versículo 5 e foram colocadas aqui pelos tradutores. Paulo não começou o seu argumento com a salvação, e sim com o problema do pecado: "Estando vós mortos...". Precisamos reconhecer o problema do pecado para apreciar a importância e o valor da salvação.

Estávamos mortos no pecado (1). É possível estar fisicamente vivo e espiritualmente morto (o caso do pecador). Também, é possível estar fisicamente morto e espiritualmente vivo (veja Mateus 22:32; Apocalipse 6:9-11).

O mundo jaz no pecado, segundo o espírito da desobediência. Nós cristãos, antes de nos convertermos ao Senhor, andávamos no pecado (2-3).

  Obs.: A vontade da carne e dos pensamentos (3) mostra que os maus desejos dos homens vêm tanto da carne (lascívia, etc. - veja Gálatas 5:19-21) como dos pensamentos (incluindo orgulho, filosofia, etc. - veja 2 Coríntios 10:4-5; Colossenses 2:4,8).

2:4-10
"Mas Deus" (4). A resposta ao problema do pecado é único: Deus! A riqueza da sua misericórdia e do seu amor ultrapassa a pobreza e a podridão do nosso pecado.

Ele nos deu vida (5-6). A salvação não vem de nós, porque estávamos mortos! Não nos ressuscitamos; ele nos ressuscitou!

Ele nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo (6; veja 1:3).

  Obs.: Note o paralelo entre Jesus e nós. Jesus morreu, ressuscitou, e subiu aos lugares celestiais onde permanece com o Pai. Nós morremos, fomos ressuscitados pelo Senhor, e ele nos transportou aos lugares celestiais onde permanecemos com Deus.

A intenção de Deus é mostrar a sua graça às futuras gerações (7).

A salvação é pela graça, não por obras de mérito (8-10). Estes versículos contêm, na minha opinião, o mais completo resumo do plano da salvação encontrado na Bíblia. Devemos entender bem a grande afirmação de Paulo aqui.

(1) A graça inclui tudo que Deus faz para nossa salvação: a vida e a morte de Cristo, a sua ressurreição, a revelação do evangelho, o amor de Deus, o sangue de Jesus, a pregação da palavra, etc. A graça é tudo que Deus tem feito desde a eternidade para efetuar a nossa salvação. Não temos direito de negar nenhuma parte da obra de Deus.

(2) A fé inclui tudo que o homem faz para a salvação: ouvir e aceitar a palavra de Cristo, arrepender-se dos pecados, confessar a fé, ser batizado para remissão dos pecados, perseverar firme no Senhor. Não temos direito de negar nenhuma coisa que Deus nos pede, pois mostramos a fé pela obediência a ele.

(3) Não de obras. Ele exclui aqui qualquer tipo de obra de mérito. Ninguém jamais será capaz de se salvar. Dependemos da graça de Deus.

(4) Criado para obras. Embora não nos salvemos por obras de mérito (9), devemos praticar as boas obras designadas por Deus (10). A fé do discípulo de Cristo é uma fé operante (Tiago 2:14-26).

**Obs.: Andar no que? Este trecho apresenta a opção que cada pessoa encara: andar segundo as inclinações da carne no pecado (1-3) ou andar segundo a vontade de Deus nas boas obras que ele preparou (10).

2:11-22
Este trecho apresenta dois aspectos importantes do ministério da reconciliação de Jesus:

(1) Reconciliação entre judeus e gentios.

(2) Reconciliação entre homens e Deus.

O estado anterior dos gentios (11-12). Os gentios andavam sem Cristo, sem comunhão com o povo de Israel, sem as alianças da promessa, sem esperança e sem Deus.

O estado dos gentios em Jesus (13). Foram aproximados pelo sangue de Cristo.

A reconciliação em Jesus (14-16). Jesus é a nossa paz (o "Príncipe da Paz" - veja Isaías 9:6). Ele derrubou a parede de separação (inimizade) entre judeus e gentios, abolindo a lei que separava os povos. Assim, todos têm acesso ao Pai por meio de Jesus.

  Obs.: A linguagem de Paulo aqui é forte e inegável. Uma vez que Jesus cumpriu a lei (Mateus 5:17-18), ele a aboliu e deu uma nova aliança que inclui judeus e gentios (veja Gálatas 3:14-26; Hebreus 8:7-13; 10:1,9-10; Colossenses 2:13-14; Romanos 7:6).

**Obs. Paulo fez distinção para mostrar que não há distinção! O uso de "nós" e "vós" faz uma distinção entre judeus e gentios. Mas o propósito dele é de mostrar que não há distinção em Cristo. Tanto judeu como gentio recebem a salvação pelo sangue de Jesus.

  Obs.: Na cruz, Jesus destruiu a inimizade. Que ironia que o instrumento de inimizade empregado pelo inimigo fosse usado por Jesus para trazer paz e reconciliação.

2:17-22
A obra de Jesus seria incompleta se a mensagem não fosse divulgada. A mensagem da paz foi comunicada a outros, dando acesso ao Pai no Espírito (17-18).

Os que eram estrangeiros e peregrinos (veja o versículo 12) agora são concidadãos e membros da família de Deus (19).

A família de Deus (a igreja) é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. Jesus é a pedra angular (20, veja 1 Pedro 2:4-10).

Cada parte do edifício precisa crescer para glorificar o Senhor, quem habita em nós (21-22).

Efésios 3:1-13
3:1-7
Paulo destaca a sua posição como prisioneiro de Cristo (1). Note:

(1) Ele se considerou prisioneiro de Cristo. Ele entendeu muito bem que o sofrimento de prisão veio por causa do compromisso que ele assumiu com Deus (veja Atos 9:15-16; 21:10-14; 23:11)

(2) Ele se tornou prisioneiro por amor dos gentios. A prisão literal de Paulo teve como motivo a acusação falsa de que ele tivesse levado Trófimo, um efésio, ao templo (Atos 21:28-29). Mas, o maior laço de obrigação na vida de Paulo foi o seu próprio compromisso com Cristo, que incluía a sua missão de levar a palavra aos gentios. Nisso, ele se sentiu devedor, por ter recebido gratuitamente a própria salvação (veja Romanos 1:14-16).

Deus dispensou a graça, confiando em Paulo para levar a mensagem salvadora aos gentios (2).

Paulo compreendeu o mistério do evangelho porque Deus lhe deu discernimento dos fatos anteriormente ocultos dos homens (3-5).

Esta revelação não foi dada exclusivamente a Paulo. O Espírito a revelou aos apóstolos e profetas que, por sua vez, repassaram seu conhecimento aos outros (5-6).

  Obs.: Apóstolos e Profetas. O livro de Efésios esclarece o papel dos apóstolos e profetas no início da era cristã. Os apóstolos foram escolhidos por Cristo, receberam a palavra por meio do Espírito Santo e foram encarregados de levar o evangelho ao mundo. Os profetas foram pessoas que recebiam revelações da palavra pelo Espírito Santo, muitas vezes servindo para edificar irmãos em vários lugares. Eram cargos temporários mas essenciais nos primeiros anos da igreja quando ainda não tinham a palavra completa em forma escrita. Na carta aos efésios, Paulo fala dos apóstolos e profetas três vezes (e usa a palavra apóstolo mais uma vez na saudação - 1:1). Em 2:19-20, ele diz que a família de Deus é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Jesus a pedra angular. Em 3:5-6, ele diz que o mistério do evangelho foi revelado aos apóstolos e profetas para que os gentios pudessem participar da promessa em Jesus. Em 4:11-12, diz que Jesus concedeu apóstolos, profetas, evangelistas e pastores/mestres à igreja para sua edificação e aperfeiçoamento. Em todos estes casos, podemos ver os mesmos fatos básicos. Jesus passou a sua palavra aos apóstolos e profetas para dar a base necessária para a igreja. Sabemos que os apóstolos (testemunhas oculares de Jesus ressuscitado - Atos 1:22; 1 Coríntios 15:8) morreram há muito tempo e que o dom de profecia ia desaparecer quando a mensagem completa fosse revelada (1 Coríntios 13:8-13; veja também Marcos 16:20; Hebreus 2:3-4). Mas ainda temos todo o benefício do trabalho deles, a palavra escrita para estabelecer a fé (João 20:30-31) e nos conduzira "à vida e à piedade" (2 Pedro 1:3). A revelação de Cristo "uma vez por todas foi entregue aos santos" (Judas 3). Ninguém hoje tem direito de revelar outra mensagem (Gálatas 1:8-9), nem de ultrapassar aquela já revelada no primeiro século (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).

Paulo foi feito ministro conforme a graça concedida pelo poder de Deus (7).

  Obs.: Não há nada aqui de glória para Paulo! Ele se descreve como ministro (grego, diakonos - servo). Esta não é palavra de exaltação ou de autoridade, mas de serviço. Ele fala da graça concedida. Já disse que foi-lhe dado o privilégio de servir como prisioneiro. Em outras passagens, Paulo fala de graça concedida em termos de sacrifício, sofrimento e perseguições (veja 2 Coríntios 8:1-7; Filipenses 1:29). Ele participou abundantemente de tal graça!

3:8-13
Paulo se sentiu privilegiado por poder pregar o evangelho aos gentios (8-9).

  Obs.: As insondáveis riquezas de Cristo (8). A palavra grega traduzida "insondáveis" aqui aparece apenas uma outra vez no Novo Testamento. Em Romanos 11:33, Paulo fala sobre os "insondáveis" juízos de Deus. Em Efésios, ele falou sobre "toda sorte de bênção espiritual" em Cristo (1:3) e a "suprema riqueza da sua graça" (2:7; 1:7). Comentou sobre "a riqueza da glória da sua herança nos santos" (1:18). Ainda falará sobre "o amor de Cristo, que excede todo entendimento" (3:19). As riquezas de Cristo realmente ultrapassam a compreensão do homem. Paulo foi abençoado em poder falar dessas riquezas. Nós também!

A sabedoria de Deus se torna evidente pela igreja (10). Note:

(1) Quem conhece a sabedoria de Deus: principados e potestades (seres/autoridades espirituais).

(2) Como é conhecida esta sabedoria: por meio da igreja. Observando como Deus uniu velhos inimigos no mesmo corpo demonstra para todos a sua sabedoria (veja João 17:20-23).

(3) O que é conhecida: a sabedoria de Deus. A igreja do Senhor não mostra a sabedoria humana, e sim a divina.

De novo, Paulo afirma que tudo que Deus tem feito segue um plano eterno realizado em Jesus Cristo (11).

Em Cristo, temos ousadia para aproximar do Pai (12).

  Obs.: Acesso ao Pai. A palavra "acesso" aparece apenas três vezes no Novo Testamento, duas delas em Efésios (2:18 e 3:12) e a outra em Romanos 5:2. Em todos os casos, o acesso é por meio de Jesus Cristo. Ele é o único caminho que nos leva ao Pai e a sua graça.

Com esta confiança em Cristo, Paulo incentivou os efésios a não desistir (13). As tribulações dele poderiam ser motivo de desânimo e falta de coragem. Poderiam ser consumidos pela tristeza em ver o amado apóstolo sofrendo (veja Atos 20:36-38). Poderiam desmaiar com medo de tribulações iguais às dele (Hebreus 10:32-39). Tribulações, porém, não devem ser motivo para abandonar a fé. Ao contrário, devem fortalecer a nossa fé (Tiago 1:2-4).

Efésios 3:14-21
3:14-19
"Por esta causa" (14): Pensando ainda na sua preocupação com o bem-estar dos efésios (13), Paulo ora ao Pai.

  Obs.: Aqui, Paulo diz que orou ajoelhado. Várias vezes no Novo Testamento, encontramos pessoas orando de joelhos: Jesus (Lucas 22:41); pessoas pedindo curas (Mateus 17:14-15; Marcos 1:40); Estêvão (Atos 7:60); Pedro (Atos 9:40); Paulo e outros irmãos (Atos 20:36; 21:5). Por-se de joelhos sugere a humildade que todos nós devemos mostrar diante do Senhor, ou até a humilhação de estar na presença dele para sermos julgados (Romanos 14:11; Filipenses 2:10). Mas, nem sempre mostra a atitude certa. Em Mateus 27:29 os escarnecedores se ajoelharam diante de Jesus. Embora ninguém tenha motivo para criticar a prática de orar ajoelhados, não devemos fazer regras dizendo que seja a única postura aceitável. É muito comum achar pessoas na Bíblia prostradas com rosto na terra adorando o Senhor. O ponto principal é a atitude do coração, e não apenas a posição do corpo. É interessante observar que, em Lucas 18:9-14, dois homens oraram. Os dois estavam em pé. Deus aceitou uma oração e rejeitou a outra. A diferença? Os corações!

Todos que fazem parte da família espiritual têm o privilégio de tomar o nome do Pai; somos filhos dele (15).

A família de Deus é fortalecida com poder, mediante o Espírito que revelou a palavra que nos traz conhecimento e entendimento (16-18). Note:

(1) O evangelho é o poder de Deus para nos salvar (Romanos 1:16).

(2) O Espírito revelou a palavra por meio dos apóstolos e profetas (3:5).

(3) A palavra precisa ser implantada firmemente no coração (Tiago 1:21).

(4) Quando recebemos e seguimos a palavra por fé, Jesus habita em nós (João 14:23).

(5) Assim somos alicerçados em amor (João 14:15,23).

O amor de Cristo excede todo entendimento (18-19). Normalmente medimos objetos em três dimensões (altura, largura e comprimento). Tudo que existe no universo físico pode ser medido assim. Mas o amor de Cristo é descrito aqui em quatro dimensões (largura, comprimento, altura e profundidade), algo que realmente excede todo entendimento. A plenitude de Deus é incompreensível para a mente humana!

3:20-21
Deus na plenitude de seu amor, excede o nosso entendimento. Não deve nos surpreender que ele faça obras muito além da nossa imaginação (20).

  Obs.: Ele opera em nós, fazendo infinitamente mais do que pensamos. Quando insistimos em fazer as coisas do nosso próprio jeito, ao invés de confiar na palavra de Deus, acabamos até lutando com Deus e resistindo a sua infinita sabedoria. Devemos cooperar com ele e deixá-lo completar a boa obra que começou em nós (Filipenses 1:5-6).

Deus merece toda a glória (21):
(1) Na igreja (3:10).
(2) Em Cristo Jesus (João 17:4).
(3) Para sempre!

  Obs.: A glória pertence a Deus, e não aos homens. Salmo 115:1 diz: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade." Existem muitas tendências hoje, até em igrejas, de exaltar homens. Algumas igrejas fazem homenagens aos homens, destacam os feitos de determinadas pessoas, usam títulos de honra para exaltar alguns acima de outros, convidam políticos para receber apoio e honra da igreja, etc. Se toda a glória pertence a Deus, nenhuma sobra para os homens! Devemos servir, jamais procurando reconhecimento e glória entre os homens.

Efésios 4:1-16
4:1-6
Neste parágrafo, Paulo chega a um dos temas principais do livro. A igreja é o corpo de Cristo (1:22-23). Jesus é a paz que venceu a inimizade e a separação (2:14). A sabedoria de Deus é manifesta na igreja (3:10-11). Participamos do amor de Deus (3:17-19). Considerando todos esses fatos, devemos estar unidos.

Devemos andar de modo digno da nossa vocação (1). Fomos chamados para ser santos (1:1). Portanto, devemos nos manter santificados, separados da imundícia do mundo.

**Obs.: Unidos e separados. É importantíssimo observar o equilíbrio no Novo Testamento entre a santidade e a unidade. Grandes textos que falam sobre a unidade dos servos de Deus também destacam a separação do pecado. Um dos exemplos mais nítidos é João 17:14-23. Os discípulos não são do mundo e precisam manter a sua santificação. Mas, por outro lado, Jesus ora ao Pai pela união dos discípulos com Deus e uns com os outros. Qualquer ensinamento sobre a unidade cristã precisa começar com a santificação. Sem a santificação, não podemos ter união com Deus (Hebreus 12:14; 2 Coríntios 6:14 - 7:1), e qualquer comunhão com outros homens se torna vã.

Atitudes essenciais para a unidade entre cristãos (2-3). Considere bem as atitudes e os comportamentos que Paulo pede para ter a unidade:

(1) Toda a humildade: modéstia em pensamento e comportamento. "Toda" nos lembra que esta característica deve governar tudo que fazemos e pensamos.

