FACULDADE
DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS
HOJE
CURSO
LIVRE
TEOLOGIA SISTEMATICA
O
PÓS-MODERNISMO E O NEOPENTECOSTALISMO MATERIALISTA
INTRODUÇÃO
COMO IDENTIFICAR O NEO-EVANGELICALISMO
Estou
convencido que o Neo-Evangelicalismo é um dos maiores perigos com que as
igrejas fundamentalistas em geral e o movimento baptista independente em
particular se defrontam, e para lhe resistir com sucesso é preciso
identificá-lo. Espanta-me o quão comum é que as igrejas fundamentalistas e
baptistas independentes não doutrinem cuidadosamente o seu povo a respeito dos
perigos do Neo-Evangelicalismo, espanta-me o grande número de pastores
fundamentalistas que não identificam cuidadosamente os Neo-Evangélicos
populares e influentes para que os membros das suas igrejas estejam devidamente
informados acerca deste perigo. Em Fevereiro eu preguei na Conferência Bíblica de
Inverno organizada pela Igreja Baptista Independente de Ramsey, estado de
Minnesota, EUA, cujo pastor é Chuck Nichols. Esta conferência de quatro dias
concentrou-se em avisar o povo de Deus em relação aos desafios que eles têm de
enfrentar hoje em dia. Quantas igrejas baptistas independentes há que
organizariam uma conferência destas?
O
Neo-Evangelicalismo não pode ser ignorado, porque os membros das igrejas estão
confrontados com ele por todos os lados, particularmente através de
personalidades na rádio e televisão, através das livrarias cristãs, e através
dos relacionamentos com família e amigos.
O
que se segue são algumas das características do Neo-Evangelicalismo que
permitirão ao crente bíblico identificá-lo e evitá-lo.
1.
O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR REPUDIAR A SEPARAÇÃO
“O
chamamento para um REPÚDIO AO SEPARATISMO... recebeu uma calorosa recepção de
muitos evangélicos... o Neo-Evangelicalismo [é] diferente do fundamentalismo no
seu REPÚDIO AO SEPARATISMO” (Harold J. Ockenga).
***
A primeira das características do Neo-Evangelicalismo é o seu repúdio do
separatismo.
O
Neo-Evangélico não gosta da separação e recusa que esta desempenhe um papel
significativo na sua vida e ministério. Foi isto que Ockenga enfatizou duas
vezes no seu discurso de 1948 no Seminário Fuller.
Os
evangélicos não se separam de denominações que se deixaram infiltrar com
modernismo, tais como a Igreja Metodista Unida, a Igreja Presbiteriana dos EUA,
a Convenção Baptista Americana, a Convenção Baptista do Sul (EUA), a Igreja
Anglicana. A coluna [em jornais] de religião de Billy Graham deu o seguinte
conselho a um casal católico romano que estava desiludidos com a sua igreja e
estava a pensar deixá-la: “Não deixem a igreja. Fiquem... ajudem a vossa
igreja” (Sun Telegram, 06/01/1973).
***
Os evangélicos praticam o evangelismo ecumênico
Billy
Graham tem trabalhado lado a lado com católicos romanos e modernistas
teológicos desde a década de 50, e no entanto ele é exaltado e louvado pelo
mundo evangélico.
A
campanha de Nova Iorque de Billy Graham em 1957 foi patrocinada pelo liberal
Concílio Protestante e apresentou eminentes modernistas teológicos. Num jantar
preparatório organizado no Outono anterior (17 de Setembro de 1956) no Hotel
Commodore em Nova Iorque, Graham disse que queria que judeus, católicos e
protestantes assistissem às suas reuniões e depois voltassem para as suas
próprias igrejas. Esta declaração foi confirmada pela edição de 18 de Setembro
do jornal “New York Evening Journal. A campanha de Nova Iorque foi o
catalizador da ruptura emtre Graham e fundamentalistas tais como Bob Jones
Sênior e John R. Rice do jornal “The Sword of The Lord”.
A
organização de Graham e as igrejas cooperantes na campanha de 1957 em São
Francisco nomearam o Dr. Charles Farrah para dar apoio aos “convertidos” e para
elaborar relatórios sobre o assunto. As suas conclusões foram publicadas a 16
de Dezembro. De acordo com o jornal “Oakland Tribune”, dos cerca de 1300
católicos que foram à frente, PRATICAMENTE TODOS PERMANECERAM CATÓLICOS,
CONTINUARAM A ORAR A MARIA, IR À MISSA, E A CONFESSAREM-SE A UM PADRE (Oakland
Tribune, quarta-feira, 17 de Dezembro de 1958).
Graham
tem-se afiliado e apoiado centenas de modernistas convictos e líderes católicos
romanos. Na campanha de Nova Iorque de 1957, Graham passou dez minutos num
elogio ao Dr. Jesse Baird, um liberal e apóstata bem conhecido, chamando-o de
grande servo de Cristo. Na campanha de São Francisco de 1957, Graham honrou o
bispo episcopal James Pike, que havia declaradamente negado a divindade de
Jesus Cristo, negado o seu nascimento virginal, negado milagres, e negado a
ressurreição corporal [de Cristo]. O bispo metodista Gerald Kennedy foi o
organizador da campanha de 1963 em Los Angeles, e Graham chamou-o “um dos dez
maiores pregadores cristãos da América,” mesmo tendo ele negado praticamente
todas as doutrinas da fé cristã. No primeiro domingo dessa campanha, Graham
passou vários minutos a elogiar o modernista E. Stanley Jones, chamando-o de
“meu bom amigo e conselheiro de confiança.” A autobiografia de Graham de 1997
está cheia de referências à sua amizade com apóstatas.
A
prática do evangelismo ecumênico espalhou-se pelo evangelicalismo. Bill Bright,
líder da organização Campus Cruzade, Luís Palau, e outros evangélicos de renome
têm caminhado nos passos de Graham no evangelismo ecumênico. Ao fazer a
reportagem da campanha Amesterdão ’86, o repórter Dennis Costella perguntou a
Luís Palau se ele iria cooperar com católicos romanos. Palau respondeu que sim
e admitiu que era algo que já estava a ser feito.
Mesmo
os mais conservadores dos Baptistas da Convenção do Sul (EUA) apoiam o
evangelismo ecumênico de Graham. O Seminário Teológico Baptista do Sul tem uma
disciplina chamada Vida e Testemunho Cristão, que ensina aos estudantes técnicas
de aconselhamento em campanhas de evangelização. A 3 de Maio de 2001, o jornal
Baptist Press publicou um artigo intitulado “Centenas de Estudantes do Sul
Preparam-se Para Campanha de Graham.” R. Albert Mohler, Jr., presidente do
Seminário do Sul e uma voz de destaque na ala conservadora da Convenção
Baptista do Sul, prestou serviço como organizador da campanha de Graham. Ele
disse ao Baptist Press, “Jamais uma outra coisa juntou o tipo de inclusividade
étnica, racial e denominacional como a que está representada nesta campanha;
nada na minha experiência e nada na história recente de Louisville alguma vez
juntou um grupo como este de cristãos empenhados num único propósito.” O
Seminário do Sul alberga orgulhosamente a "Escola de Missões, Evangelismo
e Crescimento" da Igreja Billy Graham. Dizer que todos os participantes
nas campanhas de evangelicalismo inclusivas de Billy Graham são “cristãos
empenhados” é recusar aplicar padrões doutrinários críticos.
***
Os Evangélicos citam heréticos sem qualquer aviso para os seus leitores
Considere,
por exemplo, o bem conhecido escritor e conferencista evangélico Warren
Wiersbe. A sua prática de citar modernistas praticantes sem qualquer aviso foi
descrita por Jerry Huffman, editor do jornal Calvary Contender: “Num painel de
discussão na conferência bíblica de 1987 do Tenessee Temple, Wiersbe expressou
satisfação que Malcolm Muggeridge – um católico romano liberal – tenha apoiado
uma das suas posições. Num artigo do jornal Moody Monthly de Dezembro de 1977,
Wiersbe apoiou obras de autores liberais como Thielicke, Buttrick e
Kennedy. Mais recentemente ele
louvou os livros de outros liberais tal como Barclay, Trueblood, e Sockman”
(Calvary Contender, 15 de Julho de 1987).
Considere
também Rick Warren do ministério Purpose Driven Church (Igreja Guiada por
Propósito). Ao manter a sua filosofia de “não julgarás”, Warren cita de forma
não crítica uma grande variedade de heréticos teológicos, especialmente
católicos romanos tais como Madre Teresa, Irmão Lawrence (um monge carmelita),
John Main (um monge beneditino), Madame Guyon, John of the Cross, e Henri
Nouwen. Warren não avisa os seus leitores que estes são perigosos falsos
mestres que se mantêm num falso evangelho e adoram um falso cristo. Madre Teresa e Nouwen são
universalistas que acreditavam que o homem pode-se salvar sem uma fé pessoal em
Jesus Cristo.
Um
outro exemplo disto é Chuck Swindoll, que dedicou um número completo da sua
publicação Insights for Living (Abril de 1988) à promoção acrítica do neo-ortodoxo
alemão Dietrich Bonhoeffer. Swindoll chama a Bonhoeffer “um santo destinado ao
céu.” Mas este “santo” promoveu a “desmitologização” e a colocação em dúvida
das Escrituras. Cornelius Van Til documentou a perigosa teologia de Bonhoeffer
no jornal The Great Debate Today.
O
QUE DIZ A BÍBLIA:
A
separação não é uma parte opcional do cristianismo; é um mandamento (Rom.
16:17-18; II Co. 6:14-17; I Tim. 6:5; II Tim. 2:16-18; 3:5; Tito 3:10; II Jo.
7-11: Ap. 18:4). A separação não é feita com espírito maldoso ou falto em amor;
é obediência a Deus.
É
suposto separarmos-nos mesmo dos irmãos em Cristo que estão a andar em
desobediência (II Tess. 3:6).
A
separação é um muro de proteção contra os perigos espirituais. A não separação
do erro deixa-nos abertos à influência do erro (I Co. 15:33). A razão pela qual
o agricultor separa os vegetais das ervas daninhas e parasitas, e a razão pela
qual o pastor separa as ovelhas dos lobos, é para os proteger. Da mesma forma,
um pregador fiel e piedoso irá procurar separar o seu rebanho dos perigos
espirituais que são ainda mais destrutivos do que insetos e lobos.
2.
O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UM AMOR AO POSITIVISMO; REPÚDIO PELOS
ASPECTOS MAIS NEGATIVOS DO CRISTIANISMO BÍBLICO; UMA FILOSOFIA DO “NÃO
JULGAREIS”; UMA ANTIPATIA PELA CONTROVÉRSIA DOUTRINÁRIA.
“A
estratégia do Neo-evangelicalismo é a proclamação positiva da verdade em
oposição a qualquer erro, sem se deter em personalidades que abraçam o erro.
... Em lugar do ataque ao erro, os neo-evangélicos proclamam as grandes
doutrinas históricas do cristianismo” (Harold Ockenga).
O
maior perigo do Neo-evangelicalismo não é o erro que é pregado, mas, [sim,] a
verdade que é negligenciada.
O
Neo-evangélico afunila a sua mensagem, concentrando-se apenas numa porção de
todo o conselho de Deus (Atos 20:27).
Isto
significa que muito do que o Neo-evangélico prega e escreve é bíblico e
espiritualmente benéfico. O Neo-evangélico irá dizer muitas coisas boas sobre a
salvação, vida cristã, amor pelo Senhor, casamento, educação de crianças,
santificação, a divindade de Cristo, mesmo acerca da infalibilidade das
Escrituras. Por exemplo, quando Ravi Zacharias pregou na Crystal Cathedral de
Robert Schuller em Abril de 2004,
a sua mensagem foi, em larga medida, uma benção. (Li uma
versão online desta.) Ele pregou sobre coisas tais como o amor por Jesus [a ser
demonstrado] na [nossa] caminhada cristã, e um casamento no Senhor. O problema
não foi o que ele disse, mas o que ele não disse e o contexto em que foi dito.
Ele falhou em avisar acerca da heresia do amor-próprio de Schuller. Ele falhou
em realçar que Schuller usa termos teológicos tradicionais à medida que os
redefine num sentido herético. Ele falhou em reprovar e repreender de uma forma
clara. Ele falhou em não se separar do erro. (De uma forma Neo-evangélica
típica, ele também citou um modernista, J. K. Chesterton, de uma forma não
crítica.)
Um
pregador Neo-evangélico pregará contra o pecado e o erro de uma forma geral,
mas não claramente. Ele irá dizer que se opõe ao erro e à não separação, mas
não o definirá claramente.
(A
única exceção é o que eu chamo de pecados e erros “politicamente carretos” ou
“seguros”, como a homossexualidade e o aborto. O Neo-evangélico irá falar
claramente sobre este tipo de coisa porque fazê-lo é aceitável nos círculos
evangélicos de hoje. Pecados e erros seguros são aqueles acerca dos quais os
pregadores podem avisar sem ofender a maioria dos seus ouvintes habituais.)
Quando são confrontados com pedidos para se pronunciarem claramente sobre o
erro e dizer os nomes de líderes cristãos populares, irá recusar tomar partido
e irá, mais provavelmente, atacar quem o está a pressionar ou irá lançar-se
contra o “fundamentalismo extremo” ou qualquer coisa do gênero.
Billy
Graham é o rei do positivismo e da filosofia do “não julgareis”
A
sua mensagem tem sido descrita como “sólida no centro mas mole no rebordo.” Ele
diz que o seu trabalho é fundamentalmente a pregação do evangelho, que ele não
foi chamado para se envolver em controvérsias doutrinárias.
Em
1966 o jornal “United Church Observer”, órgão oficial da extremamente liberal
"Igreja Unida do Canadá", colocou a Graham uma série de perguntas.
Quando perguntado acerca se achava que Paul Tillich era um falso profeta,
Graham respondeu: “TENHO FEITO QUESTÃO DE NÃO FAZER JUÍZOS DE VALOR SOBRE
OUTROS MEMBROS DO CLERO.” Ele disse a seguir, “A NOSSA ASSOCIAÇÃO EVANGELÍSTICA
NÃO SE PREOCUPA EM FAZER JUÍZOS DE VALOR – FAVORÁVEIS OU ADVERSOS – ACERCA DE
QUALQUER DENOMINAÇÃO EM ESPECIAL. NÃO TENCIONAMOS ENVOLVER-NOS NAS VÁRIAS
DIVISÕES NO SEIO DA IGREJA.”
Isto
é Neo- Evangelicalismo puro. O Neo- Evangélico pregará sobre o erro em termos
gerais, mas raramente o fará clara e especificamente. Quando questionado
directamente por qualquer dos lados, ele tende a se atabalhoar e a esquivar-se.
Ele não é um profeta mas um político religioso. Ninguém é melhor do que Graham
a fazê-lo, mas ele influenciou uma multidão de outros pregadores. É óbvio
perceber porque é que o Sr. Graham tem sido chamado “o Sr. que olha para os
dois lados.” Ele é a favor da Criação e da evolução,é a favor de uma terra recente e de uma terra
antiga, é pró nascimento virginal e contra ele, é pela posição liberal e pela
posição evangélica. Ele é a favor de tudo e, por isso mesmo, contra nada.
A
filosofia do crescimento da igreja é outro bom exemplo. A mensagem tem de ser
não controversa e ser contemporânea. A pregação na igreja Willow Creek cujo
pastor é Bill Hybels é descrita desta forma: “Aqui não há fogo nem enxofre. Não
há pregações de dedo a apontar para a Bíblia (original: Bible-thumping). Apenas
mensagens práticas e espirituosas.”
Considere
esta descrição do guru do crescimento da igreja, C. Peter Wagner: “Wagner não
faz apreciações negativas de ninguém; fez carreira da descoberta do que é bom e
da afirmação disso sem a colocação de perguntas críticas” (Christianity Today,
08/08/1986).
O
QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A ABORDAGEM SÓ- POSITIVISTA:
Os
profetas antigos não eram Neo-Evangélicos de abordagem positiva (i. e., Enoque
em Judas 14-15). Não há nada de Neo-Evangélico nessa mensagem.
O
Senhor Jesus Cristo não era um Neo-Evangélico de abordagem positivista. Ele
pregou mais acerca do inferno do que acerca do Céu (i.e. Marcos 9:42-48) e
repreendeu duramente o erro (Mat. 23). Ele censurou os fariseus por terem
pervertido o caminho da verdade e corrompido o evangelho da graça, chamando-os
de hipócritas, guias cegos, loucos e cegos, serpentes, geração de víboras. E
isso foi apenas numa mensagem!
Também
é óbvio que os apóstolos não eram Neo-Evangélicos de abordagem positivista.
Paulo estava constantemente envolvido em controvérsias doutrinárias e ele foi
brutalmente claro sobre o perigo da heresia. Ele chamou aos falsos mestres de
“cães” e “maus obreiros” (Fil. 3:2). Acerca daqueles que pervertiam o
evangelho, ele disse, “seja anátema” (Gal. 1:8,9). Ele chamou-os de “homens
maus e enganadores” (II Tim. 3:13), “homens corruptos de entendimento e
réprobos quanto à fé” (II Tim. 3:8), “falsos apóstolos, obreiros fraudulentos”
(II Co. 11:13). Ele disse o nome de falsos mestres e chamou aos seus
ensinamentos “falatórios profanos” (II Tim. 2:16,17). Ele avisou acerca de
“filosofias e vãs subtilezas” (Col. 2:8). Ele descreveu claramente os “que com
astúcia enganam fraudulosamente”. Quando Elimas tentou desviar homens da fé que
Paulo havia pregado, Paulo não desperdiçou tempo com diálogo. Ele disse “Ó
filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a
justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (Actos 13:10).
Ele avisou acerca dos falsos mestres que haviam de vir às igrejas e chamou-os
de “lobos cruéis” (Actos 20:29) e aos seus ensinamentos de “coisas perversas”
(Actos 20:30). Aqueles que negavam a ressurreição corporal eram chamados de “insensatos”
(I Co. 15:35-36). Ele avisou acerca de falsos cristos, falsos espíritos, falsos
evangelhos (II Co. 11:1-4). Ele rotulou os falsos ensinamentos de “doutrinas de
demônios” (I Tim. 4:1). Nas Epístolas Pastorais Paulo avisou acerca de falsos
mestres e daqueles que se comprometem com o erro chamando-os pelo nome em 10
ocasiões.
Pedro
era também de palavras claras quando se tratava de heresias. Aos falsos
profetas da sua época e àqueles que ele sabia que viriam no futuro, ele rotulou
as suas heresias de “heresias de perdição” e avisou acerca da sua “repentina
perdição” (I Pe. 2:1). Ele chamou os seus caminhos de “dissoluções”; disse que
as suas palavras eram “fingidas”; e declarou ousadamente que “a sua perdição
não dormita” (II Pe. 2:3). Ele avisou-os acerca do inferno eterno (II Pe.
2:4-9) e chamou-os de “atrevidos” e “obstinados” (II Pe. 2:10). Ele comparou-os
a “animais irracionais, que seguem a natureza, feitos para serem presos e
mortos” (II Pe. 2:12) e expôs o seu engano (II Pe. 2:13).
João,
“o apóstolo do amor,” ocupou-se também de avisar acerca dos anticristos (I João
2:18-19), chamando-os de mentirosos (I Jo. 2:22) e enganadores (I Jo. 2:26; II
Jo. 7); ao dizer que negavam o Filho (I Jo. 2:23) e que não tinham Deus (II Jo.
9). Ele até declarou toda uma série de pronunciamentos exclusivos, tais como,
“Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno” (I Jo. 5:19).
João
até proibiu os crentes de receberem os falsos mestres em suas casas ou de os
saudarem (II Jo. 10-11).
O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE JULGAR:
A
Bíblia requer que julguemos tudo de acordo com o padrão divino (I Tess. 5:21).
Devemos
julgar de acordo com a recta justiça (Jo. 7:24)
Devemos
julgar todas as coisas (I Co. 2:15-16)
Devemos
julgar o pecado na igreja (I Co. 5:3, 12)
Devemos
julgar os negócios entre os irmãos (I Co. 6:5)
Devemos
julgar a pregação (I Co. 14:29)
Devemos
julgar os que pregam falsos evangelhos, falsos cristos, e falsos espíritos (II
Co. 11:1-4).
Devemos
julgar as obras das trevas (Ef. 5:11)
Devemos
julgar os falsos profetas e os falsos apóstolos (II Pe. 2; I Jo. 4:1; Ap. 2:2)
Não
devemos julgar de forma hipócrita (Mat. 7:1-5).
Nesta
passagem, o Senhor Jesus não condena todas as formas de julgamento; Ele condena
que se julgue de forma hipócrita (Mat. 7:5). É evidente, pelo contexto, que Ele
não condena todas as formas de julgamento. No mesmo sermão Ele avisou acerca
dos falsos mestres (Mat. 7:15-17) e falsos irmãos (Mat. 7:21-23). É impossível
acautelarmo-nos de falsos profetas e falsos irmãos sem julgar a doutrina e a
prática comparando-as com a Palavra de Deus. É também evidente que Ele não
condena todas as formas de julgamento ao compararmos diferentes passagens
bíblicas. Já vimos que outras passagens exigem julgamento.
3.
O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE PELA EXALTAÇÃO DO AMOR E DA UNIDADE EM
DETRIMENTO DA DOUTRINA
Billy
Graham disse, “O distintivo do discipulado cristão não é a ortodoxia, mas o
amor” (citado por Ian Murray, Evangelicalism Divided (O evangelicalismo
dividido), pg. 33).
Considere
o exemplo de cristianismo de Baskin-Robbins. Num artigo convidando ao
evangelismo ecumênico, o pastor Ted Haggard (Igreja New Life, Colorado Springs)
comparou as convicções doutrinárias a diferentes sabores de sorvete. “Eu gosto
de todos os tipos de sorvete. Por vezes quero baunilha com caramelo, chantilly,
muita amêndoa e uma cereja. Outras vezes quero sorvete de amêndoa, banana ou
com pedaços de chocolate. Por isso é que eu gosto muito de ir às sorveterias
Baskin-Robbins. Em Colorado Springs, no estado do Colorado, onde eu sou pastor,
temos igrejas de 90 sabores diferentes. (...) Estou a dizer que precisamos
valorizar as interpretações respeitadas das Escrituras que existem em muitas
denominações cristãs. (...) Erigiu algum muro de separação e vedação entre a
sua igreja e a congregação do outra lado da rua? Fez algum julgamento acerca
dela no seu coração ou criticou-a abertamente? Acredito que o Espírito Santo
nos está a chamar para mudarmos os nossos muros de separação e vedações, e
mostramos, a um mundo atento, que estamos unidos” (Ted Haggard, “We Can Win Our
Cities... Together” (Juntos Podemos Ganhar as Nossas Cidades), Charisma, Julho
de 1995).
O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE DOUTRINA:
É
suposto separarmos-nos daqueles que ensinam falsas doutrinas (Rom. 16:17).
Devemos acautelar-nos de todo o vento de falsa doutrina (Ef. 4:14). Não deve
ser permitida qualquer falsa doutrina (I Tim. 1:3). O pregador deve cuidar da
doutrina (I Tim. 4:16).
O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE O AMOR CRISTÃO:
Os
ecumênicos estão confusos sobre a DEFINIÇÃO DE AMOR (Jo. 14:23; Fp. 1:9-10; I
Jo. 5:3).
O
amor bíblico está associado com a obediência a Deus (Jo. 14:23; I Jo. 5:3). O
amor Bíblico é obediência a Deus e à Sua Palavra, não às emoções vãs, não à uma
mente abrangente, não à tolerância bíblica do erro.
O
amor bíblico está associado com a repreensão do pecado e do erro. Jesus, que é
o Amor Incarnado, aparece “olhado para eles em redor com indignação
condoendo-se da dureza do seu coração” (Mc. 3:5) e repreendeu os fariseus asperamente
e mesmo ferozmente (Mt. 23). Jesus chamou a Pedro de Satanás (Mt. 16:23) e
censurou os discípulos pela sua “incredulidade e dureza de coração” (Mc.
16:14). O apóstolo Paulo chamou aos falsos mestres “cães” e “maus obreiros”
(Fp. 3:2). Daqueles que pervertiam o evangelho ele disse, “seja anátema” (Gl.
1:8,9). Ele chamou aos falsos mestres “homens maus e enganadores” (II Tim.
3:13), “homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé” (II Tim. 3:8),
“falsos apóstolos, obreiros fraudulentos” (II Co. 11:13). Ele disse o nome de
falsos mestres e chamou aos seus ensinamentos “falatórios profanos” (II Tim.
2:16,17). Ele avisou acerca de “filosofias e vãs subtilezas” (Col. 2:8). Ele
descreveu claramente os “que com astúcia enganam fraudulosamente”. Quando
Elimas tentou desviar homens da fé que Paulo havia pregado, Paulo não
desperdiçou tempo com diálogo. Ele disse “Ó filho do diabo, cheio de todo o
engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de
perturbar os retos caminhos do Senhor?” (Actos 13:10). Nada disto é contrário
ao amor cristão.
Os
ecumênicos estão também confundidos acerca da DIRECÇÃO DO AMOR. A primeira
direcção do amor deve ser em direcção a Deus (Mt. 22:35-39). Preciso de amar a
Deus o suficiente para tomar uma posição acerca da Sua Palavra, para amar e
temer a Deus mais do que eu amo e temo ao homem.
A
segunda direcção do amor deve ser para com aqueles que estão em perigo
espiritual (“apascenta as minhas ovelhas” Jo. 21:16-17). Preciso amar ovelhas
do Senhor mais do que amo os lobos.
O QUE DIZ A BÍBLIA SOBRE A UNIDADE
CRISTÃ?:
JOÃO
17:21 – O movimento ecumênico moderno pegou em João 17:11 como um dos seus
versículos temáticos, reclamando que a unidade pela qual Cristo orou é uma
unidade ecumênica entre todos que se professam cristãos e que não olha ou
valoriza a doutrina bíblica. O contexto de João 17 destrói este mito.
Em
João 17, Jesus está a referir-se àqueles que são salvos (Jo. 17:3). João 17 não
é uma unidade de verdadeiros crentes regenerados com aqueles que são falsos
crentes [, crentes meramente] nominais.
Em
João 17, Jesus refere-se àqueles que guardam a Sua Palavra; é uma união na
verdade (Jo. 17:6, 17). Não é uma unidade que ignora as diferenças doutrinárias
em favor de uma comunhão alargada. Não é uma ecumênica “unidade na
diversidade”. Em lugar nenhum do Novo Testamento está ensinado que a doutrina
deve ser sacrificada, ou até desvalorizada, em favor da unidade.
Em
João 17, Jesus refere-se àqueles que não são do mundo (Jo. 17:14, 16). Por
contraste, o movimento ecumênico não se separa do mundo. Billy Graham é louvado
pelo mundo e frequentemente votado o homem favorito dos EUA. Em 1989, Graham
recebeu mesmo uma estrela no "Passeio da Fama", de Hollywood! A sua
estrela está junto daquelas que honram Wayne Newton e John Travolta.
O
movimento ecumênico de hoje caracteriza-se por um cristianismo do tipo Rock
& Roll que não acredita numa verdadeira separação do mundo, e o mundo
responde com prêmios em vez de perseguições.
Em
João 17, Jesus refere-se a uma unidade do Espírito, não a uma unidade feita
pelo homem (Jo. 17:1). João 17 é uma oração dirigida a Deus o Pai, não um
mandamento dirigido aos homens.
FILIPENSES
1:27 – Este é um outro versículo que é mal utilizado como uma plataforma para o
movimento ecumênico, mas repare nas seguintes observações a partir do contexto:
A
unidade bíblica dá-se na igreja local. Esta instrução era dirigida à igreja em
Filipos. A verdadeira unidade cristã não é um assunto extra-igreja ou
interdenominacional.
A
unidade bíblica significa ter uma única mente, não “unidade na diversidade.”
Compare Rom. 15:5-6; I Co. 1:10.
A
unidade bíblica requer dedicação total à fé que se professa. A fé do Novo
Testamento não é um grupo de doutrinas separadas, mas é, sim, um corpo de
verdade unificado no qual todas as doutrinas se encaixam. Não existem doutrinas
“secundárias” que possamos ignorar em favor da unidade bíblica. A escolha é
entre “uma comunhão limitada ou uma mensagem limitada.” Se alguém é fiel à fé
do Novo Testamento, é impossível ter uma comunhão alargada, e se alguém é
dedicado a uma comunhão alargada tem de limitar a sua mensagem para algo menos
do que todo o conselho de Deus.
4.
O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA ABORDAGEM PRAGMÁTICA DO MINISTÉRIO
“Queremos
libertar o cristianismo de gozar apenas um lugarzinho nas fronteiras da cultura
dominante e colocá-lo no meio da corrente da vida moderna” (Harold Ockenga).
Pragmatismo
é planear a obtenção de algum objectivo humano traçado, em vez de se ser
simplesmente fiel à Palavra de Deus e deixar que “caiam as faíscas onde tiverem
de cair.” Seguem-se alguns exemplos:
***
Almejar influenciar o mundo para Cristo. É este o objectivo das cruzadas
ecumênicas de Graham. É o objectivo dos artistas de rap e rock cristão. É o
objectivo dos princípios para o crescimento das igrejas. Uma enorme quantidade
de transigências a princípios e de desobediências às Escrituras deve-se ao tipo
de evangelismo dos dias de hoje.
***
Almejar influenciar denominações. Este era um dos objectivos originais do
neo-evangelicalismo. Ockenga disse que ele queria reconquistar a liderança
denominacional. É por isso que os evangélicos dizem que preferem ficar nas
denominações liberais em vez de se separarem delas.
***
Almejar influenciar a nação. É este o objectivo da Maioria Moral de Jerry
Falwell e a sua nova organização chamada de “Faith and Values Coalition”
(Coligação de Fé e Valores). É o objectivo da BBFI (Baptist Bible Fellowship
International ) nas Filipinas e de um novo movimento ecumênico- político na
Austrália liderado pela “Hills Christian Life Centre”, em Sydney.
***
Almejar edificar uma grande igreja. Em 1986, Carl Henry avisou, “a grandeza
numérica está a tornar-se numa epidemia infecciosa” (“Confessions of a Theologian”, pg. 387). Isto explica a
popularidade impressionante de pastores visivelmente bem sucedidos como Bill
Hybels e Rick Warren. Este tipo de pragmatismo também caracterizou um grande
segmento do movimento das igrejas baptistas fundamentalistas. Nos anos 70, o
objectivo foi atingido criando-se uma atmosfera excitante com “dias especiais,”
campanhas promocionais agressivas, grandes ministérios de rotas de autocarros
(ônibus) [trazendo principalmente crianças e idosos, para a igreja], pregação
motivacional vívida mas pobre, e outras coisas do gênero. Isto foi o que me foi
ensinado no Tenessee Temple em meados da década de 70, e foi a prática da
Igreja Baptista Highland Park. Os homens que foram exaltados foram os homens
que haviam erigidos grandes igrejas, homens que eram “bem sucedidos” pelo
padrão dos grandes números.
As
coisas que não se enquadravam no objectivo – tais como forte ensinamento
bíblico, refutação clara do erro que implica a nomeação (chamar pelo nome) dos
falsos mestres influentes, um ênfase na separação eclesiástica – foram omitidas
ou menosprezadas, porque “não faziam a igreja crescer.” Não é uma mudança
dramática sair-se deste tipo de pragmatismo para aquele de Rick Warren ou Bill
Hybels nos anos 90.
O
objectivo continua a ser o mesmo, ou seja, uma igreja grande e números
impressionantes, mas os métodos alteraram-se. Em vez da promoção, usamos a
música de louvor contemporânea e o baixar dos padrões para atrair a multidão.
Em nenhum dos casos o objectivo preeminente é a obediência às Escrituras e o
comprometimento para com todo o conselho de Deus a qualquer custo, quer a
igreja seja grande ou pequena.
O QUE DIZ A BÍBLIA:
Somos
convidados a ter um único objectivo, o de obedecer à Palavra de Deus (Ecl.
12:13).
Devemos
guardar todas as coisas que Cristo mandou (Mat. 28:20).
Devemos
respeitar todo o conselho de Deus (Actos 20:27) e manter a Palavra de Deus “sem
mácula” no que se refere a coisas aparentemente pequenas e inconseqüentes (I
Tim. 6:13-14).
Quando
o rei Saul obedeceu apenas a uma parte de uma ordem de Deus, ele foi
severamente repreendido (I Sam. 15:22-23).
O
que dizer de I Coríntios 9:22 ? As pessoas envolvidas com Rock cristão usam
este versículo para apoiar a sua filosofia de se ser um rapper para alcançar os
rappers e um sem abrigo para se alcançar os sem abrigo. No entanto, quando se
compara a Escritura com Escritura, descobrimos que Paulo não queria dizer nada
disso.
Olhemos
para o contexto imediato e depois para o contexto mais remoto:
Em
I Co. 9:21, por exemplo, Paulo diz, “Para os que estão sem lei, como se
estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de
Cristo), para ganhar os que estão sem lei.”
Portanto,
ele explica que sempre esteve debaixo da lei para Cristo e nunca teve liberdade
para fazer coisas contrárias às Escrituras. Por exemplo, Paulo não usaria
cabelo comprido para poder alcançar os pagãos, porque a lei de Cristo proíbe o
cabelo comprido num homem (I Co. 11:14).
E
em I Co. 9:27 Paulo diz, “Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão,
para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar
reprovado.” Por isso, Paulo sempre foi rigoroso no que dizia respeito ao pecado
e não permitia nada que resultasse na despreocupação espiritual.
E
em Gálatas 5:13 Paulo diz, “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade.
Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos
outros pelo amor.” Portanto, a liberdade de Paulo não era liberdade para servir
à carne. Paulo ensinava que os crentes se devem abster “de toda a aparência do
mal” (I Tess. 5:22). Essa é a mais rigorosa forma de separação, e Paulo nunca
faria algo contrário a isto na sua própria vida ou ministério. “A fé cristã
está no seu ponto mais elevado quando o seu antagonismo para com a descrença é
mais definitivo, quando o seu espírito está alicerçado fora deste mundo, e
quando a sua confiança total não está ‘em sabedoria dos homens, mas no poder de
Deus’ (I Co. 2:5)” (Iain Murray, in “Evangelicalism Divided” (Evangelicalismo
Dividido), 2000, pg. 212).
5.
O NEO- EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UM DESEJO POR RESPEITABILIDADE
INTELECTUAL, PELO ORGULHO DA ERUDIÇÃO.
Billy
Graham, falando na convenção anual da National Association of Evangelicals
(Associação Nacional de Evangélicos) em 1971, disse: “Acredito que a
Christianity Today (publicação) desempenhou um papel muito importante ao dar
aos evangélicos a respeitabilidade e iniciativa intelectuais que eram tão
drasticamente necessária há 29 anos atrás.”
John
R. W. Stott: “Durante mais de 50 anos, tenho insistido que os cristãos
evangélicos autênticos não são fundamentalistas. Os fundamentalistas tendem a
ser anti-intelectuais...” (Stott, in “Essentials: A Liberal-Evangelical
Dialogue” (Essenciais: Um Diálogo Evangélico-Liberal), 1988, pg. 90). Os
evangélicos mais novos da Igreja Anglicana, que foram profundamente
influenciados por John Stott, estão numa “ávida procura por uma teologia
respeitável” (Ian Murray, in “Evangelicalism Divided” (Evangelicalismo
Dividido), 2000, pg. 175).
O QUE DIZ A BÍBLIA:
Deus
avisa acerca do orgulho intelectual (Prov. 11:2; I Co. 1:25-30). A apostasia
começa geralmente entre os intelectuais. Foi isto que levou à queda da
Universidade de Harvard no início do séc. XIX:; no seu zelo pela
respeitabilidade intelectual, trouxeram um Unitariano para dirigir a escola. O
crente bíblico não é anti-intelectual no sentido de ser contrário ao ensino e
educação; mas compreende os perigos existentes no eruditismo humano por causa
da natureza caída do homem; e opõe-se ao eruditismo humanista que está
divorciado e é antagônico à Palavra de Deus.
Repare
na forma como Jesus foi tratado pelos intelectuais religiosos (Jo. 7:15) e
repare no Seu aviso (Lc. 6:26).
Repare
na forma como os apóstolos foram tratados por estes mesmo intelectuais
religiosos (Actos 4:13).
Considere
as exigências para os líderes das igrejas. Deus não exige intelectualismo e
graus de educação superior (I Tim. 3; Tito 1). O povo de Deus é, na sua
maioria, gente comum; [os membros das igrejas] não precisam de intelectualismo;
precisam da simples e prática verdade bíblica (I Co. 1:26-29). A verdade não é
complexa; tem uma simplicidade básica que a mais simples pessoa consegue
compreender (Mat. 11:25). É o diabo que torna as coisas complexas (II Co.
11:3).
Paulo
recusou-se a pregar a verdade de uma forma “intelectual” (I Co. 2:4).
A
verdade é estreita e inaceitável para a pessoa não salva (“estreita é a porta”
Mat. 7:14; Jo. 15:19; I Jo. 4:5-6; 5:19). Nunca pode ser feita aceitável no
mundo presente. Ganhar respeitabilidade intelectual requer uma profunda
transigência espiritual.
A
forma Neo-Evangélica de encarar o eruditismo corrompeu aqueles que o buscavam
(I Co. 15:33). Dez breves anos após seu começo, o neo-evangelicalismo estava
profundamente infiltrado com cepticismo acerca da infalibilidade bíblica.
Há
quarenta anos atrás [nas década de 1930] o termo evangélico representava
aqueles que eram teologicamente ortodoxos e que esgrimiam a inerrância das
Escrituras como um dos seus distintivos... NO ESPAÇO DE MAIS OU MENOS UMA
DÉCADA, O NEO-EVANGELICALISMO... ESTAVA A SER ATACADO DE DENTRO COM CEPTICISMO
CRESCENTE ACERCA DE INFALIBILIDADE OU INERRÂNCIA BÍBLICAS” (Harold Lindsell, in
“The Bible in The Balance” (Colocando a Bíblia em Questão), 1979, pg. 319).
“Em
1962 (ou em torno disso) tornou-se aparente que já haviam alguns, no Seminário
Teológico de Fuller, quer entre os professores como entre os membros do
Conselho Directivo, que já não acreditavam na inerrância da Bíblia.” (Harold
Lindsell, in “The Battle for the Bible” (A Batalha Pela Bíblia), pg. 106). David Hubbard, que se tornou presidente
do seminário em 1963, referia-se jocosamente à doutrina da inerrância das
Escrituras como sendo “a teoria do balão de gás da Bíblia: uma única fuga, e
toda a Bíblia vem abaixo.”
6.
O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA ATITUDE ANTI FUNDAMENTALISTA. NA
PRÁTICA, CONCENTRA-SE MAIS NOS ALEGADOS PROBLEMAS DO FUNDAMENTALISMO DO QUE NOS
ERROS DO MODERNISMO E ROMANISMO E ECUMENISMO.
O
Neo-Evangélico fala do erro dos modernistas teológicos e dos romanistas em
termos gentis. No entanto, fica verdadeiramente agitado quando o assunto se
volta para o fundamentalismo. Ele reserva para o fundamentalista termos
escolhidos tais como legalista, fariseu, obscurantista, odioso, ignorante e
extremista.
Quando
Billy Graham se recordou da fundação da publicação Christianity Today, ele
disse, “Estávamos convencidos que a revista seria inútil se tivesse estampada a
imagem de fundamentalismo extremo” (“In the Beginning: Billy Graham Recounts
the Origins of Christianity Today” (No Princípio: Billy Graham Recorda as
Origens da Christianity Today), Christianity Today, 17 de Julho, 1981).
Repare
na forma como John Stott define o fundamentalismo:
“...
anti-intelectualismo; uma reverência infantil, quase supersticiosa pela KJV
[Versão do Rei Tiago, as Escrituras em inglês, baseada no Textus Receptus]; um
encarceramento cultural; discriminação racial; preocupações políticas de
extrema-direita” (Stott, in Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue
(Essenciais: Um Diálogo Evangélico-Liberal), 1988, pg. 90-91).
Repare
no seguinte exemplo da forma como o Neo-Evangélico olha para as coisas. Depois
de Stephen Olford pregar uma forte mensagem sobre a autoridade das Escrituras,
na Cruzada Amesterdão ’86, Dennis Costella da revista Foundation teve uma
oportunidade de o entrevistar. Costella perguntou, “O senhor enfatizou na sua
mensagem os perigos do liberalismo e a forma como este poderia arruinar o
evangelista e o seu ministério. O que é que esta conferência está a fazer para
instruir o evangelista acerca de como identificar o liberalismo e o liberal
para que, quando voltar a casa possa evitar cair no mesmo?” Olford respondeu:
“Esse
é o espírito errado – evitar o liberal! Gosto muito de estar com liberais,
especialmente se estes estiverem dispostos a ser ensinados, muito mais do que
com fundamentalistas de casca grossa que têm as respostas todas... Os
evangélicos devem buscar a construção de pontes” (Costella, “Amsterdam ’86:
Using Evangelism to Promote Ecumenism” (Amsterdão ’86: Usar o Evangelismo para
Promover o Ecumenismo), Foundation magazine, Jul.-Ag. 1986). Isto é
neo-evangelicalismo puro. Parece ser zeloso da verdade e corajoso relativamente
ao pecado, mas na prática, aponta as suas armas mais destruidoras para os
fundamentalistas.
O QUE DIZ A BÍBLIA:
Mesmo
o mais forte dos crentes é apenas um pecador salvo pela graça (Rom. 7:18).
Guardamos o tesouro em vasos de barro (II Co. 4:7). Todos, incluindo os zelosos
da fé e da separação, são fracos e têm falhas. A posição do crente
relativamente à verdade será sempre imperfeita. Pense em Noé, que se levantou
corajosamente como defensor da justiça na sua geração, mas que também se
embebedou e causou vergonha à sua família. Pense em David, que estimou todos os
preceitos de Deus acerca de todas as coisas como sendo certos e odiava todo o
falso caminho (Sl. 119:128), o que será, sem dúvida, o testemunho de um
fundamentalista, mas que também cometeu adultério e homicídio e numerou
orgulhosamente o povo de Israel. Pense em Pedro, que se levantou pela justiça
na sua geração e era zeloso pela verdade e ousadamente alertou contra heresias
malditas (II Pe. 2), mas que também disse palavrões e negou o Senhor e fez-se
hipócrita (Gal. 2:11-14). Pense em Paulo, que era um tal guerreiro da fé;
certamente poderia ser descrito como sendo um fundamentalista; mas que também
se separou de Barnabé porque causa de um assunto de natureza exclusivamente
pessoal (Actos 15:36-40).
A
espiritualidade e a carnalidade são assuntos pessoais, não de ordem posicional.
Existem Neo-Evangélicos carnais e desagradáveis e fundamentalistas carnais e
desagradáveis. Das centenas de Neo-Evangélicos que me têm escrito ao longo dos
anos, a maioria tem-me tratado sem um mínimo de graça cristã.
Não
é sábio julgar todo um movimento pelas falhas de indivíduos. “É verdade que
alguns fundamentalistas disseram algumas coisas pouco simpáticas, mas os
fundamentalismo não é antipático. É verdade que alguns fundamentalistas tiveram
falta de temperança, mas o fundamentalismo não é um movimento em que 'tudo
vale'. Alguns fundamentalistas podem ter sido vingativos, mas o fundamentalismo
não é vingativo” (Rolland McCune, in “Fundamentalism in the 1980s and 1990s” (O
Fundamentalismo dos anos 80 e 90)).
O
Neo-Evangélicos que tratam os fundamentalistas tão asperamente, não atingem
tais níveis de criticismo relativamente aos verdadeiros hereges. Numa carta
para a “Sword of the Lord” em 27 de Julho de 1956, Chester Tulga, que tinha
frequentemente sido mais atingido pelas línguas viperinas dos Neo-Evangélicos,
“expôs brilhantemente a duplicidade dos evangélicos de ‘condenar o
fundamentalismo através do artifício constrangedor da caricatura’ enquanto
tratavam os liberais ‘muito respeitosamente e objectivamente – sem piadas,
desprezo, sem generalizações que se reflectissem sobre eles de alguma forma’”
(Bob Whitmore, in “The Enigma of Chester Tulga”, 1997).
Os
Neo-Evangélicos julgam constantemente os motivos do fundamentalista. Ele rotula
o fundamentalista como sendo mal intencionado, mal agradecido, movido pelo
medo, invejoso, e com falta de amor, no entanto, é impossível conhecer os
motivos do coração de outra pessoa. Nisto, o Neo-Evangélico é na verdade mais
“julgador” do que o fundamentalista que ele critica.
Correcção
e forte pregação contra o pecado e o erro parecem sempre ser duras e pouco
meigas com os que se recusam arrepender. Vemos isto do princípio ao fim da
Bíblia. Um pregador avisou sabiamente, “Se a pregação bíblica afaga o teu pelo
na direcção errada, então vira o gato ao contrário!”
Israel
queixava-se constantemente dos seus profetas e exigia que estes pregassem
“coisas aprazíveis” (Is. 30:10).
Os
judeus dos dias de Jesus rejeitaram a Sua pregação, dizendo que Ele estava a
pregar um discurso “duro” (Jo. 6:60, 66).
7.
O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE PELA DIVISÃO DA VERDADE BÍBLICA EM
CATEGORIAS 'IMPORTANTE' E 'NÃO IMPORTANTE'
Os
Neo-Evangélicos dividem a doutrina em categorias “cardinais” e “secundárias”, e
as “secundárias” podem ser desprezadas por causa da unidade. Mesmo Ian Murray,
que compreende os erros do neo-evangelicalismo no geral, cai nesta armadilha.
Ao condenar o fundamentalismo na América ele disse, “Na sua tendência de
acrescentar estipulações não fundamentais à crença cristã, o fundamentalismo
tendeu a tornar as fronteiras do reino de Cristo demasiado pequenas” (Ian
Murray, in “Evangelicalism Divided” (O Evangelicalismo Dividido), pg. 298).
O QUE DIZ A BÍBLIA:
Isto
é refutado pelo ensinamento de Cristo. É refutado em Mateus 23:23. Aqui Cristo
ensinou que enquanto nem tudo na Bíblia tem a mesma importância, tudo tem
alguma importância e nada deve ser desprezado ou negligenciado. É refutado em
Mateus 28:20, onde Cristo ensinou que as igrejas devem ensinar TODAS AS COISAS
que Ele tenha ordenado.
Isto
é refutado pelo exemplo e ensinamentos de Paulo. Ele pregou todo o conselho de
Deus (Actos 20:27). Ele ensinou Timóteo a valorizar toda a doutrina e a não
permitir QUALQUER falsa doutrina (I Tim. 1:3). Ele ainda ensinou Timóteo a
guardar toda a doutrina “sem mácula” (I Tim. 6:13-14). As máculas referem-se às
pequenas coisas, às coisas aparentemente insignificantes. O contexto da
instrução de Paulo em I Tim. 6:14 é a epístola que tem como tema a verdade da
igreja (I Tim. 3:15). Nesta epístola encontramos instrução acerca da ordem na
igreja, envolvendo coisas como os princípios pastorais (I Tim. 3), diáconos (I
Tim. 3), o trabalho da mulher na igreja, incluindo a proibição de ensinar e de
ter autoridade sobre homens (I Tim. 2); o cuidado das viúvas (I Tim. 5), e a
disciplina (I Tim. 5). Estes é o tipo de coisas que são habitualmente
desprezadas pelos Neo-Evangélicos.
8.
O NEO-EVANGELICALISMO CARACTERIZA-SE POR UMA PREDOMINANTE EMOÇÃO DE SUAVIDADE,
UM DESEJO POR UM CRISTIANISMO MENOS RIGOROSO, INDISPONIBILIDADE PARA A LUTA,
UMA NEUTRALIDADE QUANTO ÀS BATALHAS ESPIRITUAIS.
O
Neo-Evangelicalismo é uma coisa subtil. No seu interior há uma disposição, uma
atitude, uma tendência, uma direcção.
Em
1958, William Ashbrook escreveu “Evangelicalism: The New Neutralism”
(Evangelicalismo: A Nova Neutralidade), que começava com o seguinte aviso: “Um
dos mais recentes membros do cristianismo é chamado de Neo-Evangelicalismo.
Podia ser melhor caracterizado como NEO-NEUTRALIDADE. Este Neo ‘Evangelicalismo’
expira demasiado orgulho, e está imbuído demasiadamente na cultura do mundo
para [por isso] partilhar a rejeição do fundamentalismo. Tem ainda fé
suficiente e demasiado entendimento da Bíblia para aparecer como modernismo.
PROCURA TERRENO NEUTRO, sendo nem peixe nem carne, nem direita nem esquerda,
nem a favor nem contra – está no meio!”
No
livro “A History of Fundamentalism in América” (Uma História do
Fundamentalismo), Dr. George Dollar observa: “Tem-se tornado num passatempo
favorito dos escritores Neo-Evangélicos, que sabem tão pouco acerca do
fundamentalismo histórico, atribuir-lhe nomes ofensivos, como que para
enterrá-lo na vergonha. O verdadeiro perigo não é o fundamentalismo de linha
dura mas um CRISTIANISMO SUAVE E EFEMINADO – exótico, mas cobarde. É triste ver
que estes homens não reconheceram o aviso de W. B. Riley acerca Da posição de
‘MEIO DA ESTRADA’” (Dollar, “A History of Fundamentalism in América” (Uma
História do Fundamentalismo), 1973, pg. 208).
No
seu começo, especialmente, o Neo-Evangelicalismo pode ser de difícil detecção.
Não começa necessariamente com um repúdio total do separatismo. O
Neo-Evangelicalismo começa mais com uma mudança de disposição, uma nova atitude
que não aprecia uma abordagem rigorosa das coisas de Deus. Uma vez que esta é a
tendência de qualquer igreja ou movimento, tornar-se mais fraca e suave em vez
de mais forte, é necessário manter uma guarda cuidadosa em relação a esta “nova
disposição”. Tal como observou o evangelista John Van Gelderen, “Se compararmos
o Fundamentalismo moderno com o Neo-Evangelicalismo moderno, ainda existe uma
diferença. Mas se compararmos o Fundamentalismo moderno com o
Neo-Evangelicalismo inicial, as semelhanças são alarmantes” (Preach the Word,
Jan.-Mar. 1998).
Wayne
Van Gelderen, pai, escreveu acerca de “UMA NOVA SUAVIDADE NO FUNDAMENTALISMO.”
Ele disse: “Nos anos 50 e 60, os Baptistas Conservadores eram os
Fundamentalistas – os Separatistas entre os Baptistas do Norte. Eles haviam
travado uma honrosa batalha, mas finalmente tiveram de se retirar da Convenção
Baptista do Norte nos anos 60. Pouco tempo depois da separação e da formação da
Associação dos Baptistas Conservadores, começou a emergir um espírito estranho.
Muitos começaram a sentir que precisávamos de ser mais ‘cristãos’, mais
práticos, mais comunicativos, MAIS GENTIS na nossa defesa de Deus. Os termos
‘SUAVE’ (soft-core) e ‘duro’ foram usados para descrever os dois campos que
surgiram. A política suave era ser prático em vez de se ser justo. Os
resultados que se buscavam eram mais importantes que os meios. Estes que se
comprometiam acreditavam que parte do movimento era demasiado duro. Mais de 400
igrejas saíram numa divisão nos anos 60. Estas igrejas verdadeiramente
fundamentalistas cresceram e multiplicaram-se nos anos 70. Agora, nos anos 90,
alguns de nós podemos ver uma repetição do passado. Existe um novo ênfase na
metodologia e nas relações públicas para as igrejas crescerem. Esta nova
metodologia é orientada pelo mercado e feita para agradar ao povo. NÃO OFENDER
É A VIRTUDE CARDINAL. A separação pessoal e a santidade são deixadas para trás
na idade das trevas. Apesar do pecado público em ascensão, A CONDENAÇÃO É
SUAVIZADA. ... Em cada geração as nossas batalhas têm de ser novamente
travadas. A geração que não segue os velhos caminhos irá perecer tal como
pereceu o evangelicalismo na Inglaterra” (Calvary Contender, 1 de Maio, 1995).
O QUE DIZ A BÍBLIA:
O
cristianismo que não é rigoroso não é bíblico. [O cristianismo autêntico e
bíblico] é rigoroso na doutrina (I Tim. 1:3) e rigoroso na vida cristã (Ef.
5:11). Batalha pela fé com todo ardor e
sinceridade (Judas 3) e é inamovível e não transigente, é dogmático e resoluto.
Basta abrir o Novo Testamento em qualquer página e começar a ler, não levará
muito tempo até isto se tornar evidente.
