FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO LIVRE
EXEGESE E HERMENÊUTICA BÍBLICA
INTRODUÇÃO
"Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra." (II Tm. 3.16,17)
"Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é
de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade
de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo." (2 Pd 1.20,21)
"Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há
pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem e igualmente
as outras Escrituras, para sua própria perdição. Vós, portanto, amados, sabendo
isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais
juntamente arrebatados, e decaiais da vossa firmeza." (2 Pd 3.16,17).
De muitas maneiras os homens se diferem entre si e esse fato,
naturalmente, faz com que eles distanciem mentalmente uns dos outros na
capacidade intelectual, no gosto estético, na qualidade moral. Alguns foram instruídos em conhecimentos
intelectuais e outros não tiveram estas oportunidades e isto provoca divergências
de interpretação.
Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os
mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada. Este plano de Deus traça um
mesmo caminho para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a unificação
dos povos sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, condições social e
econômica. (Gl 3.28; Cl 3.11).
Diante deste quadro a aplicação da hermenêutica será imprescindível a
unificação do conhecimento do Plano da Salvação para com todos os homens da
terra. O grande mal que atinge muitos cristãos hoje em dia é o da falta de
leitura e/ou compreensão da Bíblia por parte dos mesmos.
Conforme já expus neste post, a distorção e a falta de entendimento do
que nos diz a Bíblia constituem um poderoso veneno espiritual que, ao contrário
do que deveria, nos afasta do Evangelho a ponto de negarmos a suficiência
sacrifício da cruz. Muito embora eu esteja tratando dos cristãos de hoje em dia,
este não é um problema novo. Antes de
qualquer coisa, precisamos distinguir aqueles que distorcem propositalmente o
teor das Escrituras em seu “benefício” próprio. Estes precisam primeiro se
converter de seus maus caminhos. Do outro lado do erro, estão aqueles que são
“vítimas” dos que distorcem a Bíblia: gente simplória demais, ou preguiçosa
demais para tentar compreender a Sagrada Escritura.
Na Igreja ideal, um e outro há muito deixaram de existir, e todos têm,
de fato, acesso a tudo aquilo que Deus nos deixou como legado e expressão de
sua vontade soberana para nossas vidas. A única maneira de se compreender de
fato a mensagem bíblica é através da hermenêutica e da boa exegese Como
introdução ao tema, deixarei aqui as definições mais aceitas para hermenêutica
e exegese.
HERMENÊUTICA
Hermenêutica é a ciência e arte da interpretação bíblica. Ciência,
porque tem normas, ou regras, que podem ser classificadas num sistema ordenado.
EXEGESE
Exegese é a aplicação dos princípios da hermenêutica para chegar-se a
um entendimento correto do texto bíblico.
Sem a aplicação da hermenêutica, qualquer pessoa pode dizer o que
quiser e dizer que se baseia na Bíblia. Graças a Deus, o cristão maduro pode se
valer desta ciência com relativa facilidade, não se deixando levar por qualquer
vento de nova doutrina (Ef 4.14).
Mandam as boas normas da Hermenêutica que se analise o livro a ser
abordado, informando, principalmente, quem escreveu o livro, qual seria seu
público alvo e seu contexto histórico.
Para evitar a repetição desnecessária da análise do livro toda vez que tiver que fazer a exegese de algum artigo, cada livro da Bíblia terá sua própria Introdução exegética que será devidamente citada, junto com esta introdução geral à exegese, sempre que o versículo em apreço estiver contido no Respectivo livro.
Para evitar a repetição desnecessária da análise do livro toda vez que tiver que fazer a exegese de algum artigo, cada livro da Bíblia terá sua própria Introdução exegética que será devidamente citada, junto com esta introdução geral à exegese, sempre que o versículo em apreço estiver contido no Respectivo livro.
ORIGEM
A palavra HERMENÊUTICA é derivada do termo grego HERMENEUTIKE e o
primeiro homem a empregá-la como termo técnico foi o filósofo Platão.
DIVISÃO
A divisão da hermenêutica é reconhecida como geral e específica. A
geral é aquela que se aplica à interpretação de qualquer obra escrita.
A específica é aquela que se aplica a determinados tipos de produção
literais tais como: Leis, histórias, profecias, poesias, etc e que será tratada
neste estudo por estar dentro do campo de aplicação a literatura sacra – A
BÍBLIA como inspirada Palavra de Deus. (II Tm.3.16)
I – A NECESSIDADE DA
HERMENÊUTICA
O pecado obscureceu o entendimento do homem e exerce influência
perniciosa em sua mente e torna necessário o esforço especial para evitar
erros. (II Pd 3.16 e De 7.10).