(2) Mansidão: Bondade e submissão. Esta atitude não disputa com Deus, porque aceita a autoridade dele. Em relação ao homem, é tolerante e pronto para perdoar.

(3) Longanimidade: Paciência, tolerância, perseverança, não facilmente provocado.

(4) Suportando uns aos outros em amor: Amor constante, apesar das falhas dos outros. Procura ajudar ao invés de destruir.

(5) Esforço diligente: Trabalho árduo; dedicação. A unidade não vem por acaso, e não é mantida sem esforço.

A natureza espiritual da unidade (3-6). Jesus é a paz (2:14), e a paz entre seus discípulos é claramente espiritual. Elementos que nos unem:

(1) Unidade do Espírito: O Espírito Santo revelou a mensagem para Paulo e outros, a mesma palavra que eles repassaram para nós (3:2-9). A unidade que Deus quer não é carnal, mas espiritual.

(2) Vínculo da paz: É a paz que liga os seguidores de Jesus.

(3) Um corpo: Jesus é o cabeça da igreja dele (veja Mateus 16:18). Ele não governa as igrejas humanas que desrespeitam a palavra dele.

(4) Um Espírito: O mesmo Espírito é a fonte de tudo que nos une (veja 1 Coríntios 12:13-20).

(5) Uma esperança: A convicção do galardão que vem por meio do evangelho de Cristo (veja Colossenses 1:23,27; 1 Tessalonicenses 1:3).

(6) Um Senhor: Servimos exclusivamente aquele que tem toda autoridade (Mateus 28:18; Atos 2:36). Não podemos servir dois (Mateus 6:24).

(7) Uma fé: Não é minha fé ou sua fé (subjetiva), mas "a fé" (objetiva). A fé não vem de mim; ela foi entregue aos santos (Judas 3). O evangelho é a fé que nos une. Doutrinas, tradições e opiniões de homens são as coisas que nos dividem.

(8) Um batismo: o batismo nas águas para remissão dos pecados nos dá entrada em Cristo (veja 5:26; Gálatas 3:26-27; Atos 2:38; 22:16).

(9) Um Deus e Pai de todos: O monoteísmo é a posição apresentada e defendida nas Escrituras desde a criação. A Bíblia fala sobre Deus usando pronomes plurais (Gênesis 1:26) porque há três pessoas distintas mas perfeitamente unidas (veja Marcos 1:9-11; João 17:21; 2 Coríntios 13:13).

  Obs.: Unidade artificial ou carnal. Em contraste com a unidade do Espírito citado por Paulo, existem muitas maneiras de criar e manter unidade artificial ou carnal entre pessoas. A unidade que Deus quer exige, em primeiro lugar, a comunhão com Deus. Se eu estou em comunhão com ele, e você está em comunhão com ele, nada impede nossa comunhão um com o outro. Esta unidade não é forçada, nem um mero vínculo externo; é unidade do Espírito, baseada na verdade que Deus revelou. Na medida que cada pessoa se submete à vontade de Deus, as mesmas pessoas terão concordância entre si. Infelizmente, muitas pessoas querem unidade sem o esforço diligente que Deus requer. As maneiras mais comuns de criar tal unidade são: (1) Obrigar conformidade por meio de regras, doutrinas oficiais, decretos de líderes, concílios, congressos, ou conferências. Esta abordagem cria unidade superficial dentro de uma seita ou denominação, e pode ajudar em manter uma aparência de comunhão, mas não é a unidade do Espírito. (2) Ignorar diferenças, diminuindo a importância de determinadas doutrinas ou convicções que homens julgam ser de pouca importância. Esta abordagem ecumênica se reflete quando pessoas chamam outros de irmão sem saber nada sobre a vida da pessoa, nem se ela foi realmente convertida a Cristo. (3) Valorizar a unidade acima de tudo. A unidade é importante, e devemos nos esforçar diligentemente para preservá-la. Mas, jamais devemos sacrificar a verdade para manter a unidade. "A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois pacífica..." (Tiago 3:17). Não temos direito de colocar a paz acima da pureza da palavra.

4:7-16
Deus não pede a unidade sem nos oferecer os recursos necessários para tê-la. Este parágrafo mostra como Deus nos equipou para construir e manter uma igreja unida.

Jesus subiu aos céus e concedeu a graça (7-10):

(1) Antes de subir para assumir a sua posição à destra do Pai, Jesus desceu à terra, até as regiões inferiores da terra (veja João 3:13; Filipenses 2:5-8).

(2) Depois de mostrar a sua submissão, cumprindo a missão que o Pai lhe deu, Jesus foi exaltado.

Ele concedeu servos para edificar o corpo de Cristo (11-12):

(1) Apóstolos: enviados ao mundo com o evangelho.

(2) Profetas: pessoas que recebiam e comunicavam a palavra de Deus.

(3) Evangelistas: homens que divulgam as boas novas.

(4) Pastores e mestres: também conhecidos como presbíteros (anciãos) e bispos (veja Atos 20:17,28).

**Obs.: Por que esta ordem? Algumas pessoas procuram usar o versículo 11 para estabelecer uma hierarquia de autoridade, dizendo que evangelistas têm autoridade sobre pastores. Mas, no contexto da mensagem de Efésios podemos perceber outro motivo na seqüência que Paulo usou aqui. Apóstolos começaram a revelação da mensagem e impuseram as mãos e transmitiram o dom de profecia a alguns que continuaram revelando as boas novas. Evangelistas acompanharam os apóstolos ou ficaram em algumas cidades para continuar o trabalho, fortalecendo as igrejas. Algum tempo depois do estabelecimento de novas igrejas, pastores foram escolhidos nas congregações locais (Atos 14:23; Tito 1:5) para guiar a igreja.

Estes dons (pessoas) concedidos por Jesus têm o propósito de:

(1) Aperfeiçoar os santos para o serviço deles (12).

(2) Edificar o corpo de Cristo (12).

(3) Contribuir à unidade de todos (13).

(4) Conduzir outros ao conhecimento de Jesus (13).

(5) Ajudar a igreja a amadurecer-se (13-16). Cristãos fortes não serão levados por falsas doutrinas, nem pela astúcia dos homens.

  Obs.: Evitando a destruição de falsas doutrinas. Devemos nos preocupar com a possibilidade de infiltração de falsas doutrinas na igreja do Senhor. Mas a defesa contra tal ameaça não deve ser por táticas carnais de imposição de regras e doutrinas oficializadas. A nossa única defesa é o ensino da palavra pura (13-14; veja 1 Coríntios 1:10).

**Obs.: Todos os membros contribuem à edificação do corpo (15-16). Cristo é a cabeça. A verdade é o alimento. O amor é o motivo. O crescimento é o resultado.

Efésios 4:17-32
4:17-24
A edificação do corpo de Cristo envolve todos os membros (4:16). Para ter o crescimento desejado, cada pessoa que faz parte do corpo precisa se preocupar com seu próprio progresso espiritual. Neste parágrafo, Paulo fala sobre este crescimento pessoal.

O cristão não deve andar mais na vaidade que domina os pensamentos das pessoas do mundo (17).

**Obs.: Vaidade é algo que não tem valor, que é vazio. Os pensamentos que ocupam a mente carnal não têm valor e não levam para nada.

As pessoas sem Deus vivem na ignorância, fechando os corações às coisas espirituais que vêm do Senhor (18).

Com corações endurecidos, elas se tornam insensíveis e se entregam ao pecado (19).

Paulo deixa bem claro que a vida cristã é outra: "Mas não foi assim que aprendestes a Cristo" (20).

O conhecimento da verdade em Jesus exige uma transformação, deixando o velho homem e se revestindo do novo homem segundo a verdade (21-24).

  Obs.: A fé em Cristo não é mera aceitação intelectual de alguns fatos. Quando compreendemos a mensagem do evangelho, este conhecimento exige mudanças - mudanças radicais - em nossas vidas.

4:25-32
Baseando-se nos princípios já apresentados, Paulo sugere aqui diversas aplicações na prática. O cristão deve:

(1) Deixar a mentira e falar a verdade (25). Não há nada aqui de mentirinha. O servo de Deus segue a verdade e fala a verdade.

**Obs.: A palavra "mentira" aqui vem de uma palavra (pseudos) que quer dizer falsidade. O cristão deve rejeitar todas as formas de falsidade - falsas doutrinas e práticas religiosas, falsidade nos negócios e na vida particular. Deve falar a verdade e cumprir a sua palavra.

(2) Evitar pecados de ira (26-27). A ira descontrolada leva ao pecado. Devemos procurar soluções aos problemas e arrancar a ira pelas raízes no mesmo dia, não deixando brecha para o Diabo.

(3) Ganhar a vida por meios honestos (28). A pessoa que se converte a Cristo tem de abandonar qualquer prática desonesta e trabalhar honestamente. O trabalho não é somente para o sustento próprio, mas também para poder ajudar outras pessoas.

  Obs.: Você reconhece que Deus criou o homem para trabalhar? Antes do pecado, Deus já colocou Adão no jardim "para o cultivar e o guardar" (Gênesis 2:15; 2 Tessalonicenses 3:10-12). Preguiça não faz parte do caráter cristão. Quando trabalhamos e ganhamos, temos a responsabilidade de administrar os nossos recursos. No seu orçamento pessoal ou familiar, você tem costume de separar uma parte para ajudar os necessitados? Deveria!

(4) Controlar a língua, falando palavras boas que edificam (29-30). Uma palavra torpe é comunicação corrupta, não aquela que vem do autor da Vida para nossa edificação. Não devemos usar a língua para entristecer o Espírito Santo.

  Obs.: O Espírito Santo tem sentimentos. Este fato é uma das evidências que ele é uma pessoa, e não meramente uma força ativa como alguns ensinam.

(5) Tirar da vida as obras da carne (31-32). Paulo encerra este trecho com um resumo negativo e um positivo. No sentido negativo, devemos tirar as obras da carne (veja Gálatas 5:19-21). Positivamente, precisamos desenvolver as características boas que aprendemos de Deus (veja Gálatas 5:22-23).

  Obs.: Uns aos outros. Várias vezes nesta carta Paulo fala sobre responsabilidades mútuas entre cristãos (32; 5:21; etc.). Tais responsabilidades vêm da relação que os cristãos têm no corpo de Cristo: "porque somos membros uns dos outros" (25).

Efésios
 5:1-21
O capítulo 5 continua com o mesmo tema da última parte do capítulo 4. Uma vez que entendemos nossa relação com Deus como pessoas santificadas, novos homens, filhos de Deus, faremos tudo para imitar o exemplo do nosso Pai.

5:1-2
Como filhos de Deus, devemos imitá-lo (1). Que desafio! Imitar o Deus santo que nos criou!

Especificamente, devemos imitar o amor de Cristo (2).

**Obs.: O amor resume os mandamentos de Deus (Mateus 22:37-40), mas não temos direito de definir o amor ao nosso agrado. Deus nos ensina como amar (1 João 4:7-12). Em amor, guardamos os mandamentos dele (João 14:15,23). O amor é a mais elevada das qualidades produzidas pelo Espírito na vida do cristão (veja 1 Coríntios 13:4-7,13; Gálatas 5:22-23; 2 Pedro 1:5-7).

Andar em amor (2). Andávamos no pecado, fazendo a vontade da carne (2:2-3). Agora andamos em boas obras (2:10). O amor se torna o caminho da vida do discípulo.

5:3-7
Para andar em amor, temos de abandonar as obras da carne, que não mostram amor para com o nosso santo Deus (3-4).

  Obs.: "...nem sequer se nomeiem entre vós, como convém a santos". No passado, andávamos no pecado praticando coisas inconvenientes que não pertencem a nova vida. Não devemos sentir orgulho, nem achar engraçadas as coisas do passado. Rejeitemos o velho homem por completo.

A boca que usávamos no passado para falar coisas vãs e profanas serve agora para agradecer ao Senhor (4).

Pessoas que continuam praticando as obras da carne não terão herança no reino de Cristo (5-7). Note o significado das palavras usadas aqui:

(1) Incontinente: a palavra grega (pornos) traz o sentido de fornicador ou pessoa imoral.

(2) Impuro: literalmente, uma coisa não lavada ou não purificada. Precisamos ser lavados em o nome de Jesus (1 Coríntios 6:11).

(3) Avarento: aquele que deseja adquirir mais e mais coisas, especialmente desejando as coisas dos outros. Bens materiais se tornam seu ídolo (veja Colossenses 3:5).

Podemos ser lavados de tais pecados (1 Coríntios 6:9-11), mas sem a justificação que vem de Jesus, não teríamos nenhuma esperança no reino do Senhor.

Alguém pode tentar nos enganar, minimizando o significado destes pecados (6). O mundo está cheio de pessoas que sugerem que alguns pecados são comuns, normais, até bons. Deus não considera tais coisas pecadinhos. Trazem a ira dele sobre as pessoas que os cometem.

A única solução ao problema: "Portanto, não sejais participantes com eles" (7). Não podemos fazer acordos com o pecado ou servir Cristo a meio termo. Temos de deixar o pecado e nos dedicar a ele.

5:8-21
Passamos das trevas para a luz. Observe os contrastes apresentados aqui:

Éramos trevas (5:8) X Agora somos luz (5:8)

Andávamos no pecado (2:1-2) X Andamos como filhos da luz (5:9)
Obras infrutíferas (5:11) X Fruto da luz (5:9-10)
Obras ocultas (5:12) X Todas as coisas manifestas (5:13)
Néscios (5:15) X Sábios (5:15)
Insensatez (5:17) X Compreensão da vontade do Senhor (5:17)
Embriagados com vinho (5:19) X Cheios do Espírito (5:17)

  Obs.: Não sejam cúmplices (11). A postura do cristão em relação ao pecado precisa ser bem definida. Não podemos ocultar a nossa fé (Marcos 8:38), nem devemos ser cúmplices nos pecados de outros. Muitas pessoas apóiam os erros de membros da própria família, ou participam de igrejas que ensinam e praticam coisas erradas, e procuram lavar as mãos como Pilatos o fez (Mateus 27:24). Paulo condena a cumplicidade no pecado, dizendo que devemos reprovar as obras das trevas. Amar a Deus exige odiar o pecado!

  Obs.: Como se encher do Espírito? A resposta está aqui! Não é algo que esperamos de fora, mas algo que fazemos, obedecendo a instrução de Paulo (18). Mas como? Ele continua nos versículos seguintes falando de três maneiras de nos encher do Espírito:

(1) Falando, entoando, louvando com salmos, hinos e cânticos espirituais (19).

(2) Dando graças ao Pai em nome de Jesus (20).

(3) Sujeitando-nos uns aos outros no temor de Cristo (21).

Resumindo o ensinamento destes versículos, precisamos ocupar os nossos pensamentos com as palavras de Deus, desenvolver a nossa comunhão com ele, e demonstrar o espírito do Senhor em nosso serviço aos outros. Assim, estaremos nos enchendo do Espírito!

  Obs.: Cantando do coração (19). O louvor em muitas igrejas hoje é um espetáculo que agrada aos ouvintes. É um "louvor" que vem de baterias, guitarras e teclados e que mexe com as emoções das pessoas. É isso que Deus quer? Paulo falou aqui de adoração que vem do coração na forma de falar, entoar e louvar. Para isso, usamos a voz que Deus nos deu e o coração que entregamos a ele. Há uma grande diferença entre o louvor praticado em muitas igrejas modernas e a adoração simples do Novo Testamento. Nenhuma vez no Novo Testamento encontramos os cristãos primitivos usando qualquer tipo de instrumento no louvor. A adoração deles saiu do coração e foi transmitida pela voz, pela qual se instruiram e se aconselharam mutuamente. Assim, agiram em nome do Senhor Jesus e agradaram ao Senhor (Colossenses 3:16-17). Hoje, algumas pessoas achariam muito radical um louvor voltado ao Senhor feito na simplicidade que ele pediu! Tenhamos amor para ele e coragem para agradar a Deus, e não aos homens.

  Obs.: "Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (20). Agir em nome do Senhor não quer dizer meramente falar "em nome de Jesus". Temos de agir pela autoridade dele em tudo que fazermos (veja Mateus 7:20-23; Colossenses 3:17). Quem respeita a autoridade de Cristo (Mateus 28:18-20) não ultrapassará a palavra dele (1 Coríntios 4:6; 2 João 9).