O
rigor e o zelo pela verdade não significa que alguém tem falta de amor ou de
compaixão. Jesus era o rigor personificado e era também o amor e a compaixão
personificados. À mulher apanhada em adultério Ele disse, “Nem eu também te
condeno; vai-te, e não peques mais.” (Jo. 8:11). Que grande misericórdia, e
também, que grande rigor também! Paulo demonstrou a mesma combinação, ele era
rigoroso e inamovível acerca da doutrina e prática, mas era meigo “como a ama
que cria seus filhos” (I Tess. 2:7).
No
mundo em que vivemos hoje, o reconhecimento da morte de Deus é o princípio da
sabedoria pós-moderna.
A
Igreja de hoje está tão suspeitamente acomodada, tão estranhamente alienada da
noção bíblica de guerra espiritual, que esqueceu o sinal de Jonas — e assim
como os contemporâneos de Cristo foram condenados por sua rejeição do Messias e
seu apetite carnal pelo espetaculismo dos milagres, esta também será julgada
por — desprezando a morte e ressureição de Cristo — fazer da Igreja um palco
bestial onde se diverte, se entretém, se conta piada e testemunhos de loteria e
se compra e vende todo tipo de badernalha como "oferta de fé".
Junte-se
a esse pandemônio a ambição descarada de líderes de origem suspeita a serviço
de corporações duvidosas, e se terá a mais horrenda escatologia: mulher
vomitando cobra; pastor fantasiado de rabi; gente estrebuchando endemoninhada
em templos suntuosos — e os demônios, seus folclóricos algozes, concedendo
entrevistas; tudo filmado pelas câmeras de TV e transmitido em rede
internacional. A fé foi “animalizada”.
Esta
sanha, porém, não surgiu da noite para o dia, nem começou degenerada. Como
detectam muito bem Ariovaldo Ramos e Ricardo Bitún, a tendência histórica foi
lançada por movimentos que tinham outras intenções:
Com
a [Igreja Pentecostal] Deus é Amor [fundada em 3/6/1962 por David Miranda]
surgiu um discurso que fará escola nas décadas seguintes: a cura como eixo do
discurso religioso. A Assembléia de Deus, a Quadrangular e a Congregação Cristã
também a enfatizavam, mas nenhum ministério faria da sua pregação marca
registrada. Importa menos perguntar se do ponto de vista doutrinário essa
ênfase é aceitável do que identificar na Deus é Amor o embrião dos
tele-ministérios de Edir Macedo, R. R. Soares e outros"Movimentos"
que começam com revelações e uma ordem: que o "escolhido" abandone
sua igreja local e funde outra. Atribuindo-se o chamado a Deus, não se poderia
escrutiná-lo, por mais questionável que fosse. Questionável porque não faz mais
sentido um chamado igual ao de Isaías ou Jeremias, em que Deus abria mais uma
etapa na história da revelação — o cânon está completo. Questionável também
porque a Igreja é um corpo orgânica e doutrinariamente indivisível (Lc 11.17;
Ef 4.4-6,14; 1 Jo 2.24). E também questionável pelo seu desprezo à teologia
reformada, às demais denominações menos "espiritualizadas" e, afinal,
à própria estrutura da Igreja — lugar de cooperação mútua (Ef 4.11-16) e
igualdade de condições no que respeita à dependência de Cristo, o único Cabeça
(Mt 23.8-9; Cl 2.18-19), e no que se refere à atuação do Espírito Santo, que
luta pela unidade do Corpo com gemidos inexprimíveis (Jo 16.13; Rm 8.26-27).
No
início dos anos 60 começou a acorrer fenômenos pentecostais dentro de igrejas
tradicionais ou igrejas históricas. “No Brasil, a chamada “renovação” produziu
divisões em quase todas as igreja históricas, com a criação de grupos como a
Igreja Batista Nacional, a Igreja Metodista Wesleyana e a Igreja Presbiteriana
Renovada.”
Pela
cartilha do pós-modernismo, todas as doutrinas e filosofias são igualmente
válidas e legítimas, não existindo um cânon objetivo, absoluto. É a autonomia
da razão levada às últimas conseqüências:
O
que se denomina "Crise da Representação", que assombra a arte e as
linguagens no contexto pós-moderno, é um fenômeno diretamente ligado à
destruição dos referenciais que vinham norteando o pensamento até bem
recentemente. O registro do real (figurativismo) era o principal eixo da
pintura até 1870, assim como do resto da arte até o pós-guerra. Dali em diante,
valoriza-se a entropia; "tudo vale", e todos os discursos são
válidos. O resultado é que não há mais padrões limitados para representar a
realidade, resultando numa crise ética e estética. […] A entropia que se prega
no Pós-Moderno diz respeito ao fim da proibição, à admissão de todo e qualquer
produto, pois seu regulamento caberá ao mercado, toda produção é considerada.
No
templo pós-moderno, o altar-mor é substituído por um espaço amplo, amplo o
suficiente para receber o grande número de fiéis, onde possam instalar-se
confortavelmente em cadeiras e mesas para participar do ritual das ordens
especializadas que oferecem diversificadas comunhões ao som e ritmo de uma
música incompreensível, abafada pelo burburinho da oração coletiva: Senhor Hoje
Oramos Pelos Poucos Infiéis que Não Gastam. Nesse espaço de confraternização,
onde no passado pré-moderno o iniciado participava do ritual de união
espiritual, no templo pós-moderno a comunhão é literal e completa: consome-se.
Desafios
à Igreja
Se
for assim a "mente" criada pela pós-modernidade, então, que desafios
ela traz à Igreja?
O
primeiro é que, embora deseje nosso cidadão pós-moderno não sabe como sair
desta situação de isolamento, confusão moral e solidão em que se encontra. Ao
privilegiar o espaço da "jaula", do privado, a pós-modernidade rompe
os laços comunitários. E isso nos fragiliza e vulnerabiliza. À medida em que
vamos nos isolando, vamos nos tornando doentes. Vai-se a nossa inteligência
emocional.
Em
segundo lugar, a pluralidade traz deficiências morais. Moralidade é um acordo,
no qual abro mão de parcela de minha liberdade em prol de algo maior, do bem
comum. O certo e o errado, o bem e o mal, só existem em sociedade. Só existem
numa relação. Se em minha "jaula" só cabe um, então, dentro dela não
existe moralidade.
Quem,
hoje em dia, está disposto a abrir mão de sua privacidade para ter, em troca,
ligações duradouras? Quem está disposto a se permitir controlar, para ter, em
troca, o conforto do pertencimento? Quem está disposto a construir casamentos,
mesmo dentro da igreja? Aliás, para a sociedade pós-moderna “o provisório, o
efêmero, o fútil e o temporário são mais expressivos que o eterno, o imutável,
o integrado, o harmônico e o sublime”. Uma das contradições da cultura
pós-moderna e globalizada é sua capacidade de romper fronteiras e preconceitos,
tornando-a mais inclusiva e, ao mesmo tempo, criar outras fronteiras e
preconceitos, tornando-a extremamente exclusiva e violenta. Nas últimas
décadas, a civilização ocidental tem feito um enorme esforço para diminuir as
distâncias entre as raças, romper com os preconceitos e a discriminação sociais
e criar uma sociedade menos violenta e mais aberta à inclusão das minorias. Por
outro lado, vemos uma enorme massa de excluídos que cresce a cada dia,
transformando-se em alvos e agentes de violência e preconceitos jamais vistos.
Dentro
do cenário religioso observamos um movimento semelhante. Se por um lado a
diversidade é uma característica do mundo globalizado, ampliando os horizontes
e quebrando barreiras sociais e culturais, por outro, vivemos o risco de um
novo modelo de intolerância. A própria abertura criada pela sociedade impede
que expressemos nossos valores ou crenças, mesmo que o façamos sem agredir ou
violar o direito daqueles que não concordam com eles. Tudo em nome de uma
tolerância que cria a ditadura de um pensamento monolítico.
A
relativização dos valores morais, o rompimento das tradições e o colapso do
modelo tradicional da família abriram espaço para a aceitação e inclusão dos
novos modelos morais e sociais. Muitos desses modelos contrariam os princípios
cristãos mais fundamentais e comprometem a saúde da sociedade; contudo, temos
presenciado a reação de vários grupos que não admitem a contradição.
Muitos
cristãos sentem-se intimidados por não poderem expressar suas convicções
religiosas ou morais diante do novo fundamentalismo. Nossa cultura tornou-se
moralmente e religiosamente liberal e requer que todos sejamos igualmente
liberais. Isso significa que, num futuro não muito distante, sejamos impedidos
de falar da revelação bíblica do pecado ou mesmo de sustentar publicamente
nossas convicções morais, sob o risco de sermos considerados preconceituosos.
Outro
aspecto preocupante dentro do cenário globalizado é o futuro da centralidade da
morte e ressurreição de Cristo para a vida e a espiritualidade cristãs. Imagino
que, mais cedo do que pensamos, enfrentaremos uma forte resistência à afirmação
bíblica de que Jesus é “o caminho”, “a verdade”, “a vida”, de que ele é “o
único Senhor”, de que “não há salvação fora dele” e de que ele é o “único que
pode perdoar nossos pecados”. Todas essas afirmações são, por si, uma agressão
ao espírito “democrático” da sociedade pós-moderna. Afirmar a exclusividade de
Cristo implica na negação e rejeição de qualquer outro nome que possa nos
reconciliar com Deus, e isso soa como um preconceito, uma forma de
discriminação inaceitável. Afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus e que só
ela traz a revelação do propósito redentor de Jesus é também uma afirmação que
pode ser considerada preconceituosa, uma vez que nega todas as outras formas de
revelação.
De
certa forma, isso já vem acontecendo. A espiritualidade cristã pós-moderna vem
se tornando cada dia mais light. Fala-se muito pouco sobre o arrependimento e o
pecado; prega-se quase nada sobre a cruz e a ressurreição; as Escrituras vêm
perdendo sua autoridade. Jesus vem sendo reduzido a um grande líder, alguém que
nos deixou um bom exemplo para seguir – alguma coisa no mesmo nível de Buda,
Ghandi, Dalai Lama ou outro grande líder da humanidade, mas nada muito além
disso. Fala-se muito de um Deus que é Pai e nos aceita, ama, acolhe e perdoa, o
que é certo e bíblico; mas corre-se o risco de, por trás dessa linguagem suave
e atraente, embutir uma espiritualidade que pensa ser possível conhecer a
Deus-Pai sem a mediação de seu Filho Jesus Cristo.
A
primeira geração de cristãos pós-modernos já está aí. São crentes que pouco ou
nada sabem da Palavra de Deus e demonstram pouco ou nenhum interesse em
conhecê-la. Cultivam uma espiritualidade verticalista, com nenhuma consciência
missionária, social ou política. Consideram tudo muito “normal” e não vêem
nenhuma relevância na cruz de Cristo. Acham que a radicalidade da fé bíblica é
uma forma de fanatismo religioso e não demonstram nenhuma preocupação em lutar
pelo que crêem, se é que crêem em alguma coisa pela qual valha a pena lutar.
A
espiritualidade bíblica e cristã encontra-se solidamente fundamentada nas
Escrituras Sagradas, centrada na pessoa e obra de Jesus Cristo, alicerçada na
revelação trinitária de Deus. É uma espiritualidade que leva em conta o pecado,
não como uma categoria psicológica ou sociológica, mas como uma realidade
teológica. Portanto, não será a cultura que haverá de determinar sua natureza,
mas a antropologia bíblica. É também uma espiritualidade que, além de promover
a oração, a comunhão e a intimidade com o Pai por meio de Cristo, envolve-nos
com o Reino de Deus, estabelecendo novos paradigmas morais, políticos,
econômicos e sociais que nem sempre comungam com a ordem estabelecida pela
cultura. A espiritualidade cristã não é simplesmente uma forma de nos sentirmos
bem em nossa busca religiosa, mas a forma como respondemos a Deus através da
revelação de Jesus Cristo. O cristão pós-moderno é hoje desafiado a
experimentar uma espiritualidade que o coloque na fronteira entre a comunhão
vertical da oração, meditação, contemplação e intimidade com Deus, e o
compromisso horizontal com a missão evangelizadora, com os pobres, com a
justiça e o serviço; entre a inclusão, buscando receber, acolher e amar os
diferentes, mas também rejeitar, confrontar e lutar contra o pecado e todas as
suas formas de escravidão e aprisionamento; entre o diálogo inter-religioso na
procura por mecanismos sociais mais justos, mas também na afirmação e
compromisso com as verdades absolutas da revelação bíblica.
No
mundo em que vivemos hoje, o reconhecimento da morte de Deus é o princípio da
sabedoria pós-moderna. O pensamento Pós-Moderno esvaziou a religião formal. Na
Pós-Modernidade, a religião deixou a dimensão pública e restringiu-se à esfera
privada. Na tentativa de se libertar de uma cultura religiosa com padrões
morais absolutos, o indivíduo pós-moderno criou uma religiosidade
interiorizada, subjetiva e sem culpa.
As
pessoas querem optar pela sua “preferência” religiosa sem ser importunadas por
opiniões contrárias. Os critérios que orientam essas escolhas são todos íntimos
e subjetivos. Semelhantemente, também não tentarão impor sua nova opção de fé a
ninguém. “O pensamento pós-moderno entende a si mesmo como um processo de
libertação do uno, do imutável e do eterno para a diferença, para a
pluralidade, para a mudança, para o contingente e para o histórico”. Na Igreja,
o que antes era convicção, hoje é opção. Os mandamentos divinos passaram a
serem sugestões divinas. A igreja é orientada por aquilo que dá certo e não por
aquilo que é certo. O pragmatismo missionário e o “novo poder” da igreja
(político, econômico, tecnológico, etc) esvaziou o significado da oração e seu
espaço na tarefa da igreja. Confiamos mais em nossos recursos e menos em Deus,
superestimamos o poder de César e subestimamos o poder de Deus. As ferramentas
ideológicas e tecnológicas tornaram-se mais eficientes que a comunidade e a
comunhão.
Entendo
que a versão evangélica da pós-modernidade seja o neopentecostalismo e seus
famigerados congêneres. O neopentecostalismo possui diversos traços de
continuidade cultural com o catolicismo popular latino-americano. Continuidade
que muitas vezes desemboca em sincretismo e no reforço de práticas e concepções
corporativistas. O protestantismo, por sua vez, é a religião da escrita, da
educação cívica e racional. Favorece uma cultura política democrática e promove
uma pedagogia da vontade individual. No campo social “as sociedades se deslocaram
da hierarquia medieval para a democracia do Iluminismo e para a anarquia
pós-moderna”. Entende-se por “protestante” ou “protestantismo” todo o conjunto
de instituições religiosas surgidas em conseqüência da Reforma Religiosa do
século XVI nas suas principais vertentes que são a luterana e a calvinista e
que procuram manter os princípios básicos que formam o princípio protestante da
liberdade: a justificação pela fé, a “sola scriptura”, o livre exame da Bíblia
e o sacerdócio universal de todos os crentes.
Hoje
em dia é difícil incluir entre os protestantes alguns setores do
pentecostalismo e, principalmente, do neopentecostalismo brasileiro. Esta é a
opinião do Dr. Ricardo Mariano que analisou os modernos movimentos
neopentecostais e segundo ele: O neopentecostalismo, o responsável pela
“explosão protestante”, à medida que passa a formar sincretismos, a se
autonomizar em relação à influência das matrizes religiosas norte-americanas, a
promover sucessivas acomodações sociais, a abandonar práticas ascéticas e
sectárias, a penetrar em novos e inusitados espaços sociais e a assumir o
status de uma grande minoria religiosa, cada vez menos tende a representar uma
ruptura com a cultura ambiente. Tende, pelo contrário, a mostrar-se menos
distintivo, mais aculturado, mais vulnerável à antropofagia brasileira e,
portanto, cada vez menos capaz de modificar a cultura que o acolheu e na qual
vem se acomodando.
Uma
das rupturas mais sérias do Neopentecostalismo com o pensamento protestante é o
uso da Bíblia. No Protestantismo a Bíblia é sua última autoridade, não a
tradição ou personalidades importantes ou mesmo a experiência espiritual,
enquanto que o Neopentecostalismo enfatiza o uso mágico da Escritura. Para os
neopentecostais, a Bíblia é mais um oráculo a ser consultado do que a única
regra de fé e prática.
No
neopentecostalismo, as doutrinas bíblicas foram rejeitadas e substituídas por
um falso evangelho centralizado no homem. Boa parte da pregação neopentecostal
é um mero exercício de auto-ajuda, com a intenção principal de acalmar a
consciência pecaminosa com promessas de riqueza e bem-estar. Contudo, o
mandamento para todos os ministros cristãos, ainda continua sendo, prega a
palavra (I Timóteo 4:1), em lugar disso, os pregadores se transformaram em
animadores de auditório.
Nossa
tarefa apologética para esta era pós-moderna é restaurar a confiança na
verdade. A Bíblia continua sendo a Palavra de Deus. A Bíblia é um documento
inspirado da revelação divina, quer este ou aquele indivíduo receba ou não o
seu testemunho. Devemos, pois, respeito e obediência à Bíblia, não por ser
letra fixa e estática, mas porque, sob a orientação do Espírito Santo, essa
letra é a Palavra viva do Deus vivo dirigida não só ao crente individual, mas à
Igreja em geral.
A
igreja precisa rever sua atuação, olhando para o Senhor Jesus e lançando-se
humildemente de volta às Escrituras, resgatando sua identidade e o seu chamado.
Se abrirmos mão da Palavra de Deus como verdade absoluta, correremos sérios
riscos diante de uma sociedade sem referenciais, mas principalmente diante de
um Senhor zeloso que rege a história e têm em suas mãos todo o domínio e todo o
poder.
UMA
IGREJA VERDADEIRA TEM SOMENTE JESUS CRISTO COMO SEU LÍDER E LEGISLADOR.
Uma
igreja verdadeira somente deve aceitar como membro aqueles que professam fé
salvadora em Jesus Cristo. No momento em que uma organização recebe como membro
um único indivíduo que nega a fé em Jesus Cristo, essa organização deixa de ser
uma igreja.
Uma
igreja verdadeira, por meio da sua declaração de fé, precisa aderir às
doutrinas fundamentais conforme ensinadas na Palavra de Deus. Essas doutrinas
incluem a inerrância das Escrituras, a encarnação de Jesus Cristo, a divindade
de Jesus Cristo, o sacrífico vicário de Jesus Cristo, a ressurreição física de
Jesus Cristo, a justificação pela fé, e a promessa da vida eterna para aqueles
que professam essa fé. (A Declaração de Fé de uma igreja verdadeira deve ser
mais detalhada que essa relação, mas deve SEMPRE conter pelo menos esses
princípios).
Uma
igreja verdadeira precisa ser governada pelos métodos delineados nas
Escrituras, com líderes, oficiais e administração conforme especificado no Novo
Testamento.
Sim,
uma igreja verdadeira é uma assembléia daqueles que compartilham uma
experiência comum de fé em Jesus Cristo. Entretanto, é preciso elaborar um
pouco mais que essa experiência é o resultado da operação da graça soberana de
Deus exercida pelo arrependimento de um indivíduo por meio da fé no sangue
derramado de Jesus Cristo para total perdão dos pecados. Além disso, uma
observação particular precisa ser acrescentada que essa operação de Deus não é
de forma alguma dependente de ser membro de uma igreja, participar em
sacramentos religiosos, participar em atividades religiosas, contribuir com
dinheiro para as causas religiosas, moralidade geral, ou outras boas obras do
indivíduo. Esses indivíduos "nascidos de novo" são além disso
ordenados pelas Escrituras a aderir aos ensinos doutrinários encontrados na
Palavra de Deus (incluindo aqueles da pessoa de Jesus Cristo), e não aceitar
ninguém na comunhão do corpo de crentes cuja profissão de fé omita esses
ensinos doutrinários. Entretanto, Lúcifer é um enganador sutil, e os falsos
mestres que enganosamente professam cristianismo genuíno infiltram-se e corrompem
uma igreja verdadeira. Isso freqüentemente leva à apostasia final das igrejas
locais e das organizações eclesiásticas. A palavra "apostasia" (um
afastamento da verdade por parte daqueles que antes defendiam a verdade)
encontra-se na Bíblia em 1 Timóteo 4:1:
"Mas
o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé,
dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios."
Os
cristãos certamente não podem dizer que não foram avisados. Entretanto, surge a
seguinte questão: O que os cristãos devem fazer quando forem controntados pela
infiltração enganosa dos falsos mestres? Além disso, o que devem os cristãos
fazer quando os falsos mestres tiverem desviado ou enganado seus líderes ou
outros membros do corpo da igreja?
O
ataque de Lúcifer à igreja verdadeira desde o tempo da igreja primitiva tem
sido enfrentado por duas estratégias distintas. A primeira é a idéia que
aqueles que estão do lado da verdade devem permanecer no corpo eclesiástico e
tentar reformá-lo, expondo o erro dentro da igreja. Isso é exatamente o que os
líderes da Reforma Protestante tentaram fazer. O desejo deles era reformar a
Igreja Católica; não desejavam se separar de Roma, mas a Igreja os excomungou.
A segunda estratégia baseia-se na Doutrina Bíblica da Salvação. Quando um corpo
eclesiástico afasta-se do ensino bíblico, aqueles que estão do lado da verdade
escolhem obedecer as Escrituras e separar-se do corpo, em vez de tentar
reformar a organização. Esse padrão pode ser visto durante toda a história da igreja
organizada. Houve aqueles que tentaram reformar, e houve aqueles que se
separaram. A Bíblia é bem clara que aqueles que erram na fé devem ser abordados
e confrontados com relação ao erro, mas também é muito clara que chega um ponto
em que aqueles que estão do lado da verdade precisam se separar:
"E
rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a
doutrina que aprendestes; desviai-vos deles." [Romanos 16:17]
"Não
vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a
justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o
seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos,
diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, E eu vos receberei; e eu serei para
vós Pai, E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor
Todo-Poderoso." [2 Coríntios 6:14-18]
"Mandamo-vos,
porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o
irmão que anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós
recebeu." [2 Tessalonicenses 3:6]
O
forte domínio da Igreja Romana sobre a Civilização Ocidental durante a Idade
das Trevas não pode ser apenas classificada como brutal. Qualquer ensino ou
evidência contrária à doutrina de Roma foi destruído ou reprimido, e aqueles
indivíduos que se opuseram foram forçados a viver na clandestinidade, ou foram
exterminados. Como resultado, a Igreja Romana sufocou a aquisição generalizada
do conhecimento acadêmico e conseguiu manter completo controle sobre uma
sociedade intimidada. Esses membros da verdadeira igreja (valdenses,
anabatistas, e outros) não somente foram forçados à clandestinidade, mas também
foram virtualmente apagados das páginas da história secular (ou aparecem como
uma mera nota de rodapé). Até mesmo as doutrinas desses primeiros fundamentalistas
foram suprimidas e somente recentemente suas crenças doutrinárias, como o
arrebatamento pré-milenar da igreja, foram evidenciadas por manuscritos
encontrados. Além disso, as atrocidades do catolicismo fizeram do
"cristianismo" uma praga na face da Terra, tanto para os
historiadores, quanto para as pessoas praticantes de outras religiões. Para a
população em geral, o controle severo do papado levou à sombra opressiva de
ignorância, pobreza e miséria na Idade das Trevas. Todavia, a ambição do papado
pelo poder levaria no final à diluição do impasse da Igreja Romana sobre a
sociedade. Essa diluição começou quando o papa Urbano II estimulou o desejo de
recuperar a Terra Santa para a Igreja. As cruzadas foram envidadas em 1099 para
libertar a Terra Santa (especialmente Jerusalém) dos infiéis que ocupavam a
região. Assim, o desejo da Igreja por Jerusalém levou à criação de uma entidade
concorrente pelo poder econômico e político do mundo, os Cavaleiros Templários.
Não apenas a Ordem dos Templários emergiu das Cruzadas como os banqueiros
internacionais, mas também trouxe de volta para a aristocracia da Europa as
religiões ocultistas condenadas pela Igreja.
O
declínio do poder político da Igreja de Roma abriu a porta para o renascimento
de filosofias da Grécia antiga, e culminou com o perído conhecido como
Renascimento. Embora muitos se recordem dos estudos históricos da expansão das
artes, as invenções e o avanço cultural dos anos de 1300 até 1500, poucos
percebem que a então recém-descoberta libertação da opressão intelectual da
Igreja Romana também produziu um crescimento do ocultismo, da magia e da
astrologia. A Reforma Protestante terminou com o Renascimento, mas a infusão
das ciências ocultas ressoou na mente e na alma da população ocidental. A fé religiosa
ficou tão ferida em muitos que eles a abandonaram e adotaram o método
científico de Aristóteles. Isso iniciou a ascensão da Idade da Razão e a
corrupção da Reforma Protestante em meados do século XVIII. A Idade da Razão,
liderada por homens como John Locke, na Inglaterra, e o francês Voltaire, foi
um ataque direto às religiões cristãs.
Na sombra da Reforma Protestante estavam aqueles conhecidos como
batistas:
“Os
primeiros batistas apareceram na Suiça por volta de 1523, onde foram
perseguidos por Zwinglio (o insigne reformador) e pelos romanistas. Eles foram
encontrados nos anos seguintes, 1525-1530, com muitas igrejas grandes,
totalmente organizadas, no centro e no sul da Alemanha, e no Tirol, na
Áustria.” Esses batistas não eram protestantes, pois tiveram muitas igrejas
antes das Reforma. Mesmo assim, durante todo o século XVII, as perseguições aos
batistas continuaram com carga total. Nesse tempo, a Alemanha era
predominantemente luterana, a Escócia era presbiteriana, a Inglaterra era
anglicana, e o restante da Europa era católica. Os reformadores deixaram de
aprender os riscos de uma igreja vinculada ao Estado, e existia certamente
grande risco de vida aos que se opunham à religião oficial do Estado - qualquer
que tenha sido essa religião.
POR TRÁS DA REFORMA PROTESTANTE
A
Reforma Protestante começou em 1517, quando Martinho Lutero divulgou suas 95
Teses em Wittenberg, Alemanha. O que levou ao movimento é mais complexo. O
movimento foi condicionado pelos fatores políticos, sociais, econômicos, morais
e intelectuais. Mas, acima de tudo, foi um movimento religioso liderado por
homens interessados em uma reforma verdadeira do cristianismo.
O DECLÍNIO DO PODER PAPAL
O
surgimento de monarquias nacionais nos séculos XIII a XV veio às custas do
poder do papado. Este fato é ilustrado pela luta do Papa Bonifácio VIII com o
rei da França, que resultou na humilhação e morte precoce do papa em 1303. O
papado subseqüentemente estava localizado em Avinhão, França durante um período
de aproximadamente 75 anos, conhecido na história como o Papado de Avinhão ou o
Cativeiro Babilônico da igreja (1303-1377). Durante aquele tempo o papa foi
dominado pela monarquia francesa. Esforços de restaurar o papado para Roma
apenas provocaram, inicialmente, uma divisão, conhecida como o Grande Cisma.
Papas rivais alegaram legitimidade até a situação finalmente se resolver em
1417.
Acontecimentos
tão escandalosos na alta liderança da Igreja Católica Romana levaram ao aumento
de corrupção e à perda de confiança na igreja. Muitos questionaram a autoridade
absoluta reivindicada pelo papa. Outros clamavam cada vez mais por uma reforma
da igreja nos “líderes e membros”.
CORRUPÇÃO MORAL NA LIDERANÇA DA IGREJA
Os
anos antes da Reforma Protestante também foram marcados pela corrupção moral e
o abuso de posição na igreja Católica Romana. O sacerdócio era culpado de
vários abusos de privilégios e responsabilidades, inclusive simonia (usar as
próprias riquezas ou influência para comprar uma posição eclesiástica),
pluralismo (ocupar vários cargos simultaneamente) e absentismo (a falha em
residir na paróquia onde deviam administrar). A prática do celibato que foi
imposta pela igreja no sacerdócio muitas vezes era abusada ou ignorada, levando
a conduta imoral por parte do clero. Padres ignorantes com mentes mundanas
corromperam suas posições pela negligência e abuso de poder.
Durante
o século XV, o mundanismo e a corrupção na igreja chegou ao pior. O problema da
corrupção chegou até o papado.
Entre
aqueles que pediam uma reforma da igreja estava o domiciano Giralamo Savonarola
(1452-1498) de Florença, Itália. Este pregador impetuoso falou contra os morais
corruptos dos líderes da cidade e dos abusos do papado. O povo foi ganho pela
causa de Savonarola em Florença, mas devido a rivalidades religiosas e
circunstâncias políticas, o movimento durou pouco. Savonarola foi enforcado e
queimado por heresia em 1498.
Primeiros
movimentos religiosos da Reforma
Durante
o final da Idade Média surgiram vários movimentos que desafiaram algumas das
doutrinas básicas da Igreja Católica Romana. Muitos destes movimentos foram
oficialmente condenados pela igreja como heresias e foram severamente
oprimidos.
Os
Albigensianos surgiram no sul da França no final do século XII e início do
século XIII. Os Albigensianos (também chamados de Catari) seguiam um dualismo
rigoroso semelhante ao antigo gnosticismo. Eles defendiam o Novo Testamento
como o único padrão de autoridade — um desafio à autoridade alegada pelo papa.
A seita tornou-se o objeto de uma campanha terrível de perseguição quando o
Papa Inocêncio III lançou uma cruzada contra eles em 1204.
Um
movimento conhecido como os Waldensianos provavelmente foi fundado no século XI
por Pedro Waldo. Pregadores viajantes conhecidos como os Homens Pobres de Lyons
enfatizaram o estudo e a pregação da Bíblia. Traduziram o Novo Testamento para
a língua comum do povo, rejeitaram as doutrinas católicas do sacerdócio e
purgatório, e defenderam à volta às Escrituras como a única autoridade na
religião.
Na
Inglaterra, João Wiclif (1324-1384), um professor bem-conhecido da Oxford,
também desafiou a autoridade do papado. Durante o Papado de Avinhão, ele
argumentou que todo o domínio legítimo vem de Deus e é caracterizado pela
autoridade exercida por Cristo na terra – não de ser servido mas sim, de
servir. Durante o Grande Cisma, Wiclif ensinou que a verdadeira igreja de
Cristo, em vez de consistir em um papa e hierarquia da igreja, é um corpo
invisível dos eleitos. Ele promoveu o estudo das Escrituras sobre a tradição da
igreja. E ensinou que as Escrituras devem ser colocadas nas mãos dos eleitos, e
na sua própria língua. Assim Wiclif fez uma tradução inglesa em aproximadamente
1384.
No
fim, Wiclif foi condenado por heresia, mas sua influência continuou. Seus
seguidores, chamados de lolardos espalharam seus ensinamentos como um movimento
oculto na Inglaterra. Rejeitaram a doutrina da transubstanciação, a veneração
de imagens, o celibato do clero e outras doutrinas católicas como abominações.
Foram uma influência importante na Inglaterra na véspera da Reforma
Protestante.
Uma
outra voz precoce clamando pela reforma foi a de João Hus (1369-1415), um
pregador e estudioso boêmio. Influenciado pelos escritos de Wiclif, Hus
argumentou que a verdadeira igreja não era a instituição como definida pelo
catolicismo, mas o corpo dos eleitos sob a liderança de Cristo. Ele insistiu
que a Bíblia é a autoridade final pela qual o papa e qualquer cristão será
julgado. Hus foi queimado por heresia em 1415, aproximadamente um século antes
da resistência de Lutero em Wittenberg. O movimento Husita continuou a crescer
depois da morte do seu líder, preparando o caminho para a Reforma Protestante.
Religião,
movimentos místicos e pietistas
No
final da Idade Média uma forma de misticismo religioso surgiu na Alemanha.
Muitos dos místicos, como Meister Eckhart, enfatizaram temer o divino através
da contemplação mística, em vez de através de uma abordagem racional à
religião.
Outros,
como Gerhard Groote, ensinaram uma abordagem mais prática ao cristianismo.
Groote fundou os Irmãos da Vida Comum como um esforço de chamar seguidores a
uma devoção e santidade renovadas. Seguiram a devotio moderna, uma vida de
devoção disciplinada centralizada em meditar na vida de Cristo e seguir a
mesma. A obra de mais influência desta escola de pensamento foi A Imitação de
Cristo, escrita por Thomas à Kempis. Quando não se opuseram à igreja católica
ou à hierarquia, o movimento criticava a corrupção da igreja. Seu ênfase no
relacionamento pessoal com Deus parecia minimizar o papel da função sacramental
da igreja. Escolas fundadas pelos Irmãos enfatizavam escolaridade e devoção e
tornaram-se centros para a reforma. Muitos dos líderes da Reforma Protestante
foram influenciados pelos seus ensinamentos.
O RENASCIMENTO
O
Renascimento (ou Renascença) foi um movimento que constituiu a transição do
mundo medieval para o mundo moderno. Começou no século XIV na Itália como
resultado de um interesse renovado na cultura clássica ou humanística da Grécia
e Roma. Estudiosos do Renascimento estudaram antigos manuscritos recuperados de
um mundo que era decididamente mais secular e individualístico do que religioso
e unido. Os artistas do período enfatizaram a beleza da natureza e do homem. A
religião no Renascimento tornou-se menos importante conforme os homens voltaram
sua atenção ao prazer do aqui e agora.
O
Renascimento afetou os papas do período. Muitos dos “Papas do Renascimento”,
como Júlio II (1441-1513), eram humanistas mais interessados na cultura
clássica e arte do que em assuntos espirituais. Alguns, como Alexandre VI
(1431-1503), viveram vidas notoriamente malvadas e escandalosas. Leão X
(1475-1521), o filho de Lorenzo de’Medici e papa quando Martinho Lutero afixou
as 95 Teses, uma vez disse que Deus lhe deu o papado, então ele ia
“aproveitar”.
O
Renascimento contribuiu para a Reforma de outras maneiras mais positivas. A
invenção da prensa de impressão móvel por Johann Gutenberg, em aproximadamente
1456, forneceu um meio para a divulgação de idéias. Estudiosos do Renascimento
ao norte dos Alpes dividiram muitos dos mesmos interesses – uma paixão pelas
fontes antigas, uma ênfase no ser humano como indivíduo e uma fé nas
capacidades racionais da mente humana. No entanto, esses “cristãos humanistas
do norte” estavam menos interessados no passado clássico do que no passado
cristão. Eles aplicaram as técnicas e os métodos do humanismo do Renascimento
no estudo das Escrituras nas suas línguas originais, assim como o estudo dos
“pais da igreja” como Augustinho. Sua preocupação principal com os seres
humanos era pelas suas almas. Sua ênfase era étnica e religiosa em vez de
estética e secular.
O
resultado desta ênfase era um interesse num retorno às Escrituras e a
restauração do cristianismo primitivo. Os humanistas bíblicos apontaram os maus
na igreja da sua época e pediram uma reforma interna. Talvez quem teve mais
influência foi Disidério Erasmo (aproximadamente 1466-1536). Conhecido como o
“príncipe dos humanistas”, Erasmo usou sua ampla escolaridade para desenvolver
um texto do Novo Testamento em grego, baseado em quatro manuscritos gregos que
estavam disponíveis para ele. Como a ajuda da prensa de impressão, Erasmo
publicou o texto grego do Novo Testamento em 1516. A capacidade de
estudar a Bíblia na sua língua original encorajou uma comparação mais precisa
da igreja dos seus dias com a igreja do Novo Testamento. Martinho Lutero, por
exemplo, usou imediatamente o texto grego de Erasmo. Ele logo percebeu que a
interpretação da Vulgata Latina em Mateus 4:17 de “pagar penitência” mais
precisamente seria “arrepender-se”. Tal conhecimento contribuiu para uma
percepção crescente de que o sistema sacramental não era apoiado pelas
Escrituras.
ASSUNTOS DOUTRINÁRIAS E AUTORIDADE
RELIGIOSA
O
assunto imediato que levou Lutero a afixar suas 95 propostas para debate em
1517 foi o abuso do sistema católico romano de indulgências. A doutrina de
indulgências, inicialmente formulada no século XIII, era associada com o
sacramento de penitência e a doutrina do purgatório. Enquanto acreditava-se que
o sacramento fornecia perdão dos pecado e do castigo eterno, acreditava-se que
havia uma satisfação temporal que o pecador arrependido teria que cumprir nesta
vida ou no purgatório. A indulgência era um documento que a pessoa podia
comprar por uma certa quantia de dinheiro que a livraria da punição temporal do
pecado. Acreditava-se que os méritos excedentes de Cristo e dos santos seriam
guardados numa “tesouraria de mérito” celestial da qual o papa podia tirar
méritos para o benefício dos vivos. Em 1517 o dominicano Johann Tetzel estava
vendendo uma indulgência plena especial (prometendo o perdão completo dos
pecados) para conseguir dinheiro para a igreja. Metade do dinheiro seria dada
ao Arcebispo Alberto, a quem o papa havia dado uma dispensa especial para
ocupar dois cargos. O resto ajudaria a financiar o término do catedral de São
Pedro em Roma. O protesto de Lutero inicialmente era contra o que via como o
abuso do sistema de indulgências. Também era um desafio à autoridade papal que
tornava tais abusos possíveis.
Depois
de um tempo Lutero rejeitou todo o sistema sacramental católico romano. Mais do
que qualquer outro fator, suas conclusões surgiram de seu estudo intensivo da
Bíblia. A partir de aproximadamente 1513 até 1519 Lutero discursou sobre as
Escrituras na Universidade de Wittenberg. Ele estava convicto de que a Bíblia
era a única autoridade verdadeira na religião (sola scriptura), em oposição ao
papa ou um conselho geral da igreja. Através do seu estudo ele percebeu que
muitos dos aspectos do sistema teológico da Igreja Romana não eram baseados nas
Escrituras. Lutero acreditava que havia resgatado a verdadeira essência do
cristianismo nos seus ensinamentos de que a salvação é pela graça através da fé
em Cristo (sola fide), e não através de um sistema de obras como manifestado no
sistema sacramental católico. Ele desafiou o conceito católico do sacerdócio
com a declaração de que o Novo Testamento ensinava o sacerdócio de crentes.
Enquanto muitos outros fatores se combinaram para tornar a Reforma Protestante
possível, acima de tudo era a crença dos reformadores em voltar à autoridade
única da Bíblia que definiu o movimento. A que ponto conseguiram em fazer uma
verdadeira reforma pode ser julgado pelo quanto aderiram a esse princípio.
A
apostasia doutrinária entre os protestantes ergueu publicamente sua horrenda
cabeça por volta de 1780. Frederich Schleiermacher, um jovem ministro alemão,
apesar de ter negado a divindade e a morte vicária de Cristo, tornou-se
conhecido como “O Pai da Teologia Moderna”: "... Como ministro e
metafísico, Schleiermarcher entronizou em lugar da doutrina, 'o poder da
própria consciência de Jesus' o qual estava difundido na comunidade dos fiéis e
ensinava que a conversão é uma elevação da consciência universal de Deus. Como
a unidade da igreja original era a "influência" do Salvador, na visão
de Schleiermacher, 'a essência da igreja é a comunidade'." (Neste ponto, a prudência recomenda um
princípio de desenvolvimento no estudo da "apostasia". Esse princípio
foi a primeira arma de Lúcifer contra a nova igreja, e ainda é estrategicamente
utilizada hoje no caso da religião orientada para resultados. Esse princípio é
simplesmente o abandono da superioridade da doutrina como essência da
verdadeira igreja em favor da unidade. Isso é exatamente o que estava por trás
da "essência da comunidade" de Sheleiermacher e o mantra que "a
doutrina divide" (e, portanto, prejudica a comunhão) é precisamente uma
das motivações governantes que está por trás do movimento neo-evangélico hoje.
Aqueles que abraçaram a Religião Orientada Para Resultados devem, portanto,
diminuir a ênfase em doutrina e em teologia, a fim de evitar a perda daqueles
que estão na lista de possíveis membros da igreja. O centro da questão é
simplesmente esta:
A DOUTRINA DIVIDE PORQUE A VERDADE DIVIDE
A
apostasia vista na Alemanha em 1780 é exatamente a mesma vista hoje em dia.
Claro, o gnosticismo luciferiano de Shleiermacher lhe deu fama, mas sua ênfase
na comunhão acima da doutrina revela que seus métodos foram em princípio os
mesmos que os dos "evangélicos" atuais que estão envolvidos na
Religião Orientada Para Resultados.)
OS ANABATISTASE AS RAÍZES DO EVANGELHO
Ao
longo de toda a Idade Média, numerosos grupos de crentes deixaram o
cristianismo organizado dos seus dias, para experimentar uma fé mais viva,
singela e real, conforme o padrão de fé e prática que encontravam na Bíblia.
Foram perseguidos e martirizados aos milhares por causa do seu testemunho e, em
algumas regiões, quase exterminados. No entanto, não foram destruídos
totalmente e permaneceram ocultos, espalhados aqui e ali por toda a Europa, até
o advento da Reforma. Então saíram novamente para a luz, animados pela chama
que um remoto monge agustino tinha aceso ao cravar as suas 95 teses na porta da
catedral de Wittenberg, por volta do ano 1517.
Estava
nascendo a Reforma, e aquele desconhecido monge não podia suspeitar ainda que a
pequena chama recém acesa, logo se converteria em uma fogueira que faria arder
a Europa inteira, e transtornaria para sempre a história do cristianismo e
ainda da própria civilização ocidental.
Martin
Lutero acendeu a chama, mas muitos outros tinham trabalhado antes preparando a
fogueira. Por isso, quando escutou o seu grito de batalha «só a fé e só a
Escritura», os olhos de muitos se elevaram esperançados em torno da promessa do
novo dia que parecia despontar no horizonte, entre as ruínas da decadente
cristandade do seu tempo. No entanto, o dia chegou carregado de enormes
contrastes, com uma tormenta de luzes e sombras, nuvens escuras e reluzentes
raios de sol.
Os
Reformadores protestantes procuraram retornar para a Bíblia como única norma de
fé e conduta. Não obstante, aos olhos de muitos cristãos daqueles dias, a
restauração que propiciaram não foi suficientemente radical e ficou, por assim
dizer, a meio caminho. Estes «outros» irmãos procuraram uma restauração muito
mais fundamental, que retornasse à mesma essência da igreja, tais como a
encontravam nas páginas do Novo Testamento. Os seus inimigos os chamaram
anabatistas, palavra grega que significa «rebatizadores», devido a sua rejeição
do batismo infantil e sua forte ênfase na conversão individual, confirmada pelo
batismo voluntário como sinal exterior. Mas eles, a si mesmos, simplesmente se
chamavam «irmãos».
O
INÍCIO
Os
historiadores datam usualmente a origem dos anabatistas em 1525, na cidade
Suíça de Zurique. Ali o reformador Ulrico Zwinglio estava começando a reforma
protestante em estreita aliança com os magistrados da cidade. Entre os seus
mais precoces seguidores estavam dois brilhantes eruditos, que pertenciam a
algumas das famílias mais abastadas da cidade: Conrad Grebel e Félix Manz. Este
último era amigo próximo do reformador suíço. No entanto, muito em breve
começaram a discordar de alguns dos seus ensinos, especialmente com relação à
natureza da igreja e a salvação.
Zwinglio
ensinou, no princípio, que a restauração da fé devia ser um retorno completo às
Escrituras, e que tudo aquilo que não estivesse explicitamente contido nelas
devia ser descartado. Manz e Grebel aderiram calorosamente a este princípio.
Não
obstante, pouco depois, Zwinglio mudou de opinião, e desenvolveu o que deveria
ser a postura protestante clássica, sustentada também por Lutero, e mais
adiante por Calvino: Tudo aquilo que se encontra explicitamente proibido nas
Escrituras deve ser descartado, enquanto que o resto pode ser mantido, enquanto
não transgrida os seus ensinos. A magnitude desta divergência era enorme, pois
permitia que muitos reformadores contemporizassem em diversos assuntos de
prática eclesiástica com os príncipes e magistrados do seu tempo, a fim de
garantir o seu respaldo à causa protestante. Na verdade, todos eles estavam, em
maior ou menor grau, convencidos de que a reforma protestante não podia ter
êxito sem o apoio político e militar dos príncipes.
Assim,
Zwinglio tentou criar uma igreja nacional «a Suíça», que incluísse a todos os
«cidadãos suíços» nela, sem importar se eram ou não verdadeiramente cristãos.
Por esta e outras razões, continuou aceitando o batismo infantil, pois,
logicamente, em seu conceito de igreja não cabiam a necessidade de conversão e
regeneração individual.
Contra
este estado de coisas reagiram Manz, Grebel e todos os outros anabatistas. Para
eles, o princípio era inaceitável, pois violava o claro ensino da Escritura
sobre a igreja como uma nação composta unicamente de homens e mulheres
redimidos, visivelmente separados do mundo, e submetida somente à autoridade de
Cristo a sua cabeça. Para nós hoje, esta verdade pode parecer óbvia, mas, por
muitas razões não era assim para a maioria dos líderes protestantes.
CAUSAS DA DIVERGÊNCIA ANABATISTA
Durante
a longa noite medieval, a identidade entre igreja e cristandade, considerada
esta última como a soma das nações cristãs, considerou-se um dogma
incontrovertível da fé. Este modo de ver as coisas se originou com a conversão
do imperador romano Constantino em 312 D. C., e em sua posterior confirmação do
cristianismo como religião oficial do império. Logo veio outro imperador,
Justiniano, que em seu famoso código declarou a religião exclusiva, e autorizou
o uso da força e da espada contra os dissidentes, fossem «cismáticos» ou
«hereges». Deste modo, cristianismo e império se fizeram quase sinônimos. O
império protegia à igreja e a igreja legitimava o império. Podemos dizer,
igreja e estado estavam unidos.
Desta
paradoxal simbiose surgiu a cristandade medieval, depois da queda do império
romano do ocidente. Esta queda produziu um imenso vazio de poder e organização
dentro das zonas geográficas abrangidas pela desaparecida administração
imperial e os povos que estavam sob o seu domínio. Mas, a igreja cristã
organizada foi enchendo esse espaço, devido, em grande parte, de que nela tenha
sobrevivido muito da organização e eficiência administrativa do império que
muitos recordavam com nostalgia.
Não
obstante, com o advento da Reforma, a situação política mudou, pois muitos dos
príncipes e reis europeus estavam cansados de submeter-se ao que consideravam
um domínio despótico e abusivo. No entanto, compreendiam que para obter a sua
independência deveriam contar com o apoio do povo e para isso tinha que
oferecer aos seus súditos uma religião que substituiria a oficial e os
libertasse do controle que esta exercia sobre as suas consciências.
Mas
deveria ser uma religião para «todos» os seus súditos, por assim dizer,
nacional. Portanto, o seu apoio à Reforma esteve sempre condicionado por esta
perspectiva e necessidade. Que não nos interprete mal. Sem dúvida, alguns deles
foram crentes sinceros e piedosos, mas, indevidamente o seu horizonte
político-cultural condicionou e limitou a sua visão da igreja, assim como a
visão dos reformadores aos que prestaram o seu apoio político e militar.
Contra
esta nova forma -união da igreja e do estado- os anabatistas reagiram,
reconhecendo com clareza o engano da perspectiva de quem a sustentava e
procurando lançar a luz da Palavra sobre este transcendental assunto por meios
pacíficos.
Neste
ponto se encontra a origem da tragédia anabatista. Comenta Ismael Amaya: «Sem
dúvida que seria difícil encontrar na história da igreja um acontecimento mais
triste que o caso dos anabatistas. Parecia que os anabatistas estavam contra
todos, e todos contra eles. Posto que rejeitavam os ensinos tanto de Lutero
como de Zwinglio, e também do catolicismo, foram vítimas de cruéis perseguições
da parte de todos eles. Mas a sua rejeição da união entre a igreja e o estado,
e do próprio estado, fez que as autoridades seculares os considerassem como
insurretos. Segundo o conceito prevalecente daquela época, a separação entre a
igreja e o estado era impossível. Ao afirmar esta doutrina, os anabatistas
escolheram o sangrento caminho dos mártires, e seu martírio constitui em um
monumento impressionante da Reforma.
Sacrificaram-se
por um princípio que era inaceitável para a sociedade e a igreja do seu tempo.
Como se opunham ao catolicismo, ao luteranismo, e ao zwinglianismo, a igreja os
considerava hereges, e como rejeitavam o estado, este os tratava como rebeldes.
Em conseqüência, foram vistos como inimigos pelos príncipes, pelos reformadores
protestantes, e pelos líderes católicos, que os perseguiu sem piedade».
Muito
em breve, esta discrepância levou, tanto a Grebel como a Manz, a distanciar-se
de Zwinglio. Em 21 de janeiro de 1525, ambos foram batizados junto com alguns
seguidores radicais de Zwinglio. Pois, depois de muito estudo e cuidadosa
oração, tinham chegado à convicção de que deviam batizar-se uns aos outros.
Este acontecimento marcou o começo do movimento anabatista. Para eles o batismo
(que praticavam por rociamento ou «aspersão») era a única forma de testemunhar
o verdadeiro arrependimento e a conversão pessoal. Em conseqüência, dentro de
pouco tempo começaram a pregar e batizar crentes por toda a Suíça.
Zwinglio
e os magistrados da cidade reagiram decretando severas leis contra quem se
«rebatizava» (pois todos, a juízo deles, já tinham sido batizados quando
meninos), incluindo a pena de morte por afogamento; castigo que se converteu na
forma de martírio mais comum entre os anabatistas e para o qual chamaram, de o
«terceiro batismo». E, além disso, convocaram às autoridades de toda a Europa
para «caçá-los e a prendê-los». Grebel fugiu junto com outros irmãos, e morreu
de peste em 1526, depois de pregar o evangelho em outras cidades da Suíça.
Félix Manz foi preso por Zwinglio e as autoridades de Zurich, amarados e
lançados nas frias águas do rio Limmat, que corre pelo centro da cidade.
A
perseguição contra os anabatistas se prorrompeu com uma crueldade inusitada por
toda a Europa, tanto nos países católicos como protestantes. Milhares de homens
e mulheres foram afogados, enterrados vivos, e queimados.
Constituíram-se
corporações especiais de polícia para buscá-los, chamados Täuferjäger
(caçadores de anabatistas). Os filhos dos mártires eram arrancados das suas
famílias e entregues às famílias de grupos eclesiásticos oficialmente
reconhecidos. Em todas as partes a perseguição dos anabatistas se converteu em
uma política de estado.
ENSINOS E PRÁTICAS
Devido
à precoce morte dos seus líderes mais destacados, os anabatistas nunca chegaram
a escrever uma exposição detalhada e sistemática dos seus ensinos. Na verdade,
tampouco desejavam criar um sistema de doutrina acabado e excludente. E, além
disso, nunca chegaram a constituir um movimento organizado. Por este motivo,
costumam reunir sob o rótulo de anabatistas grupos com interesses e crenças
muito distintas e inclusive opostas.
Em
geral, são reconhecidos três grandes ramos: «os anabatistas propriamente
ditos», «os espirituais», e «os racionalistas anti-trinitarios» – embora, os
seus perseguidores não os distinguiam e consideravam a todos como uma só coisa.
Dentre
eles, os que nos interessa neste artigo são os primeiros. Estes adotaram com
simplicidade as doutrinas cristãs históricas tais como a Trindade e as duas
naturezas de Cristo (completamente divino e completamente humano), sem nenhum
interesse especulativo ulterior. Da mesma forma que Zwinglio, Lutero e Calvino,
criam na salvação somente pela graça, por meio da fé e sem obras meritórias, a
autoridade final das Escrituras e o sacerdócio de todos os crentes. Mas divergiam
deles quanto a sua prática e aplicação.
Com
respeito à salvação, a par da justificação pela fé, enfatizavam a regeneração
interior e uma vida posterior de verdadeira transformação como evidência dela.
Do mesmo modo, davam especial ênfase à responsabilidade pessoal e à conversão
individual. Não aceitavam o batismo de meninos, ao que considerava ineficaz,
pois, diziam, somente aqueles que se converteram de maneira responsável e
consciente podem receber o batismo como sinal dessa conversão. E também, praticavam
de modo real o sacerdócio de todos os crentes, pois as suas reuniões eram
abertas à participação de todos os irmãos e irmãs, enquanto que os seus
pastores e pregadores surgiam dentre os próprios irmãos, muitas vezes, sem
nenhuma preparação formal. Além disso, praticavam uma intensa vida de comunhão
entre si, partindo o pão e orando juntos pelas casas.
Na
verdade, desejavam formar igrejas de crentes segundo o modelo do Novo
Testamento, em oposição às «igrejas estatais», onde era impossível distinguir
entre crentes falsos e verdadeiros.
