sábado, 21 de março de 2020


FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE


CURSO LIVRE
CRISTOLOGIA
UMA VISÃO TEOLOGICA
DA PESSOA DE JESUS CRISTO
















UMA VISÃO TEOLOGICA
DA PESSOA DE JESUS CRISTO

O NASCIMENTO DE JESUS
O território conhecido como Palestina era um misto de prosperidade material e turbulência política. Herodes, o Grande vivia atormentado pela possibilidade de vir a ser removido de sua posição política privilegiada. De acordo com Paul Jhonson este era o panorama do período em que Jesus nasceu, extremamente turbulento. As constantes revoluções somadas aos boatos de nascimento de um herdeiro de Davi eram motivos de sobra para a paranoia.
Neste contexto histórico Cesar Augusto promoveu um censo, que foi muito contestado pelos historiadores até meados do século passado. Foi quando se descobriram no Egito alguns recibos censitários datados do segundo século da atual era. Somados às menções de Josefo ao senso promovido por Quirino em VI d. C, permitem o estabelecimento da hipótese da correção de Lucas quanto à narração de tal evento. É com objetivo de elucidar os fatos pertinentes ao nascimento de Cristo. A anunciação, o censo, os pastores no campo, a aparição dos anjos, o cântico dos mesmos, a apresentação de Jesus no templo, sua circuncisão, etc... Feitos os esclarecimentos supra, convém que se prossiga com o presente. Ele é sem sombras de duvidas, inteiramente diferente, singular, maravilhoso. Movimentou o mundo como ninguém antes ou depois dele. A Enciclopédia Britânica utiliza 20.000 palavras para descrever a pessoa de Jesus. Sua descrição ocupa mais espaço que as biografias de Aristóteles, Cícero, Alexandre Magno, Júlio César, Buda, Confúcio, Maomé ou Napoleão Bonaparte. O homem Jesus tornou-se o maior tema da história mundial. Sobre nenhum outro se escreveu mais do que sobre Ele. A respeito de ninguém se discutiu tanto quanto sobre Jesus. Ninguém foi mais odiado, mas também mais amado; combatido, mas também mais louvado. Sobre nenhum outro foram feitas tantas obras de arte, hinos, poemas, discursos, e compêndios de livros sobre o que falou e ensinou e a pessoa Jesus Cristo. Diante dEle dividem-se as opiniões – uns gostariam de amaldiçoá-lo, outros testemunham que sua vida foi radicalmente mudada por Jesus e enchida de esperança. Não é possível imaginar a história humana sem Jesus. Na época do Natal, milhões comemoram Seu nascimento consciente ou inconscientemente. Na Páscoa, lembra-se da Sua morte e ressurreição; na Ascensão, da Sua volta para Deus; e no dia de Pentecostes do nascimento da igreja que leva Seu nome, a igreja cristã. – Será que Ele é mais que um homem?
O Deus-Homem: A Bíblia diz que Cristo é, ao mesmo tempo e literalmente, verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Lemos em 1Timóteo.3:16. “Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele “Deus” que foi manifestado na carne...” E em 2 Coríntios 5:19 está escrito: “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo...” A vida terrena de Jesus nos mostra que Ele foi ao mesmo tempo verdadeiro homem, mas continuou também verdadeiro Deus. Percebemos muitos contrastes em Sua vida, tanto provas da Sua inteira humanidade, como da Sua perfeita divindade. Por exemplo, Ele sentia cansaço, mas ao mesmo tempo podia chamar para Si os cansados e dar-lhes a paz (João.4:6; Mateus.11:28). Jesus teve fome, mas era o próprio pão da vida (Mateus.4:2; João.6:35). Cristo teve sede, sendo ao mesmo tempo a água viva (João.19:28; João.7:37). Ele enfrentou a agonia da morte, mas curou todos os tipos de doenças e aliviou qualquer dor. Jesus foi tentado pelo diabo, mas expulsou demônios (Lucas.4:2; Mateus.8:31). Ele vivia no tempo e no espaço, mas era desde a eternidade (João.8:58). Jesus disse: “...o Pai é maior do que eu”, e também: “Eu e o Pai somos um”, ou: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João.14:28; João.10:30; João.14:9). Ele mesmo orava, como também respondia às orações (Lucas 6.12; Atos.10:31). Ele derramou lágrimas junto à sepultura de Lázaro, mas tinha o poder para ressuscitá-lo (João.11:35,43). Ele morreu, mas é a vida eterna – Jesus é o homem perfeito de Deus e o Deus perfeito dos homens.
Por que Deus tornou-se Homem? Ele veio para revelar Deus a nós. Em Jesus Cristo, Deus se manifestou da forma mais clara. Ele é a prova de que Deus não se afasta do pecador, mas se volta para ele e ama todos os homens. Jesus veio para convencer este mundo de sua pecaminosidade e necessidade de redenção. Ele veio para morrer, como homem sem pecado, pelo pecado dos homens, para se entregar como sacrifício por eles, por uma humanidade que tinha caído através do primeiro homem, Adão. Agora, os homens podem ser salvos por Ele. Por isso, Jesus é chamado também de “último Adão” (1 Coríntios.15:45). Ele veio para destruir as obras do diabo, para tirar o poder da morte e para vencer o pecado. Tornar-se homem em Jesus foi a única possibilidade de Deus resgatar um mundo perdido: “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (João.3:17).
Ele voltará: Jesus voltará como era (Atos 1.11). Do modo como foi e subiu ao céu, no mesmo corpo, mas glorificado, Ele retornará. Jesus, o homem que é Deus, o filho de Maria, a criancinha de Belém, o jovem de Nazaré, o Mestre da Judéia que curava, o homem do Calvário, voltará como Rei da glória e como Senhor dos senhores.
O CONTEXTO HISTÓRICO
E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse (Este primeiro alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria). E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade (Lc 2. 1 - 3 ACF)
O texto de Lucas traz a informação de um senso que foi realizado por ordem de César Augusto no período em que Quirino [κυρηνιου], sendo este o seu nome na forma grega, ou Cirênio na forma latina. Na época presidente da Síria. Uma questão crucial a ser considerada é a de que fossem as informações do aludido evangelista carentes de veracidade, as mesmas teriam de serem desmentidas por documentos da época. Mas o que se observa é um ceticismo lançado contra a informação prestada. O fundamento da suspeita, infelizmente, não é a falta de veracidade, mas de documentação correlata comprovando que tal senso de fato tenha ocorrido.

Esta ideia predominou de meados do séc. XIX, para meados do XX. Descobertas de recibos e decretos entre os papiros do Egito trouxeram nova luz aos estudos. Por meio destas foi possível constatar que a cada ciclo de catorze anos eram realizados sensos. A estas foram somadas outras inscrições indicando que Augusto foi o primeiro a ordenar o censo imperial. 
Bruce Stark, em seu artigo censo informa-nos de que no período em apreço ocorreu uma revolta liderada por Judas Galileu, possivelmente contrariados com a política imperial. A despeito das descobertas mencionadas no presente texto, a exatidão do momento histórico em que tal censo se deu é motivo de controvérsia, visto que a julgar pelas informações dadas por Josefo, a ocorrência do recenseamento teria se dado após o nascimento de Cristo. Uma tese que tem ganho bastante força no sentido de conciliar as declarações de Lucas com as de Josefo é a defendida por Irvine Robertson, sob a ótica deste erudito o senso narrado por Lucas na verdade é um passo inicial para o verdadeiro grande censo histórico. Afinal uma crise política decorrente do crescente descrédito de Herodes tinha de ser resolvida. Uma iniciativa tomada por inicialmente por Augusto foi a de tratar a região palestina como uma província qualquer do Império (o que explica a revolta liderada por judas Galileu). Na resolução da crise o senso foi suspenso temporariamente.
E disse-lhes: Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens, Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos (At 5. 35 - 37 ACF). Por algum tempo a menção de Teudas ao lado de Judas, ou melhor colocando aquele como anterior a este, tem gerado problemas. O principal é o fato de que o Teudas reconhecido historicamente é o mencionado por Josefo. Este teve seu movimento foi sufocado por Fado (Cúspio Fado em latim: Cuspius Fadus) governou a província romana da Judeia, na condição ... Foi ainda no governo de Fado que surgiu na Judeia um dos vários "profetas" Teudas... Segundo Flávio Josefo, considerando-se um segundo Moisés, ele ... a segurança de seu governo, Fado mandou um destacamento de cavalaria, que matou a todos pondo fim a rebelião). A solução para este problema data dos primórdios da atual era, quando se propôs a existência de mais de um homem com este nome. A hipótese ganha plausibilidade na medida em que se percebe que dentre as revoluções ocorridas na época três foram lideradas por homens com o nome de Judas. Estes detalhes históricos serão de extrema importância na medida em que as lições sobre o Evangelho de Lucas forem se desenvolvendo. No tocante aos milagres de Jesus, por exemplo, Paul Johnson destaca o perigo que alguém vindicar para si que era capaz de operar milagres. A história mostra que uma explicação plausível para tal era que os revolucionários, dentre os quais Teudas reivindicava este poder. A respeito de Judas Galileu, ele é um revolucionário que provocou um levante contra Roma, por causa da questão dos tributos. Nesta época Roma vindicava para si o direito de tributar livremente a Judeia e adjacências. Sua revolta foi sufocada, mas há uma concordância de que das ações deste tenha surgido o movimento conhecido como Zelote. No ministério de Cristo há um homem chamado Simão, que era zelote (Lc.6.15).

Na História do Cristianismo (Livro - História do Cristianismo - Religião e Moral,Paul Johnson é um conceituado historiador, autor de vários bestsellers - entre os quais se contam Napoleon, Modern Times, A History of the American People) afirma que naquela época a vida era extremamente barata. Os pobres desprezados. Mas isto, claro, não se aplicava a qualquer tipo de pobre, mas a um especificamente. Segundo o autor em apreço, os pobres judeus eram amparados. O que é confirmado pela prática da esmola, comum no judaísmo desde o período inter bíblico. O problema eram os pobres estrangeiros que estavam na região da Galileia.
O nascimento de Jesus em uma estrebaria revela a plena identificação do Deus Eterno e Poderoso com os pobres e destituídos de bens. A razão de ser desta afirmação é plenamente justificável à luz do fato inconteste de que o Rei eterno nasceu em uma estrebaria. E subiu também José da Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), A fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz.
E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem (Lc.2.4-7 ACF).  Todavia o processo não para aí. A história envolvendo o nascimento de Jesus começou com a visita de um mensageiro celestial, por nome de Gabriel, com fins de anunciar que uma menina comprometida com um homem da casa de Davi, havia sido escolhida por Deus para ser a mãe do futuro Messias.
A primeira vista no contexto da história esta é uma linda narrativa, mas cabe a pergunta: como o homem moderno, contemporâneo feito você e eu, reagiriam diante da história de uma menina de 15,16 anos virgem, noiva de um homem serio, meia idade pai, viúvo que aparecesse grávida e dizendo que a gravidez era fruto de uma obra do Espírito Santo? Pense que de acordo com o relato de Mateus o próprio José se viu profundamente dividido, Por este motivo ele planejou deixar a jovem secretamente, sem apresentar uma acusação formal de adultério, que lhe causaria pena de morte por apedrejamento.

Diante de tais elementos, é viável considerar que o casal tenha aproveitado a ocasião do senso para que a criança nascesse fora do ambiente e longe dos rumores. Werner Keller (arqueólogo, era um ateu convicto e iniciou seus estudos sobre as pesquisas arqueológicas na região do oriente médio com a intenção de contestar os livros da bíblia, mas no decorrer de suas pesquisas ele foi cada vez mais se convencendo que a bíblia estava certa em todas as suas afirmações. Converteu-se ao cristianismo e escreveu um livro que se tornou best-seller internacional – E A Bíblia Tinha Razão) especula a possibilidade de que se tenha espalhado um boato de que Jesus era filho de Maria com um soldado estrangeiro. Jonh Piper(Doutor em teologia pela Universidade de Munique, John Piper é um dos mais relevantes autores cristãos da atualidade. Foi pastor sênior da Bethlehem Baptist Church, de Minneapolis, por mais de 30 anos. Com sua vasta experiência pastoral e profundo conhecimento teológico, em especial sob a perspectiva batista calvinista, produziu obras que transformaram o pensamento cristão pelo mundo) fala sobre este assunto ao abordar a questão da pobreza de Cristo, que sequer um nome e boa fama teve.
É neste ponto que se faz necessário considerar os testemunhos que Deus deu a respeito do seu próprio Filho. Este nasceu destituído do bom nome diante dos homens, mas conforme diz o autor aos Hebreus, que ele (Cristo) recebeu um nome mais excelente que os anjos. Não se trata do nome que foi revelado para que José colocasse na criança, mas do título de Filho, visto que o autor prossegue dizendo: a qual dos anjos Deus disse jamais: "tu és meu filho, hoje te gerei", e: "eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho"(Hb.1.4,5). E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus (Lc.1.35ACF). Perceba que o testemunho do anjo é que Jesus é αγιον κληθησεται υιος θεου (hagion klehesetai hios Theou), ou seja, chamado santo e Filho de Deus.

Lucas alista então o testemunho dos anjos aos pastores, o testemunho de Simeão e Ana, a teofania do Espirito Santo no momento do batismo, o testemunho do próprio João Batista, mesmo dos demônios (Lc.4.34,35).

O TESTEMUNHO DOS ANJOS
E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens (Lc 2. 9 - 14 ACF). 
Algumas observações a serem feitas sobre este texto:

1.        A mensagem da concepção de Jesus foi trazida por um anjo, a notícia de que a gravidez de Maria era obra do Espirito de Deus, idem. De modo análogo os anjos anunciam o nascimento de Cristo aos pastores no campo. 
2.        A manifestação dos anjos trouxe a manifestação da glória do Senhor. Tal como nas ocorrências do Antigo Testamento, esta glória produz terror, medo nos que presencia a manifestação. 
3.        A expressão não temais prenuncia o caráter da mensagem que os anjos estão para trazer, uma mensagem que é classificada como: ευαγγελιζομαι υμιν χαραν μεγαλην (euanggelizomai hymin charan megaleen), uma notícia que produz grande alegria. 
4.        A alegria está ligada ao nascimento de uma criança especial. Jesus, é esta criança. Ele não nasceu nos palácios, ou em um lar nobre, mas em uma estrebaria (o que é próprio de um cordeiro, uma tipologia de um Deus que se revela em simplicidade) e os pastores que ali estão são os convidados a estarem na comitiva de recepção da figura mais importante da história da humanidade. 
5.        Este menino é o σωτηρ (sooteer), salvador. Em seu cântico Maria já havia declarado: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador (Lc,1.46b,47 ACF). Cristo é o salvador não apenas do povo de Israel, mas de todas as nações (Lc.2.32;3. 6). 
6.        Ele é χριστος (Christos), forma grega do hebraico מָּשִׁ֖יחַ. O Sentido deste termo é o Ungido. o título em apreço é reservado ao descendente de Davi, conforme lido no saltério (Sl.2.1,2). Neste sentido Jesus é o legítimo herdeiro do trono de Davi, conforme dito pelo anjo. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim  (Lc.1.31-33). 
7.Ele é Senhor (κυριος - Kyrois), indica poder e autoridade supremos. No caso de Cristo o nome indica sua divindade, uma vez que este é o termo empregado pelos tradutores da Septuaginta (LXX-designação por que é conhecida a mais antiga tradução em grego do texto hebreu do Antigo Testamento, feita para uso da comunidade de judeus do Egito no final do sec.III a.C. e no II a.C.; teria sido realizada por 72 tradutores, donde o nome (por simplificação: LXX, em latim)) para designar o próprio Deus. 
8.        O louvor dos anjos é indicador de que o nascimento da criança é fator preponderante para o estabelecimento da paz na terra. 
SIMEÃO E ANA
E, cumprindo-se os dias da purificação dela, segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor (Segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogênito será consagrado ao Senhor); E para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos (Lc.2.22-24 ACF).  Cristo nasceu de mulher e sob a lei (Gl.4.4,5). A oferta  apresentada pelo casal era a oferta típica de pessoas que não dispunham de recursos. E, quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote  (Lv.12.6 ACF). 
Havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E fora-lhe revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto o Cristo do Senhor.
E pelo Espírito foi ao templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele procederem segundo o uso da lei, Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra; Pois já os meus olhos viram a tua salvação, A qual tu preparaste perante a face de todos os povos; Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel (Lc.2.25-32 ACF). 
1.        Simeão era temente a Deus
2.        Esperava a consolação de Israel
3.        O Espírito Santo estava sobre ele.  
4.        O mesmo Espírito lhe revelou que não morreria sem ver a consolação de Israel
5.        Foi ao Templo movido pelo Espírito de Deus
6.        Quando percebeu pelo Espírito que a promessa fora cumprida louvou a Deus. 
7.        Reconheceu que os gentios tinham participação na promessa. 
Mas também afirmou: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará também a tua própria alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações (Lc.2.34,25ACF). O mesmo Cristo que é salvador é pedra de tropeço, rocha de escândalo (Is.8.16;Rm.9.33; I Co.1.23). Isto, em parte por sua origem duvidosa, aos olhos dos homens. Mas, há que se entender com Paul Johnson e Piper que o fundamento do ódio do mundo por Cristo se deve pelo fato dele ser a luz, e o mundo estar em trevas, ou por Jesus ser a encarnação da verdade em contraste com um mundo cada vez mais antagônico para com a mesma. 

O SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO
Os cristãos precisam ter em mente a resposta para a pergunta que Cristo fez aos seus discípulos: e vós quem dizeis que eu sou? Jonh Stott destaca a tendência ao longo da História da Igreja em criar personagens caricatas da pessoa de Jesus, sendo que a salvação é dada unicamente aos que creem em Cristo como dizem as Escrituras,  por este motivo acredito que o estudo a respeito da pessoa de Cristo, precisa de ser precedido pelo estudo a respeito da autoridade da Bíblia.
Somente a partir da inerrância das Sagradas Escrituras, posso acreditar que os Evangelhos façam um retrato fidedigno de Cristo. Não é difícil ver em Jesus a figura de um filósofo, de um poeta, de um comunista, conforme pode ser visto aqui
Por mais bela, inteligente, útil e sedutora que possa ser a construção do Jesus histórico da Teologia Latino Americana, por exemplo, e por mais que coadune em alguns aspectos, percebo que não posso perder de vista as afirmações de Lewis a respeito do Jesus histórico, para quem tais procedem mais da necessidade de adaptar Cristianismo como politica. Através do personagem Fitafuso (Significado de fitafuso. O que é fitafuso: Fitafuso é um demônio da obra "Cartas de um Diabo a seu Aprendiz", escrito por C.S.Lewis.), ele afirma: Você perceberá que muitos escritores e políticos cristãos pensam que o Cristianismo começou a dar errado bem cedo, afastando-se da doutrina do seu Fundador.
Devemos fazer uso dessa ideia para encorajar mais uma vez o conceito de um "Jesus histórico", que só será encontrado se eles se livrarem dos "acúmulos e perversões", posteriores, para depois compará-los com a tradição cristã. Na última geração de seres humanos, nós conseguimos estimular uma interpretação do tal "Jesus Histórico" em linhas mais liberais e humanitárias; agora formulamos um novo Jesus histórico, em linhas Marxistas, catastróficas e revolucionárias. As vantagens dessas interpretações, que esperamos modificar a cada trinta anos mais ou menos, são inúmeras. Em primeiro lugar, elas tendem a direcionar a devoção dos homens para algo que não existe, pois cada "Jesus Histórico" não existe na história. Os documentos dizem o que dizem, e não podem ser alterados; cada novo "Jesus Histórico", portanto tem de ser criado a partir destes documentos, suprimindo certos aspectos e exagerando outros, e também fazendo certas suposições.
Em segundo lugar cada uma dessas interpretações confia a importância do seu "Jesus Histórico" a alguma estranha teoria que se supõe que ele tenha pregado. Ele tem de ser um grande homem, no sentido moderno da expressão - um homem no fim de uma linha centrífuga e desequilibrada - um excêntrico que vende uma panaceia. Desse modo conseguimos distrair a mente dos homens daquilo que Ele É e daquilo que Ele Fez. E assim fazemos dele um simples mestre, e depois escondemos a própria semelhança essencial que existe entre seus ensinamentos e aqueles de todos outros grandes mestres de moral (LEWIS, p. 115, 116, 2007). 
Lewis começa criticando o reducionismo da maioria das vidas de Jesus, ou buscas pelo Jesus histórico, visto que o quadro pintado por aqueles que seriam as testemunhas oculares da vida de Cristo pintam um quadro bem diversificado. Esta diversidade de olhares a respeito da pessoa de Cristo aponta para o problema de sua extrema complexidade. Jesus é plenamente Deus (Jo.1.1,2;20.28; Rm.9.5; Tt.2.13), homem perfeito (Gl.4.4,5; I Tm.2.5), pastor (I Pe.2.25), mestre (Jo.3.2), apóstolo (Hb.3.1), rei (I Tm.6.16), juiz (Jo.5.22), sacerdote (Hb.4.14-16). 
A fonte para toda e qualquer busca a respeito da pessoa e obra de Cristo tem de ser a Escritura, com sua diversidade de olhares a respeito da pessoa e obra de Cristo, desde o Filho de Abraão e de Davi, até o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES do livro do Apocalipse. A visão de Cristo como mero mestre de moral (tendência das percepções reducionistas), impede a percepção de que como tal Jesus seria mais um dentre tantos outros que vieram.  Os termos, artigos do cremos dos cristãos, trinitários. Que assevera: cremos, 
No Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, plenamente Deus, plenamente Homem, na concepção e no seu nascimento virginal, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus como Salvador do mundo (Jo.3.16-18; Rm.1.3,4; Is.7.14; Mt.1.23; Hb 10.12; Rm 8.34 e At 1.9). 
Este destaca:
1) o Senhorio de Cristo;
2) sua procedência do Pai;
3) sua divindade;
4) sua humanidade;
5) nascimento virginal;
6) morte expiatória e vicária;
7) ressurreição e ascensão, bem como sua posição como salvador, sendo intimamente ligadas uma à outra. Na perspectiva de Jonh Stott, tanto o senhorio quanto a divindade de Cristo estão intimamente ligados. Para este, quando o Antigo Testamento veio a ser traduzido para o grego em Alexandria, cerca de 200 a. C., os devotos e estudiosos judeus não sabiam como lidar com o nome sagrado de Javé, ou Jeová. Eles eram reticentes demais em pronunciá-lo; não sentiam a liberdade para traduzi-lo, ou mesmo para transliterá-lo. portanto eles colocavam em seu lugar a paráfrase ho Kyrios, ("o Senhor"), razão pela qual Javé ainda aparece na maioria das versões como "Senhor" O que realmente é impressionante é que os seguidores de Jesus, sabendo que, pelo menos em círculos judaicos, ho Kyrios, era o título tradicionalmente dado a Javé, criador do Universo, e o Deus da aliança de Israel, não tinham escrúpulo de aplicar o mesmo nome a Jesus, nem viam nenhum mal em fazê-lo (OUÇA O ESPÍRITO, OUÇA O MUNDO, P. 98). 
Na perspectiva do autor era uma confissão de admissão da divindade de Cristo. Mais do que isto: falas tipicamente atribuídas a Iahweh são aplicadas à pessoa de Cristo no Novo Testamento. Então todo aquele que invocar o nome de Iahweh, será salvo. porque no monte de Sião e em Jerusalém haverá ilesos - como Iahweh falou - entre os sobreviventes que Iahweh chama (Jl.3. 5 Bíblia de Jerusalém [2.32]). 
Este mesmo texto recebe um tratamento bem fundamentado de Stott. Minha pretensão é a de que apenas a confissão de Fé da Igreja primitiva sejam suficientes. Nesta o Senhorio de Cristo e sua obra de salvação se encontram explicitamente.
A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm.10.9-13).  A confissão de Cristo aliada à crença na ressurreição dentre os mortos á condição para a salvação. Note que aqui Jesus é chamado de κυριον (Kyrion). Perceba que não se trata de mera aceitação do pecador a Jesus. Não é a admissão de seu senhorio que traz a condição para a salvação. Daí apos citar Isaías Paulo cita Joel associando Jesus à Iahweh. Na perspectiva joanina, ele é o ο λογος (hó logos) criador, que na criação, é o Pai e Espírito Santo. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (Jo.1.1- 5). 
No texto a figura de Jesus é associada ao λογος, que por sua vez é a associada à sabedoria no judaísmo helênico, conforme destaca Esequias Soares em seu livro Cristologia lançado pela Hagnos. Em primeiro lugar, é afirmado aqui que λογος estava com Deus. E em outros momentos Jesus fala de uma glória que tinha junto ao Pai antes da fundação do mundo.  E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo (Jo.17. 5, 24 ACF). (Inclinar-me-ei para o teu santo templo, e louvarei o teu nome pela tua benignidade, e pela tua verdade; pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.(Salmos.138:2)Ele Jesus é o verbo de Deus, portanto a Palavra inseparável do Espírito Santo (Deus). Não se pode dividir Deus de sua Palavra Jesus é a Palavra de Deus. E Disse: Deus a Palavra Haja luz... e a Palavra criou todas as coisas. “Porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele”.(Colossenses.1:16,17)
Ele estava com Deus no princípio (Jo.1.1,2 NVI).  Em segundo lugar λογος é Deus. Jesus é o próprio Deus, e pelo seu poder faz todas as coisas, e exerce o juízo, salva e dá vida aos mortos, como se pode perceber nos textos das Escrituras. 
Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem. Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou (Jo.5.19 - 30 ACF). 
Não bastassem tais elementos, à semelhança de Paulo, João afirma que Jesus é digno de semelhante honra que o PAI tem. Ainda que arianos e subordinacionistas amem textos como este, a verdade é que o judeu entendia perfeitamente bem que ao se afirmar FILHO DE DEUS, JESUS SE EQUIPARAVA AO PAI. Em semelhança ao PAI, λογος é fonte de vida. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E: como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo
JESUS É SENHOR E SALVADOR
A morte de Cristo a partir do contexto Lucano e em seguida analisar a mesma a partir de um prisma bíblico geral. Para tal necessário se faz que se considerem alguns textos do referido Evangelho. Deus abençoe o presente estudo de sua santa Palavra. Sobre a morte de Cristo no Evangelho de Lucas. “Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará também a tua própria alma);para que se manifestem os pensamentos de muitos corações “(Lc.2.34, 25 ACF) “É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja morto, e ressuscite ao terceiro dia “(Lc.9.22 ACF). Os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém (Lc.9.30 ACF).Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do homem será entregue nas mãos dos homens (Lc.9.44ACF).  E, tomando consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém, e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito; Pois há de ser entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido; E, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia ressuscitará (Lc.18.31-33 ACF). E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós (Lc.22.19,20 ACF).  E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo. E, clamando Jesus com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto, expirou. E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo. E toda a multidão que se ajuntara a este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos. E todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a Galileia, estavam de longe vendo estas coisas. E eis que um homem por nome José, senador, homem de bem e justo, Que não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, de Arimateia, cidade dos judeus, e que também esperava o reino de Deus; Esse, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. E, havendo-o tirado, envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o sepulcro, e como foi posto o seu corpo (Lc.23.44-55 ACF).  Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras (Lc.24.25-27 ACF). E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas (Lc.24.44-48  ACF). 
GRAÇA E VERDADE
A respeito da morte de Cristo emergem as seguintes verdades:
1.        Cristo estava destinado a morrer pelos pecados do povo. Jesus, disse Pedro: "foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos" (At.2.23 ACF).  
2.        A morte de Cristo foi necessária para a remissão dos pecados, uma vez que sem derramamento de sangue não há remissão (Hb.9.22 ACF). O Texto de Lucas é claro em afirmar que Cristo, O Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc.19.10 ACF). 
3.        A morte de Cristo era necessária para a remissão dos pecados. 
4.        A morte de Cristo é o cumprimento da profecia bíblica. 
O fato de Cristo estar destinado a morrer pode ser confirmado na pregação de Pedro no Pentecostes. A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos (At.2.22,23 ACF).  Convém observar que a morte de cruz era destinada a criminosos que antentavam contra o império. Jesus não se encaixa neste perfil, não era criminoso e sequer atentou contra Roma. O texto o descreve como varão aprovado por Deus, vem do verbo grego απδεικνυμέ (apodeikmyné), cujo sentido é o de alguém que é aprovado apontado, ou do qual se demonstrou ser aquilo que dizia ser. Estas provas, ou evidências foram expostas, apresentadas por meio de maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele realizou.
Mas se Cristo foi inocente como explicar a sua morte? A explicação vem por meio das palavras do apóstolo τουτον τη ωρισμενη βουλη και προγνωσει του θεου (toyton oorisomenee boylee kai prognoosei), ou determinado conselho e presciência de Deus. O termo ωρισμενη vem do verbo Όρίζω (orizoo), cujo sentido é o de delinar fronteira, determinar. É com este sentido que Lucas emprega este mesmo verbo na fala de Cristo na última ceia, quando este disse: E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! (Lc.22.22ACF). Percebe-se aqui que o fato da morte de Jesus estar predeterminada por Deus não isentou Judas de sua responsabilidade pessoal. A morte de Jesus segue o conselho, a determinação, ou decreto de Deus. É o que se infere do termo βουλη (boulee). Este é empregado na oração que Pedro e a Igreja fazem após a primeira reprimenda que os apóstolos recebem face às ameaças do sinédrio, eles oram nestes termos: unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer (At.4.24-28 ACF). 
A morte de Jesus foi uma empreitada humana? Foi. Repare que a culpa da morte de Cristo não recai somente sobre os judeus, mas é dito que se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel. Igualmente é dito (ainda que de forma implícita), que um Deus que criou os céus e a terra não poderia jamais perder o controle desta situação. Assim, eles fizeram o que a mão e o conselho de Deus tinham anteriormente determinado. A vontade de Deus determinou que Cristo haveria de morrer.
Todavia tal determinação não se dá no vácuo, mas em cooperação com os homens, e conforme pontuado acima, não os isenta de sua responsabilidade pessoal. Por último, o termo προγνωσει remete à presciência de Deus, que no entendimento deste autor remete ao conhecimento prévio da natureza dos homens. Deus sabia que eles rejeitariam a Cristo, e se valeu de tal para consumar o seu projeto, conforme tudo o que dele estava escrito nas Escrituras Sagradas. Este é o cerne do ensino das Escrituras a respeito da morte de Jesus.  Em ponto algum esta é apresentada como algo acidental, trágico; mas como a consumação do plano de Deus e das profecias, que afirmam a necessidade de uma morte vicária pelos pecados da humanidade.  Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos (Is.53.4-6 ACF).  Daí Cristo ter afirmado a necessidade de subir para Jerusalém e lá padecer nas mãos dos anciãos e demais príncipes do povo (Mt.16.21;Lc.9.22). A mensagem foi confirmada no Monte da Transfiguração, por meio da visão de Moisés e Elias falando com Cristo a respeito de sua partida. Lucas emprega o termo εξοδον (exodon), para se referir à morte de Jesus, mas a despeito do quanto a mensagem tenha sido transmitida é fato que eles não entendiam esta palavra, que lhes era encoberta, para que a não compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca desta palavra (Lc.9.45).  Após a ressurreição eles tiveram seus entendimentos abertos para a compreensão da palavra, bem como do desígnio de Deus a respeito da morte de Cristo, e do propósito da mesma. E isto, ao ponto de formular um credo do Evangelho. O evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (I Co.15.1-4 ACF). 