Efésios
5:22 - 6:9
Para entender bem o trecho incluído neste estudo, temos de lembrar do finalzinho do último parágrafo. A terceira coisa que fazemos para nos encher do Espírito é sujeitar-nos "uns aos outros no temor de Cristo" (21). A submissão mútua é a base do ensinamento sobre várias relações humanas que estudaremos agora. Mulheres devem se submeter aos maridos mas, em outro sentido, os maridos devem se submeter às esposas. Filhos devem ser sujeitos aos pais, mas os pais se submetem aos filhos, também. Servos devem obedecer os seus senhores, mas o patrão serve o empregado! Vamos aprender mais!

5:22-33
Marido e mulher. Antes de considerar este texto, devemos observar que o ponto principal de Paulo é sobre a submissão da igreja a Cristo, o perfeito marido. Mas, ele aproveita esta questão para ensinar, também, sobre o casamento. Também, note que ele não fala aqui de obediência condicionada na atitude do outro. A mulher deve ser submissa, independente da atitude do marido. Ele deve amá-la, mesmo se ela não for submissa. Cada um deve cumprir seu papel.

As mulheres devem ser submissas aos maridos (22-24). "Como ao Senhor" (22) mostra que há uma lealdade maior atrás deste mandamento. Quando a mulher olha para o seu marido, deve se imaginar que Jesus esteja atrás dele apoiando as suas palavras. Mas, se o marido pedir algo que claramente contradiz a palavra de Deus, ela deve obedecer Cristo e não o homem (Atos 5:29). Observe bem este ponto. Ela deve obedecer tudo que ele diz que não conflite com a palavra de Deus. Mesmo se ela não goste da decisão dele ou não a ache sábia, ela deve cumprir a palavra do marido. Mas, se ele pedir que ela peque, terá que desobedecê-lo.

Da mesma forma, a igreja deve fazer tudo que Cristo manda, mesmo quando a palavra dele for difícil. Ele é o marido perfeito, e nós não temos direito de recusar nenhuma palavra dele.

Os maridos devem amar as suas esposas (25-30). Se acharmos difícil a submissão que Paulo exige das mulheres, devemos pensar mais sobre o amor que ele requer dos maridos! O homem deve amar a sua esposa como Cristo amou a igreja! O amor aqui é a forma mais elevada de amor sacrificial. Ele procura o bem-estar do amado acima dos seus próprios interesses. Jesus se entregou, sacrificando a própria vida, para salvar a igreja. O marido deve fazer tudo para salvar a sua esposa, até dando a própria vida.

  Obs.: Você daria sua vida por sua mulher? Podemos pensar que mostraríamos grande coragem para proteger as nossas esposas. Se alguém assaltasse a sua esposa, você tomaria uma bala para salvar a vida dela? Mas são poucos os casos onde tal heroísmo seja necessário. O que devemos fazer é reconhecer um compromisso absoluto de dedicar as nossas vidas todos os dias ao bem-estar das nossas esposas. Se daria a vida num ato heroico, deve estar disposto a se gastar servindo a ela no dia-a-dia ao longo dos anos.

Jesus purificou a igreja (26). Alguns fatos importantes aqui: (1) Na aplicação ao casamento, entendemos que o homem deve se dedicar à salvação da sua mulher. O homem que ama a sua mulher jamais tentaria envolvê-la no erro. Sempre procurará ser um bom líder espiritual, conduzindo a sua família no caminho de Cristo. (2) No "casamento" de Cristo com a igreja, aprendemos que Jesus santifica e purifica a igreja "por meio da lavagem de água pela palavra". Para entender esta afirmação, precisamos lembrar que a igreja não é uma instituição; é pessoas chamadas para fora do mundo. Então, ele santifica e purifica pessoas. Como? "Por meio da lavagem de água" claramente se refere ao batismo, pelo qual entramos em Cristo (Mateus 28:18-20; Marcos 16:16; João 3:5; Atos 2:38; 22:16; Romanos 6:3-4; Gálatas 3:26-27; Tito 3:5; 1 Pedro 3:20-21). "Pela palavra" deixa bem claro que aprendemos sobre Cristo e a necessidade do batismo pela pregação do evangelho dele. O batismo citado aqui é de pessoas capazes de ouvir a palavra e tomar as suas próprias decisões.

Ele quer uma igreja pura (27). Da mesma forma que cada pessoa que entra em Cristo é purificada dos seus pecados, deve se manter pura e sem defeito. Se cada pessoa se mantiver santa, a igreja toda será pura e gloriosa.

O marido deve amar a esposa como a si mesmo (28-29). Estes versículos condenam o egoísmo que alguns homens mostram em relação às esposas. Elas devem ser valorizadas e bem cuidadas por maridos carinhosos.

Somos membros do corpo de Cristo (30). Assim, ele cuida de cada um!

Paulo repete o princípio original do casamento (31; veja Gênesis 2:24; Mateus 19:5). O homem deixa os seus pais e se une a sua mulher, os dois se tornando uma só carne. No casamento, a lealdade se transfere dos pais à esposa.

A mensagem de Paulo neste trecho se refere principalmente a Cristo e à igreja, mas tudo que falou sobre o casamento é válido (32-33).


6:1-4
Filhos devem:

(1) Obedecer aos pais (no Senhor, ou seja, enquanto as instruções dos pais não contradizem a vontade de Deus - veja Atos 5:29).

(2) Honrar aos pais.

Pais devem:
(1) Não provocar os filhos à ira.

(2) Criar os filhos na disciplina e na admoestação do Senhor.

6:5-9
Servos devem:

(1) Obedecer os seus senhores.

(2) Não servir para agradar aos homens, e sim ao Senhor.

Senhores devem:
(1) Tratar os servos com respeito.

(2) Evitar ameaças.

(3) Lembrar que todos - os senhores e os servos - são servos do mesmo Pai, e que ele não faz acepção de pessoas.

  Obs.: Embora não estejamos hoje debaixo de um sistema de escravidão, como na época de Paulo, os princípios aqui podem ser bem aplicados na conduta de empregados e patrões. O cristão deve ser o empregado modelo ou o melhor chefe em qualquer ambiente, porque respeitará a vontade de Deus na maneira de tratar outras pessoas.

Efésios
6:10-24
Este trecho nos traz mais uma exortação de Paulo e o encerramento do livro.

6:10-18
A exortação final de Paulo neste livro se refere à preparação do cristão para enfrentar os desafios no mundo. Devemos ser fortalecidos no Senhor (10).

  Obs.: Mais uma vez, observamos que o poder não vem de nós, mas de Deus. Muitos cristãos se sentem derrotados porque olham constantemente para as coisas erradas. Vêem as tentações e as provações e estas parecem enormes. Olham no espelho e enxergam suas próprias falhas e fraquezas. O problema é o foco. Qualquer homem é pequeno e frágil, mas Deus é muito maior do que nossos desafios. Foi assim que pensou o bom rei Ezequias quando o exército da Assíria ameaçou o seu país: "Sede fortes e corajosos, não temais, nem vos assusteis por causa do rei da Assíria, nem por causa da multidão que está com ele; porque um há conosco maior do que o que está com ele. Com ele está o braço de carne, mas conosco, o Senhor, nosso Deus, para nos ajudar e para guerrear nossas guerras. O povo cobrou ânimo com as palavras de Ezequias, rei de Judá" (2 Crônicas 32:7-8). Deus é maior do que nossos problemas!

É com a armadura de Deus que podemos enfrentar e vencer o diabo e as outras forças do mal (11-12).

  Obs.: O diabo é um derrotado, um perdedor. Sinceramente fico triste com as igrejas que enfatizam demasiadamente os poderes do diabo e seus servos. Parece que algumas igrejas falam mais sobre as forças do mal do que sobre o Vencedor e Senhor de todos. Preocupam-se com questões de hierarquias de poder no reino das trevas; fazem espetáculos dramáticos de expulsão de demônios; falam detalhadamente sobre características e poderes de Satanás. O Novo Testamento apresenta o diabo como um derrotado contra quem devemos resistir confiantes na vitória (Hebreus 2:14-15; 1 João 3:8; Apocalipse 12). Ele tem poder (veja 1 Pedro 5:8-9), mas o poder dele nem se compara com a força superior do nosso Rei!

Para vencer o Adversário e "permanecer inabaláveis", precisamos vestir a armadura de Deus (13-17; veja 1 Tessalonicenses 5:8):

(1) O cinto da verdade (14). O cinto do soldado foi a peça central de sua armadura, segurando a roupa dele perto do corpo e dando lugar para carregar a sua espada e outras necessidades da batalha. Na vida do discípulo, esta peça central é a verdade, que vem de Deus (João 17:17). Para servir de proteção, a verdade precisa ser conhecida, recebida e aplicada. Isso exige estudo cuidadoso, aceitação de coração bom e sincero, e a coragem de aplicar a palavra em nossas vidas e efetuar as mudanças necessárias.

(2) A couraça da justiça (14). A couraça protege o coração, o peito do soldado. A proteção do servo de Deus não vem por meios carnais. A injustiça de mentiras, engano, etc. não protege ninguém do inimigo real. A justiça, a santidade, a integridade moral são a proteção do servo do Senhor.

(3) Os calçados (sandálias) de preparação do evangelho (15). As sandálias usadas pelos soldados romanos, na época de Paulo, tinham cravos para dar aos soldados uma vantagem contra inimigos despreparados (com sandálias inadequadas ou até descalços). O servo do Senhor tem de estar preparado, com as sandálias já nos pés. Se esperar a invasão do inimigo para se vestir, não conseguirá resistir. A preparação do soldado de Cristo é o evangelho da paz. É interessante que, no meio a tanta linguagem de guerra, Paulo nos lembra que a nossa missão é de reconciliação, como servos do Príncipe da Paz (veja 2:14-18).

(4) O escudo da fé (16). O escudo do soldado romano cobria boa parte do corpo dele, e servia para repelir dardos, flechas, etc. O diabo lança seus dardos inflamados, mas o cristão se defende com o escudo da fé. Quando temos convicções fundadas na palavra de Deus, podemos resistir aos assaltos do Inimigo (Romanos 10:17).

(5) O capacete da salvação (17). O capacete é de extrema importância. A nossa proteção contra golpes mortais é a salvação que Cristo nos trouxe (Atos 4:12).

(6) A espada do Espírito (18). Não devemos entender que a nossa guerra seja apenas defensiva. Entramos na batalha armados para enfrentar e vencer o Inimigo. "Porque, embora, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas, e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão" (2 Coríntios 10:3-6). A nossa espada, nossa única arma ofensiva, é a palavra de Deus.

Assim armados e confiando no Senhor, devemos desenvolver o hábito de oração constante (18). Note aqui:

(1) Oração é a comunicação com Deus.

(2) Súplicas são apelos ou petições pedindo ajuda.

(3) Orando "no Espírito" tem duas possíveis interpretações: (a) Orando como aprendemos do Espírito Santo, de acordo com a vontade do Senhor; (b) Orando no espírito (a letra maiúscula não está no original; é questão de interpretação) no sentido de oração sincera do coração.

(4) Vigiando com perseverança sugere uma atitude de dedicação incansável à oração.

(5) Devemos orar pelos santos, fazendo súplicas em favor dos irmãos em Cristo.

  Obs.: A comunicação sempre envolve dois sentidos. Uma pessoa fala e a outra ouve. Depois esta fala e aquela escuta. A comunicação com Deus funciona da mesma maneira. Quando oramos, nós falamos e Deus ouve. Quando lemos e estudamos a palavra, Deus fala e nós escutamos. Este entendimento sugere dois perigos que devemos evitar: (1) Ouvir sem falar. Não é suficiente meramente estudar a Bíblia. Precisamos desenvolver a comunhão com Deus em oração. (2) Falar sem ouvir. Algumas pessoas oram muito, até fazendo súplicas constantemente, mas não dão importância ao estudo da palavra. É importante falar com Deus, mas jamais devemos negligenciar o estudo da palavra dele.

6:19-20
Paulo especificamente pediu orações por ele, para que pudesse ter coragem de falar a palavra de Deus (19).

Embora em cadeias, ele era embaixador de Cristo (20). A prisão de Paulo apresentou várias oportunidades para ele pregar a palavra (Atos 23:11; Filipenses 1:12-18).

6:21-22
Paulo enviou Tíquico para consolar os irmãos com notícias a seu respeito. Paulo descreve Tíquico como o irmão amado (sua relação com Paulo) e fiel ministro do Senhor (sua relação com Jesus). Para maiores informações sobre o trabalho deste servo, veja Atos 20:1-6; 2 Timóteo 4:12; Tito 3:12 e Colossenses 4:7-9. 6:23-24. Paulo encerra a carta desejando paz, amor e graça aos fiéis.

O LIVRO DE FILIPENSES
1:1-26 Introdução
1:27-2:30  A Mente de Cristo
3:1-16 Não Confiar na Carne
3:17-4:9  Aplicando as Lições
4:10-23  Gratidão e Bênção
Filipenses 1:1-26
Introdução
Da prisão, Paulo escreve aos irmãos filipenses um apelo emocionante e encorajador para serem unidos e constantes.
  
Saudação (1:1-2). Paulo não escreve aos seus amigos em Filipos de sua posição como apóstolo, mas sim de sua posição ao lado deles, em jugo como eles no serviço ao Senhor. Suas palavras são para todos  os santos em Cristo Jesus em Filipos -- frisando a importância deles serem unidos na recepção da mensagem que ele está enviando-- mas com ênfase especial nos bispos e diáconos da congregação, cujo trabalho é de ajudar em manter os irmãos unidos e constantes no serviço do Senhor.

Ele lhes deseja graça e paz de Deus; onde essas coisas abundam, a unidade e constância também abundarão.

A oração de Paulo (1:3-11).  Paulo é sempre agradecido por tudo que ele tem recebido do Senhor, e ele vê os irmãos em Filipos como mais uma dádiva de Deus, porque o ajudaram desde o início de seu serviço de evangelização. Ele tem saudades deles "na terna misericórdia de Jesus Cristo" (1:8), mas, ao invés de orar pelo próprio desejo de os ver de novo, ele ora pelo crescimento espiritual deles. Se eles crescerem em amor, com conhecimento e discernimento, Paulo sabe que terá oportunidade de os ver de novo após esta vida, que é mais importante que os ver outra vez nesta vida. O desejo dele é que Deus seja glorificado pelo crescimento frutífero dos irmãos em Filipos.

Pregando Cristo (1:12-18). Paulo não perdeu nenhuma oportunidade para pregar Cristo; mesmo na cadeia, ele estava pregando aos perdidos. Outros, também, estavam pregando. Alguns ficaram animados pelo exemplo de Paulo na prisão e se esforçaram para pregar mais fora da prisão. Outros, talvez egoístas em querer mostrar que o apóstolo não era o único capaz de ganhar almas, estavam pregando zelosamente. Paulo não demonstrou o mesmo caráter daqueles com atitudes erradas. Ele não sentiu inveja deles como eles esperavam. Antes, ele louvou ao Senhor porque Cristo estava sendo pregado. O poder da salvação está na palavra (veja Romanos 1:16); aqueles que procuram a salvação, vão ouvir a palavra da verdade e a seguir, ao invés de seguir os homens que a ensinam.

Vivendo em Cristo (1:19-26). Paulo conhece apenas duas opções: viver como Cristo viveu, ou morrer como Cristo morreu (1:21). Essa é a chave para entender a atitude de Paulo. Porque ele vive como Cristo viveu, ele não se envergonha de estar preso. Sabe que será provado justo no dia do Senhor, assim como Cristo foi provado justo pela ressurreição. Uma vez que ele vive como Cristo, sabe que a morte será para ganhar a recompensa eterna com o Pai. Portanto, o desejo sincero de Paulo é que Cristo seja magnificado no seu corpo, e que sua vida encoraje os irmãos em Filipos. Ele preferiria morrer agora para estar com Cristo. Mas, se a decisão fosse dele, ele escolheria ficar para trás para continuar servindo, ainda na carne, aos seus irmãos, para o bem maior deles e não para o próprio bem dele.

Perguntas para estudo pessoal:
Paulo escreveu para "todos os santos". Quem são os santos?
Qual será o resultado se os filipenses crescerem em conhecimento e discernimento?

Filipenses 1:27-2:30
A Mente de Cristo
A importância da união (1:27 - 2:4). Filipos era uma colônia do Império romano. Os cidadãos viviam como romanos, respeitando as leis de Roma e pagando impostos a César. Eles gozavam da segu-rança e dos benefícios de serem cidadãos romanos, ainda que vivessem a uma grande distância de Roma. Parte da força de Roma era a união de suas colônias através do mundo antigo: todas elas estavam se esforçando juntas pelo bem comum.
  