A aplicação e a conservação do caráter teológico da hermenêutica estão
vinculadas ao recolhimento do princípio da inspiração divina da Bíblia Sagrada.
II – DISPOSIÇÕES
NECESSÁRIAS PARA O ESTUDO DAS ESCRITURAS
Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial para o estudo proveitoso da Sagrada Escritura.
Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um sentido especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário um espírito filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial para o estudo proveitoso da Sagrada Escritura.
1. Necessita-se de um espírito respeitoso.
Um filho que não respeita que caso fará dos conselhos, avisos e
palavras de seu pai? A Bíblia é a revelação do Onipotente. "O homem para
quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito, e que treme da minha
palavra." (Is 66.2)
2. Necessita-se de um espírito dócil.
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação
divina. É preciso receber a Palavra de Deus com mansidão. (Tg 1.21)
3. Necessita-se de um espírito amante da verdade.
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21)
4. Necessita-se de um espírito paciente.
4. Necessita-se de um espírito paciente.
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o
metal precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve pacientemente,
buscar as revelações que Deus propôs e que em algumas partes é bastante profunda
e de difícil interpretação.
5. Necessita-se de um espírito prudente.
Iniciando a leitura pelo mais simples e prosseguir para o mais difícil.
"Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus... e ser-lhe-á
concedida." (Tg 1.5)
III – MÉTODOS DA
HERMENÊUTICA
Método é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento
seguido passo a passo com o objetivo de alcançar um resultado.
Durante séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos
possíveis para desvendar os tesouros da Bíblia e arquitetar meios de descobrir
os seus segredos.
1. Método Analítico
1. Método Analítico
É o método utilizado nos estudos pormenorizados com anotações de
detalhes, por insignificantes que pareçam com a finalidade de descrevê-los e
estudá-los em todas as suas formas. Os passos básicos deste método são:
a) Observação – É o passo que nos leva a extrair do texto o que
realmente descreve os fatos, levando também em conta a importância das
declarações e o contexto;
b) Interpretação – É o passo que nos leva a buscar a explicação e o
significado (tanto para o autor quanto para o leitor) para entender a mensagem
central do texto lido.
A interpretação deverá ser conduzida dentro do contexto textual e
histórico com oração e dependência total do Espírito Santo, analisando o
significado das palavras e frases chaves, avaliando os fatos, investigando os
pontos difíceis ou incertos, resumindo a mensagem do autor a seus leitores
originais e fazer a contextualização (trazer a mensagem a nossa época ou ao
nosso contexto);
c) Correlação – É o passo que nos leva a comparar narrativas ou
mensagem de um fato escrito por vários autores, em épocas distintas em que cada
um narra o fato, em ângulos não coincidentes como, por exemplo, a mesma
narrativa descrita em Mc 10.46 e Lc 18.35, onde o primeiro descreve
"saindo de Jericó" e o segundo "chegando em Jericó";
d) Aplicação – É o passo que nos leva a buscar mudanças de atitudes e
de ações em função da verdade descoberta. É a resposta através da ação prática
daquilo que se aprendeu.
Um exemplo de aplicação é o de pedir perdão e reconciliar-se com alguém
ou mesmo o de adoração à Deus.
2. Método Sintético.
2. Método Sintético.
É o método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma
unidade inteira e procura o seu sentido como um todo, de forma global. Neste
caso determina-se as ênfases principais do livro ou seja, as palavras repetidas
em todo o livro, mesmo em sinônimo e com isto a palavra-chave desenvolve o tema
do livro estudado.
Outra maneira de determinar a ênfase ou característica de um livro é
observar o espaço dedicado a certo assunto. Como por exemplo, o capítulo 11 da
Epístola aos Hebreus enfatiza a fé e em todos os demais capítulos ela enfatiza
a palavra SUPERIOR. (De acordo com a versão Almeida Revista e Atualizada –
ARA).