O Único Deus verdadeiro e a criação
Segundo James Crenshau (O professor James Crenshaw, que ensinou o Antigo Testamento na Duke Divinity School de 1987 a 2008, é um dos principais intérpretes da literatura da sabedoria na Bíblia),os israelitas nunca fizeram a mais decisiva das perguntas a respeito do ser, eles dão a questão do ser como algo dado. E mais a identidade humana dá-se a partir da existência mais do que óbvia deste SER. Do mesmo modo há inúmeras declarações de que há um único Deus. Mas exatamente por darem a existência de Deus como um dado que não há demonstrações sistemáticas da existência do mesmo.  Desde Santo Tomás de Aquino tem sido uma via normal tomar a natureza e a organização da mesma como prova da existência de Deus. Este é o caminho dos apologistas evidêncialistas como Norman L. Geisler(Norman Leo Geisler  foi um teólogo e filósofo sistemático cristão americano. Ele foi co-fundador de dois seminários evangélicos não-denominacionais ( Veritas International University [e Southern Evangelical Seminary. Ele foi o autor, co-autor ou editor de mais de 90 livros e centenas de artigos). O próprio R. C. Sproul (Robert Charles Sproul  foi um teólogo americano e pastor ordenado na Igreja Presbiteriana da América . Ele foi o fundador e presidente dos Ministérios Ligonier (nomeado para o Vale Ligonier nos arredores de Pittsburgh , onde o ministério começou como um centro de estudos para estudantes de faculdades e seminários, foi descrito como "o maior e mais influente defensor da recuperação da teologia reformada no século passado"). Robert Charles Sproul, aponta a necessidade de uma escolha entre Kant e Aquino. Ele o faz em sua Filosofia para Iniciantes. A leitura destas palavras fez com que optasse por Pascal, para quem somente por meio de Jesus Cristo, Deus pode ser acessado e conhecido.  Biblicamente falando a existência de um único Deus é temática predominante da teologia do Deuteronômio. Não entrarei em maiores detalhes a respeito de data e autoria. Mas ao que parece Israel sai do Henoteísmo(forma de religião em que se cultua uma única divindade, considerada suprema, mas sem negar a existência de outros deuses). (que é o serviço exclusivo à Iahweh, para o monoteísmo, e o texto que segue abaixo transcrito deixa isto muito claro. Em algum momento Israel creu que os deuses das demais nações fossem deuses. A confissão de fé deuteronomista solapa com esta crença. 
A ti te foi mostrado para que soubesses que o Senhor é Deus; nenhum outro há senão ele [...] Por isso hoje saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus, em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há (Dt.4.35-39 ACF). 
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Dt 6.4 ACF).
Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos (Dt.7. 9 ACF).
Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e ninguém há que escape da minha mão (Dt.32.39 ACF). A criação é biblicamente ligada à eleição de Abraão, e ao fato de haver um único Deus.
Só tu és Senhor; tu fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o exército dos céus te adora. Tu és o Senhor, o Deus, que elegeste a Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão (Ne.9.6,7 ACF).  Mesmo admitindo a  existência de outros deuses, os poetas afirmam que nenhum deles é similar a Iahweh. Entre os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas. Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome. Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus (Sl.86. 8 - 10 ACF). 
Neste texto ainda se admite a possibilidade de outros deuses, embora já exista o conceito de que os deuses das nações são obra das mãos dos homens. São prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm, mas não andam; nem som algum sai da sua garganta (Sl.115.4-7 ACF). Mas os profetas não deixarão margem para dúvida alguma. Pelo contrário, neles se afirmará: Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haveráEu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador (Is 43. 10, 11 ACF). Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim não há Deus. Não vos assombreis, nem temais; porventura desde então não vo-lo fiz ouvir, e não vo-lo anunciei? Porque vós sois as minhas testemunhas. Porventura há outro Deus fora de mim? Não, não há outra Rocha que eu conheça  (Is.44. 6, 8 ACF). 
Eu sou o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; Para que se saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Assim diz o SENHOR: O trabalho do Egito, e o comércio dos etíopes e dos sabeus, homens de alta estatura, passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti, virão em grilhões, e diante de ti se prostrarão; far-te-ão as suas súplicas, dizendo: Deveras Deus está em ti, e não há nenhum outro deus (Is.45.5,6,14 ACF).   Esta mesma fórmula se repete no Novo Testamento. Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor (Mc.12.29 ACF).  
Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro Deus, senão um só (I Co.8.4ACF).  
Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós (Ef.4. 4 ACF).  
Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (I Tm.2. 5 ACF).  
Mas como ele se relaciona com a criação? Em primeiro lugar é biblicamente afirmado que Deus é o criador dos céus a da terra.
No princípio criou Deus o céu e a terra (Gn.1.1ACF).
Que foram feitos pela Palavra de Deus.
Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca (Sl.33.6 ACF).
Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo foram criados (Sl.148. 5).
Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente (Hb.11. 3 ACF).
Perceba que o entendimento de que os céus e a terra são obra das mãos de Deus procede de fé. Pela pura e simples razão não se alcança tal entendimento. Faço uso da expressão pela pura e simples razão, por entender que a fé não se opõe ao intelecto.
A expressão νοουμεν (noomen), advém do verbo νοιέω (noiéoo), cujo sentido é o de exercitar a mente, observar, perceber, entender, compreender. Na mentalidade dos autores bíblicos não existe oposição entre fé e entendimento. A Bíblia também dá a entender que Deus se distingue de sua criação, embora se faça presente na mesma, não se confunde com esta. Ele é eterno, mas a sua criação passará. 
Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerãomas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim (Sl.102.25-27 ACF).  
É igualmente afirmado que a criação é mantida e sustentada pelo próprio Deus. Na Teologia Sistemática de LUIS Berkoff (Louis Berkhof (14 de outubro de 1873 - 18 de maio de 1957) é um teólogo sistemático reformado cujas obras têm sido muito influentes na teologia calvinista da América do Norte e da América Latina. Sua Teologia Sistemática tem sido, durante décadas, o livro-texto utilizado em muitas faculdades protestantes de teologia no Brasil. Ele nasceu nos Países Baixos e mudou-se, ainda pequeno, para os Estados Unidos),o autor abre uma discussão a respeito da dinâmica de vida e morte na criação. Mas é com Adauto Lourenço(Mestre em Física pela Clemson University, nos EUA, matemático e teólogo, Adauto J. B. Lourenço, 53 anos, mora em São Paulo, onde congrega na Igreja Presbiteriana Central de Limeira. É casado com Sueli Lourenço e tem três filhas. Morou nos EUA e Alemanha para pesquisar e retornou ao Brasil para atuar como pesquisador independente na área de Matéria Condensada e Física de Superfície. Ele presta consultoria na área de novas tecnologias anticorrosivas. Seu ministério é ensinar o Criacionismo Científico)que vem luz sobre a matéria. Por estar ligada ao tempo, a matéria é sujeita à mudança. Se é assim, como explicar a entrada da morte através do pecado, conforme se vê na cosmovisão bíblica. Adauto Lourenço afirma que a matéria, como toda a criação foi feita para ser sustentada por Deus. Assim, o norte estende sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada (Jó.26.7ACF), faz subir os vapores das extremidades da terra; faz os relâmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus tesouros(Sl.135.7ACF), Jeremias diz que: fazendo ele soar a sua voz, logo há rumor de águas no céu, e faz subir os vapores da extremidade da terra; faz os relâmpagos para a chuva, e dos seus tesouros faz sair o vento (Jr.10.13ACF).  Deus não é somente criador, ele é mantenedor da natureza. Ele faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos (Mt.5.45ACF). O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas (At.17.24,25 ACF). O Universo exibe sim uma inteligência ímpar. Não há espaço para o acaso. 
Sir James Jeans, o famoso astrônomo britânico disse certa vez: “o universo parece ter sido desenhado por um matemático puro”. Joseph Campbell escreveu também sobre “a intuição de uma ordem cósmica matematicamente definível”. Contemplando a ordem da Terra, do Sistema Solar e do Universo estelar cientistas e estudiosos concluíram que o grande projetista não deixou nada para o acaso. A inclinação da terra, por exemplo, de 23 graus, produz as nossas estações. Os cientistas dizem-nos que, se a terra não tivesse a inclinação que tem, os vapores dos oceanos mover-se-iam para norte e sul cobrindo os continentes de gelo. Se a lua estivesse a 80 mil quilômetros da terra, em vez de 320 mil, as marés seriam tão enormes que todos os continentes seriam submergidos pela água – até as montanhas seriam afetadas pela erosão. Se a crosta terrestre fosse apenas três metros mais grossa, não haveria oxigênio, e sem ele toda vida animal morreria. Se os oceanos fossem uns poucos metros mais profundos, o dióxido de carbono e o oxigênio teriam sido absorvidos e nenhuma vida vegetal poderia existir. O peso da terra estimado em seis sextilhões de toneladas (isto é um seis seguido de vinte e um zeros). Ela tem, ainda assim, um equilíbrio perfeito, e gira com facilidade em torno do seu eixo. Ela revolve diariamente à razão de mais de mil e seiscentos quilômetros por hora, ou quarenta mil quilômetros por dia. Num ano isto dá mais de catorze milhões de quilômetros. Considerando o extraordinário peso de seis sextilhões de toneladas, girando a essa fantástica velocidade ao redor do seu eixo invisível, as palavras de Jó.26.7 assumem significado sem paralelo: “Ele ... faz pairar a terra sobre o nada”. Jó nos convida ainda a meditar sobre “as maravilhas de Deus” (Jó.37. 14). Considere o sol. Cada metro quadrado da superfície do sol emite constantemente um nível de energia de cento e trinta mil cavalos força (isto é aproximadamente 450 motores de oito cilindros. Ainda assim o sol é apenas uma estrela menor nos cem bilhões de astros que compõem a nossa via Láctea, quando tentamos apreender mentalmente as quase incontáveis estrelas e outros corpos celestes, encontrados na nossa Via Láctea, apenas, somos levados a ecoar o hino de louvor de Isaías ao poderoso criador: “Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o seu exercito de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome, por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar (MANNING, 2005). Norman L. Geisler aponta para uma infinidade de fatores em seu livro Não Tenho Fé Suficiente para ser Ateu. A perspectiva é tomista (O tomismo é a filosofia escolástica de São Tomás de Aquino (1225-1274), e que se caracteriza, sobretudo pela tentativa de conciliar o aristotelismo com o cristianismo. O mérito da filosofia de Tomás de Aquino está exatamente em aliar o pensamento lógico e racional de raiz aristotélica com a fé cristã. ... A ética tomista é precisamente concentrada neste movimento, que é considerado natural e racional, do ser para Deus, culminando na visão ou contemplação imediata do criador), visto que o autor é um tomista. A despeito da fala de Sproul, para quem há de se fazer uma escolha entre Santo Tomás de Aquino(Tomás de Aquino, maior expoente da filosofia escolástica, Santo Tomás de Aquino foi fortemente influenciado por Aristóteles e Averróis. foi um padre católico e discípulo do grande escolástico Alberto Magno. Ele auxiliou na reintrodução da filosofia aristotélica no pensamento europeu e atualizou a teologia cristã junto à filosofia medieval, tendo escrito sobre os conflitos entre fé e razão existentes no período) e Kant (Immanue Kant - teoria do conhecimento - A síntese entre racionalismo e empirismo. O filósofo alemão Immanue Kant responde à questão de como é possível o conhecimento afirmando o papel constitutivo de mundo pelo sujeito transcendental, isto é, o sujeito que possui as condições de possibilidade da experiência) (que desestabilizou a maioria dos argumentos que demonstravam a existência de Deus). Porem existe a via do meio: Pascal (Blaise Pascal (1623-1662) foi um físico, matemático, filósofo e teólogo francês. Autor da famosa frase: "O coração tem razões que a própria razão desconhece").  Para Pascal a natureza só revela Deus para quem tem a luz da fé acesa em seu coração. Fora disto Deus só pode ser conhecido por meio de Jesus Cristo. Face ao que foi dito pelo autor, tudo o que posso dizer é que sem a graça a revelação da natureza se transforma em sensação estética.  Sobre o Evolucionismo: não há como negar o surgimento e o desaparecimento de algumas espécimes, a mutação biológica também, ainda que não existam provas de que estas dêem origem a outras espécimes, mas a variações de uma mesma - é o que ocorre entre cachorros, por exemplo - mas este é um longo debate. 


UM SÓ DEUS EM TRÊS PESSOAS
A respeito da doutrina da Trindade é uma doutrina postulada por Tertuliano, aceita por Constantino no Concilio de Nicéia em 325d.C, e desenvolvida por um filosofo herético: Plotino (em grego clássico: Πλωτνος; em latim: Plotinus; c. 205 - 270) foi um dos principais filósofos de língua grega do mundo antigo. Seu professor Amônio, Plotino é geralmente considerado o fundador do chamado neoplatonismo. Ele é um dos mais influentes filósofos da Antiguidade,  Para Plotino o Uno, que a tradição cristã identifica como Deus, transcende o ser, a substância e a morte, vai além de todas as coisas, é infinito e imaterial. Mas é o Deus-Uno que gera e conserva todas as coisas ilimitadamente. Nós não conseguimos entender, chegar até Ele, manifestar ou representar Deus. Ele cria as coisas como se fossem emanações que dele saem como a luz que sai de um astro luminoso e se espalha para tudo à sua volta. Plotino se pergunta porque Deus existe e porque ele é da forma que é, e responde que Deus se autoproduziu. Ele é um supremo Bem que criou a si mesmo. E ele é dessa forma porque essa é a superior e melhor forma de ser. Ele existe Nele e para Ele e tem a suprema liberdade de criação. Além disso, Ele transcende a si próprio. Deus quando pensa a si mesmo cria o intelecto que é a sua representação. O intelecto quando pensa em si cria a alma que é a representação do intelecto. Nesse processo de representação as criações vão perdendo a identidade com o que representam, da mesma forma como as cópias de cópias vão perdendo a qualidade. Assim, as coisas que tem origem em deus serão sempre mais inferiores a Deus à medida que se afastam dele. Na sequência de importância das derivações está Deus em primeiro lugar, o intelecto em segundo, a alma em terceiro. Estes três primeiros formam o que pode ser apreendido pelo intelecto. Em seguida aparece o mundo físico, criado pela alma e que é composto de matéria que é algo negativa para Plotino. Deus está nessa sequência no patamar superior e a matéria está na parte mais baixa dessa visão. A matéria é o não ser, é o Mal, pois está privado de todo Bem. Ela é negativa, pois está desprovida de toda positividade que vem do Deus-Uno. A alma inicialmente cria a matéria para depois dar forma a essa matéria. A alma dá forma à matéria iluminando-a. O mundo físico é, portanto formas criadas pela alma. Os trinitarios  monoteísta afirma que há um só Deus, que por sua vez subsiste em três pessoas: a do Pai, a do Filho, e a do Espírito Santo. Não é um ensino que se possa embasar facilmente em textos isolados das Escrituras. De forma alguma! É comum a recorrência aos textos que falam da criação, da torre de Babel, e outros do tipo, para fundamentar a doutrina da Trindade no Antigo Testamento. Mas há um problema com relação a este tipo de exegese: a resposta judaica. O texto bíblico versa: E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou (Gn 1. 26, 27 ACF).
A resposta judaica,. Somente Deus poderia suportar o que Cristo suportou, e somente como Deus/Homem, Cristo pode socorrer perfeitamente todo aquele que o invoca. Somente Deus pode suportar a rebeldia nossa de cada dia, nossas resistências diárias ao Espírito o faz.
Mas o maior problema com relação à toda forma de rejeição da Doutrina da Trindade é que sendo Deus Espírito infinito a pessoalidade é o único ponto de contato possível entre este e o homem, conforme asseverado por Shaeffer (Francis Schaeffer pode nos ajudar bastante. Schaeffer foi um pastor norte-americano, cujo ministério na Suíça se tornou fundamental para a igreja na segunda metade do século 20. Por meio de seus escritos, palestras e filmes, Schaeffer conclamou a igreja a uma presença fiel na cultura, entendendo o seu tempo e anunciando o evangelho com urgência e amor.),em sua trilogia: O Deus que se revelaO Deus que intervémA Morte da Razão. Mas como um Deus que é um só pode ser pessoal? Claro que aqui cabe o questionamento a respeito da aplicabilidade do termo a Deus. Mas fato é que mesmo a Hagadá (Hagadá ou agadá (do hebraico הגדה, transl. hagadá, "narração"), é o texto utilizado para os serviços da noite do Pessach, contendo a leitura da história da Páscoa, ou Pesach, Haggadah é um dos mais importantes e adorados textos da tradição judaica. No começo da Páscoa, Judeus do mundo todo se reúnem.) de Gênesis 2 evoca um relacionamento de amor entre Deus e Israel, e entre aquele e a criação.