Semelhantemente, os cristãos filipenses eram uma "colônia" do céu. Quando Paulo escreveu "vivei de um modo digno" (v. 27), ele estava lhes dizendo para "viverem como cidadãos" de sua cidade capital: o céu (veja 30:20). Um cidadão tem que manter um certo perfil. Como o resto do mundo saberia que os filipenses eram romanos? Eles viviam como romanos. Como o mundo saberia que eles eram cidadãos do céu? Eles teriam que viver como santos: em união, amor e serviço. O Império Romano era forte, mas no fim caiu. A unidade da cidadania cristã é parte de "um reino inabalável" (veja Hebreus 12:28).
  
A mente de Cristo (2:5-11). Para os santos filipenses servirem bem uns aos outros, deixando seus próprios desejos pelo bem comum de todos os santos, eles teriam que aprender a ser desprendidos. Muitos reinos tinham caído por causa do egoísmo e da ganância. Mas o reino do céu estava estabelecido no serviço desinteressado aos outros. Jesus Cristo -- o próprio Rei -- veio como um servo (vs. 6-7), e serviu a toda a humanidade vivendo sem pecado e morrendo numa cruz. Se Jesus pode humilhar-se para descer do céu e servir os homens, estes podem humilhar-se para descer de seu orgulho e servir os outros.

Realize sua salvação (2:12-16). A salvação é uma dádiva de Deus (veja Romanos 6:23), mas exige uma resposta por parte dos homens para a receberem. Essa resposta é obediência. Paulo encoraja-os a continuarem obedecendo, justo como tinham feito quando ele estava com eles (v. 12). Ele incita-os a obedecer "porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (v. 13). Quando obedecemos a Deus fielmente, ele trabalha em nós para a salvação. A obediência jubilosa e unida dos servos de Deus é "luz" num mundo escuro onde as pessoas vivem com ira e disputa, servindo só a si mesmas.

Vários exemplos (2:17-30). Paulo conclui com três exemplos de serviço desinteressado. Paulo estava feliz (vs. 17-18) por ser "oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé". Timóteo (vs. 19-24) não era como os outros, que "buscam o que é seu próprio" (v. 21), mas queria fazer as jornadas perigosas de ida e volta a Filipos para servir a Paulo e seus irmãos. E Epafrodito (vs. 25-30), "por causa da obra de Cristo chegou às portas da morte e se dispôs a dar a própria vida". Que Deus ajude todos nós a sermos um exemplo de serviço desinteressado.
  
Perguntas para estudo pessoal:
Qual é a resposta de Deus para aqueles que se humilham? (vs. 9-11; veja também 1 Pedro 5:5-6).

As denominações buscam "União na Diversidade Doutrinária" -- uma tentativa para esquecer as diferenças entre "doutrinas" em favor da "unidade a todo custo". Qual é a diferença entre essa união e a que Paulo prega aqui? diferenças entre "doutrinas" em favor da unidade a todo custo". Qual é a diferença entre essa união e a que Paulo prega aqui?
Filipenses 3:1-16
Não Confiar na Carne
"No Senhor" (3:1). A chave à nossa alegria deve estar "no Senhor" (v. 1), e não nas nossas próprias obras. Devemos estar buscando "em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça" (Mateus 6:33). Por este motivo, Paulo escreve aos filipenses mais uma vez "as mesmas coisas" que já ouviram dele em Cristo. É nossa segurança no evangelho que continuamos estudando as mesmas palavras do Senhor, ao invés de criar novos e "melhores" credos. Tudo que precisamos para sermos fiéis e piedosos já foi nos dado nas Escrituras (veja 2 Timóteo 3:16-17; 2 Pedro 1:3; Judas 3). Quando acrescentamos ou tiramos alguma coisa da vontade divina revelada, mostramos que nossa confiança está em nós mesmos e na nossa sabedoria e não na dele.
  
A verdadeira circuncisão (3:2-3). Alguns chegaram a filipos ensinando coisas que não faziam parte do evangelho de Cristo. Falaram que os irmãos precisavam se circuncidarem e cumprirem a Lei de Moisés. Paulo explica que a circuncisão verdadeira é do espírito, e não da carne (veja Colossenses 2:11-14). É Cristo quem circuncida nosso coração e espírito quando, pela fé obediente, somos batizados nele. A falsa circuncisão tem ligação com Abraão apenas pela descendência física, mas a verdadeira circuncisão são aqueles que têm a fé de Abraão (veja Gálatas 3:7-14,26-29).

Considerando tudo como perda (3:4-11). Paulo mostra a futilidade de confiar na carne, usando o exemplo da própria vida dele. Se alguém poderia ter confiado na carne, seria Paulo. As coisas que ele conseguiu fazer, como judeu, eram notáveis. Mas, para Paulo, nada disso importava. Ele não somente considerava todas essas coisas perda, mas até as chamou de refugo. Até as maiores coisas que um homem pode conseguir aqui nessa vida não são nada quando comparadas com "a sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus" (v. 8). Paulo considerava tudo refugo para não ser tentado confiar nas coisas que ele tinha feito. Ele sabia que precisava se conformar com Cristo na sua morte (v. 10-11).  Se houver algo que ameaça nos impedir de participar da ressurreição, precisamos considerar tal coisa refugo e jogá-la fora.

Prosseguindo para alcançar (3:12-16). Até o próprio apóstolo Paulo não acreditou que uma vez que ele foi salvo, foi salvo para sempre. Enquanto ele era confiante da sua salvação em Cristo, é óbvio que ele continuou cada dia a fazer o que pôde para prosseguir na luta. Ele não quis perder "o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (v. 14). Se Paulo tinha que batalhar todos os dias, todos os discípulos de Cristo precisam fazer o mesmo. Utilizemos o que já aprendemos em Cristo para nos ajudar a prosseguir cada dia para aprender mais de Cristo e de seu plano eterno para aqueles que o amam!

Perguntas para reflexão:
No seu louvor, você faz coisas que não fazem parte do evangelho de Cristo revelado nas Escrituras, ou você está se esforçando para fazer "as mesmas coisas" que Paulo escreveu para os irmãos do primeiro século?
Quais coisas que você tem feito -- até educação e profissão-- ameaçam impedir a sua vida eterna com Cristo? Mude e coloque o Senhor em primeiro lugar.
Você está prosseguindo para alcançar quais alvos espirituais? Você está progredindo?
Filipenses 3:17-4:9
Aplicando as Lições
Um contraste de caráter (3:17- 4:1). Paulo começa aplicando as lições a si mesmo, como um exemplo aos irmãos. Ele os faz lembrar de sua caminhada como cidadão do céu, cujo Deus é o Salvador, com poder para mudar nossos humildes corpos terrestres em outros glorificados (3:21). Ele se contrasta com outros que entraram no meio deles, aqueles que servem a seus próprios desejos e paixões em vez da verdade e poder de Deus. Seu deus "do ventre" não pode dar glória eterna aos seus seguidores, mas pode somente levá-los à "perdição", que é a "glória" do ganho terrestre temporário (3:19). É a esperança de glória celestial que fortalece os fiéis quando os infiéis caem (4:1).

Responsabilidades individuais (4:2-3). A unificação do corpo de Cristo começa num nível pessoal. A igreja se compõe de pessoas que vêm de uma variedade de ambientes, com uma variedade de perso-nalidades e níveis de maturidade. Certa-mente, aparecerão diferenças de opinião entre irmãos. Mesmo o próprio Paulo tinha uma forte diferença de opinião com dois outros discípulos (veja Atos 15:36-41). Mas, se estas diferenças espirituais forem tais que afetem nossa unidade espiritual, elas precisam ser superadas. Nossa tarefa é permanecer unidos para que possamos continuar a luta contra Satanás (veja 1:27-28). Evódia e Síntique são instruídas a superar suas diferenças, pensando "concordemente, no Senhor" (4:2). E, como o "fiel companheiro de jugo" não nomeado (4: 3), aqueles que estão unidos no Senhor deverão trabalhar duramente ajudando aqueles que estão lutando.

Alegria em Cristo (4:4-7). Não é fácil estar contente no sofrimento, mas isto é o que o cristão é chamado freqüentemente a fazer. O cristão que está lutando contra Satanás sofrerá nesta vida (veja 2 Timóteo 3:12). Mas podemos regozijar-nos, não importa quão dura seja a situação, se rego-zijamos "no Senhor". Se simplesmente nos mantivermos perto do Senhor, em oração, e pelo nosso próprio comportamento moderado, até mesmo no sofrimento poderemos conhecer a paz "que excede todo o entendimento" (4:7). Paulo está escrevendo com experiência: lembre-se, foi em Filipos que ele e Silas estavam alegremente cantando hinos a Deus mesmo depois de terem sido espancados e atirados na prisão (veja Atos 16:19-25).

Como pensar (4:8-9). Tornar-se um cristão forte envolve uma mudança completa de personalidade, do coração para fora. Para se comportar como um cristão, precisa-se pensar como um cristão. O cristão precisa pensar ativamente, e não passivamente. Paulo diz para deixar que esta coisa "ocupe o vosso pensamento" (4:8). Uma mente ociosa acolherá todo tipo de pensamentos, desde os bons até os maus; mas uma mente ativa trabalhará para controlar-se, detendo-se no que é nobre e bom, deixando fora o que corrompe. Jesus ensinou que, não somente nossos atos, mas nossos pensamentos por trás deles serão julgados no dia final (veja Mateus 5:21-32).

Perguntas para reflexão:
Se unidade é estar "no Senhor", o que isto sugere sobre a prática de ficar tolerando diferenças doutrinárias de modo a preservar "a unidade"? (4:2).
Quais coisas, na sua prática diária, ameaçam sua capacidade de ocupar sua mente com o que é bom? (4:8).
- Filipenses 4:10-23
Gratidão e Bênção
Paulo começou sua carta agradecendo a Deus pelos filipenses (1:3). Ele encerra com  agradecimento pessoal aos irmãos.
  
A vida contente (4:10-13). Ao receber ajuda dos filipenses, Paulo se regozija grandemente "no Senhor" (4:10). Mesmo assim, ele explica que seu contentamento vem, não das coisas que ele tem nesta vida, mas em sua relação com o Senhor. O contentamento, nesta vida, é uma atitude aprendida (4:11). Em todas as coisas que Paulo sofreu por amor do evangelho (veja 1:17; 3:4-11; 2 Coríntios 11:23-30), ele aprendeu a manter sua atenção em Cristo (veja também 2 Coríntios 12:7-10). Se aprendemos a ter Cristo como o foco de nossa vida, a nossa circunstância material perderá sua importância (4:12-13).
  
O verdadeiro donativo (4:14-20). Ainda que Paulo não precisasse do donativo deles para ficar contente, assim mesmo ele se regozijou em recebê-lo porque eles participaram da aflição dele (4:14). Eles tinham ajudado a Paulo desde o início, quando ele saiu de Filipos para ensinar em Tessalônica (4:15-16; veja Atos 16:11-17:4 e 2 Coríntios 8:1-5). Agora que tinham oportunidade de ajudá-lo novamente, isso significaria "fruto" para crédito deles (4:17). Eles colheriam ricas recompensas do Pai (4:19). A dádiva deles era um sacrifício pessoal, "como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus" (4:18). Não é o objeto do sacrifício que dá a suave fragrância a Deus, mas o coração daquele que faz o sacrifício. Os corações dos filipenses eram suaves para Deus, em seu abundante amor para com Paulo.
  
Essa generosidade é o modelo para os cristãos de hoje. Eles não deram esperando receber bênçãos em retribuição. Não deram porque era algo que "a igreja" exigia. Eles deram com ânimo e de coração, sabendo que sua dádiva estava indo para a divulgação do evangelho e que "Deus ama a quem dá com alegria" (2 Coríntios 9:7).
  
Saudações e bênçãos (4:21-23). Nosso amor genuíno de uns pelos outros e nosso cuidado com a unidade no corpo de Cristo devem compelir-nos a ver uns aos outros assim como Cristo nos vê. Podemos saudar nossos irmão "em Cristo Jesus", se há lutas entre nós? (veja 4:2-3). Temos que humilhar-nos e abandonar nossas diferen-ças pessoais para ajudar uns aos outros chegar ao céu. Isso é exatamente o que Jesus fez por nós (2:5-11).
  
Paulo envia saudações de todos os irmãos que estavam com ele (4:21-22). Os filipen-ses haviam ajudado a levar o evangelho até aqueles da casa de César, que se lembravam deles com amor. Em tudo isto, a graça do Senhor é óbvia. Paulo começou sua carta desejando-lhes a graça do Senhor, e encerra-a com o mesmo desejo (4:23). Onde abunda a graça do Senhor, haverá paz, unidade, e força para superar as tentativas de Satanás a destruir os servos de Deus (veja 2 Coríntios 12:9-10).

Perguntas para mais estudo:
Através de toda a sua carta aos filipenses, Paulo estava agradecido por quais coisas? Pelo que você é agradecido (Qual é o seu foco)?
Deus aceita todos os sacrifícios? Como é possível fazer um sacrifício a Deus que não lhe agrada? (Veja Isaías 1:11-14; Jeremias 7:21-23; Mateus 7:21-23; 15:7-9).
Se amamos a Deus, qual será nossa atitude para com o povo por quem ele morreu para salvar?

O LIVRO DE
COLOSSENSES
1:1-12 Toda a Sabedoria e Entendimento
1:13-29 Em Cristo, Toda a Plenitude
2:1-19 Em Cristo, Todos os Tesouros
2:20-3:11 Buscai as Coisas Lá do Alto
3:12 - 4:1 - Fazei-o em Nome do Senhor Jesus
4:2-18 - "A Graça Seja Convosco"

Colossenses 1:1-12
Toda a Sabedoria e Entendimento

É bem provável que Paulo não conheça estes santos pessoalmente (1:4,7-9; 2:1). Escrevendo como apóstolo escolhido por Deus, ele os desafia a ficarem fortes contra falsos ensinamentos (2:1-4,8,16-19, etc.). A carta aos colossenses declara claramente que Cristo é Criador (1:16), Cabeça (1:18; 2:10), e Salvador (1:20-23), e que qualquer outra doutrina não é nada mais do que "filosofia e vãs sutilezas" de homens (2:8).

A esperança pela palavra (1:1-8). Paulo escreve a esses santos intimamente, como a família. Ele é o irmão deles, entregando esta mensagem importante na graça e paz de Deus, o Pai deles (1:1-2).

Paulo e outros irmãos têm orado pelos colossenses desde o momento que ouviram da conversão deles (1:3-4). Paulo disse que a sua fé e amor são "por causa da esperança... preservada nos céus" (1:5). O evangelho ensina sobre a esperança celestial, e a resposta natural é fé e amor (Romanos 10:17; Gálatas 5:6; 1 João 4:9-11).

Quando Epafras ensinou o evangelho em Colossos, esses irmãos ouviram e entenderam a graça de Deus (1:6-8). A graça de Deus não é alguma misteriosa bênção reservada para poucas pessoas escolhidas, mas é revelada no evangelho para todos que ouvem e obedecem (veja Atos 20:32; Romanos 1:16-17; Tito 2:11-14). A graça de Deus já estava produzindo fruto entre os colossenses, bem como vinha fazendo no mundo inteiro (1:6).

Oração pela sabedoria (1:9-12). Embora que esses irmãos estivessem produzindo fruto, Paulo sabia que corriam risco de serem induzidos abandonar a verdade (veja 2:8). Como santos de Deus, esses precisavam não somente receber o evangelho em verdade, mas também devem ficar firmes na verdade de Cristo, não se desviando (veja 2:6-7; Efésios 4:11-16; Gálatas 1:6-9; Judas 3). Paulo respondeu à necessidade deles com oração:

que transbordem de conhecimento da vontade de Deus (1:9). A vontade de Deus foi livremente revelada no evangelho (veja 1 Coríntios 2:6-13; Efésios 3:3-5). É o dever do cristão conhecer e viver de acordo com essa vontade (veja 1 Pedro 3:15). Paulo orou que esses recebessem "pleno conhecimento", edificando sobre o que já foi ensinado "em toda a sabedoria e entendimento espiritual". O evangelho não é uma revelação da sabedoria humana, mas a revelação da mente espiritual de Deus (veja 1 Coríntios 1:18-20; 2:1-13). Portanto, Paulo não ora por seu entendimento intelectual do evangelho, mas por um entendimento espiritual mais profundo.

a fim de viverem de modo digno do Senhor (1:10). Diferente da pessoa que tem apenas um entendimento intelectual do evangelho, aquela que o entende espiritualmente terá uma vida transformada. Não é aquele que apenas conhece o evangelho, mas a pessoa que o pratica que crescerá em discernimento espiritual para agradar ao Senhor (veja Efésios 5:10,17; Filipenses 1:9-10; Hebreus 5:13-14). O discernimento espiritual produzirá um povo que conhece o Senhor, produz o fruto de boas obras (veja Efésios 2:10), é fortalecido pelo poder dele, e que lhe agradece pela herança celestial.