Por
outro lado, rejeitavam as perseguições por motivos religiosos e as guerras
associadas a elas. Foram convencidos pacificadores em uma era onde o ódio e a
intolerância parecia ser a norma. Deve-se, pelo mesmo motivo, rejeitar a
conhecida tese de que as crueldades da cristandade do seu tempo se explicam
pelo «espírito da época». Os irmãos deixaram muito claros, para qualquer que
queria escutá-los, que o verdadeiro espírito do evangelho é muito distinto. E é
necessário afirmar que tanto Lutero, como Zwinglio, Calvino e outros líderes da
Reforma conheciam muito bem os seus ensinos. No entanto, pelo que parece não
lhes afetaram muito.
BALTASAR HUBMAIER
Grande
parte dos principais ensinos dos irmãos foram desenvolvidos e expostos, depois
da morte de Grebel e Manz, por Baltasar Hubmaier, que se converteu em uns dos
líderes mais importantes e influentes na história dos irmãos. Hubmaier tinha
sido um erudito católico influente e reconhecido em toda a Europa. A sua conversão
ao protestantismo foi considerada como um grande triunfo para a causa
reformada. Era amigo de Erasmo e coincidia com os pacíficos e amáveis ideais
cristãos do famoso humanista. Com respeito aos «caçadores de hereges», tanto
católicos como protestantes, escreveu: «Os inquisidores são piores que todos os
hereges, porque, contrariando a doutrina e o exemplo de Jesus, condenam os
hereges à fogueira... Porque Cristo não veio para mutilar, matar, ou queimar,
mas sim para que as pessoas vivam com abundância».
Depois
da sua conversão, em 1522, foi obrigado a deixar o seu cargo de vice-reitor da
universidade católica de Regensburg, Alemanha. Dali se mudou para Waldshut,
perto de Zurich, na Suíça, para se encarregar de uma recém nascida congregação
protestante. Não se sabe bem como entrou em contato com as idéias anabatistas,
mas é provável que fosse através dos irmãos associados com Grebel e Manz. Em
1525, começou a pregar em oposição ao batismo infantil e pouco depois levou
cerca de 300 pessoas da congregação em Waldshut a batizar-se, em um domingo de
Páscoa.
A
partir dali, começou uma discussão violenta com Zwinglio, defendendo a causa
anabatista. Mas quando a polícia do imperador apareceu em Waldshut, viu-se
obrigado a fugir para Zurich, onde foi detido rapidamente por Zwinglio e seu
grupo. Depois de um tempo na prisão, debateu publicamente com Zwinglio em um
precário estado de saúde e foi esmagado facilmente por seu robusto oponente.
Logo depois, por último o mandou torturar para conseguir a sua retratação. Hubmaier
cedeu sob a tortura, assinou a retratação requerida, e foi posto em liberdade.
No entanto, imediatamente se arrependeu com amargura de sua fraqueza e temor.
Fugiu para a Morávia, onde continuou a sua obra.
Ali
se converteram e foram batizadas mais de 6.000 pessoas como fruto do seu
ministério.
Finalmente,
em 1527, os Täufer-jäger do imperador o capturaram e o levou preso para Viena
para ser julgado e executado. Foi queimado publicamente na praça do mercado, e
enquanto as chamas envolviam o seu corpo, o escutaram repetir várias vezes,
«Jesus; Jesus!», antes que o fogo silenciasse para sempre a sua voz neste
mundo. Três dias depois, a sua valente esposa foi jogada de uma ponte nas
escuras águas do rio Danúbio, com uma pesada pedra atada ao pescoço.
Hubmaier,
da mesma forma que todos os anabatistas, foi acusado de rejeitar toda forma de
governo e ainda a própria existência do estado. No entanto, ele negava esta
acusação, afirmando que era necessário obedecer aos príncipes e governadores
enquanto isso não exija desobedecer a Palavra de Deus. O que na verdade
rejeitava é a união da igreja e o estado, ao mesmo tempo que defendia a
liberdade de consciência.
JOHANES DENCK
Outro
líder importante durante os primeiros dias dos irmãos foi Johanes Denck, que em
Basel tinha entrado em contato com Erasmo e criado uma amizade com o grupo de
destacados eruditos que se reuniam em torno dele. Em seguida foi professor em
uma das escolas mais importantes de Nüremberg, cidade onde o jovem luterano
Ossiander levava adiante a Reforma.
Denck
se desiludiu profundamente dela, ao observar que muitos dos que se diziam
nominalmente «justificados pela fé» não mostravam nenhuma mudança real em suas
vidas, e muito menos uma conduta santa. Para ele, isto não era senão o sinal de
uma séria carência no evangelho que estava sendo pregado. Ossiander o denunciou
aos magistrados da cidade e estes o ameaçaram a abandoná-lo, sem lhe permitir
uma defesa pública de sua fé, alegando que era muito hábil e ardiloso na
apresentação dos seus «enganos». Denck se despediu de sua família e partiu para
uma vida de desterro errante até o fim dos seus dias.
Onde
quer que fosse, foi seguido pela calúnia e pela difamação. Os seus inimigos lhe
atribuíam toda classe de doutrinas perversas e diziam para evitá-lo como a um
homem extremamente perigoso. Apesar de toda aquela violenta difamação, muitas
vezes escrita, Denck jamais pagou na mesma moeda em seus escritos. Não se
percebe neles nenhum sinal de amargura ou rancor para quem o caluniava.
Mesmo
em um tempo de especial pressão contra ele, escreveu a respeito deles:
«Aflige-me o coração o estar em desunião com muitos dos quais, de outra
maneira, não posso considerar senão como meus irmãos, porque adoram ao mesmo
Deus que eu adoro, e honram ao Pai que eu honro. Por conseguinte, se Deus o
quiser e até onde seja possível, não farei de meu irmão um adversário, tampouco
do meu Pai um juiz, mas, enquanto estou no caminho, estarei reconciliado com
todos os meus adversários».
Esta
admirável declaração expressa muito bem a atitude com a qual milhares de irmãos
enfrentaram a perseguição e inclusive o martírio durante aqueles dias, deixando
detrás de si um perdurável testemunho do verdadeiro espírito do Senhor Jesus
Cristo e seu evangelho.
Denck
cumpriu até o fim com este propósito. De Nüremberg passou a Augsburgo, onde
conheceu a Hubmaier e foi batizado, ligando-se assim com os irmãos anabatistas.
Depois de um tempo de ministério ali, a obra cresceu rapidamente, mas teve que
fugir novamente e procurar refúgio em Estraburgo, onde existia uma importante
assembléia de irmãos batizados. Nessa cidade os líderes do partido protestante
eram Capito e Bucer. O primeiro simpatizava com os irmãos e tinha esperanças de
chegar a um entendimento com eles. No entanto, Bucer receava a sua influência e
solicitou aos magistrados que expulsassem a Denck.
Obrigado
pela situação, partiu para Worms, onde se deu à tarefa de traduzir e imprimir
os Profetas Maiores e Menores. Voltou novamente para Augsburgo para uma
conferência de irmãos vindos de vários distritos. Ali se opôs decididamente a
aqueles que se inclinavam ao uso da força contra quem os perseguia. A chamou,
«a conferência dos mártires», devido ao grande número de participantes que mais
tarde selaram a sua vida com o martírio.
Finalmente,
em 1527, depois de ir de uma parte para outra, açoitado e rejeitado, e após
passar por muitas aflições e necessidades, Denck chegou a Basel com a sua saúde
debilitada. Ali voltou a encontrar-se com os velhos amigos da sua juventude. O
compassivo reformador Ecolampadio o encontrou quase moribundo e o acolheu em
sua casa, onde pouco tempo depois morreu, finalmente em descanso e em paz.
Pouco
antes de morrer, escreveu: «Deus sabe que não procuro outro fruto, exceto o que
realmente muitos, com um coração e uma alma, glorifiquem ao Pai de Nosso Senhor
Jesus Cristo, sejam ou não circuncidados e batizados. Porque penso de um modo
muito distinto daqueles que unem o Reino de Deus excessivamente a cerimônias e
elementos deste mundo, quaisquer que eles sejam». Naqueles dias de escassa
tolerância, afirmou: «Em assuntos de fé, todos deveriam ser livres para atuar
voluntariamente e por própria convicção».
MICHAEL SATTLER
Outro
irmão destacado entre os anabatistas foi Michael Sattler. A sua trágica
carreira acabou em 1527, depois da conferência dos irmãos em Baden, onde ajudou
a redigir os sete pontos em comum da prática anabatista. Não se tratava de um
credo ou confissão de fé vinculante, pois os irmãos criam que a igreja está
unida somente em Cristo:
*
Só deveriam ser batizados aqueles que experimentaram a obra regeneradora de
Cristo.
*
A expressão local da igreja é uma companhia de pessoas regeneradas, cuja vida
diária é vivida de acordo com a fé que professam. A sua devoção está
simbolizada em sua participação conjunta na ceia do Senhor, por meio da qual
relembram a obra redentora de Cristo.
*
A disciplina deve ser exercitada dentro das igrejas, e a disciplina final é a
excomunhão.
*
O povo de Deus deveria viver uma vida de separação do pecado, do mundo, e da submissão
à carne, ou algo que pudesse comprometer a sua fé. Isto inclui uma separação
dos ritos das facções romana, luterana e zuingliana.
*
Os ofícios de uma igreja local devem ser apartados pela igreja e é sua
responsabilidade a edificação dos crentes por meio do ensino da Palavra de
Deus.
*
Os crentes não deveriam recorrer à força, seja em defesa própria ou em uma
guerra ordenada pelo estado.
*
Os crentes não deveriam prestar nenhum juramento, nem tampouco recorrer à lei.
Parece
incrível que estas idéias fossem consideradas como heréticas entre os
protestantes e despertassem uma cruel e amarga perseguição. Em 1527 Sattler foi
detido em Rotenberg e sentenciado a sofrer uma morte 'exemplar' por seus
captores católicos: "Michael Sattler será entregue ao verdugo, o qual lhe
cortará na praça primeiro a língua, logo o atará ao poste dos hereges e ali com
umas tenazes em brasa viva lhe rasgará o corpo duas vezes, fazendo o mesmo indo
até o lugar da execução durante cinco vezes. No lugar designado, queimarão o seu
corpo até reduzi-lo a cinzas, por ser um archiherege". A sentença foi
cumprida fielmente, enquanto que a sua esposa foi afogada junto com outros
irmãos.
A TRAGÉDIA DE MÜNSTER
Possivelmente
o episódio que mais contribuiu para desprestigiar a causa anabatista foi a
chamada "tragédia de Münster". Como foi mencionado antes, durante o
século XVI diferentes grupos de pessoas foram chamadas anabatistas. No meio
deles existiam alguns líderes exaltados, que propunham métodos violentos de
ação, completamente opostos aos ensinos pacíficos dos irmãos, e que, além
disso, anunciavam o estabelecimento iminente e material do reino de Deus na
terra.
A
difícil condição em que viviam as pessoas mais pobres e a grande quantidade de
abusos cometidos pelos capitalistas e os príncipes contra eles atraíram a
muitas destas pessoas simples e crédulas para aqueles profetas exaltados. Por
outro lado, alguns irmãos, que tinham sofrido enormemente nas mãos dos seus
captores e perseguidores, foram arrastados atrás das suas promessas de justiça
e reivindicação. Assim foi preparado o cenário para a tragédia de Münster.
Em
1537, dois destes pregadores exaltados, Jan Mattys e John de Leyden, chegaram
até a cidade de Münster, proclamando que a Nova Jerusalém seria estabelecida
naquele lugar. Ali já existia uma congregação protestante que estava sob a
condução de Bernard Rothmann, um pastor amável e pacífico, que, no entanto,
caiu rapidamente debaixo da influência dos novos profetas. Além disso, também
tinha chegado a Münster, muitos refugiados, pois o príncipe governante, Felipe,
tinha-a declarado uma cidade de refúgio. E entre eles haviam verdadeiros
crentes e outros tantos descontentes e fanáticos.
Em
meio a essa multidão heterogênea, ambos os pregadores exerceram a sua
influência, exaltando os ânimos contra os magistrados da cidade, a quem logo
depuseram para colocar outros completamente controlados por Matthys. Dali em
diante dedicaram-se a decretar leis extremas sob a influência de algumas
supostas 'inspirações proféticas'. Assim, ordenou-se limpar a cidade de
incrédulos e batizar a todos os seus habitantes pela força. Enquanto isso, o
bispo de Münster tinha sitiado a cidade com as suas tropas.
Então,
Matthys, crendo ser guiado por uma 'revelação' atacou subitamente as tropas do
bispo e foi morto. Leyden foi o seu sucessor, que reforçou o controle e o
extremismo, obrigando a todos a viver em comunhão de bens e instituindo a
poligamia. Tomou como esposa a viúva de Matthys e, com a qual se fez coroar
como rei e rainha da cidade. No entanto, e finalmente, as tropas do bispo
romperam a dura resistência dos defensores e penetraram na cidade assassinando
a todos os seus oponentes. Leyden foi torturado e executado no mesmo lugar onde
havia se coroado rei.
Na
verdade, os exaltados de Münster tinham muito pouco a ver com os pacíficos
irmãos representados por Hubmeyer, Manz, Grebel, Denck, Sattler e outros. Não
obstante, os acontecimentos que protagonizaram contribuíram para criar, entre
as pessoas do seu tempo, uma imagem negativa dos irmãos anabatistas, pois criam
que todos faziam parte do mesmo movimento. Isto deu motivo para que os seus
perseguidores aproveitassem o episódio, justificando ainda mais a repressão dos
irmãos e aumentando a 'propaganda' contra eles.
CRESCIMENTO E PERSEGUIÇÕES
Os
irmãos se espalharam rapidamente pela Europa, sempre perseguidos e obrigados a
fugir de um lado para outro. Através de toda a Áustria foram levantadas
inúmeras congregações, como também na Alemanha, Holanda e Moravia. Em Tirol e
Gorz, centenas de irmãos foram queimados na fogueira, decapitados ou afogados.
Em Salzburgo, onde uma congregação completa de setenta pessoas, foi condenada a
morte, uma jovem crente provocou um grande sentimento de compaixão entre a
multidão reunida para presenciar a execução, devido a sua juventude e beleza.
Todos pediram aos gritos que fosse perdoada, no entanto não foi feito exceção.
Os executores a colocaram debaixo do peso de um imenso bebedouro para cavalos
até que morreu. Em seguida retiraram o seu corpo e o jogaram nas chamas. Assim
selou o seu heróico testemunho por Cristo.
Mas,
ela foi só uma a mais entre os milhares de mártires anabatistas. Enquanto isso,
muitos irmãos encontraram refúgio na Moravia, onde fundaram várias comunidades
que mantinham um regime de comunhão de bens, forma de vida que foi adotada
devido, em parte, a grande quantidade de viúvas e órfãos que deveriam cuidar
por causa do seu elevado número de mártires; mas também, porque desejavam
sinceramente seguir o exemplo da igreja em Jerusalém, registrado no livro dos
Atos.
MENNO SIMON
Como
conseqüência, o episódio de Münster exacerbou por toda parte a perseguição
contra os irmãos. Muitas congregações foram acusadas, sem prova alguma, de
estar em cumplicidade com os líderes de Münster, e foram perseguidas com maior
violência e crueldade ainda. A tal ponto que, na Alemanha, Holanda e outros
lugares, o movimento quase foi extinto. Então surgiu a figura de Menno Simon,
que ajudou às minguadas e espalhadas congregações a reorganizarem-se e a
enfrentarem a adversidade.
Menno,
que viajou incansavelmente, animando e fortalecendo os irmãos por toda parte,
tinha sido previamente um sacerdote católico. Depois de um tempo estudando as
Escrituras, assistiu ao heróico martírio de um crente anabatista chamado Sicke
Snyder, que foi decapitado por negar o batismo de crianças. Ficou tão comovido
com a sua integridade e fé, que decidiu unir-se à causa anabatista.
Desde
esse momento trabalhou infatigavelmente entre os irmãos. E combateu
ardentemente contra a errônea identificação dos irmãos com a "seita de
Münster" Em sua autobiografia nos diz que, "Logo irrompeu a seita de
Münster, com a que muitos corações piedosos, também entre nós, foram enganados.
A minha alma estava em uma grande inquietação, porque notava que eram zelosos,
mas doutrinalmente errados. Com o meu pequeno dom, através da pregação e o
ensino, opus-me ao engano, tanto quanto pude...".
E
depois, em outro escrito, "Ninguém pode de verdade me acusar de concordar
com o ensino de Münster; pelo contrário, durante dezessete anos, até o dia
presente, tenho me oposto e lutado contra, privada e publicamente, com a voz ou
a caneta. Nunca reconheceremos como irmãos e irmãs a aqueles que, como o povo
de Münster, rejeitam a cruz de Cristo, desprezam a palavra de Deus e praticam
as paixões terrestres".
Trabalhou
estabelecendo e confortando as igrejas na Holanda com tanto êxito que, em 1543
o Imperador o declarou fora da lei e pôs um preço à sua cabeça. Obrigado,
deixou o país, e deu um jeito de escapar dos seus captores durante os próximos
vinte e cinco anos sem ser preso, ensinando e ajudando às igrejas. Finalmente
se estabeleceu em Fresenburg, onde continuou trabalhando e escrevendo em defesa
das crenças anabatistas até que alguns dos seus escritos chegaram às mãos das
autoridades de vários países. Isto ajudou a aliviar um pouco a perseguição e a
aversão contra os irmãos, e conseguiu um certo grau de liberdade de culto.
Menno
Simon morreu de morte natural em 1559. Não obstante, devido a sua grande
influencia entre os irmãos anabatistas, as congregações nas que trabalhou
começaram a chamar-se, posteriormente, 'menonitas', algo com o que,
provavelmente, ele mesmo não tivesse estado de acordo.
LEGADO
O
valente testemunho dos irmãos anabatistas deixou uma herança sem possibilidade
de ser avaliada para os crentes que vieram depois. A eles se devem a
recuperação da verdade da igreja como constituída por assembléias formadas
exclusivamente por crentes regenerados, separadas do mundo e independentes do
estado, participativas e abertas à comunhão com todos os que são de Cristo, na
simplicidade do ensino do evangelho. Regaram a semente da liberdade cristã com
o sangue dos seus mártires. Nos séculos posteriores outros crentes tomariam a
bandeira da causa anabatista e a levariam mais adiante, nas assim chamadas
igrejas 'não conformistas' e 'independentes'.
Além
disso, o seu determinado pacifismo se levantou em meio da intolerância e
fanatismo do seu tempo, como um imperecível testemunho de qual pode e deve ser
sempre o verdadeiro espírito do evangelho, quaisquer que sejam os tempos, as
épocas e as circunstâncias.
Por
último, ao enfatizar a necessidade de uma vida de santificação prática e real,
ajudaram a equilibrar os excessos do ensino da "justificação pela fé"
entre os protestantes, que em muitos casos tendia a fazer desta o único
elemento da salvação, esquecendo a regeneração e os frutos de santificação como
parte de uma vida verdadeiramente salva.
É
difícil não ver na amarga e cruel perseguição que tingiu de sangue a sua
história, o ódio e a hostilidade do príncipe deste mundo, que está determinado
a estorvar o testemunho de Cristo nesta terra; mas também, a persistente
fidelidade de Deus, que sempre reservou um testemunho fiel e conduziu o seu
povo mesmo que através das noites mais longas e escuras. Como está escrito:
"Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa da vida".
À
medida que o século XVIII chegou ao fim, os princípios de "alta
crítica" de Shleiermarcher, que rejeitava a autenticidade dos evangelhos,
a inerrância das Escrituras e as doutrinas cardeais da fé foram igualados no
fronte político pela Revolução Francesa. "A nação francesa tinha derrubado
o governo de Deus... depondo o rei indicado por ele. Em seu lugar, os
revolucionários elegeram um comitê de homens sem o temor de Deus para governar
pela razão humana... Em 1793,
a Assembléia Legislativa... renunciou unanimemente à
crença na divindade. Mais tarde, ocorreu uma grande procissão... a deusa da
Razão foi colocada em uma carruagem aberta ... virada para a catedral de Notre
Dame. Ali, tomou seu lugar como divindade... elevada no altar maior...
Seguiu-se a queima pública da Bíblia..."
Estranhamente, parece que as implicações espirituais da Revolução
Francesa foram ignoradas por muitos historiadores. Todavia, quando essa revolução
é acoplada com o crescimento da apostasia na Alemanha, a alta crítica do Método
Científico e infusões do ocultismo dentro do pensamento dominante desde os
tempos do Renascimento, o cenário ficou estabelecido para grandes agitações no
século XIX. A história revela que o século XIX foi um grande ponto de mudança
na evolução da sociedade. O Método Científico, nascido do Renascimento e da
Idade da Razão, mais tarde levou ao nascimento de uma nova ordem mundial,
liderada por homens como Marx, Engels, Hegel e Darwin. Além disso, a Revolução
Industrial plantou as sementes do materialismo que dominaria no século XX.
Politicamente, o século XIX foi o auge do Reino Unido e do Império Britânico. A
rainha Vitória governava como a Grande Senhora de toda a terra e, apesar de ter
ocorrido aquela pequena derrota que foi a Revolução Americana, no século XVIII,
o "sol nunca se punha no Império Britânico". Na aurora do século XIX,
os grandes reavivamentos do século anterior, o "Grande Despertar" nos
Estados Unidos e os reavivamentos metodistas de John e Charles Wesley ainda
estavam produzindo frutos com enormes resultados nos Estados Unidos e na
Inglaterra. Os Wesleys defendiam o arminianismo evangélico, que insiste que
Cristo morreu por todos os homens, em oposição à doutrina da expiação limitada,
dos puritanos e presbiterianos de João Calvino. Além disso, muitos cristãos
viam o império britânico e "o reinado justo da rainha Vitória" como o
advento do reino de Deus na Terra. Assim o pós-milenismo tornou-se um sistema
aceitável de escatologia, forçando uma interpretação simbólica de muitas
profecias do Antigo Testamento, ou vendo as promessas de Deus a Israel como
cumpridas no império brintânico. Embora as teorias do Israel-Britânico não
pudessem ser apoiadas pelas Escrituras ou pela história, o poder do Espírito
Santo foi certamente evidenciado na Grã-Bretanha. Quando Henrique VIII
enfrentou o papa, o cenário ficou preparado para a Inglaterra se separar do
resto da Europa católica, e o papa perdeu seu poder nas ilhas britânicas
(exceto durante o curto reinado de Maria, a Sangüinária, e na Irlanda
católica). A chave para esse manifestar do poder de Deus na Inglaterra foi sem
dúvida a tradução da Palavra de Deus na língua inglesa, e sua disponibilidade
para o homem comum. Cópias da primeira edição do Novo Testamento traduzidas por
Tyndale foram contrabandeadas para a Inglaterra em carregamentos de grãos e
tecidos. As autoridades em Bruxelas logo executaram Tyndale, mas seu trabalho
se tornou a base para todas as versões inglesas das Escrituras desde aquele
tempo. Coverdale então levou o trabalho adiante, e a primeira edição inglesa da
Bíblia foi concluída em 1535. Foi essa disponibilidade da Palavra de Deus e seu
profundo efeito nos corações dos homens que levou ao crescimento o puritanismo
na Inglaterra. O Movimento Puritano baseava-se em três princípios: "A
supremacia das Escrituras sobre a autoridade humana; a independência da igreja
do Estado; e a própria natureza do governo da igreja." Por volta de 1850, uma nova geração apareceu
em cena na Inglaterra. Os pais e avós dessa geração foram aqueles que
testemunharam as revoluções e os reavivamentos do fim do século XVIII à
primeira metade do século XIX. Essa nova geração, entretanto, foi a do
ceticismo: "O erudito alemão Shleiermacher estava nesse tempo moldando a
teologia de Oxford e de Cambridge na tradição gnóstica... poetas do panteísmo,
William Wordsworth e Samuel Taylor Coleridge eram muito lidos e venerados pela
elite intelectual da universidade... O ceticismo baseado na ciência fluía e
reforçava a antiga torrente de dúvidas que vinham de considerações históricas e
éticas... Os extraordinários homens de Cambridge de 1840 - B. F. Westcott, C.
B. Scott, J. Llewenllyn Davies, J. E. E. Mayer, Lord Alwyne Compton, E. H.
Bickersteth, C. F. Mackenzie, Charles Evans, J. B. Lightfoot, E. W. Benson e F.
J. A Hort... Os intelectuais dos anos 1870... Henry Sidgwick e Henry Jackson e
incluindo Frederic Myers, G. W. e B. J. Balfour, Walter Leaf, Edmund Gurney,
Arthur Verrall, F. W. Maitland, Henry Butcher e George Prothero - tendiam para
o gnosticismo ou para o deísmo hesitante." Lúcifer é muito inteligente.
Ele encontra uma estratégia que funciona e continua repetindo-a muitas vezes.
Por outro lado, a humanidade, em geral, é muito estúpida. O homem afirma que
aprende com a história e com seus erros, mas continua caindo nas mesmas
armadilhas ao longo do tempo. Isto posto, a descrição anterior da Inglaterra em
meados do século XIX parece muito familiar. Na verdade, esse período exibe uma
repetição do mesmo cenário mostrado na formação da igreja. Falsos mestres se
infiltraram com doutrinas do gnosticismo, e as ciências ocultas do paganismo, o
politeísmo pagão e o paganismo panteísta imediatamente atacaram a igreja
primitiva. Isso é exatamente o que aconteceu na Inglaterra no século XIX. A
nação que distribuiu a Palavra de Deus e experimentou em primeira mão a
operação do Espírito Santo nos grandes reavivamentos, começou a resvalar com a
mistura da igreja com o Estado quando o puritanismo tornou-se um movimento
político (a Igreja Anglicana - a Igreja da Inglaterra há muito tempo já era a
igreja estatal. Todavia, o movimento político dos puritanos logo uniu aqueles
que tinham crenças fundamentalistas com o Estado). Quando as filosofias de
Schleiermarcher, Wordsworth, Coleridge, e Darwin foram infundidas na
aristocracia intelectual nas Universidades de Oxford e Cambridge, o cenário
ficou armado para os eventos críticos que levariam ao crescimento da moderna
descrença religiosa. Todos os cristãos devem perceber que a essência básica de
nossa fé encontra-se na Palavra de Deus. Sem uma Escritura inerrante, não pode
existir base para a fé. Portanto, faz sentido que Lúcifer tenha atacado o
verdadeiro cristianismo exatamente em seu fundamento e tenha agido para
implementar essa estratégia em 1853. Um comitê secreto foi formado para lançar
uma nova tradução da Bíblia em inglês. Esse comitê confiou a B. F. Westcott e
F. J. A. Hort o fornecimento de um Novo Testamento em grego para a nova Versão
Revisada da Bíblia. Westcott e Hort começaram em 1853 e trabalharam em segredo
durante vinte anos para produzir o Novo Testamento grego. O aspecto
interessante desse trabalho foi o fato que eles não revisaram o texto usado por
Tyndale ou por Coverdale na primeira tradução para o inglês, mas deram
preferência a dois manuscritos completamente diferentes, textos alexandrinos
corrompidos pelas filosofias arianas e gnósticas. O objetivo deles parece que
foi apenas desacreditar o Texto Bizantino (Textus Receptus), que representava
98% das evidências dos manuscritos do Novo Testamento, em favor de 1% dos
documentos de Alexandria. O estudioso dos textos Dean John William Burgon
refutou as afirmações da teoria de Westcott-Hort como: "O resultado mais
recente dessa violenta reação contrária ao Texto Grego Tradicional, - essa
estranha impaciência de sua autoridade, ou melhor, a negação que ele tenha
qualquer autoridade, que começou com Lachmann apenas cinqüenta anos atrás (por
volta de 1831), e prevalece desde então; seus promotores mais notáveis são
Tragelles (1857-72) e Tischendorf (1865-72)... Os Drs. Westcott e Hort, de fato
excederam seus prodecessores nessa corrida singular. O desprezo absoluto deles
pelo Texto Tradicional e a veneração supersticiosa a alguns poucos documentos
antigos (os quais, todavia, confessam que não são mais antigos que os 'Textos
Tradicionais', que menosprezam) - não conhecem limites." O Novo Testamento
Grego de Wescott e Hort foi uma tentativa maliciosa de destruir a integridade e
infalibilidade da Palavra de Deus e, particularmente, a divindade de Jesus
Cristo. Embora a Versão Revisada de 1881 tenha sido rejeitada, o Novo
Testamento Grego de Wescott e Hort, foi usado para outras traduções posteriores
da Bíblia inglesa, com a exceção da New King James Version [Nova Versão do Rei
Tiago]. Esse ataque à infalibilidade da Palavra de Deus foi uma tentativa
evidente de Lúcifer de destruir a verdadeira igreja. Aqueles que se desviaram
da fé descartam a Versão Autorizada do Rei Tiago das Escrituras, e muitos, até
mesmo nos círculos fundamentalistas, recusam-se a tomar uma posição nesse
assunto. Todavia, a Versão Autorizada do Rei Tiago sobreviveu aos ataques de
seus inimigos e permanece como prova infalível da promessa de preservação por
Jesus Cristo de que a Palavra de Deus não passará. Embora alguns não
categorizem o Novo Testamento Grego, de Wescott e Hort, como fator contribuinte
para a origem da moderna apostasia, os princípios e métodos de ambos foram
especificamente direcionados à destruição do Texto Bizantino. Considerando-se
isso em conjunto com os outros eventos em todo o século XIX, o plano de Lúcifer
começa a se tornar mais discernível. Fazendo uma revisão, a seguinte seqüência
de eventos deve ser considerada com atenção: O Renascimento tornou as ciências
ocultas acessíveis ao público. A Reforma
Protestante, embora piedosa em muitos aspectos, deixou de seguir todas as
instruções das Escrituras. Aqueles que
realmente seguiram os ensinos da Palavra de Deus foram apagados até das páginas
da história e perseguidos tantos pelos católicos quanto pelos
protestantes. A chegada da Idade da
Razão, a Revolução Francesa e a adoção do método científico de Aristóteles
deixou um grande vácuo na alma do homem, que tem uma necessidade inata de
espiritualidade. Esse vazio foi
preenchido por muitos nos reavivamentos da época de Wesley e do Grande
Despertar, mas muitos outros preencheram essa necessidade de espiritualidade
aderindo às práticas ocultistas, como o espiritismo e a teosofia. O conflito do cristianismo, o ocultismo e a
Razão Humana levaram a um grande ceticismo religioso em meados do século
XIX. Foram três os resultados desse
ceticismo: O evidente ateísmo do
darwinismo.
O
ataque à infalibilidade da Palavra de Deus pelos intelectuais da Universidade
de Cambridge. A apostasia de muitos que
anteriormente professavam as doutrinas fundamentais da fé. Com a rejeição geral da verdade por parte dos
intelectuais, muitas igrejas e organizações protestantes nos Estados Unidos
começaram a ver traições dentro de suas próprias fileiras. Do outro lado do
Atlântico, a batalha espiritual da Inglaterra parecia sombria e desanimadora no
fim do século XIX. A nação que se tornara um bastão do cristianismo, sucumbia
rapidamente para a apostasia. A batalha no século XX mudaria principalmente
para os Estados Unidos, mas as origens da grande apostasia que começou no
século XVIII, já vitimavam a maior parte da Europa por volta do ano 1900. Os
homens do século XIX que moldaram as filosofias que iriam permear o futuro da
sociedade tinham pouco em comum: Charles Darwin era formado em teologia,
Charles Lyall era advogado, Thomas Huxley tinha uma graduação duvidosa em
medicina, Jean Baptiste Lamarck e Herbert Spencer não tinham nenhuma educação
formal, Hegel e Marx tinham formação em filosofia. Entretanto, uma coisa que
todos eles compartilhavam era o ódio a Deus e ao cristianismo bíblico. Até
mesmo Wescott e Hort negaram a inerrância das Escrituras, e estavam
determinados a remover a tradução do Textus Receptus do alcance do público.
Esses foram os homens que lançaram o fundamento para as batalhas espirituais a
serem travadas em todo o século XX - um século que veria organizações
religiosas se desviarem da verdade, o surgimento da nação de Israel, as
profecias do fim dos tempos tornarem-se realidade, e a enganação da Religião
Orientada Para Resultados. O mundo no início do século XX estava grandemente
mudado em relação ao que existia no início do século XIX. As invenções e a
produção em massa da Revolução Industrial provocaram uma transição rápida no
mundo ocidental de uma sociedade agrária para uma sociedade consumidora e, com
a deflagração da Primeira Guerra Mundial, a mecanização avançada do mundo foi
exibida na tecnologia da guerra moderna. Esse "admirável mundo novo"
retornou dos horrores da guerra mundial com a reação filosófica exibida em uma
tentativa da elite de estabelecer um governo mundial por meio da Liga das
Nações. Sem o apoio dos Estados Unidos, essa organização falhou, mas as
sementes de globalismo tinham sido plantadas na psiquê moderna. Além disso, a
idéia do Reino de Deus na Terra foi expandida além das fronteiras do Império
Britânico para uma liga honrada de todas as nações: "A Liga de Nações',
disse o arcebispo de Canterbury em Genebra, pode fazer muito para tornar o
Reino de Deus uma realidade em nossas vidas... 'A Liga de Nações', diz o Dr.
Jowett, tem como alvo 'a transformação do reino deste mundo no Reino de
Deus'" No centro dessa nova mentalidade do "pensamento de grupo"
estavam organizações ocultistas e iluministas muito bem financiadas, como a
Sociedade Teosófica, a Lucis Trust, e a Sociedade Fabiana, que finalmente
promoveram os conceitos de socialismo dentro do pensamento corrente. Em 1925,
foi acrescentado o elemento de darwinismo na consciência pública, e o conceito
de "sobrevivência da espécie" aumentou a noção do século XIX de
"darwinismo social". Essas filosofias, quando misturadas dentro das
atitudes e dos valores das massas humanas, diminuem a importância do indivíduo
e elevam as virtudes do grupo. Biblicamente, isso está em contradição com os
ensinos doutrinários do Novo Testamento, o amor de Deus e seu interesse pelo
indivíduo e, finalmente, a salvação individual. Ao mesmo tempo, uma mentalidade
de pensamento de grupo promove os falsos conceitos de "irmandade dos homens",
unidade eclesiástica, globalismo político e o sacrifício de indivíduos a fim de
assegurar a "sobrevivência da espécie" - até mesmo o genocídio em
massa para eliminar os "deficientes mentais" e outros elementos
indesejáveis da sociedade que podem, posteriormente, tornar-se uma ameaça à
espécie como um todo. Quando essas
filosofias começaram a se infiltrar no cristianismo, o modernismo produzido na
Alemanha quase dois séculos antes começou a infectar as grandes denominações
nos Estados Unidos como um câncer incurável. As heresias desovadas no século
XIX e que escarneciam das doutrinas fundamentais da Palavra de Deus culminaram
no dogma do modernismo do século XX: A Bíblia é o resultado de um processo
evolucionário humano. Negação dos milagres Nenhuma validade para os relatos
bíblicos históricos (por exemplo, Adão ou Eva não existiram, o Dilúvio não
aconteceu) Muitos eventos do Velho
Testamento são meramente mitos. Não houve o nascimento virginal, negação da
divindade de Cristo e da sua ressurreição física. As narrativas do Evangelho não são factuais.
Nenhuma idéia precisa de como Jesus realmente era abordagem histórica-crítica
para interpretar a Bíblia. Não é necessário formação em Teologia para ver a
correlação entre essas corrupções da verdade de Deus com a blasfêmia filosófica
instigada no século XIX. As mãos de Hegel, Darwin, Marx, Wescott e Hort estão
aparentes nessa clara aprovação contra o Deus Todo Poderoso. Nos anos 1900s, as
filosofias desses homens estavam se alastrando como fogo entre as igrejas nos
Estados Unidos, acendendo controvérsias ferozes dentro das denominações.
Enquanto a maioria dos fundamentalistas tenha preferido lutar essas batalhas
dentro de suas respectivas denominações até aproximadamente 1930, grupos
separatistas mais tarde surgiram em todas as denominações, à medida que as
lideranças caíam como pedras de dominó nas mãos dos liberais infiéis. A
situação deteriorou-se ao ponto que algumas denominações recusaram-se até mesmo
a produzir declarações doutrinárias oficiais que indicariam os hereges dentro
de suas fileiras. Foi nesse clima que apareceu o termo
"fundamentalista". Embora o termo tenha sido cunhado em 1920, foi
explicitamente definido pelo Congresso Mundial dos Fundamentalistas, em 1976:
Agora o verdadeiro fundamentalista é um crente nascido de novo, que conhece o
Senhor Jesus Cristo único Deus e Senhor, que mantém uma crença inabalável na
Bíblia, afirmando que a mesma é inerrante, infalível, e verbalmente inspirada
por Deus, crê em tudo o que a Bíblia diz, julga todas as questões e a si
próprio por meio da Bíblia, afirma as verdades fundamentais da fé cristã
histórica: A doutrina da unicidade a
encarnação, o nascimento virginal, o sacrifício vicário e expiatório, a
ressurreição corporal, a ascensão ao céu e a segunda vinda do Senhor Jesus
Cristo. O novo nascimento por meio da regeneração do Espírito Santo. A
ressurreição dos santos para a vida eterna. A ressurreição dos perdidos para o
julgamento final e a morte eterna. A comunhão dos santos, que são o corpo de
Cristo. Pratica a fidelidade a essa fé, e dedica-se a pregá-la à toda criatura;
Expõe e separa-se de toda distorção eclesiástica dessa fé, da contemporização
com o erro, e da apostasia da Verdade; E Batalha diligentemente pela fé uma vez
entregue aos santos. Portanto, o fundamentalismo é uma ortodoxia militante com
um zelo para ganhar almas. Embora os fundamentalistas possam divergir em certas
interpretações das Escrituras Sagradas, nós nos juntamos em unidade de coração
e propósito comum para a defesa da fé e a pregação do evangelho, sem
contemporização ou divisão. A não ser
que um homem mantenha e defenda a fé das Sagradas Escrituras, e esteja
interessado na salvação dos perdidos, ele não é um verdadeiro fundamentalista."
Nos anos 1920, liberais bem-patrocinados, como Harry Emerson Fodsdick,
continuaram a ofensiva contra o fundamentalismo. Fodsdick, que era financiado
pelo bilionário John D. Rockefeller, dispararou um torpedo em 21 de maio de
1922 com seu sermão, "Os Fundamentalistas Vencerão?", em que afirmava
que doutrinas como "O Nascimento Virginal", "A Inerrância das
Escrituras", e "A Segunda Vinda" não eram essenciais e ele as
rejeitava. Esse sermão também serviu
para sinalizar que a tolerância liberal com aqueles que defendiam a ortodoxia
estava muito reduzida, e os credos e as declarações doutrinárias que
denominacionais liberais tinham simplesmente ignorado por décadas agora se
tornaram os objetos de crítica aberta. O foco principal desses ataques começou
exatamente onde Lucifer atacou no século XIX - a inerrância das Sagradas
Escrituras. Em 1924, um grupo de 149 ministros presbiterianos reunidos em
Auburn, no estado de Nova York, redigiu a "Declaração de Auburn". Sob
o disfarce de "apaziguadores", que simplesmente desejavam encerrar a
divisão dentro da denominação, esse grupo explicitamente repudiou a doutrina da
inerrância das Escrituras Sagradas. A "Doutrina da Inerrância", que
tinha sido a ponta de lança dos ataques dos intelectuais e seminários no século
XIX, tornou-se o alvo de novos e ferozes ataques no campo público de todas as
denominações. A verdade foi que Lucifer e seus cúmplices liberais compreendiam
perfeitamente que se um grupo negasse a inerrância da Palavra de Deus, outras
doutrinas essenciais seriam alvos fáceis. Uma vez que a inerrância das Sagradas
Escrituras é questionada, a espiral descendente para a apostasia total torna-se
um trem de carga descontrolado que não pode ser detido. A revista liberal
Christian Century resumiu o clima dos anos 1920 muito bem quando afirmou:
"Dois mundos se chocam … Há uma disputa aqui tão profunda e tão sinistra
como entre o cristianismo e o confucianismo… O Deus do fundamentalista é um e o
do modernista. Em defesa do fundamentalista bíblico, sua posição deveria ser
conforme ordenado pela Palavra de Deus: "... noteis os que promovem
dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.
Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com
suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples." [Romanos 16:17-18].
Os anos 1930 trouxeram mais mudanças arrebatadoras ao mundo ocidental. A Grande
Depressão fez muitos rejeitarem a fábula modernista de que o homem estava no
controle de seu próprio destino, e forçou os indivíduos a deixarem sua posição
de auto-suficiência e de controle para a busca da simples sobrevivência. Esse
mergulhar repentino no modo de sobrevivência tornou as famílias mais próximas e
forçou os indivíduos a reformularem suas prioridades. Além disso, a deflagração
da guerra na Europa dissipou a idéia de que a Primeira Guerra Mundial foi a
guerra para terminar com todas as guerras; virtualmente extinguindo a teoria de
que a Liga de Nações era um passo para tornar o "Reino de Deus" uma
realidade. A Segunda Guerra Mundial também levou muitos a reavaliarem a
escatologia do pós-milenismo, que ensinava que a humanidade estava realmente
progredindo ao ponto de que o Reino de Deus seria revelado na Terra. Todos
esses fatores impulsionaram o fundamentalismo pré-milenista e separatista. Como
resultado desses e de outros fatores, os separatistas no arraial
fundamentalista fizeram grandes avanços nas décadas de 1930 e 1940 por meio da
organização de Conferências Bíblicas, fundando Faculdades Bíblicas, Ministérios
no Rádio, e organizações de largas bases fundamentalistas, como o Conselho
Americano das Igrejas Cristãs e a Associação Nacional de Evangélicos. Líderes
fundamentalistas, como Charles Woodbridge, Carl McIntire, John R. Rice, Bob
Jones, Charles Fuller, M. R. DeHaan, Harry Ironside, R. G. Lee e muitos outros,
estiveram à frente do subitamente vibrante movimento separatista.
O NEO-EVANGELICALISMO
Exatamente
quando o fundamentalismo parecia estar ganhando a maior parte do terreno, um
novo movimento de dentro de suas fileiras lançou as sementes que iriam provocar
sua futura decadência. Esse grupo de indivíduos chamava a si mesmo de
"neo-evangélicos". Harold J. Ockenga, o primeiro presidente do
Seminário Teológico Fuller, cunhou o termo "neo-evangélicos" em 1947.
Ele insistia que a palavra-chave para espalhar o evangelho não era mais a
separação, conforme prescrito na Bíblia, mas a infiltração nas igrejas
apóstatas. Ele se encarregou de detalhar as diferenças entre fundamentalismo e
neo-evangelicalismo: Os neo-evangélicos enfocariam as questões sociais que os fundamentalistas
evitavam. Os neo-evangélicos incluiriam com a salvação uma "filosofia
social". Os neo-evangélicos não
"se concentrariam nas personalidades que adotam o erro". O cristão não deve ser "obscurantista
nas questões científicas, como a criação, a idade da humanidade, a
universalidade do dilúvio, e outras questões bíblicas questionáveis". As questões intelectuais deveriam ser
respondidas dentro da estrutura de aprendizagem moderna e deveria haver liberdade
nas áreas menos importantes. Além disso, Ockenga especificamente designou e
promoveu quatro agências para o progresso do neo-evangelicalismo: A Associação
Nacional de Evangélicos. O Seminário Teológico Fuller. A revista Christianity
Today. Evangelismo ecumênico encabeçado pelos Ministérios Billy Graham Embora o
papel do Seminário Fuller se tornará ainda mais crucial na discussão posterior
da Religião Orientada Para Resultados, Fuller se tornou não apenas a base de
treinamento dos neo-evangélicos, mas também a principal fonte para instilar os princípios
da Religião Orientada Para Resultados desde sua origem. Essa orientação do
Seminário Fuller foi muito explícita: "Os primeiros líderes do Fuller
estavam cientemente rejeitando os aspectos negativos do fundamentalismo da
linha antiga … O fundamentalismo era caracterizado pela militância… uma
disposição de lidar com os aspectos negativos, e por separação, e foi isso que
trouxe à tona o movimento neo-evangélico."
Como presidente do Seminário Fuller, Ockenga também tornou suas metas
bem claras: "Desejamos que nossos rapazes sejam tão treinados, que quando
vierem de uma denominação, voltem para sua denominação adequadamente preparados
para pregar o evangelho e defender a fé e prosseguir no trabalho de Deus."
De uma só vez, essa declaração revelou a essência do ecumenismo evangélico,
declarou de forma sucinta a estratégia de infiltração no lugar da separação, e
revelou a posição de que a aderência à doutrina está subordinada ao
evangelismo. Todos esses pontos estão em conflito direto com a Palavra de Deus.
A Bíblia exige separação - não infiltração. A Bíblia também diz claramente que
cristãos não devem tolerar os falsos mestres e a falsa doutrina. Em contraste
com a Religião Orientada Para Resultados, a Bíblia não ensina que o fim
justifica os meios. Em oposição à
metodologia do Seminário Fuller, Francis Schaeffer declarou, "O
evangelismo que não conduz à … pureza doutrinária é simplesmente tão falho e
incompleto quanto a ortodoxia que não conduz a um interesse e uma comunicação
com os perdidos." O evangelismo não é mutuamente exclusivo de doutrina.
Como pode a mensagem do evangelho coexistir com aqueles que negam a unicidade
de Deus, a divindade de Cristo, o nascimento virginal, a ressurreição física, a
justificação pela fé, ou a inerrância das Escrituras Sagradas? A realidade é
que em um ambiente de falsas doutrinas (como é o caso de uma organização
religiosa cuja hierarquia professa os ensinos do modernismo ou do catolicismo)
o infiltrador deve comprometer sua posição para evitar embaraço, exposição e/ou
expulsão final. Quando o infiltrador segue esse roteiro até sua conclusão
lógica, uma concessão aqui leva à outra ali até que a apostasia aberta uma vez
mais controla a situação, e o infiltrador passa ele próprio a adotar a doutrina
falsa. Isso foi evidenciado até mesmo em Fuller, pois no início dos anos 60,
"o corpo docente estava dividido se a inerrância se aplicava às Escrituras
Sagradas inteiras, ou somente às passagens que tratavam da redenção". À medida que a situação deteriorou, em 1982
apenas 15% dos estudantes da Escola de Teologia Fuller "sustentavam a
convicção dos fundadores do Seminário sobre a inerrância".O Dr. Charles
Woodbridge resumiu com exatidão a situação quando declarou: "O neo-evangelicalismo defende a
tolerância ao erro. Ele segue o caminho descendente da acomodação ao erro,
cooperação com o erro, contaminação pelo erro e, finalmente, capitulação ao
erro." O neo-evangélico compreendia o erro dos modernistas, mas ofendia-se
pela militância dos fundamentalistas. Esses indivíduos estavam preocupados que
a atitude separatista dos fundamentalistas era muito dura e sem amor. Isso pode
provavelmente ser melhor exemplificado pelos métodos do evangelismo ecumênico
de Billy Graham. Ninguém nega que o evangelho de Jesus Cristo seja apresentado de
forma clara e correta nas cruzadas de Billy Graham. Entretanto, ao invés de
trabalhar com os fundamentalistas que pregavam o evangelho, de meados dos anos
50 em diante, o Ministério Billy Graham alinhou-se com os católicos romanos e
os modernistas que negavam ou pervertiam a própria doutrina de justificação
pela fé apresentada por Graham da plataforma de suas cruzadas. Embora à
primeira vista isso possa parecer contraditório, essa metodologia é a aplicação
perfeita da estratégia de Ockenga de infiltração, em vez de separação das
organizações apóstatas. Além disso, os convertidos dessas cruzadas eram então
enviados para infiltrar as próprias organizações apóstatas que patrocinaram a
cruzada. Em vez de a infiltração de indivíduos nascidos de novo dentro de organizações
apóstatas inverter a infidelidade, os resultados trágicos dessa estratégia
produziram uma geração inteira de indivíduos nascidos de novo cujo impacto à
causa de Cristo foi virtualmente nulo devido à falta de crescimento e de
maturidade cristã que ocorre somente com o ensino bíblico sadio, com comunhão
cristã verdadeira e com a pregação expositiva da Palavra de Deus. O mais
trágico é que os filhos dessa geração, que cresceram em um ambiente sem um
testemunho do evangelho puro e dos princípios bíblicos, correm o risco de
formar uma geração totalmente perdida. De uma perspectiva humana, o motivo era
realmente nobre. O resultado declarado - a evangelização em massa - era
louvável. Entretanto, a metodologia que contradizia ou completamente ignorava as
instruções da Palavra de Deus estava seriamente furada. Na análise final, o
evangelismo na ausência de sã doutrina deixa de perpetuar a si mesmo. A
utilização dessa metodologia do neo-evangelicalismo sufoca a passagem da
"tocha do evangelho" às futuras gerações - um exemplo da falha
trágica da implementação inicial dos princípios básicos da Religião Orientada
Para Resultados.
O
Movimento Ecumênico
O
Movimento Ecumênico começou dentro das principais denominações protestantes
como um ímpeto para a unidade global e cooperação entre as igrejas cristãs.
Embora o evento historicamente percebido como a fundação do Movimento Ecumênico
tenha sido a Conferência Missionária Mundial, em Edimburgo, em 1910, essas
tentativas tinham sido experimentadas já em meados do século XIX. A unidade entre os crentes é absolutamente
bíblica e deve ser encorajada. Entretanto, o Movimento Ecumênico moderno é
claramente contrário à Bíblia. Esse movimento começou como um esforço de
primeiro unir as denominações, foi expandido para trazer as ovelhas errantes
nas denominações protestantes de volta para o aprisco da Igreja de Roma, e
agora se desenvolveu ao ponto em que está sendo procurada uma base comum entre
todas as religiões do mundo. O espírito do ecumenismo primitivo foi ilustrado com
a fundação do Conselho Federal de Igrejas, em 2 de dezembro de 1908. Os membros
originais consistiam das 31 principais denominações norte-americanas e, por
volta de 1950, tinha crescido para 144.000 congregações locais com um total de
32.000.000 membros. [ À primeira vista, alguém pode assumir que essa
organização baseava-se no princípio da unidade bíblica. Entretanto, quando
examinamos os fundadores da organização, vemos nomes como Harry F. Ward, um
professor no Seminário Teológico União, que foi identificado sob juramento pelo
ex-comunista Manning Johnson como "o arquiteto-chefe da infiltração e
subversão comunista no campo religioso." Outro fundador do CFI foi Walter
Rauschenbusch, um professor batista no Seminário Teológico Rochester. Ele também
era membro da socialista Sociedade Fabiana, e "conclamava os cristãos a
construirem uma ordem social justa baseada na lei moral… Ele achava que os
cristãos tinham falhado em levar a cabo o mandamento de Cristo de construir o
reino de Deus na Terra…" Em 1942, o
Conselho Federal de Igrejas lançou uma plataforma propondo um "governo
mundial, o controle internacional de todos os Exércitos e Marinhas, um sistema
universal de dinheiro, e um banco internacional controlado de forma
democrática." Certamente então vem
sem surpresa que em 1927, o congressista Arthur Free apresentou uma resolução
na Casa de Representantes dos Estados Unidos especificando o Conselho Federal
de Igrejas como "uma organização comunista que objetivava o
estabelecimento de uma igreja estatal…"
Em 29 de novembro de 1950, o Conselho Federal de Igrejas fundiu-se com
várias outras organizações interdenominacionais para formar o Conselho Nacional
de Igrejas. O Conselho Nacional de Igrejas passou então a participar no
Conselho Mundial de Igrejas. A história uma vez mais se repetiu depois da
Segunda Guerra Mundial. Exatamente como o movimento para um governo mundial sob
a Liga de Nações foi tentado depois da Primeira Guerra Mundial, a elite
iluminista uma vez mais organizou um encontro mundial nas Nações Unidas. Esse
movimento de um só mundo foi também simultaneamente duplicado no campo
teológico com a fundação do Conselho Mundial das Igrejas Cristãs. O CMIC foi
formado em 1948 com 147 denominações de origem protestante e ortodoxas. (Ele
atualmente cresceu para 293 denominações-membro, representando 400.000.000
pessoas.) Essa organização tornou-se o novo bastão do liberalismo protestante e
do modernismo. Fundado com base no princípio sem base bíblica da "'unidade
das igrejas', a nova visão é pela unidade de todas as religiões - e, de fato,
de toda a humanidade." O encontro
inaugural do CMIC (agosto de 1948) estendeu um convite de participação às
"igrejas que aceitam nosso Senhor Jesus Cristo como Deus e Salvador",
mas não se interessou em quantificar a interpretação dessa afirmação. Nesse
mesmo encontro, a meta da organização foi claramente declarada pelo Secretário
Geral do CMIC, W. A. Visser't Hooft:"… pode haver e há finalmente apenas
uma igreja de Cristo na Terra… estamos cientes da situação, que não a aceitamos
passivamente, que nos movamos rumo à manifestação da SANTA IGREJA
ÚNICA." Para evitar qualquer
mal-entendido, a Igreja Universal certamente existe. Essa igreja é o
"corpo de Cristo", consistindo de todo aquele que foi redimido de
forma vicária pelo sangue de Jesus Cristo. Entretanto, essa igreja universal
NÃO inclui todos os membros de todas as igrejas e/ou religiões. Esse
"corpo" também NÃO inclui aqueles que meramente afirmam o
cristianismo mas nunca passaram pelo novo nascimento. Além disso, essa
declaração particular paralelizou o sentimento por um governo único mundial com
uma religião única mundial. A visão oposta do CMIC foi corretamente expressa
pelo Dr. David Cloud:
"Poderíamos
descrever o erro da igreja cristã mundial em diversas categorias. Poderíamos
falar de suas heresias doutrinárias, do modernismo…. do universalismo. O
simples fato é que a Igreja Cristã Mundial falha em todos os testes bíblicos
que poderiam ser aplicados. Claramente, ela não tem base nas Escrituras."