Logo, em consonância com o pensamento de Louis Berkhof, antes da criação do tempo Deus expressou sua personalidade em relacionamento de amor, tabernáculando, Sendo Deus Pai, o Espirito Santo. O texto de Gn.1:26,  para fundamentação do pensamento, a revelação a respeito de Deus é progressiva. Alguns exemplos: o nome de Deus, O Eterno não foi revelado aos patriarcas, foi a Moisés; não há espaço para uma angelologia elaborada em Gênesis (são seres espirituais? como comem, podem ser vistos pelos homens e desejados?); Abraão vê Deus, por que os demais não o podem? São questões que se respondidas conduzem ao caráter progressivo da teologia bíblica. Retornando ao pensamento da Hagadá. A respeito de Gn 1. 26, eles afirmam: É necessário explicar muito bem este versículo, porque a sua formação esconde muitas surpresas. Os idólatras defendem a existência de uma divindade múltipla e usam este texto como prova, porque nele se lê no plural: Façamos o homem...; E quem melhor soube expressar este pensamento foi: C. S. Lewis (C. S. Lewis. Clive Staples Lewis (1898-1963), mais conhecido como C.S. Lewis, foi um escritor irlandês, que se destacou por seus trabalhos sobre literatura medieval, por suas palestras e escritos cristãos, especialmente a série de livros "As Crônicas de Nárnia" C.S. Lewis nasceu em Belfast, na Irlanda, no dia 29 de novembro de 1898. Em 1916 foi admitido na University College de Oxford. Entre 1917 e 1918 serviu nos campos de batalha da França durante a Primeira Guerra. De volta a Oxford se graduou em Línguas e Literaturas Clássicas. Lecionou nas universidades de Oxford e de Cambridge

C. S. Lewis foi ateu durante muitos tempo, mas com 31 anos converteu-se ao cristianismo e se tornou membro da Igreja Anglicana. Durante a II Guerra Mundial, suas palestras eram transmitidas pela BBC de Londres, sendo chamado "apóstolo dos céticos", especialmente nos Estados Unidos. A religião foi um tema constante em suas obras, como em “Cartas de Um Diabo ao Seu Aprendiz” (1942), “Milagre” (1947), e nos sete livros da série “As Crônicas de Nárnia” (1950-1956), que virou filme do Walt Disney Studios. C.S. Lewis faleceu em Oxford, Inglaterra, no dia 22 de novembro de 1963.). Este era o pensamento e acolocação de C. S. Lewis: No início da criação o Senhor deu vida a três artesãos: o céu, a terra, e a água. Confiou a cada qual uma tarefa e lhes deu a capacidade de lavá-la a bom termo. Deu ordens à água para que se juntasse e fizesse a parte enxuta, à terra para que desse origem aos corpos celestes que a iluminariam, e ao céu para que formasse o firmamento e separasse as suas águas. À água ordenou ainda que desse origem aos peixes e às outras criaturas. Desse modo, foram criadas todas as coisas, cada uma no seu dia mais apropriado, graças á esses três artesãos. No sexto dia todos se reuniram para ouvir o que o Senhor tinha para lhes dizer. Mas o Santo, Bendito seja, disse: "no dia de hoje quero criar a criatura mais importante do Universo, a qual chamarei Adão, homem. Nenhum de vós poderá realizar esta obra sozinho, muito embora tenhais contribuído para realizar o restante. Portanto deveis atuar juntos, e eu me unirei a vós. Vós havereis de prover os elementos para o corpo do homem, enquanto eu lhes darei uma alma santa e um espírito imortal". (Homem e mulher a Imagem de Deus - Hagadá de Gn 2).  Desta perspectiva o termo façamos é uma junção poética por meio da qual o mesmo Deus que dera ordem à terra para que produzisse a relva e toda sorte de animais, e às águas para que produzissem répteis, aves e monstros marinhos, agora convoca a terra, o vento, as águas e tudo o mais para a composição do homem.
Uma outra perspectiva que aparece no próprio Hagadá é a de que a expressão Façamos seja na verdade aquilo que se chama plural de majestade. Uma última razão é que o rei e as personalidades importantes muitas vezes empregam a primeira pessoa do plural para exprimir a própria majestade. Deus, por isso disse: Façamos o homem, para expressar a sua grandeza e onipotência. (Homem e mulher a Imagem de Deus - Hagadá de Gn.2).
"Elohim" a palavra hebraica mais comum para designar Deus (como em Gen.1:1), é um substantivo PLURAL, MAGESTÁTICO.
Gênesis 1:26: "Disse Deus: FAÇAMOS"
Gênesis 11:7 "Vinde DESÇAMOS, E CONFUNDAMOS ali a sua linguagem"
Gênesis 3:22 "Eis que o homem se tornou como um de NÓS"
Eclesiastes 12:1 "lembra-te dos teus CRIADORES" (tradução literal).
Salmo 149:2 "Regozije-se Israel nos seus CRIADORES" (no hebraico, plural).
I Tess 1:1; Ef 1:17 e 2:18; Apoc 1: 4,5; e 3:21; Mt 3:16,17.
5) Há diferença entre o que Deus é e quem é Deus?
R: Sim .
Quando falamos do que Deus é referimo-nos à SUA NATUREZA ou aos SEUS ATRIBUTOS. Ex. Deus é: eterno, imutável, onipotente, onisciente, onipresente, santo, justo, fiel, benevolente, misericordioso, gracioso, amoroso.
Quando procuramos saber QUEM é Deus, referimo-nos à Sua formação e seu nome pessoal.
Resumindo:
O Deus da Bíblia NÃO é:
1 Deus em 3 Deuses
1 Natureza em 3 Naturezas
1 Pessoa em 3 pessoas
Mas sim:
1 Deus com 1 Natureza em 3 manifestação pessoal COMO João 15:26 ; Gal 4:6 ; Ef 2:18
NATUREZA = ESSÊNCIA = MESMA SUBSTÂNCIA.
Podemos dizer que Deus é UM com três Manifestações e ofícios: o Pai, o Filho, e o Espírito Santa, maravilhosa e misteriosamente ligadas em uma UNIDADE.
QUAL É O NOME DE DEUS?
O QUE SIGNIFICA A PALAVRA "DEUS"?
A palavra "Deus" é um título que os homens usam para descrever o Ser Supremo e Infinito. ( I Cor 8:4-6)
Porque o verdadeiro Deus deve ter um nome?
O Nome de Deus estabelece a identidade de Deus e separa-o das divindades pagãs. O homem é capacitado a dirigir-se a Deus adequadamente, através do Seu Nome. (Gn 32:24-30; Ex 3:13,14.)
OS ANTIGOS HEBREUS CRIAM QUE DEUS
E O SEU NOME ERAM A MESMA COISA
Isto significa que Deus e o Seu Nome eram inseparáveis ; tudo que o verdadeiro Deus significava era definido pelo Seu Nome. O Seu Nome e a Sua pessoa eram uma só e a mesma coisa.
Quem foi o primeiro homem a receber a revelação do nome de Deus?
Moisés, como está registrado em Êxodo 3
Como Deus era conhecido antes da época de Moisés?
Aparentemente Ele era conhecido como "O verdadeiro Deus" ou "Deus Todo-poderoso" Ex.6:3
Qual foi o nome que Deus deu a Moisés?
A palavra hebraica é composta de quatro letras ( Yhwh , JHVH) , e por isso é chamado o "Tetragrama"( o nome de quatro letras ).
O QUE SIGNIFICA ESTE NOME
HEBRAICO DE QUATRO LETRAS?
O Tetragrama significa "EU SOU" - exatamente como está traduzido na Bíblia. Ex.3:14.
Quantas vezes este nome aparece na bíblia hebraica?
Este é o Nome de Deus mais frequente nas Escrituras. Aparece 6.823 vezes no Velho Testamento Hebraico.

OS ISRAELITAS PRONUNCIAVAM ESTE NOME?
Não, pois ele era considerado demais. Lv 24:16 mostra que o simples fato de se pronunciar o Nome era punível com a morte por apedrejamento.
O que o israelita usava em lugar do nome de Deus - se ele não podia pronunciar o original JHVH?
Ele usava uma palavra que o substituía; Adonai em hebraico, Kúrios ou Kírios em grego, o Senhor em português. Os antigos rabinos colocavam no original JHVH as marcas das vogais de Adonai, para lembrar ao povo que devia pronunciar Adonai em lugar do verdadeiro nome de Deus.
ATRIBUTOS DE DEUS E A
RELAÇÃO DO SEU SER
Humanamente falando é impossível definir o Ser de Deus, nem toda ciência da terra poderia fazê-lo, para uma definição lógica seria necessário muita pesquisa de conceito superior sem chegar-se a uma clara definição, pois não há possiblidade humana que defina o infinito, Deus não cabe em descrições terrenas (genético sintética), somente é possível fazer-se uma definição analítico-descritiva (descrição apenas das características de Sua Pessoa, deixando sem explicação a essência do Seu Ser) o que se pode compreender do Seu Ser é somente o que o que as Sagradas Escrituras nos permite fazê-lo, por aquilo que se permitiu revelar (auto revelação). Podemos dizer então que a revelação do Ser de Deus é parcial, sendo impossível fazer-se uma descrição de Deus positiva e exaustiva. A Bíblia apresenta Deus como o Deus vivente (nunca abstrato) que se relaciona com suas criaturas onde se manifesta em vários atributos diferentes. (Pv 8:14, 2 Pe 1:4.etc) O termo do nome de Deus Jeová (Eu sou o que Sou) tem como indicativo a essência de Deus propriamente dita, trazendo a expressão Dele mesmo para se auto definir (Êx 3:13-14) outra passagem que pode se aproximar de uma definição do Ser de Deus na Bíblia é João 4:24 “Deus é Espírito...” sendo um indicativo dado por Cristo para indicar a essência espiritual de Deus. Alguns pais da igreja sob influência da filosofia grega apenas fizeram uma abstrata concepção do que possa ser Deus, possuidor de uma existência absoluta, sem atributos. Teólogos durante algum tempo inclinaram-se a salientar uma transcendência (sublimidade, excelência) de Deus como algo além da compreensão humana, atendo-se a impossibilidade de definir Sua essência divina, pensamento este que também perdurou durante a controvérsia trinitária referente a distinção entre essência única e as três Pessoas da Divindade.
Enfim filósofos e teólogos passaram a ver a essência de Deus num Ser abstrato, numa substância universal, num pensamento puro, numa causalidade absoluta, no amor, na personalidade, e na santidade majestosa ou no Numinoso. ( Berkof 2009 p.42) A Teologia Reformada afirma que Deus pode ser conhecido, porém não em sua totalidade por ser infinito, ao homem é impossível conhecê-Lo por completo, ter um perfeito conhecimento de Deus seria o mesmo que compreendê-Lo e isto é humanamente impossível, não há como defini-Lo exatamente em Sua totalidade, contudo é possível ter o conhecimento Dele pela auto-revelação Divina, naquilo que Deus se dá a conhecer.
A POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
DO SER DE DEUS
O pensamento da Igreja Primitiva no período idade média e da Reforma era de que Ele em Seu Ser mais recôndito era Incompreensível, ressaltando-se em algumas linguagens empregadas de que não é admissível nenhum conhecimento do Ser de Deus. O que precisamos entender na possibilidade de conhecimento de Deus é que não podemos compreendê-Lo, ter um conhecimento absoluto e exaustivo de seu Ser, mas podemos conhecê-Lo de forma relativa e parcial do Seu Ser Divino, algo que só pode ser possível porque Ele mesmo colocou-se em posição de relacionar-se com Suas criaturas morais revelando-se a estas, ainda que não em sua totalidade, sendo real e verdadeiro, sendo este um conhecimento parcial da natureza absoluta do Seu Ser.
O SER DE DEUS REVELADO EM SEUS ATRIBUTOS
A teologia comumente diz que os atributos de Deus são o próprio Deus, como Ele se revelou a nós. Berkof (2009) diz: os atributos são reais determinativos do Ser divino ou, noutras palavras, qualidades inerentes ao Ser de Deus. Sheed fala deles como “uma descrição analítica e bem próxima da essência”. Num sentido são idênticos, de modo que se pode dizer que as perfeições de Deus são o próprio Deus como ele se revelou. Há uma estreita relação entre essência de Deus e seus atributos pode-se afirmar, portanto que o conhecimento de Deus e de Seus atributos leva consigo o conhecimento da Sua essência divina.
OS NOMES DE DEUS
Nas Sagradas Escrituras há o registro de vários nomes de Deus, há a menção do Seu nome no singular em vários textos (Êx 20:7, Sl 8:1, Sl 48:10, Sl 76:1, Sl 76:1,Pv 18:10) estes ressaltam toda manifestação de Deus em Sua relação com o Seu povo.
No Antigo testamento o nome de Deus é designado por vários nomes entre estes pode-se destacar: • El, Elohim e Elyon, o nome ‘El possivelmente é derivado de ‘ul e tem sentido de primeiro ou Senhor, Elohim (sing. Eloah) forma pluralística de Deus, tem sentido de plenitude de poder o Deus da criação, Elohim, é plural. Os hebreus pluralizavam os nomes para expressar grandeza ou majestade".  A própria Bíblia revela que a única maneira para se compreender a forma plural de Elohim é entender que ela expressa a majestade de Deus e não uma pluralidade na divindade.
 Elyon é derivado de ‘alah e tem sentido de elevado, designando Deus como exaltado. • ‘Adonai (derv. de dun (din) ou ‘adan) e tem sentido de Senhor, de julgar, de governar, revelando Deus como governante Todo-Poderoso. • Shaddai e ‘El-Shaddai (derv. de shadad) significando ser poderoso e indica que Deus tem todo poder no céu e na terra.
Yahweh e Yahweh Tsebhaoth- a forma como Deus se revelou neste nome superou as demais formas de revelação, em Yahweh Ele se revela como Deus de graça, este nome é tido como o mais sagrado entre os judeus devido a Levítico 24;16 “ Aquele que mencionar o nome de Yahweh será morto”, por esta razão substituíram-no nas Escrituras por ‘Adonai ou por ‘Elohim, com o tempo perdeu até a pronúncia correta do nome Yahweh por não ser pronunciado entre os judeus devido a essas substituição dos massoretas nas Escrituras. O acréscimo de Tsebhaoth em Yahweh divide opiniões, mas três opiniões destacam-se para definir a junção destes nomes: os exércitos de Israel, as estrelas, os anjos.
No Novo Testamento três nomes mais utilizados são Theos (Deus de todos), Kurios (Poderoso, Senhor) e Pater (Pai).
OS ATRIBUTOS DE DEUS
Os atributos de Deus são qualidades, características atribuídas ao caráter de Deus conforme Ele se auto-revelou e que nos ajudam a entender quem Ele é, são atribuições inerentes a Ele. Berkhof (2009) diz: Não devemos considerar os atributos como outras tantas partes que entram na composição de Deus, pois ao contrário dos homens, Deus não é composto de diversas partes...Comumente se diz em Teologia que os atributos de Deus são o próprio Deus, como Ele se revelou a nós.” A teologia Sistemática além da designação “atributos de Deus”, às vezes denomina tal estudo de “qualidades de Deus” ou “perfeições de Deus”, pode-se então entender todas essas expressões como sendo sinônimas.
QUAIS SÃO OS ATRIBUTOS DE DEUS?
Atributos incomunicáveis - Os atributos incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus, como imutabilidade, Ele é exaltado acima de tudo quanto existe, é imune de qualquer acréscimo ou diminuição e de todo desenvolvimento ou decadência do seu Ser e em suas perfeições (Êx 3:14, Sl 102:26-28, Is 41:4 e 48:12, Ml 3:6, Rm 1:23, Hb 1:11-12, Tg 1:17), infinidade - perfeição absoluta ( Jó 11:7-10, Sl 145:3, Mt 5:48), eternidade(Sl 90:2 e 102:12, Ef 3:21), imensidade/onipresença ( 1 Rs 8:27, Is 66:1, At 7:48-49, Sl 139;7-10, Jr 23:23-24, At 17:27-28). São assim chamados porque Deus não os compartilha com nenhuma criatura, são exclusivos Dele e Ele não os comunica a ninguém.
Asseidade: Deus é auto-existente, e não precisa de nada nem de ninguém para continuar a existir, ou seja, Ele não depende de ninguém além de Si mesmo para ser o que é. Sua asseidade está diretamente ligada a sua eternidade (Sl 90:1,2).
Eternidade: sempre existiu, Deus não foi criado por ninguém e estando acima de qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2), sem começo e sem fim, para Deus não existe passado, presente e futuro, seu presente é sempre a própria eternidade.
Unidade: Deus é um e todos os Seus atributos estão inclusos em Seu ser o tempo todo algo que não contradiz a doutrina da Trindade, pois as três Pessoas distintas formam um único Deus, ou seja, Sua essência é indivisível (Dt 6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5). Imutabilidade: Deus não muda, tanto Seu ser como Suas perfeições não sofrem qualquer mudança, e não altera, de forma alguma, os Seus propósitos e promessas (Tg 1:17). Infinitude: Deus é infinito em seu ser e não sofre nenhum tipo de limitação. O tempo e o espaço não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a qualidade da infinitude seja um dos atributos de Deus que apresenta mais dificuldade de compreensão por parte dos homens.
A infinitude de Deus, segundo alguns teólogos também aparece revelada através de outros atributos, como a onipresença, onisciência, onipotência e a eternidade.
Onipresença: significa que Deus não é limitado de nenhuma forma pelo espaço. Sua presença é infinita, de modo que Ele está presente em toda parte com toda plenitude do Seu ser (Sl 139).
Onipotência: significa que Deus possui todo poder, isto é, seu poder é infinito e ilimitado. Deus é soberano e capaz de cumprir todos os Seus propósitos (2Co 6:18; Ap 1:8). Hodge (2001) sobre a Onipotência de Deus diz: “O Senhor Deus onipotente reina e age segundo o beneplácito entre os exércitos do céu e os habitantes da terra; este é o tributo de adoração que as Escrituras por toda a parte rendem a Deus, e a verdade que por toda parte.”
Onisciência: Deus conhece todas as coisas de forma completa e absoluta. Ele conhece tudo infinitamente e sem estar sujeito a qualquer limitação (Sl 139; 147:4).
Soberania: Deus tem o controle sobre todas as coisas, Ele governa o universo e conduz a História da humanidade segundo Seu plano e seus propósitos eternos. Vale ressaltar que a soberania de Deus não anula a responsabilidade das ações humanas, e nem a responsabilidade humana descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).
Atributos comunicáveis- Os atributos comunicáveis foram impressos por Deus na humanidade na criação quando o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus, pode-se ainda citar atributos comunicáveis à inteligência, a vontade e a moralidade. Eles são compartilhados por Deus ao homem, pelo menos em certa medida. Ei-los:  Amor (1Jo 4:8, Rm 5:5, Ef 2:4-8) Bondade: (2Cr 30:18; Sl 86:5; 100:5; 119:68; At 14:17). Misericórdia (Ef 2:4,5) Sabedoria (Dn 2:20; cf. Jó 12:13; Jó 36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33, Is 55:8; cf. Jó 28:12-28; Jr 51:15-17). Justiça (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31) Santidade (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap 4:8) Veracidade (Hb 10:23, Jo 17:3) Liberdade (Mt 11:26; cf. Is 40:13,14) Paz (Jz 6:24).
Atributos morais- podem ser considerados como as perfeições divinas mais gloriosas, é evidente que os atributos de Deus entre si sejam mais perfeito ou mais glorioso que o outro, mas relativamente ao homem, as perfeições morais de Deus resplandecem todo fulgor do Seu ser.
Os atributos de Deus não devem ser entendidos como uma lista exaustiva, por se tratar de um estudo limitado pela nossa compreensão do ser de Deus, também não pode considerada uma lista padrão, pois há muitas outras listas sobre os atributos de Deus, algumas diretas e objetivas outras mais completas e detalhadas.