Perguntas para mais estudo:
Qual foi a base da fé e do amor dos colossenses? (1:1-8)
Como alguém ouve e entende a graça de Deus? (1:5-6)
Qual foi a oração de Paulo pelos colossenses? Ele pediu bênçãos materiais ou espirituais? (1:9-12)

Colossenses 1:13-29
Em Cristo, Toda a Plenitude
Tendo orado que os santos de Colossos crescessem em toda sabedoria e em pleno conhecimento (1:9-12), Paulo cumpre sua parte, os ensinando da plenitude de Cristo.

Plenitude no trabalho (1:13-14). É somente pelo trabalho de Cristo que Deus nos liberta do reino de Satanás. Quem estiver em Cristo já mudou de cidadania e não serve mais "o império das trevas", antes serve no "reino do Filho" (1:13; Efésios 2:19; Filipenses 3:20). Cristo nos faz cidadãos deste reino quando pela obediência dele recebemos a remissão dos pecados (1:14; Atos 2:37-38; Efésios 1:3-7). Portanto, qualquer que recebe remissão dos pecados, já faz parte do reino de Cristo, e não espera um futuro reino milenar.

Plenitude do estado (1:15-23):
Em relação a Deus (1:15): Cristo é "a imagem do Deus invisível". Olhando para Cristo, podemos ver Deus em forma humana (veja João 14:8-9; Filipenses 2:5-8). O escritor de Hebreus descreveu Cristo como "o resplendor da glória e a expressão exata" do ser de Deus (Hebreus 1:3). De Cristo, João contou: "o Verbo era Deus" e "o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (João 1:1, 14). E em Cristo "habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade" (Colossenses 2:9). Cristo é plenamente Divino. Cristo é Deus.

Em relação à criação (1:15-17): Sendo Deus, Cristo é também Criador. Ele não é criatura, mas sempre existia desde o princípio (veja João 1:1). Ele é chamado "primogênito" porque "nele foram criadas todas as coisas" (1:16). O ponto é que Cristo é superior a qualquer criatura, seja homem, animal, ou ser celeste. Cristo é o porque da criação – "Tudo foi feito por meio dele e para ele" (1:16). Sem Cristo, nada poderia subsistir (1:17; Hebreus 1:3).

Em relação à igreja (1:18-23): Na sua morte e ressurreição, Cristo recebeu de Deus Pai toda a autoridade para ser "a cabeça" da igreja (1:18; veja Mateus 28:18; Hebreus 5:7-9). Pelo seu sacrifício, ele trouxe paz e reconciliação para toda a criação (1:19-20). Esta paz e reconciliação estendem para todos que eram inimigos "pelas...obras malignas" mas que agora permanecem na fé do evangelho "que foi pregado a toda criatura debaixo do céu" (1:21-23). Se reconhecermos Cristo como a única cabeça da igreja, deixaremos somente ele nos guiar pela sua palavra, o evangelho. Porém, aqueles que não permanecem no evangelho, não serão achados "santos, inculpáveis e irrepreensíveis" (1:22; 2 João 9).

Plenitude na eficácia (1:24-29). A mensagem do evangelho, pela qual Paulo sofria com alegria, era "para dar pleno cumprimento à palavra de Deus" (1:24-25). O evangelho revela a resposta de Deus que foi ainda oculta nas revelações às gerações passadas. Esta resposta é "Cristo em vós, a esperança da glória" (1:26-27). O evangelho de Cristo adverte e ensina todo homem, a fim de apresentar "todo homem perfeito em Cristo" (1:28). Cristo, pelo seu sacrifício e seu evangelho, é o único que tem o poder de glorificar, aperfeiçoar, e salvar todo homem. Devemos a ele nossa lealdade.

Perguntas para mais estudo:
 A pessoa faz parte do reino de Deus quando? Este reino já existe, ou ainda está porvir? (1:13-14)
 Paulo descreveu a plenitude de Cristo em quais três áreas? Quantas "cabeças" tem a igreja de Deus? (1:15-23)
  A igreja é capaz de salvar alguém? Como podemos ser salvos? (1:24-28)



Colossenses 2:1-19
Em Cristo, Todos os Tesouros
Tesouros de conhecimento (2:1-7). Paulo falou do seu trabalho como uma “grande luta” (2:1; veja 1:24-29; Efésios 6:10-12; Judas 3) com vários fins:

“para que tenham toda a riqueza” (2:2-3): Paulo lutava para o “conforto” dos irmãos e para seu vínculo “juntamente em amor” (2:2). Muitos pregam que conforto vem pela cura e pelo dinheiro e que a união vem quando esquecemos da doutrina. Porém, o conforto e a união que Paulo pregava vieram pela “riqueza da forte convicção do entendimento”. Devemos ser “ricos” no conhecimento de Cristo, porque somente nele há tesouros verdadeiros (2:3). Pela palavra dele achamos verdadeiro conforto e união (veja João 15:10-11; 17:17-21). Se esquecermos da sua doutrina para ter “união”, teremos apenas união em “obras más” (2 João 8-11).

“para que ninguém vos engane” (2:4-7): Sem a palavra de Cristo, seria fácil ser enganado pelas filosofias e doutrinas de homens (2:4). Paulo ensinou a verdade do evangelho entre os Colossenses, e assim teve certeza da sua “boa ordem” e da sua “firmeza da fé” em Cristo (2:5). Paulo os lembrava da necessidade de continuar andando em Cristo (2:6-7). É Cristo que recebemos ao obedecermos o evangelho. Se somos “radicados e edificados e confirmados” na igreja, no pastor, ou numa doutrina que ensina coisas que Cristo não ensinou, não temos recebido Cristo.

Tesouros de perfeição (2:8-15). Por causa do grande perigo de engano nas coisas pertencentes a Deus, Paulo mostra que há perfeição somente por Cristo (2:8):

Cristo é perfeitamente Deus (2:8-9): Enquanto homens enganam com as “filosofias e vãs sutilezas” das suas tradições, Cristo ensina a verdade de Deus, sendo ele mesmo “toda a plenitude da divindade” (2:9).

“nele estais aperfeiçoados” (2:10-15): Deus fez Cristo o cabeça sobre toda autoridade (2:10; veja Mateus 28:18). Qualquer autoridade que um homem pode ter, Cristo tem mais. Por isso, somos aperfeiçoados somente por ele e pela sua palavra (veja Efésios 4:11-15). Para ser aperfeiçoado, é preciso ter a circuncisão espiritual de Cristo, e não aquela feita por mãos humanas (2:11). Isto acontece quando somos “sepultados...no batismo”. Assim Cristo “ressuscita”, “dá vida”, e “perdoa” (2:12-13). Para perdoar, Cristo removeu por completo “o escrito de dívida...encravando-o na cruz” (2:14). Este escrito é uma referência à Lei de Moisés, que condenava pecado mas não oferecia salvação (veja Hebreus 7:11-19). Somente Cristo triunfou na cruz e oferece salvação (2:15; veja Hebreus 5:7-9).

Aplicação (2:16-19). Sendo que a perfeição é só em Cristo, ela não vem pela Lei de Moisés (2:16-17), falsa humildade, adoração de anjos, ou por visões (2:18). De fato, qualquer pessoa que não segue somente o que Cristo ensina nunca terá “o crescimento que procede de Deus” (2:19).

Perguntas para mais estudo:
Paulo queria riqueza para estes irmãos? Era riqueza espiritual ou material?(2:1-3)
É possível ser enganado nas coisas de Deus? Como evitamos isto? (2:4-7)
Para sermos aperfeiçoados, precisamos de quê? (2:8-19)

Colossenses 2:20 - 3:11
Buscai as Coisas Lá do Alto
Na luta contra o pecado a perfeição vem somente por Cristo (veja 2:1-19). Muitos, porém, insatisfeitos com a simplicidade disso, criam rígidos regulamentos físicos para "governar os fiéis" e os mantém "longe do pecado". Os fariseus fizeram isto e Jesus os reprovou (veja Mateus 15:1-9). Hoje alguns continuam seguindo suas próprias regras físicas como se fossem um meio de purificar a alma. Mas Paulo mostra aos Colossenses que a purificação só vem quando morremos com Cristo para uma nova vida espiritual.

Morremos com Cristo (2:20-23). No batismo somos "sepultados" com Cristo (veja 2:12; Romanos 6:1-4), morrendo para o pecado e "para os rudimentos do mundo" (2:20). Estes "rudimentos do mundo" incluem: Œ a lei de Moisés, com todas as suas sombras "das coisas que haviam de vir" (veja 2:13-17); as coisas baseadas na "mente carnal", como "culto dos anjos" e "visões", as quais não retêm a autoridade de Cristo (veja 2:18-19); e Ž  ordenanças "segundo os preceitos e doutrinas dos homens" (2:20-22).

Deus nos revelou "todas as coisas que conduzem à vida e à piedade" para nos livrar "da corrupção das paixões que há no mundo" (2 Pedro 1:3-4). Qualquer outra coisa – regras humanas sobre alimentos, cortes de cabelo, proibições contra TV, etc. – podem ter "aparência de sabedoria", mas "não têm valor algum contra a sensualidade" (2:23). Afinal, se um homem não morre com Cristo, ele não vai deixar de pecar nas coisas sensuais só porque não assiste a televisão.

Ressuscitamos com Cristo (3:1-4). No batismo, somos "ressuscitados" com Cristo "mediante a fé no poder de Deus" e recebemos "novidade de vida" (veja 2:12; Romanos 6:1-5). Sendo que Cristo vive "assentado à direita de Deus", nós devemos buscar "as coisas lá do alto" e pensar "nas coisas lá do alto" (3:1-2). Devemos fazer nossas vidas em Cristo, não em ordenanças (3:3-4). Quando aprendemos a amar Cristo e viver para ele, então guardaremos os mandamentos dele sem regras de homens para nos "manter fiel" (veja João 14:15, 21). Quando somos fiéis a Cristo e não a regras, seremos "manifestados com ele, em glória" (3:4).

A nova vida (3:5-11). A nova vida vem pela mudança de natureza e não pela mudança de algumas regras externas. "A natureza terrena" com todas as coisas pertencentes a ela tem que morrer (3:5). Isto acontece quando obedecemos a Cristo em amor, sabendo que "a ira de Deus [vem] sobre os filhos da desobediência" (3:6). Quando amamos a Deus, não queremos decepcioná-lo. Assim, deixamos de fazer as coisas erradas que fazíamos antes na velha vida de pecado (3:5-9), e aprendemos a nos revestir "do novo homem" (3:9-10). A vida deste novo homem é uma vida espiritual, refletindo o amor e a santidade do seu Criador (3:10; veja 1:16).



Perguntas para mais estudo:
Qual o problema de regras que não vêm de Deus? Trazem liberdade? (2:20-23)
A mente do cristão deve ser voltada para quais coisas? Por quê? (3:1-4)
 Devemos obedecer "regras", ou Deus? (3:5-11)

Colossenses 3:12 - 4:1
Fazei-o em Nome do Senhor Jesus
A nova vida em Cristo não é feita somente pelo despojo de algumas coisas erradas. Muitas pessoas até poderiam parar de beber, fumar, roubar, adulterar ou cometer outros pecados, mas isto, em si, não as tornaria cristãs. Mesmo se deixassem de fazer qualquer pecado desde agora até as suas mortes, mas não se revestissem "do novo homem" segundo a imagem de Cristo (veja Colossenses 3:10), elas não alcançariam a salvação! O que importa não é a quantidade de coisas erradas deixadas para trás, e sim a obediência ao Senhor.

 "Revesti-vos...como eleitos de Deus" (3:12-17). Paulo fala da nova vida em Cristo como um "revestimento". Assim como uma mudança de roupa seria óbvia no corpo, a vida cristã deve se tornar aparente no comportamento. Diferente de roupa, que só cobre o corpo por fora, o revestimento em Cristo é feito de ações (veja Apocalipse 19:7-8) que são o resultado de mudanças internas.

A natureza do cristão imita a natureza de Cristo (3:12-14; veja Romanos 8:29; 2 Pedro 1:3-4). O cristão não aproveita ou usurpa outros, mas age de acordo com "a paz de Cristo" (3:15; veja 1 Coríntios 6:1-11). "A paz de Cristo" é o que nos dá acesso ao Pai juntos num só corpo (veja Efésios 2:13-18). Quem age de acordo com esta paz ensina a verdade de Deus, a qual promove união verdadeira (veja João 17:17-21).

"A palavra de Cristo" habita "ricamente" no cristão (3:16). A reação natural desta convivência é que o cristão "instrui" e "aconselha" de acordo com a sabedoria verdadeira (veja Tiago 3:17), e que ele louva a Deus, dando ações de graças.

O cristão faz tudo "em nome do Senhor Jesus" (3:17). Isto não quer dizer que ele fala sempre "em nome de Jesus" antes de fazer algo, mas que ele tem a cautela de viver sempre de acordo com a vontade do Senhor. Devemos pensar muito bem antes de fazer qualquer coisa que não podemos afirmar ser a vontade de Cristo. Isto se aplica na adoração ou em qualquer outro aspecto da vida. O cristão se reveste da vontade de Cristo, e não da sua própria vontade ou da dos homens!

Aplicações individuais (3:18 - 4:1). A vida cristã também imita o serviço do nosso Senhor, que procurou servir ao invés de ser servido (veja Mateus 20:26-28). Paulo destaca este serviço nos vários papéis da vida. No lar, a mulher cristã serve ao marido pela submissão, e o marido cristão serve a mulher com amor (3:18-19; veja Efésios 5:22-31). Os filhos servem aos pais pela obediência, e os pais servem aos filhos pela maneira de criá-los (3:20-21; veja Efésios 1-4). No emprego, o trabalhador cristão serve ao chefe com trabalho honesto e bem feito, mesmo quando o chefe não está olhando (3:22-25). O chefe cristão também serve ao trabalhador, pagando um sálario justo e exigindo alvos atingíveis (4:1).

Perguntas para mais estudo:
 É mais importante falar dos pecados que deixamos ou mostrar uma nova vida?
 Como a nova vida é um "revestimento"? Cite alguns exemplos disto. (3:12-17)
O padrão do serviço cristão está baseado em quê? (3:18 - 4:1)

Colossenses 4:2-18
"A Graça Seja Convosco"
Exortação à oração (4:2-6). Paulo começou a carta falando das suas orações constantes pelos irmãos de Colossos (veja Colossenses 1:3, 9), e a terminou exortando a eles que continuassem também em oração, "vigiando com ações de graças" (4:2).

Paulo mesmo precisava das orações dos irmãos Colossenses: ele estava na prisão por causa da pregação de Jesus (4:3). Porém, ao invés de pedir orações a favor das suas algemas, Paulo pensava numa coisa mais urgente – a pregação da palavra de Cristo (4:3-4)! Paulo se preocupava com a vontade de Deus antes de sua própria vontade. Como Paulo, devemos orar que Deus nos dê oportunidade e coragem para cumprirmos a vontade dele!

Enquanto os Colossenses oravam pelo sucesso de Paulo no evangelho, estes também precisavam "pregar" pelo seu comportamento e por suas palavras, aproveitando oportunidades de "responder a cada um" (4:5-6; veja 1 Pedro 3:15). É necessário que a vida do cristão e as palavras dele sejam de acordo com a verdade. Isto exige dele muita oração e estudo cuidadoso da palavra de Deus.

Notícias de Paulo (4:7-9). Desejando aliviar os corações preocupados dos Colossenses, Paulo enviou Tíquico e Onésimo com "o expresso propósito" de falar da situação dele e dos outros presos conhecidos por eles. Paulo podia ter segurado estes dois "irmãos amados" para servirem a ele mesmo na prisão (veja Filemom 13). Porém, ele se preocupou mais com os Colossenses do que consigo mesmo, e assim enviou os dois para servirem a eles.