SUPERIOR
a) Aos anjos – 1.4; f) Ao sacrifício – 9.23; l) Ao sacerdócio – 5 a 7;
b) A aliança – 7.22; g) Ao patrimônio – 10.34;
c) A bênção – 7.7.; h) A ressurreição – 11.35;
d) A esperança – 7.19; i) A pátria – 11.16;
e) A promessa – 8.6; j) A Moisés – 3.1 a 4;
3. Método Temático
É o método utilizado para estudar um livro com um assunto específico,
ou seja, no estudo do livro terá um tema específico definido. Como exemplo
temos a FÉ:
a) Salvadora – Ef. 2.8; d)
Grande – Mt 15.21 a 28;
b) Comum – Tt 1.4; Jd 3; e)
Vencedora – I Jo 5.4;
c) Pequena – Mt 14.28 a 31; f)
Crescente – II Ts 1.3.
4. Método Biográfico de Estudo da Bíblia
Esta espécie de estudo bíblico é divertida, pois você tem a
oportunidade de sondar o caráter das pessoas que o Espírito Santo colocou na
Bíblia, e de aprender de suas vidas. Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse:
"Estas cousas lhe sobrevieram como exemplo, e foram escritas para
advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm
chegado." (I Co 10.11).
Sobre alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda
pessoas como Jesus, Abraão e Moisés pode precisar restringir o estudo a áreas
como, "A vida de Jesus como nos é revelada no Evangelho de João",
"Moisés durante o Êxodo", ou "Que diz o Novo Testamento sobre
Abraão". Lute sempre para manter os seus estudos bíblicos em tamanho
manejável.
b. Estudo Biográfico Básico.
b. Estudo Biográfico Básico.
PASSO UM – Escolha a pessoa que você quer estudar e estabeleça os
limites do estudo (por exemplo, "Vida de Davi, antes de tornar-se
rei"). Usando uma concordância ou um índice enciclopédico, localize as
referências que têm relação com a pessoa do estudo. Leia-as várias vezes e faça
resumo de cada uma delas.
1) – Observações – Anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa
pessoa. Quem era? O que fazia? Onde morava? Quando viveu? Por que fez o que fez?
Como levou a efeito? Anote minúcias sobre ela e seu caráter.
2) – Dificuldades – Escreva o que você não entende acerca dessa pessoa
e de acontecimentos de sua vida.
3) – Aplicações possíveis – Anote várias destas durante o transcurso do
seu estudo, e escreva um "A" na margem.
Ao concluir o seu estudo, você voltará a estas aplicações possíveis e escolherá aquela que o Espírito
Santo destacar.
PASSO DOIS – Com divisão em parágrafos, escreva um breve esboço da vida da pessoa. Inclua os acontecimentos e características importantes, declarando os fatos, sem interpretação. Quando possível, mantenha o material em ordem cronológica.
PASSO DOIS – Com divisão em parágrafos, escreva um breve esboço da vida da pessoa. Inclua os acontecimentos e características importantes, declarando os fatos, sem interpretação. Quando possível, mantenha o material em ordem cronológica.
b) Estudo Biográfico Avançado. Os seguintes passos podem ser
acrescentados quando você achar que o ajudarão em seus estudos biográficos. São
facultativos e só devem ser incluídos progressivamente, à medida que você ganhe
confiança e prática.
Trace o fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para
ampliar este passo somente quando necessário. As seguintes perguntas haverão de
estimular o seu pensamento.
1) – Quando viveu a pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais,
religiosas e econômicas da sua época?
2) – Onde a pessoa nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de
incomum em torno do seu nascimento e da sua infância?
3) – Qual a sua vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra
ocupação? Isto influenciou o seu ministério posterior? Como?
4) – Quem foi seu cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou
estorvaram a sua vida e o seu ministério?
5) – Faça um gráfico das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que
fez?
6) – Como a pessoa morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua
vida?
5. Método de Estudo Indutivo.
a) O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo
ilumina a quem examina as escrituras com sinceridade, e que a maior parte da
Bíblia não é tão complicada que quem saiba ler não possa entendê-la. Os Judeus
da Bereia foram elogiados por examinarem cada dia as escrituras "se estas coisas
eram assim". (At 17.10,11)
b) É óbvio que obras literárias tem "partes" que se formam no
"todo". Existe uma ordem crescente de partes, de unidades simples e
complexas, até se formarem na obra completa.
c) A unidade literária menor, que o Estudo Bíblico Indutivo (EBI)
emprega, é a palavra. Organizam-se palavras em frases, frases em períodos,
períodos em parágrafos, parágrafos em seções, seções em divisões, e por fim, a
obra completa.