MONOTEÍSMO CRISTÃO
"Ouve, Israel: o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR" (Deuteronômio 6:4).
"Deus é um" (Gálatas 3:20).
Há um Deus. Há só um Deus. Esta doutrina é o cento da mensagem Bíblica, e tanto o Velho quanto o  Novo Testamento a ensinam  claro e enfaticamente. Apesar da simplicidade desta mensagem e da clareza com que a Bíblia a apresenta, muitos que acreditam na existência de Deus não entenderam isto. Até mesmo dentro do Cristianismo, muitas pessoas, inclusive teólogos, não tem entendido esta mensagem bonita e essencial. Nosso propósito é focalizar esta questão, afirmar e explicar a doutrina bíblica da unicidade de Deus.
DEFINIÇÃO DE MONOTEÍSMO
A crença em um único Deus é chamada de monoteísmo que deriva de duas palavras gregas: monos, significando só, singular, um; etheos, significando Deus. Aqueles que não aceitam o monoteísmo pode ser classificado em uma das seguintes categorias: ateísta - que nega a existência de Deus; agnóstico  - que afirma ser a existência de Deus desconhecida e provavelmente incognoscível; panteísta  - que compara Deus com a natureza ou as forças do universo; ou um politeísta - que acredita em mais de um Deus. Diteismo, a crença em dois deuses, é uma forma de politeísmo, assim como o triteismo, a crença em três deuses. Entre as principais religiões do mundo, três são monoteísticas: o Judaísmo, o Islamismo, e o Cristianismo.
Há, entretanto, dentro das fileiras dos que se denominam cristãos pontos de vistas divergentes em relação à natureza da Divindade. Uma dessas correntes, chamada trinitarianismo, afirma que há três pessoas distintas na Divindade  - Deus Pai, Deus Filho, e Deus Espírito  Santo - mas ainda um só Deus.
Dentro dos graus do trinitarianismo, podemos distinguir duas tendências extremas. Por um lado, alguns trinitarianos enfatizam a unidade de Deus sem ter desenvolvido uma compreensão cuidadosa do significado das três pessoas distintas da Divindade. Por outro lado, outros trinitarianos dão ênfase a triplicidade da trindade a ponto de acreditarem em três seres auto-concientes, e o seu ponto de vista é essencialmente triteistico.
Além do trinitarianismo, há a doutrina de binitarianismo que não classifica o Espírito Santo como uma pessoa separada, mas afirma crer em duas pessoas na Divindade.
Muitos monoteístas têm destacado que tanto o trinitarianismo quanto o binitarianismo debilitam o monoteísmo rígido ensinado pela Bíblia. Eles insistem que a Divindade não pode ser dividido em pessoas e que Deus é absolutamente uno.
Os que acreditam no monoteísmo rígido se dividem em duas classes. Uma classe afirma que há só um Deus, e assim fazendo, nega, de uma maneira ou de outra, a perfeita divindade de Jesus Cristo. Este ponto de vista foi representada na história da igreja primitiva pelos dinâmicos monarquistas, como Paulo de Samosata, e pelos Arenistas, liderados por Arius. Estes grupos relegavam Jesus à posição de um deus criado, deus subordinado, deus filho, ou semideus.
A segunda classe dos verdadeiros monoteísta acredita em um Deus, mas, além disso, acredita que a plenitude da Divindade é manifestada em Jesus Cristo. Eles acreditam que o Pai, Filho, e Espírito Santo são manifestações, modos, funções, ou relacionamentos que o Deus único tem exibido ao homem. Os historiadores da igreja têm usado os termos moralismo e monarcianismo modalistico para descrever esse ponto de vista, sustentado na igreja primitiva por líderes como Noetus, Praxeas, e Sabellius.
No século vinte, aqueles que acreditam tanto na indivisível unicidade  de Deus, quanto na perfeita divindade de Jesus Cristo, frequentemente usam a termo Unicidade para descrever aquilo em que creem. Eles também usam os termos “Um Deus” e “Nome de Jesus” como adjetivos para se auto-denominarem, enquanto os oponentes às vezes usam expressões errôneas e desacreditas como " Só Jesus" e" Assunto Novo." (O rótulo" Só Jesus " é errôneo porque os trinitarianos insinua uma negação do Pai e do Espírito Santo. Porém, os que acreditam na Unicidade não negam o Pai e Espírito, mas antes veem o Pai e o Espírito como papéis diferentes do Deus único que é o Espírito de Jesus.) 
A mesma regra pode ser aplicada aos textos que falam da expulsão do Paraíso, da confusão das línguas na Torre de Babel (Gn.3. 22; 11. 6). Estas afirmativas não querem dizer que a trindade passa a existir do momento em que os pais cristãos passam a falar em Trindade. É o mesmo que afirmar que a lei da gravidade foi criada por Newton, pior passou a existir a partir do momento em que foi elaborada.
Um caso bem curioso que precisa ser pensado é o do famoso ANJO DO SENHOR, ou מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה, mala'k YHWH. Este fala como sendo o próprio Deus, mas na verdade é um mediador entre Deus e os homens. É assim nos casos de Hagar (Gn.16.1-9); Abraão (Gn.22.1-15); Moisés (Ex.3.1-15), neste último texto percebe-se inclusive que o מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה arroga para si o nome do próprio Deus. Em Juízes se percebe que ele arroga para si ações que são exclusivas do próprio Iahweh.
E subiu o anjo do SENHOR de Gilgal a Boquim, e disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe à terra que a vossos pais tinha jurado e disse: Nunca invalidarei a minha aliança convosco. E, quanto a vós, não fareis acordo com os moradores desta terra, antes derrubareis os seus altares; mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso? Assim também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão como espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço. E sucedeu que, falando o anjo do Senhor estas palavras a todos os filhos de Israel, o povo levantou a sua voz e chorou (Jz.2.1-4 ACF). Aqui o מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה arroga para si a saída do Egito. Algo similar ao caso da sarça ardente, onde se diz que o מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה aparece para Moisés, mas depois se diz que Deus viu que ele se virou para ver o fenômeno, e que Deus fala. Juntando todas estes textos percebe-se aqui a mediação entre seres celestiais e o próprio Deus. Mas há uma diferença. 


Não se pode confundir a mediação dos anjos na apocalíptica judaica e em textos nos quais estes são portadores de algum tipo de revelação com a manifestação do anjo do Senhor (מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה). Aqueles não recebem adoração e nem o terror e o espanto comum por parte dos visionários. E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia (Ap.19.10ACF).  Se anjos são espíritos ministradores que trabalham em prol dos que hão de herdar a salvação (Hb.1. 14), se são conservos dos que guardam o testemunho de Cristo (Ap.19.10), se são criaturas, ao invés de seres autônomos, como explicar que dentre os anjos que visitam a Abraão um deles aceite adoração.  No livro Falsos Deuses Timothy Keller( Timothy Keller nasceu e cresceu na Pensilvânia e estudou na Bucknell University, no Gordon-Conwell Theological Seminary e no Westminster Theological Seminary. Por muitos anos, foi pastor da Redeemer Presbyterian Church, em Manhattan, igreja que fundou em 1989 com a esposa, Kathy, e seus três filhos. É autor best-seller do New York Times e escreveu vários livros, publicados por Vida Nova.) chama a atenção do leitor para um fator pouco observado. Na narrativa da luta de Jacó com um varão. Na medida em que a alva sob, ou que o dia nasce, o varão pede para que Jacó o libere. Keller afirma que a razão de tal é para que o patriarca não veja o rosto de Deus. O que fica claro no final do texto, que diz:  E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva (Gn.32.20 ACF). 
O profeta Oséias fará uma significativa exegese deste texto ao dizer: O Senhor também com Judá tem contenda, e castigará Jacó segundo os seus caminhos; segundo as suas obras o recompensará. No ventre pegou do calcanhar de seu irmão, e na sua força lutou com Deus. Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou; em Betel o achou, e ali falou conosco, Sim, o Senhor, o Deus dos Exércitos; o Senhor é o seu memorial (Os.12. 2 - 5 ACF).  O profeta compara a contenda judicial com Israel (neste caso o Reino Norte), com a contenda que Jacó teve com o próprio Deus. Uma contenda que se inicia no ato do nascimento, na clara luta pela primogenitura, que se reflete na rivalidade com o irmão mais velho. É importante ter isto em mente, uma vez que a luta de Jacó com Deus no vau de Jaboc antecede a reconciliação deste com Esaú. Tanto que quando se encontram Jacó afirma: se agora tenho achado graça em teus olhos, peço-te que tomes o meu presente da minha mão; porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tomaste contentamento em mim (Gn.33. 10 ACF). O encontro entre Deus e Jacó produziu reconciliação entre ele e seu irmão. Na verdade as trevas protegeram Jacó de ver Deus face à face. Feita a exegese e interpretação mais básica do texto, convém apontar que para os interesses deste estudo basta a alternância entre as expressões Anjo (mala´k -  מַלְאַ֣ךְ), e Iahweh (יְהוָ֔ה). Primeiro se afirma que ele lutou com Deus, depois que lutou com o anjo e finalmente com o Deus dos exércitos.
O pensamento de Keller reflete a ideia de que ninguém pode ver a Deus.  Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. Disse mais o Senhor: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá (Ex.33.20-23 ACF).  Por esta razão Gideão teme ao ver o Anjo do Senhor. Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os pães ázimos, e põe-nos sobre esta penha e derrama-lhe o caldo. E assim fez. E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos. Então viu Gideão que era o anjo do SENHOR e disse: Ah, Senhor DEUS, pois vi o anjo do SENHOR face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás (Jz.6.20-23 ACF). O mesmo dá-se com Manoá. Então Manoá disse ao anjo do Senhor: Ora deixa que te detenhamos, e te preparemos um cabrito. Porém o anjo do Senhor disse a Manoá: Ainda que me detenhas, não comerei de teu pão; e se fizeres holocausto o oferecerás ao Senhor. Porque não sabia Manoá que era o anjo do Senhor. E disse Manoá ao anjo do Senhor: Qual é o teu nome, para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos? E o anjo do Senhor lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso? Então Manoá tomou um cabrito e uma oferta de alimentos, e os ofereceu sobre uma penha ao Senhor: e houve-se o anjo maravilhosamente, observando-o Manoá e sua mulher. E sucedeu que, subindo a chama do altar para o céu, o anjo do Senhor subiu na chama do altar; o que vendo Manoá e sua mulher, caíram em terra sobre seus rostos. E nunca mais apareceu o anjo do Senhor a Manoá, nem a sua mulher; então compreendeu Manoá que era o anjo do Senhor. E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus. Porém sua mulher lhe disse: Se o Senhor nos quisesse matar, não aceitaria da nossa mão o holocausto e a oferta de alimentos, nem nos mostraria tudo isto, nem nos deixaria ouvir tais coisas neste tempo (Jz.13.15-23 ACF). E Isaías: No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos (Is.6.1-5 ACF).  Na verdade, nem mesmo a Glória do Senhor pode ser vista em todo o momento.
Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório (Lv 16. 2 ACF).
Deus não pode ser visto face à face por homem algum. Daí que na Teofania do Sinai, ele desça em nuvens espessas e em densas trevas. Stott (John Robert Walmsley Stott, CBE (27 de abril de 1921 – 27 de julho de 2011) foi um pastor e teólogo anglicano britânico, conhecido como um dos grandes. Em sua essência, o cristianismo é o próprio Cristo. É um relacionamento pessoal com Cristo como nosso Salvador, Senhor e Amigo.),afirma que somente em Cristo Deus pode ser visto sem criar temor e terror nos homens. Do contrário eles não suportam o peso da presença e da manifestação de Deus.
No Velho Testamento as aparições de Deus para Hagar, para os anciãos que vão ao monte com Moisés, e para Gideão, Manoá e Isaías ganham novo significado. Em primeiro lugar vê-se ali afirmação clara de que o λογος (LOGOS), identificando com a sabedoria divina no judaísmo helênico, e agora com Cristo é Deus. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (Jo.1.1-5 ACF).  De igual modo, entende-se no Novo Testamento que quem apareceu nas manifestações divinas foi o próprio Cristo. Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se, escondeu-se deles. E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure. Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele (Jo.12.35-41 ACF).  
Em outro texto, as palavras de Iahweh para Isaías são atribuídas ao Espírito Santo. E, como ficaram entre si discordes, despediram-se, dizendo Paulo esta palavra: Bem falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías, Dizendo:Vai a este povo, e dize:De ouvido ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis;E, vendo vereis, e de maneira nenhuma percebereis. Porquanto o coração deste povo está endurecido,e com os ouvidos ouviram pesadamente,e fecharam os olhos,para que nunca com os olhos vejam,Nem com os ouvidos ouçam,Nem do coração entendam,E se convertam,E eu os cure (At.28.25-27 ACF). 
Mas esta é uma percepção dos escritores e autores do Novo Testamento. Eles se tornaram convictos da divindade de Cristo, bem como de sua filiação divina a partir da ressurreição.  Foi assim com Tomé, que após tocar nas marcas dos cravos das mãos de Cristo disse: E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! (Jo.20.28ACF). Paulo afirma que Jesus nasceu da descendência de Davi segundo a carne, mas, foi declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm.1.3,4 ACF). Na percepção de Willian Lane Craig(William Lane Craig (Peoria, 23 de Agosto de 1949)
Como Teólogo e filósofo, Craig se especializou em filosofia da religião, teólogo , historiador e apologista cristão . Ele ocupa cargos no corpo docente da Talbot School of Theology Universidade de Biola  e Houston Baptist University. Craig atualizou e defendeu o argumento cosmológico de Kalam para a existência de Deus .  Ele também publicou trabalhos em que argumenta a favor da plausibilidade histórica da ressurreição de Jesus. Seu estudo da aseidade divina e do platonismo culminou com seu livro God Over All .  Craig formalmente debateu a existência de Deus (e tópicos relacionados como a historicidade da ressurreição, dirige o ministério de apologética online ReasonableFaith.org), foi a ressurreição de Cristo, o fator principal a fazer com que judeus monoteístas vissem Cristo como Deus. Mas como explicar a relação entre suposta três pessoas da Trindade, melhor, ou a dinâmica existente entre as mesmas? Se a pergunta for: o que vem antes deste Deus? a resposta é mais do que óbvia. A não existência de três pessoas, e de uma unidade composta de Deus, a unidade de Deus é simples de um Deus pessoal único em manifestações e ofícios. Isto porque perguntar pelo que vem antes de Deus equivale a perguntar pelo que vem antes da letra “a”.  Por no mínimo três vezes o Apocalipse traz a declaração de que Cristo é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso (Ap.1.8ACF), E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim.
A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida(Ap.21.6ACF), Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro (Ap.22.13 ACF). Em segundo lugar vem a questão a respeito de como um único Deus pode ser três pessoas, ou substâncias. Mais uma vez se faz necessário recorrer a C. S. Lewis, Franklin Ferreira(Franklin Ferreira. É bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e mestre em Teologia), e cia. A dificuldade de entender um único Deus em três pessoas, ou substâncias decorre do pensamento lógico matemático. No tocante a explicação da realidade tridimensional (espaço, tempo e matéria), tudo bem, mas quando se fala no além tempo - algo que não está na percepção humana, visto que não há quem tenha relação com a atemporalidade. É aqui que reside toda, ou grande parte da questão. A diferença é a seguinte: na geração, o que foi gerado é da mesma espécie que o gerador. Este é o primeiro ponto que precisamos deixar claro. O que Deus gera é Deus, assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus, assim como o que o homem faz não é homem.
É neste sentido que os crentes são chamados para serem filhos de Deus. Tanto que o Novo Testamento emprega duas linguagens para se referir ao fato de cristãos se tornarem filhos de Deus. A primeira é a da adoção, a segunda é a da geração. Mas mesmo quando Paulo fala de adoção na carta aos Romanos, ele fala de um processo de conformação à imagem de Cristo. Pensar a Trindade hoje consiste em pensar relacionamentos, manifestações e ofícios. Somos seres relacionais porque Deus se relaciona dinamicamente por meio de seus ofícios e o modo pelo qual tal se dá é a glorificação mútua entre Pai, Filho Espírito Santo. Conhecer a Deus não consiste somente em ter informações a respeito de Deus, ou dedicar-se a uma religião, ciência ou estudos teológicos. Não! O conhecimento de Deus dá-se na via relacional. E somente é possível relacionar-se com Deus por meio de Cristo Jesus, a metanoia, mentalidade transformada (mente de Cristo), Espírito de Cristo, Espírito do Pai, Espírito Santo. “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.Jo.4.24. Mas a relação com Deus é convite para que o homem se relacione com o seu próximo, conforme visto na oração sacerdotal. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo (Jo.17.20-24 ACF). 

O SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO
Os cristãos precisam ter em mente a resposta para a pergunta que Cristo fez aos seus discípulos: e vós quem dizeis que eu sou? Jonh Stott destaca a tendência ao longo da História da Igreja em criar personagens caricatas da pessoa de Jesus, sendo que a salvação é dada unicamente aos que creem em Cristo como dizem as Escrituras. Cristo é precedido pelo estudo a respeito da autoridade da Bíblia. Somente a partir da inerrância das Sagradas Escrituras, posso acreditar que os Evangelhos façam um retrato fidedigno de Cristo. Não é difícil ver em Jesus a figura de um filósofo, de um poeta, de um comunista, conforme pode ser visto aqui. Por mais bela, inteligente, útil e sedutora que possa ser a construção do Jesus histórico da Teologia Latino Americana, por exemplo, e por mais que coadune em alguns aspectos, não se pode perder de vista as afirmações de Lewis a respeito do Jesus histórico, para quem tais procedem mais da necessidade de adaptar Cristianismo como politica. Através do personagem Fitafuso, ele afirma:  Você perceberá que muitos escritores e políticos cristãos pensam que o Cristianismo começou a dar errado bem cedo, afastando-se da doutrina do seu Fundador. Devemos fazer uso dessa ideia para encorajar mais uma vez o conceito de um "Jesus histórico", que só será encontrado se eles se livrarem dos "acúmulos e perversões", posteriores, para depois compará-los com a tradição cristã. Na última geração de seres humanos, nós conseguimos estimular uma interpretação do tal "Jesus Histórico" em linhas mais liberais e humanitárias; agora formulamos um novo Jesus histórico, em linhas Marxistas, catastróficas e revolucionárias. As vantagens dessas interpretações, que esperamos modificar a cada trinta anos mais ou menos, são inúmeras. Em primeiro lugar, elas tendem a direcionar a devoção dos homens para algo que não existe, pois cada "Jesus Histórico" não existe na história. Os documentos dizem o que dizem, e não podem ser alterados; cada novo "Jesus Histórico", portanto tem de ser criado a partir destes documentos, suprimindo certos aspectos e exagerando outros, e também fazendo certas suposições, fugindo da racionalidade e do sentido das palavras (o Logos),em afirmar que três pessoas possa representar ao Deus, que é único, mistificando um mistério já revelado. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”  ITm.3.16. Em segundo lugar cada uma dessas interpretações confia a importância do seu "Jesus Histórico" a alguma estranha teoria que se supõe que ele tenha pregado. Ele tem de ser um grande homem, no sentido moderno da expressão - um homem no fim de uma linha centrífuga e desequilibrada - um excêntrico que vende uma panaceia. Desse modo conseguimos distrair a mente dos homens daquilo que Ele É e daquilo que Ele Fez. E fazemos dele um simples mestre, e depois escondemos a própria semelhança essencial que existe entre seus ensinamentos e aqueles de todos outros grandes mestres de moral (LEWIS, p. 115,116,2007).  Lewis começa criticando o reducionismo da maioria das vidas de Jesus, ou buscas pelo Jesus histórico, visto que o quadro pintado por aqueles que seriam as testemunhas oculares da vida de Cristo pintam um quadro bem diversificado. Esta diversidade de olhares a respeito da pessoa de Cristo aponta para o problema de sua extrema complexidade. Jesus é plenamente Deus (Jo.1.1,2;20.28; Rm.9.5; Tt 2. 13), homem perfeito (Gl.4.4,5; I Tm.2.5), pastor (I Pe.2.25), mestre (Jo.3.2), apóstolo (Hb.3.1),Rei (I Tm.6.16), juiz (Jo.5.22), sacerdote (Hb.4.14-16). 
A fonte para toda e qualquer busca a respeito da pessoa e obra de Cristo tem de ser a Escritura, com sua diversidade de olhares a respeito da pessoa e obra de Cristo, desde o Filho de Abraão e de Davi, até o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES do livro do Apocalipse. A visão de Cristo como mero mestre de moral (tendência das percepções reducionistas), impede a percepção de que como tal Jesus seria mais um,  dentre tantos outros que vieram.  No Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus (Filho por ter nascido neste mundo, Deus encarnado(A kenosis foi uma auto-renúncia, não um esvaziamento de sua divindade e nem uma troca de divindade pela humanidade. Filipenses 2:7 nos diz que Jesus "esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens." Jesus não cessou de ser Deus durante o Seu ministério terreno. Entretanto, Ele deixou de lado a Sua glória celestial de uma relação intima com Deus. Ele também deixou de lado a Sua autoridade independente. Durante o Seu ministério terreno, Cristo se submeteu completamente à vontade do Pai. “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder.Hebreus 1:3a” ) que é o principio de Deus para entrada neste mundo, porém sem concussão do sexo de sensações e prazer, Ele nasceu de uma virgem, e Deus não quebra Princípios), “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu.João.3:13” plenamente Deus, plenamente Homem, na concepção e no seu nascimento virginal, em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus como Salvador do mundo (Jo.3.16-18; Rm.1.3,4; Is.7.14; Mt.1.23; Hb.10.12; Rm.8.34 e At.1.9). 
Este destaca:
1) o Senhorio de Cristo;
2) sua procedência do Pai, gerado do Espírito Santo “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo.
Mateus 1:18 ”;
3) sua divindade;
4) sua humanidade;
5) nascimento virginal;
6) morte expiatória e vicária;
7) ressurreição e ascensão, bem como sua posição como salvador, sendo intimamente ligadas uma à outra. Na perspectiva de Jonh Stott, tanto o senhorio quanto a divindade de Cristo estão intimamente ligados.
Para este, quando o Antigo Testamento veio a ser traduzido para o grego em Alexandria, cerca de 200 a. C., os devotos e estudiosos judeus não sabiam como lidar com o nome sagrado de Javé, ou Iahweh. Eles eram reticentes demais em pronunciá-lo; não sentiam a liberdade para traduzi-lo, ou mesmo para transliterá-lo. portanto eles colocavam em seu lugar a paráfrase ho Kyrios, ("o Senhor"), razão pela qual Javé ainda aparece na maioria das versões como "Senhor"  O que realmente é impressionante é que os seguidores de Jesus, sabendo que, pelo menos em círculos judaicos, ho Kyrios, era o título tradicionalmente dado a Javé,(Iahweh) criador do Universo, e o Deus da aliança de Israel, não tinham escrúpulo de aplicar o mesmo nome a Jesus, nem viam nenhum mal em fazê-lo (OUÇA O ESPÍRITO, OUÇA O MUNDO, P. 98). Na perspectiva do autor era uma confissão de admissão da divindade de Cristo. Mais do que isto: falas tipicamente atribuídas a Iahweh são aplicadas à pessoa de Cristo no Novo Testamento. Então todo aquele que invocar o nome de Iahweh, será salvo. porque no monte de Sião e em Jerusalém haverá ilesos - como Iahweh falou - entre os sobreviventes que Iahweh chama (Jl.3. 5 Bíblia de Jerusalém). Este mesmo texto recebe um tratamento bem fundamentado de Stott. Minha pretensão é a de que apenas a confissão de Fé da Igreja primitiva sejam suficientes. Nesta o Senhorio de Cristo e sua obra de salvação se encontram explicitamente.
A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm.10.9-13). 
A confissão de Cristo aliada à crença na ressurreição dentre os mortos á condição para a salvação. Note que aqui Jesus é chamado de κυριον (Kyrion). Perceba que não se trata de mera aceitação do pecador a Jesus. Não é a admissão de seu senhorio que traz a condição para a salvação. Daí apos citar Isaías Paulo cita Joel associando Jesus à Iahweh. Na perspectiva joanina, ele é o ο λογος (hó logos) criador, na criação, Pai Filho, Espírito Santo. 
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam (Jo.1.1- 5). 
Neste último texto a figura de Jesus é associada ao λογος, que por sua vez é a associada à sabedoria no judaísmo helênico, conforme destaca Esequias Soares em seu livro Cristologia lançado pela Hagnos.
Em primeiro lugar, é afirmado aqui que λογος estava com Deus. E em outros momentos Jesus fala de uma glória que tinha junto ao Pai antes da fundação do mundo. 
E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo (Jo.17. 5, 24 ACF). 
Ele estava em Deus no princípio (Jo.1.2 NVI).  Em segundo lugar λογος é Deus. Jesus é Deus pois tem o poder de fazer as mesmas coisas que o Pai, dentre as quais exercer o juízo, salvar e dar vida aos mortos, conforme de pode perceber neste texto. 
Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão. Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo; E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem. Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou (Jo.5.19- 30 ACF). 
Não bastassem tais elementos, à semelhança de Paulo, João afirma que Jesus é digno de semelhante honra que o PAI tem. Ainda que arianos e subordinacionistas amem textos como este, a verdade é que o judeu entendia perfeitamente bem que ao se afirmar FILHO DE DEUS, JESUS SE EQUIPARAVA AO PAI.
Em terceiro lugar à semelhança do PAI, λογος é fonte de vida. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E: como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo
JESUS É SENHOR E SALVADOR.
O Arrebatamento da Igreja
O termo arrebatamento indica a ação de arrebatar (no sentido de transportar, de levar para longe). Advém do termo rebate, indicando um assalto, uma incursão de caráter repentino. No Grego koiné este verbo equivale a αρπαζω (arpazoo), cujo sentido varia desde o saque à espoliação de guerra. Em referência ao Arrebatamento da Igreja, este é empregado somente em I Ts 4. 17. É deste emprego singular que se formou a doutrina do arrebatamento doutrina cristã, da corrente escatológica, centrados nos textos de I Co 15 e I Ts 4. 13 - 18. Aceita nos cânones da Hermenêutica de cunho histórico gramatical, bem como as regras Bíblicas. Com apoio que admite-se estes textos respostondam às doutrinas que as comunidades cristãs primitivas tinham em relação à questão da ressurreição, como o texto do apóstolo Paulo em I Ts.4.13-18.Vejamos:

O ARREBATAMENTO DA IGREJA EM I Ts 4. 13 - 18
A doutrina do arrebatamento da Igreja é fundamentada na ocorrência da expressão αρπαζω, cujo sentido pode ser o de roubar, ou de sequestrar, denotando com isto uma ação súbita. O problema é que o vocábulo aparece em um texto cuja mensagem transcende a idéia de uma retirada inopinada da Igreja da face da terra. Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormemDeus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (I Ts,4.13-18 ACF). 
1.        Perceba que nos versos 13,14,15 a expressão dormem aparece repetidamente. Em significativa parcela do Novo Testamento κοιμαω [koimaoo] é empregado para se referir aos que morrem, ou seja, no lugar de simplesmente afirmar que os santos morreram, o escritor opta por κοιμαω para expressar que os mesmos adormeceram. 
2.        Para além das controvérsias a respeito da Escatologia Individual, é importante entender que a expressão κοιμαω remete a tendência de se comparar a morte física com um sono, algo que é possível identificar em Dn.12.2, onde se lê: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os mortos são comparados aos que dormem. 
3.Segundo Edward Robinson (Edward Robinson, foi um estudioso bíblico norte-americano. Seus trabalhos sobre geografia bíblica e arqueologia bíblica feitos durante o domínio Otomano na Palestina, tornaram ele o "Pai da Geografia Bíblica" e o "Fundador da Palestinologia Moderna".), este mesmo verbete é empregado no Novo Testamento, para o sono da morte em textos como o relato da morte dos santos da antiga dispensação (Mt.27. 52), de Lázaro (Jo.11. 12) e de Estevão (At.7. 60). Curiosamente o mesmo não aparece de forma tão detalhada na Bíblia de Estudo Palavra Chave. 
4.        No verso 16 Paulo abandona as variantes de κοιμαω [koimaoo], e emprega o termo νεκροι εν χριστω (nekroi en Christou), ou mortos em Cristo. Os que dormem são os mortos em Cristo. 
5.        Neste texto em particular os que dormem (κοιμαω [koimaoo], ou νεκροι εν χριστω [nekroi en Christou]) são contrastados com aqueles que permanecerão vivos. 
6.        O emprego na primeira pessoa do singular indica que Paulo, tal como a comunidade primitiva, entendiam que estariam vivos por ocasião da Vinda do Senhor. Esta expectativa é mantida em I Co.15, mas paulatinamente abandonada em II Co.5. 1 - 5 e Fp.1. 20 - 22, quando em face dos perigos pelos quais passou ele passou ele vê sua morte como realidade cada vez mais próxima. 
7.        Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da vida desesperamos.
Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte, para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos (II Co.1. 8 ACF). 
8.        Conforme dito aqui se percebe a lenta mudança de perspectiva da parte do apóstolo Paulo, o que se ratifica quando ele declara: Para conhecê-lo, e à virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito conforme à sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos (Fp.3.10,11ACF). 
9.        O sofrimento do tempo presente aponta para a glória futura da ressurreição e em Paulo, isto é conhecer a Cristo. 
10.   A morte é superada pela realidade da ressurreição. Este é o Ensino presente em todos os escritos paulino, sejam nos primeiros, sejam nos posteriores. E é a verdade que salta aos olhos do leitor quando se depara com o texto acima transcrito. 
11.   αποθνησκω [apotheneeskoo] é um verbo que pode ser empregado com alusão à morte de pessoas como no caso da morte da filha de Jairo (Mt.9.24, Mc.5. 35,39), ou ao apodrecimento de um vegetal, tal como ocorre com o grão de trigo. Esta metáfora foi empregada por Cristo (Jo.12.24). 
12.   Este termo aparece associado ao vocábulo άνίστημι (anísteeemi), cujo sentido é o de levantar,sendo equivalente à expressão αναστασεως (anastaseeoos).
Embora seja uma realidade atestada pelos casos de ressurreição individual, e pela ressurreição do próprio Cristo, o emprego de uma terminologia cuja significação corresponde ao erguimento da posição denota ausência de uma categoria para ressurreição na cultura grega. 
13.   Todavia, a ressurreição de Cristo é a garantia de que os que dormem voltarão a viver. Aliás se dormem é porque serão despertados. 
14.   Após a ressurreição se dará o Arrebatamento. Aqui é preciso que se perceba, que a despeito da força que este termo possui, o texto não indica que tal se dê independente de uma sequência de eventos, pelo contrário, ele será precedido, pela
a) descida do próprio Senhor;
b) pela voz do Arcanjo e,
c) pela trombeta de Deus. Após a sequência de eventos se dará a ressurreição dos mortos seguida do arrebatamento. 
15.   A presente exposição encerra-se com o encontro com o Senhor nos ares, e com a promessa de que estaremos para sempre com o mesmo, não situando tal encontro antes, ou depois da Grande Tribulação, ou sequer indicando a sequência de eventos posteriores a este encontro. 
É precisamente neste ponto que convém empreender uma análise ainda que breve do texto de I Co 15. 