Saudações pessoais (4:10-18): A família de Deus é caracterizada por seu amor (veja João 13:35), e todos os irmãos que estavam com Paulo enviaram seu amor na forma de saudações individuais (4:10-14). A saudação de Epafras devia ter sido particularmente tenra para eles ouvirem, sendo que ele era mesmo um membro da igreja em Colossos, e que ele tinha ensinado a eles muito no evangelho (veja 1:7). Paulo relatou o cuidado especial que Epafras teve para com os irmãos, e como ele se esforçou sempre em oração por eles e por outros (4:12-13). Sem dúvida, Paulo conheceu e amou os irmãos Colossenses através do que ele ouviu deles pela boca de Epafras.

Por fim, Paulo enviou suas próprias saudações escritas em amor por sua própria mão, desejando a eles a graça de Deus, e lembrando dos irmãos em outros lugares que iriam ler esta carta também (4:15-18). Mesmo que as cartas contenham informação pessoal para as pessoas imediatas, elas foram escritas sob a inspiração do Espírito Santo, e assim precisam ser lidas pelas igrejas como autoridade de Deus (4:16; veja 2 Pedro 1:19-21; 3:14-16; 1 Coríntios 7:17; 14:33, 37).


Perguntas para mais estudo:
 Para quê deve o cristão orar? (4:2-6)
-De quais formas mostraram Paulo e os outros prisioneiros seu amor para com os irmãos de Colossos? (4:7-18) Como um cristão poderia mostrar este amor hoje?
 Qual o ponto de Paulo pedir que lessem esta carta nas outras igrejas? (4:16)

A 1 E 2
TIMÓTEO
CARTAS PARA UM JOVEM EVANGELISTA
Timóteo, amado "filho" na fé. O jovem Timóteo morava na cidade asiática de Listra, e era filho de uma judia crente e um pai grego (veja Atos 16:1). É provável que Timóteo e sua mãe fossem convertidos pela pregação de Paulo durante a primeira viagem missionária do apóstolo (veja Atos 14). Ao visitar Listra novamente durante sua segunda viagem, Paulo ouviu o bom teste-munho dos irmãos sobre Timóteo e decidiu levá-lo consigo para o trabalho da pregação do evangelho (Atos 16:2-3). Sendo que o pai de Timóteo não era cristão, Paulo logo se tornou como um "pai" na fé para este discípulo. O apóstolo mostra grande respeito, confiança, e amor por Timóteo, mencionando o discípulo com muita afeição em 8 das 13 cartas que escreveu.

O tema das cartas. A tarefa de Timóteo na cidade de Éfeso não era pequena. Paulo o havia deixado com o cargo de corrigir "certas pessoas" que estavam promovendo erro doutrinário (1 Timóteo 1:3). Na primeira carta, para ajudá-lo a combater estes falsos mestres, Paulo ensina a Timóteo "como se deve proceder na casa de Deus" (1 Timóteo 3:15). Embora que Timóteo fosse ainda jovem (1 Timóteo 4:12), ele teria que ensi-nar e ordenar estes mandamentos de Deus aos irmãos de Éfeso (1 Timóteo 4:6,11,16).

Na segunda carta, Paulo encoraja Timóteo a continuar pregando a palavra, corrigindo e repreendendo "com toda a longanimidade e doutrina" (2 Timóteo 4:2), mesmo no meio de muitas perseguições pelas mãos dos infiéis (2 Timóteo 1:8; 2:3; 3:12-13; 4:5).

A ênfase de Paulo nestas duas cartas está sempre voltada à palavra de Deus. Tudo o que Timóteo precisava, tanto para corrigir erros doutrinários como para ficar firme no meio de tribulação, ele poderia achar na palavra do Senhor. Por este motivo, Paulo exorta a Timóteo: "aplica-te à leitura, à exortação, ao ensino" (1 Timóteo 4:13), e "procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro...que maneja bem a palavra da verdade" (2 Timóteo 2:15).

Paulo sabia que Timóteo precisava da palavra de Deus para fazer o trabalho de evangelista. Ele não ordenava que Timóteo se apoiasse na sua "experiência", e nem que ele estudasse teologia para aprender pregar. Em vez disso Paulo mandou: "tem cuidado de ti mesmo e da doutrina...porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes" (1 Timóteo 4:16).

O caráter das cartas. Paulo, embora tendo grande intimidade como um "pai" para Timóteo, começa as duas cartas falando da sua autoridade como apóstolo (1 Timóteo 1:1; 2 Timóteo 1:1). Estas não são meramente cartas particulares, mas contêm a revelação divina de Deus (veja 1 Coríntios 14:37; Efésios 3:3-5; 2 Pedro 3:15-16).

As cartas foram escritas inicialmente para Timóteo, e assim contêm muitas referências particulares, que não podemos aplicar como mandamento do Senhor (veja 1 Timóteo 1:3 e 5:23; 2 Timóteo 4:21). Mesmo assim, elas têm um segundo nível de aplicação universal, revelando a vontade de Deus sobre o papel das mulheres (1 Timóteo 2:11-15), as qualificações dos bispos e diáconos (1 Timóteo 3:1-13), a inspiração das Escrituras (2 Timóteo 3:14-17), e várias outras coisas.

1 Timóteo 1:1-20
"Combate o Bom Combate"
Saudação (1:1-2). Ao escrever para encorajar o jovem Timóteo, Paulo assume os dois papéis de apóstolo e de "pai" espiritual. Como apóstolo "pelo mandato de Deus", suas palavras carregam a autoridade da revelação divina, e devem ser obedecidas como sendo de Deus (veja 1 Coríntios 14:37). Como "pai" escrevendo para seu "verdadeiro filho na fé", suas palavras têm um tom de afeição e oferecem conforto.

Contra doutrinas falsas (1:3-11). Paulo lembra Timóteo do propósito do seu trabalho como evangelista em Éfeso: a correção do erro. "Certas pessoas" estavam deixando de ensinar a doutrina de Cristo em favor de "outra doutrina" e "fábulas e genealogias sem fim". Por causa destas coisas, alguns não estavam crescendo no "serviço de Deus", mas estavam se perdendo em discussões inúteis (1:3-4). Timóteo precisava exortar a igreja acerca de "amor... de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia" (1:5). Onde não há amor pela verdade de Deus e pelas pessoas que precisam da salvação, a consciência se engana, e ao seguir e ensinar com fervor as doutrinas de homens, a fé e as obras se tornam vãs e hipócritas (1:6-7; veja 2 Tessalonicenses 2:9-12; 1 Timóteo 4:1-2; 2 Timóteo 4:1-4; Mateus 15:7-20).

O uso legítimo da lei (doutrina) de Deus é a correção dos que erram, e não a criação de polêmicas e discussões (1:8-11; veja 2 Timóteo 3:16; Romanos 7:7; Gálatas 3:19). Quem discute a doutrina de Deus sem primeiramente ouvi-la e obedecê-la comete um grande erro (veja Mateus 22:23-33)! Com muito cuidado devemos compreender, falar e praticar ousadamente somente a doutrina que o Senhor nos revelou no seu evangelho.

O poder do evangelho (1:12-17): Ninguém sabia mais sobre engano do que o próprio apóstolo Paulo. Ele acreditava estar fazendo o que era reto perante Deus, mas na sua ignorância e incredulidade, ele perseguia com fervor a igreja do Senhor (1:12-13; veja Atos 8:1-3; 9:1-2). Porém, pela graça de Deus através do evangelho, até este "principal" dos pecadores recebeu perdão quando creu "para a vida eterna" (1:14-17). O evangelho que salvou Paulo não incluiu a doutrina de "certas pessoas" em Éfeso! Era este o evangelho que Timóteo precisava pregar, confiante no poder dele tanto para corrigir erro como salvar os que nele crêem (veja Romanos 1:16-17).

O bom combate (1:18-20). Timóteo precisava ficar firme na luta contra falsa doutrina (1:18-19; veja Judas 3-4). Hoje há muitos que têm "rejeitado a boa consciência" e ensinam como doutrina coisas que não fazem parte do evangelho do Senhor (1:19; veja 1 Timóteo 4:1-3; 2 João 8-9). Devemos manter a fé assim como Timóteo, pregando fielmente a palavra do Senhor para corrigir os que "blasfemam" com doutrinas falsas (1:20).

Perguntas para mais estudo:
Qual o resultado quando pessoas deixam de ensinar a doutrina de Cristo? (1:3-11)
O fervor de alguém prova que a doutrina é de Deus? Qual a prova certa? (1:3-17)
O que é necessário para não "naufragar" na fé? (1:18-20)

1 Timóteo 2:1-15
"Levantando Mãos Santas"
A prática de oração (2:1-8). Visto que Timóteo precisava de firmeza na luta contra falsa doutrina (1:3-20), Paulo o exortou que começasse "antes de tudo" orando (2:1). Jesus falou muito da importância de oração (veja Marcos 9:14-29; Lucas 18:1-8), e oração constante é evidente nas vidas dos seus discípulos (veja Atos 1:12-14; 4:23-31). Paulo exortou a Timóteo que praticasse a oração em todas as suas formas:
-       súplicas: pedidos específicos, baseados em necessidades. Timóteo precisava de coragem para pregar apenas a verdade.
-       orações: palavras direcionadas a Deus. A oração é uma conversa com o Pai celeste, o Criador do universo.
-       intercessões: pedidos em favor de outras pessoas. O cristão tem acesso ao Pai através de Jesus (veja Romanos 5:2; Efésios 2:18 e 3:12) e deve ajudar aos outros que estão perdidos.
-       ações de graças: agradecimento por tudo que Deus já fez.

A oração certa não pensa em si só, mas é feita em favor de outros. Paulo exortava que as orações fossem feitas em favor de todos, e especificamente em favor das autoridades, a fim de que todos vivessem uma "vida tranquila" (2:1-2). Deus deseja a salvação de todos, e a vida tranquila facilita que as pessoas "cheguem ao pleno conhecimento da verdade" para que sejam salvas (2:3-4).

Orando "antes de tudo" daria a Timóteo a perspectiva certa. Ele não precisava lutar para defender a si mesmo, mas para defender a verdade de Deus, a testemunha do sacrifício de Jesus "por todos" (2:5-7). Falsos mestres lutam contra Deus e não contra evangelistas. Por isso, é necessário que os homens orem em santidade, "sem ira e sem animosidade" (2:8). A oração certa é feita para salvação e não para condenação.

Acerca das mulheres (2:9-15). As mulheres também devem refletir a santidade em suas vidas. A mulher não deve chamar atenção para si com a sua aparência física, mas pelas suas boas obras deve mostrar a sua piedade (2:9-10; veja 1 Pedro 3:1-6).

A mulher piedosa é submissa, e aprende "em silêncio" (2:11). Muitos tropeçam com esta palavra, dizendo que as mulheres têm tanta habilidade quanto os homens para ensinar a palavra de Deus, e por isso seria até errado se elas se mantivessem caladas. Porém, a questão não é de habilidade, e sim de autoridade. Paulo não disse que a mulher não é capaz, mas que ela não é permitida. Sem a permissão de Deus para falar, ela deve manter "silêncio" (2:12; 1 Coríntios 14:34-37). Ainda outros se justificam dizendo que esta palavra reflete as "injustiças" da época contra as mulheres. Porém, Paulo não falava da sua época, mas de uma diferença nos papéis de homens e mulheres desde a criação (2:13-15; veja Gênesis 3:16-17). A mulher piedosa respeitará os limites de Deus.

Perguntas para mais estudo:
Qual o motivo de oração correta? (2:1-8)
A palavra de Deus permite à mulher ensinar ou exercer autoridade de homem? (2:12) Então, é o plano de Deus que a mulher seja pastora? Bispa?
Paulo revelou filosofias sociais da sua época, ou a palavra de Deus? (2:9-15; veja 1:1)
1 Timóteo 3:1-7
"Uma Excelente Obra"
Na instrução para combater erro doutrinário em Éfeso, Paulo inclui ensinamento sobre os presbíteros. É o plano de Deus que cada igreja local eleja presbíteros qualificados (veja Atos 14:23; Filipenses 1:1; Tito 1:5). Paulo não oferece a Timóteo sugestões para esta escolha, mas dá qualificações, dizendo que "é necessário..." (3:2). Portanto, quem não tiver todas estas qualidades reveladas por Deus não deve ocupar o cargo de presbítero.

Qualificações dos bispos (3:1-7). As palavras "episcopado" (3:1) e "bispo" (3:2) traduzem uma só palavra grega (episkopos) que quer dizer "supervisar" ou "pastorear". Na Bíblia, bispos também são chamados de "presbíteros" ("anciãos"), e sua função é a obra de pastorear o rebanho de Deus (veja Atos 20:17-28). Logo, as palavras "pastor", "bispo", e "presbítero" descrevem o mesmo cargo, e a distinção feita entre elas por homens não tem base bíblica. Assim, o que é necessário para ser bispo é necessário também para ser pastor ou presbítero.

As qualificações do bispo ressaltam seu caráter provado como servo fiel a Deus, e nada têm a ver com posição social ou grau de escolaridade. Olhando para todas as qualificações juntas, tiramos algumas observações gerais sobre bispos:

O cargo de bispo é uma obra (3:1): "bispo" não é um mero título de honra, mas é uma obra de muita responsabilidade espiritual (note as fortes advertências de Paulo em Atos 20:28-32). Esta obra deve ser feita somente por homens preparados e qualificados pela palavra de Deus!

O bispo deve ser irrepreensível (3:2): a palavra "irrepreensível" fala da necessidade do bispo ser reconhecido por seu bom comportamento e domínio próprio. Veja como as outras qualificações descrevem esta qualidade: "temperante", "sóbrio", "modesto" (3:2); "não dado ao vinho", "não violento", "inimigo de contendas", "não avarento" (3:3); tendo "bom testemunho dos de fora" (3:7).

O bispo deve ser fiel em casa (3:2, 4-5):
- Como "esposo de uma só mulher" (3:2), o bispo mostra fidelidade e respeito para a aliança feita por Deus (veja Mateus 19:6).

- Como quem governa "bem a própria casa" (3:4-5), o bispo mostra fidelidade em cuidar das almas dadas a ele por Deus (veja Salmo 127). Se os filhos o obedecem com respeito, isto mostra sua capacidade como líder e disciplinador, a qual será necessário para lidar com "crianças espirituais" na igreja (veja 1 Pedro 2:1-2).

[Estas qualificações exigem mais duas observações importantes: ŒO bispo deve ser casado e ter filhos. Na Bíblia não há bispos solteiros. O bispo tem que ser homem – "esposo". A Bíblia não menciona "bispas", "pastoras", ou "presbíteras".]

Perguntas para mais estudo:
Qual a distinção bíblica entre presbíteros, bispos e pastores? (3:1-2; Atos 20:17-28)
Qual o foco principal das qualificações dos bispos? (3:1-7)
Pelo que Paulo escreveu, podemos concluir que é a vontade de Deus que um pastor seja solteiro? Que seja uma mulher? (3:1-7; veja Tito 1:6)

1 Timóteo 3:8-16
"Como Proceder na Casa de Deus"
Acerca dos diáconos (3:8-13). Depois de falar das qualidades necessárias para um homem ser bispo (3:1-7), o apóstolo Paulo também fala das qualificações para os diáconos. "Diácono" traduz a palavra grega "diakonos", que descreve um servo em relação a seu trabalho. Embora todos os cristãos devem servir a Deus (Romanos 6:22-23) e uns aos outros (Marcos 10:42-45), o diácono é um servo com um trabalho definido para fazer na igreja (veja Atos 6:1-5 como exemplo deste tipo de serviço). O diácono, assim como o bispo, deve ser alguém aprovado por Deus (3:8). Estas qualidades são necessárias para ser diácono na igreja do Senhor:

"respeitável" (3:8): o diácono vai servir, e assim deve ser alguém cujo caráter como servo de Deus é notável pelo seu comportamento sério e pela confiança que os outros têm nele.

"de uma só palavra" (3:8): o diácono deve ser convicto e honesto, e não alguém que muda sua opinião e sua palavra de acordo com a situação no que trabalha (compare Efésios 4:11-16).

"não inclinados a muito vinho" (3:8): o diácono precisa tomar decisões no seu serviço, e quem bebe logo perde a capacidade para reto juízo (veja Provérbios 31:4-5; Isaías 28:7).