PALAVRA – Unidade menor;
FRASES – Reunião de palavras que formam um sentido completo;
PERÍODO – Reunião de frases ou orações que formam sentido completo;
PARÁGRAFOS – Um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e que
usualmente se inicia com mudança de linha.
SEÇÃO – Parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado,
estudo.
IV – EXEGESE
Exegese é o estudo cuidadoso e sistemático de um texto para
comentários, visando o esclarecimento ou interpretação do mesmo. É o estudo
objetivando subsidiar o passo da interpretação do método analítico da hermenêutica.
Este estudo é desenvolvido sob as indagações de um contexto histórico e
literário.
1. Pré-requisitos para uma boa exegese.
a) Tenha uma vida afinada com o Espírito Santo, pois Ele é o melhor
interprete da Bíblia – (Jo 16.13; 14.26; I Cor 2.9 e 10; I Jo 2.20 e 27);
b) Vá você mesmo diretamente ao texto não permitindo que alguém pense
por você, evitando assim a dependência de outra pessoa para que você desenvolva
ao máximo o seu potencial próprio.
c) Procure o significado de cada palavra dentro do seu contexto. Deve
ser tomado conforme o sentido da frase nas Escrituras, porque as palavras variam
muito em suas significações.
2. Aplicação da exegese.
A aplicação da exegese é realizada a partir das indagações básicas
sobre o contexto e o conteúdo do texto em exame.
a) Texto – O capítulo, parágrafo ou porção bíblica que encerra uma
idéia completa, que se pretende estudar. Ex.: Mateus 5.1-12; I Coríntios
11.1-3; João 14,6, etc.
b) Contexto – A parte que antecede o texto e a parte que é precedida
pelo texto. Ex.: Texto João 14.6, Contexto Gênesis 1.1 a João 14.5 e João 14.7
a Apocalipse 22.21.
V – REGRAS FUNDAMENTAIS
DE INTERPRETAÇÃO
Não devemos nos esquecer que a primeira pessoa a interpretar as
Escrituras, de forma distorcida, foi o diabo. Ele deu à palavra divina um
sentido que ela não tinha, falseando astutamente a verdade. (Gn.3.1)
Os seus imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este
procedimento enganando à humanidade com falsas interpretações das Escrituras
Sagradas.
A maior de todas as regras é: A ESCRITURA É EXPLICADA PELA PRÓPRIA
ESCRITURA, ou seja, A BÍBLIA, SUA PRÓPRIA INTERPRETE.
1. Primeira Regra – É preciso, o quanto seja possível, tomar as
palavras em seu sentido usual e comum.
Porém, tenha-se sempre presente a verdade de que o sentido usual e
comum não equivale sempre ao sentido literal.
Exemplo: Gn 6.12 = A palavra CARNE (no sentido usual e comum significa pessoa
Exemplo: Gn 6.12 = A palavra CARNE (no sentido usual e comum significa pessoa
A palavra CARNE (no sentido literal significa tecido muscular)
2. Segunda Regra – É de todo necessário tomar as palavras no sentido que
indica o conjunto da frase.
Exemplos: a) FÉ em Gl 1.23 = significa crença, ou seja, doutrina do
Evangelho.
FÉ em Rm 14.23 = significa convicção. b) GRAÇA em Ef 2.8 = significa misericórdia,
bondade de Deus.
GRAÇA em At. 14.3 = significa pregação do Evangelho.
c) CARNE em Ef. 2.3 = significa desejos sensuais.
CARNE em I Tm 3.16 = significa forma humana.
CARNE em Gn 6.12 = significa pessoas.
3. Terceira Regra – É necessário tomar as palavras no sentido indicado
no contexto, a saber, os versículos que estão antes e os que estão depois do
texto que se está estudando.
No contexto achamos expressões, versículos ou exemplos que nos
esclarecem e definem o significado da palavra obscura no texto que estamos
estudando.
4. Quarta Regra – É preciso levar em consideração o objetivo ou
desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras ou expressões
obscuras.
O objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo,
lendo-o e estudando-o com atenção e repetidas vezes, tendo em conta em que
ocasião e a quais pessoas originalmente foi escrito. Alguns livros da Bíblia já
trazem estas informações. Ex.: Provérbios 1.1-4.
5. Quinta Regra – É necessário consultar as passagens paralelas,
"explicando cousas espirituais pelas espirituais". (I Co.2.13).