Em referência à Declaração de Fé do CMIC, até mesmo E. J. Carnell, presidente
do Seminário Teológico Fuller, teve estas pouco lisonjeiras palavras (apesar de
sua crítica, ele ainda enviou formandos do Seminário Fuller para se infiltrarem
nas igrejas que participam do CMIC):(A Declaração de Fé do Conselho Mundial de
Igrejas) "não é bastante digna de honras para se adequar à ortodoxia,
porque a única heresia que pega é o unitarianismo e as doutrinas plurais da
igreja católica romana e sua filiadas protestantes que negam o Deus único. Os
buracos na rede são tão grandes que um mar de erros teológicos pode seguramente
passar por eles. Isso prova que o movimento ecumênico está mais interessado na
unidade do que na verdade." A premissa básica do CMIC é o estabelecimento
desse místico "reino de Deus" na Terra. É a mesma velha canção
cantada no mesmo velho tom. A idéia de estabelecer o "reino de Deus"
é tão velha quanto a formação da Igreja de Roma. Essa torrente de pensamento
flui pelas páginas da história da Igreja Romana, pelo Império Britânico e, no
século XX, sob os auspícios da Liga de Nações. Entretanto, Deus não precisa da
ajuda do homem para estabelecer seu reino na Terra, e o reino de Deus na Terra
não é e não será revelado na igreja. O reino de Deus será estabelecido apenas na
segunda vinda de Jesus Cristo. Ele só - sem a ajuda do homem - estabelecerá seu
reino, e reinará então em toda a Terra a partir de Jerusalém por 1000 anos - o
Milênio. Portanto, o reino socialista sonhado pelo Conselho Mundial de Igrejas
é nada mais que uma fabricação luciferiana. Philip Potter, secretário geral do
CMIC, declarou em 1969: "Conclamamos as igrejas a se moverem… para a
relevante e sacrificial ação que conduzirá a novos relacionamentos de dignidade
e justiça entre todos os homens e para se tornarem os agentes para a
reconstrução radical da sociedade… É necessária uma mudança radical das
estruturas sociais, econômicas e políticas, e não a mera transferência prudente
dos recursos e das tecnologias."
Sob a liderança dúbia dos Conselhos Mundial e Nacional de Igrejas, o
Movimento Ecumênico tornou-se um alvo fácil para o fundamentalismo militante.
Além da recusa continuada das doutrinas fundamentais da fé cristã, a longa
lista de organizações e associações de frente comunistas dentro do CNI e o CMIC
somaram novo fervor para as organizações fundamentalistas. Como resultado,
durante os anos 1950 e os anos 1960, fundamentalistas de grande destaque, como
o Dr. Carl McIntire, com o Conselho Americano de Igrejas Cristãs, Edgar Bundy,
da Liga de Igrejas da América, e Billy James Hargis (mais tarde implicado em um
escândalo sexual), da Cruzada Cristã, expuseram o ecumenismo e o comunismo do
CNI e o CMIC tanto por meio das transmissões nacionais de rádio quanto de
encontros patrióticos. "Eles enfocaram seus ataques no Conselho Nacional
de Igrejas e no Conselho Mundial de Igrejas como 'apóstatas, anti-americanos,
pró-comunistas e organizações eclesiásticas insurretas.'" Os esforços
desses e de outros fundamentalistas, junto com a disposição conservadora geral
do povo americano nos anos 1950, levou a outro êxodo em massa das principais
denominações nos anos 1960. Isso tudo parecia sinalizar o fracasso do movimento
ecumênico mas, em 1963, a
cavalaria chegou para tentar resgatar os infiéis religiosos.
O CONCÍLIO VATICANO II
Por
mais de 1400 anos a Igreja Católica Romana não foi apenas correta aos seus
próprios olhos, mas também aos seus próprios olhos possuía infalibilidade
absoluta. Ela reinava sobre os monarcas, sobre os ricos e sobre os pobres com
mão de ferro. Independente da posição social, se as crenças pessoais de alguém
eram inconsistentes com as da Igreja, as conseqüências eram ou prisão, ou
tortura, ou morte na fogueira, ou tudo isso. A partir do ponto de vista da
Igreja, não havia salvação à parte de Roma, nenhum cristianismo à parte de
Roma, e nenhum espaço para discussão. Entretanto, em 1962, alguma coisa muito
estranha ocorreu, e muitas das atitudes que prevaleciam por mais de um milênio
subitamente desapareceram. O Concílio Vaticano I foi adiado em 1870 depois de
estabelecer definições para a "doutrina" da infabilidade papal. O
Concílio Vaticano II foi inaugurado em 11 de outubro de 1962 pelo papa João
XXIII e encerrado em 8 de dezembro de 1965 por Paulo VI. Os decretos e
declarações do Vaticano II sinalizaram uma mudança de paradigmas no pensamento
católico que não apenas resultou em uma guerra civil cismática dentro das
fileiras do catolicismo, mas também levantou sérias questões quanto à
verdadeira origem das mudanças. A essência dessas mudanças começou em 1959,
quando João XXIII convocou o Concílio "para completar o trabalho do
Concílio Vaticano I". Em 1961, ele
abriu um precedente histórico ao permitir que observadores católicos
participassem oficialmente da Terceira Assembléia do Conselho Mundial de
Igrejas e também ofereceu lugares de honra aos observadores protestantes e
ortodoxos em todas as sessões do Vaticano II. A bomba resultante, chamada de
"Decretos do Ecumenismo", incluía os seguintes excertos: Todos que
foram "justificados em fé no batismo" são membros do corpo de Cristo;
todos têm o direito de serem chamados cristãos; os fiéis da Igreja Católica os
chama de irmãos.
A
Igreja Católica crê que as igrejas e comunidades separadas "são eficientes
em alguns aspectos." O Espírito Santo faz uso dessas igrejas; elas são um
meio de salvação para seus membros. Os católicos são encorajados a se unirem em
atividade ecumênica e a se reunirem com cristãos não católicos em verdade e
amor… Os católicos não devem ignorar seu dever para com os outros cristãos…
mesmo assim… os católicos sinceramente acreditam que a sua é a Igreja de
Cristo; tudo o que for necessário deve ser feito para que os outros claramente
a reconheçam como a Igreja de Cristo. … os teólogos e outros católicos
competentes devem estudar a história, os ensinos, e a liturgia de igrejas
separadas… Em circunstâncias
apropriadas, orações para a unidade devem ser feitas em conjunto com os
cristãos não católicos…
…
Diferenças importantes permanecem… mas… o fato é que os cristãos crêem na
divindade de Cristo e no fato da reverência pela palavra de Deus revelada na
Bíblia. Na causa do ecumenismo, o
católico sempre deve permanecer verdadeiro à fé que recebeu... Os novos
conceitos iniciados pelo papa João XXIII e pelo Vaticano II foram um
afastamento radical da posição histórica da instituição Católica Romana.
Sugerir que protestantes e ortodoxos eram cristãos, e ainda usar o termo
"irmãos" estava em contradição completa com a doutrina católica
tradicional. Os tradicionalistas dentro da Igreja Católica acusaram os autores
dos documentos do Vaticano II de "favorecimento da filosofia moderna sobre
a doutrina católica tradicional"; favorecimento do humanismo, do
naturalismo e da evolução; recusando-se a condenar o socialismo e o comunismo;
e fazendo acordos com a "Maçonaria", com o Conselho Mundial de
Igrejas, e com "Moscou". O
tempo provou que essas acusações estavam corretas, e alguns chegam a sugerir
que o Vaticano II foi um afastamento tão radical do catolicismo estabelecido,
que é possível considerar seriamente a possibilidade de um grande golpe no
interior do Vaticano. Nas palavras do tradicionalista católico, R. P. Georges
de Nantes: "No Concílio Vaticano II (1962-1965), dois homens
apresentando-se como papas católicos, João XXIII e Paulo VI, lideraram o corpo
inteiro de cardeais e bispos para fora da Igreja Católica e para dentro da
seita Vaticano II…" Embora alguém
possa se perguntar o que aconteceu para causar tal mudança radical, para os propósitos desta discussão, a
resposta a essa pergunta é irrelevante. A questão importante agora é que
exatamente quando o Movimento Ecumênico estava para ser sepultado, a Igreja
Católica Romana apareceu em cena como o cavaleiro em armadura brilhante para
resgatá-lo. Não apenas a Igreja de Roma abraçou os "irmãos
separados", mas também iniciou novas estratégias para aumentar os esforços
do ecumenismo. (Essas estratégias serão discutidas em capítulos subseqüentes.)
O
século XIX testemunhou o assentar da fundação para os eventos das primeiras
seis décadas do século XX. Por volta de 1965, o palco parecia armado para a
aliança dos protestantes e católicos se unirem e formarem a Igreja Única
Mundial. Os fundamentalistas nesse tempo estavam não apenas confusos com a
batalha contra a aliança Modernista - Católica Romana, mas também encaravam a
ameaça da Religião Orientada Para Resultados dos neo-evangélicos. Com o
fundamentalismo empenhado na batalha em duas frentes, as mega-igrejas pareciam
estar posicionadas para terminar a ameaça do fundamentalismo fragmentado. Entretanto,
Deus tinha outros planos para a humanidade, e os eventos mundiais tomariam
outro giro para lançar um grande ataque no coração do Movimento Ecumênico. A fé
é uma "lei" ou "força", que pode ser ativada por qualquer
pessoa - cristã ou não; A habilidade de realizar milagres, sinais e maravilhas
é um talento intrínseco em nós; precisamos apenas aprender as técnicas para
ativar as leis espirituais em que a fé está baseada; Deus está preso a essas
leis espirituais, e deve responder a qualquer pessoa - mesmo aos seus piores
inimigos - que usa tais conhecimentos;
Como
"deuses" ("seres divinos"), temos o "direito
divino" à saúde e à prosperidade; Jesus é o nosso "irmão mais
velho", que dominou as leis espirituais da natureza e é, portanto, nosso
exemplo para que façamos o mesmo; O homem pode se tornar espiritual e
fisicamente perfeito quando aprende a dominar essas leis espirituais; O Reino
de Deus será estabelecido na Terra quando um número suficiente de pessoas tiver
se aperfeiçoado.
1901,
Topeka, Kansas, Seminário Bíblico Betel, - Agnes Ozman recebeu o que chamou de
"batismo no Espírito Santo" e falou em "línguas".
1906,
Los Angeles, Califórnia - Igreja da Rua Azusa
Segunda
Onda - Renovação Carismática:
1960
- O Movimento Carismático Moderno começou na Igreja Episcopal de São Marcos,
Van Nuys, Califórnia.
1962
- O fenômeno da glossolalia explodiu na Universidade de Yale [2] entre os
membros da evangélica Comunidade Cristã Intervarsity. Ela incluía episcopais,
luteranos, presbiterianos, metodistas e um católico romano.
1967
- Spring Vacation - Trinta católicos zelosos da área de Notre Dame receberam o
"batismo do Espírito Santo".
1974
- 30.000 católicos carismáticos realizaram uma conferência em Notre Dame.
1977
- Conferência Carismática em Kansas City, 50.000 participantes - quase metade
deles eram católicos romanos.
1977
- A AP estima em 10 milhões o número de carismáticos nos Estados Unidos.
1983
- A edição de 18 de janeiro da revista Christianity Today informou que as
Assembléias de Deus era a denominação que mais crescia nos Estados Unidos.
Nessa época, ela tinha 1,7 milhão de membros e crescia rapidamente.
Terceira
Onda - Movimento de Sinais e Maravilhas - enfatiza mais o dom de profecia e
cura do que o de línguas:
1983
- "Terceira Onda" - termo cunhado por Peter Wagner: "… estamos
agora na terceira onda. Vejo a terceira onda dos anos 80 como uma abertura dos
evangélicos tradicionais e outros cristãos ao trabalho sobrenatural do Espírito
Santo que os pentecostais e carismáticos experimentaram, mas sem se tornarem
carismáticos ou pentecostais."
A PRIMEIRA ONDA
A
origem "oficial" do pentecostalismo moderno começou em 1901, no
Colégio Bíblico Betel, em Topeka, Kansas, quando Charles Parham impôs as mãos
sobre Agnes Ozman. Ela imediatamente começou a falar em
"línguas". "Afirmou-se
(apesar de que nunca foi confirmado com credibilidade) que ela falou em chinês
durante três dias, incapaz de falar em inglês, e no segundo dia falou em
boêmio. Logo, a maioria dos outros na escola estavam falando e cantando em 'línguas'…
os jornais locais do dia descreveram o fênomeno como linguagem ininteligível…
Em 1914, Charles Shumway procurou diligentemente por evidências para comprovar
que as línguas dos primeiros pentecostais eram línguas reais, isto é, línguas
conhecidas. Ele não conseguiu sequer uma pessoa para confirmar as
afirmações…" Um dos aspectos mais interessantes dos eventos no Colégio
Bíblico Betel foi a tentativa dos participantes de provar que suas
"línguas" eram na verdade línguas faladas. Eles achavam que de acordo
com a Palavra de Deus, o dom de "Falar em Línguas" era a habilidade
que um indivíduo tinha de falar numa língua que lhe era desconhecida para
comunicar o Evangelho na língua de quem estivesse ouvindo. Tal tentativa
cessaria muito cedo, pois aqueles que "falavam em línguas" não
conseguiam produzir nenhuma evidência de que aquelas assim chamadas línguas,
não eram nada mais do que uma linguagem sem sentido e obscura. Assim, o
incidente no Colégio Bíblico Betel era somente o precursor do que ainda estava
por vir, a Primeira Onda Carismática começou com os cultos de avivamento na
Missão da Rua Azusa, em Los Angeles, Califórnia. Essa Missão era pastoreada por
William Seymour, que cria na necessidade de "duas obras da graça"
para a salvação, que a verdadeira igreja estava sendo restaurada em um
milagroso reavivamento dos últimos tempos, e (apesar que ele mesmo nunca ter
falado em línguas) fortemente argumentava que as línguas eram a evidência do
recebimento do Espírito Santo. Seymour raramente pregava, mas ao invés disso
ficava atrás do púlpito com um caixote vazio cobrindo sua cabeça. Os cultos na
Missão da Rua Azusa eram "caracterizados por confusão, dança, pulos,
quedas no chão, transes, quedas no espírito, línguas, contorções, histeria,
sons estranhos, e risada santa… descrito como 'demonstrações selvagens e
histéricas". Charles Parham, conhecido como o Pai do Pentecostalismo e
presidente do referido Colégio Bíblico Betel, fez uma avaliação menos que
satisfatória em sua visita à Missão da Rua Azusa, em 1906:
"Parham
descreveu as 'línguas' de Azusa como 'confusas e inarticuladas, desenfreadas e
exasperadas, falando absolutamente nenhuma língua existente'… De acordo com
Parham, dois terços das pessoas que seguiam o pentecostalismo em seus dias
foram 'ou hipnotizadas ou conduzidas à loucura (total falsa de senso)'… assim,
o 'Pai do Pentecostalismo' rejeitou totalmente as reuniões da Rua Azusa como
sendo uma imitação fraudulenta, manipulada e demoníaca, e mesmo assim
praticamente todas as denominações pentecostais rastreiam suas origens a essas
reuniões na Rua Azusa."A Primeira Onda continuou com aqueles que diziam
ressuscitar os mortos (ninguém jamais provou isso), oravam sobre lenços,
curavam os enfermos, caíam no espírito, garantiam prosperidade àqueles que contribuíssem
com o ministério deles, e ainda desenvolviam o diálogo católico
romano-pentecostal. Entretanto, os membros da Primeira Onda nunca receberam o
respeito dos protestantes tradicionais ou da população em geral. O caráter
moral de muitos de seus seguidores e líderes não ajudava muito. William Parham
(o Pai do Pentecostalismo) foi removido do ministério depois de ser preso
acusado de sodomia. William Branham profetizou falsamente que o arrebatamento
ocorreria em 1977. Aimee McPherson (depois do divórcio e diversos
relacionamentos amorosos) morreu de overdose. Kathryn Kuhlman envolveu-se
romanticamente com um homem casado, com o qual se casou após ele se divorciar
de sua mulher (posteriormente, ela se divorciou dele). Benny Hinn, um dos atuais líderes da Segunda
Onda, afirma que o manto de Aimee McPherson caiu sobre Kathryn Kuhlman; e então
foi passado dela para ele. De acordo com Benny Hinn:"… o dia virá, e digo
isso a vocês, sei disso como sei meu nome, o dia virá em que não haverá nem um
santo doente no corpo de Cristo. Ninguém ficará doente, ninguém será arrebatado
de uma cadeira de rodas. Ninguém será arrebatado de uma cama de hospital. Todos
vocês serão curados antes do arrebatamento."
A SEGUNDA ONDA E SEUS RESULTADOS
Os
aspectos mais críticos do Movimento Carismático passarão completamente
desapercebidos a menos que alguém pare para questionar os detalhes desse
movimento. Essas perguntas se aplicam ao desenvolvimento do Pentecostalismo
entre a Primeira e a Segunda
Entretanto,
seriam apenas esses fatores capazes de servir de suporte para posições
teológicas que há tempo tinham sido geralmente vistas como pertencentes a um
segmento marginal e lunático dos "Bíblias"? O que faria um católico
romano que tivesse sido criado em uma tradição de formalismo rígido
interessar-se pelos atos extravagantes dos pentecostais? Como os batistas e os
outros evangélicos poderiam ser atraídos às posições que foram tradicionalmente
ensinadas como sendo descaradamente antibíblicas? Deve ter havido algo mais em
ação aqui - algo quase como (Deus nos livre) uma conspiração. Mas quem ganharia
com isso? E qual seria o resultado de tal conspiração?
Historicamente,
a primeira organização que vem à mente junto com a palavra
"conspiração" é a Ordem dos Illuminati. Para os propósitos desta
discussão, a história do Iluminismo não será discutida em detalhes exceto para
dizer que a Ordem dos Illuminati (organizada em 1776) ainda existe nos dias de
hoje, e essa organização compreende aqueles que literalmente governam o mundo.
Esses indivíduos tambem têm um plano proeminente para instituir um Governo
Mundial Unificado e uma Religião Mundial Unificada. De fato, é essa mesma
organização que tem em seu poder a chave não somente para essa questão, mas
também para o entendimento da Religião Orientada Para Resultados. Um relato
(não confirmado) de uma testemunha ocular revela que os Illuminati se
infiltraram intencionalmente entre os pastores pentecostais em 1946. Por que a
"Elite Globalista" se incomodaria em se infiltrar nessa ramificação
marginal do cristianismo? Para achar a resposta, é necessário considerar
cuidadosamente este cenário:
1906--------
Fundação oficial do pentecostalismo
1906-60--
Os pentecostais são geralmente vistos como um segmento marginal e lunático dos
"Bíblias"
1946--------
Os pentecostais são intencionalmente infiltrados pelos agentes dos Illuminati
1960--------
Nascimento repentino da Segunda Onda do Movimento Carismático
1962--------
O Movimento da Glossolalia ocorre na Universidade de Yale. Nessa universidade
está a sede da "Sociedade Caveira e Ossos" - o campo de treinamento
dos Illuminati nos Estados Unidos. Esse fato suporta a hipótese que os membros
da "Caveira e Ossos" possam ter se infiltrado facilmente na
Comunidade Cristã Intervarsity, em Yale. O fato de que isso aconteceu em Yale é
demais para ser apenas uma coincidência.
1960-63----
O Vaticano II foi conduzido por papas que repentinamente embraçaram os
conceitos do Governo Mundial Unificado e da Religião Mundial Unificada.
Católicos tradicionais admitem que o papado foi infiltrado pelos Illuminati.
Como resultado do Vaticano II, o Movimento Ecumênico Católico foi lançado.
1963-67----
O fundamentalismo cristão continua em rápido crescimento e o Movimento
Ecumênico católico fracassa.
1967--------
Trinta zelosos católicos de Notre Dame quebram a tradição e receberam o
"batismo no Espírito Santo".
1973--------
30.000 católicos carismáticos se reúnem em Notre Dame.
1977--------
A Conferência Carismática da cidade do Kansas atrai 50.000 pessoas - metade delas
católicas.
1983--------
O fundamentalismo declina, as Assembléias de Deus são agora as igrejas que mais
crescem no mundo, com mais de 10.000.000 de carismáticos nos Estados Unidos.
Desde
1983, os laços entre carismáticos, Roma e os evangélicos têm se estreitado cada
dia mais. Isso é resultado de vários fatores:
O
Movimento Salvemos Nossa Herança Cristã
O
Movimento Salvemos Nossa Cultura
A
Maioria Moral
A
Coalizão Cristã
O
Movimento Pró-Vida
O
Documento Evangélicos e Católicos Juntos
Os
Promise Keepers
A INICIATIVA DAS RELIGIÕES UNIDAS
Enquanto
alguns desses movimentos e organizações são realmente conservadores e
bem-intencionados (outros não são nem conservadores e nem bem-intencionados), a
trágica verdade é que essas "boas causas" fizeram vastas
contribuições para enganar os verdadeiros cristãos a fim de abraçarem o
Movimento Carismático, suportando assim a construção da Religião Mundial
Unificada do Anticristo. Os fatos desse cenário exibem um chocante alerta para
todos aqueles que estão dispostos a considerá-los até às conclusões lógicas:
Os
Illuminati viram o potencial de manipular os pentecostais, e se infiltraram em
grupos pentecostais logo após a Segunda Guerra Mundial.O papado foi infiltrado
pelos Illuminati nos anos 50 (1950), e não somente resultou em diretrizes
contrárias ao catolicismo tradicional por ocasião do Vaticano II, mas
publicamente acolheu os objetivos dos Illuminati numa abrangente Religião
Mundial Unificada.
Quando
o Movimento Ecumênico fracassou, o solo fértil dos Illuminati na Universidade
de Yale tornou-se um ninho de desova para os carismáticos católicos e
protestantes. Aqueles que acham a sugestão de uma conspiração nesse cenário uma
idéia execrável não estão enxergando a visão de longo prazo dos Illuminati
dentro (e não entre) das linhas apresentadas anteriormente. O plano é criar uma
Igreja Mundial Unificada debaixo da liderança do papado e a Bíblia confirma o
sucesso final desse plano em Apocalipse 13 e 17. O ponto principal nesse caso é
o ataque contínuo aos cristãos fundamentalistas, que se mantêm em oposição ao
sucesso do plano. Entretanto, a calamidade do fundamentalismo e do evangelismo
é encontrada na Religião Orientada Para Resultados, que produz crescimento da
igreja em detrimento da doutrina. Esses métodos produzem membros que não têm a
menor idéia no que creêm ou por que creêm. Tais soldados mal-equipados são
presas fáceis nas batalhas espirituais que aqueles que são verdadeiramente
nascidos de novo no Espírito de Deus enfrentam. Esses membros de igreja que são
produto da Religião Orientada Para Resultados são ainda enganado por causa da
fama dos líderes carismáticos, que não podem ser criticados pelo fato de terem
igrejas grandes e lotados templos. Este autor presenciou isso em primeira mão
em uma Igreja Batista Independente. No culto de domingo à noite, um famoso
pastor carismático do Brooklyn, em Nova York, estaria pregando em uma mensagem
gravada em vídeo. O pastor local declarou, "Podemos discordar desse homem
em alguns pontos doutrinários "menos importantes", mas ele tem uma
grande igreja, de modo que deve estar fazendo alguma coisa certa!". Essa é
a essência da Religião Orientada Para Resultados - O pastor, nesse exemplo,
estava disposto a violar os mandamentos das Escrituras sobre separação por que
achava que a congregação se beneficiaria com as instruções sobre "a igreja
em crescimento" que aquele homem podia transmitir.
A TERCEIRA ONDA
A
Terceira Onda do Movimento Carismático foi concebida no interior do Seminário
Teológico Fuller, em Pasadena, na Califórnia, pelos professores de Crescimento
de Igrejas Peter Wagner e o falecido John Wimber. Ambos lecionavam no curso
"Sinais e Maravilhas e Crescimento de Igrejas", no Seminário de
Pasadena. Evidentemente, eles nunca leram as palavras de Jesus quando disse:
"Uma geração má e adúltera pede um sinal" [Mateus 16:11a]. Esses dois
homens se tornaram os co-conspiradores em um plano de marketing para incitar o
crescimento de igrejas por meio do livro de Wimber, "Evangelismo de
Poder", que definia o conceito de poder do Reino e sua relação com o
evangelismo. Wimber afirmou, "Os primeiros cristãos claramente tinham uma
abertura ao poder do Espírito, o que resultou em sinais e maravilhas e
crescimento da igreja." Essa afirmação
pode ser escrita de forma analítica para definir a essência exata da teologia
da Terceira Onda Carismática:
(Poder
do Reino+Autoridade do Reino+Evangelismo do Reino) x (Sinais + Maravilhas) =
Crescimento da Igreja
Essa
equação tem mais complexidades intrínsecas do que os nossos olhos podem ver. Em
primeiro lugar, qualquer referência a uma frase como "Poder do Reino"
já deveria ser imediatamente um alerta vermelho a qualquer indivíduo que estuda
a Palavra de Deus. Biblicamente falando, não existe "Poder do Reino"
nesta era, e não importa quão constantemente essa ou frases semelhantes como
"Autoridade do Reino" apareçam nos textos de Wimber ou nos modernos
hinos de louvor (veja o hino, Majesty, de Jack Hayford), esse é um conceito
antibíblico. Em suas observações editadas nas salas de aula do Seminário,
Wimber empregava grosseiramente mal o conceito do Reino de Deus à igreja. Sua
tese inteira baseava-se em uma falsa premissa que como a igreja é o Reino de
Deus, seus membros devem exercer os sinais e maravilhas que Jesus operava. Ele
foi tão longe que atacou a onisciência (como também a fundamental deidade de
Jesus Cristo) quando declarou:
"Jesus
frequentemente fazia perguntas sobre a necessidade de cura, indicando que
(a)
embora algumas vezes recebesse palavras de conhecimento, outras vezes não as recebia,
e
(b)
queria ter seu foco exatamente no alvo."
Será
que Wimber não percebeu que Jesus Cristo, quando andou aqui na Terra era Deus
em carne? Será que não percebeu que Jesus Cristo era Deus, possuindo todos os
atributos de Deus? A discrepância de que Jesus às vezes não tinha conhecimento
de uma enfermidade e precisava de assistência do Espírito Santo é blasfêmia
contra o Deus encarnado! No entanto, os métodos de crescimento da igreja nas
aulas de Wimber e Wagner eram um exercício de Evangelismo do Reino, Princípios
do Reino e Autoridade do Reino. Para que isso acontecesse o "Povo do
Reino" deveria utilizar sua Autoridade do Reino para, entre outras coisas,
"ressuscitar os mortos".
Observe também a seguinte declaração de Wimber: "Deus usa nossas
experiências para nos mostrar mais completamente o que ensina para nós nas
Escrituras, muitas vezes derrubando ou alterando elementos de nossa teologia e
da nossa cosmovisão." Se esse é o caso, todo cristão que já andou na face
da Terra deveria escrever crônicas de suas experiências como apêndices à
inspirada Palavra de Deus. Se nossas experiências alteram nossa teologia, isso
não faz com que a Palavra de Deus esteja subordinada à experiência humana? De
onde nossa teologia deve se originar? A única fonte para a verdadeira teologia
está dentro das páginas da escrita e preservada Palavra de Deus. A teologia não
deve vir de visões, sonhos ou experiências humanas. Ela é derivada apenas do
ensino doutrinário encontrado na Palavra de Deus. Quando o clamor contra o curso
de Wagner e Wimber no Seminário de Pasadena chegou ao ponto em que o curso foi
cancelado (a despeito do fato de ser a maior classe do seminário), Wimber
colocou sua teologia em ação e fundou a Comunidade Cristã Vineyard (Videira).
As Comunidades Videira cresceram sob a liderança de Wimber para setecentas
congregações no mundo inteiro, e tornaram-se o catalisador para a TERCEIRA ONDA
do Movimento Carismático, que enfatizava os "sinais e maravilhas",
sobre aqueles que no passado enfatizaram o falar em "línguas". O
efeito torrencial do Movimento Videira incluiu a formação da organização do
Promise Keepers (o fundador do Promise Keepers, Bill McCartney, é membro da
Comunidade Videira, em Boulder, no Colorado, e os membros da Videira dominam o
quadro dos PK) e o infame e sem base bíblica "Reavivamento do Riso",
que varreu o mundo todo e foi originado na Comunidade Videira do Aeroporto, em
Toronto, no Canadá. Embora Wimber tenha cortado relações com a Comunidade de
Toronto por causa de extravagâncias como "o rugido do leão" em 1996,
em 1995 a
revista Charisma informou que em mais de 500 igrejas Videira nos Estados Unidos
ocorria o fenômeno do Avivamento do Riso.
A Comunidade Videira em Kansas City tornou-se a casa dos infames
"Profetas de Kansas City", liderados por Paul Cain. Hank Hanegraaf
relata:
"John
Wimber, o fundador da Videira, acredita que Paul Cain é o principal profeta da
Terceira Onda (ênfase adicionada)... que viria com sinais e maravilhas... nas
palavras de Wimber, 'ele é muito parecido com Jeremias e com João Batista,
separado antes do nascimento para o ministério que exerce agora.'"
A TEOLOGIA DO DOMÍNIO
Um
dos fios de ligação mais comuns que permeiam a teologia carismática de Seymour
a Robertson é a idéia de que a verdadeira igreja está sendo restaurada (ou
resconstruída) em um grande reavivamento dos últimos tempos. Parece que muitos,
se não a maioria dos notáveis pregadores e evangelistas carismáticos
acreditaram que foram chamados por Deus se não para iniciar, ou certamente para
lançar tal reavivamento na criação erronêa de uma "coisa nova"
baseando-se em Isaías 43:18-19 "Não vos lembreis das coisas passadas, nem
considereis as antigas. Eis que faço uma coisa nova, agora sairá à luz;
porventura não a percebeis? Eis que porei um caminho no deserto, e rios no
ermo". Por exemplo, Alexander Dowie (que foi justamente o mentor de
Charles Parham) proclamou-se "Elias, o Restaurador" e o
"primeiro apóstolo da igreja dos últimos tempos". Embora o termo
técnico para alguém que proclama tal coisa seja "paranóia esquizofrênica
com mania de grandeza", proclamações desse tipo continuam nos círculos
carismáticos até os dias de hoje. No momento que essa linha de pensamento
alcançou o sistema da Videira, sob a liderança de John Wimber, os profetas da
Videira estavam anunciando "que nos últimos dias o Senhor estaria
restaurando ministérios quíntuplos, caracterizados por apóstolos, profetas,
pastores, mestres e evangelistas para a igreja atual" para também iniciar
um grande reavivamento no fim dos tempos.
A questão então deve ser perguntada: Aonde tão grande reavivamento nos
guiaria? Quando levado a conclusões lógicas, a resposta é muito simples. Se
tivesse de haver tão grande reavivamento que afetaria a humanidade, não seria
então a condição mundial mudada drasticamente? A lei secular não se tornaria a
lei do próprio Deus? Não seriam os pastores a classe dominante a interpretar e
estabelecer as leis de Deus? Isso não daria domínio à igreja de toda a
humanidade? Isso não restauraria assim o sistema da Lei do Antigo Testamento
como governante catalisador para iniciar uma nova era de paz e justiça? Isso
não prepararia a Terra para sua apresentação a Jesus Cristo, para seu retorno
físico e reinado? A resposta para todas
essas perguntas é: SIM. Entretanto, essa linha de pensamento apresenta muitas
barreiras bíblicas:
2.
Outros protestantes seguiram os ensinos de Knox e Calvino e alegorizaram as
Escrituras proféticas dentro de um produto pós-milenar de suas imaginações.
Essa visão pós-milenar conjecturava que o Reino Milenar de Deus era a igreja, e
que os mil anos não eram anos literais, mas simbólicos. O sincretismo dessas
posições errôneas conduzem ao conceito de que o Reino de Deus na Terra seria:
REPRESENTADO PELA VERDADEIRA IGREJA.
A
verdadeira igreja foi corrompida depois do primeiro século e entrou em um
estado de semiletargia. A verdadeira
igreja seria reconstruida nos últimos tempos, sob a liderança de um novo grupo
de profetas e apóstolos, que se caracterizariam pela utilização dos sinais e
maravilhas restaurados. Essa igreja reconstruída dos últimos tempos prepararia
então a Terra para o Rei Jesus Cristo, que governaria o mundo.
4.
Esse cenário requeriria que a igreja dos últimos tempos ganhasse o controle
sobre toda a humanidade, tomando posse do controle do sistema jurídico. Isso
requer um governo mundial, controlado pela igreja, funcionando como a entidade
legislativa para toda a humanidade.
Em
resumo, essa é a essência da Teologia Reconstrutivista, ou de Domínio. Ela
ensina que a igreja ou que os cristãos ganharão o controle do planeta antes da
Segunda Vinda para tornar o mundo um lugar perfeito para o reinado de Jesus
Cristo. Os assim-chamados profetas e apóstolos do reavivamento dos últimos
tempos criariam uma força tão forte que todos na Terra se renderiam ao controle
da igreja. Quando o dominionista Pat Robertson declarou que a organização dos
Promise Keepers era um "direto cumprimento da profecia bíblica",
estava fazendo referência ao fato de que sentia que os Promise Keepers eram um
dos primeiros passos em direção ao domínio cristão na Terra.
Os
membros da Igreja de Jesus Cristo devem se perguntar honestamente: "Como
permitimos que isto nos acontecesse e onde foi que erramos tanto?" A
profana e manipulada Guerra Cultural foi reconhecidamente perdida e houve uma
óbvia inclinação à esquerda - na teologia, no estilo de vida, nas atitudes e
nos valores - até mesmo nos círculos evangélicos e fundamentalistas. Na cena
política, existem aqueles que se alegram por que muitos cristãos agora sentem
que possuem um dos seus na politica e os seus representantes políticos dominam
ambas as Casas de seus Congressos. No entanto, mesmo assim, as questões
críticas diante das quais a nação se defronta não apenas continuam a descer a
espiral moral, mas parece haver pouca ou nenhuma evidência de uma reviravolta nas
tendências atuais. Existem aqueles, é claro, que ainda insistem que o mundo
inteiro está diante de um grande reavivamento - existem alguns que até chegam o
predizer que um novo e maciço exército de jovens cabeludos assumirá o voto de
nazireu do Antigo Testamento e inspirará suas vidas no revolucionário original,
Jesus Cristo. (Francamente, como um indivíduo que afirma ser um filho de Deus
purificado em Seu sangue pode insinuar que o Deus encarnado foi um
revolucionário está além de qualquer lógica, muito mais de qualquer possível
compreensão erudita.) No entanto, essa atitude equivocada ocupa um grande
espaço nos mesmos temas que ameaçam a igreja. Na análise final, o Seminário
Teológico Fuller, a revista Christianity Today, os neo-evangélicos, os modernistas,
carismáticos, reconstrucionistas e dominionistas devem ser sarcasticamente
parabenizados. Eles conseguiram alinhar-se cegamente com as forças obscuras de
Lúcifer (satanás) em um nível suficientemente sutil para seduzir toda a
comunidade evangélica, dos fundamentalistas aos católicos carismáticos, e cair
na armadilha que veio a caracterizar a religião orientada para resultados. Esse
alinhamento com as forças luciferianas não ocorreu da noite para o dia. A
transição foi tão sutil e gradual que pode ser comparada ao sapo que foi
colocado no caldeirão de água e cozinhado lenta e mortalmente sem se dar conta.
Nem ocorreu uma mudança de atitudes e valores em um cataclismo violento,
catastrófico, destruidor ou transformador. As mudanças vieram à tona sutil, lenta,
sistemática e intencionalmente. Sob o risco de uma análise histórica
excessivamente longa, deve-se, no mínimo, examinar as metas e aspirações
daqueles envolvidos diretamente com as forças luciferianas para alcançar uma
compreensão minuciosa sobre o desejo não apenas por um novo paradigma político,
mas também por aqueles que desejam uma "igreja do novo paradigma" que
culminará na religião mundial única, tão sucintamente profetizada na Palavra de
Deus. Inicialmente, deve-se entender que esse chamado por um novo paradigma
político conhecido como a Nova Ordem Mundial está baseado primariamente nos
antigos valores daqueles que sobreviveram ao Dilúvio de Noé e em seus desejos
satanicamente inspirados de um retorno à civilização pagã que existia antes do
Dilúvio. Esse movimento foi liderado pelo bisneto de Noé, Ninrode, que tentou
abrir o portão para o controle demoníaco de toda a humanidade. (O relato de seu
fracasso e da destruição de sua religião global estão registrados em Gênesis
11.) Naquele ponto, Deus interveio para dispersar os homens pela face da Terra,
confundindo seus idiomas e preservando uma linhagem justa por meio da qual
emergiria Jesus Cristo - o Redentor da humanidade perdida e sem condições de
salvar a si mesma. (Essa ação de Deus também estabeleceu o fundamento para a
estrutura política do estado-nação soberano que tem sido predominante desde a
queda do Império Romano.) Após a derrota inicial de Lúcifer pela morte
sacrifical de Cristo na cruz, as forças demoníacas assumiram então o desafio de
atacar a Igreja, buscando destruir o legado da ressurreição e, em última
instância, obter a vitória para o senhor das trevas. O relato bíblico dessa
batalha pode certamente ser discutido ao longo de muitas páginas, mas os
eventos começaram a ganhar um impacto exponencial no início do século XX. Em
seu livro The Externalization Of The Hierarchy, a ocultista Alice Bailey (por
meio da escrita automática) registrou as palavras do seu espírito-guia
demoníaco, Mestre Djwahl Kuhl: "1934 marca o início da organização dos
homens e mulheres… o trabalho grupal de uma nova ordem… com o progresso
definido pelo serviço… a obra da Fraternidade… as Forças da Luz… e a partir da
destruição de todas as culturas e civilizações existentes, a nova ordem mundial
deverá ser construída." Mesmo antes
de 1934, Alice Bailey certamente não tinha o monopólio dos poderes ocultistas.
Um jovem pintor muito eloquente na Alemanha, discursando para as massas de cima
dos barris de cerveja do lado de fora dos bares e usando os Protocolos dos Sábios
de Sião como fonte de autoridade, proclamava: "A raça ariana é um salto no
processo de evolução humana... para criar uma raça-raiz que viveria em novas
condições no ambiente que seguiu à destruição da Atlântida (Nota: A veracidade
da Atlântida de Platão é amplamente entendida como o mundo pré-diluviano real
de Noé). Ensinada a respeitar e proteger a pureza de seu sangue. Sob o símbolo
da "Roda Solar", ou Suástica, os novos iniciados assumirão a
liderança... e se tornarão mediadores entre as massas e os elevados poderes
invisíveis." Esse mesmo indíviduo,
Adolph Hitler, proclamou mais tarde: "… com a noção de raça, o Nacional
Socialismo (Nazismo) usará sua própria revolução para o estabelecimento de uma
nova ordem mundial." Esses mesmos
conceitos foram imitados nos EUA e na Grã-Bretanha pelo socialista fabiano e
insigne autor H. G. Wells: "A organização disto que eu chamo de
Conspiração Aberta... que irá, por fim, prover ensino e serviços públicos
coercitivos e diretivos a todo o mundo, é a tarefa imediata diante de todas as
pessoas racionais... um Estado-mundial planejado está surgindo em milhares de
pontos... um 'estado global-coletivista', ou 'nova ordem mundial', composta
pelas 'democracias socialistas'. ... o individualismo nacionalista... é a doença
do mundo... A necessidade manifesta de um controle mundial coletivo para
eliminar a beligerância e... a necessidade de um controle coletivo das vidas
econômica e biológica da humanidade, são aspectos de um único e mesmo
processo." Proponho que isso seja alcançado por meio de uma 'lei
universal' e da propaganda (ou educação)."
Com a Segunda Guerra Mundial surgindo no horizonte, os planos para um
governo global aceleraram-se em um ritmo veloz. Conforme anunciou M. J. Bonn:
"… o planejamento nacional significa anarquia internacional deliberada…
Duvido que a ordem mundial de amanhã seja capitalista ou socialista. Ela
provavelmente será as duas ou nenhuma... O gênio da História não marcha pelas
eras no solene passo do ganso... Mas o tempo todo ele segue avançando, e a cada
avanço um passo rumo à nova ordem mundial é dado." Percebe-se o perigo envolvido quando os
líderes do sistema público de educação aderem ao cenário ocultista: "A Associação de Educação Progressiva,
organizada por John Dewey (o infame pai da Educação Progressiva), em 1947
dirigiu-se aos professores da nação, clamando pelo 'estabelecimento de uma
ordem mundial genuína'... uma ordem na qual a soberania nacional esteja
subordinada à autoridade mundial... uma ordem na qual a 'cidadania do mundo' assuma,
assim, ao menos um status igual à cidadania nacional... A tarefa é experimentar
técnicas de aprendizado que visem um consenso social inteligente. Conforme a
antiga ordem vai se desmoronando, e há uma nova e gratuita ordem lutando para
nascer... Há uma febre de nacionalismo... mas o Estado-nação está se tornando
menos e menos competente para exercer suas tarefas políticas internacionais...
Essas são algumas das razões que estão nos pressionando para nos dirigirmos
vigorosamente rumo à verdadeira construção de uma nova ordem
mundial..." A essência desse
sentimento despertou suspeitas até mesmo no Congresso dos EUA. Em 24 de abril
de 1954, o deputado republicano Usher Burdick, do Nebraska, relatou ao Congresso:
"Sr. Presidente da Casa, não há dúvida de que agora existem uma
compreensão e um acordo amplamente difundidos realizados entre os agentes deste
governo e as Nações Unidas e a Organização do Tratado do Atlântico Norte para
construirem um governo mundial, e para tornarem as Nações Unidas uma parte dele
- a despeito da nossa Constituição, das nossas leis e tradições... Isso será
feito em nome da paz... mas resultará na destruição total das nossas
liberdades. Os agentes que representam os EUA podem não estar tentando
deliberadamente realizar esse trabalho desleal, mas o melhor que pode ser dito
a respeito deles é que são uns tolos..."
Nos anos 70, as coisas haviam se agravado progressivamente. Richard
Gardner escreveu na Foreign Affairs, a publicação oficial do Conselho de
Relações Exteriores (CFR): "Em
resumo, a 'casa da ordem mundial' terá de ser construída de baixo para cima em
vez de cima para baixo... um ponto final na soberania nacional, erodindo-a
parte por parte, conseguirá muito mais do que o ataque frontal à moda
antiga..." Em 1975, na Assembléia
Legislativa dos EUA, 32 senadores e 92 deputados assinaram a "Declaração
de Independência". O documento afirmava:
"… precisamos nos unir a outros para trazer à tona a nova ordem
mundial… Noções estreitas de soberania nacional não devem se interpor a essa
obrigação." Em 1991, o presidente George H. Bush fez a seguinte declaração
no discurso "O Estado da União":
"… a crise no Golfo Pérsico oferece uma rara oportunidade para
avançarmos rumo a um período histórico de cooperação. A partir destes tempos tumultuosos...
uma nova ordem mundial poderá emergir..."
Quando a administração Clinton passou a controlar a burocracia de
Washington, a situação deteriorada tornou-se ainda pior. O subsecretário de
Estado, Strobe Talbot, membro dos Federalistas Mundiais, fez a seguinte
declaração alarmante: "No próximo
século, as nações como as conhecemos agora, serão obsoletas. Todos os Estados
reconhecerão uma única autoridade global. Talvez a soberania nacional não tenha
sido uma idéia tão boa assim, afinal."
A frase "nova ordem
mundial" é geralmente interpretada pelo cidadão comum como um termo usado
por fanáticos da direita que vivem sob uma constante e opressora névoa de
paranóia incurável e fatal. Entretanto, os fatos provam exatamente o contrário:
o uso dessa terminologia pelos indivíduos específicos supracitados (em suas
próprias palavras) atesta que de fato existe uma hierarquia ocultista que está
se esforçando para construir uma sociedade socialista utópica baseada nos
mistérios pré-diluvianos de origem luciferiana. Acusar esses indivíduos de
praticar a religião do satanismo pode ser algo muito extremo, mas identificar
suas motivações como inspirações luciferianas é certamente qualquer coisa menos
extremo. As demais frases destacadas,
além de "nova ordem mundial", também indicam alguns pontos relevantes
para discussão:
"Surgindo em milhares de pontos":
Alice Bailey, em The Externalization Of The Hierarchy, usou pela primeira vez
essa frase de H. G. Wells. Ela também repetiu essa frase em sua obra
Discipleship In The New Age, como "a vida dedicada ao serviço",
"pontos de luz ininterruptamente brilhantes", e novamente em The
Externalization Of The Hierarchy, como as "Forças da Luz". A Lucis
(Lúcifer) Trust, em sua publicação "Becoming Sunlike", reiterou esse
conceito com a declaração: "Entre todos os que se identificam com este
grupo, buscando cooperar com seu propósito e aliando seus pequenos pontos de
luz, o novo grupo de servos mundiais cumprirá sua promessa e se tornará o
portador da luz planetária da Era de Aquário, a tocha radiante a iluminar o
caminho para uma humanidade carente." Essa mesma frase também foi repetida
pelo presidente Bush em 1991 quando elogiou a Nova Ordem Mundial no discurso
"O Estado da União": "O
que está em jogo é mais do que um pequeno país, é uma grande idéia - uma nova
ordem mundial... para atingir as aspirações universais da humanidade... baseada
nos princípios compartilhados e no império da lei... a iluminação de milhares
de pontos de luz... os ventos da mudança estão conosco..." Por que um presidente norte-americano usaria
essa terminologia? Esses termos são elementos-chave da ideologia ocultista -
serviço voluntário em milhares de pontos de modo a preservar e ampliar o grupo
(sobrevivência da espécie) que resultará na nova ordem mundial. Se de fato deve
haver um esforço para construir uma nova ordem mundial, ela deve substituir a
antiga ordem mundial. Se a antiga ordem deve ser substituída, então os valores
individuais devem se subordinar aos valores do grupo. Quando M. J. Bonn afirmou que o mundo de
amanhã não será socialista nem capitalista, estava apenas confirmando a
declaração de Wells de que sua Nova Ordem Mundial seria composta de
"democracias socialistas". Esse conceito se torna ainda mais
esclarecedor quando percebemos que as declarações feitas por personalidades
como Al Gore, Bill Clinton, George Bush, George W. Bush, e muitas outras, que
falam em "tornar o mundo seguro para a democracia", transformando o
Iraque em uma "democracia", etc., não fazem referência ao fato de que
essas novas "democracias" serão governadas da mesma maneira que são
os EUA. Em primeiro lugar, é preciso entender a definição de democracia: "Uma democracia é quando dois lobos e
uma ovelha decidem o que terão para o jantar."
Os
Estados Unidos da América não são uma democracia - são uma república
representativa. Em uma república representativa, a maioria governa por meio de
seus representantes, mas os direitos da minoria são protegidos pelo Estado de
Direito. (O Estado de Direito equivale à Justiça - não à tolerância pós-moderna
como base dos padrões morais.) A república representativa está baseada no
sistema econômico do capitalismo. No
outro extremo do espectro está o comunismo, o sistema que deriva do socialismo
marxista. Quando alguém utiliza a dialética hegeliana para sintetizar a
democracia e o socialismo, a síntese resultante é exatamente aquilo que M. J.
Bonn e H. G. Wells vislumbraram - uma democracia socialista. Uma democracia
socialista, portanto, é um sistema por meio do qual a maioria governa buscando
a distribuição eqüitativa da riqueza da nação. Por que a maioria governaria
para o socialismo? Simples - em uma democracia socialista a maioria está sob a
caridade do governo, e votará para manter tal governo intacto. Um governo desse
tipo seria tirânico, e as liberdades individuais seriam voluntariamente
sacrificadas pela maioria votante para manter o caminhão de mantimentos do
governo passando diante da sua porta. Essas são as novas democracias de
Clinton, Gore e Bush. "Nova Ordem
Mundial": O conceito de uma Nova Ordem Mundial é bastante simples: o
sistema político mundial deve ser revertido ao conceito de império mundial,
abandonando o atual sistema de Estados-nação. Quando Strobe Talbot afirmou que
"talvez a soberania nacional não tenha sido uma idéia tão boa assim,
afinal ", estava falando de um sistema de federalismo mundial - um governo
global. A Bíblia é muito clara quanto ao fato de que essa busca por uma Nova
Ordem Mundial eventualmente acontecerá. A profecia de Daniel é bastante clara ao
demonstrar que um governo mundial composto por dez reinos individuais será o
sistema político do líder mundial - o Anticristo. Valores Comuns: Os Tijolos da Construção do
Globalismo Se alguém ambiciona criar a
unidade global na diversidade, que estratégia serviria para unificar aqueles
que possuem histórias, religiões e culturas diferentes? A solução para essa
questão é realmente muito simples (a implementação da solução não é tão
simples, mas a solução em si é simples): buscar um terreno comum entre os que
são diferentes e cultivá-lo. Uma vez que o terreno comum seja encontrado,
construa sobre ele um sistema de valores comuns e, dessa forma, estabeleça a
unidade. Assim que os valores comuns estiverem estabelecidos, aqueles cujos
valores estiverem em oposição à maioria precisarão mudar (ou algo mais). O
cerne da questão gira em torno do fato de que os valores globais estão em
conflito direto não apenas com os cristãos fundamentalistas, mas também com as
atitudes e valores daqueles que tornaram este país grandioso. Por exemplo, os
valores básicos daqueles que forjaram uma nação a partir de uma terra selvagem
estavam baseados no individualismo rude que exemplificava o "espírito
pioneiro" daqueles indivíduos. De modo semelhante, a fé cristã também está
baseada na salvação individual, na responsabilidade e na relação pessoal com o
Deus Todo Poderoso. Em contraste, os valores do "novo paradigma"
enfatizam o bem do grupo - não do indivíduo. É essa supervalorização do grupo
copiada pelas organizações ocultistas e por outros globalistas que se infiltrou
na psique das novas gerações. É esse mesmo sistema de valores de pensamento de
grupo que sutilmente anuviou a igreja de Jesus Cristo e a maioria de seus
membros nem sequer percebe o que aconteceu. Esses são aqueles que estão
começando a se perguntar: "Como foi que isto aconteceu?" Entretanto,
a maioria foi ludibriada a mudar suas atitudes a ponto de estar à beira do (ou
ter mergulhado no) precipício de acolher a tolerância pós-moderna e rejeitar as
verdades eternas da Palavra de Deus.