"não cobiçosos de sórdida ganância" (3:8): o trabalho do diácono talvez o coloque em contato com o dinheiro da igreja, e ele deve ser alguém que não cairia na tentação da riqueza.

"conservando o mistério da fé com a consciência limpa"(3:9): Paulo refere ao evangelho como "o mistério da fé" (veja Efésios 3:3-5. 1:9-10). O diácono deve ser alguém que tem a consciência limpa com respeito ao evangelho, ou seja, um servo fiel de acordo com a palavra de Cristo (veja 1 Coríntios 4:1-2).

"primeiramente experimentados" (3:10): o diácono deve ser aprovado antes de assumir a função, não depois.

provados em casa (3:11-12): quem vai servir na igreja ("a casa de Deus" – veja 3:5, 15) deve ser alguém que já provou seu serviço na sua própria casa. Um homem ("marido" é só homem) deve ser escolhido como diácono somente se ele é fiel à esposa e se a esposa e os filhos são fiéis a ele. Ser marido e pai é um serviço adequado para provar o caráter do homem de Deus (veja Efésios 5:22-6:4).

O bom serviço do diácono resulta em ainda mais confiança e respeito dos outros e no crescimento espiritual do diácono (3:13).

Na casa de Deus (3:14-16). A igreja, sendo a casa de Deus, deve apoiar e promover a verdade do Pai, muito como o caráter do lar manifesta o caráter do diácono. A casa de Deus nunca deve ter o foco em si mesma, mas no evangelho, o qual ensina a encarnação, justificação, pregação, e glorifcação de Cristo (3:16; veja 1 Coríntios 15:1-4).

Perguntas para mais estudo:
É possível ser um "servo" sem ser um diácono? (3:8-13; Marcos 10:42-45)
É possível ser um diácono solteiro? Ser diácono sem filhos?(3:11-12)
Qual deve ser o foco da igreja? (3:14-16)
1 Timóteo 4:1-16
"Torna-te Padrão dos Fiéis"
Alguns se afastarão da fé (4:1-5). Quando o apóstolo Paulo partiu da Ásia pela última vez, ele severamente avisou os presbíteros de Éfeso sobre "lobos vorazes" e "homens falando coisas pervertidas" que se levantariam no meio deles (veja Atos 20:17, 29-30). Na sua carta enviada a Timóteo em Éfeso (veja 1:3), Paulo novamente avisa pelo Espírito que "alguns apostatarão da fé" (4:1). Este desvio da fé seria o resultado de obediência a "espíritos enganadores e a ensinos de demônios" (4:1). Pessoas encantadas pelas mentiras de falsa doutrina agem contra a sua própria consciência (4:2; veja Romanos 2:14-16) e fazem coisas que os "que conhecem plenamente a verdade" jamais devem fazer (4:3-5; veja os avisos em 2 Tessalonicenses 2:9-12 e 1 João 4:1).

"Ordena e ensina estas coisas" (4:6-11). Para que as pessoas não caiam no erro, é necessário que homens fiéis como Timóteo ensinem cada vez mais "as palavras da fé e da boa doutrina" que eles mesmos praticam (4:6) e que rejeitem as "fábulas profanas" que são as tradições de homens tolos (4:7; veja 1:4). O ensinamento da verdade dará aos homens o que é necessário para a prática espiritual. Assim como é necessário o exercício físico para manter o corpo em boa forma, também é necessário exercitar a alma "na piedade" (4:7). Este exercício espiritual é mais proveitoso do que o físico, pois prepara pessoas para terem a força de lutar e se esforçar na esperança da salvação (4:9-10). Jesus morreu para salvar a todos, conforme a vontade de Deus (veja 2:3-6). Porém, a esperança desta salvação é somente para os fiéis (4:10). Muitos se desviam e perdem a salvação porque não se exercitam na prática da verdade, e assim estão fracos e facilmente enganados quando a falsa doutrina surge (veja Gálatas 1:6-7; Efésios 4:11-14; Hebreus 5:12-14; etc.).

"Torna-te padrão dos fiéis" (4:12-16). Paulo não queria que a juventude de Timóteo impedisse a sua eficácia como pregador da palavra de Deus. Afinal, o que faz de um servo de Cristo um bom ministro não é a sua idade ou formação teológica, e sim a sua fidelidade para com a palavra a ele conferida (4:12-13, 16; veja 1 Coríntios 4:1-4). O servo de Cristo precisa se dedicar diligentemente para mostrar o "padrão" da vida cristã na sua própria vida (4:12) e para exortar e ensinar a outros (4:13-15). Sem dar o esforço necessário para estudar e viver verdadeiramente a palavra do Senhor, muitos que se chamam "ministros" de Deus levam pessoas à destruição eterna (veja Mateus 15:12-14; 23:13-28). O resultado, porém, da prática e do ensino fiel da doutrina de Cristo é a salvação de todos que a obedecem (4:16).

Perguntas para mais estudo:
Proibição de casamento e abstinência de certos alimentos realmente faz parte da doutrina de Cristo? (4:1-5)
Quais são algumas maneiras que alguém pode se exercitar "na piedade"? (4:6-11)
Qual a prova verdadeira de que alguém seja um ministro fiel de Cristo? (4:12-16)
1 Timóteo 5:1-25
Como lidar com vários irmãos
Com os irmãos em geral (5:1-2). O jovem Timóteo precisava manter o relacionamento certo com cada membro da igreja. Ele não foi deixado em Éfeso para dominá-los, mas para exortá-los em amor (veja 1:3-5). Os membros da “casa de Deus” (veja 3:15) devem ser tratados como “pais”, “mães”, “irmãos” e “irmãs” no Senhor. Os idosos merecem respeito, e a conduta do evangelista entre os da mesma idade deve ser temperada com amor e cautela (5:1-2).

Com as viúvas (5:3-16). As viúvas entre os irmãos devem ser “honradas” (5:3). A palavra traz o duplo sentido de “respeito” e “recompensa” financeira (veja 5:4; compare Atos 6:1-2). Enquanto todas as viúvas devem receber “respeito” dos membros como “mães”, nem todas elas se qualificam para receber sustento financeiro da igreja. As seguintes regras determinam as “viúvas verdadeiras” que podem receber essa ajuda:

Não há filhos ou netos para cuidar dela (5:4, 8, 16). É necessário que os filhos tenham cuidado dos pais idosos porque isto é a vontade de Deus e evita que a igreja seja “sobrecarregada”.

Mente espiritual (5:5-6). A viúva verdadeira pensa nas coisas espirituais. O dinheiro da igreja não deve ser usado para sustentar quem vai se entregar aos prazeres da carne.

Idade suficiente (5:9, 11-15). A verdadeira viúva tem pelo menos 60 anos de idade. As mais novas devem casar e ter famílias para não cair nas tentações que vêm com uma vida sem direção.

Caráter provado (5:9-10). O caráter da viúva é provado pela sua fidelidade ao marido e pelas suas boas obras já reconhecidas entre os irmãos.

Com os presbíteros (5:17-19). Os presbíteros que “se afadigam” no seu trabalho com a palavra também merecem “dobrados honorários” pela igreja. Esta honra inclui ambos a possibilidade de um salário (5:17-18), e respeito pelo caráter dele. O trabalho do presbítero de atender pelo rebanho de Deus (veja Atos 20:28-32) o coloca como alvo dos que estão insatisfeitos. Por isso, a “honra” insiste que uma denúncia contra um presbítero seja aceita somente com testemunho incontestável (5:19).

Outros conselhos (5:20-25). Ao lidar com irmãos que “vivem no pecado”, às vezes é necessário repreendê-los publicamente como lição para todos (5:20). Tal ato é muito sério, e não deve ser feito “com parcialidade” ou “precipitadamente”, pois é possível pecar ao repreender alguém por motivos errados ou sem examinar os fatos (5:21-22). É melhor agir com paciência, pois com tempo os pecados se manifestam, assim como boas obras não permanecem escondidas (5:24-25).

Perguntas para mais estudo:
Como os membros da igreja devem ver e tratar um ao outro? (5:1-2)
É a responsabilidade da igreja do Senhor cuidar de todas as viúvas? Quem é o primeiro responsável? Por quê? (5:3-16)
Quais são algumas maneiras que a igreja pode “honrar” um presbítero? (5:17-19)



1 TIMÓTEO 6:1-21
A VERDADEIRA RIQUEZA
Ensino para servos (6:1-2). Deus quer que trabalhemos para suprir as necessidades de nossas famílias e as de outras pessoas (veja 1 Timóteo 5:8; Efésios 4:28). Portanto, a maneira que trabalhamos mostra muito sobre a nossa relação com Deus, pois todo trabalho deve ser feito como ao Senhor, e não como aos homens (veja Efésios 6:5-8; Colossenses 3:22-25). Um trabalho mal feito por um trabalhador preguiçoso ou irresponsável que se chama de "cristão" dá oportunidade para outros falarem mal de Deus e da sua doutrina (6:1).

O bom trabalho beneficia tanto ao trabalhador quanto ao chefe. Por isso, o cristão que trabalha para outro cristão não deve trabalhar menos, esperando levar vantagem ao ser favorecido entre os outros servos. De fato, o amor exige que ele trabalhe ainda mais para que os dois possam compartilhar dos frutos do trabalho que Deus lhes concedeu (6:2).

Caráter dos falsos mestres (6:3-5). Os falsos mestres em Éfeso eram facilmente reconhecidos pela maneira que trabalhavam. Eles não procuravam um bom fruto do seu trabalho para todos, mas ensinavam o que não era da verdade, promoveram discussões em vez de entendimento, e visavam seu dinheiro como o único fim de seu trabalho.

Os perigos da riqueza (6:6-16). Muitos hoje apelam a Deus em busca de bens materiais. Porém, Paulo exorta que o cristão se contente ao ter as necessidades básicas supridas (6:8; veja Filipenses 4:10-13). A procura da riqueza traz somente tristeza e tropeços na vida de quem quer servir a Deus, pois vem de um coração enraizado no mundo e não no Senhor (6:9-10; veja Colossenses 3:1-2). De fato, o servo de Deus não deve procurar a riqueza, porque tal procura é vã e gasta tempo que deve ser usado na busca da piedade e da vida eterna (6:11-16; veja também Mateus 6:24-34).

A verdadeira riqueza (6:17-19). Mesmo sem buscar a riqueza, alguns cristãos terão muitos bens materiais. Para estes é necessário lembrar que tudo é dado por Deus, e que se deve confiar nele e não na própria riqueza, que é passageira (6:17). De fato, a riqueza verdadeira consiste na prática da vontade de Deus, usando as dádivas dele para fazer o bem a outros. Tal serviço preparará o tesouro real para a vida verdadeira após esta (6:18-19).

Exortações finais (6:20-21). Para ajudar os irmãos efésios, Timóteo precisava "guardar" a verdade do evangelho (6:20; veja 1:18-19; 3:14-15; 4:6, 11, 16). As discussões e contradições na sabedoria da palavra dos outros somente iriam desviar pessoas da fé, porém a palavra de Deus que Timóteo falava traria a graça do Senhor para todos (6:21).

Perguntas para mais estudo:
 Por quê é importante a maneira em que trabalhamos? (6:1-5)
 É a vontade de Deus que busquemos muitos bens materiais? (6:6-16) Qual o perigo do desejo de ficar rico? (6:9-10)
 É pecado ser rico? Como deve o rico visar o que Deus o concedeu? (6:17-19).

2 TIMÓTEO 1:1-18
"REAVIVES O DOM DE DEUS"

Na sua primeira carta a Timóteo, Paulo falou muito do trabalho que Timóteo teria que fazer entre os efésios (veja 1 Timóteo 1:3,18; 3:14-15; 4:6,11; 5:21; 6:11-16,20). Nesta segunda carta, porém, ele focaliza mais no próprio Timóteo, exortando-o a não desfalecer no serviço do Senhor para o qual ele foi chamado (veja 2 Timóteo 1:6,8; 2:1,8; 3:14; 4:1-2). Para animá-lo, o apóstolo lembra Timóteo das seguintes coisas:

A fé verdadeira (1:1-5). A fé do apóstolo Paulo se manifesta em duas maneiras. Primeiro, ele está cumprindo seu apostolado "de conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus" (1:1). Convencido das promessas de Deus em Cristo, ele mesmo acreditou no evangelho e agora ensina para convencer outros (veja Atos 26:13-20). Segundo, por causa da sua confiança em Deus e seu amor para seu "amado filho" (1:2), Paulo ora "noite e dia" a favor de Timóteo (1:3).

A fé de Timóteo também se manifesta verdadeira. Mesmo tendo um pai incrédulo (veja Atos 16:1), Timóteo escolheu servir a Deus, convencido pela instrução e exemplos da sua avó e sua mãe (1:5). Sua fé era tal que os irmãos de Listra e Icônio a notaram e davam bom testemunho dele (veja Atos 16:2). Até o próprio apóstolo Paulo disse: "estou ansioso por ver-te, para que eu transborde de alegria pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento" (1:4-5).

Se Paulo não desfaleceu, mas continuava sua missão confiando em Deus mesmo dentro da prisão (veja 1:8,16), Timóteo deveria continuar seu trabalho com esta mesma confiança no seu estado livre.

"Dons" de Deus (1:6-14). Timóteo recebeu um dom espiritual pela imposição das mãos do apóstolo Paulo (veja Atos 8:18), e precisa usá-lo sem medo e de acordo com o poder, amor e moderação de Deus (1:6-7).

Além deste dom espiritual, Paulo lembra Timóteo de um outro "dom" que recebeu - o chamado na graça de Deus para sofrer junto com Paulo no ensino das "sãs palavras" que manifestam a todos a vida e imortalidade (1:8-14; veja Atos 5:40-42). Sofrer por fazer o bem é um dom de Deus que faz o servo fiel crescer (veja Hebreus 12:4-13; Tiago 1:2-4).

Exemplos dos outros (1:15-18). Mesmo quando muitos deixaram de atender a Paulo na prisão, Onesíforo se esforçou sozinho, além do que se esperava (1:15-17). Servindo Paulo, Onesíforo estava servindo Cristo (veja Mateus 25:37-40). O exemplo de Onesíforo iria encorajar Timóteo a ficar firme no seu serviço a Cristo, mesmo se estivesse sofrendo sozinho, ciente de que o galardão virá da parte do Senhor "naquele Dia" (1:18).

Perguntas para mais estudo:
 Como a fé de Paulo e de Timóteo se manifestou? (1:1-5)
 Como é sofrimento um dom de Deus? (1:6-14)
 O que podemos aprender sobre o serviço cristão pelo exemplo de Onesíforo? (1:15-18)




2 TIMÓTEO 2:1-26
O OBREIRO APROVADO DE DEUS

Tendo encorajado Timóteo a continuar no seu serviço de evangelista (veja 2 Timóteo 1:6-8,13-14), Paulo agora o exorta a encarar os sofrimentos deste trabalho, desenvolvendo as seguintes características do ministro fiel:

Mestre da palavra (2:1-2). Em sofrimento, o servo de Deus deve procurar força na graça de Deus, e não em sua própria capacidade ou sabedoria (2:1; veja Hebreus 12:28; Tito 2:11-14; 2 Coríntios 12:7-10). Assim fortificado, é necessário que o servo ensine a palavra da graça de Cristo para outros (2:2; veja Atos 20:32). Nisto notemos duas coisas importantíssimas:

É a vontade de Deus que a mesma palavra se passe de uma geração para outra. Paulo disse, "o que da minha parte ouviste...isso mesmo transmite a homens...para instruir a outros" (2:2). Deus não quer que novas gerações ensinem coisas novas (veja Gálatas 1:8).

O que é preciso em quem vai ensinar a palavra é fidelidade, e não eloqüência ou sabedoria própria (veja 1 Coríntios 4:1-2). Quem se fortifica na graça de Deus e não no orgulho de homens ensinará apenas a palavra de Deus.

Soldado, atleta, lavrador (2:3-13). O servo do Senhor precisa ser bem treinado e disciplinado para que possa alcançar os alvos de Deus. Como soldado, terá que sacrificar certos confortos e seus próprios desejos para conquistar o objetivo do seu capitão. Como atleta, terá de seguir regras, sacrificando a sua liberdade para receber o prêmio. Como lavrador, terá que trabalhar duro com muita paciência, para depois receber o fruto (2:3-7).