O ARREBATAMENTO DA IGREJA EM I Co 15
Em I Co 15 há um texto análogo ao de I Ts 4. 13 - 18, com a exceção de que não há aqui a ocorrência do verbo αρπαζω (arpazoo).  Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (I Co.15.1-4 ACF). 
A ideia predominante aqui é que a morte e a ressurreição de Cristo são os fatos mais proeminentes do anuncio da Boa Nova. Estes são os acontecimentos da mais importantes da vida do Filho de Deus, O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação (Rm.4.25ACF).
E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido (I Co.15.5-11 ACF).
1.        Tanto a morte quanto a ressureição de Cristo foram presenciadas por um considerável número de testemunhas, dentre as quais figuram os apóstolos Pedro, Tiago e mais de quinhentos irmãos. 
2.        O próprio Paulo se considera uma das testemunhas da ressurreição de Cristo em razão de sua experiência no caminho de Damasco. 
3.        Foi esta experiência com o ressuscitado que fez com o que apóstolo saísse da condição de perseguidor da Igreja para a de testemunha dos sofrimentos de Cristo e mais: alguém disposto a morrer por tal verdade. 
4.        Neste ponto em particular ocorre uma equiparação entre Paulo e os demais apóstolos. 
Ora, se prega que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem (I Co.15.12-21 ACF). 
1.        Conforme dito acima, o cerne da pregação cristã é o fato da ressurreição de Cristo, se o pressuposto grego de que não existe ressurreição é aceito, como fica a pregação cristã?
2.        Negar que Cristo ressuscitou equivale a negar o poder e eficácia da pregação cristã. Esta se torna vã. A expressão aqui é ματαια (mataia), que é sinônima de vazia. 
3.        A fé resulta da pregação. Uma pregação vazia produz uma fé vazia. Os pregadores são falsas testemunhas de Deus e de Cristo, uma vez que asseveram que ambos fizeram algo que não ocorreu.  
4.        O pior de tudo, se Cristo não ressuscitou ainda permanecemos em nossos pecados, e por este motivo sob o poder da morte. 
5.        Se Cristo é apenas um mestre de moral, como afirmado pelo liberalismo, e por outras vertentes que descreem da ressurreição, somos os mais miseráveis dos homens. 
6.        Todavia os apóstolos são testemunhas de que Cristo morreu e ressuscitou. Assim, a morte que veio por um único homem é derrotada pelo fato da ressurreição. 
Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, o Pai,(Espírito Santo) e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos (I Co.15.22-28 ACF). 
1.        A ressurreição de Cristo é prenúncio da reversão de um processo iniciado em Adão. 
2.        Cristo é tanto o primogênito dentre os mortos quanto as primícias. Com estas expressões Paulo quer dizer que ele é o primeiro a ressuscitar para uma vida imortal e incorruptível. 
3.        Em seguida a morte será derrotada e todo reino entregue ao Filho de Deus e Paulo entende que o último inimigo e ser derrotado é a morte. 
Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos? Por que estamos nós também a toda a hora em perigo? Eu protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus nosso Senhor. Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã morreremos. Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes. Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa (I Co.15.29-34 ACF).
1.        Não há certeza do que seja este batismo pelos mortos. O fato me faz lembrar o sacrifício de Judas Macabeus fez pelos mortos, tendo em vista que na ressurreição os pecados dos mesmos fossem perdoados (II Mac.12. 38 - 45), mas é apenas uma associação nem de longe um processo exegético. Todavia eles perdem o valor sem a crença na ressurreição. 
2.        Assumir publicamente a fé em Cristo demanda perigo de vida. Citando Sl.44. 22; Paulo afirma: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como ovelhas para o matadouro (Rm.8.36ACF). 
3.        Esta afirmação ganha sentido somente na medida em que ao se ler o contexto do texto se percebe as seguintes afirmações: Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós (Rm.8. 33, 34 ACF). 
4.        Sem esta perspectiva a vida se resume ao hedonismo pragmático "Comamos e bebamos, que amanhã morreremos". a perspectiva da morte como fim da vida reduz o homem a um sujeito de desejos. 
Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E com que corpo virão? Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo. Nem toda a carne é uma mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra a dos peixes e outra a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das estrelas; porque uma estrela difere em glóriade outra estrela. Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual (I Co.15.35-44ACF). 
1.        A abordagem a respeito da ressurreição dos mortos trouxe a Paulo rejeição quando este pregou em Atenas. Creio que esta rejeição lhe trouxe sábias lições dentre as quais a elaboração de um argumento para a mesma.  
2.        Assim como o vegetal que como ato começa como uma simples semente, mas traz em si a potência de ser uma árvore, o ser humano enquanto ato é mortal, mas traz em si a potência da incorruptibilidade e da imortalidade. 
3.        Para que passe de potência (semente), para ato (árvore), o grão tem de morrer. Jesus mesmo disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto (Jo.12.24 ACF). αποθνησκω [apotheneeskoo] é o verbo presente neste texto, tal como nesta fala de Paulo: Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer (I Co.15.36ACF).
4.        Na ressurreição se concretizará a glorificação dos crentes em Cristo. Aqui se tem a realização da Antropologia Bíblica, bem como da Eclesiologia. 
Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial (I Co.15.45-49 ACF). 
A este texto se pode acrescentar as seguintes palavras de Paulo: Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos (Rm.8.29ACF).Estas podem ser complementadas pelas de João, que diz: Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos (I Jo.3.2ACF). A promessa é bem simples: se somos como Adão foi, seremos tal como Cristo é.  Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor (I Co.15.51-58 ACF).
1.        Nem todos os crentes irão morrer, é claro, mas a verdade é que em razão da necessidade de transformação e da realização da glorificação, todos serão transformados. 
2.        Esta transformação, tal como a ressurreição se dará em um instante, ou em um ατομω (atomoo). Deste termo vem a palavra átomo em nosso idioma. No clássico este significava algo indivisível e que segundo Robinson, possui similar significado no koiné.  
3.        Esta última trombeta tem sido alvo de controvérsia entre proponentes das mais variadas posições escatológicas. Os pré-tribulacionistas afirmam [sem justificativa bíblica aparente] que é uma série de trombetas que ressoarão antes do arrebatamento secreto, ao passo que pós-tribulacionistas e não tribulacionistas entendem esta última trombeta como sendo a mesma última trombeta de Apocalipse. 
4.        Neste Texto se lê: E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre (Ap.11.15 ACF). 
5.        O texto ora analisado uma vez que o mesmo em seu contexto global fala que antes do Reino de Cristo a morte será submetida. "Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda.
Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força" I Co.15.22,23.
6.        Perceba que após a παρουσια (parousia) virá o fim. esta afirmação não é do autor do texto analisado. De acordo com este, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés (I Co.15.26,27a ACF). 
7.        As expressões: "convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade", "que é mortal se revista da imortalidade", bem como a repetição das mesmas demonstra que ele se detém na Glorificação dos Santos. 
8.        Esta mesma glorificação é vitória sobre a morte e estímulo para que os crentes sigam firmes, constantes e abundantes na obra do Senhor. 
O Arrebatamento é uma realidade escatológica. Todavia nos textos analisados a predominância é a doutrina da ressurreição e consequentemente da Glorificação dos Santos, e que ambas são o cerne do Evangelho. Mas o objetivo dos textos e  assuntos neste momento em que a ênfase é posta na pessoa do Senhor Jesus, é  fonte de grande consolo para os que amam a Vinda de Cristo.

À VINDA DE CRISTO
Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras (Mt.16. 27 ACF). 
A Vinda do Filho do homem (Porque o Filho do homem virá), do modo como este virá (virá na glória de seu Pai), e do propósito da mesma (e então dará a cada um segundo as suas obras). 
E, estando assentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?  Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do homem (Mt.24.3,26,27,37-39 ACF). 
1.        Os discípulos fazem três perguntas ao Senhor: 1) quando serão essas coisas,
2) que sinal haverá da tua vinda
3) e do fim do mundo? Cristo não diz quando serão as coisas, mas lhes diz a respeito dos sinais. 
2.        Os discípulos devem rejeitar todo pretenso messias, uma vez que o regresso de Cristo será algo tão visível quanto o relâmpago. 
3.        Mesmo o descrédito e indiferença para com a Vinda de Cristo devem ser vistos como claro sinal para a mesma. 
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também (Jo.14.2,3 ACF).
Este texto fala da necessidade temporária de separação entre Cristo e seus discípulos. Por meio da cruz ele abriu o caminho do homem a Deus (Hb.10.19-23). Em sua assunção ele preparou o nova habitação dos cristãos, e agora virá outra vez a fim de se reunir com todo o seu povo.
Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir (At.1.11ACF). 
 A indagação dos anjos quanto a atitude dos discípulos, ao verem Jesus indo para o céu, se dá em razão de que o retorno de Cristo demanda rápida resposta dos discípulos. Retornado ao contexto é possível verificar que: 
E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco (At.1.9,10ACF). 
A nuvem que recebeu a Cristo e que o ocultou à vista de seus discípulos, será a mesma que o revelará ao mundo. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória (Mt.24.30 ACF). 
A mesma percepção a respeito da Vinda é vista em Daniel que relata: Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído (Dn.7.13,14ACF). Estas nuvens apontam para o poderio e juízo de Deus. Conforme se vê neste texto poético: Nuvens e escuridão estão ao redor dele; justiça e juízo são a base do seu trono. Um fogo vai adiante dele, e abrasa os seus inimigos em redor. Os seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e tremeu. Os montes derretem como cera na presença do Senhor, na presença do Senhor de toda a terra (Sl.97.2-5 ACF). 
De igual modo, Cristo virá com os seus anjos.  Perguntado no sinédrio a respeito de sua identidade messiânica Jesus respondeu: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu (Mt.24.64ACF). Por último, é dito que ele vem para julgar todas as obras.
Sempre devemos, irmãos, dar graças a Deus por vós, como é justo, porque a vossa fé cresce muitíssimo e o amor de cada um de vós aumenta de uns para com os outros, De maneira que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas perseguições e aflições que suportais; Prova clara do justo juízo de Deus, para que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis; Se de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam, E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, Com labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face do Senhor e da glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem (porquanto o nosso testemunho foi crido entre vós) (II Ts.1.3-10 ACF). 
Deste texto pode-se inferir que:
1.        A Vinda de Cristo é motivação para que o crente suporte a tribulação uma vez que na mesma este receberá alívio. 
2.        Os ímpios que perseguem ao povo de Deus serão devidamente julgados. 
3.        Será dado aos mesmos o justo castigo por sua impenitência, o de padecer longe da face do Senhor. Cristo será glorificado nos seus santos, o que significa que estes partilharão da mesma glória d'aquele. 
Agora, necessário se faz rever os nomes pertinentes à Vinda de Jesus.

NOMES PARA A VINDA DE JESUS

A vinda de Cristo é mencionada pelo seguintes termos: 
1.        Tempos de refrigérioArrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor (At.3.19ACF). A expressao para tempos de refrigério - καιροι αναψυξεως (kairoi anapsyxeoos) - indica um tempo de revigoração, análogo ao termo usando em At.3.21 para a restauração de todas as coisas. 
2.        Tempos da restauração de tudo. Em analogia com Rm.8.21, αποκαταστασεως (apokatastaseoos) indica a restauração da saúde, sendo que neste caso o que está em jogo é a saúde do Kosmos. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio (At.3.21 ACF). 
3.        Aparição de Jesus Cristo. Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo (I Pe.1.7ACF).
Seja revelação, aparição, ou manifestação, o termo αποκαλυψει(apocalipsei) se aplica tanto aqui quanto aqui: esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (I Co 1. 7 ACF). 
4.        Epiphaneia (επιφανειαν). É a manifestação, ou aparição, empregado tanto para a manifestação de Cristo em seu primeiro advento (II Tm.1.10), quanto para seu segundo advento. E então será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda (IITs.2.8ACF).Neste texto em particular  επιφανειαν é articulado com παρουσιας (parousia), sendo esta a expressão para a Vinda e aquela para o esplendor decorrente da mesma. 
5.        Que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo (ITm.6.14ACF).Neste texto  επιφανειαν  equivale  à aparição. O mesmo se pode dizer de (II Tm.4. 1, 8) em que o termo é traduzido por Vinda. 
6.        Παρουσιας (parousias). É um termo que descreve a visita do imperador em uma das cidades pertencentes ao Império. Pode indicar a presença física de uma pessoa tal como o apóstolo (II Co.10. 10), ou para a vinda de Cristo e consequente destruição do estado judaico e império romano (Mt.24.3,27,37-30 vide supra). 
7.        Παρουσιας também é um momento em que os santos receberão recompensas de sua respectiva fidelidade e os ímpios o jugamento (I Ts.2.19; II Ts.2. 8). 
8.        Em geral a vinda de Cristo ( I Ts.2. 19;3.13; 4.15;5.23). É conforme visto a palavra chave da Carta aos Tessalonicenses. Não indica um evento secreto, uma vez que o termo era empregado para visita do imperador. 

ESTUDO DAS ÚLTIMAS COISAS
Escatologia é um ramo da Teologia Sistemática cujo material é constituído pela interpretação da profecia bíblica, o seu estudo traz ao coração dos salvos a esperança de um dia estarem para sempre com o Senhor Jesus Cristo, e afirmo que a Esperança é a matéria por excelência da Escatologia. 
Vamos ver nesta exposição,e:
1) Definir o que é Escatologia.
2) Esclarecer as fontes bíblicas e teológicas da mesma. 3) Ressaltar o elemento da Esperança contido na mesma. Não é tarefa fácil, visto que o ser humano tem um profundo interesse no futuro e os estudos escatológicos tem sido profundamente influenciados por este caráter especulativo.

O QUE É ESCATOLOGIA?
A pergunta a respeito da natureza da Escatologia bíblia imediatamente nos remete ao que não é escatologia. E a resposta a esta primeira indagação remete ao leitor bíblico às seguintes questões:
1.        Não é a entrega a especulações a respeito do futuro, uma vez que o próprio Cristo disse aos seus discípulos: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder (At.1.7ACF). 
2.        Não consiste em intermináveis tentativas de marcações de datas para a Vinda de Cristo, uma vez que o mesmo disse: Mas daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai (Mt.24.36 ACF). 
3.        A afirmação de Jesus acima, não é uma negação de sua autoridade e divindade, mas o indicador de um padrão, uma vez que o próprio Deus quando faz anunciados aos seus profetas não trabalha com datas. 
4.        Não é a acomodação de eventos atuais às profecias bíblicas [algo que ocorre principalmente no caso dos programas de implantação de chips e eventos catastróficos, a derrubadas das torres gêmeas, do World Trade Center, guerras, epidemias, tsunamis, terremotos, doenças, vírus e pandemia. 
5.        Não pode ser confundida com a série Deixados para Trás de Tim LaHaye, cujo teor é puramente especulativo e contém elementos mais lendários e mitologicos do que bíblicos. Os filmes são interessantes, mas poderiam ser colocados numa categoria inferior a Inimigo de Estado, Controle Absoluto, Vingador do Futuro, O Pagamento e tantos outros que se entregam a especulações a respeito de temas como o Fim do Mundo, Crise política, ambos presente na Escatologia atual. 
6.        Aqui observa-se que a Escatologia não é algo delimitado ao povo evangélico. Franquias cenematográficas como o Exterminador do Futuro possuem seu viés escatológico, o mesmo se pode dizer de obras como o livro e o filme feito com base no mesmo A Máquina do Tempo de H. G. Wells. 
Uma vez percebidas as verdades acima convém perguntar: o que de fato é a escatologia?
1.        Etimologicamente falando é a junção dos termos gregos εσχατη (eschatee) com λογος, o primeiro tem a ver com último, o segundo com estudo, tratado, saber. 
2.        Escatologia seria assim o saber a respeito das últimas coisas. Mas o que precisamente poderiam ser estas últimas coisas?
3.        Biblicamente falando as últimas coisas são os evantos que transcorrem entre a ascensão de Cristo e o seu retorno. Com este sentido o termo εσχατων των ημερων [eschaton ton heemeron, ou últimos dias] é empregado em Hb.1. 1, 2. 
4.        De igual modo o termo εσχατων των χρονων [eschaton ton chronon] é empregadopara se referir aos eventos pertinentes ao primeiro advento de Cristo, que culminou com sua morte e ressurreição e sucessivamente com a redenção dos crentes (I Pe.1. 20). 
5.        O mesmo se pode dizer de termos como συντελεια του αιωνος [synteleia ton aioonos], cujo emprego pode ser feito em alusão a eventos futuros (Mt.13.49;28.20), como para os que ocorreram no momento histórico em que Cristo morreu (Hb.9..26). 
6.        Perceba a partir deste último texto bíblico que a consumação dos séculos, na mentalidade do autor da Carta aos Hebreus é o momento em que o mesmo está vivendo. 
7.        Algo similar ocorre na mente de Pedro quando este associa o derramamento do Espírito no Pentecostes com a profecia de Joel (Jl.2.28-31) e acrescenta a expressão εσχατων των ημερων [eschaton ton heemeron, ou últimos dias]. Os eventos ligados a morte, ressurreição e ascenção de Cristo inauguram a era Final. 
8.        Conforme sugerido acima, em relação à expressão συντελεια του αιωνοςεσχατων των ημερων pode ser empregado para eventos futuros, coforme visto nos textos que fazem alusão à apostasia (I Tm.4.1), à corrupção generalizada (II Tm.3. 1ss), e ao descrédito com relação à Vinda de Cristo (II Pe 3. 3). 
9.Gordon Fee (Gordon Donald Fee (nascido em 23 de Maio de 1934 em Ashland, Oregon) é um teólogo pentecostal e estudioso do Novo Testamento, e também ministro ordenado da Assembleia de Deus nos EUA. Após ensinar brevemente no Wheaton. Ele também serviu no quadro consultivo do Instituto Internacional para Estudos Cristãos. Fee recebeu sua graduação de B.A. e M.A. do Seattle Pacific University e seu Ph.D. da University of Southern California.) e Douglas Stuartt (É professor de Antigo Testamento no Gordon-Conwell Theological Seminary, onde ensina há vinte e oito anos. Recebeu uma láurea acadêmica por sua graduação no Harvard College e seu Ph.D. pela Harvard University. Cursou o seminário em Yale. Sua consagração como erudito não o afastou do pastorado. Hoje é pastor da Linebrook Church de Ipswich, em Massachusetts.) afirmam que o Novo Testamento é um documento eminentemente escatológico, visto que seus contemporâenos acreditavam que a qualquer momento o Reino de Deus irromperria na Era presente
10.   Conclui-se assim que a escatologia não se limita a eventos futuros, antes abrange eventos pertinentes ao momento em que os discípulos, e demais membros da comunidade primitiva viveram. O ensino de Cristo, bem como sua pregação são eminentemente escatológicos.