Embora
o movimento por uma mudança de valores seja aparentemente político, ele irá,
por fim, resultar em mudanças espirituais avassaladoras. O aspecto político tem
sido abertamente exposto em diversas frentes. A publicação das Nações Unidas,
"Our Global Neighborhood" (Nossa Vizinhança Global), faz apelo após
apelo por novos valores que enfatizem a necessidade de se criar uma nova ética
global: "A nova ordem mundial
precisa ser organizada em torno da noção de governo da diversidade, não da
uniformidade; governo da democracia, não do domínio... construídos sobre o
fundamento da primazia dos valores de convivência global sobre o nacionalismo
da discórdia..." O ex-premier russo Mikhail Gorbachev, falando como
fundador do grupo ambientalista radical Green Cross, afirmou: "... o século XXI será um século de
crise total... ou da regeneração humana..." Ele fez a seguinte afirmação em uma
entrevista para uma organização ocultista chamada Instituto de Ciências
Noéticas: "Hoje a humanidade está diante
de uma escolha… precisamos encontrar um novo paradigma… que possa estar baseado
em valores comuns… desenvolvido ao longo de muitos séculos... a busca por um
novo paradigma deve ser a busca pela síntese, por aquilo que é comum e une as
pessoas, os povos e as nações, em vez de aquilo que os divide." Observe que o "novo paradigma"
sobre o qual ele fala evoca a dialética hegeliana exatamente da mesma maneira
como fez H. G. Wells: a busca pela síntese - o terreno comum que une o grupo -
e, dessa forma, toda a humanidade. Esse, mais uma vez, é o mesmo plano
executado por Ninrode - o plano que o Deus Todo Poderoso rejeitou. A
humanidade, sob a influência e a orientação diretas de Lúcifer, está buscando
adorar e servir a criatura ao invés do Criador ao construir uma nova torre de
Babel - a preciosa Nova Ordem Mundial.
Outras organizações estão seguindo a mesma estratégia. Por exemplo, a
Carta da Terra, dirigida pelo Dr. Stephen Rockefeller, afirma: "… uma declaração de princípios
fundamentais… clarificando os valores humanos compartilhados e desenvolvendo
uma nova ética global por um modo de vida sustentável... A Terra está em um
momento decisivo... crescimento dramático da população... modelo de dominação
da produção e do consumo... meio-ambiente em degradação... extinção maciça de
espécies... pobreza... criminalidade... violência... Mudanças fundamentais em
nossas atitudes, valores e modos de vida... reconhecemos a necessidade urgente
de uma visão comum de valores básicos que garantirá uma fundamentação ética
para a comunidade mundial emergente... afirmamos os seguintes princípios para o
desenvolvimento sustentável..."
Novamente, na Carta da Terra aparece o sistema de valores de pensamento
de grupo. Um sistema de valores que estará baseado na nova tolerância e
culminará numa visão de mundo pós-moderna - um sistema de valores que diminuirá
a importância do indivíduo, das liberdades pessoais, da responsabilidade
pessoal perante um Deus Todo Poderoso - tudo o que importa é o grupo. A tese da
Carta da Terra é que a humanidade deve mudar seus valores ou enfrentar a
destruição da Terra e a extinção da espécie humana. Como Wells afirmou, a
humanidade deve avançar rumo à Era de Aquário - a era em que o homem perceberá
que, de fato, é um deus. O que está em
jogo aqui é um dos principais temas religiosos, pois esse movimento é tanto
religioso quanto político. Esse fato é claramente evidenciado em muitas
frentes. Como declara o documento "Nossa Vizinhança Global": "Precisamos de um conjunto de valores
comuns e centrais ao redor do qual possamos unir os povos, a despeito de seus
históricos culturais, políticos, religiosos..." Entretanto, se o objetivo é unir a humanidade
com base em valores religiosos comuns, qual religião o mundo deve abraçar? A
Boa Vontade Mundial, uma divisão da Lucis Trust, afirma: "… A preparação por homens e mulheres de
boa vontade é necessária para introduzir novos valores de vida, novos padrões
de comportamento, novas atitudes... de não-segregação e cooperação que conduzam
a relações humanas adequadas e um mundo de paz. O vindouro Instrutor Mundial
estará fundamentalmente preocupado com os requisitos para uma nova ordem
mundial..." "... O Novo Grupo
de Servos Mundiais... pode ser referido como a personificação do emergente
Reino de Deus na Terra, mas deve-se lembrar que esse reino não é um reino
cristão ou um governo terreal."
Essa afirmação deve fazer gelar o sangue de qualquer um que esteja mesmo
que apenas remotamente familiarizado com a profecia bíblica. A Lucis Trust e o
Novo Grupo de Servos Mundiais estão, com toda a certeza, trabalhando em
preparação para a vinda do governante mundial - nenhum outro senão o
Anticristo. Além disso, a terminologia deles deve fazer qualquer cristão com
discernimento tomar nota de todos os que falaram abertamente do chamado da Nova
Ordem Mundial. Esses são os indivíduos que estão marchando segundo os tambores
de Lúcifer, e preparando a Terra para o próprio Anticristo. A chave para as "novas atitudes de
não-segregação e cooperação" está personificada no valor mais reverenciado
do novo milênio - a tolerância. Cada aspecto dos valores alterados e das
crenças alteradas da Nova Ordem Mundial pode ser resumido na total aceitação da
nova tolerância. Para reiterar a definição da palavra "tolerância"
foi modificada. No passado, a definição de tolerância estava baseada na
valorização e no respeito às culturas, crenças, comportamentos e estilos de
vida de um indivíduo, sem necessariamente aprovar ou participar dessas mesmas
crenças e comportamentos. A tolerância diferenciava o próprio indivíduo do seu
comportamento. Em termos claros, a tolerância costumava significar que alguém
"tolerava aquilo de que não gostava ou do que discordava".
Entretanto, os anos 90 introduziram uma nova definição pós-moderna de tolerância.
A definição está baseada no conceito de que, já que toda verdade é relativa,
existem muitas verdades diferentes. Além disso, nem uma verdade é superior a
alguma outra verdade. Todas as verdades são iguais. Se todas as alegações de
verdade são iguais, então todas as religiões são iguais. Se todas as religiões
são iguais, então qualquer cristão que citar as palavras de Jesus Cristo:
"Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por
mim" [João 14:6] está sendo preconceituoso e arrogante. Já que a nova
tolerância permeia a cultura e o sistema jurídico, o cristão não terá o direito
legal de propagar sua religião, cumprir a "grande comissão" ou até
mesmo de expressar suas convicções.
O CONCÍLIO DE TRENTO
A
Igreja Católica vIvia um processo de decadência, agravada a partir do século
XIV. A transferência da sede papal para Avignon e o cisma do Ocidente haviam
solapado a autoridade pontifícia. Os papas do Renascimento, que pouco se
ocuparam da doutrina, mantinham uma corte secularizada, em que predominavam as
disputas políticas e o nepotismo. O quinto Concílio de Latrão (1512-1517) não
foi capaz de instituir as mudanças necessárias e, no mesmo ano de seu
encerramento, Lutero proclamou em Wittenberg as 95 teses que deram origem à
Reforma protestante.
A
urgência da mudança tornou-se evidente com as manifestações sucessivas na
Inglaterra, Países Baixos, Alemanha e Suíça, mas o papa Clemente VII temeu não
só a repetição das turbulências ocorridas em concílios anteriores como as
pressões políticas do imperador Carlos V. No entanto, seu sucessor, Paulo III,
estava convencido de que a unidade cristã e uma eficaz reforma da igreja só se
efetivariam com a realização do concílio.
A
Igreja da época costumava dizer que algumas pessoas salvas possuíam mais méritos
do que tinham necessidade para serem salvas. Por isso, esses méritos extras
poderiam ser usados para a salvação através de pagamento de indulgências
(recibos de perdão de pecados passados e futuros).
Martinho
Lutero protestou contra esta prática. No dia 31 de outubro de 1517, tornou
públicas suas Teses contra a venda de indulgências. Em pouco tempo, as 95 Teses
estavam espalhadas por toda a Alemanha.
Em
30 de maio de 1518, Lutero enviou suas Teses ao Papa Leão X, pois estava
convicto que o Papa iria apoiá-lo contra os abusos das indulgências o que não
ocorreu. No dia 3 de janeiro de 1521, Lutero é oficialmente excomungado da
Igreja Católica.
Com
este gesto desencadeou o processo da Reforma. Com isto, ficando selada a
divisão religiosa na Alemanha.
Diante
dos movimentos protestantes, a reação inicial e imediata da Igreja Católica foi
a de punir os líderes rebeldes, na esperança de que as idéias dos reformadores
não se propagassem e o mundo cristão recuperasse a unidade perdida. Essa
tática, entretanto, não deu bons resultados, já que o movimento protestante
avançou pela Europa, conquistando crescente número de seguidores. Era forçoso,
assim, reconhecer a ruptura protestante.
Diante
disso, ganhou força dentro do Catolicismo um amplo movimento de moralização do
clero e reorganização das estruturas administrativas da Igreja. Esse movimento
de reformulação da Igreja Católica ficou conhecido como Reforma Católica ou
Contra-Reforma. Seus principais líderes foram os Papas Paulo III (1534-1549),
Paulo IV (1555-1559), Pio V (1566-1572) e Xisto V (1585-1590). Paulo III foi
eleito papa aos 66 anos e morreu 15 anos depois. Júlio III foi eleito aos 63 e
morreu cinco anos depois. Marcelo II foi eleito aos 54 (a 10 de abril de 1555)
e morreu 22 dias depois (1º de maio), Paulo IV foi eleito aos 79 e morreu
quatro anos depois. E Pio IV foi eleito aos 60 e morreu sete anos depois. Com
exceção do piedoso Marcelo II, todos os outros mancharam seus pontificados com
a prática do nepotismo. Paulo IV, por exemplo, fez de seu sobrinho Carlos
Carafa Cardeal Secretário de Estado. Esse homem era imoral e destituído de
consciência e abusou de seu ofício para cometer extorsões vergonhosas.
Todo
um conjunto de medidas foi colocado em prática pelos líderes da Contra-Reforma,
tendo em vista deter o avanço do protestantismo. Entre essas medidas,
destaca-se o Concílio de Trento que é o tema deste trabalho.
O
CONCÍLIO
O
Concílio de Trento (1545-1563) foi o décimo nono dos concílios gerais ou
ecumênicos da Igreja Católica Romana, mas ao mesmo tempo em que é chamado
ecumênico ou universal, mais de dois terços dos bispos eram italianos. Assim o
concílio não era representativo nem mesmo no mundo católico romano e certamente
não estava livre do controle do papa. Este concílio produziu mais definição e
legislação do que os dezoito concílios gerais prévios colocados juntos.
A
abertura do Concílio de Trento deu-se 28 anos depois do rompimento de Martinho
Lutero com Roma (outubro de 1517) e nove anos depois da primeira edição das
Institutas da religião cristã, de João Calvino, em 1536 (um livro de formato
pequeno, com 516 páginas). Outras edições em latim e francês já tinham sido
publicadas. Por ocasião da abertura do Concílio (13 de dezembro de 1545), todos
os reformadores, exceto Ulrico Zuínglio, ainda estavam vivos: Martinho Lutero
com 62 anos, Guilherme Farel com 56, Filipe Melanchton com 48, João Calvino com
36 e João Knox com 31. Lutero morreria no ano seguinte (1546).
Pode-se
dizer que este concílio foi à resposta oficial da igreja romana ao protestantismo.
Com o principal objetivo de responder as perturbações da Reforma Protestante, e
reafirmar as doutrinas romanas como a transubstanciação. Também se propunha a
eliminar a desunião da igreja organizada, reformar o povo cristão e libertar os
cristãos prisioneiros dos turcos. Fica obvio que em caso de crise grave, o
concílio pode ser um meio de superar os obstáculos e fortalecer a unidade da
igreja.
A
agenda do concílio foi tão complexa e tão volumosa que foram precisos dezoito
anos, abrangendo os reinados de cinco papas, para que ela se cumprisse.
No
que diz respeito à melhoria da conduta do clero, o Concílio foi muito positivo.
Formulou-se uma legislação com o objetivo de eliminar os abusos. Os sacerdotes
deveriam residir junto às paróquias, os bispos, na sede episcopal, monges e
freiras em seus mosteiros e conventos. A Igreja deveria fundar seminários para
preparar melhor seus sacerdotes.
Mas,
no que diz respeito às doutrinas postas em dúvida pela Reforma Protestante, o
Concílio de Trento nada fez senão confirmar o ensino tradicional católico.
Em
suma, a Reforma começa a se apagar diante da política. Quando Paulo III
(1534-1543) sucede a Clemente, as coisas estão na mesma. O novo papa decide
mostrar força. Discute-se o local. Lutero, consultado, declara que está pronto
a comparecer se a reunião se realizar em Mântua ou Verona. A escolha da
jurisdição foi sutil – dentro dos territórios do Império Alemão, porém perto o
bastante de Roma para assegurar o controle do papa sobre o concílio.
Mas
foi convocado o concílio, em Mântua, (1536), e, em Vicenza, (1537), não
chegando a reunir-se, devida ausência de participantes, pois estavam presentes
apenas três legados e cinco bispos, havendo-se negado, os príncipes
protestantes a aceitar o convite, em 1539, foi adiado o concílio.
Por
causa de interrupções de cerca de três e de dez anos, o concílio prolongou-se
de 13 de dezembro de 1545 a
4 de dezembro de 1563. Durante esse tempo, a Europa não sossegou. Copérnico
morreu em 1543; Lutero desaparece em 1546, ou um ano após a abertura desse
concílio que ele desejou no início de sua reforma.
Num
encontro com o papa, o imperador novamente propôs a cidade de Trento (1541)
para sediar o concílio, sendo convocado pelo papa a partir de 1º de novembro de
1542, mas no verão de 1542, irrompera uma guerra entre a Alemanha e a França, e
essa convocação ficaria sem efeito. Em 29 de setembro de 1543 suspendeu o papa
o concílio, mas, em 30 de novembro de 1544 levantou a suspensão e estabeleceu o
dia 15 de março de 1545 como termo inicial do evento. Contudo, além dos dois
delegados do papa, não haviam chegado outros participantes, de fato só pôde o
concílio ter início em 13 de dezembro de 1545. Havia, desta vez, comparecido 4
arcebispos, 21 bispos e 5 superiores gerais de ordens religiosas. No princípio
do verão, subiu esse número para 66 participantes, dos quais uma terça parte
era constituída de italianos.
OS TRÊS PERÍODOS
O
primeiro período (1545-1547) de sessões durou de 13 de dezembro de 1545 a 2 de junho de 1547.
Há 34 padres com direito a voto na sessão de abertura. Contra a vontade do
imperador, pretendia-se tratar de questões de fé e de reforma simultaneamente.
Na quarta sessão foi deliberado a respeito do decreto sobre as fontes da fé. Na
quinta sessão, expediu-se o decreto sobre o pecado original e, na sexta sessão,
o decreto sobre a justificação. Tal decreto fora objeto de cuidado especial,
tornando-se assim o decreto dogmático mais significativo do concílio. Também os
projetos de reforma foram tratados nesse período de sessões, assim como o dever
de residência dos bispos. Além disso, foram discutidas as doutrinas gerais
sobre os sacramentos e os sacramentos do batismo e da confirmação. O concílio,
crendo que a heresia luterana se baseava num entendimento errôneo dos
sacramentos, dedicou mais tempo a estes do que a qualquer outra questão
doutrinária. O concílio confirmou que há sete sacramentos instituídos por
Cristo (o batismo, a confirmação, a eucaristia, a penitência, a extrema unção,
as ordens e o matrimônio) e condenou aqueles que diziam que os sacramentos não
são necessários para a salvação ou que o homem pode ser justificado pela fé
somente, sem qualquer sacramento. O concílio declarou que, não somente a
Bíblia, mas também as Escrituras canônicas e os livros apócrifos da Vulgata de
Jerônimo e a tradição da Igreja constituíam autoridade final para os fiéis. E
também que a justificação se dava pela fé e suas obras subseqüentes.
Em
princípios de 1547, transferiu-se o concílio para Bolonha, porquanto em Trento
irrompera um surto de tifo (doença infecciosa). Por certo, tinha o papa mais um
outro motivo para a transferência: queria distanciar o concílio da área de
dominação do imperador. Paulo confirmou, por isso, em 11 de março de 1547, a decisão de
transferência do concílio, tomada pela maioria de dois terços. O imperador
exigiu a volta para Trento, sobretudo porque, a seu ver, os protestantes
certamente se recusariam a vir para uma cidade como Bolonha, situada no Estado
Pontifício. O papa negou o atendimento à exigência imperial, alegando que
competia ao concílio decidir sobre a sua transferência, o qual tomara tal
decisão.
Henrique
II proibiu os bispos franceses de irem a Trento. Porém, ao longo dos meses, o
concílio vai, mais uma vez, ganhando força. Houve até algumas delegações protestantes
vindas da Alemanha, especialmente de Wurtemberg; elas apresentaram sua
profissão de fé e foram ouvidas em silêncio. Não houve debate.
Em
Bolonha levara o concílio adiante as deliberações acerca da eucaristia,
penitência, unção dos enfermos, ordem e matrimônio. Ademais disso, foi debatida
a doutrina sobre o sacrifício da missa, o purgatório e as indulgências. Sobre
as Indulgências diz assim a Sessão XXV: Visto que o poder de conceder
indulgências foi concedido à Igreja por Cristo e visto que a Igreja fez uso
deste poder divinamente dado desde os tempos mais antigos, o santo sínodo
ensina e ordena que o uso das indulgências – que é grandemente salutar para o
povo cristão e foi aprovado pela autoridade dos sagrados concílios – deve ser
conservado na Igreja... (é de se observar primeiro a forma como esta heresia é
colocada “o santo sínodo ensina e ordena” e, “foi aprovado pela autoridade dos
sagrados concílios” concílios este formado por homens que por natureza erram e
não pela Bíblia que contém a Palavra de Deus). Vale lembrar que os católicos
romanos têm que aceitar todos os cânones como matéria de fé católica, sob pena
de condenação (serem anatematizados).
Em 13 de setembro de 1549, suspendeu o
papa o concílio. Morreu em 10 de novembro de 1549.
O
segundo período é executado por seu sucessor, Júlio III (1550-1555), transferiu
o concílio novamente para Trento, onde foi reaberto solenemente em 1º de maio
de 1551. Em fins de 1551 e princípios de 1552, apareceram no concílio enviados
de estados imperiais protestantes. Sua exigência no sentido de que todos os
pronunciamentos até então feitos pelo concílio sobre a fé deveriam ser
anulados, dificilmente seriam exeqüíveis (possíveis). Foram publicados os
decretos sobre os sacramentos, que haviam sido objeto de estudo em Bolonha,
além dos decretos da reforma da gestão dos bispos e da conduta de vida dos
clérigos. Motivos políticos levaram, em 28 de abril de 1552, a nova suspensão do
concílio, que somente em 1562 foi reaberto. Entrementes faleceram, no entanto,
além de Júlio III, também os seus sucessores, Marcelo II e Paulo IV.
Pio
IV (1559-1565) – ele pertence à família dos Médicis - finalmente, deu
prosseguimento ao terceiro período do concílio. A abertura, efetuada em 18 de
janeiro de 1562, contou com a presença de 109 cardeais e bispos. Os debates
preliminares se realizam em nível de especialistas. As sessões, em geral, são
públicas. Muitos teólogos participam. Em 11 de março, foi discutido o dever de
residência dos bispos, o que levou à manifestação de opiniões divergentes e a
uma interrupção maior do concílio, até que o papa, em 11 de maio, proibiu o
debate sobre o referido tema. Concomitantemente àquelas medidas, foram
expedidos decretos sobre os demais sacramentos e emitidos também decretos de
reforma, entre outros, os concernentes à rejeição de exigências de abolição do
celibato.
A
vigésima segunda sessão, de 17 de setembro de 1562, ocupou-se com males
existentes nas dioceses. Com o renovado pronunciamento sobre o dever de
residência dos bispos, a exaltação dos ânimos reveladas nas contestações chegou
a ponto de se temer a dispersão do concílio. A controvérsia trouxe à baila mais
uma vez as relações entre o papa e o concílio. Contudo, o novo presidente do
concílio, Monrone, conseguiu salvar a situação, obtendo a aceitação de um
compromisso relativamente aos pontos controvertidos: foi apenas rejeitada a
doutrina protestante acerca das funções do bispo. Nessa mesma sessão, foi
também declarada vinculativa a obrigação dos bispos de estabelecerem em suas
dioceses seminários para a formação de sacerdotes. Na vigésima quarta sessão,
promulgou o concílio diversos decreto de reforma e concluiu, na sessão final de
3 e 4 de dezembro de 1563, os decretos sobre o purgatório, as indulgências e a
veneração dos santos.
Dessas
sessões saem documentos praticamente prontos. São submetidos in fine nas
“sessões solenes” que aceitam ou recusam os textos. Os votos são efetuados por
cabeça, e não por nação, como em Constança.
O
resultado final foi à transformação da teologia medieval escolástica num dogma
acabado para todos os fiéis. Ficando impossível qualquer chance de
reconciliação com o protestantismo devido às doutrinas acatadas pelo concílio.
Duzentos
e cinqüenta e cinco padres conciliares estão presentes no dia do encerramento (dezembro
de 1563), sentiram sem dúvida uma espécie de alívio. Para muitos deles, o
concílio se confundia com suas próprias vidas. Diversos bispos e teólogos que
haviam assistido às primeiras reuniões estavam mortos. Novas caras surgiram.
Essa delegação coloca, um ponto final no irritante problema das relações do
concílio com o papa. A autoridade suprema pertence a este.
Várias
reformas haviam ficado inconclusas, entre as quais, sobretudo, as do missal e
do breviário e, ainda, a da edição de um catecismo geral. Essas tarefas foram
cometidas, pelos padres conciliares, ao papa. Em 26 de janeiro de 1564,
homologou o papa os decretos conciliares. Uma coletânea das decisões
dogmáticas, a profissão de fé tridentina, foi pelo papa tornada de uso
obrigatório para todos os bispos, superiores de ordens religiosas e doutores.
O
concílio não conseguiu cumprir a tarefa que lhe fora inculcada pelo imperador,
no sentido de restabelecer a unidade na fé. No entanto, delineou claramente a
concepção de fé católica frente à Reforma. Pio IV morreu em 9 de dezembro de
1965. Seu sucessor, Pio V, divulgou o catecismo estatuído pelo concílio (1566),
bem como o breviário reformado (1568) e o novo missal (1570).
RESULTADOS
As
profundas modificações surgidas na Igreja Católica foram, sem dúvida provocadas
diante do surgimento e expansão do protestantismo. A reação católica,
vulgarmente denominada "contra-reforma", foi orientada pelos Papas
Paulo III, Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Xisto V. Além da
reorganização de muitas comunidades religiosas novas ordens foram fundadas,
dentre as quais a Companhia de Jesus, ou Ordem dos Jesuítas, cujo fundador foi
Inácio de Loyola, que foi um batalhador da causa católica num dos momentos mais
críticos da Igreja, isto é, durante a expansão luterana.
O
Concílio de Trento condenou a doutrina protestante da justificação pela fé,
proibiu a intervenção dos príncipes nos negócios eclesiásticos e a acumulação
de benefícios. Definiu o pecado original e declarou, como texto bíblico
autêntico, a tradução de São Jerônimo, denominada "vulgata" (com
inclusão de livros "apócrifos" que foram retirados em Nicéia).
Mantiveram os sete sacramentos, o celibato clerical e a indissolubilidade do
matrimônio, o culto dos santos e das relíquias, a doutrina do purgatório e as
indulgências e recomendaram a criação de escolas para a preparação dos que
quisessem ingressar no clero, denominados seminários.
No
Concílio de Trento, ao contrário dos anteriores, ficou estabelecida a
supremacia dos Papas. Assim é que foi pedido a Pio IV que ratificasse as suas
decisões. Os primeiros países que aceitaram incondicionalmente as resoluções
tridentinas foram Portugal, Espanha, Polônia e os Estados italianos. A França,
agitada pelas lutas entre católicos e protestantes, demorou mais de meio século
para aceitar oficialmente as normas e dogmas estatuídos pelo concílio, sendo
mesmo o último país europeu a fazê-lo.
Pouco
tempo depois de encerrado o concílio surgiu o catecismo de Trento, o missal e o
breviário foram revistos e publicou-se uma nova versão da Bíblia. Até o final
do século, muitos dos abusos que haviam motivado a Reforma protestante tinham
desaparecido e a Igreja Católica recuperara muitos seguidores na Europa. O
concílio, porém, não foi capaz de superar a cisão na igreja cristã.
Trento tornou-se o mais importante
concílio até então. Trento dominou a igreja romana por uns 400 anos, o período
do “Catolicismo Tridentino”. Durante o Concílio de Trento, os protestantes
redigiram pelo menos três clássicas confissões de fé: a Confissão Escocesa
(1560), o Catecismo de Heidelberg (1562) e a Segunda Confissão Helvética
(1562). Os pontos doutrinários aí expostos não se afinam com as declarações
tridentinas. As diferenças entre um credo e outro permanecem até hoje, embora a
convivência entre um grupo e outro seja muito melhor neste final do século XX
do que na primeira metade do século XVI.
PENTECOSTAIS
As
primeiras manifestações pentecostais podem remontar até ao século XVIII, quando
o metodismo foi implantado. Wesley, ao comentar algumas pessoas que entraram em
êxtase em um de seus cultos comentou: "Essas manifestações podem ou não
ser verdadeiras".
A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO
O
primeiro grupo de pentecostais conseguiu sua membresia das igrejas Holiness
Weslyanas - um grupo de metodistas - e, em muitos casos, dos grupos renovados
onde elas começaram (batistas, metodistas, presbiterianas). O primeiro grupo
enfatizava o falar em línguas estranhas como evidencia do Batismo no Espírito
Santo. Em termos de data, foi provavelmente à abertura do Instituto Bíblico
Betel em Topeka, Kansas, dirigido por Charles Parhan, em outubro de 1900.
Em
primeiro de Janeiro de 1901 os alunos deste colégio estavam estudando a obra do
Espírito Santo, e uma das alunas, Agnes Osman, pediu aos seus colegas que lhe
impusessem as mãos para que ela recebesse o Espírito. Ela falou em línguas, e
mais tarde, outros estudantes falaram em línguas também.
Parhan
abriu outra escola em 1905, na cidade de Houston, Texas. Foi de lá que William
J. Seimor, um aluno negro, ao receber o mesmo dom, tornou-se mais tarde o líder
de uma missão no numero 312 da Rua Azusa em Los Angeles, no ano de 1906. Falar
em línguas se tornou comum nessa missão. Pessoas que vinham visitá-la tiveram
experiências similares e levaram a mensagem para outros países. Pode-se dizer
que a Missão da rua Azusa é a mãe do pentecostalismo mundial. Essa missão
chamava-se "MISSÃO APOSTOLICA DA FÉ". Este nome durou até 1914 quando
foi mudado para "ASSEMBLÉIA DE DEUS".
Muitos
jovens pregadores e aspirantes a pregadores iam ter com William J. Seimor para
receber os dons. Foi assim que Gunnar Vingren e Daniel Berg, os fundadores da
Assembléia de Deus no Brasil, tornaram-se pentecostais em 1908,
Em
1907, um pastor chamado William H. Durhan, recebeu de Seimor os dons. Durhan abriu
sua própria missão também em Los Angeles. Ficava na North Ave, 943. Foi nesta
missão que Louis Francescon, futuro fundador da Igreja Cristã do Brasil,
recebeu os seus dons.
PENTECOSTAIS NO BRASIL
O
pentecostalismo no Brasil se divide em três grupos distintos que surgiram em
três épocas diferentes. São eles: Os pentecostais históricos que surgiram na
primeira década deste século (Assembléia de Deus e Cristã do Brasil). Os
pentecostais da segunda Geração, surgidos a partir da década de 50 (Quadrangular,
Brasil para Cristo, Casa da Benção, Deus e Amor); e os neopentecostais,
surgidos a partir da década de setenta sendo as principal a Universal do Reino
de Deus, Internacional da Graça de Deus.
CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL
A
Congregação Cristã foi a primeira igreja pentecostal a se instalar no Brasil.
Foi fundada no Brasil pelo missionário Louis Francescon, um italiano nascido em
Cavasso Novo, Udine. Veio para os EUA em 1890. Lá se tornou presbiteriano em
1891. Nessa igreja chegou a ser diácono e, na ausência do pastor, causou
distúrbios a fé presbiteriana, indo-se batizar por imersão juntamente com
outros 18 membros. Um irmão de sua igreja batizou-os em 1903, mesmo não sendo
ordenado para o ato. Em 1907 recebeu os dons na Igreja de William H. Durhan.
Nesta mesma igreja foi-lhe revelado que deveria pregar na colônia italiana, o
que fez com presteza.
Francescon
visitou a Argentina em Setembro de 1909 e em Janeiro de 1910. Chegou ao Brasil
em Março de 1910 na cidade de São Paulo. Através de um contato direto foi parar
em Santo Antônio da Platina, Paraná, onde organizou sua primeira igreja no
Brasil com colonos italianos. Foram onze ao todo. O crescimento desta igreja
foi tímido até o meado dos anos 50.
A partir desta data cresce expressivamente. No Sul e
Sudeste do país muitas igrejas do interior que professavam a fé presbiteriana
foram alvos de renovação por parte dos adeptos da Congregação.
ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL
Em
19 de Novembro de 1910 chegaram ao Brasil dois pastores. O primeiro era Gunnar
Vingren, um ex-pastor batista que fora excluído do ministério pela Igreja
Batista de Michigan. O segundo era Daniel Berg que também fora excluído da
comunhão batista. Depois de receberem os dons de William Seimor, e para atender
a um sonho profético de um irmão chamado Adolf Uldin, vieram para o Brasil.
Chegando
a Belém de Pará se apresentaram a Eurico Nelson, um missionário batista no
Amazonas. Identificando-se como batistas, ofereceram-se para ajudar no trabalho
e pediram hospedagem. Como não tinham carta de recomendação, e nem podia ter,
pois eram excluídos, o missionário deixou-os usar o porão da igreja como casa.
Logo
depois Eurico Nelson precisou viajar para o sul. Essa viagem deu oportunidade
para que os dois recém-chegados pedissem ingresso na igreja, declarando-se
membros de uma igreja nos Estados Unidos. Vingren declarou sua condição de
pastor e a igreja recebeu-os com alegria. Como não sabiam falar português e nem
os membros inglês - com exceção de um - tudo ficou muito fácil. Nota-se uma
certa desonestidade em como eles conseguiram a entrada na igreja. Primeiro que
não falaram que eram membros excluídos. Depois porque não esperaram a volta do
pastor titular que, naquele tempo, tinha que fazer a viagem de Belém de Pará ao
Sul de Navio, e levaria meses para voltar.
Os
dois foram mais desonestos ainda quando começaram a fazer cultos no porão da
igreja. Só alguns membros eram convidados e as reuniões começavam após o
término dos cultos regulares da igreja. Nessas reuniões havia estranhas línguas
e estranhos ruídos. Alguns membros da igreja começaram a adotar as idéias dos
falsos irmãos. Aumentando o número e chegando a ponto de haver manifestações
pentecostais numa reunião de oração da igreja, o evangelista Raimundo Nobre
convocou, com o apoio da maioria dos diáconos, uma sessão extraordinária, e os
adeptos de Vingren e Berg foram excluídos. Ao todo foram treze pessoas
excluídas. No meio deles estava o moderador da Igreja, substituto direto de
Eurico Nelson, José Plácito da Costa, homem culto e o provável tradutor das
mensagens pentecostais nas reuniões do porão.
Vingren
e Berg não pararam por aí. Continuaram a fazer o trabalho de proselitismo
dentro das igrejas batistas. Percorreram o Brasil inteiro na busca de novas
renovações. Pode-se dizer que em muitos casos foram bem sucedidos. O próprio
Vingren afirma em seu diário que: "Por onde íamos, buscávamos nas igrejas
e nas casas dos batistas infundirem o novo batismo". Este novo batismo
constituía de doar aos crentes já convertidos o dom de línguas.
Em
1911 os dois fundaram a Missão de Fé Apostólica que posteriormente mudou-se de
nome para Assembléia de Deus. Cresceram muito após a década de 50 e são hoje o
maior grupo de pentecostais no Brasil chegando a mais de três milhões de
adeptos.
PENTECOSTAIS DA SEGUNDA GERAÇÃO
A
partir de 1950 multiplicou-se o número de denominações pentecostais. Esse fato
deve-se principalmente pelas incentivadas cruzadas nacionais de evangelização
que percorreu todo o país. Usavam-se tendas como templos improvisado e grande
anúncios nas rádios da época. Esse período é conhecido como a segunda geração
de pentecostais, ou segunda onda.
IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR.
Ela
foi fundada no Brasil pelo missionário americano Harold Williams em 1953 na
cidade de São Paulo. Foi a inovadora em alguns pontos cruciais do
pentecostalismo. Não eram tão intransigentes no uso da roupa e do cabelo como
os assembleianos e os membros da Congregação do Brasil. Ordenam mulheres para o
ministério, dando a estas o titulo de pastoras. Seus templos estão situados
principalmente no Sul e Sudeste do país.
A
febre do pentecostalismo estava a toda nessa época. Em 1956 o ex-pastor
assembleiano e depois quadrangular, Manuel de Melo, iniciou uma divisão nestas
duas igrejas.
IGREJA O BRASIL PARA CRISTO
Esta
igreja foi um pouco mais rígida que a quadrangular e um pouco menos exigente
que a Assembléia. Seu crescimento foi espantoso. Na época áurea de Manuel de
Melo ele chegou a ordenar mais de trezentos pastores num só dia (a maioria
ex-presbíteros da Assembléia de Deus). Chegou a ter o maior templo protestante
no Brasil na cidade de São Paulo. Seus programas de rádio eram largamente
ouvidos em todo o país. Chegaram a ter mais de um milhão de membros. Na ultima
pesquisa feita o número foi de 197.000. Com a morte do missionário o trabalho
deixou de ter o crescimento expressivo que marcou o seu início. Tem perdido
muitos membros para as divisões das assembléias e para os neopentecostais.
IGREJA NOVA VIDA
Em 1960 surgiu no
Rio de Janeiro. As igrejas pentecostais continuaram a
rachar.
IGREJA DEUS É AMOR
Fundador missionário David Martins Miranda,
que tem origem assembleiana, deixou-a e fundou a igreja deus é amor em 1962.
Esta igreja ainda está em ascensão. Cresce muito entre a população mais carente
do país. O fato de seu fundador e líder ainda estar vivo ajudou muito a sua
propagação ate os anos 2000. Seus programas de rádio têm grande audiência na
camada mais pobre, e principalmente, nos morados da zona rural. Muito parelha a
esta igreja em doutrinas e costumes a
IGREJA SÓ O SENHOR É DEUS
que
tem como fundador o missionário Miranda Leal (Que dizem ser primo de Davi
Miranda). Esta igreja que tem a sua sede em Maringá, no Paraná, e seus templos,
quando construídos por Miranda Leal, tem a forma de uma Arca, como a de Noé. Em
1964 surge A CASA DA BENÇÃO, fundada pelo missionário Doriel de Oliveira. É
quase inexpressiva nas cidades de pequeno porte, mas é bem representada nos
grandes centros. Esta igreja até hoje costuma usar tendas improvisadas como
templos para iniciar seus trabalhos.
NEOPENTECOSTAIS
Neopentecostalismo
é o nome que se dá aos pentecostais da terceira geração, ou terceira onda. São
assim chamados porque diferem muito dos pentecostais históricos e dos da
segunda geração. Realmente é um novo pentecostalismo. Não se apegam as questões
de roupas, de televisão, de costumes, e tem um jeito diferente de falar sobre
Deus. Dualizam o mudo espiritual dividindo-o entre Deus e o Diabo. Para eles o
mundo está completamente tomado por demônios, e é sua função expulsá-los. Pregam
a prosperidade como meio de vida. Pobreza é coisa de Satanás. Doença só existe
em quem não acredita em Deus e sua origem é o demônio. Seus cultos são sempre
emotivos objetivando uma libertação do mundo satânico. Em muitos pontos pode-se
dizer que suas doutrinas são bem parecidas com as doutrinas das religiões
orientais, tais como Seicho-No-E, induísmo e budismo. Para eles o crente não
pode sentir dor, ser pobre ou estar fraco.
Este
movimento começou no início da década de setenta. Seu crescimento deve-se muito
aos programas de rádio e televisão, nos quais, devido ao anuncio de curas e
milagres, tiveram uma grande audiência. Seus ouvintes e telespectadores
geralmente são recrutados para dentro de suas igrejas. O sistema de testemunho
é forte, e isso certamente encoraja outros a tomar o mesmo caminho.
IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS (IURD)
No
Brasil é a maior igreja neopentecostal, e já conta com mais de dois mil templos
em todo o Brasil e é a terceira maior igreja evangélica do país, ficando atrás
apenas da Assembléia e da Cristã do Brasil. Fundada em 1977 pelo bispo Edir
Macedo, tem procurado estabelecer um sistema episcopal como o católico. Possui
um forte esquema de comunicação, que é sem dúvida o fator de peso na divulgação
e crescimento de seus trabalhos.
IGREJA INTERNACIONAL DA GRAÇA.
Esta
igreja foi fundada em 1980 pelo missionário R. R. Soares no Rio de Janeiro. Depois
da Universal é a maior igreja neopentecostal no Brasil. Na intenção de imitar o
trabalho de Kenneth Hagen (um dos maiores apresentadores de igrejas
televisionadas dos EUA, e teologia da prosperidade), Soares investe muito na
apresentação de seus programas.
RENASCER EM CRISTO,
Esta
é a Igreja outra muito forte seu fundador apostolo Estevam que se auto
intitulado apóstolo. no ramo neopentecostal é a que trabalha principalmente com
a camada alta da sociedade. Há pouco tempo quase comprou uma rede de Televisão.
A tendência de crescimento teve uma
queda.
IGREJA MUNDIAL DO PODER DE DEUS
E
agora a mais recente da mesma linha neo-pentecostal vinda também de racha com o
bispo Macedo Waldomiro Santiago seu fundador que se auto declarou
"apóstolo".
É
importante salientar que existem denominações Neopentecostais que mantém
equilíbrio teológico e organizacional, proporcionando igrejas bem instruídas
biblicamente evitando muitos exageros existentes em seu meio.
DIVISÕES DO PENTECOSTALISMO
Só
no Brasil são mais de duas mil denominações registradas em cartório como
autenticas pentecostais. Por exemplo: A Assembléia nasceu em 1910. Só que hoje
existe diversas Assembléias e todas nascidas de um racha dentro de outra
Assembléia. O método de aceitar membros de qualquer outra igreja, sem saber
qual era sua vida na sua igreja de origem, faz com que prevaleça a desordem e a
descrença denominacional.
BATISTAS RENOVADOS
A
renovação das Igrejas Batistas no Brasil como denominação começou no ano de
1958. Desde esta data até o ano de 1965, quando realmente houve a divisão,
muitas reuniões foram feitas no intuito de evitar o racha nas igrejas batistas
de todo Brasil.
O
iniciador do movimento divisório nas igrejas batistas do Brasil foi um pastor
da Igreja Batista de Vitória da Conquista chamado José Rego do Nascimento. Era
um grande orador e logo conseguiu fazer fileiras e conquistar algumas pessoas
de nome para o seu movimento. Foi o caso do pastor Enéias Tognini, pastor da
Igreja Batista de Perdizes. Essa união de forças levou o caso a ser analisado
várias vezes. Houve muitas reuniões de um comitê organizado para este fim,
formado por 11 membros, buscando uma solução conciliadora para a questão
pentecostal dentro das igrejas batistas. A decisão estabeleceu que: "A
atuação do Espirito Santo na vida dos crentes, se faz através de um processo
chamado santificação progressiva; que manifestações emotivas, por mais sinceras
que sejam, não podem ser apresentadas como um padrão a ser seguido por todos;
que a ênfase dada à doutrina do batismo no Espírito Santo tem causado reuniões
barulhentas, carregadas de emocionalismo e provocado manifestações de orgulho
espiritual, bem como proselitismo de crentes que não adotam tais ideias”. Isso
aconteceu em 1963.
Em
1965, ao realizar-se a Convenção em Niterói, com 3.035 mensageiros, as
preocupações maiores era a grande Campanha de Evangelização marcada para o
mesmo ano. No plenário mais uma vez surgiu o problema da renovação. O
presidente vendo que isso atrapalharia a campanha pediu que a questão fosse
resolvida no ano seguinte. Porém a intransigência dos reavivalistas foi tanta,
que precisou ser resolvida naquela convenção. Decidiu-se então pela exclusão da
comunhão as igrejas renovadas. Só naquele ano mais de trezentas igrejas se
separaram e tiveram que ser excluídas. Juntas formaram uma convenção a qual
denominaram CONVENÇÃO BATISTA NACIONAL. Assim, pela primeira vez, houve uma
divisão entre os batistas brasileiros como um grupo.
CARISMÁTICOS
O
movimento pentecostal iniciado em 1900 por Parhan conseguiu invadir todas as
denominações antigas (batistas, presbiterianas, metodistas, etc.). Até então
falar em línguas era para os pregadores pentecostais uma resposta de Deus
condenando as denominações tradicionais. Todos os grupos renovados que saiam de
suas igrejas originais condenavam os que não aceitavam o pentecostalismo. De
repente o mundo pentecostal teve uma surpresa. Essa surpresa foi à chegada dos
pentecostais católicos, ou CARISMÁTICOS.
No
início de 1960 explodiu a mania carismática nas antigas denominações Episcopais
da Califórnia. Seu líder principal foi Dennis Bennet de Van Nuys. Um discípulo
dele, Jean Stone, espalhou o seu ensino através da revista Trinity entre os
anos de 1961-66. Por esse mesmo período Larry Christensen liderou o avivamento
carismático entre as igrejas luteranas nos E.U.A .
Em
1967 foi à vez da Igreja Católica Romana formar seu grupo de carismáticos. Tudo
começou num retiro de Universitários na Universidade de Duquesne, Pittsbush.
Houve muitos que falaram em línguas naquele retiro. O primeiro grande líder dos
carismáticos Católicos parece ter sido Ralph Keifer. Em fevereiro de 1967 ele levou a mensagem carismática para a
Universidade de Notre Dame, e muitos alunos e professores falaram em línguas.
De princípio tanto os pastores pentecostais, como padres católicos, condenaram
o mais novo movimento pentecostal. Na verdade os padres até tinham uma certa
razão, pois, era um ensino totalmente contrário as doutrinas do Vaticano. A
diferença dos carismáticos com os pentecostais é: Primeiro que eles se renovam
e permanecem nas suas próprias congregações (o que na minha opinião não passa
de uma estratégia financeira e teológica do Vaticano), enquanto os pentecostais
históricos dividiam as igrejas (isto depende do ponto de vista que temos sobre,
unanimidade e unidade em Ef 4.13). Os carismáticos usualmente pertenciam à
classe média, são separatistas, urbanizados, de tendência ecumênica e
pluralistas em sua teologia. As igrejas pentecostais clássicas eram
originalmente constituídas de operários e eram barulhentas em seus cultos. Na
questão de barulho os carismáticos atuais já alcançaram seus primos
pentecostais clássicos. Os carismáticos são idólatras e os pentecostais não. No
demais são bem parecidos.
Os
carismáticos católicos só conseguiram o agrado do Papa - não o aval - em 1975.
Neste ano o movimento reuniu dez mil carismáticos em Roma. Num pronunciamento
ecumênico o Papa Paulo falou simpaticamente à assembléia. Foi uma vitória ao
movimento carismático. De princípio João Paulo II não aprovou muito o
movimento. Mas atualmente ele é favorável, principalmente porque os
carismáticos já se organizaram em quase todo o mundo, e no Brasil, que é o
maior país Católico do mundo, o movimento está esparramado em quase todas as
suas paróquias. Para dizer com mais sinceridade é o movimento carismático que
está conseguindo diminuir o movimento pentecostal e neopentecostal na América
Latina, que, aliás, é o grande reduto católico do mundo.
O ASSUNTO DA HISTÓRIA DO DOGMA
A palavra “dogma” se deriva do termo
grego dokein, o qual, na expressão dokein moi significa não só “parece-me” ou
“agrada-me”, mas também “determinei definidamente algo de modo que para mim é
fato estabelecido”.
A Bíblia usa o vocábulo como designação
de decretos governamentais na Septuaginta (Est. 3:9; Dn. 2:13; 6:8; Lc. 2:1;
At. 17:7), de ordenanças do Velho Testamento (Ef. 2:15; Col. 2;14) e das
decisões da assembléia de Jerusalém (At. 16:4). (pg. 17).
Origem e Caráter dos Dogmas...Os
católicos romanos e os protestantes divergem um tanto em sua descrição da
origem dos dogmas. Os primeiros...que agora tem um porta-voz infalível no papa,
após cuidadoso exame, formula a doutrina ensinada nas Escrituras ou pela
tradição, declarando-a verdade revelada in-pondo sua aceitação por patê dos
fiéis. Os reformadores substituíram esse ponto de vista católico-romano por um
outro que, a despeito de suas similaridades, diverge do mesmo em pontos
importantes. Segundo eles, todos os autênticos dogmas religiosos derivam seu
conteúdo material das Escrituras, e exclusivamente delas. Não reconhecem a
palavra oral, nem a tradição, como fonte de dogmas (pg. 18).
Sob a influência de Schleiermacher,
Ritschl, Vinet e outros, desenvolveu-se um conceito radicalmente diferente da
origem dos dogmas,...Os dogmas da igreja seriam apenas formulações intelectuais
de suas experiência, a fé ou a vida cristã como fonte do conteúdo material dos
dogmas, e reputa isso como algo mais em harmonia com os princípios da Reforma.
(pg. 19).
Um dogma pode ser definido como uma
doutrina, derivada da Bíblia, oficialmente definida pela Igreja e declarada
firmada sobre a autoridade divina. (pg. 20).
A
Tarefa da História do Dogma
...Consiste
em “mostrar” como o dogma na sua totalidade e os dogmas em separado têm
surgido, e indicar o curso de desenvolvimento pelo qual foram conduzidos até
chegarem à forma e interpretação que prevalecem nas igrejas em qualquer época.
Suas Pressuposições...A grande
pressuposição da história do dogma parece ser que o dogma da Igreja é mutável e
de fato tem passado por muitas modificações durante seu desenvolvimento
histórico. A teologia protestante sempre manteve a posição de que o dogma da
Igreja, posto que caracterizado por alto grau de estabilidade, está sujeito a
modificações...Os católicos-romanos ufanam-se no fato de possuírem um dogma
imutável e se sentem muito superiores aos protestantes...(pg. 21).
Uma segunda pressuposição da história
do dogma é a de que o desenvolvimento do dogma da Igreja se deu ao longo de
linhas orgânicas...A igreja, em suas tentativas para aprender a verdade,
simplesmente tenta pensar os mesmos pensamentos que Deus pensa. Teremos de
prosseguir baseados na pressuposição de que a Igreja, apesar das melancólicas
aberrações que caracterizam sua busca da verdade e que com freqüência a têm levado
a caminhos errados, mesmo assim vai gradualmente avançando em sua apreensão e
formulação da verdade. (pg. 23).
Seu Assunto...O fato que a história do
dogma aborda primariamente os dogmas da Igreja não quer dizer que ela não deva
interessar-se por aqueles desenvolvimentos doutrinários que ainda não tinham
sido incorporados nos credos oficiais e que talvez nunca seriam.
Segue-se disso que, no que concerne à
história externa, a história do dogma não pode negligenciar as grandes
controvérsias doutrinárias da Igreja, as quais foram as dores de parto de novos
dogmas e que com freqüência exerceram influência determinadora sobre sua
formulação. (pg. 24).
O MÉTODO E AS DIVISÕES DA HISTÓRIA DO
DOGMA
A divisão comum da maior parte das
obras mais antigas sobre a história do dogma tem sido história geral e história
especial do dogma. Os dogmas especiais são geralmente discutidos sob os títulos
costumeiros de dogmática: teologia, antropologia, cristologia, e assim por
diante. (pg. 26).
Método de Tratamento...Alguns seguem o
método horizontal e outros o vertical, ao estudarem a história do dogma. Os que
adotam o primeiro consideram a história do desenvolvimento doutrinário como um
todo, em períodos específicos, deixando-os no estágio em que são encontrados no
fim do período, e então os retornam nesse ponto a fim de seguir seu posterior
desenvolvimento...Por outro lado os que seguem o método vertical consideram o
estudo dos dogmas separados na ordem em que se tornaram o centro da atenção da
Igreja, e seu desenvolvimento é acompanhado até ao tempo de sua formulação
final nos credos. (pg. 27).
Alguns opinam que o único modo
apropriado e cientifico de tratar a história do dogma é empregar um método
puramente objetivo...Contudo, dr. Kuyper corretamente chama atenção para o fato
que ninguém poderia usar esse método ao descrever a história do seu país, ou ao
escrever a biografia de um amigo, pois ninguém poderia escrever como um
espectador desinteressado. (pg. 28).
O DESENVOLVIMENTO DA HISTÓRIA DO DOGMA
Fatores
que originaram a história do dogma como disciplina separada...é de data
comparativamente recente. Posto que a igreja católica romana agia sobre a
suposição de que o dogma é imutável, e ainda mantém essa posição, pode ser dito
que, tendo a Reforma rompido com esse ponto de vista, abriu caminho para um
exame crítico da história do dogma...Contudo, os reformadores e teólogos da
época da Reforma não deram início a essa investigação. (pg. 30).
OBRAS ANTERIORES SOBRE A HISTÓRIA DO
DOGMA
As
verdadeiras origens da história do dogma se encontram nas obras de S.G. Lange e
Muenscher. (pg. 31).
Sob a influência de Hegel teve início
um melhor método histórico....A idéia de desenvolvimento, contudo, gradualmente
foi adquirindo outras aplicações além da hegeliana. Ela é pressuposta nas
produções da escola teológica de Schleiermacher. Também foi aplicada por
escritores medianeiros como Neander e Hagenbach...Outras modificações se acham
nos escritos de confessionalistas como Kliefoth e Thomasius.
A erudição católico-romana demorou em
interessar-se pelo estudo do dogma. Afirmam elas não ter havido qualquer adição
ao depósito original, mas somente interpretações do mesmo. (pg. 32).
Obras Posteriores sobre a história do
dogma...Harmack mostra afinidade tanto com Thomasius como com Nietzsche,
todavia vai muito além da posição deles. Ele limita a sua discussão ao
surgimento e desenvolvimento dos dogmas, como distintos de doutrinas, e leva em
conta os aspectos constantemente mutáveis do cristianismo como um todo,
particularmente em conexão com o desenvolvimento geral da cultura. (pg. 33).
Loofs e Seeberg não seguem a divisão de
Harnack, mas parecem sentir que a segunda divisão de sua grande obra na
realidade abarca praticamente o total da história do dogma, embora o primeiro
exiba ainda um capítulo separado sobre a gênese do dogma entre os cristãos.
(pg. 34).
DESENVOLVIMENTO DOUTRINÁRIO PREPARATÓRIO
OS PAIS APOSTÓLICOS E SUAS PERSPECTIVAS
DOUTRINÁRIAS
Escritos a eles atribuídos...Os Pais
Apostólicos são os Pais que se supõem ter vivido antes da morte do último dos
apóstolos, sobre os quais se diz que alguns foram discípulos dos apóstolos, e a
quem são agora atribuídos os mais antigos escritos cristãos existentes. Há seis
nomes especiais que chegam até nós há saber, Barnabé, Hermas, Clemente de Roma,
Policarpo, Papias e Inácio. (pg. 37).
Características formais de seus
ensinos...Suas reproduções tendem por escorar-se pesadamente sobre as
Escrituras, além de serem de tipo primitivo, ocupando-se com princípios
elementares da fé, e não com as verdades mais profundas da religião.
Seus ensinos se caracterizam por certa
pobreza...O cânon do Novo Testamento ainda não estava fixado, e isso explica
por que os Primitivos Pais tão freqüentemente citam a tradição oral, ao invés
da Palavra escrita. (pg. 38).
Uma segunda característica dos ensinos
dos Pais Apostólicos é sua falta de precisão. Finalmente, as condições gerais
em que viviam – influenciadas como eram pela filosofia pagã popular da época e
pela piedade pagã e judaico-helênica – não eram favoráveis a uma compreensão
nítida das diferenças características entre as diversas modalidades da Kerugma
(pregação) apostólica. (pg. 39).
Conteúdo real de seus
ensinamentos...Seus ensinos estão em harmonia geral com a verdade revelada na
Palavra de Deus, e com freqüência são vasados na pura linguagem das Escrituras;
e exatamente por essa razão não se pode dizer que aumentam ou aprofundam nosso
discernimento da verdade ou que lançam luz sobre os inter-relacionamentos dos
ensinos doutrinários da Bíblia. (pg. 39).
Perversões
do Evangelho
No
segundo século da religião cristã, como nova força no mundo, a qual se revelou
na organização da igreja, teve de lutar pela sua própria existência.
Perversões
judaicas...Houve três grupos de cristãos judeus que revelaram tendências
judaizantes. Traços deles se acham até mesmo no Novo Testamento. (a) Os
Nazarenos. Estes eram judeus cristãos que haviam aceito as doutrinas da
religião cristã; (b) Os Ebionitas. Esta seita era formada, realmente, por
continuadores dos oponentes judaizantes do apóstolo Paulo, e era farisaica em
sua natureza; (c) Os Elquesaítas. Este grupo representava um tipo de
cristianismo judaico assinalado por especulações teosóficas e ascetismo
estrito. (pg. 42-43).