Jesus e Paulo são exemplos perfeitos. Eles sofreram em servir a Deus, confiantes que ele dê a cada um de acordo com as suas obras (2:8-13; veja 2 Coríntios 5:9-10).

Obreiro diligente (2:14-19). Enquanto muitos no mundo religioso se enrolam com questões de doutrinas de igrejas e teologia humana, o servo de Deus precisa se afadigar no estudo da palavra da verdade (2:15). Quem busca contendas de doutrinas e segue toda idéia nova gasta seu tempo e corrompe outros com sua falta de confiança na simples palavra de Deus (2:14,16-19; veja Marcos 12:24,27; Efésios 4:11-14).

Vaso santificado e disciplinado (2:20-26). O servo de Deus deve disciplinar a sua própria vida, fugindo das coisas que não convêm, e seguindo as que o tornam útil para serviço na casa de Deus (2:20-23). Com a sua própria vida em ordem, o servo então deve exortar a outros, lhes ensinando a pura palavra de Deus com a esperança de que sejam convencidos a se arrepender e parar de servir o diabo (2:24-26).

Perguntas para mais estudo:
Para ensinar a palavra de Deus, é mais importante ser teólogo ou ser fiel? (2:1-2)
De que maneira o servo de Deus é como um soldado, atleta, e lavrador? (2:3-13)
Qual a nossa responsabilidade perante a "palavra da verdade"? (2:14-26)

2 TIMÓTEO 3:1-17
SOBREVIRÃO TEMPOS DIFÍCEIS
Ao preparar os apóstolos para pregar o evangelho, Jesus nunca deixou de avisá-los das dificuldades e perigos que fariam parte deste trabalho (veja Mateus 10:16-23). Assim, Paulo também advertiu a Timóteo, a fim de prepará-lo para lidar com os tem-pos difíceis que certamente chegariam (3:1).

A fonte das dificuldades (3:2-9). O cristão é cidadão do céu (veja Filipenses 3:20) mas vive no mundo, um território hostil governado pelo "deus deste século" (veja João 17:14-18; 2 Coríntios 4:3-4). Timóteo teria que lidar com homens que rejeitaram a verdade de Deus para seguirem os desejos deste mundo. Paulo faz uma lista de seus atributos, destacando seu egoísmo e seu "amor" para tudo aquilo que é contra a vontade de Deus (3:2-4).

Tais homens complicam a vida do servo fiel, pois não somente fazem o errado como também encorajam outros a rejeitarem a verdade. Até parecendo ser espirituais, eles levam sua falsidade às casas dos mais fracos e daqueles que não conseguem distinguir a verdade da mentira (3:5-7).

As maneiras e métodos destes homens não são uma novidade: até mesmo Moisés foi desafiado por homens que agiram assim (3:8-9; veja 2 Pedro 2:5-8; Judas 14-16).

Os piedosos serão perseguidos (3:10-13). Em forte contraste com estes homens infiéis, há o exemplo do apóstolo Paulo. Desde o momento em que Timóteo se converteu, testemunhou a vida do apóstolo, vendo a maneira dele ensinar e viver em verdadeira piedade. Timóteo viu a firmeza de Paulo mesmo no meio de muitas tribulações. A vida de Paulo não era fácil, mas sua plena confiança no Senhor o livrou do desespero (3:10-11; veja Atos 13:14-14:22). Paulo sabia que as aparências deste mundo frequentemente enganam, pois o servo fiel sofrerá perseguição enquanto os ímpios parecem "prosperar" (3:12-13; veja Salmos 73; 94). Porém, a confiança do servo fiel deveria ser no Senhor e não nas aparências deste mundo.

Firmeza pela palavra (3:14-17). Mais importante ainda do que o bom exemplo de Paulo, Timóteo teve à sua disposição a coisa mais útil na luta contra a corrupção dos homens. Mesmo antes de conhecer o apóstolo, Timóteo havia aprendido a confiar nas "sagradas letras" de Deus (3:14-15). A palavra inspirada do Senhor foi feita justamente para preparar os seus servos. Instruindo e corrigindo, ela dá ao homem tudo que ele precisa para fazer "toda boa obra" de Deus (3:16-17). O servo fiel, inteirado e confiante na palavra do Senhor, terá toda a preparação necessária para lidar com qualquer dificuldade deste mundo.

Tempos difíceis certamente sobrevirão. É preciso hoje homens como Paulo e Timóteo, que confiam plenamente na palavra, e que têm a coragem de ensiná-la em verdade, temendo mais a Deus do que aos homens (veja Mateus 10:28).

Perguntas para mais estudo:
Por que haverá tempos difíceis para o cristão? (3:1-9)
Deus promete ao cristão uma vida fácil e sem tribulações aqui na terra? (3:10-13)
O que é preciso para que o homem de Deus seja "perfeitamente habilitado" para as obras do Senhor? (3:14-17)


2 TIMÓTEO 4:1-22
PREGA A PALAVRA
Cumpre o ministério (4:1-8). Nestas cartas para Timóteo, Paulo tem enfatizado a importância da pregação da sã doutrina (veja 1 Timóteo 1:3-7, 18-20; 4:1-3; 6:3-5; 2 Timóteo 1:13; 3:1-9). Este serviço é para Deus e não para homens, pois Deus é quem julgará a todos (4:1). Portanto, observemos algumas considerações importantes do trabalho de evangelista:

"Prega a palavra" (4:2): deve-se pregar a palavra de Deus, e não as ideias dos homens. Somente a palavra de Deus é suficiente para corrigir, repreender, e exortar pessoas para salvação (veja 2 Timóteo 3:16-17).

"Quer seja oportuno, quer não" (4:2): por causa da certeza do julgamento de Deus, ser pregador do evangelho da salvação é um trabalho de urgência (veja Atos 17:30-31). Portanto, o evangelista deve pregar a palavra em todo lugar e sob todas as condições.

"Pois...não suportarão a sã doutrina" (4:3-5): é necessário sempre pregar a verdade do evangelho justamente porque muitos não a pregam. Alguns procuram atualizar o evangelho para que este seja mais agradável aos ouvintes. A Bíblia, porém, ensina que a palavra de Cristo julgará a todos no último dia (veja João 12:48), e que qualquer mudança trará somente a condenação (2 João 8-11).

A vida de Paulo é um exemplo notável deste trabalho. Encarando a certeza de sua morte (4:6), ele reflete com confiança sobre seu serviço ao Senhor. Combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé, exatamente como ensinou Timóteo a fazer (4:7; veja 1 Timóteo 1:18; 2 Timóteo 2:3-7; 1:13-14). Todos aqueles que amam a vinda de Cristo estarão se preparando e preparando outros, com a pregação do evangelho puro, para que possam receber o galardão de Deus (4:8).

Considerações finais (4:9-22). Paulo mostra seu desejo de ver Timóteo e diz que todos, exceto Lucas, foram embora (4:9-11, 21). Alguns foram pregar em outros lugares (4:10-12). Outros abandonaram Paulo na sua hora de aflição (4:10,16). Antes, Paulo chamou Demas de "cooperador" (Filemom,24), mas agora, vê que os interesses dele são do "presente século" e não das coisas do Senhor (veja 2 Timóteo 2:4). Alexandre resistiu fortemente à palavra que Paulo pregava (4:14-15). Mesmo assim, Paulo não desfaleceu, porque o Senhor permaneceu fiel (4:17-18). Se o nosso foco for o Senhor e a sua palavra, o trabalho do evangelho sempre continuará.

A carta termina com a tradicional troca de saudações entre irmãos fiéis (4:19-21), e com os desejos de Paulo pela graça e a presença do Senhor para com Timóteo (4:22). O amor do Senhor e dos servos fiéis deve motivar o evangelista a pregar para que outros possam se converter a Deus.

Perguntas para mais estudo:
Por que há tanta necessidade de pregar a verdade de Deus? (4:1-5)
Quem é que pode receber "a coroa da justiça"? (4:5-8)
Quem ficou fiel a Paulo, mesmo quando todos o abandonaram? Qual o resultado disso? (4:9-22)

O LIVRO DE TITO
Tito 1:1-16 Presbíteros: Protetores da Congregação
Tito 2:1-15 Vivendo por Sã Doutrina
Tito 3:1-15 Obreiros do Bem, Salvos pela Graça



ESTUDO TEXTUAL: TITO 1:1-16
PRESBÍTEROS: PROTETORES DA CONGREGAÇÃO
A esperança de vida eterna do cristão é certa! No começo de sua carta ao seu filho espiritual Tito, Paulo afirmou que ele labutava na esperança de vida eterna (1:2). Ele estava contando com a promessa de Deus feita antes do mundo começar.  Essa promessa é certa porque é incompatível com a natureza justa de Deus mentir. Paulo identificou tanto sua posição como seu ministério. Ele era um apóstolo, mas demonstrou sua humildade, descrevendo-se como um servo (1:1). Estava confiada a Paulo a pregação da mensagem divina que espalharia a fé e o conhecimento de Deus (1:1-3).
Paulo tinha deixado Tito na ilha de Creta com instruções para que pusesse em ordem certas coisas naquelas igrejas. Explicitamente, Tito tinha que completar a indicação de presbíteros nessas igrejas (1:5). Paulo relacionou as qualificações de presbíteros para que Tito pudesse ajudar os cristãos dessas congregações a escolher homens capazes de fazerem este trabalho. Os presbíteros também eram chamados “bispos” e lhes era designado o trabalho de pastorear o rebanho de Deus (compare com 1:5-7 e Atos 20:17,28). Podemos concluir que um presbítero é um pastor!
As qualificações relacionadas (1:6-9) indicam claramente que um presbítero precisa ser homem casado e com filhos cristãos. Precisa ser instruído na palavra de Deus e maduro espiritualmente, tendo aplicado essa instrução em sua própria vida. Precisa ser capaz de usar seu entendimento da palavra de Deus tanto para exortar como para corrigir outros (1:9).
Mestres competentes tais como presbíteros eram necessários para reprovar muitos falsos mestres que, em seu desejo de ganho financeiro, estavam desencaminhando famílias inteiras (1:10-11). Paulo citou um dos escritores cretenses, observando que sua descrição desprimorosa dos cretenses era perfeita (1:12-13)! Paulo mandou que Tito reprovasse rispidamente aqueles cretenses que estavam ensinando fábulas judaicas e mandamentos dos homens (1:13-14). E ainda descreveu esses homens, observando como que eles achavam o mal em tudo porque suas mentes e consciências estavam contaminadas (1:15). Ainda que declarassem estar em comunhão com Deus, eles O negavam pelas suas obras e, como resultado, eram abomináveis, desobedientes e desqualificados para qualquer boa obra (1:16).
Perguntas para Estudar:
1. Qual era o ministério de Paulo como apóstolo?
2. Um presbítero também é um pastor?
3. Uma mulher pode servir como presbítero?
4. Qual deveria ser nossa atitude para com aqueles que ensinam mandamentos dos homens?
5. Um homem está realmente em comunhão com Deus somente porque faz tal declaração?

ESTUDO TEXTUAL: TITO 2:1-15
VIVENDO POR SÃ DOUTRINA
Paulo instruiu Tito, no capítulo um, a auxiliar as igrejas da ilha de Creta a identificar e escolher presbíteros. Uma das responsabilidades de tais homens seria confrontar indivíduos que estavam desencaminhando outros pelos seus ensinamentos de fábulas judaizantes e mandamentos dos homens. Enquanto essas pessoas professavam que “conheciam” Deus, elas negavam sua própria afirmação por sua desobediência (1:10-16). Agora, no capítulo 2, Paulo ordena a Tito que ensine, em contraste, como as pessoas devem comportar-se. Ele se refere a este tipo de ensinamento como “sã doutrina” porque, se seguida, ela levará os cristãos a manterem a saúde espiritual.
Paulo aborda a conduta e as responsabilidades dos cristãos nas bases de idade, sexo e emprego. Primeiro, ele descreve o papel dos mais velhos, e então das mais velhas (2:2-3). Ele esmiuça as responsabilidades das mulheres mais jovens observando que as mulheres mais velhas deveriam ensiná-las (2:4-5). A seguir, ele passa aos moços em geral no versículo 6 e a Tito especialmente no versículo 7. Finalmente, ele conclui esta parte descrevendo a conduta apropriada dos servos (2:9-10). Ainda que suas instruções dadas a um grupo obviamente não sejam totalmente diferentes daquelas dadas a outro grupo, Paulo aborda necessidades específicas e tentações dos vários grupos (por exemplo, roubo entre servos, falta de submissão entre viúvas, integridade entre jovens; 2:5,7,10).
Um motivo forte para se comportarem de acordo com a sã doutrina era evitar qualquer ocasião para os incrédulos acusarem os discípulos de impiedade (2:5, 8). Em vez de fazerem com que a palavra de Deus fosse difamada pela conduta pecaminosa, os cristãos poderiam “adornar” a doutrina de Cristo através de sua obediência (2:10).
Paulo continua observando em geral por que os cristãos deveriam viver de acordo com a sã doutrina (2:11-14). Deus demonstrou sua graça para com a humanidade enviando seu Filho para morrer na cruz. Jesus morreu para redimir os homens de sua iniqüidade, assim provendo para ele próprio um povo especial purificado e zeloso das boas obras (veja Efésios 5:25-27). A mensagem do evangelho é que podemos tornar-nos parte deste povo especial se quisermos deixar a impiedade e as paixões pecaminosas do mundo e viver de acordo com a sã doutrina.
Perguntas para Estudar:
1. Como Paulo descreveu a doutrina que Tito deveria ensinar (2:1)?
2. A quem as mulher mais velhas deveriam ensinar?
3. De acordo com 2:14, porque Jesus deu sua vida na cruz?
4. Qual deveria ser a atitude do povo de Deus para com as boas obras?

ESTUDO TEXTUAL: TITO 3:1-15
OBREIROS DO BEM, SALVOS PELA GRAÇA
O apóstolo Paulo nos lembra de nossa conduta passada. “Éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros” (3:3). A bondade e o amor de Deus foi manifestado quando salvou os homens pecadores como Paulo e aqueles com os quais Tito trabalhava. Contudo, esta divina misericórdia tem conseqüências. Deus não salvou os homens para que eles continuassem na sua conduta pecaminosa. Tito é mandado lembrar seus irmãos de que o comporta-mento deles como cristãos precisa ser muito diferente do passado (3:1-2). Observe que a conduta ordenada nestes versículos é diretamente oposta à que é descrita no versículo 3. Ao invés de odiar aos outros ou agir com maldade, os cristãos têm que ser pacíficos e gentis com as pessoas, evitando falar mal delas.
Uma das acusações feitas contra os cristãos nas perseguições romanas do segundo e terceiro séculos era que eles eram desleais ao governo. Esta acusação era feita porque os cristãos não queriam adorar o imperador. Contudo, os cristãos estariam entre os melhores cidadãos em qualquer país, porque se submetiam voluntariamente ao governo, por causa de Cristo (3:1; veja também Romanos 13:1-7).
Ainda que Paulo ressalte a necessidade dos cristãos estarem prontos para fazerem boas obras (veja 1:16; 2:7,14; 3:1,8,14), ele não quer que ninguém pense que sua salvação resultou de suas obras de justiça (3:5). Somos justificados pela graça através da lavagem espiritual cumprida no batismo (3:5; 1 Pedro 3:21; Efésios 1:7; Atos 22:16; Apocalipse 1:5; Romanos 6:3-4). Não merecemos a herança que nos é dada, a vida eterna (3:7).
Enquanto os cristãos precisam buscar boas obras, precisam evitar discussões tolas e contendas que não edificam. Precisam também ser cuidadosos com os irmãos facciosos. Estes indivíduos devem ser admoestados uma e duas vezes e, se não se arrependerem, os irmãos devem evitá-los (3:9-11).
Paulo termina sua carta a Tito com alguns pedidos pessoais referentes aos seus companheiros no trabalho. Ele pede a Tito para ir encontrá-lo em Nicópolis, onde ele passaria o inverno. Mesmo nestas recomendações finais, ele salienta a importância das boas obras (3:14).
Perguntas para Estudar:
1. Por que os cristãos são bons cidadãos em qualquer país onde moram?
2. Que tipo de mudança na conduta de uma pessoa precisa ocorrer quando ela é salva?
3. Ainda que os cristãos devam realizar boas obras, serão salvos por elas?
4. O que deve ser feito com um irmão faccioso?
5. Que tipo de “boa obra” Paulo identificou no versículo 14?

FIM

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