Passagens paralelas são as que fazem referência uma à outra, que tem
entre si alguma relação, ou tratam de um modo ou outro de um mesmo assunto.
Existe paralelos de palavras, paralelos de ideias e paralelos de
ensinos gerais.
a) Paralelos de palavras – Quando lemos um texto e encontramos nele uma
palavra duvidosa, recorremos a outro texto que contenha palavra idêntica e
assim, entendemos o seu significado. Ex.: "Trago no corpo as marcas de
Jesus." (Gl 6.17). Fica mais fácil o seu entendimento quando lemos a
passagem paralela: "Trazendo sempre no corpo o morrer de Jesus (I Co
4.10).
b) Paralelos de Ideias – Para conseguir ideia completa e exata do que
ensina determinado texto, talvez obscuro ou discutível, consulta-se não somente
as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos em textos
ou passagens que se relacionem com o dito texto obscuro ou discutível. Tais
textos ou passagens chamam-se paralelos de ideias.
Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt.16.16) Quem é esta pedra? Se pegarmos em I Pe.2.4, a ideia paralela: "E, chegando-vos para ele, (Jesus) pedra viva..." entenderemos que a pedra é Cristo.
Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt.16.16) Quem é esta pedra? Se pegarmos em I Pe.2.4, a ideia paralela: "E, chegando-vos para ele, (Jesus) pedra viva..." entenderemos que a pedra é Cristo.
Outro exemplo: Em Gl 6.15, o que é de valor para Cristo é a nova
criatura. Que significa esta expressão figurada? Consultando o paralelo de 2
Cor. 5.17, verificamos que a nova criatura é a pessoa que "esta em
Cristo", para a qual "as cousas antigas passaram", e "se
fizeram novas".
c) Paralelos de ensinos gerais – Para a correta interpretação de
determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e de ideias,
é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das Escrituras.
Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as
obras da lei", só será bem compreendido, com a ajuda dos ensinos gerais na
Bíblia toda.
- Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito
onipotente, puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as
partes presente. Porém há textos que, aparentemente, nos apresentam um Deus
como o ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum sentido
sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem ser
interpretados à luz dos
ensinos gerais das Escrituras.
VI – FIGURAS DE RETÓRICA
Exporemos em seguida uma série de figuras com seus correspondentes
exemplos, que precisam ser estudados detidamente e repetidas vezes.
1. Metáfora. Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos
ou fatos, caracterizando-se um com o que é próprio do outro.
Exemplo: Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus
se caracterizou com o que é próprio e essencial da videira (pé de uva); e ao
dizer aos discípulos: "Vós sois as varas", caracterizou-os com o que
é próprio das varas.
Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão
Vivo", "Judá é Leãozinho", "Tu és minha Rocha", etc.
2. Sinédoque.
Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela
parte, o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa.
Exemplos: Toma a parte pelo todo: "Minha carne repousará
segura", em vez de dizer: meu corpo. (Sl 16.9)
Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de
dizer: do cálice, ou seja, parte do que há no cálice.
3. Metonímia.
3. Metonímia.
Emprega-se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou o
sinal ou símbolo pela realidade que indica o símbolo.
Exemplos: Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas. (Lc 16.29)
Exemplos: Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas. (Lc 16.29)
Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu
não te lavar, não tem parte comigo." Lavar é o símbolo da regeneração.
4. Prosopopeia.
Esta figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas, atribuindo-se
lhes os feitos e ações das pessoas.
Exemplos: "Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Co 15.55)
Paulo trata a morte como se fosse uma pessoa.
"Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas
as árvores do campo baterão palmas." (Is 55.12)
"Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se
beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar."
(Sl 85.10,11).
5. Ironia.
Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer
dizer, porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro
Exemplo: "Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a
entender que chamar por Baal é completamente inútil. (1 Rs 18.27
6. Hipérbole.
É a figura pela qual se representa uma cousa como muito maior ou menor
do que em realidade é, para apresentá-la viva à imaginação. É um exagero.
Exemplos: "Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios
olhos como gafanhotos... as cidades são grandes e fortificadas até aos
céus." (Num. 13.33) "Nem no mundo inteiro caberiam os livros que
seria, escritos". (Jo. 21.25)
"Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei". (Sl 119.136)
"Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei". (Sl 119.136)
7. Alegoria.
É uma figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas,
representando cada uma delas realidades correspondentes.