Perversões gentílicas: gnosis
gentílico-cristã...Sua forma original estava arraigada no judaísmo, mas por fim
evoluiu em estranha mescla de elementos judaicos, de doutrinas cristãs e de
idéias pagãs especulativas. (pg. 43).
Há indicações no Novo Testamento, de
que o gnosticismo já aparecera em forma incipiente nos dias dos apóstolos. Ver
Col. 2:18ss; I Tim. 1:3-7; 7:1-3; 6:3ss; 2 Tim. 2:14-18; Tito 1:10-16; 2 Ped.
2: 1-4; Jud. 4,16 e Apoc. 2:6,15, 20ss. João combate indiretamente essa heresia
nos seus escritos. Ver João 1:14,20:31; I João 2:22;4:2,15;5:1,5-6 e 2 João 7.
Desde
a primeira parte do século II d.C., esses erros assumiram uma forma mais
desenvolvida, tendo sido publicamente proclamados, e de pronto tiveram notável
divulgação.(pg. 44).
Antes
de tudo, o gnosticismo era um movimento especulador. Esse elemento
especulativo, estava sempre em primeiro plano. O próprio nome, gnostikoi,
adotado por alguns de seus adeptos, indica que se arrogavam possuir um
conhecimento mais profundo das coisas divinas do que aquilo que se poderia
obter entre os crentes comuns.
Apesar
de seu caráter especulativo, o gnosticismo também foi um movimento popular. A
fim de influenciar as massas, precisava ser algo mais do que mera especulação.
(pg. 45).
O
mundo não foi criado pelo deus bom, mas provavelmente foi o resultado de uma
queda no “pleroma”, sendo obra de uma divindade subordinada, talvez hostil.
Esse deus subordinado se chama Demiurgo, sendo identificado como o Deus do
Velho Testamento. (pg. 46).
De
fato, muitos foram arrastados, por algum tempo, pelas suas ousadas especulações
ou pelos seus ritos místicos, mas a grande maioria dos crentes não foi enganada
pelas suas fantásticas simulações ou por suas atrativas promessas de felicidade
secreta. Foi vencido pelas refutações diretas dos Pais da Igreja, pela
preparação e circulação de breves declarações dos fatos fundamentais da
religião cristã (regra de fé), e pela mais racional interpretação do Novo
Testamento, com a limitação do seu cânon, com exclusão de todos os falsos
evangelhos, atos e epístolas que então circulavam. (pg. 47).
MOVIMENTOS REFORMADORES NA IGREJA
Márcion e seu movimento de
reforma...Márcion era nativo do Ponto (Sinope) e foi expulso de casa,
aparentemente, por motivo de adultério, tendo ido para Roma cerca de 139 d.C.
Com freqüência tem sido classificado como gnóstico, contudo a precisão dessa
classificação é atualmente posta em dúvida. (pg. 49).
Para Márcion, o grande problema era
como relacionar entre si o Velho Testamento e o Novo. Aceitava o Velho
Testamento como genuína revelação do Deus dos judeus, todavia afirmava que Ele
não podia ser idêntico ao Deus do Novo Testamento. Visto que Márcion acreditava
que Paulo foi o único dos apóstolos que realmente entendeu o evangelho de Jesus
Cristo, ele limitava o cânon do Novo Testamento ao Evangelho de Lucas e a dez
epístolas do grande apóstolo dos gentios. (pg. 50).
Reforma dos montanistas...Montano
surgiu na Frigia, cerca do ano 150 d.C., razão por que seu ensinamento
geralmente é denominado heresia frigia. Ele e duas mulheres, Prisca e Maximila,
se anunciaram profetas. (pg. 50).
Com base no evangelho de João,
afirmavam que o último e mais elevado estágio da revelação já fora atingido.
Chegara a era do Paracleto falava por meio de Montano, agora que o fim do mundo
estava próximo...a era presente se caracterizava pelos dons espirituais,
sobretudo a profecia.
A Igreja se viu em situação um tanto
embaraçosa por causa do montanismo...a Igreja seguiu um instinto autêntico ao
rejeita-lo, especialmente por causa do fanatismo que nele havia e das suas
reivindicações de possuir revelações mais altas do que aquelas contidas no Novo
Testamento. (pg. 51).
OS APOLOGETAS E O COMEÇO DA TEOLOGIA DA
IGREJA
Tarefa dos apologetas...Pressões
externas e internas requeriam definições claras e defesas da verdade, e isso
deu origem à teologia. Os primeiros Pais que assumiram a defesa da verdade são,
por essa mesma razão, chamados “apologetas”. Os mais importantes entre eles
foram: Justino, Taciano, Atenágora e Teófilo de Antioquia.
Eles defendiam o cristianismo mostrando
que não havia provas em prol das acusações feitas contra seus adeptos. Não
satisfeitos com a mera defesa, eles também atacaram seus oponentes. (pg. 53).
Finalmente, os apologetas também sentiram a incumbência de estabelecer o
caráter do cristianismo como uma positiva revelação de Deus.
Sua construção positiva da
verdade...Consideraram-no uma filosofia, porque contém um elemento racional e
responde satisfatoriamente às indagações em que todos os verdadeiros filósofos
se têm ocupado, porém também consideraram-no antítese direta da filosofia,
porquanto é livre de todas as meras noções e opiniões, pó ter-se originado de
uma revelação sobrenatural.
Ao se referirem ao Filho, preferiam o
uso do termo “Logos”, sem dúvida porque se tratava de um termo comum em
filosofia, o que atraía as classes cultas. (pg. 54).
Significação dos apologetas na história
do dogma...Deve-se admitir que aqueles primeiros Pais deram grande prominência
às verdades racionais, buscando demonstrar sua racionalidade. É perfeitamente
claro, nos escritos dos apologetas, que suas idéias do cristianismo continuavam
sofrendo os mesmos defeitos e limitações que se vêen nos Pais Apostólicos. (pg.
56).
Os
Pais Anti-Gnósticos
Pais anti-gnósticos...Irineu é o
primeiro que vem para o foco de nossa atenção. Ele nasceu no Oriente, onde
tornou-se discípulo de Policarpo; mas passou a maior parte de sua vida no
Ocidente. Em sua obra Contra Heresias, ele se atira principalmente contra os
gnósticos.
Hipólito é o segundo desses Pais, a que
se atribui ter sido discípulo de Irineu...Sua principal obra se intitula
Refutação de Todas as Heresias. Ele via a raiz de todas as perversões
doutrinárias nas especulações dos filósofos.
Tertuliano foi o terceiro e maior do
famoso triu...Sendo advogado, estava familiarizado com as leis romanas e
introduziu conceitos e vocábulos legais nas discussões teológicas. Tal como
Hipólito, ele tendia a deduzir que todas as heresias provinham da filosofia
grega, razão por que se tornou ardente opositor da filosofia. (pg. 58).
Suas doutrinas sobre Deus, o homem e a
história da redenção...Eles consideravam que o erro fundamental dos gnósticos
era que separavam o verdadeiro Deus do Criador...Tertuliano foi o primeiro a
asseverar a tri personalidade de Deus e a usar o termo “Trindade”. Todavia, não
chegou à verdadeira declaração trinitariana, porque concebia que uma Pessoa
estaria subordinada às outras.
Quanto à doutrina do homem, opunham-se
também aos gnósticos frisando o fato que o bem e o mal, no homem, não se
explicam através de diferentes dotes naturais.
Irineu tinha algo de especial quanto à
história da redenção. Disse que Deus expulsou o homem do paraíso e lhe permitiu
a morte, a fim de que o prejuízo sofrido não permanecesse para sempre. (pg.
59).
Suas doutrinas sobre a Pessoa e obra de
Cristo...Irineu e Tertuliano diferem consideravelmente em, sua doutrina da
pessoa de Cristo. A cristologia de Irineu é superior à de Tertuliano e a de
Hipólito, e influenciou muitíssimo a esse último.
Tertuliano partia da doutrina do Logos,
tendo-a desenvolvido de tal modo que se tornou historicamente significativa.
(pg. 60).
Suas doutrinas sobre a salvação, a
Igreja e as últimas coisas...Irineu não foi totalmente claro em sua
soteriologia. A obra de Tertuliano não assinalou nenhum progresso particular na
doutrina da aplicação da obra de Cristo. (pg. 62).
Em seus ensinos atinentes à Igreja,
esses Pais revelam a tendência de ceder terreno ao judaísmo, substituindo o
conceito judaico de uma comunidade externa pela idéia de uma fraternidade
espiritual. (pg. 63).
Os
Pais Alexandrinos
Pais Alexandrinos...Clemente e Orígenes
representam a teologia oriental, mais especulativa que a do Ocidente. (pg. 65).
Suas doutrinas sobre Deus e o
homem...Tal como os apologetas, Orígenes alude a Deus em termos absolutos, como
o Ser incompreensível, interminável e impassível, que de nada necessita; e, tal
como os Pais anti-gnósticos, ele rejeita a distinção gnóstica entre o Deus bom
e o Demiurgo ou Criador deste mundo. (pg. 66).
Os
ensinos de Orígenes acerca do homem são bastante incomuns.
Suas doutrinas sobre as Pessoa e a obra
de Cristo...Ambos esses Pais ensinam que, na encarnação, o Logos tomou a
natureza humana em sua inteireza, corpo e alma, tendo-Se tornado, dessa
maneira, um homem real, o Deus-homem, embora Clemente não conseguisse evitar
totalmente o docetismo. (pg. 67). Houve diferentes exposições da obra de
Cristo, que não foram devidamente integradas. Clemente alude à auto-rendição de
Cristo como se fosse um resgate, mas não reforça a idéia que Ele foi
propiciação pelo pecado da humanidade. (pg. 68).
Suas doutrinas sobre a salvação, as
Igrejas e as últimas coisas...Os Pais Alexandrinos reconheciam o livre-arbítrio
do homem, capacitando-o a voltar-se para o bem e a aceitar a salvação oferecida
em Jesus Cristo. (pg. 68).
Orígenes considerava a Igreja como
congregação dos crentes, fora da qual não haveria salvação. Orígenes ensina
que, por ocasião da morte, os bons entram no paraíso, ou num lugar onde recebem
maior elucidação, enquanto os ímpios experimentam as chamas do juízo, o qual,
entretanto, não se deve ter como punição permanente, porém como um meio de
purificação. (pg. 69).
O MONARQUIANISMO
Se
a grande heresia do século II d.C., foi o gnosticismo, a mais destacada heresia
do século III d.C., foi o monarquianismo.
Monarquianismo
dinâmico....Esse é o tipo de monarquianismo que estava interessado
principalmente em manter a unidade de Deus, estando perfeitamente alinhado com
a heresia ebionita existente na Igreja Primitiva e com o unitarismo de nossos
dias...seu mais remoto expositor foi Teodoto de Bizâncio. (pg. 71)
Monarquianismo
modalista...Chama-se monarquianismo modalista porque concebia as três Pessoas
da Deidade como tantos modos pelos quais Deus Se manifestava. No Ocidente era
chamado patripassionismo, pois dizia que o próprio Pai Se encarnara em Cristo
e, por conseguinte, também sofrera com Ele; e era intitulado sabelianismo no
Oriente, segundo o nome de seu mais famoso arauto. A grande diferença entre
esse monarquianismo e o dinâmico é que este mantinha a deidade verdadeira de
Cristo. (pg. 72).
A
Doutrina da Trindade
A CONTROVÉRSIA TRINITARIANA
...chegou ao clímax no conflito entre
Ário e Atanásio...Os Pais da Igreja Primitiva, conforme vimos, não tinham
idéias claras sobre a Trindade. (pg. 77).
Natureza da controvérsia...O grande
conflito trinitariano geralmente se chama de controvérsia ariana, por ter sido
motivada pelas idéias antitrinitarianas de Ário. Fazia a distinção entre o
Logos, que seria imanente em Deus e consistiria apenas de uma energia divina, e
o Filho ou Logos que finalmente Se encarnara. Este último tivera começo: foi
gerado pelo Pai; e isso queria dizer, no vocabulário de Ário, que Ele fora
criado. Ário buscava apoio escriturístico para isso naquelas passagens que
parecem apresentar o Filho como inferior ao Pai, a saber, Prov. 8:22 (Sept);
Mat. 28:18; Mar. 13:32; Luc. 18:19; Jo. 5:19; 14:28; 1 Co.15:28. (pg. 78).
Concílio de Nicéia...foi convocado em
325 d.C., para solucionar a disputa. O concílio adotou a seguinte declaração a
respeito da questão em pauta: “Cremos em um Deus, o Pai Todo-Poderoso, Criador
das coisas visíveis e invisíveis. E em um Senhor Jesus Cristo, gerado, não
criado, sendo da mesma substância (homoousios) como o Pai”.
Conseqüências...A decisão do concílio
não pôs fim à controvérsia; antes, foi seu começo. Uma solução imposta à Igreja
pela forte mão imperial não poderia satisfazer – posto que foi de duração
incerta – pois fez com a determinação da fé cristã dependesse do capricho do
Imperador e mesmo das intrigas da corte. (pg. 80). O resultado provou
claramente que, conforme andavam as coisas, uma mudança no Imperador, uma
atitude modificada, ou mesmo um suborno, poderiam alterar o aspecto todo da
controvérsia.. E foi exatamente isso que sucedeu...
A grande figura central na controvérsia
trinitariana pós-nicena foi Atanásio. E os imperadores geralmente se puseram ao
lado da maioria, a ponto de ter-se dito: “Unus Athanasius contra orbem” (um
Atanásio contra o mundo). (pg. 81)
Até esse tempo não se tinham feito
intensas considerações sobre o Espírito Santo...ário afirmava que o Espírito
Santo fora o primeiro a ser criado pelo Filho, opinião que se harmonizava bem
como o de Orígenes. Atanásio dizia que o Espírito Santo é da mesma essência que
o Pai, mas o Credo Niceno contém apenas uma declaração indefinida: “E (eu
creio) no Espírito Santo”. Quando se reuniu o Concílio de Constantinopla, em
381 d.C., Gregório Nazianzeno, aceitou a seguinte fórmula concernente ao
Espírito Santo: “E cremos no Espírito Santo, o Senhor, o Doador da vida, que
procede do Pai, que será glorificado com o Pai e com o Filho, e que fala
através dos profetas”...Foi feita a declaração que o Espírito Santo procede do
Pai, contudo não foi negado nem afirmado que Ele também procede do Filho. (pg.
83).
No oriente, a formulação final da
doutrina foi dada por João Damasceno. Segundo ele, há apenas uma essência
divina, mas três pessoas ou hipóstases. A concepção ocidental da Trindade
chegou à sua declaração final na grande obra de Agostinho, De Trinitate. Ele também
ressaltou a unidade de essência e a trindade de Pessoas. (pg. 84).
A DOUTRINA DA TRINDADE NA TEOLOGIA
POSTERIOR
Doutrina da Trindade na Teologia
Latina...A teologia posterior nada acrescentou de importante à doutrina da
Trindade, mas houve desvios e, em conseqüência, reafirmações da verdade. (pg.
86).
Doutrina da Trindade no período da
Reforma...Calvino ventila a doutrina amplamente em sua obra, As Institutas
I.13, defendendo a doutrina formulada pela Igreja Primitiva.
No século XVI, os socinianos declararam
que a doutrina de três Pessoas dotadas de uma essência comum é contrária à
razão, procurando refuta-la com base nas passagens citadas pelos arianos...
(pg. 87).
Doutrina da Trindade após o Período da
Reforma...Na Inglaterra, Samuel Clarke, pregador da corte da rainha Ana,
publicou uma obra sobre a Trindade, em 1712, na qual se aproximava da posição
ariana da subordinação. Alguns teólogos da Nova Inglaterra criticaram a
doutrina da geração eterna.(pg. 88).
A
Doutrina de Cristo
AS CONTROVÉRSIAS CRISTOLÓGICAS
As primeiras controvérsias
cristológicas não retratam um espetáculo muito edificante. (pg. 93).
Primeiro estágio da
controvérsia...Ebionitas, alogi e monarquianos dinâmicos tinham negado a
deidade de Cristo, enquanto que docéticos, gnósticos e modalistas haviam
rejeitado Sua humanidade. Havia outros, menos radicais, que negavam ou a plena
Deidade ou a perfeita humanidade de Cristo. (pg. 94).
Os partidos da controvérsia...O partido
nestoriano...O partido ciriliano...O partido eutiquiano...(pgs. 95-98).
Após terem-se reunidos diversos
concílios locais...foi convocado o Concílio ecumênico de Calcedônia, em 451, o
qual publicou... “Portanto, seguindo os santos Pais, todos de comum acordo,
ensinamos aos homens a confessarem um e o mesmo Filho, nosso Senhor Jesus
Cristo, perfeito na deidade e também perfeito na varonilidade; vero Deus e
também vero homem, de alma racional e corpo; consubstancial com o Pai segundo a
Deidade, e consubstancial conosco segundo a varonilidade; em todas as coisas
semelhante a nós mas sem pecado; gerado antes de todas as eras da parte do Pai
segundo a deidade, e, nestes últimos dias, para nós e para nossa redenção,
nascido da virgem Maria, a mãe de Deus, segundo a varonilidade; um só e o mesmo
Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, devendo ser reconhecido em duas naturezas,
inconfundivelmente (asuggutos), imutavelmente (atreptos), indivisivelmente
(adiairetos), imutavelmente (achoristos), em que a distinção de naturezas sob
hipótese alguma foi eliminada pela união, mas antes, a propriedade de cada
natureza foi preservada, concorrendo juntamente em uma Pessoa e em uma
subsistência, não partida ou dividida em duas pessoas, porém um só e o mesmo
Filho, o Unigênito, Deus a Palavra, o Senhor Jesus Cristo; conforme os profetas
desde o princípio declararam acerca dEle, conforme o próprio Senhor Jesus
Cristo nos ensinou, e conforme o Credo dos santos Pais no-lo transmitiu”.`(pg.
98).
Segundo estágio da controvérsia...O
Concílio de Calcedônia não pôs fim ás disputas cristológicas, tal como o
Concílio de Nicéia não pusera fim à controvérsia trinitariana...Após o Concílio
de Calcedônia, os adeptos de Cirilo e Eutíquio foram chamados “monofisitas”,
porquanto concediam que após a união Cristo possuía natureza composta, mas
negavam que Ele tivesse duas naturezas distintas.
Em 553, o imperador Justiniano convocou
o quinto Concílio ecumênico de Constantinopla, que se mostrou favorável aos
monofisitas ao condenar os escritos de Teodoro, contudo desfavorável aos
monofisitas porque anatematizou aqueles que declarassem que o Concílio de
Calcedônia tolerava os próprios erros que havia condenado. (pg. 99).
O resultado é que surgiu uma nova seita
entre os monofisitas, chamada de “monotelitas”. Conforme o nome o indica, eles
partiam da unidade da Pessoa e asseveravam que só existe uma vontade em Cristo.
Os opositores dos monotelitas eram chamados duotelitas. Estes se firmavam sobre
a idéia da dualidade de natureza e asseveravam a presença de duas vontades em
Cristo.
O sexto Concílio ecumênico de
Constantinopla (680), com a cooperação do bispo de Roma, adotou a doutrina de
duas vontades, de duas energias, como posição ortodoxa, entretanto também
decidiu que sempre se deveria conceber a vontade humana como subordinada a
divina. (pg. 100).
Estruturação da doutrina por João
Damasceno...De acordo com ele o Logos assumiu a natureza humana, e não
vice-versa, ou seja, não foi o agente formador e controlador, garantindo a
unidade das duas naturezas.
Cristologia da Igreja Ocidental...A
Igreja Ocidental permaneceu comparativamente intocada pelas controvérsias que
rugiam no Ocidente. (pg. 101).
AS DISCUSSÕES CRISTOLÓGICAS POSTERIORES
Na idade média...Durante a Idade Média
a doutrina da Pessoa de Cristo não ocupava o primeiro plano.
Quanto a união hipostática em Cristo,
Tomás de Aquino aderia à teologia aceita. A Pessoa do Logos ter-se-ia tornado
composta após a união, na encarnação e essa união “impedira” a varonilidade de
chegar a uma personalidade independente. (pg. 104).
Durante a reforma...Lutero se aferrou à
doutrina das duas naturezas e sua inseparável união na Pessoa do Logos. Mas sua
doutrina da real presença na Ceia do Senhor exigiu a idéia que, após a
ascenção, a natureza humana de Cristo se tornou onipresente. (pg. 105).
A mais completa declaração oficial sobre
a posição Reformada acerca da doutrina de Cristo se acha na Segunda Confissão
Helvética, preparada em 1566. (pg. 106).
No século XIX...Durante o século XVIII
houve notável mudança no estudo acerca da Pessoa de Cristo. Não obstante, no
decorrer do século XVII houve crescente convicção de que esse não era o melhor
método, e que resultados mais satisfatórios poderiam ser obtidos se começasse
mais no centro, a saber, com o estudo do Jesus histórico. (pg. 107).
Ponto de vista de Schleiermacher...Na
cristologia de Schleiermacher dificilmente se pode dizer que Jesus Se elevou
acima do nível humano. Ele foi o segundo Adão, homem verdadeiro como o
primeiro, porém posto em circunstâncias mais favoráveis, tendo permanecido
isento de pecado e perfeito na obediência.
O Cristo de Kant...Antes de tudo, o
Cristo kantiano meramente era um abstrato, o ideal da perfeição ética. O que
salva é a fé nesse ideal, e não em Jesus como uma Pessoa.
O Cristo de Hegel...Par Hegel, as
crenças da Igreja referentes à Pessoa de Cristo são meramente afirmativas
gaguejadas dos homens acerca de ideias ontológicas – símbolos que expressam
verdade metafísicas. Ele reputa a história humana como o processo de formação
de Deus, o auto-desdobramento da razão sob condições do tempo e do espaço. (pg.
108).
Concepção de Dorner da encarnação...Ele
frisa o fato que Deus e o homem se parecem, e que na natureza essencial de Deus
há o impulso de comunicar-Se com o homem. Em face desse fato, a encarnação foi
algo necessário, transcendental e historicamente, e teria acontecido mesmo que
não houvesse entrado no mundo o pecado. (pg. 110).
Posição de Ritscl sobre a Pessoa de
Cristo...A obra de Cristo é que teria determinado a dignidade de sua Pessoa.
Cristo seria mero homem, entretanto, face á obra por Ele realizada e ao serviço
por Ele prestado, atribuimo-Lhe com justiça o predicado de Deidade.
Cristo na teologia moderna...Com base
na moderna idéia da imanência de Deus, que segue linhas panteístas, a doutrina
da Pessoa de Cristo com freqüência é apresentada hoje em moldes totalmente
naturalísticos. Ter-se-ia Ele destacado apenas por causa de Sua maior
receptividade pelo divino e devido à Sua superior consciência de Deus. (pg.
111).
ANTROPOLOGIA DO PERÍODO PATRÍSTICO
Importância
dos problemas antropológicos...Sua importância dificilmente pode ser
superestimada do ponto de vista do cristianismo prático. Sua relação com a obra
da redenção ainda é mais diretamente evidente do que no caso das questões
cristológicas. (pg. 115).
Antropologia dos Pais Gregos...No
pensamento deles havia um certo dualismo acerca do pecado e da graça,
resultando em apresentações bastante confusas...(pg. 116).
Surgimento gradual de outra posição no
ocidente...O traducionismo de Tertuliano substitui o criacionismo que foi
postulado pela teologia grega, e isso mostrou ser o caminho para a idéia do
pecado inato, em distinção do mal inato.
Nos escritos de Cipriano há a tendência
crescente na direção da doutrina da pecaminosidade original do homem, bem como
da renovação monenergética da alma. (pg. 117).
DOUTRINA PELAGIANA E AGOSTINIANA DO
PECADO E DA GRAÇA
Agostinho e Pelágio...As idéias de
Agostinho sobre o pecado e a graça foram moldadas, em certa medida, por suas
profundas experiências religiosas, durante as quais passou por grandes
conflitos espirituais, até emergir finalmente na plena luz do evangelho.
Pelágio era homem de tipo inteiramente
diverso...O caráter dos dois era diametralmente oposto. Pelágio era homem
tranqüilo, tão livre de misticismo como de aspirações ambiciosas; e quanto a
isso, sua maneira de pensar e de agir deve ter sido totalmente diferente da de
Agostinho... (pg. 119-120).
Posição de Pelágio sobre o pecado e a
graça...A única diferença entre um homem e Adão é que aquele conta com o mau
exemplo à sua frente. Ao voltar-se do mal para o bem, o homem não depende da
graça de Deus, embora a operação desta seja uma decisiva vantagem, ajudando-o a
conquistar o mal em sua vida. (pg. 120-121).
Posição de Agostinho sobre o pecado e a
graça...Em oposição aos maniqueanos Agostinho destacava fortemente o caráter
voluntário do pecado. Ao mesmo tempo, cria que o ato de pecado pelo qual a alma
perdeu contato com Deus subjugou-a ao mal necessário.
A vontade do homem precisa ser
renovada, e isso é obra exclusiva de Deus, do começo ao fim – uma operação da
graça divina. (pg. 122-123).
Controvérsias pelagianas e
semi-pelagianas...Na controvérsia pelagiana, foram submetidos a teste às idéias
de Agostinho sobre o pecado e a graça. Os dois sistemas eram antípodas
absolutos. (pg. 124).
Entre os extremos do agostinianismo e
do pelagianismo, apareceu um movimento intermediário, que na história ficou
conhecido como Semi-Pelagianismo. O semi-pelagianismo fez a fútil tentativa de
evitar todas as dificuldades dando lugar tanto a graça divina como ao
livre-arbítrio humano como fatores coordenados da renovação do homem, e
alicerçando a predestinação sobre a fé e a obediência previstas. A natureza
humana caída retém certo elemento de liberdade, em virtude do que pode cooperar
com a graça divina. (pg. 125).
ANTROPOLOGIA DA IDADE MÉDIA
Idéias de Gregório o grande...Depois de
Agostinho, foi a autoridade de maior influência na Igreja....Ele explica a
entrada do pecado no mundo através da fraqueza humana...Ele considerava o
pecado mais como uma fraqueza ou doença do que como culpa, e ensinava que o
homem não perdera a liberdade, porém somente a bondade da vontade. (pg. 127).
Deus designara um certo número definido para a salvação, pois saberia que eles
iriam aceitar o evangelho.
A controvérsia gottschalkiana...muitos
seguidores de Agostinho dos séculos VII, VIII E IX já haviam perdido de vista
esse duplo caráter da predestinação, interpretando-a conforme Gregório fizera.
Surgiu então Gottschalk, que já achava descanso e paz para sua alma na doutrina
agostiniana da eleição, contendendo vigorosamente pela dupla predestinação, ou
seja, tanto dos salvos quanto dos perdidos...Sua doutrina foi condenada em
Maience, em 848, e no ano seguinte ele foi açoitado e sentenciado ao
aprisionamento perpétuo. (pg. 128).
A contribuição de Anselmo...reproduziu
a antropologia agostiniana, como também fez contribuição positiva à mesma, a
saber, Anselmo de Canterbury. (pg. 129).
Peculiaridades da antropologia
católico-romana...A igreja católica romana abrigava claramente duas tendências,
uma semi-agostiniana e outra semi-pelagiana, das quais a última gradualmente
foi assumindo a preponderância. (pg. 131).
ANTROPOLOGIA DO PERÍODO DA REFORMA
Antropologia dos reformadores...Os
reformadores seguiram Agostinho e Anselmo na interpretação da doutrina do
pecado e da graça.
Calvino ressaltou o fato que o pecado
original não é apenas privação, mas também é total corrupção da natureza
humana. (pg. 133). A posição que prevaleceu de modo geral entre os reformadores
foi que, em resultado da Queda, o homem está totalmente depravado e é incapaz
de realizar qualquer bem espiritual, razão porque está impossibilitado de fazer
qualquer avanço no campo de sua recuperação. (pg. 134).
Posição de Socínio...O socinianismo
representa uma reação contra a doutrina da Reforma. No tocante às doutrinas do
pecado e da graça é simples ressurgimento da antiga heresia de Pelágio...O
indivíduo morre, não por causa do pecado de Adão, e sim por haver sido criado
um ser mortal. (pg. 135).
Antropologia arminiana...Armínio,
discípulo de Beza, que no princípio foi calvinista estrito, bandeou-se para a
doutrina da graça universal e do livre-arbítrio...A posição tomada pelos
arminianos é praticamente idêntica à do semi-pelagianismo...Em consonância com
essas idéias, os arminianos naturalmente não crêem em eleição ou reprovação
absolutas, mas baseiam a eleição sobre a fé prevista, sobre a obediência e a
perseverança, enquanto que a reprovação se basearia sobre a incredulidade
prevista, sobre a desobediência e a persistência no pecado.
IDÉIAS ANTROPOLÓGICAS DOS TEMPOS
PÓS-REFORMADOS
Pontos de vistas divergentes...(a)
Modificação da posição arminiana para o arminianismo wesleyano... (b)
Modificação da posição reformada na Nova Inglaterra. (pg. 140-141).
Algumas modernas teorias do
pecado...Filosóficas. Kant soou uma nota dissonante em seus dias ao postular um
mal radical no homem, uma fundamental inclinação para o mal que não pode ser
erradicada pelo homem...Hegel, por sua vez, considerava o pecado como passo
necessário na evolução do homem como espírito auto-consciente. (pg. 142).
Teológicas. Schleiermacher reputa o
pecado como o produto necessário da natureza sensual do homem – resultado da
conexão do homem com um organismo físico. (pg. 144). Tennant, em suas preleções
hulseanas sobre “A Origem e a Propagação do Pecado”, desenvolve a doutrina do
ângulo da teoria da evolução. (pg. 144).
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO OU DA OBRA DE
CRISTO
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO ANTES DE ANSELMO
Na teologia dos Pais Gregos...Os
apologetas escreveram muito pouco que seja importante sobre esse assunto.
Irineu...vê a redenção parcialmente como livramento do poder de Satanás... O
primeiro tratado sistemático sobre a obra da expiação foi o de Atanásio, De
Incarnatione. (pg. 150).
A teologia patrística grega culmina com
João Damasceno. Ele compendiou os pensamentos anteriores sobre a obra de
Cristo, embora não adicionasse qualquer contribuição distintivamente sua.
Na teologia dos Pais Latinos...O tipo
distintivamente latino de teologia começa com Tertuliano...Ele ressalta muito
mais que Irineu a significação central da morte de Cristo na cruz,
considerando-a ponto culminante da missão de Cristo e sua real finalidade. (pg.
151). De Tertuliano passamos para Hilário de Poitiers e para Ambrósio, os quais
interpretaram para o Ocidente o pensamento teológico grego. (pg. 153).
A
Doutrina da Expiação desde Anselmo à Reforma
Doutrina da expiação conforme
Anselmo...Ele rejeita deliberadamente, como insatisfatória, a teoria de
recapitulação, bem como a teoria do resgate pago ao diabo e a idéia de que a
morte de Cristo foi mera manifestação do amor de Deus ao homem, porquanto essas
coisas não explicam adequadamente a necessidade da expiação...A exata posição
de Anselmo só pode ser entendida à luz das idéias do pecado e da satisfação que
ele sustentava. (pg. 155-156). A teoria de Anselmo assinala importante avanço
no desenvolvimento da doutrina da expiação... (pg. 157).
Teoria da expiação conforme
Abelardo...A teoria de Abelardo tinha pouco em comum com a de Anselmo...Abelardo
rejeita a idéia anselmiana de que Deus foi reconciliado com os homens mediante
a morte de Seu Filho...Outrossim, não era necessária tal base, visto que Deus é
amor e está sempre pronto a perdoar, independentemente de qualquer satisfação.
(pg. 158).
Reação de Bernardo de Clairvaux contra
Abelardo...Atacava Abelardo por causa de sua interpretação racionalista do
cristianismo, dizendo que o exemplo de Cristo torna-nos santos na mesma
proporção em que o exemplo de Adão nos tornou pecadores.
Visões sincretistas da expiação...Em
escolásticos como Pedro Lombardo, Boaventura e Tomás de Aquino achamos
vestígios da influência de Anselmo e Abelardo. (pg. 159).
Duns Scoto sobre a expiação...Ele faz a
própria expiação, o caráter que ela assume e o seu efeito dependerem totalmente
da vontade arbitrária de Deus. Afirma não haver necessidade inerente de
prestação de satisfação...Um ato piedoso de Adão teria servido como expiação
pelo seu primeiro pecado. (pg. 162).
A
Doutrina da Expiação da Reforma
Os reformadores aprimoram a doutrina de
Anselmo...Ambos mantêm a natureza objetiva da expiação, e ambos a consideram
necessária. Contudo diferem quanto à natureza dessa necessidade. (pg. 164).
Em diversos pontos a doutrina da
expiação, segundo foi desenvolvida pelos reformadores, mostra-se superior à sua
forma anselmiana....Finalmente, eles também ultrapassaram Anselmo na idéia que
fazia sobre o modo como os méritos de Cristo são transferidos para os
pecadores. (pg. 165).
Concepção sociniana da
expiação...Negava ele a presença de qualquer tipo de justiça em Deus que
“requeresse absoluta e inexoravelmente que o pecado fosse punido”. A justiça
comumente assim chamada e que se opõe à misericórdia não seria um atributo
imanente de Deus, mas tão somente o efeito de sua vontade.
Sociniano nunca se cansava de dizer que
o perdão de pecados é um ato de pura misericórdia, com base simplesmente no
arrependimento e na obediência. (pg. 166).
Teoria grotiana da expiação...Essa
teoria representa realmente uma posição média entre a doutrina dos reformadores
e as idéias de Socínio. (pg. 167).
Idéia Arminiana da expiação...Não
adotaram o esquema de Grótio, embora se tivessem aliado a ele na tentativa de
velejar entre a monstruosa Cila dos socinianos e a Caríbdea da doutrina da Igreja.
É bem característico à posição arminiana que a morte de Cristo é apresentada
como uma oferta sacrificial, mas, ao mesmo tempo, é mantido que esse sacrifício
não deve ser tido como pagamento de uma dívida, e nem como completa satisfação
prestada à justiça (pg. 169).
Outrossim, eles consideram a expiação
de Cristo como geral e universal, o que significa que Ele “fez expiação pelos
pecados da humanidade em geral, e por cada indivíduo em particular”. (pg. 170).
Transigência na escola de Saumur...A
escola de Saumur representa uma tentativa de abrandar o calvinismo rigoroso do
Sínodo de Dort e, ao mesmo tempo, evitar os erros do arminianismo (pg. 171).
A DOUTRINA DA EXPIAÇÃO APÓS A REFORMA
Controvérsia da medula na
Escócia...Segundo essa ideia, Cristo fez expiação por todos os homens, no
sentido que tornou a salvação possível para todos, levando-os assim a um estado
salvável... A posição neo-nominiana foi combatida na Inglaterra pelo livro de
Fisher, Marrow of Modern Divinity (“Medula da Divindade Moderna”), publicado em
1645. (pg. 173).
Schleiermacher e Ritschl sobre a
expiação... Schleiermacher... rejeitava totalmente a doutrina da satisfação
penal....considerava Cristo o homem arquétipo, protótipo perfeito da
humanidade...foi o segundo Adão...foi Ele o cabeça espiritual da
humanidade...Esse ponto de vista se chama “teoria mística” da expiação. (pg.
175).
Ritschl...via em Cristo um homem que
para nós tem o valor de Deus, a quem o predicado divino pode ser atribuído, por
causa de Sua obra. Ele nega o fato que a reconciliação consiste exclusivamente
da mudança de atitude do pecador para com Deus. (pg. 175).
Teorias mais recentes da
expiação...Teoria governamental da teologia de Nova Inglaterra...Diferentes
tipos da teoria da influência moral...Teoria mística da expiação. (pg. 178).
A DOUTRINA DA APLICAÇÃO E APROPRIAÇÃO DA
GRAÇA DIVINA
SOTERIOLOGIA DO PERÍODO PATRÍSTICO
Soteriologia dos três primeiros
séculos...São naturalmente exposições um tanto indefinidas, imperfeitas,
incompletas e, algumas vezes, até mesmo errôneas e auto-contraditórias. Em
harmonia com o ensino do Novo Testamento, de que o homem obtém as bênçãos da
salvação pelo “arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus
Cristo”, os Pais primitivos ressaltaram tais requisitos. A fé era usualmente
tida como o notável instrumento para o recebimento dos méritos de Cristo, e com
freqüência era reputada de único meio de salvação. (pg. 183).
Prevalecia largamente entre eles a
idéia que o batismo tem o dom de perdoar os pecados, e que o perdão para os
pecados cometidos após o batismo pode ser obtido pela penitência.
Soteriologia dos séculos restantes do
período patrístico...Pelágio se afastou muito mais do ensino bíblico quanto à
aplicação da redenção do que qualquer outro dos primeiros Pais da Igreja. (pg.
185). Agostinho...reputa o homem natural como totalmente depravado, totalmente
incapaz de realizar o bem espiritual. (pg. 186).
Os semi-pelagianos tomavam posição
intermediária, negando a total incapacidade do homem para realizar o bem espiritual,
mas ao mesmo tempo admitindo sua incapacidade em cumprir reais obras salvadoras
sem a assistência da graça divina. (pg. 187).
Soteriologia
do Período Escolástico
Concepção escolástica da graça...Também
não havia consenso geral sobre a questão da graça entre os escolásticos. Os
pontos de vista de Pedro Lombardo, que exibem inequívoca afinidade com os de
Agostinho, foram largamente aceitos. (pg. 190). A exposição feita por Alexandre
de Hales concordava de maneira geral com a de Pedro Lombardo, mas introduzia
uma outra divisão característica da teologia escolástica.
Concepção escolástica da fé...No
período escolástico houve a tendência geral de fazer distinção entre a fé como
forma de conhecimento, como mera anuência à verdade, e a fé como afeto espiritual,
que produz boas obras. (pg. 192).
Concepção escolástica da justificação e
do mérito...O comum ensinamento deles é que a justificação se dá pela infusão
da graça santificadora na alma por Deus. Da parte de Deus, inclui a infusão da
graça santificadora e o perdão dos pecados e, da parte do homem, implica no
volver da vontade livre para Deus, mediante a fé e a contrição. 9pg. 192).
SOTERIOLOGIA DA REFORMA E PÓS-REFORMA
A ordem luterana da salvação...Estava
ele mesmo profundamente em obras penitenciais quando, com base em Romanos 1:17,
raiou-lhe a verdade que o homem é justificado exclusivamente pela fé, e ele
pôde entender que o arrependimento, exigido em Mateus 4:17, nada tem em comum
com as obras de reparação postuladas pelo romanismo; antes, o arrependimento
consiste de real contrição íntima do coração, como fruto da graça de Deus com
exclusividade. (pg. 195).
Ordem reformada da salvação...Sua
posição fundamental era que não existe participação nas bênçãos de Cristo,
exceto por meio de uma viva união com o Salvador. Regeneração, arrependimento e
fé não são tidas como meros passos preparatórios, inteiramente à parte de
qualquer união com Cristo, e nem como condições que devem ser preenchidas pelo
homem, no todo ou em parte, com as suas próprias forças. (pg. 197).
No entanto, ainda que Calvino diferisse
de Lutero quanto à ordem de salvação, concordava plenamente com ele sobre a
natureza e importância da doutrina da justificação pela fé.
Ordem arminiana da salvação...Se o
homem anuir à verdade, confiar na graça de Deus e obedecer aos mandamentos de
Cristo, então receberá uma medida maior da graça divina, sendo justificado por
causa de sua fé; e então, se perseverar até o fim tornar-se-á participante da
vida eterna. (pg. 198).
Concepções secundárias da ordem da
salvação... Antinomiana...Mística...(pg. 199-200).
A DOUTRINA DA IGREJA E A DOS SACRAMENTOS
A DOUTRINA DA IGREJA
No período patrístico...Apesar de ser
mencionada como o verdadeiro Israel, sua relação à sua preparação na histórica
em Israel nem sempre foi bem entendida.
Nas seitas, todavia, manifestou-se
outra tendência, a saber, fazer da santidade de seus membros o verdadeiro sinal
da Igreja autêntica. (pg. 205). Os Pais da Igreja se opuseram a todos esses
sectários e realçavam cada vez mais a instituição da Igreja....O bispo era
considerado absoluto governante da Igreja. (pg. 206).
Na idade média...Tornou-se corrente a
tradição nos séculos IV E V d.C. de que Cristo dera a Pero o primado oficial
sobre os demais apóstolos, e que esse apóstolo se tornara primeiro bispo de
Roma. (pg. 209). Paralelamente a isso desenvolveu-se a idéia de que a igreja
católica romana era o reino de Deus sobre a terra, pelo que também o bispado
romano era um reino terrestre. E finalmente, a identificação da Igreja com o
reino provocou a secularização prática da Igreja. (pg. 210).
Durante e após a reforma...A idéia
luterana. Lutero repeliu a idéia de uma Igreja infalível, de um sacerdócio
especial e de sacramentos que atuam à maneira de mágica; e restaurou ao seu
correto lugar a idéia do sacerdócio de todos os crentes.
A idéia anabatista. A organização
eclesiástica romanista se baseava muito no Velho Testamento, mas os anabatistas
negavam a identidade da congregação do Velho Testamento com a Igreja do Novo
Testamento, insistindo sobre uma Igreja composta exclusivamente de crentes.
(pg. 213).
A idéia reformada. A concepção
reformada da Igreja é fundamentalmente idêntica à luterana, embora divirja em
alguns particulares relativamente importantes. (pg. 214).
A DOUTRINA DOS SACRAMENTOS
Os sacramentos em geral...No todo
pode-se dizer que os escolásticos seguiram a concepção agostiniana dos
sacramentos como sinais visíveis e meios duma graça invisível. O primeiro a
nomear os sete bem conhecidos sacramentos da igreja católica romana foi Pedro
Lombardo (pg. 217).
...Os sacramentos são necessários à
salvação... (pg. 118).[posição católica romana].
Além do batismo e a ceia do Senhor, são
reconhecidos os seguintes sacramentos: confirmação, penitência, extrema unção,
ordenação e matrimônio. (pg. 219).
Batismo...Mesmo entre os Pais
apostólicos achamos a idéia que ele era o instrumento que efetua o perdão dos
pecados e que comunica a nova vida regenerada. O batismo infantil era bastante
corrente na época de Orígenes e Tertuliano... (pg. 222).
De fato, os reformadores alemães
adotaram grande parte do batismo da Igreja católica romana, chegando a reter
muitas das cerimônias vinculadas a ele, como o sinal da cruz, o exorcismo, os
padrinhos, etc. (pg 223).
Os da Igreja Reformada precediam
baseados na suposição que o batismo foi instituído para os que crêem, e que não
gera fé, porem a fortalece. (pg. 224).
A ceia do Senhor...No início, a Ceia do
Senhor era acompanhada por uma refeição comum, para a qual as pessoas traziam
os necessários ingredientes. No Ocidente, o desenvolvimento da doutrina da Ceia
do Senhor era mais lenta, porém levou ao mesmo resultado. (pg. 225). Durante a
Idade Média a doutrina, conforme Agostinho a ensinava, cedeu lugar á doutrina
católica romana. O Concílio de Trento tratou do assunto da eucaristia conforme
registrado em Sessão XIII dos seus Decretos e Cânones. (pg. 226).
Os reformadores na sua totalidade
rejeitaram a teoria sacrificial da Ceia do Senhor e da doutrina medieval da
transubstanciação. (pg. 227).
A
Doutrina das Últimas Coisas
O
Estado Intermediário...A doutrina das últimas coisas nunca ficou no centro da
atenção, é uma das doutrinas menos desenvolvidas, e portanto não exige
discussão elaborada.
Os Pais Apostólicos ainda não
refletiram sobre o estado intermediário. De acordo com a opinião comum de seus
dias, os piedosos, ao morrerem, imediatamente herdariam a glória celestial
preparada para eles, e os ímpios passariam imediatamente para os sofrimentos do
inferno. A opinião geral dos Pais posteriores, tais como Irineu, Tertuliano,
Hilário, Ambrósio, Cirilo, e mesmo Agostinho, era que os mortos descem até
hades, um lugar com várias divisões, onde permanecem até o dia do juízo, ou,
segundo Agostinho, até que são suficientemente purificados. (pg. 233).
Foi no Ocidente que se desenvolveu a
idéia de um fogo purgatorial especial. A localização do purgatório também era
assunto de debate, e era geralmente considerado que se tratava da parte do
hades mais perto do inferno. (pg. 234).
Houve oposição à idéia do purgatório...e
todos os reformadores sem exceção rejeitavam a doutrina inteira do purgatório
como sendo contrária às Escrituras. 9pg. 235).
A SEGUNDA VINDA E A ESPERANÇA MILENIAL
...é evidente, mesmo no Novo
Testamento, que alguns deles esperavam uma vinda sem demora. Não é, porém,
correto dizer como dizem os premilenistas, que foi geralmente aceita durante os
três primeiros séculos.
O milenismo da Igreja Primitiva
gradualmente foi ultrapassado... naturalmente cedeu lugar para a adaptação da
Igreja para suas tarefas atuais. (pg. 236).
Durante a Idade Média, o milenismo foi
geralmente considerado herético. No tempo da Reforma, a doutrina do milênio foi
rejeitada pelas Igrejas Protestantes, todavia reviveu em algumas seitas. Uma
certa forma de milenismo surgiu, porém no século XVII. Durante os séculos XVIII
E XIX a doutrina do milênio mais uma vez foi favorecida em certos círculos.
(pg. 237).
A
Ressurreição
A maior parte dos Pais Primitivos da
Igreja acreditava na ressurreição do corpo, ou seja, na identidade do corpo
futuro com o presente. Os escolásticos especulavam segundo sua maneira comum,
quanto ao corpo da ressurreição. Suas especulações eram fantasiosas e tinham
pouco valor permanente. (pg. 239). Os teólogos do período da Reforma estavam de
acordo que o corpo da ressurreição seria idêntico com o corpo presente.
O JUÍZO FINAL E OS GALARDÕES FINAIS
Os mais antigos Pais da Igreja pouca
coisa dizem sobre o juízo final, mas geralmente ressaltam sua certeza. Os Pais
posteriores ficaram firmes na sua convicção de que haveria um juízo final no
fim do mundo (pg. 241). Os escolásticos prestavam especial atenção à
localização do céu e do inferno. Os reformadores se contentaram com a afirmação
da simples doutrina da Escrituras, que Cristo voltará.
CREDOS HISTÓRICOS DA IGREJA
Credo
dos Apóstolos, de Cesaréia, de Nicéia, Niceno e de Atanásio.
CREDO DOS APÓSTOLOS
1.Creio
em Deus Pai Onipotente
2.e
em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
3.que
nasceu do Espírito Santo e da Virgem Maria,
4.que
foi crucificado sob o poder de Pôncio Pilatos e sepultado,
5.e
ao terceiro dia ressurgiu da morte,
6.que
subiu ao céu
7.e
assentou-se à direita do Pai,
8.de
onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
9.Creio
no Espírito Santo,
10.na
santa Igreja católica (universal),
11.na
remissão dos pecados,
12.na
ressurreição da carne,
13.na
vida eterna.
CREDO DE CESARÉIA
Cremos
em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e
invisíveis; e em um só Senhor, Jesus Cristo, Verbo de Deus, Deus de toda a
criação, por quem foram feitas todas as coisas; o qual foi feito carne para
nossa salvação, tendo vivido entre os homens. Sofreu, ressuscitou ao terceiro
dia, subiu ao Pai e novamente virá em glória para julgar os vivos e os mortos.
Cremos também em um só Espírito Santo.
CREDO DE NICÉIA
Cremos
em um só Deus, Pai onipotente, criador de todas as coisas visíveis e
invisíveis; e em um só Senhor, Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado pelo Pai,
unigênito, isto é, sendo da mesma substância do Pai, Deus de Deus, Luz da Luz,
Deus verdadeiro do Deus verdadeiro, gerado, não feito, de uma só substância com
o Pai, pelo qual foram feitas todas as coisas, as que estão no céu e as que
estão na terra; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu,
encarnou-se e se fez homem. Sofreu, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu,
e novamente virá para julgar os vivos e os mortos. Cremos no Espírito Santo. E
a todos que dizem: Ele era quando não era, e antes de nascer, ele não era, ou
que foi feito do não existente, bem como aqueles que alegam ser o Filho de Deus
de outra substância ou essência, ou feito, ou mutável, ou alterável a todos
esses a Igreja católica e apostólica anatematiza.
CREDO DE NICENO
Cremos
em um Deus, Pai Todo-Poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas
visíveis e invisíveis; e em um Senhor, Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus,
gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz da Luz, Deus verdadeiro do Deus
verdadeiro, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as
coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos
céus, foi feito carne por meio do Espírito Santo e da Virgem Maria, e tornou-se
homem. Foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos, padeceu, foi
sepultado, ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, subiu aos céus,
assentou-se à direita do Pai. Novamente há de vir com glória para julgar os
vivos e os mortos e seu reino não terá fim. Cremos no Espírito Santo, Senhor e
Vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho conjuntamente é
adorado e glorificado, que falou através dos profetas. Cremos na Igreja uma,
santa, católica e apostólica. Confessamos um só batismo para remissão dos
pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida no século vindouro.
CREDO DE ATANÁSIO
E
a fé católica (universal) é esta: adoremos um Deus na Trindade, e a Trindade na
unidade.
Não
confundimos as Pessoas, nem dividimos (separamos) a Substância.
Pois
existe uma única Pessoa do Pai, outra do Filho e outra do Espírito Santo. Mas a
Deidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo é toda uma só: a glória é igual, a
majestade é co-eterna.
Tal
como é o Pai, tal é o Filho e tal é o Espírito Santo.
O
Pai não foi criado, o Filho não foi criado, o Espírito Santo não foi criado.
O
Pai é incompreensível (imensurável), o Filho é incompreensível (imensurável), e
o Espírito Santo é incompreensível (imensurável).
O
Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.
E,
no entanto, não são três (seres) eternos, mas há apenas um eterno.
E
não há três (seres) que não foram criados e que são incompreensíveis
(imensuráveis). Há, porém, um só que não
foi criado e é incompreensível (imensurável). Assim sendo, o Pai é Todo-Poderoso, o Filho é
Todo-Poderoso, o Espírito Santo é Todo-Poderoso. E, no entanto, não são três
(seres) Todo-Poderosos, mas um só é Todo-Poderoso.Assim, o Pai é Deus, o Filho
é Deus e o Espírito Santo é Deus. E, no entanto, não são três deuses, mas um só
Deus. Igualmente, o Pai é Senhor, o
Filho é Senhor, o Espírito Santo é Senhor. E, no entanto, não são três
Senhores, mas um só Senhor. Pois da
mesma forma que somos compelidos pela verdade cristã a reconhecer cada Pessoa,
por si mesma, como Deus e Senhor, assim também somos proibidos pela religião
católica (universal) de dizer: Existem três deuses ou três senhores. O Pai não foi feito de ninguém: nem criado e
nem gerado. O Filho vem somente do Pai:
não foi feito nem criado, mas gerado. O
Espírito Santo vem do Pai e do Filho: não foi feito nem criado, e nem gerado,
mas procedente. Assim há um só Pai, e
não três Pais; há um só Filho, e não três Filhos; há um só Espírito Santo, e
não três Espíritos Santos. E nessa
Trindade nenhum é antes ou depois do outro. Nenhum é superior ou inferior ao
outro. Mas todas as três pessoas são
juntamente co-eternas e co-iguais de tal modo que, em todas as coisas, foi
dito, a Unidade na Trindade e a Trindade na Unidade deve ser adorada. Aquele, pois, quiser ser salvo, deve pensar
assim sobre a Trindade. Também é
necessário para a salvação eterna que se creia, fielmente, na encarnação de
nosso Senhor Jesus Cristo. Pois a
verdadeira fé é que creiamos e confessemos que nosso Senhor Jesus Cristo, o
Filho de Deus, é Deus e Homem.
(CONCORDIA TRIGLOTTA)
Deus
da Substância do Pai, gerado antes dos mundos, e Homem da substância de sua
mãe, nascido no mundo. Perfeito Deus e
perfeito Homem, tendo alma e subsistindo em carne humana. Igual ao Pai,
referindo-se à sua divindade, e inferior ao Pai, referindo-se à sua humanidade;
O qual, embora seja Deus e Homem, contudo não é dois, mas um só Cristo. Um, não mediante a conversão da divindade em
carne, mas por ter tomado a humanidade em Deus. Um, juntamente; não por confusão de
Substância, mas por unidade de Pessoa. Pois tal como a alma e a carne formam um
só homem, assim Deus e o Homem é um só Cristo; O qual sofreu pela nossa salvação; desceu ao
inferno, ressuscitou dentre os mortos ao terceiro dia.
E
ascendeu ao céu. Está assentado à direita do Pai, Deus Todo-Poderoso, de onde
virá para julgar os vivos e os mortos. Por
ocasião de sua vinda, todos os homens ressuscitarão em seus corpos e prestarão
contas de suas próprias obras. Aqueles
que praticaram o bem irão para a vida eterna; e aqueles que praticaram o mal
obterão as chagas eternas. Essa é a fé
católica (universal), a qual pode salvar o homem. Basta que ele creia nela fiel
e firmemente.
TEOLOGIA DOUTRINARIA
O Pai, o Filho e o espírito Santo
1.1
– Quem é o Pai?
01-
Existe apenas um Deus?
“Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de
quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo,
pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.” (I Coríntios 8:6).
“Ouve,
Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu
Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força”. (Deuteronômio 6:4-5).
“...
Qual é o principal de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O principal é:
Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!” (Marcos 12:28-29).
“E
a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste”. (João 17:3).
“Tu
crês que há um só Deus? Fazes bem. Também os demônios o crêem, e tremem.”
(Tiago 2:19).
02-
Deus é uma pessoa igual aos seres humanos?
“Mas
vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.
Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em
verdade.” (João 4:23-24).
03-
De acordo com Cristo, devemos adorar e prestar culto somente a quem?
“Então,
Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu
Deus, adorarás, e só a ele darás culto.” (Mateus 4:10).
04-
O que ordena o primeiro mandamento?
“Não
terás outros deuses diante de mim.” (Êxodo 20:3).
05-
Jesus confirmou a verdade que Deus é um só?
“Respondeu Jesus: O principal é: Ouve, ó
Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor!” (Marcos 12:29).
06-
Quem é o cabeça de Cristo?
“Quero,
entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de todo homem, e o homem, o cabeça
da mulher, e Deus, o cabeça de Cristo.” (I Coríntios 11:3).
07-
Existe alguém acima de Deus, o Pai.
“Eu
sou o SENHOR, e não há outro; além de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda
que não me conheces.” (Isaias 45:5).
08-
Nossa salvação depende de conhecermos a quem?
“E
a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3).
09-
Deus de fato é Pai de Jesus?
“Bendito
o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte
de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.” (Efésios 1:3).
“Recomendou-lhe
Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os
meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso
Deus.” (João 20:17).
10-
Quem ressuscitou a Jesus?
“O
Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num
madeiro.” (Atos 5:30).
11-
Temos que crer que Deus, o Pai, ressuscitou a Cristo para sermos salvos?
“Se,
com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que
Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” (Romanos 10:9).
12-
Como é considerado aquele que nega a Deus Pai e a Cristo, seu filho?
“Quem
é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo,
o que nega o Pai e o Filho.” (I João 2:22).
13-
Deus Pai, é também o Deus de Jesus Cristo?
“Amaste
a justiça e odiaste a iniqüidade; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o
óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.” (Hebreus 1:9).
“Bendito
o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte
de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.” (Efésios 1:3).
“Sê
vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado
íntegras as tuas obras na presença do meu Deus.” (Apocalipse 3:2).
14
- Os verdadeiros adoradores devem adorar a quem?
“Mas
vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores.
Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em
verdade.” (João 4:23-24).
O
Pai é o Deus único, é espírito, é onisciente, onipresente e onipotente. Nada
pode ser comparado a Deus, o Pai, que esta acima de tudo e de todos, e que,
está presente em todos os lugares através de Seu Santo espírito. É Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual
enviou para morrer em nosso lugar, ressuscitou-o da morte, concedendo vida
eterna a todo aquele que o aceita como seu redentor e salvador.
01-
Ao Jesus perguntar aos discípulos quem o povo dizia ser o Filho do Homem, o que
eles responderam?
“E
eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou
algum dos profetas.” (Mateus 16:14).
02
- Ao Cristo perguntar a opinião dos discípulos sobre Ele, o que eles
responderam?
“Respondendo
Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” (Mateus 16:16).
03
- Qual a forma de vencermos o mundo e recebermos a Deus Pai e a Jesus Cristo em
nossa vida ?
“Qualquer
que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus está nele e ele em Deus.” (I
João 4:15).
“Quem
é que vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (I João
5:5).
04
- Quem é o único mediador entre Deus e o homem?
“Porquanto
há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” (I
Timóteo 2:5).
Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim.”
05
- Jesus já existia antes de nascer como uma criança?
“E
tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá,
de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os
tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Miquéias 5:2).
06
- Como ser humano, Jesus foi gerado por quem?
“Enquanto
ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor,
dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que
nela foi gerado é do espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome
de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (Mateus 1:20-21).
07 - O que foi feito por intermédio de Cristo?
“Todas
as coisas foram feitas por intermédio dele (Cristo), e, sem ele, nada do que
foi feito se fez.” (João 1:3).
“Pois,
nele (Cristo), foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as
visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados,
quer potestades. Tudo foi criado por meio dele (Cristo) e para ele.”
(Colossenses 1:16).
08
- Cristo possui vida em si mesmo?
“Porque
assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si
mesmo.” (João 5:26).
09
- Em quem estava a fonte do poder de Jesus?
“Então,
lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer
de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este
fizer, o Filho também semelhantemente o faz.” (João 5:19).
“Jesus,
aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra.” (Mateus 28:18).
10 - Cristo é a imagem de quem?
“Nos
quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes
não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de
Deus.” (II Coríntios 4:4).
11 - Quem recebeu de Deus autoridade para
julgar a humanidade?
“E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou
todo julgamento, a fim de que todos honrem o Filho do modo por que honram o
Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.” (João 5:22-23).
“E
lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem.” (João 5:27).
12 - Em Jesus habita a divindade?
“Cuidado
que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a
tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade.”
(Colossenses 2:8-9).
“Porque
foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse.” (Colossenses 1:19
–ARC).
13 - Cristo é igual ao Pai?
“Ouvistes
que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis,
alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.” (João
14:28).
14 - Jesus veio a terra para morrer pelo
pecador. Quem o enviou?
“E
a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste.” (João 17:3).
“Agora,
eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu
lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e
verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.” (J
15
- Quem é o Deus de Jesus Cristo?
“Recomendou-lhe
Jesus: Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai, mas vai ter com os
meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso
Deus.” (João 20:17).
16
- Através de quem Deus Pai se revela a humanidade?
“Ninguém
jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o
revelou.” (João 1:18).
“Respondeu-lhe
Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim. Se vós me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora
o conheceis e o tendes visto. Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e
isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não
me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”
(João 14:6-9).
17
- Cristo também é chamado de Deus?
“Porque
um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros;
e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade,
Príncipe da Paz.” (Isaias 9:6).
“Eis
que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de
EMANUEL, (que quer dizer: Deus Conosco.” (Mateus 1:23).
Nota:
Quando a palavra Deus é aplicada à pessoa do Pai e à pessoa do Filho, ela diz
que existem apenas duas pessoas desta espécie, seres que possuem exclusivamente
os atributos da imortalidade, onipotência, onipresença e onisciência. Neste caso,
quando a palavra Deus é aplicada também a Jesus Cristo, ela quer dizer que Ele
é da mesma natureza, da mesma substância, da mesma essência que o Pai. Quer
dizer que Ele é Deus em razão de ser Filho de Deus.
Quando,
porém, a designação Deus é aplicada isoladamente à pessoa do Pai, ela quer
dizer que o Pai, é a Origem sem origem, o Princípio sem princípio, o Começo sem
começo, o Todo-Poderoso soberano do universo, o Único Deus. Neste uso
hierárquico da expressão Deus, Jesus Cristo permanece em Sua posição de Filho
de Deus e, por ser Filho, submete-Se ao Pai como Seu próprio Deus, sem
pretender igualar-se a Ele em autoridade e poder. É essa hierarquia que elimina
o politeísmo e desfaz a ilusão de um deus abstrato e impessoal.
18
- Cristo esta sujeito a Deus, o Pai?
“Jesus
continuou a falar a eles. Ele disse: Eu não posso fazer nada por minha própria
conta, mas julgo de acordo com o que o Pai me diz. O meu julgamento é justo
porque não procuro fazer a minha própria vontade, mas a vontade daquele que me
enviou.” (João 5:30 BLH).
“Por
isso Jesus disse: Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que
"EU SOU QUEM SOU". E saberão também que não faço nada por minha
conta, mas falo somente o que o meu Pai me ensinou.” (João 8:28 BLH).
“Eu
não tenho falado em meu próprio nome, mas o Pai, que me enviou, é quem me
ordena o que devo dizer e anunciar. E eu sei que o seu mandamento dá a vida
eterna. O que eu digo é justamente aquilo que o Pai me mandou dizer.” (João
12:49-50 BLH).
“Será
que você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? Então Jesus disse
aos discípulos: O que eu digo a vocês não digo em meu próprio nome; o Pai, que
está em mim, é quem faz o seu trabalho.” (João 14:10 BLH).
“Quem
não me ama não obedece à minha mensagem. E a mensagem que vocês estão escutando
não é minha, mas do Pai, que me enviou. ...mas o mundo precisa saber que eu amo
o Pai e que, por isso, faço tudo o que ele manda. Levantem-se, vamos sair
daqui!” (João 14:24 e 31 BLH).
“Quando,
porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se
sujeitará àquele que todas as coisas sujeitou, para que Deus seja tudo em
todos.” (I Coríntios 15:28 BLH).
19
- Todo aquele que diz Senhor, Senhor!
Entrará no reino dos céus?
“Nem
todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que
faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21).
20
- Cristo ressuscitou a si mesmo?
“Mas
Deus ressuscitou Jesus, livrando-o do poder da morte, porque não era possível
que a morte o dominasse.” (Atos 2:24).
“O
Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem vós matastes, pendurando-o num
madeiro.” (Atos 5:30).
“A
este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” (Atos 2:32).
“E
matastes o príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós
somos testemunhas.” (Atos 3:15).
“Deus ressuscitou o Senhor e também nos
ressuscitará a nós pelo seu poder.” (I Coríntios 6:14).
“Paulo,
apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum, mas por
Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos.” (Gálatas
1:1).
21
- Cristo ressuscitou em espírito?
“Falavam
ainda estas coisas quando Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: Paz seja
convosco! Eles, porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um
espírito. Mas ele lhes disse: Por que estais perturbados? E por que sobem
dúvidas ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo;
apalpai-me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vedes
que eu tenho. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés.” (Lucas 24:36-43).
22
- Cristo sabe o dia e hora de Seu retorna a Terra?
“Mas
a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho,
senão o Pai.” (Mateus 24:37).
Cristo
é o divino Filho de Deus, existente deste os tempos da eternidade, como pessoa
distinta, mas um com o Pai. Despiu-se de sua divindade para tornar-se um de
nós. Viveu sem pecado, morreu em nosso lugar, foi ressuscitado por Deus, o Pai,
subiu em corpo ao Céu, foi glorificado e hoje intercede por nós e esta conosco
através de seu Santo espírito.
1.3
- Quem, ou o que é o espírito Santo?
01 - Que meio Deus utiliza para transmitir os
dons espirituais aos fiéis?
“Respondeu-lhes
Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo
para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do espírito Santo.” (Atos
2:38).
“E
os fiéis que eram da circuncisão, que vieram com Pedro, admiraram-se, porque
também sobre os gentios foi derramado o dom do espírito Santo.” (Atos 10:45).
“A
manifestação do espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso.
Porque a um é dada, mediante o espírito, a palavra da sabedoria; e a outro,
segundo o mesmo espírito, a palavra do conhecimento; a outro, no mesmo
espírito, a fé; e a outro, no mesmo espírito, dons de curar; a outro, operações
de milagres; a outro, profecia; a outro, discernimento de espíritos; a um,
variedade de línguas; e a outro, capacidade para interpretá-las. Mas um só e o
mesmo espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe apraz, a
cada um, individualmente.” (I Coríntios 12:7-11).
02 - O espírito Santo é o espírito de quem?
“Porque
qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele
está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o espírito de
Deus.” (I Coríntios 2:11).
03 - De onde procede o espírito Santo?
“Quando,
porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o espírito da
verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim; e vós também
testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio." (João 15:26- 27).
04
- Qual a forma que Jesus usou para transmitir o espírito Santo aos discípulos?
“E,
havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o espírito Santo.”
(João 20:22).
05
- Jesus prometeu enviar aos discípulos o espírito Santo?
“E
eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco, o espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós.” (João 14:16-17).
06
- Mesmo andando com Cristo, os discípulos não haviam recebido o espírito
Santo. Qual o motivo?
“Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva.
Isto ele disse com respeito ao espírito que haviam de receber os que nele
cressem; pois o espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não
havia sido ainda glorificado.” (João 7:38-39).
07
- Cristo disse que iria voltar para junto dos discípulos?
“Ouvistes
que eu vos disse: vou e volto para junto de vós. Se me amásseis,
alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai, pois o Pai é maior do que eu.” (João
14:28).
08
- O espírito Santo (o consolador) poderia vir se Cristo não fosse para junto do
PAI?
“Mas
eu vos digo a verdade; convém-vos que eu vá, porque, se eu não for, o
Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for, eu vo-lo enviarei.”
(João 16:7).
09
- Deus Pai é nosso consolador?
“Bendito
seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdias e Deus
de toda consolação! É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para
podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com
que nós mesmos somos contemplados por Deus.” (II Coríntios 1:3-4).
11 - Quem é o espírito que foi enviado?
“Ora,
o Senhor é o espírito; e, onde está o espírito do Senhor, aí há liberdade. E
todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do
Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como
pelo Senhor, o espírito.” (II Coríntios 3:17-18).
“Foi a respeito desta salvação que os profetas
indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros
destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias
oportunas, indicadas pelo espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de
antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias
que os seguiriam. A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós
outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que,
pelo espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que
anjos anelam perscrutar.” (I Pedro 1:10-12).
“E
eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para
sempre convosco, o espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque
não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará
em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros. Ainda por um pouco,
e o mundo não me verá mais; vós, porém, me vereis; porque eu vivo, vós também
vivereis.” (João 14:17-19).
“E percorrendo a região frígio-gálata, tendo
sido impedidos pelo espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando
Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o espírito de Jesus não o permitiu.” (Atos
16:6-7).
“E,
porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o espírito de seu Filho,
que clama: Aba, Pai!” (Gálatas 4:6).
12
- Os filhos de Deus são guiados por quem?
“Pois
todos os que são guiados pelo espírito de Deus são filhos de Deus.” (Romanos
8:14).
13
- É possível ao homem conhecer as coisas de Deus?
“Porque
qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele
está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o espírito de
Deus.” (I Coríntios 2:11).
14
- O que é a comunhão do espírito Santo?
"A
graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do espírito Santo
sejam com todos vós." (II Coríntios 13:13).
“Porque,
assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos,
constituem um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois, em um só
espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer
escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só espírito." (I
Coríntios 12:12).
“O
que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós,
igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e
com seu Filho, Jesus Cristo.” (I João 1:3).
“Eu
e o Pai somos um.” (João 10:30).
“Vós,
porém, não estais na carne, mas no espírito, se, de fato, o espírito de Deus
habita em vós. E, se alguém não tem o espírito de Cristo, esse tal não é dele.”
(Romanos 8:9).
Nota:
A unidade que existe entre Cristo e o Pai, é a comunhão do espírito Santo.
“As
Escrituras indicam claramente a relação entre Deus e Cristo, apresentando com
igual clareza a personalidade e individualidade de cada um. A unidade que
existe entre Cristo e seus discípulos, não anula a personalidade de nenhum. São
um em desígnio, mente, em caráter, mas não em pessoa. É assim que Deus, o Pai e
Cristo são um”. (A Ciência do Bom Viver. 4ª ed. pp. 421-422).
CONCLUSÃO:
O
espírito Santo procede do Pai (João 15:26-27). Por ser filho de Deus, o Pai,
Cristo possui a mesma essência do Pai, sendo assim, possui o mesmo espírito do
Pai. É através de Seu espírito que Cristo nos convence do pecado, da justiça e
do juízo (João 16:8), habita em nós (Gálatas 4:6) e está presente em todos os
lugares ao mesmo tempo (Salmos 139:1-10).
O CONHECIMENTO DE DEUS
Não
há conhecimento mais sagrado e mais vital para a salvação do que o conhecimento
de Deus. Crescer no conhecimento do seu amor, sua justiça, sua misericórdia,
sua natureza é o objetivo de todo crente verdadeiro. Em nossa limitação, jamais
seremos capazes de compreendê-lo completamente, pois Ele é infinito. Mas a cada
dia devemos buscar mais sobre Ele, prosseguir na busca do conhecimento do
Todo-poderoso Deus.
“Conheçamos,
e prossigamos em conhecer ao Senhor: como a alva a sua vinda é certa; e ele
descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” - Oséias
6:3.
2.1
- O espírito: Mistério ou Revelação
“Respondeu-lhes
Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus.” - Mateus
13:11.
Deus
em seu infinito amor e misericórdia, através da Palavra, revelou aos seus
servos os mistérios do seu reino. O plano do Deus Todo-poderoso é revelar-se
cada vez mais aos seus filhos amados até que estes cheguem à unidade e ao pleno
conhecimento dEle e do seu Filho Unigênito, Jesus Cristo. A unidade é
conseqüência do conhecimento de Deus. Só chegaremos à unidade cristã pela qual
Cristo orou se avançarmos no conhecimento deste Deus grandioso.
“Para
que os seus corações sejam animados, estando unidos em amor, e enriquecidos da
plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus,
Cristo.” - Colossenses 2:2.
Cada
um de nós tem o dever de buscar sorver constantemente desta fonte cristalina
para sermos também condutos da Água da Vida, reflexos do Sol da Justiça,
despenseiros dos mistérios de Deus.
“Que
os homens nos considerem, pois, como ministros de Cristo, e despenseiros dos
mistérios de Deus.” - I Coríntios 4:1.
QUE MISTÉRIO É ESSE? O APÓSTOLO PAULO
RESPONDE:
“O
mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto
aos seus santos, a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da
glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da
glória.” - Colossenses 1:26 e 27.
“Cristo
em vós”, este é o mistério que esteve oculto e nos foi revelado. Cristo pode
habitar em nós hoje através do seu espírito. É sobre este “mistério” já
revelado que discorreremos neste livro.
Lamentavelmente
quando se fala sobre o espírito de Deus, sua atuação e essência, muitos
preferem fechar os ouvidos por considerarem um assunto oculto, um mistério que
o homem não deve se atrever a sondar, um tema onde “o silêncio é ouro”.
Infelizmente tais pessoas demonstram que não conhecem o Deus de amor, um Deus
infinito que se revela ao mais simples e humilde pecador. Nosso Pai é um Deus
de revelação, não de mistério. Tais crentes nominais não buscam o conhecimento
por si mesmos, mas se acomodam e preferem aceitar os dogmas impostos pela
liderança espiritual. Afinal de contas, há pastores e professores de religião
com mestrado e doutorado, experts em divindade. Eles não podem estar errados,
podem?
“Ora,
àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a pregação
de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os
tempos eternos, mas agora manifesto e, por meio das Escrituras proféticas,
segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a conhecer a todas as nações para
obediência da fé; ao único Deus sábio seja dada glória por Jesus Cristo para
todo o sempre. Amém.” - Romanos 16:25-27.
2.2
- Requisitos Para o Progresso no Conhecimento de Deus
Há
requisitos que devemos atender para crescer no conhecimento de Deus. O primeiro
requisito é a humildade. O sábio escreveu: “com os humildes está a sabedoria.”
(Prov. 11:2). O humilde é flexível, não se apega a conceitos pré-estabelecidos,
mas como verdadeiro discípulo do Mestre está sempre disposto a aprender e a
rever suas opiniões e conceitos.
Outro
requisito para o crescimento no conhecimento de Deus é a atuação do espírito de
Deus em nós.
“Ora,
nós não temos recebido o espírito do mundo, mas sim o espírito que provém de
Deus, a fim de compreendermos as coisas que nos foram dadas gratuitamente por Deus”.
- I Cor. 2:12.
Jamais
poderemos compreender as revelações de Deus senão por seu espírito. Sem o
espírito, aí sim, o assunto se torna um mistério indecifrável.
A
terceira condição para o avanço é a dedicação no estudo. “Buscar-me-eis, e me
achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração”. (Jer. 29:13) Apenas o
estudante diligente obterá êxito e progresso no conhecimento de Deus.
O ESPÍRITO
Como
é possível conhecer a Deus? O apóstolo Paulo responde:
“Porque
qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito que nele
está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o espírito de
Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e, sim, o espírito que
vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente.” -
I Coríntios 2:11 e 12.
Este
verso deixa claro que assim como o homem tem um espírito que conhece tudo a seu
respeito, Deus também tem o seu espírito e por esta razão só é possível obter o
conhecimento pleno de Deus através do espírito de Deus.
Então,
para conhecermos a Deus, é importante buscarmos na sua Palavra revelações sobre
o espírito Santo de Deus. A Palavra de Deus, especialmente o Novo Testamento,
traz muitas revelações sobre a maravilhosa obra do espírito Santo e fala um
pouco sobre sua natureza. Mas muitos fazem confusão a respeito da essência e
natureza do espírito Santo. Quem é na verdade o espírito Santo? Alguns dizem
que é o poder de Deus, outros pregam que é a terceira pessoa da trindade,
outros ainda argumentam que o espírito Santo é o anjo Gabriel. Finalmente há
aqueles que não têm muita disposição para um estudo mais aprofundado e se
acomodam alegando que se trata de um mistério sem importância para a salvação.
Passo
a passo, verso a verso, com humildade e simplicidade, sem interpretações que
vão além do que está escrito, vamos aprender um pouco mais sobre o espírito
Santo.
Para
iniciarmos o estudo sobre o espírito Santo vamos nos limitar a descrever duas
características incontestáveis relacionadas a ele. E a partir destas duas
características, desenvolveremos nosso estudo.
Aqui
estão elas:
1.
O ESPÍRITO SANTO É ESPÍRITO
2.
O ESPÍRITO SANTO É SANTO
Isso
pode parecer um conceito muito básico e óbvio, mas é incrível como muitas
pessoas duvidam que o espírito Santo seja um espírito no sentido original da
palavra. Vamos buscar compreender o que os autores da Bíblia queriam dizer
quando escreviam a palavra “espírito”.
3.1
- O QUE É “ESPÍRITO”?
Para
uma compreensão satisfatória da Bíblia, devemos procurar saber qual era a
intenção dos autores bíblicos. O que um escritor bíblico, profeta ou apóstolo,
tinha em mente quando escrevia a palavra “espírito”? Quando ouvimos a palavra
“espírito” nossa interpretação é a mesma do profeta ou apóstolo?
Em
nossa cultura, fortemente influenciada pelo catolicismo e espiritismo, sempre
que se fala em “espírito” a tendência natural é imaginar uma força desencarnada
atuando independentemente do corpo - uma entidade autônoma, invisível,
consciente. Este é o conceito popular, pregado por algumas religiões e
apresentado em filmes e novelas. Lamentavelmente este conceito já popularizado
tem afetado negativamente a compreensão bíblica, pois sempre que se lê a
palavra “espírito”, o estudante da Bíblia é influenciado pelo conceito popular.
Veremos
que para os escritores bíblicos o significado da palavra “espírito” era bem
diferente deste conceito popular. Para que cresçamos no conhecimento de Deus e
do seu espírito temos que restabelecer o conceito original. Então poderemos ter
uma visão clara do que a Bíblia ensina sobre o espírito do homem e sobre o
espírito de Deus.
3.2
- A DEFINIÇÃO DE “ESPÍRITO” NO VELHO TESTAMENTO
No
Velho Testamento, escrito em hebraico, o original da palavra “espírito” é
ruach. Originalmente ruach significa fôlego, vento, sopro e respiração e se
aplica tanto ao espírito dos animais quanto ao espíritos dos homens, espíritos
malignos e espírito de Deus. Veja alguns exemplos:
3.2.1
- RUACH - ESPÍRITO DO HOMEM
“Na
verdade há um espírito (ruach) no homem, e o sopro do Todo-poderoso o faz
entendido.” - Jó 32:8.
“Nas
tuas mãos entrego o meu espírito (ruach); tu me remiste, Senhor, Deus da
verdade.” - Salmo 31:5.
“Sai-lhes
o espírito (ruach) e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia perecem todos os seus
desígnios.” - Salmo 146:4.
“E
o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.”
-Eclesiastes 12:7.
“Fala
o Senhor, o que estendeu o céu, fundou a terra e formou o espírito (ruach) do
homem dentro dele.” - Zacarias 12:1.
Algumas
vezes a palavra ruach é traduzida como sopro, hálito ou respiração do ser
humano. Confira:
“Enquanto
em mim estiver a minha vida, e o sopro (ruach) de Deus nos meus narizes...” -
Jó 27:2.
“O
meu hálito (ruach) é intolerável à minha mulher, e pelo mau cheiro sou
repugnante aos filhos de minha mãe.” - Jó 19:17.
“Se
lhes cortas a respiração (ruach), eles morrem, e voltam ao seu pó.” - Salmos
104:29.
Portanto,
a intenção do autor bíblico ao escrever a palavra ruach não era descrever uma
entidade desencarnada autônoma, invisível e consciente conforme muitos crêem,
mas descrever o fôlego de vida, o sopro vital cuja fonte é Deus. Portanto, para
fins de tradução e interpretação bíblica, a palavra espírito é sinônimo de
sopro, hálito, respiração, pois têm a mesma origem no hebraico: ruach.
3.2.2
- RUACH - ESPÍRITO DE DEUS
O
espírito de Deus também é chamado de ruach no Antigo Testamento. Como vimos, a
palavra ruach significa originalmente sopro, vento, fôlego.
“Então
disse o Senhor: O meu espírito (ruach) não agirá para sempre no homem, pois
este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos.” - Gênesis 6:3.
“Disse
Faraó aos seus oficiais: Acharíamos, porventura, homem como este, em quem há o
espírito (ruach) de Deus?” - Gênesis 41:38.
“Tendo-se
retirado de Saul o espírito (ruach) do Senhor, da parte deste um espírito
(ruach) maligno o atormentava.” - I Samuel 16:14.
Note
que neste último verso a palavra ruach é usada tanto para definir o ruach
maligno quanto para descrever o ruach de Deus. São dois espíritos diferentes.
Surge, então, a seguinte questão com relação à independência e autonomia destes
espíritos: O espírito (ruach) do Senhor é uma pessoa e o Senhor é outra pessoa
distinta? Isso também vale no caso do espírito (ruach) maligno? Ou seja, o
maligno é um ser pessoal e o ruach do maligno é outra pessoa diferente? Pense
nisso antes de continuar! Em sua resposta cuidado para não ser influenciado
pelo conceito popular de espírito. Lembre-se do conceito bíblico.
JÓ COSTUMA COMPARAR O ESPÍRITO DE DEUS
COM O SEU SOPRO:
“O
espírito (ruach) de Deus me fez; e o sopro do Todo-poderoso me dá vida.” - Jó
33:4.
“Se
Deus pensasse apenas em si mesmo, e para si recolhesse o seu espírito (ruach) e
o seu sopro, toda a carne juntamente expiraria e o homem voltaria para o pó.” -
Jó 34:14 e 15.
Algumas
vezes o ruach de Deus não é traduzido como espírito, mas como sopro ou
respiração. Veja:
“Os
céus por sua palavra se fizeram, e pelo sopro (ruach) de sua boca o exército
deles.” - Salmo 33:6.
“A
sua respiração (ruach) é como a torrente que transborda e chega até ao
pescoço...” - Isaías 30:28.
Estas
traduções para ruach (sopro e respiração) estão perfeitamente adequadas e de
acordo com a definição original de ruach no hebraico, pois a definição original
de ruach, no hebraico, é sopro, fôlego, respiração e vento. Veremos mais
exemplos adiante.
3.2.3
- RUACH - ESPÍRITO DOS ANIMAIS
É
interessante notar que os animais também possuem ruach, mas para diferenciar
dos seres humanos e de Deus, na maioria das vezes o ruach dos animais é
traduzido como “fôlego de vida”. Esta forma de traduzir também está de acordo
com o sentido original da palavra. Veja estes exemplos:
“Porque
estou para derramar águas em dilúvio sobre a terra para consumir toda carne em
que há fôlego (ruach) de vida debaixo dos céus: tudo o que há na terra
perecerá.” - Gênesis 6:17.
“De
toda a carne, em que havia fôlego (ruach) de vida, entraram de dois em dois
para Noé na arca.” - Gênesis 7:15.
“Porque
o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhe sucede:
como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego (ruach) de vida, e
nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais...” - Eclesiastes 3:19.
3.2.4 - RUACH - TRADUZIDO COMO VENTO, SOPRO,
HÁLITO E RESPIRAÇÃO
A palavra ruach aparece 379 vezes em 348 versos
no Velho Testamento e, embora seja traduzida como espírito em vários textos,
ruach também é traduzida como fôlego de vida, vento, sopro e ar. Note que não
há nenhuma interpretação particular nesta direção. Este é realmente o
significado original da palavra ruach. Veja outras traduções possíveis,
sinônimos de espírito:
“...
Deus fez soprar um vento (ruach) sobre a terra e baixaram as águas” - Gênesis
8:1.
“E eis que tudo era vaidade e correr atrás do
vento (ruach)” - Eclesiastes 1:14 u.p.
“Com o hálito de Deus perecem; e com o assopro
(ruach) da sua ira se consomem.” - Jó 4:9.
“Lembra-te
de que minha vida é um sopro (ruach).” - Jó 7:7.
“A
tal ponto uma se chega à outra que entre elas não entra nem o ar (ruach)” - Jó
41:16.
3.2.5
- OUTRAS TRADUÇÕES DE RUACH
Em
alguns versos a palavra ruach é traduzida como mente ou ânimo. Neste caso, o
tradutor entendeu que a palavra ruach foi utilizada num sentido figurado,
simbólico e, portanto, não deveria ser traduzida ao pé da letra como espírito,
vento ou fôlego:
“Deu
Davi a Salomão, seu filho, a planta do pórtico com as suas casas, ... também a
planta de tudo quanto tinha em mente (ruach), com referência aos átrios da casa
do Senhor.” - I Crônicas 28:11 e 12.
“Despertou,
pois, o Senhor, contra Jeorão o ânimo (ruach) dos filisteus, e dos arábios que
estão da banda dos etíopes.” - II Crônicas 21:16.
Através
do método de comparação de versos bíblicos, podemos reconhecer que o espírito
de Deus é, de um modo figurado, sua própria mente.
Isaías
40:13
Romanos
11:34
I
Coríntios 2:16
“Quem
guiou o espírito do Senhor? Ou, como seu conselheiro, o ensinou?”
“Quem,
pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro?”
“Pois,
quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir?”
De
nossa breve análise no Velho Testamento, concluímos que o espírito de Deus é o
ruach de Deus, ou seja, o fôlego ou o sopro do único Deus Todo-Poderoso e não
uma outra pessoa da divindade. Da mesma forma o espírito (pneuma) do homem é o
fôlego de vida do homem e não uma pessoa diferente.
Porventura
o Novo Testamento confirma o conceito de “espírito” do Velho Testamento?
3.3
- A DEFINIÇÃO DE “ESPÍRITO” NO NOVO TESTAMENTO
Acredita-se
que a maior parte do Novo Testamento foi escrita em grego onde a palavra
espírito é pneuma. Esta palavra grega tem o mesmo significado de ruach no
hebraico, ou seja, é um sinônimo de espírito, fôlego, vento, sopro, ar. É da
palavra pneuma que derivam algumas palavras da língua portuguesa tais como
pneu, pneumático, pneumonia - todas relacionadas à respiração ou ao ar.
Nos
versos a seguir aprenderemos um pouco mais sobre o que os escritores do Novo
Testamento queriam transmitir ao escrever “pneuma de Deus” ou “pneuma Santo”.
Será que a intenção dos apóstolos ao escrever “pneuma de Deus” era se referir a
uma outra pessoa da divindade? Ou estavam se referindo ao fôlego, sopro de
Deus?
3.3.1
- PNEUMA HAGIOS E PNEUMA THEOS
No
Novo Testamento a expressão pneuma hagios é traduzida como espírito Santo,
pneuma theos é traduzida como espírito de Deus, pneuma iesous cristos como
espírito de Jesus Cristo. Vejamos alguns exemplos da utilização da palavra
pneuma:
“Ele,
porém, vos batizará com o espírito (pneuma) Santo.” - Marcos 1:8.
“Não
sabeis que sois santuário de Deus, e que o espírito (pneuma) de Deus habita em
vós?” - I Coríntios 3:16.
“Mas
vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em o nome
do Senhor Jesus Cristo e no espírito (pneuma) do nosso Deus.” - I Coríntios
6:11.
“Então
vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um
Cordeiro como tinha sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos que
são os sete espíritos (pneuma) de Deus enviados por toda a terra.” - Apocalipse
5:6.
“E,
havendo dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o espírito (pneuma)
Santo.” - João 20:22.
Este
último verso é um dos exemplos mais elucidativos pois mostra que o espírito
Santo é realmente o pneuma de Cristo, ou seja, o fôlego, sopro de Cristo. O
evangelista deixa claro que o espírito Santo foi soprado por Jesus sobre seus
discípulos. Não há dúvidas aqui. O espírito Santo é o próprio pneuma de Cristo,
não uma entidade independente, mas parte integrante de Jesus Cristo e de Deus.
“Porque
qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito (pneuma)
que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o
espírito (pneuma) de Deus. Ora, nós não temos recebido o espírito (pneuma) do
mundo, e, sim, o espírito (pneuma) que vem de Deus, para que conheçamos o que
por Deus nos foi dado gratuitamente.” - I Coríntios 2:11 e 12.
“Pois
todos os que são guiados pelo espírito (pneuma) de Deus são filhos de Deus... O
próprio espírito (pneuma) testifica com o nosso espírito (pneuma) que somos
filhos de Deus.” - Romanos 8:14 e 16.
Perceba
que nestes dois últimos versos, a palavra pneuma também foi utilizada para
designar o espírito do homem.
É
importantíssimo ressaltar que convencionou-se escrever espírito de Deus com “E”
maiúsculo e espírito do homem com “e” minúsculo. Neste estudo também adotamos
este padrão, mas não foi assim no grego. Veremos adiante que não existia esta
diferença no grego. Os autores bíblicos não diferenciavam o espírito do homem
do espírito de Deus através de letras minúsculas e maiúsculas.
3.3.2
- PNEUMA - O ESPÍRITO DO HOMEM
Assim
como ruach no Velho Testamento, a palavra grega pneuma também se aplica ao
espírito do homem.
(Ressurreição
da filha de Jairo): “Voltou-lhe o espírito (pneuma), e ela imediatamente se
levantou, e ele mandou que lhe dessem de comer.” - Lucas 8:55.
“O
espírito (pneuma) está pronto, mas a carne é fraca.” - Marcos 14:38.
“Porque
trouxeram refrigério ao meu espírito (pneuma) e também ao vosso.” - I Coríntios
16:18.
“Porque
assim como o corpo sem espírito (pneuma) é morto, assim também a fé sem obras é
morta.” - Tiago 2:26.
Este
verso de Tiago reafirma nossa crença sobre a impossibilidade de um espírito
(pneuma) subsistir sem corpo. Biblicamente, para que uma pessoa tenha vida é
necessário o espírito (pneuma) e o corpo.
“O
mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito (pneuma), alma e
corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo.” - I Tessalonicenses 5:23.
Neste
último verso o apóstolo Paulo cita o espírito, a alma e o corpo. Isto nos faz
lembrar dos elementos constituintes do ser humano e automaticamente nos remete
ao relato da criação que explica como o homem foi formado:
“Então
formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e lhe soprou nas narinas o fôlego
de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” - Gênesis 2:7.
Podemos
entender que o homem é formado de pó (corpo físico) mais espírito (fôlego da
vida) resultando numa alma vivente.
CORPO (Pó da Terra) + ESPÍRITO (Fôlego de
vida) = ALMA (Pessoa viva)
Logo,
é errado dizer que o homem tem uma alma, mas é correto dizer que ele é uma alma
vivente composta por corpo e espírito.
Não
podemos nos influenciar pelo conceito popular achando que o homem é uma pessoa
e o seu espírito é outra pessoa, entidade independente que subsiste fora do
corpo. O pneuma do homem é parte integrante do seu ser. Da mesma forma o pneuma
de Deus é parte integrante de Deus, não uma outra pessoa. Um espírito, de
acordo com a própria definição de pneuma dada por Cristo, não tem corpo:
“Eles,
porém, surpresos e atemorizados, acreditavam estarem vendo um espírito
(pneuma)...Vede minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e
verificai, porque um espírito (pneuma) não tem carne nem ossos, como vedes que
eu tenho.” - Lucas 24:37 e 39.
O
pneuma não tem carne e ossos, ou seja, um pneuma não tem corpo! Portanto, o
espírito (pneuma) não é uma pessoa de acordo com o conceito bíblico, segundo o
qual uma pessoa é composta de corpo e espírito.
3.3.3
- O PNEUMA DE CRISTO
“Então
Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (pneuma)!”
- Lucas 23:46.
“E, porque vós sois filhos, enviou Deus aos
nossos corações o espírito (pneuma) de seu Filho que clama: Aba, Pai.” -
Gálatas 4:6.
Cristo
possuía o mesmo pneuma do Pai, um pneuma que é compartilhado pelo Pai e pelo
Filho - é isto que os fazem um. Reforçaremos este conceito posteriormente.
3.3.4
- OUTRAS TRADUÇÕES DE PNEUMA
A
palavra pneuma aparece 385 vezes no Novo Testamento e na maioria das vezes é
traduzida como espírito. Mas assim como ruach, há outras traduções possíveis
como sopro, fôlego e vento:
“Ainda
quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos (pneuma), e a seus
ministros, labareda de fogo.” - Hebreus 1:7.
“De
repente veio do céu um som, como de um vento (pnoe) impetuoso e encheu toda a
casa onde estavam assentados... Todos ficaram cheios do espírito (pneuma)
Santo...” Atos 2: 2 e 4.
“Então
será de fato revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro
(pneuma) de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda.” - II
Tessalonicenses 2:8.
“E
lhe foi dado comunicar fôlego (pneuma) à imagem da besta, para que, não só a
imagem falasse, como ainda fizesse morrer quantos não adorassem a imagem da
besta.” - Apocalipse 13:15.
Note
que interessante o próximo verso! Nele a palavra pneuma aparece duas vezes e é
traduzida inicialmente como “vento” e no final do verso como “espírito”:
“O
vento (pneuma) sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem
para onde vai; assim é todo o que é nascido do espírito (pneuma)” - João 3:8.
3.4
- ESPÍRITO SANTO É NOME PRÓPRIO?
Embora
a Bíblia apresente o nome do Pai (Jeová ou Yaweh em hebraico) e o nome do Filho
(Jesus ou Yeshua em hebraico), o nome do espírito Santo não nos é apresentado.
O
tradutor da Bíblia, ao traduzir a palavra pneuma (espírito), o fez com letra
maiúscula. No entanto, a palavra pneuma, originalmente não foi escrita desta
forma. Os manuscritos mais antigos do Novo Testamento são alguns fragmentos de
papiro escritos em uncial. O padrão uncial utilizava-se de letras maiúsculas
apenas. Este padrão continuou sendo utilizado nos pergaminhos até o século XI,
quando a escrita minúscula começou a ser adotada.
Fica
claro que escrever “espírito Santo” com iniciais maiúsculas é uma convenção adotada
posteriormente. Veja um exemplo na Bíblia em Grego Moderno (Atos 13:9) a
diferença entre a letra pi minúscula, usada para escrever pneuma (um
substantivo) e a letra pi maiúscula usada para escrever Paulos (um nome
próprio):
O
fato da expressão “espírito Santo” ou “espírito de Jesus Cristo” ser sempre
escrita com “E” maiúsculo em português tem influenciado o subconsciente de
muitos crentes sinceros no sentido de aceitar a doutrina de que o espírito
Santo é uma pessoa distinta do Pai e do Filho. Mas é importante destacar que
quando os apóstolos escreviam espírito Santo, não havia esta distinção. Nós
escrevemos espírito Santo com letras maiúsculas em português apenas por uma
convenção, um hábito na realidade muito questionável, pois tal convenção não existia
originalmente.
3.5
- O ESPÍRITO SANTO, O ESPÍRITO DE CRISTO E O ESPÍRITO DE DEUS
A
Palavra de Deus afirma que assim como o homem tem um pneuma como parte
integrante do seu ser, Deus também tem um pneuma. Vejamos novamente o que diz I
Coríntios 2:11:
“Porque
qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito (pneuma)
que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o
espírito (pneuma) de Deus.” - I Coríntios 2:11.
Novamente
é importante notar que em português o “espírito” de Deus é escrito com “E”
maiúsculo e o “espírito” do homem é escrito com “e” minúsculo. Mas não é assim
no original grego. Tanto o espírito de Deus quanto o espírito do homem são
escritos absolutamente da mesma forma. Portanto não há porque interpretar que o
espírito de Deus é uma outra pessoa e o espírito do homem não é uma outra
pessoa.
Assim
como o homem, Deus possui dentro de si um pneuma que é um atributo que não pode
ser separado dEle. Algumas religiões como o Espiritismo, por exemplo, pregam
que é possível o espírito (pneuma) existir independente¬mente ou separadamente
do corpo do seu possuidor, mas não é isso que a Palavra de Deus diz. Segundo a
Bíblia um corpo sem pneuma é um corpo morto.Veja:
“Então
Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito (pneuma)! E
dito isto expirou.” - Lucas 23:46.
“E
o pó volte à terra, como o era, e o espírito (ruach) volte a Deus, que o deu.”
-Eclesiastes 12:7.
Da
mesma forma um espírito (pneuma) com existência e personalidade própria
(independente do possuidor) é um conceito defendido pelo Espiritismo e pelo
Trinitarianismo.
É
inquestionável que Deus tenha, assim como o homem, um pneuma como parte
constituinte do seu ser. Por essa razão, alguns defensores da trindade
interpretam de forma diferenciada o espírito Santo e o espírito de Deus. Alegam
que o espírito de Deus é um atributo intrínseco do Pai, mas que o espírito
Santo é uma outra pessoa - a terceira pessoa da trindade. Porventura existe
esta diferença entre espírito de Deus e espírito Santo?
Através
de um estudo por comparação de versos é possível descobrir que o Pai e o seu
Filho Jesus compartilham o mesmo pneuma, qual seja, o espírito Santo. Veremos
adiante que não há diferença entre espírito de Deus, espírito de Cristo e
espírito Santo.
“Não
sabeis que sois santuário de Deus, e que o espírito (pneuma) de Deus habita em
vós?” - I Coríntios 3:16.
“Acaso
não sabeis que vosso corpo é santuário do espírito (pneuma) Santo que está em
vós, o qual tendes da parte de Deus.” - I Coríntios 6:19.
Após
análise destes dois versos, concluímos inequivocamente que o espírito Santo é o
próprio espírito (pneuma) de Deus e não uma terceira pessoa. É o próprio pneuma
de Deus que habita em nós.
Paulo
confirma que o espírito Santo não é uma terceira pessoa, mas é sim o próprio
pneuma de Deus, colocando-os (espírito de Deus e espírito Santo) como
expressões equivalentes novamente:
“Por
isso vos faço compreender que ninguém que fala pelo espírito (pneuma) de Deus
afirma: Anátema Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus! senão
pelo espírito Santo.” - I Coríntios 12:3.
Há
muitos outros versos que servem como evidência clara de que o espírito Santo é
o próprio pneuma de Deus. Vejamos este último par de versos de Paulo aos Efésios
sobre o selamento:
“...
tendo nele também crido, fostes selados com o Santo espírito da promessa.” -
Efésios 1:13.
“E
não entristeçais o espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção.” - Efésios 4:30.
Biblicamente,
temos evidências suficientes para afirmar que...
ESPÍRITO SANTO = ESPÍRITO (PNEUMA) DE
DEUS
E
o que dizer do espírito de Cristo? É correto afirmar que o espírito de Cristo e
o espírito de Deus são sinônimos? Vejamos:
“Vós,
porém, não estais na carne, mas no espírito, se de fato o espírito (pneuma) de
Deus habita em vós. E se alguém não tem o espírito (pneuma) de Cristo, esse tal
não é dele.” - Romanos 8:9.
Este
verso nos dá condições de afirmar que
ESPÍRITO (PNEUMA) DE CRISTO = ESPÍRITO
(PNEUMA) DE DEUS
Deus,
o Pai e seu Filho, Jesus Cristo, compartilham o mesmo espírito (pneuma), por
esta razão são um.
“Eu
e o Pai somos um.” - João 10:30.
“Tudo
quanto o Pai tem é meu...” - João 16:15.
Jesus
Cristo e o seu Pai não são duas pessoas distintas, mas são manifestações de um
único Deus em espírito. Jamais lemos na Bíblia “eu, o Pai e o espírito Santo
somos um”! Reiteramos: O Pai e o Filho são UM, mesmo pneuma (espírito). O
espírito de Cristo é o espírito do Pai:
“Quem
me vê a mim vê o Pai... Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim.” - João 14:9
e 11.
Ora,
é impossível aceitar que o Pai está no Filho e o Filho está no Pai de forma
física. É claro que Cristo está dizendo que o Pai está espiritualmente no Filho
e o Filho está espiritualmente no Pai.
Da
mesma forma podemos ser um com Deus e com Cristo se recebermos em nós o
espírito (pneuma) de Deus. Isso Jesus deixou claro em sua oração intercessória
relatada em João 17:
“A
fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam
eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” - João 17:21.
O
plano de Deus é que sejamos um com Ele e com o Pai. Não uma pessoa fisicamente
falando, mas uma unidade espiritual, ou seja, que tenhamos o mesmo espírito
(pneuma) de Deus e de Cristo, mesmo sendo pessoas diferentes.
“Mas
aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.” - I Coríntios 6:17.
O
espírito Santo é o próprio espírito de Cristo e em certas ocasiões o autor
bíblico alterna estes dois termos:
“E
percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo espírito Santo de
pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o
espírito de Jesus não o permitiu.”Atos 16:6 e7.
Não
haveria necessidade de apresentarmos mais versos comprovando que espírito de
Deus, espírito de Cristo e espírito Santo são utilizados como sinônimos na
Bíblia e que se tratam do próprio pneuma (fôlego / espírito) de Deus. Mas como
último verso, lembramos o que está escrito em João 20:22:
“E,
havendo [Jesus] dito isto, soprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o espírito
(pneuma) Santo.” - João 20:22.
Fica
então claro que o espírito Santo é o próprio espírito (pneuma) de Jesus, ou
seja, seu fôlego, seu sopro vital e não uma terceira pessoa distinta.
ESPÍRITO (PNEUMA) DE CRISTO = ESPÍRITO
(PNEUMA) DE DEUS = ESPÍRITO SANTO
A
reposta para a pergunta “Quem é o espírito?” nunca esteve tão próxima:
“Ora
o Senhor é o espírito; e onde está o espírito do Senhor aí está a liberdade.” -
II Coríntios 3:17.
Sem
dúvidas esta é a melhor resposta para a pergunta “Quem é o espírito?” Paulo
acaba de responder: “O Senhor é o espírito.”
Neste
verso a palavra traduzida por “espírito” é a palavra grega “Pneuma”.
Se
o espírito no que diz respeito às criaturas vivas é o fôlego de vida ou a
energia vital que provém de Deus e os matem vivos, e jamais deve ser entendido
como uma entidade (um ser) inteligente que pode viver independentemente, por
que quando a mesma palavra aparece relacionada ao nome de Deus (espírito de
Deus ou espírito Santo), não deve ser entendida como um “ser” pessoal fora de
Deus, ou que seja, a terceira pessoa da trindade?
Por
que não podemos fazer a mesma analogia e definir a palavra “espírito de Deus”
como o poder (o fôlego, a energia vital) de Deus em ação?
Não
estaremos usando dois pesos e duas medidas e sendo incoerentes ao dizer que a
Bíblia ensina que o espírito é uma outra pessoa fora dela mesma, e quando a
mesma palavra está relacionada com o nome de Deus, dizermos que é um outro ser
ou uma outra entidade divina?
Consideramos
muito significativo o que está registrado em Atos 10:38:
“Como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o espírito Santo e com poder; o qual andou
fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
Ele.”
Nele
encontramos uma estreita relação entre o espírito Santo e o poder de Deus,
ambos como a evidência de que o Senhor Deus Eterno estava com Seu Filho
unigênito Jesus Cristo.
A
Palavra de Deus apresenta as manifestações divinas de UM Único Deus: Deus, o
Pai, o Espírito Santo e o Senhor Jesus Cristo Filho Unigênito, que também é
chamado pelo profeta Isaías de “Deus Forte, Pai da Eternidade”. Vejamos algumas
evidências de que a doutrina da trindade carece de embasamento bíblico quando
afirma que o espírito Santo é a terceira pessoa de uma tríade divina.
O PAI E O FILHO NA BÍBLIA
4.1
- NOS EVANGELHOS
“Tudo
me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém
conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” -
Mateus 11:27.
Quando
a Palavra de Deus diz “ninguém”, exclui qualquer outra pessoa: seres humanos,
anjos ou o próprio inimigo das almas. Para aqueles que acreditam no espírito
Santo como uma pessoa distinta terão uma tarefa adicional em conciliar uma
contradição entre o texto acima (Mateus 11:27) e I Coríntios 2:11:
“Porque
qual dos homens sabe as coisas do homem senão o seu próprio espírito que nele
está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o espírito de
Deus.” - I Coríntios 2:11.
Ora,
se Mateus afirma que ninguém conhece o Pai senão o Filho e Paulo diz que há uma
outra pessoa (?), o espírito, que conhece o Pai, então os trinitarianos têm uma
contradição para ser resolvida aqui! Para aqueles que crêem que o espírito de
Deus é o próprio espírito de Cristo, fica mais fácil entender que só o Filho
(seu espírito) conhece o Pai.
Segue
uma possível alteração bíblica em Mateus 11:27 para sustentar a visão
trinitariana: “Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão
o Pai e o espírito Santo; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e o espírito
Santo, e aquele a quem o Filho e o espírito Santo o quiserem revelar.” - versão
de Mateus 11:27 adulterada para sustentar a visão trinitariana.
A
unicidade Pai e Filho é diversas vezes enfatizada de forma clara nos Evangelhos
não havendo qualquer menção de uma suposta Trinitária formada por três pessoas,
Pai / Filho / espírito Santo. Seguem mais exemplos:
“Eu
e o Pai somos um” - João 10:30.
“A
fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti.” - João
17:21. p.p.
Não
pode haver evidências mais claras de que a divindade é unidade simples e não
composta como no casamento, marido, esposa. “Quem vê a mim vê o Pai”.Jo.14:9.
Veja
como ficariam possíveis adaptações dos versos acima para sustentar a teoria da
trindade: “Eu, o Pai e o espírito Santo somos um” - João 10:30 versão
trinitariana adulterada. “A fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, e o
espírito Santo em mim e eu em ti e no espírito Santo.” - João 17:21. p.p.
versão trinitariana adulterada. Um absurdo!
Vamos
repetir um verso que consideramos importante para a salvação, pois trata-se da
indicação de como receber a vida eterna:
“E
a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste” - João 17:3.
Para
termos a vida eterna devemos conhecer apenas duas pessoas: o Pai e o seu Filho.
Conhecendo a ambos, certamente receberemos o espírito (pneuma) de ambos. Se o
espírito Santo fosse uma terceira pessoa, Jesus oraria assim:
“E
a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, a Jesus
Cristo, a quem enviaste e ao espírito Santo que será enviado após mim.” - João
17:3 versão trinitariana adulterada.
4.2
- NAS MENSAGENS DE PAULO
Da
mesma forma que nos evangelhos, as cartas de Paulo reconhecem a existência da
unicidade de Deus: Deus, o Pai e Jesus Cristo. Paulo também enfatiza a obra do
espírito Santo, mas não o apresenta como uma pessoa participante da divindade e
sim como o pneuma de Deus, atributo intrínseco do seu ser.
“Todavia,
para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem
existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós,
também por ele.” - I Coríntios 8:6.
“Porquanto
há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.” -
I Timóteo 2:5.
Sabemos
que Jesus Cristo é nosso Senhor e sua divindade “porque aprouve a Deus que nele
residisse (habita) toda a plenitude.” (Colossenses 1:19). Que plenitude? “Nele
habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” (Colossenses 2:9).