Exemplo: "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele
comer, viverá eternamente; e o pão que eu darei pela vida do mundo, é a minha
carne... Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna",
etc. Esta alegoria tem sua interpretação nesta mesma passagem das Escrituras.
(Jo 6.51-65).
8. Fábula.
É uma alegoria histórica, na qual um fato ou alguma circunstância se
expõe em forma de narração mediante a personificação de cousas ou de animais.
Exemplo: "O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá
está: Dá tua filha por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam
no Líbano, passaram e pisaram o cardo." (2 Rs 14.9) Com esta fábula Jeoás,
rei de Israel, responde a proposta de guerra feita por Amazias, rei de Judá.
9. Enigma. Exemplo: "Do comedor saiu comida e do forte saiu
doçura." (Jz 14.14)
10. Tipo.
Exemplos: A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por
Jesus como um tipo para representar sua morte na cruz. (Jo.3.14).
Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para
representar a sua morte e ressurreição. (Mt 12.40)
O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor.15.45).
O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor.15.45).
11. Símbolo.
Representa alguma cousa ou algum fato por meio de outra cousa ou fato
familiar que se considera a propósito para servir de semelhança ou
representação.
Exemplos: Representa-se: A majestade pelo leão, a força pelo cavalo, a
astúcia pela serpente, o corpo de Cristo pelo pão, o sangue de Cristo pelo
cálice, etc.
12. Parábola.
Apresentada sob a forma de narração, relatando fatos naturais ou
acontecimentos possíveis, sempre com o objetivo de ilustrar uma ou várias
verdades importantes. Exemplos: O Semeador (Mt 13.3-8); Ovelha perdida, dracma
perdida e filho pródigo (Lc. 15), etc.
13. Símile.
Procede da palavra latina "similis" que significa semelhante
ou parecido a outro. É uma analogia. Comparação de cousas semelhantes.
Exemplos: "Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do
mesmo modo) é grande a sua misericórdia para com o que o temem". (Sl.103.11).
"Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o
Senhor se compadece dos que o temem". (Sl.103.13).
14. Interrogação.
Somente quando a pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma
figura literária. "Interrogação é
uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou adversário, ou
ao público, em tom de pergunta, sabendo de antemão que ninguém vai
responder."
Exemplos: "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?"
(Gn.18.25).
"Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço,
a favor dos que hão de herdar a salvação?" (Hb.1.14).
"Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?"
(Rm.8.33.
"Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc.22.48).
15. Apóstrofe.
O vocábulo indica que o orador se volve de seus ouvintes imediatos para
dirigir-se a uma pessoa ou cousa ausente ou imaginária.
Exemplos: "Ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de
repousar?" (Jr 47.6).
"Meu filho Absalão, meu filho, meu filho Absalão!" (2
Sm.18.33).
16. Antítese.
"Inclusão, na mesma frase, de duas palavras, ou dois pensamentos,
que fazem contraste um com o outro."
Exemplos: "Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o
mal." (Dt 30.15).
"Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho
que conduz a perdição e são muitos os que entram por ela) porque estreita é a
porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam
com ela." (Mt 7.13,14).
17. Provérbio.
Trata-se de um ditado comum. Exemplos: "Médico cura-te a ti
mesmo" (Lc 4.23); "Nenhum profeta é bem recebido em sua própria
terra." (Mt.6.4; Mt.13.57).
18. Paradoxo.
Denomina-se paradoxo a uma preposição ou declaração oposta à opinião
comum.
Exemplos: "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios
mortos". (Mt.8.22).
"Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt.23.24) "
Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Co.12.10).
COMO ESTUDAR
OS LIVROS DA BÍBLIA
O estudo de qualquer livro bíblico será mais proveitoso e útil através
do levantamento de dados que conduzirão a conclusões
bem fundamentadas. Tais dados podem ser informações objetivas como o nome
do autor, ou um conjunto de informações como a história de um
povo. Podemos resumir nossa necessidade de dados através das
itens abaixo:
Para começar, precisamos identificar,
se possível:
Autor
|
Destinatário(s)
|
Personagem(s)
|
Data aproximada
|
Localização do autor e destinatários.