Não
é nosso objetivo aqui discutir a divindade de Cristo porque entendemos que já
existe um consenso neste sentido por isso passamos adiante demonstrando
evidências nos escritos de Paulo de que ele conhecia a unicidade de Deus.
Todas
as saudações das cartas de Paulo citam apenas Deus Pai e o seu Filho Jesus
Cristo. Divindade e natureza humana(Deus
em Cristo). Não cita o Espírito Santo porque tinha conhecimento que o Pai é o
Espírito Santo. Em geral, citam também o nome das pessoas para quem a carta foi
enviada.
VAMOS CONFERIR AS SAUDAÇÕES DE TODAS AS
EPÍSTOLAS DE PAULO:
Romanos:
“Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o
evangelho de Deus.” - Romanos 1:1.
I
Coríntios: “Paulo, chamado pela vontade de Deus, para ser apóstolo de Jesus
Cristo... Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus
Cristo.” - I Coríntios 1:1 e 3.
II
Coríntios: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus... Graça a vós
outros e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.” - II
Coríntios 1:1 e 3.
Gálatas:
“Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum,
mas por Jesus Cristo, e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos..
Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.”
- Gálatas 1:1 e 3.
Efésios:
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus, aos santos que vivem em
Éfeso, e fiéis em Cristo Jesus: Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso
Pai e do Senhor Jesus Cristo. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo.” - Efésios 1:1-3
Filipenses:
“Paulo e Timóteo, servos de Cristo Jesus, a todos os santos em Cristo Jesus,
inclusive bispos e diáconos, que vivem em Filipos: Graça e paz a vós outros da
parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - Filipenses 1:1-2.
Colossenses:
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo: Aos
santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos: Graça e paz a vós
outros da parte de Deus nosso Pai. Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós.” - Colossenses 1:1-3.
I
Tessalonicenses: “Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses em
Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros.” - I
Tessalonicenses 1:1.
II
Tessalonicenses: “Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em
Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a vós outros da parte de
Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo.” - II Tessalonicenses 1:1-2.
I
Timóteo: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso
Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança, a Timóteo, verdadeiro filho na
fé: Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso
Senhor.” - I Timóteo 1:1-2.
II
Timóteo: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de
conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus, ao amado filho
Timóteo: Graça, misericórdia e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus nosso
Senhor.” - II Timóteo 1:1-2.
Tito:
“Paulo, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo... a Tito, verdadeiro filho,
segundo a fé comum: Graça e paz da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus nosso
Salvador.” - Tito 1:1 e 4.
Filemom:
“Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom...
Graça e paz a vós outros da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.”
- Filemom 1 e 3.
Por
que Paulo, em suas saudações, não se apresenta como servo de Deus Pai, de Jesus
e do espírito Santo? Por que não lemos versos como “graça e paz a vós outros da
parte de Deus nosso Pai, do Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo”? Estaria
Paulo ignorando a terceira pessoa da trindade em todas as suas saudações? Ou conhecia
Paulo a unicidade de Deus e que Deus é
Espírito e Santo.
4.3
- NO APOCALIPSE
Quem
lê e relê o livro da Revelação, o Apocalipse, é um bem-aventurado pois terá uma
compreensão ampliada do plano da salvação e da libertação protagonizada pelo
Cordeiro de Deus.
O
Apocalipse em nenhum momento sugere a existência de uma trindade, pelo
contrário, apresenta o O Senhor Jesus Cristo como único Deus supremo e
soberano, como protagonistas já desde o início:
“Revelação
de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em
breve devem acontecer.” - Apocalipse 1:1.
4.4
- ADORAÇÃO AO PAI E AO FILHO
A
mensagem do primeiro anjo é enfática sobre quem devemos prestar a adoração:
“Temei
a Deus e dai-lhe glória, pois é chegada a hora do seu juízo; e adorai aquele
que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” - Apocalipse 14:7.
A
quem devemos temer e adorar? (1) O Deus
do juízo - Não há dúvidas de que está-se falando de Deus Pai, o Senhor Jesus
Cristo, o Ancião de Dias, visto por Daniel “executando o juízo a favor dos
Santos” (Daniel 7:22) (2) Cristo, o Criador - “Todas as coisas foram feitas por
intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:3).
É
evidente que Cristo é o grande juiz no juízo assim como o grande arquiteto na
criação. O que deve ser destacado neste verso é que não menciona três pessoas
sendo dignas de adoração. Você consegue lembrar de algum texto da Bíblia que
diga que uma suposta trindade deva ser adorada ou louvada? Veja o que diz o Apocalipse:
“Então,
ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre
o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono
e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos
dos séculos. E os quatro seres viventes respondiam: Amém; também os anciãos
prostraram.” - Apocalipse 5:13-14.
O NOME DO PAI FOI DADO A JESUS
Havia um anjo misterioso chamado “O Anjo do
Senhor” (Veja Êxodo 3:2-14; 3:14-19; 23:20,21), que ia adiante do acampamento
de Israel. Esse não era outro a não ser Cristo, o Senhor — Jeová em forma de
anjo. Deus advertiu a Moisés para obedecer a esse Anjo dizendo:
-
. Nele está o Meu Nome” (Ex. 23: 21). Deus, o Pai, colocou o Seu Nome em
Cristo, ou deu a Ele o Seu Próprio Nome. O que é o Nome do Pai? Em Isaias 42: 8
Deus responde: “Eu Sou o Senhor; este é o meu NOME”.
Ora,
será que Deus, o Pai, efetivamente deu isso, Seu próprio Nome de Senhor a
Jesus? É precisamente isto que Pedro pregou no dia de Pentecoste para que os
seus ouvintes “estivessem absolutamente certos” de que Jesus foi feito “Senhor
e Cristo” (Atos 2: 36). Israel o havia rejeitado como Senhor, ou Jeová, e agora
é exatamente o que terá de aceitar para ser alvo. O Pai não somente deu a Jesus
o Seu Nome de Senhor, mas exige também que todos os homens deverão reconhecê-lo
como O Senhor. Porém, convém fazê-lo agora mesmo.
Disse
Paulo: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o Nome que está
acima de todo nome (Note que é o Pai que lhe deu este NOME), para que ao nome
de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda
língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor - .. .“ (Filipenses 2:9-11). Que
nome mais alto podia Deus lhe dar do que o Seu próprio Nome de Senhor, ou Jeová?
Este Nome não está acima de todo Nome? Ele (o Pai) não somente “lhe deu” esse
nome de Senhor, ele efetivamente o fez Senhor, sim, além disto, todos devem
confessar que ele “é Senhor!” Logo que, ele agora é o Senhor Jesus, ou o Senhor
Jesus Cristo. Vamos desde já confessá-lo! Ele é “o Senhor do céu” (1 Co. 15:
47).
“Ora,
o Senhor é o Espírito” (2 Co. 3:17). De sorte que toda a Divindade na sua
plenitude está em Jesus.
Por
isso o batismo em o Nome de Jesus era o costume apostólico em toda parte.
4.5
- NA FRONTE DOS 144 MIL
O
Apocalipse revela o que será escrito nas frontes dos 144 mil. Veja que
interessante!
“Olhei,
e eis o Cordeiro em pé sobre o monte Sião, e com ele os cento e quarenta e
quatro mil tendo nas frontes escrito o seu nome e o nome de seu Pai.” -
Apocalipse 14:1
Haverá
um nomes na frontes dos 144 mil: (1) O Nome do Cordeiro que é Jesus ou Yeshua
(em hebraico) e (2) O nome do seu Pai que é Jeová ou Yahweh (em hebraico). O
Apocalipse diz seu nome e o nome de seu Pai, seria escrito nas frontes dos 144
mil. Qual é este nome? É simples. Como já vimos Jesus é o filho quem é o Pai?
Não é o Espírito Santo? Os espíritos não têm nome próprio. Por isso eles acabam
recebendo o nome do seu possuidor, por exemplo, o espírito de João é chamado
simplesmente de espírito do João.Então o nome revelado é SENHOR (PAI) JESUS
(FILHO) CRISTO (ESPÍRITO SANTO). Em nenhum lugar na Bíblia é revelado o nome do
espírito Santo, pois ele é o próprio pneuma de Deus. SENHOR JESUS CRISTO ESTE É
O NOME DO NOSSO DEUS.
Enfim,
a unicidade de Deus Pai, Filho e Espírito Santo é abundante no Apocalipse.
Citemos mais dois versos bem conhecidos:
“Irou-se
o dragão contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, o
que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus.” - Apocalipse
12:17.
“Aqui
está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em
Jesus.” - Apocalipse 14:12.
Os apóstolos lançaram corretamente o
fundamento da Igreja com a visão de Jesus como “o Senhor do céu”. Quando Jesus
mandou-os “a batizar em Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”, eles
entendiam perfeitamente qual era o Nome do Pai, porque Isaias lhes tinha dito
que era Senhor (Jeová) (42: 8), e Jesus lhes havia aberto o entendimento para
que pudessem compreender as Escrituras (Lucas 24: 45). Compreendendo que Deus
éEspírito (João 4: 24) e que “o Senhor é o Espírito” (2 Co. 3:17), eles podiam
obedecer plenamente o mandar de Jesus ou simplesmente ordenar o batismo “em
Nome de Jesus Cristo”, como Pedro fez em Atos 10: 48, ou “em Nome do Senhor
Jesus”, como fez Paulo em Atos 19: 5.
Os
vocábulos “Pai e Filho” exprimem simplesmente uma relação, como a de pai com o
filho e a de filho com o Pai, embora todos entendam quando atribuídos a Deus e
a Cristo exatamente a quem se refere, mas no sentido exato da palavra não são
nomes.
Posso
dizer, com toda a sinceridade, que não creio que Cristo jamais tencionava que
se batizasse usando a frase: “Pai, Filho e Espírito Santo”. Tínhamos ouvido
desta forma por tanto tempo que, no principio, me parecia absurdo usar de outra
forma. Mas, agora que tenho recebido a verdadeira visão de Cristo, como Senhor
(Jeová); que Senhor é o Nome do Pai, como declara Isaias, e é também o Nome de
Cristo, admiro-me de que tenha sido tão cego que não vi o verdadeiro
significado de Jesus em Mateus 28:19. Todos que quiserem batizar usando a
fórmula de Mateus 28:19, podem fazê-la e mesmo assim vou amá-los e manter
comunhão com eles; mas pessoalmente com a luz que tenho recebido, não posso fazê-lo
com a boa consciência. Eu prefiro usar o verdadeiro Nome comum ao Pai e ao
Filho, pois o Senhor mandou a batizar “em o Nome” e não num termo de relação
que nem sequer é nome próprio. Senhor, ajuda aos amados irmãos a compreender
que “Pai” e “Filho” não são, de maneira alguma, nomes próprios e sim títulos e
manifestações do único Deus.
Reconhecendo
que toda a Divindade estava sempre presente em Jesus, os apóstolos batizavam
usando ou uma parte ou todo o Seu Nome — às vezes “Jesus Cristo” e outras vezes
“Senhor”, ou “Senhor Jesus” (Atos 2: 38; 8:16; 10: 48; 19: 5). Mas não existe a
mais leve sugestão, do primeiro Sermão no dia de Pentecostes até a morte do
último apóstolo, que tivessem entendido que Jesus queria que usassem a frase
literal de Mateus 28:19 em vez de usar “O NOME”. Mas quando a Igreja perdeu o
segredo desse Nome, ela então começou a cair no liberalismo e formalismo, sem
entender o verdadeiro significado e propósito das formas que estavam usando.
Agora Deus está restaurando a visão espiritual do poderoso Jeová-Cristo, as
Maravilhas em Seu Nome e Cristo cada dia se torna maior e mais glorioso diante
a nossa visão.
A DEIDADE ABSOLUTA DO SENHOR JESUS CRISTO
Teólogos
Unicistas identificam Jesus Cristo como a encarnação do único Deus, baseando-se
em uma interpretação literal de Colossenses 2:9-10 que diz, "Porquanto
nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Também nele estais
aperfeiçoados, Ele é o cabeça de todo principado e potestade.” Todos os nomes e
títulos da Deidade — assim como Yahweh, Pai e Espírito Santo - podem ser
aplicados propriamente a Jesus. Jesus não é a mera encarnação de uma pessoa de
uma Trindade, mas a encarnação de todo o caráter, qualidade e personalidade do
único e indivisível Deus.
A
Unicidade afirma em termos fortes que Jesus é Deus, o mesmo do Antigo
Testamento, e sustenta que os escritores do Novo Testamento tencionavam isto
quando chamavam Jesus de Deus. Isto é, o único e somente Deus do Antigo
Testamento se encarnou como Jesus Cristo. “Deus estava em Cristo reconciliando
consigo o mundo” (II Coríntios 5:19). Para usar a terminologia bíblica, Jesus é
a imagem do Deus invisível. Deus
manifesto em carne, nosso Deus e Salvador, e a expressa imagem da substância de
Deus. W. A. Críswell, pastor da Primeira Igreja Batista de Dallas. Texas, e que
no passado foi presidente da Convenção Batista do Sul, descreveu a deidade de
Cristo em termos idênticos aos usados pelos unicistas nos seus Sermões
Expositivos Sobre o Apocalipse.
Freqüentemente
não entendo as pessoas que pensam que no céu verão três Deuses. Se você pensa
que verá três Deuses, então o que os Muçulmanos dizem acerca de você é verdade,
e que o seu vizinho Judeu diz acerca de você é verdade. Você não é um
monoteísta, você é um politeísta. Você crê numa multiplicidade de Deus, plural.
“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. Conhecemos Deus como nosso
Pai, conhecemos Deus como nosso Salvador e conhecemos Deus pelo Seu Espírito em
nossos corações. Mas não há três Deuses. O verdadeiro Cristão é um monoteísta.
Há um Deus”. Eu e o Pai somos um.” “Quem me vê
a mim, vê o Pai.”Jo.14:9. É o Senhor Deus quem fala. É Ele a quem João
viu quando voltou-se. O único Deus que você verá é o Senhor Deus a quem João
viu na visão do candelabro. O único Deus que você sentirá é o Espírito do
Senhor Deus em seu coração. O único Deus que existe: é o grande Pai de todos
nós. O único Senhor Deus. é Cristo. No Antigo Testamento nós O chamamos de
Yahweh(Jeová). No Novo Testamento, a Nova Aliança, nós O chamamos de Jesus. Hoje,
o único grande Deus, apresenta-se em autoridade e em juízo e em dignidade
judicial entre Suas Igrejas velando por nós. “Eu vi um semelhante [um grande
símbolo místico] a Filho de homem É o próprio Senhor Deus que virá, pois Cristo
Jesus é o Deus do Universo. Não veremos três Deus no céu. Nunca pense que na
glória nós veremos Deus Nº 1 e Deus Nº 2 e Deus Nº 3. Não! Somente há um Senhor
Deus. Nós O conhecemos como nosso Pai, nós conhecemos como nosso Salvador, nós
o conhecemos como o Espírito Santo em nossos corações. Há um Deus e este é o
grande Deus, que foi chamado no Antigo Testamento, Yahweh(Jeová), e, no Novo
Testamento manifestado em carne, é chamado de Senhor Jesus Cristo. o Príncipe
dos céus, aquele que virá .
A Unicidade atribui ao Senhor Jesus todos os
títulos da Deidade
* Jesus é o Yahweh(Jeová) do Antigo
Testamento. Isto é estabelecido ao examinar muitas declarações do Antigo
Testamento concernentes a Yahweh(Jeová) que o Novo Testamento atribui ao Senhor
Jesus. Por exemplo, em Isaias 45:23 Yahweh(Jeová) disse. “Diante de mim se
dobrará todo o joelho, e jurará toda língua, mas em
Romanos 14:10-11 e Filipenses 2:10-l1, Paulo
aplica esta profecia à Jesus Cristo. O Antigo Testamento descreve Yahweh(Jeová)
como Todo Poderoso. Eu sou, único Salvador. Senhor dos senhores, Primeiro e
Ultimo, único Criador, único Santo, Redentor, Juiz, Pastor e Luz; no entanto o
Novo Testamento atribui todos estes títulos ao Senhor Jesus Cristo.
*Jesus é o Pai. “E o seu nome será... Deus
Forte, Pai da Eternidade,” (Isaias 9:6). “Eu e o Pai somos um" (João
10:30). “O Pai está em mim, e eu estou no Pai” (João 10:38). Quem me vê a mim,
vê o Pai” (João 14:9). O Senhor Jesus é o pai os vencedores (Apocalipse
21:6-7), e Ele prometeu não deixar os Seus discípulos órfãos (João 14:18). A
Bíblia atribui muitas obras a ambos, tanto ao Pai como ao Senhor Jesus:
ressuscitar o corpo de Cristo, enviar o Consolador, atrair os homens a Deus,
responder orações, santificar crentes e ressuscitar os mortos.
* O Espírito Santo é literalmente O Espírito
que estava em Jesus Cristo. “ 0 Espírito da verdade.., habita convosco, e
estará em vós. Não vos deixarei órfãos, voltarei para vos outros" (João
14:17-18). “O Senhor é o Espírito" (II Coríntios 3:17). O Espírito Santo é
o Espírito do Filho e o Espírito de Jesus Cristo (Gálatas 4:6: Filipenses
1:19). O Novo Testamento atribui as seguintes obras tanto a Jesus como ao
Espírito Santo: mover sobre os antigos profetas, ressuscitar o corpo de Cristo,
ser o Consolador, dar palavras aos crentes na hora da perseguição, interceder,
santificar, e habitar nos crentes. Apesar de não rejeitar o trinitarianismo,
Lewis Smedes reconheceu. “A experiência do Espírito é a experiência com o
Senhor. Na época atual, o Senhor é o Espírito.., O Espírito é Jesus, o que foi
assunto, operando na terra... O Espírito é Cristo em sua função redentora...
Isto sugere que nós não cumprimos o propósito bíblico ao insistir que o
Espírito como uma pessoa que é separada da pessoa cujo nome é Jesus.
Finalmente,
os que ensinam a Unicidade identificam o Senhor Jesus como Aquele que se
assenta no trono celestial, ao comparar a descrição de Jesus em Apocalipse 1
com o daquele assentado no trono em Apocalipse 4, e notar que "Deus e o
Cordeiro” é um só ser em Apocalipse 22:3-4. Conforme Bernard Ramm, os
trinitários são ambíguos quanto ao fato de verem um ser divino ou três seres
divinos no céu, mas os crentes Unicistas rejeitam firmemente qualquer noção de
três seres visíveis como triteismo.
4.6
- O PAI E O FILHO NO TRONO
A
conclusão do livro de Apocalipse contém promessas maravilhosas para todos os
cristãos. O último capítulo da Bíblia começa descrevendo o rio da água da vida
nos seguintes termos:
“Então
me mostrou o rio da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do
Cordeiro.” - Apocalipse 22:1.
O
livro do Apocalipse menciona apenas o trono de Deus e do Cordeiro. Onde está a
pomba ou espírito Santo no trono? O verso 3 do mesmo capítulo repete a
informação:
“Nunca
mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os
seus servos o servirão.” - Apocalipse 22:3.
A
Bíblia não afirma que há dois assentados no trono: O Pai e seu Filho Jesus
Cristo assentado a sua direita. Como pode ser isso. Veja outros versos:
“Desde
agora estará sentado o Filho do homem à direita do Todo-poderoso Deus.” - Lucas
22:69.
“Jesus...
está assentado à destra do trono de Deus” - Hebreus 12:2.
* Dizer que Jesus está à mão direita de Deus
não significa uma posição física de dois seres com dois corpos. pois Deus é um
Espírito e não tem um corpo físico fora
de Jesus Cristo. Tal ponto de vista seria distinguível do diteismo. Antes, a
frase é uma expressão idiomática do Antigo Testamento, denotando que Cristo
possui todo o poder, autoridade, e preeminência de Deus. Destra é poder e não
lugar ao lado, pois Deus é Espírito, o Senhor Jesus está no poder Ele é o
Senhor da glória. Confira outros versos que afirmam que Cristo está á direita
de Deus, mas não indicam a posição relativa do espírito Santo neste trono
porque Deus é Espírito e é Santo: Mateus 22:44; 26:64; Marcos 12:36; 14:62;
16:19; Lucas 20:42 e 43; Atos 2:33-35; 7:55 e 56; Romanos 8:34; Efésios 1:20;
Colossenses 3:1; Hebreus 1:3 e 13; 8:1; 10:12; I Pedro 3:22; Apocalipse 5:1-7.
CONTESTANDO O TRINITARIANISMO
Nesta
seção vamos comentar alguns textos bíblicos comumente usados para defender a
teoria da trindade e o espírito Santo como sendo uma pessoa distinta. Com a
crescente aceitação por parte dos estudiosos de que I João 5:7 e 8 foi uma
adição posterior à elaboração do original, estando já ausente de muitas versões
fiéis ao original, a responsabilidade de sustentar a teoria trinitariana recaiu
fortemente sobre Mateus 28:19 e João 14:16, que falam respectivamente sobre o
batismo “em nome do Pai, do Filho e do espírito Santo” e sobre o “outro”
Consolador prometido por Cristo.
Além
destes textos, os defensores da teoria da trindade costumam alegar que algumas
ações do espírito de Deus são próprias de pessoas, além disso existem versos
que citam o Pai, o Filho e o espírito. Tais referências, segundo os
trinitarianos, serviriam como evidências da existência da trindade. Antes de
comentar estes textos, é importante ressaltar que a palavra trindade não
aparece em nenhum lugar na Bíblia e que esta teoria foi aceita como doutrina
apenas por volta do quarto século da era cristã.
Vale
ainda salientar que a Bíblia não revela muitos mistérios e não devemos
especular, mas existe uma grande diferença entre “Mistérios não Revelados ao
Homem” e atentados à lógica. A doutrina da trindade não é um mistério, é um
atentado à lógica, especialmente por violentar o mais elementar conceito sobre
quantidade: Três deuses constituem um só Deus.
Essa
violência só seria admissível com uma explicação bíblica, para isso como já
citamos, os trinitarianos apresentam três textos para “provar” a existência da
trindade: I João 5:7, Mateus 28:19 e João 14:16.
Façamos
uma análise detalhada dos dois primeiros textos:
“Pois
há três que dão testemunho [no céu: o Pai, a Palavra e o espírito Santo; e
estes três são um. E três são os que testificam na terra: o espírito, a água e
o sangue, e os três são unânimes num só propósito.” (I João 5:7-8).
“Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do espírito Santo.” (Mateus 28:19).
Procedendo
uma leitura superficial do texto, tem-se a impressão da existência de uma
trindade, mesmo porque o texto de I João fala que existem três no Céu e que os
três são um, Mateus afirma que devemos ser batizados em nome do Pai, e do Filho
e do espírito Santo. No entanto nenhuma doutrina é estabelecida baseando-se em
apenas um ou dois textos da Bíblia, ou sem analise do contexto em que o texto
está inserido.
No
Livro de Isaías encontramos a formula na qual toda verdadeira doutrina deve ser
fundamentada:
“Porque
é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e
mais regra; um pouco aqui, um pouco ali.” (Isaías 28:10).
5.1
- “Estes Três São Um” - I João 5:7
“Pois
há três que dão testemunho [no céu: o Pai, a Palavra, e o espírito Santo; e
estes três são um. E três são os que testificam na terra]: o espírito, a água e
o sangue, e os três são unânimes num só propósito.” - I João 5:7.
Não
há dúvidas. Este texto é o único que afirma claramente que o Pai, o Filho e o
espírito Santo são um sem necessidade de interpretação particular. Seria uma
prova perfeita da existência da trindade, caso não fosse um texto
comprovadamente apócrifo, um texto adicionado posteriormente que não consta nos
manuscritos mais antigos.
A
maioria das traduções fiéis já omitiu este verso. A Bíblia de Jerusalém, uma
das versões mais fiéis ao original que dispomos em português, omite tal verso e
adiciona a seguinte nota marginal:
“O
texto dos vv. 7-8 está acrescido na Vulgata de um inciso ausente dos antigos
manuscritos gregos, das antigas versões e dos melhores manuscritos da Vulgata,
o qual parece ser uma glosa marginal introduzida posteriormente no texto.”
Na
edição João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada I João 5:7 está entre
colchetes com a seguinte explicação no início do Novo Testamento:
“Todo
conteúdo entre colchetes é matéria da Tradução de Almeida, que não se encontra
no texto grego adotado.”
A
nota de rodapé do texto grego diz o seguinte:
“O
texto dos versículos 7 e 8 entre colchetes na Almeida Revista e Atualizada
nunca fez parte do original. Os manuscritos mais antigos que contém o texto são
da Vulgata Latina do século XVI.”
Texto
adulterado:
“Pois
há três que dão testemunho [no céu: o Pai, a Palavra, e o espírito Santo; e
estes três são um. E três são os que testificam na terra]: o espírito, a água e
o sangue, e os três são unânimes num só propósito.” - I João 5:7.
Texto
original:
“Pois há três que dão testemunho: o espírito,
a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito.” - I João 5:7
Percebe-se
claramente que houve uma ousada tentativa de adulteração da Palavra de Deus a
fim de introduzir o dogma da Santíssima trindade que nunca esteve claro na
Bíblia. Será que esta foi a única tentativa dos padres trinitarianos? Ou será
que eles tentaram adulterar outros textos para tornar do dia para a noite a
doutrina da trindade um ensino bíblico? Quantos textos bíblicos foram
adulterados em favor da teoria trinitariana?
É
muito difícil responder a estas questões pois não temos o original grego
escrito pelos apóstolos. É relativamente fácil identificar uma adulteração
trinitariana feita no século 16 (exemplo I João 5:7), mas o mesmo não pode se
afirmar com relação a adulterações mais antigas, principalmente as adulterações
anteriores ao quarto século.
Apesar
de haver evidências suficientes de que alterações foram feitas para
“beneficiar” algumas doutrinas pagãs, podemos confiar na Palavra de Deus pois
ela mantém a verdade original sem perda de essência. Mesmo que haja algum tipo
de adulteração, o Senhor nos revelará como fez com I João 5:7 através de provas
incontestáveis ou através de fortes evidências como veremos a seguir.
Crer na Unicidade não significa negar o Pai, o
Filho, e Espírito Santo. Ela simplesmente oferece definições não trinitária
para estes termos bíblicos. O título de Pai refere-se ao papel de Deus como pai
de toda a criação, pai do Filho unigênito e pai de todo o crente nascido de
novo. O título de Filho refere-se à encarnação de Deus, pois o homem Jesus
Cristo foi literalmente concebido pelo Espírito de Deus (Mateus 1 : 18-20;
Lucas 1:35). O título de Espírito Santo descreve a característica fundamental
da natureza de Deus. A santidade forma a base de Seus atributos morais,
enquanto a espiritualidade forma a base dos Seus atributos não morais. O título
especificamente refere-se a Deus em atividade, particularmente Seu trabalho de
ungir, regenerar, e habitar no homem.
Portanto,
a Unicidade afirma os múltiplos papéis e funções descritos pelos termos Pai,
Filho e Espírito. No entanto, diferente do trinitarianismo, ela nega que estes
três títulos reflitam uma triplicidade essencial na natureza de Deus e afirma
que todos os títulos aplicam-se a Cristo simultaneamente. Os termos podem
também ser entendido na revelação de Deus ao homem: Pai refere-se a Deus em seu
relacionamento familiar com o homem; Filho refere-se a Deus manifestado em
carne; e Espírito refere-se a Deus em atividade. Por exemplo, um homem pode ter
três relacionamentos significativos ou funções - assim como administrador,
professor, e conselheiro - e ainda ser uma só pessoa no pleno sentido da
palavra. Deus não define-se e nem limita-se a uma triplicidade essencial.
Como
já vimos, a natureza divina de Jesus Cristo o Filho de Deus é identificado como
o Pai e o Espírito Santo. Além do mais, o Pai e o Espírito Santo são
identificados como um único e mesmo ser: o termo Espírito Santo descreve o que
o Pai é, O Espírito Santo é literalmente o Pai de Jesus, desde que Jesus foi
concebido pelo Espírito Santo. A Bíblia chama o Espírito Santo o Espírito de
Jeová, o Espírito de Deus e o Espírito do Pai. A Bíblia atribui muitas das
obras de Deus o Pai ao Espírito também, assim como ressuscitar Cristo e
habitar, consolar, santificar e ressuscitar os santos.
Os
que ensinam a Unicidade oferecem as seguintes explicações para passagens do
Novo Testamento muitas vezes usadas para demonstrar a existência de uma
Trindade.
*
Referências no plural ao Pai e o Filho simplesmente fazem distinção entre a
deidade e a humanidade de Cristo.
Outras referências a Deus no plural fazem
distinção entre várias manifestações, atributos, papéis ou relacionamentos que
o único Deus tem. Por exemplo, II Coríntios 13:13 descreve três aspectos,
atributos, ou obras de Deus ¬graça, amor, c comunhão - e os liga com nomes ou
títulos que correspondem mais diretamente com estas qualidades ¬Senhor Jesus
Cristo, Deus, e Espírito Santo. Assim também, em I Pedro 1:2 menciona a
presciência de Deus Pai, a santificação do Espírito, e o sangue de Jesus.
*
O batismo de Cristo não pretendia apresentar aos judeus devotos espectadores
uma doutrina nova radical de pluralidade na Divindade, mas significativa a
unção autorizada de Jesus como o Messias. Uma compreensão correta da
onipresença de Deus dissipa qualquer noção que a voz celestial e a pomba
requerem pessoas separadas.
* A descrição de Cristo do Espírito Santo com
o “ou¬tro Consolador” em João 14 indica uma diferença de forma ou de
relacionamento, isto é, Cristo em Espírito antes do que em carne.
* João 17 fala da união do homem Cristo com o
Pai. Como um homem. Cristo era um com Deus em mente, propósito e vontade. e nós
podemos ser um com Deus neste sentido. Entretanto, outras passagens ensinam que
Cristo é um com Deus num sentido que nós não podemos ser, porque Ele é o
próprio Deus.
* Dizer que Jesus está à mão direita de Deus
não significa uma posição física de dois seres com dois corpos. pois Deus é um
Espírito e não tem um corpo físico fora de Jesus Cristo. Tal ponto de vista
seria distinguível do diteismo. Antes, a frase é uma expressão idiomática do
Antigo Testamento, denotando que Cristo possui todo o poder, autoridade, e
preeminência de Deus.
* As Epístolas de Paulo incluem tipicamente
uma saudação tais como: "Graça a vós outros e paz da parte de Deus nosso
Pai e do Senhor Jesus Cristo” (Romanos 1:7). Isto enfatiza a necessidade de
reconhecer não somente os papéis de Deus como Pai e Criador, mas também a
revelação de Deus em carne como Jesus Cristo. A conjunção Grega kai pode significar
mesmo”, identificando assim o Pai e Jesus como o mesmo ser. Em passagens
semelhantes, tais como II Tessalonicenses 1:2 e Tito 2:13, deve-se aplicar a
lei de Granville Sharp: Se dois substantivos próprios do mesmo gênero, número,
e caso são ligados com kai, e se o primeiro tem o artigo definido e o segundo
não, então ambos falam da mesma pessoa.
*
“O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo:” denota um relacionamento de
aliança assim como " o Deus de Abraão.” Isto serve para nos lembrar das
promessas que o Senhor Jesus Cristo conquistou como um homem sem pecado,
promessas do “Deus de Jesus Cristo,, que estão disponíveis àqueles que têm fé
em Cristo.
*
O kenosis de Cristo descrito em Filipenses 2:6-8 não significa que Cristo se
esvaziou dos atributos divinos, como onipresença, onisciência e onipotência,
senão Cristo seria meramente um semideus. O Espírito de Cristo reteve todos os
atributos da deidade mesmo quando Ele manifestou todo o Seu caráter em carne.
Esta passagem somente referem-se às limitações de Cristo imposta nEle relativa
a Sua vida humana. O kenosis foi uma rendição voluntária de glória, dignidade e
prerrogativas divinas, não uma abdicação de Sua natureza divina. A união de
deidade e humanidade que era Jesus Cristo, era igual a Deus e procedia de Deus,
mas se tornou humilde e obediente até a morte.
*
A visão daquele sobre o trono e do Cordeiro em Apocalipse 5 é apenas simbólica.
Aquele que se assenta no trono representa toda a Deidade, enquanto o Cordeiro
representa o Filho em Seu papel sacrifical humano.
O FILHO
Conforme temos visto, os expoentes da
Unicidade explicam que o termo Filho fala da manifestação do único Deus em
carne. Eles afirmam que Filho pode referir-se à natureza humana de Cristo
somente (como em “o Filho morreu”) ou à união de deidade e humanidade (como em
“o Filho voltará à terra em glória”). Entretanto, eles insistem que o termo não
pode ser usado quando separado da encarnação de Deus; nunca pode apenas
referir-se à deidade. Eles rejeitam o termo Deus Filho,” não bíblico, a
doutrina do Filho eterno, e a doutrina da geração eterna.’A frase “o Filho
unigênito” não refere-se ao fato que o Filho foi gerado do Pai, por uma geração
espiritual inexplicável, mas refere-se à concepção miraculosa de Jesus no
ventre da virgem pelo Espírito Santo.
Para
estabelecer o princípio da existência do Filho. Os crentes Unicistas indicam as
seguintes passagens das Escrituras: "Descerá sobre ti o Espírito Santo e o
poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente Santo
que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35). “Vindo, porém, a
plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei” (Gálatas 4:4). “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” (Hebreus 1:5). Eles
apontam para o tempo em que o papel distinto do Filho terminará, quando o
propósito redentor para o qual Deus se manifestou em carne não existirá mais.
Isto não implica que o corpo imortal glorificado de Cristo deixará de existir,
mas que a obra de mediador e o reinado do Filho findarão. O papel do Filho será
imergido pela grandeza de Deus, que permanecerá em Seu papel original como Pai.
Criador. e Soberano de todas as coisas. “Então o próprio Filho também se
sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos”
(1 Coríntios 15:28).
Os
crentes Unicistas enfatizam as duas naturezas de Cristo, usando este fato para
explicar as referências no plural ao Pai e Filho contidas nos Evangelhos. Como
Pai. O Senhor Jesus as vezes agia e falava de Sua auto-consciência divina: como
Filho Ele algumas vezes agia e falava de Sua autoconsciência humana.’ As duas
naturezas nunca entravam em conflito, porque elas estavam unidas em uma só
pessoa.
Apesar
de darem ênfase às duas naturezas de Cristo, os que ensinam a Unicidade têm
dado inadequada atenção à muitas áreas da Cristologia. Alguns têm feito
declarações que parecem de Apolinário [que defendia o adocianismo, ou seja que
Jesus foi adotado à posição de Filho de Deus: por um ato de Deus]. pois deixam
de definir e usam termos com precisão. mas estudiosos da Unicidade rejeitaram
opressivamente esta implicação. A Unicidade se desenvolveu cuidadosamente, pode
ser vista como compatível com a formulação Cristológica do Concílio de
Calcedânia, isto é que Cristo tem duas naturezas completas — deidade e
humanidade — mas é somente uma pessoa. Entretanto, os crentes Unicistas não se
baseiam nos credos para formular posições doutrinárias, mas baseiam-se apenas
nas Escrituras, que revelam a plena deidade de Cristo, a plena humanidade de Cristo,
e a união essencial e total de deidade e humanidade na Encarnação.
Em
alguns casos, os crentes Unicistas têm tomado posições Cristológicas não
somente inconsistente com a Calcedônia, mas também com a sua própria posição na
Unicidade. Por exemplo, alguns têm explicado o clamor de Cristo na cruz, “Deus
meu. Deus meu porque me desamparaste?” como sinal que o Espírito de Deus deixou
Jesus naquele momento. Este ponto de vista não apenas destrói a união da pessoa
de Cristo, mas também afeta a crença em sua deidade absoluta. E mais
consistente ver isso como expressando a punição que Cristo sofreu quando Ele
tomou sobre Si os pecados do mundo. Ele de fato provou a morte por todos os
homens; Ele sentiu a separação total de Deus que o pecador sentirá na eternidade.
Entre
os meios Unicistas existem várias opiniões acerca da possibilidade de Cristo
pecar. Uma aplicação consistente de princípios da Unicidade indicaria que
Cristo era irrepreensível. As vezes, alguém diz que Jesus conscientizou da Sua
deidade ou tornou-se plenamente divino em algum momento de Sua vida adulta,
como por exemplo em Seu batismo. Esta posição é inconsistente com as doutrinas
Unicistas do Filho gerado. e da absoluta deidade de Cristo. E é portanto
rejeitada pelo movimento.
Os
que ensinam a Unicidade dão as seguintes explicações para dúvidas levantadas
com respeito à Sua doutrina do Filho.
*
De acordo com Hebreus 1:2, Deus criou o mundo através do Filho. Certamente. o
Espírito (Deus) que estava no Filho era também o Criador do mundo. Esta passagem
também pode indicar que baseou a inteira obra da criação sobre a fritura
manifestação do Filho. Deus na Sua presciência sabia que o homem pecaria, mas
Ele também sabia que através do Filho o homem poderia ser salvo e poderia
cumprir o propósito original de Deus na criação. Como John Milier declarou,
“Apesar de Ele não tomar sobre Si a humanidade até a plenitude do tempo, no
entanto Ele a usou. e agiu através dela, desde a eternidade. "
*
Hebreus 1:6, o Filho é chamado de primogênito ou primeiro a nascer. Uma
interpretação deste versículo segundo Ário diria que Deus criou um Filho divino
antes de qualquer coisa que Ele criou, porém isto não é inconsistente com a
teologia da Unicidade, e este movimento rejeita firmemente qualquer forma de
Arianismo. O Filho é o primogênito no sentido da humanidade: (1) Ele é o Filho
primogênito e o unigênito. tendo sido concebido pelo Espírito: (2) A Encarnação
existiu na mente de Deus desde o princípio e formou a base para todas as ações
subseqüentes; (3) Como homem. Jesus é o primeiro a vencer o pecado, e é
portanto O primogênito da família espiritual de Deus; (4) Como homem. Jesus é o
primeiro a vencer a morte, e é portanto o primogênito da ressurreição; (5)
Somente como primogênito tem a posição de preeminência. Jesus também é o cabeça
de toda a criação e da igreja.
*
Jesus existiu antes da Encarnação, não como Filho eterno mas como o eterno
Espírito de Deus. O Filho foi enviado do Pai, mas esta terminologia
simplesmente indica que o Pai estava colocando em ação o plano preexistente em
um certo momento. E que o Filho foi divinamente apontado para concluir uma
tarefa específica. Do mesmo modo. João Batista foi um homem enviado por Deus,
mas ele não existiu antes da sua chegada ao mundo.
*
As orações de Cristo representam a luta da vontade humana, submetendo-se à
vontade divina. Elas representam Jesus orando de Sua auto-consciência humana e
não da divina, pois Deus não precisa orar. Assim podemos explicar outros
exemplos da inferioridade do Filho em poder e conhecimento. Se estes exemplos
demonstram uma pluralidade de pessoas, eles estabelecem a subordinação de uma
pessoa à outra, ao contrário da doutrina trinitariana de igualdade.
*
Outros exemplos de comunicação, conversação ou expressão de amor entre Pai e
Filho são explicados como comunicação entre as naturezas divina e humana de
Cristo. Se usado para demonstrar uma distinção de pessoas; eles estabeleceriam
centros de consciência separado na Divindade, que é de fato politeísmo.
O
LOGOS
O Logos (Verbo) de João 1, não é equivalente
ao título Filho na Teologia Unicista Como é no trinitarianismo. O Filho está
limitado à Encarnação, mas o Logos não está. O Logos é a auto-expressão de
Deus, “a maneira de Deus de auto-revelar-se” ou “Deus se expressando.” Antes da Encarnação, o Logos era o pensamento
inexpressado ou o plano na mente de Deus, e era real como nenhum pensamento
humano pode ser, devido a perfeita presciência de Deus, e no caso da
Encarnação, devido a predestinação de Deus. No princípio, o Logos estava com Deus,
não como uma pessoa separada mas com o próprio Deus — parte de Deus e pertencente a Deus, assim
como um homem e sua palavra. Na plenitude do tempo Deus colocou carne no Logos;
Ele expressou a Si mesmo em carne.
TEOLOGIA DO NOME
A Unicidade dá forte ênfase à doutrina do nome
de Deus como expressado tanto no Antigo como no Novo Testamento. Para as
pessoas dos tempos bíblicos, “o nome é uma parte da pessoa, (uma extensão da
personalidade) do individuo”. Especificamente, o nome de Deus representa a revelação
da Sua presença, caráter, poder e autoridade. No Antigo Testamento. Yahweh (Jeová) era o nome redentor de Deus e o nome
singular pelo qual Ele distinguiu-se dos deuses falsos. Todavia. no Novo
Testamento, os que ensinaram a Unicidade afirmam que Deus acompanhou a
revelação de Si próprio em carne com um novo nome. Este nome é Jesus, que
inclui e toma o lugar de Yahweh, pois literalmente significa Yahweh — Salvador,
ou Yahweh é Salvação. Apesar de outros levarem o nome Jesus, o Senhor Jesus
Cristo é o único que realmente é o que o nome descreve.
Enquanto
os trinitarianos vêem o nome Jesus como o nome humano de Deus Filho, os crentes
Unicistas vêem este nome como o nome redentor de Deus no Novo Testamento, que
tem o poder e a autoridade que a igreja necessita. Eles apontam para estas
passagens das Escrituras: “Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”
(João 14:14). “E não há salvação em nenhum outro: porque abaixo do céu não
existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos” (Atos 4:1 2). “Por meio de seu nome, todo o que nele crê recebe
remissão de pecados” (Atos 10:43). “Pelo que também Deus e o exaltou
sobremaneira. e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de
Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra” (Filipenses
2:9-10). “E tudo o que fizerdes, seja em palavras, seja em ação, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” (Colossenses 3:17).
Eles
notam que a Igreja Primitiva orava, pregava, ensinava, curava os enfermos,
operava milagres, expulsava demônios e batizava no nome de Jesus. O nome de
Jesus não é uma fórmula mágica: ele só tem efeito através da fé em Jesus e de
um relacionamento com Ele. Todavia o Cristão deve usar o nome de Jesus falando
em oração e no batismo, como uma expressão externa de fé em Jesus e obediência
à Palavra de Deus.
FÓRMULA PARA O BATISMO NAS ÁGUAS
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as
nações, batizando-os em nome do Pai , e do Filho, e do espírito Santo.” (Mateus
28:19).
Com
a generalizada aceitação de que I João 5:7 é um texto espúrio, o peso da defesa
da trindade caiu fortemente sobre Mateus 28:19 que passou a ser o verso
preferido dos defensores da teoria da trindade. A razão é simples: nenhum outro
verso bíblico coloca no mesmo patamar o Pai, o Filho e o espírito Santo, ou
seja, a famosa e consagrada expressão “em nome do Pai, do Filho e do espírito
Santo” que não aparece em nenhum outro lugar na Bíblia - apenas em Mateus
28:19.
No
entanto, esta fórmula batismal tem trazido controvérsia entre os estudiosos por
diversas razões:
• A sugestão de existência de uma
trindade não se coaduna com a crença do público alvo do livro (os judeus).
• O contexto (verso 18) diz que a
autoridade foi dada a Cristo o que sugeriria, naturalmente, uma ação posterior
em nome de quem tem e delega a autoridade, no caso, em nome de Cristo Jesus
apenas.
• Os batismos realizados posteriormente
pelos discípulos foram em nome de Jesus apenas.
• Todas as orientações de Cristo e as
ações dos discípulos (orações, milagres, expulsão de demônios, advertências,
reuniões e pregações,...) foram em nome de Jesus e não em nome do Pai, do Filho
e do espírito Santo.
• Há evidências tangíveis de que a fórmula
batismal trinitariana não conste do original, mas tenha sido adicionada
posteriormente.
A
teologia do Nome e a rejeição do trinitarianismo exige o uso de uma fórmula
batismal Cristológica. O movimento Unicista ensina que o batismo nas águas deve
ser administrado invocando o nome do Senhor Jesus. Geralmente os títulos de
Senhor ou Cristo, são usados como uma identificação adicional, como foi feito
no Livro dos Atos. Expoentes da Unicidade mostram que cada vez que a Bíblia
descreve a fórmula usada em um batismo, sempre descreve o nome de Jesus (Atos
2:38: 8:16; 10:48; 19:5: 22:16). Além destes relatos históricos no Livro de
Atos, as epístolas usam muitas alusões à fórmula batismal do nome de Jesus
(Romanos 6:4: I Coríntios 1:13; 6:11; Gálatas 3:27: Colossenses 2:12).
Mateus
28:19 dá atenção especial, porque é a única passagem bíblica que possivelmente
poderia ser interpretada como uma alusão a qualquer outra fórmula. É explicado como segue:
*
A gramática do versículo denota um nome singular. Sendo que Jesus é ao mesmo
tempo Pai, Filho e Espírito e sendo que Ele veio em nome de Seu Pai e enviará o
Espírito em Seu nome. o único nome de Mateus 28:19 tem que ser Jesus. Muitos
trinitários reconhecem que o nome é singular e identificam-no como Yahweh. ‘
Crentes Unicistas mostram que o nome salvador de Deus no Novo Testamento não é
Yahweh mas Senhor Jesus.
O
contexto exige uma fórmula Cristológica. De fato. Cristo disse. ‘Eu tenho toda
a autoridade, portanto ide e fazei discípulos, batizando- os em meu nome. Outra
vez, muitos estudiosos trinitários reconhecem a força deste argumento.
Conseqüentemente argumentam que este versículo não relata a ipsissima verba
[palavra exata] de Jesus. mas que é uma paráfrase por Mateus ou mesmo uma
mudança litúrgica feita por copistas. E importante notar que Fusébio muitas
vezes citou este versículo perante o Concílio de Niceia, dizendo "em meu
nome." Outros trinitários propõem que a igreja originalmente não via este
versículo como uma fórmula batismal. Para crentes Unicistas que aceitam as
palavras de Mateus 28:19 como estão, isto não apresenta um problema textual;
eles vêem as palavras existentes como uma descrição da fórmula do nome de
Jesus.
*
Os relatos paralelos da Grande Comissão em Marcos 16 e Lucas 24. ambos
descrevem o nome de Jesus.
*
A Igreja Primitiva. que incluía Mateus. cumpriu as instruções de Cristo,
batizando em nome de Jesus.
Enquanto
historiadores da Igreja de um modo geral concordam em que a fórmula original do
batismo era realmente "em o nome de Jesus nem todos os trinitarianos
concordam que esta frase bíblica denota invocar oralmente o nome de Jesus. Os
que ensinam a Unicidade acham que sim porque:
* Esta é a maneira mais natural e literal de
ler.
* Em Atos 22:16. Ananias falou para Paulo
invocar o nome do Senhor no batismo.
* Atos 15:7 e Tiago 2:7. indicam que o nome de
Jesus foi invocado por cristãos em várias ocasiões específicas. Neste último
versículo. The Amplified Bible [A Bíblia Amplificada versão no inglês]
identifica isto como o batismo nas águas.
* Quando os discípulos oravam. impunham as
mãos sobre os doentes. e expulsavam demônios "em nome de Jesus,” eles
sempre invocavam oralmente o nome (Atos 3:6; 16:18; 19:13).
*
A frase realmente significa o poder e autoridade de Jesus, mas o poder e
autoridade representado por um nome é sempre invocado por usar de fato o nome
próprio.
* Se esta frase não descreve uma fórmula
batismal, então nem Mateus 28: 19, já que a construção gramatical é idêntica.
Todavia, isto deixaria a igreja sem qualquer meio para distinguir o batismo
cristão do batismo pagão, do batismo judaico de prosélitos, e do batismo de
João.
*
Apesar de haver diferenças nas palavras exatas ditas em cada relato batismal,
todos (inclusive Mateus 28:19) descrevem o mesmo nome: JESUS.
Passaremos
a analisar cada uma destas causas de controvérsias, antes porém, algumas
palavras importantes sobre a confiabilidade e integridade bíblica.
5.3
- INTEGRIDADE BÍBLICA
“Ao
falar acerca destes assunto, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas,
nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis
deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição
deles.” - II Pedro 3:16.
O
apóstolo Pedro declarou que nas Escrituras Sagradas há certas coisas difíceis
de entender. A dificuldade vem em decorrência de alguns fatos incontestáveis:
(1) Algumas pessoas “ignorantes e instáveis” aproveitam-se de alguns pontos
isolados para impor seus ensinos particulares - ignoram a regra geral e
apegam-se fortemente nas exceções. (2) A mensagem de Deus é infinitamente
profunda e nós somos limitados. A fonte de que dispomos, a Bíblia, foi escrita
em linguagem humana, traduzida para outros idiomas igualmente limitados e
sujeitos a falhas de interpretação.
VAMOS CITAR UM EXEMPLO DA FRAGILIDADE DA
LINGUAGEM HUMANA NA INTERPRETAÇÃO DE VERSOS ISOLADOS:
“Respondeu-lhe
Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” - Lucas 23:43.
Esta
célebre promessa de Cristo ao “bom ladrão” é freqüentemente usada por pessoas
que acreditam que após a morte o crente vai imediatamente para o paraíso. De
fato, se Cristo prometeu que naquele mesmo dia estaria com o ladrão no paraíso,
então isso mostra que herdamos o paraíso no mesmo dia de nossa morte. Isso é
verdade?
Sabemos
que infelizmente, devido a uma fragilidade e limitação do idioma e da tradução,
pode haver em um ou outro texto algum tipo de imprecisão. Mas tais imprecisões
não devem nos desanimar em estudar com afinco a Palavra de Deus, pelo
contrário, é estudando arduamente que teremos uma visão melhor do todo e tais
textos poderão ser bem compreendidos sob a luz de outros textos. Acreditamos
plenamente que Deus preservou sua Palavra ao longo dos séculos e que não houve
perda de sua essência. Quando aparece um verso difícil de entender, que parece
contradizer todo o resto da Palavra de Deus, devemos contrastá-lo com outros.
No
caso da promessa de Cristo ao “bom ladrão” sabemos que ao longo dos séculos
houve uma perda no significado original. Cristo não esteve com o ladrão no
paraíso no mesmo dia de sua morte. Outros textos dão evidências claras deste
fato: Os ladrões não morreram no mesmo dia (João 19:31) e, além disso, Cristo
após sua ressurreição declarou que ainda não havia subido ao seu Pai (João
20:17). Além disso há outros textos que afirmam que a morte é um sono e que
haverá a ressurreição no último dia. Portanto, a análise de outros textos nos
leva indubitavelmente ao significado correto do texto, que deveria ser:
“Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso.”
Cremos
que as imprecisões da língua são causa de muitas confusões doutrinárias. Por
esta razão o melhor conselho para evitar erros doutrinários em decorrência
destas imprecisões é:
ANALISAR O TEXTO CONTROVERTIDO DENTRO DO
SEU CONTEXTO.
ANALISAR OUTROS TEXTOS BÍBLICOS QUE
ABORDAM O MESMO ASSUNTO.
-
Quando possível, recorrer ao original hebraico ou grego para desfazer dúvidas
remanescentes.
Acima
destas três regras que procurei obedecer ao elaborar este livro, está a confiança
do poder de Deus que, através do seu espírito, atua em nossa mente nos guiando
em toda a verdade.
Passemos
agora a analisar as dificuldade na interpretação de Mateus 28:19.
5.4
- INCONSISTÊNCIA COM O PÚBLICO ALVO
Acredita-se
que o livro de Mateus tenha sido escrito em aramaico (ao contrário dos demais
livros do Novo Testamento que teriam sido escritos em grego). O objetivo de
Mateus era alcançar os judeus convencendo-os de que Jesus Cristo era o Messias
descrito pelos profetas do Antigo Testamento. Desta forma, causa-nos no mínimo
alguma estranheza a menção de uma fórmula batismal que sugira a existência de
uma trindade ou três Deuses, jamais aceita pelos judeus. Isto porque a crença
dos judeus se baseia totalmente no Velho Testamento, onde não há qualquer
sugestão da existência de uma trindade. Baseados no Velho Testamento, os judeus
aceitam um único Deus e a proposta de uma trindade soaria absurda. Ademais, o
objetivo de Mateus não era convencê-los da existência de uma trindade, mas
mostrar Jesus como o Messias.
TODA
HONRA, TODA GLÓRIA SEJA DADA AO ÚNICO DEUS, QUE ERA, QUE É, QUE HÁ DE VIR O
DEUS TODO PODEROS, REI DE REIS E SENHOR DE SENHORES BENDITO ETERNAMENTE DESDE
HOJE COMO PARA TODO SEMPRE, AMÉM
O Senhor já vos tem abençoado
Abraço fraternal
FRANREZ
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