|
Os dados anteriores poderão incluir:
Indivíduos
|
Igrejas
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Cidades
|
Nações
|
dos quais,
pesquisaremos o contexto:
História
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Cultura
|
Geografia
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Circunstâncias imediatas
|
Nível de compromisso com Deus
|
Poderemos perceber e compreender, então:
Motivos de escrita do livro
|
|
Problemas
|
Necessidades
|
Na leitura do livro a ser
estudado, deveremos observar:
Divisões do livro
|
Palavras desconhecidas
|
Palavras e frases repetidas (levando
em conta sinônimose idéias similares)
|
A observação desses detalhes e o esclarecimento do significado das
palavras e suas funções nas frases, poderão conduzir a algumas conclusões:
Temas em destaque
|
Preocupações do autor
|
Propósitos do autor
|
Soluções
|
Ensinamentos
|
Conselhos
|
Ordens
|
A utilidade do estudo bíblico é o aprendizado para
edificação da fé. Haverá aplicação prática, quando se tratar
de texto doutrinário para a igreja em todos os tempos e quando se perceber a
existência de princípios morais ou espirituais permanentes. Deverá
ser evitada a simples imitação dos personagens bíblicos.
A identificação do gênero literário e das figuras
de linguagem será procedimento importante para se evitar a confusão
entre a interpretação literal e simbólica do texto
bíblico.
A consideração de tudo isso evitará muitos erros de
interpretação. Os quadros anteriores contêm tópicos gerais para
análise bíblica, mas, tendo em vista determinado livro da bíblia, alguns itens
podem se tornar mais relevantes do que outros. Por exemplo,
estudando a primeira carta de Paulo aos Coríntios, será interessante
pesquisar sobre a história e a geografia da cidade de Corinto,
mas na carta a Filemom, a cidade não terá tanta
importância. Estudando a profecia
de Obadias contra Edom, a nação estará em
evidência, o que não acontece se estudarmos a epístola de Judas.
O material necessário para um bom estudo bíblico será:
bíblia (várias versões), dicionário de português, dicionário bíblico,
enciclopédia bíblica, concordância (chave bíblica), léxico grego e hebraico,
comentários bíblicos, enciclopédias comuns, livros de história antiga e
geografia bíblica.
Quando se deseja estudar um livro bíblico, deve-se fazer sua leitura
completa mais de uma vez. A primeira deverá, se possível, ser direta,
sem interrupções, para que se obtenha uma visão geral do livro, uma
percepção da linha de raciocínio do autor. A segunda leitura deverá
ser com mais atenção aos detalhes, que deverão ser anotados em uma
folha à parte. Nessa etapa, poderão ser elaboradas perguntas,
de acordo com as dúvidas do leitor sobre os aspectos obscuros
do livro.
DEPOIS VEM
O TRABALHO DE PESQUISA
- Os assuntos em destaques poderão ser mais esclarecidos por passagens
paralelas, ou seja, aquelas que tratam do mesmo assunto, de preferência as que
foram escritas pelo mesmo autor. Em segundo lugar, as de outros
autores bíblicos.
- É bom que as palavras-chaves, aquelas que identificarão os temas
principais, sejam examinadas em um léxico, para que tenhamos a certeza de que
estamos trabalhando com o sentido do termo de acordo com as línguas
originais. Por exemplo: “piedade”, em português, significa “dó”,
mas, na linguagem bíblica, quase sempre trata-se do modo de vida de
alguém que serve a Deus. Isto faz toda diferença na compreensão
de ITm.4.8.
- Os comentários bíblicos devem ser os últimos recursos a serem utilizados
no estudo bíblico. Eles servirão para a comparação das nossas próprias
conclusões, podendo enriquecer nossa compreensão e corrigir nossos possíveis
erros de interpretação. Aquele que começa seu estudo lendo o comentário poderá
ficar dependente do mesmo, tendo dificuldade de desenvolver sua própria
capacidade de extrair lições espirituais diretamente do texto
bíblico. Quem faz seu próprio estudo, considerando todos os
elementos mencionados anteriormente, terá condições de avaliar de modo crítico
os comentários bíblicos, podendo, inclusive, chegar a escrever seu
próprio comentário.
As dúvidas levantadas durante a leitura
servirão como direcionamento para a pesquisa. Um bom estudo produzirá grande
esclarecimento. Contudo, algumas perguntas podem ficar sem respostas, por se
tratar de um mistério divino ou, simplesmente, pela inexistência de informações
sobre o assunto.
O que temos estudado aqui é apenas subsídios para uma interpretação
mais segura. De maneira nenhuma queremos com isto substituir o método mais
antigo e eficaz que existe: A leitura humilde regada de oração, jejum, e na
total dependência do maior interprete das Escrituras Sagradas – O Espírito
Santo. Amém!
FIM
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