FONTES BÍBLICAS DA ESCATOLOGIA
Falar a respeito das fontes bíblicas da Escatologia, demanda, por parte de quem se propõe a realizar tal feito, séria consideração a respeito das profecias bíblicas e da apocalíptica. Em geral estes dois movimentos são confundidos no imaginário cristão.
A prova cabal de similar confusão é o fato de Daniel ser tido, ou considerado como profeta, quando na verdade ele é um חָזֹ֖ון (hazon) visionário. 
Biblicamente falando o movimento profético é um movimento que tem seu começo na monarquia. Não se trata de um movimento literário desde o início, tanto que Elias, Eliseu, Aías de Silo e tantos outros não deixaram escritos. É a partir do ministério de Isaías, e Jeremias que o movimento assume forma literária, mediante ordem divina de que os oráculos sejam escritos. 
Disse-me também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem: Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa (Is 8. 1 ACF). A ordem visa a perpetuação das palavras oraculares para o dia do final: Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para sempre e perpetuamente (Is.30. 8 ACF). 
Deus ordenou a Jeremias que escrevesse a profecia a fim de que quando esta se cumprisse, o cumprimento fosse testemunho de que Deus havia mandado o profeta falar tantos os oráculos de juízo quanto os de consolação, é o que se pode conclui deste texto:
Assim diz o Senhor Deus de Israel: Escreve num livro todas as palavras que te tenho falado. Porque eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel, e de Judá, diz o Senhor; e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão (Jr.30.2,3ACF). 
O profeta é um homem que começa o seu oráculo com a expressão veio a palavra do Senhor (Is.38.4;39.5; Jr.2.1; 30.1;32.26;33.23). Já o apocalipsista é um homem de visão. Daniel é um claro exemplo de perfeito acordo com a maioria dos eruditos que desenvolveu a apocalítica, com estilo eminetemente assim, devido ao emprego de visões simbólicas (Dn.7;8), do uso histórico das profecias (Dn.9.1ss) e das visões frequentes.Do profetismo a escatologia dogmática herdou:
1.        As profecias que dizem respeito a Jesus Cristo, tanto em seu primeiro advento, quanto no seu segundo. Na verdade ambos estão profundamente misturados, conforme se pode ver nos seguintes textos (Gn.49.9-12; II Sm.7.12; Mq.5. 2). 
2.        O primeiro texto mistura cenas de nascimento de um descendente de Judá com as de execução de um juízo e o estabelecimento de uma paz sem fim. 
3.        Esta percepção messiânica permanece mesmo no ministério profético de João Batista, para quem a Vinda do Messias tem como objetivo único a execução de um juízo sobre os que não se arrependem e não ouvem a pregação de Batista e do Messias (Mt.3.10-12). 
4.        Foi Cristo quem fez a distinção entre o período da salvação e o do juízo (Mt.11.5;16.27). 
5.        As profecias pertinentes a Israel. Isaías, Jeremias, e Miquéias, por exemplo descrevem um quadro cujo cumprimento não é pleno.
Nestas o Monte de Sião será um referencial de ensino e sabedoria para todas as nações da terra e os povos para lá correrão (Is.2.2-4). 
6.        Em razão do conhecimento do Senhor, não se fará mal nem dano algum no santo monte do Senhor (Is.11.9). 
7.        Isaías chega a descrever o seguinte quadro: E a lua se envergonhará, e o sol se confundirá quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém, e perante os seus anciãos gloriosamente (Is.24.23 ACF). 
8.        Um quadro similar a este será retratado por João em sua descrição da Cidade Santa. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre (Ap.22.5 ACF). 
9.        Este mesmo monte é um local em que as estruturas dos céus serão abaladas e a morte aniquilada para sempre (Is.25.6-9). 
10.   Estas profecias formam o cerne de duas categorias apocalípticas e escatológicas: a do Milênio e a do Estado Eterno e servem como exemplo da influência do profetismo na formação do pensamento escatológico. 
11.   Há também as profecias condizentes aos gentios. Elas indicam que o plano de Deus não se restringe exclusivamente aos filhos de Israel, antes abrangem as gentes, ou as demais nações (Gn.12. 3;18.18;22.18). 
12.   A lei do senhor emanará de Sião, para todos os povos (Is.2.3). 
13.   Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o joelho, e por mim jurará toda a língua (Is.45.23 ACF). 
14.   Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, em Jerusalém; e nunca mais andarão segundo o propósito do seu coração maligno (Jr.3.17ACF). 
15.   Há também as profecias bíblicas pertinentes à Igreja. Elas decorrem de uma compreensão de que os gentios estão incluídos na etapa da salvação e que tal como os judeus fazem parte das promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó.
16.   Tais profecias são mais perceptíveis mediante leitura apurada da Carta aos Efésios. Nesta Paulo demonstra como judeus e cristãos foram unidos em um único povo (Ef.2.11-18;3.4-6). 
Da apocalíptica judaica a Escatologia herdou: 
1.        As imagens cataclísmicas dos evantos finais tais como: a destruição da terra, da natureza, das potências do céu, etc...
2.        Uma visão simbólica e teleológica da história (Dn.2;7;8). O advento dos reinos mundiais é descrito por meio da ascenção de bestas, ou de uma estátua constituída de vários metais em que a mesma é destruída (Dn.2). 
3.        Quadros eminentes da volta do Senhor. São aquelas imagens em que no lugar da restauração da monarquia judaica o próprio Deus é descrito Aquele que vem para Reinar (Dn.7.13,14). 
4.        Ele é Aquele que Vem com as nuvens do céu [símbolo de glória]. Esta imagem será constante no Novo Testamento para descrever a Vinda de Cristo (Dn.7. 13; Mt.16.27;24.30;26.64). 

DOUTRINA DO SER DE DEUS
No tocante à dogmática pode-se dizer que: 
1.        A Escatologia é a consumação da Teontologia (doutrina do Ser de Deus), visto que a mesma descreve a Glorificação final de Deus em tudo e em todas as coisas (Ap.4.8,11;19.6,7). 
2.        É igualmente a consumação da Antropologia, visto que nesta os homens são descritos cumprindo o eterno propósito para o qual foram criados, a saber: o de glorificar a Deus por meio de suas palavras e obras. De uma forma, ou de outra, na condição de salvos ou na de perdidos os homens renderão glórias a Deus, visto que Deus mesmo jurou toda língua confessará e todo o joelho se dobrará (Is.45.23; Rm.14.11;Fp.2.10,11). 
3.        A Escatologia é a consumação da Hamartialogia, visto que proclama a aniquilação de toda forma de mal,afirmam categoricamente: não se fará mal nem dano algum no santo monte do Senhor (Is.11. 9). 
4.        Na Soteriologia se verá a conclusão da obra definitiva de Cristo. No passado cada crente foi salvo da ira de Deus ao ser justificado em e com sua graça (Rm.5.1-11). No presente o crente experimenta libertação do poder do pecado mediante a aplicação da graça na vida diária. Este processo é denominado de santificação (Rm.6.14-22). No futuro não estaremos mais sob risco de pecar, uma vez que seremos salvos do poder do pecado. O nome deste processo é glorificação (Rm.8.29,30),cuja consumação definitiva se dará na Vinda de Cristo. 
5.        Cristologicamente falando o próprio Jesus deu a entender que sua encarnação não revelava tudo a respeito de sua natureza (Is.53.1; Jo.12. 38), daí o fato de que Ele mesmo tenha falado em um dia em que o Filho do Homem haveria de se revelar (Lc.17. 30). O autor aos Hebreus afirma: Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos (Hb.2.9 ACF). 
6.        A Eclesiologia tem sua resolução na Escatologia, visto que nesta se descreve a união final entre Cristo e sua Igreja (Jo.14.3; I Ts.4.17). 
7.        A Esperança Cristã é a Glória de Deus (Rm.5.2;8.18) a manifestação de Nosso Grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt.2.13,14), uma herança incorruptível (I Pe.1.4,5), novos céus e nova Terra (II Pe.3.13) etc...
Em tempos tão marcados pelo materialismo (materialismo é a “corrente de pensamento que afirma a precedência da matéria sobre o espírito ou a mente, e que constitui a base de várias escolas filosóficas, desde os antigos gregos até a época atual" ou "no pensamento marxista, aquilo que é necessário à sobrevivência) e pelo hedonismo (hedonismo é uma doutrina filosófica que proclama o prazer como fim supremo da vida. ... O catolicismo, por exemplo, considera que o hedonismo vai contra os valores do seu dogma, uma vez que coloca o prazer à frente do amor a Deus e do amor ao próximo) a função da esperança é fazer com que o crente olhe para além do tempo presente, para além daquilo que se vê, e recobre sua identidade se comporte neste presente tempo como se não estivesse mais sob este Aéon(Definição: Aeon, também conhecido por éon, eão ou eon, é um termo utilizado para designar “o que é para sempre”, um período longo de tempo ou a eternidade.Esta palavra se originou a partir do grego αών (aión), que pode ser traduzido como “tempo de vida”, “força vital”, “geração” ou “eterno”)

O Deus que intervém na História - estudo incompleto
Os léxicos, via de regra, definem a História como sendo o ramo da ciência que se ocupa de registrar cronologicamente, apreciar e explicar os fatos do passado da humanidade em geral, e das diversas nações, países e localidades em particular.
Em razão da ciência moderna ser feita a partir de pressupostos naturalistas toda e qualquer intervenção sobrenatural é excluída. Daí que enquanto disciplina acadêmica a história não leve em consideração a ação de Deus, algo que não pode ser quantificado, mensurado, ou observado em um telescópio.  Mas conforme afirmado aqui, um dos pressupostos do Livro de Daniel é a intervenção de Deus na História da humanidade [aqui e aqui] e não há nada em definitivo que comprove a inviabilidade da mediação de Deus com os homens no curso histórico (embora hajam teólogos que no lugar de propor uma história sob o prisma da mediação divina, propõem uma meta-história). O estudo se dará da seguinte forma: A respeito de Deus e depois de sua intervenção na história. 

NO CONTEXTO DA HISTÓRIA
A Babilônia, terra em que se desenvolveu a ciência da oniromancia.(A oniromancia é praticada desde tempos imemoriáveis por várias civilizações como a egípcia, grega, maia e bantu, sendo que o mais antigo registro de interpretação dos sonhos, data do início de nossa era, no antigo Egito e Caldea,) Tal se deu pela compreensão cultural e histórica de que os sonhos eram uma forma de comunicação entre Deus e os homens (neste), fato este comprovado pelo relato das Escrituras (Gn.20.3;41.25,28).
No auge do seu reinado Nabucodonosor teve um sonho com uma estátua composta de uma gama de metais (ouro, prata, bronze, o que talvez tivesse dado à imagem nada comum, um tom bizarro), e em razão deste teve seu espírito perturbado.  Usando de artimanha (talvez pelo medo de ser engando com quaisquer artimanhas) o rei em apreço propõe um desafio aos sábios, mas não conta o teor, ou o conteúdo do sonho. O maior problema é que diante da impotência dos sábios em revelar o conteúdo e o sentido das visões noturnas que perturbavam o rei, este os ameaçou com a morte (Dn.2.12,13). 
Uma observação a ser feita é a de que este relato sucede ao relato da fidelidade de Daniel e seus amigos, em que os mesmos testados quanto ao compromisso com a lei, e imediatamente honrados por Deus, visto que o texto diz: entre todos os jovens não houve outros que se comparassem a Daniel, Ananias, Misael e Azarias, em todas as questões de sabedoria e discernimento sobre as quais os consultava, o rei os achava dez vezes superiores a todos os magos e adivinhos do seu reino inteiro (Dn.1.19,20 Bíblia de Jerusalém).  Aqui há que se observar que a suposta capacidade de interpretação dos sonhos não é algo inerente aos jovens em apreço, mas uma graça divina, visto que o texto afirma: a estes quatro jovens Deus concedeu a ciência e a instrução nos domínios da literatura e da sabedoria. Além disto, Daniel era capaz de interpretar qualquer sonho, ou visão (Dn.1.17.
Bíblia de Jerusalém). Os personagens envolvidos na trama do livro sabiam este caráter de Deus, tanto que diante do decreto do rei (que ameaçava a vida dos mesmos), puderam orar a buscar misericórdia. Isto nos leva ao Deus que intervém. 

O DEUS QUE INTERVÉM
Quem é Deus no livro de Daniel, mais precisamente no texto com o qual eu, você professor de Escola Bíblica e demais estudantes estamos,lidando? Esta é a primeira pergunta que precisa ser feita. O Deus que intervém é um Deus dadivoso. Segundo as observações feitas acima, Deus já havia dado aos jovens sabedoria, erudição e arte de interpretar sonho em ambiente especializado (Dn.1.17,19,20). Pois é Iahweh quem dá a sabedoria; da sua boca procedem o contentamento e a inteligencia. Ele guarda para os retos a sensatez, é escudo para os que andam na integridade (Pv.2.6,7 Bíblia de Jerusalém).
Ele é misericordioso. Foi esta convicção que auxiliou a Daniel e seus companheiros na evocação do compromisso de interpretar o sonho do rei, uma vez que sua misericórdia já havia sido demonstrada quando Daniel e seus amigos foram testados e rejeitaram as iguarias do rei, e Deus como resposta fez com que eles se tornassem mais sábios que os babilônios.  Deus é sábio. Sim, sua sabedoria é profunda, seu poder é imenso. Quem tentou resistir-lhe e saiu ileso? (Jó.9. 4 NVI). O próprio Deus perguntou para Jó: Quem é que tem sabedoria para avaliar as nuvens? Quem é capaz de despejar os cântaros de água dos céus? (Jó.38.37 NVI). A sabedoria de Deus revela sua majestade na condução do curso da história. O Deus que intervém é o mesmo Deus que revela o que há de acontecer. Sim, tal como ocorre com Daniel, é perceptível, da parte de José, a ideia de que quem está á frente dos acontecimentos é Deus, e como soberano, em um ato de graça revelou ao Faraó os acontecimentos futuros. O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.45.25 ACF). E mais uma vez ele diz:o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.41.28 ACF). Na percepção de José o sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la (Gn.41.32 ACF).

O primeiro sonho de Nabucodonosor (a estátua), e a revelação da sabedoria de Deus
 No primeiro sonho de Nabucodonosor, bem como a interpretação que Daniel dera ao mesmo, e a Teologia implícita no texto. Começarei com a contextualização do fato em si.

Segundo MacArthur(John Fullerton MacArthur, Jr. (Los Angeles, 19 de junho de 1939) é um ministro e escritor evangélico norte-americano, muito conhecido por seu programa de rádio veiculado internacionalmente intitulado Graça para Você (Grace to You). MacArthur, que pertence à quinta geração de pastores na sua família, é um autor e conferencista bíblico bastante popular no meio evangélico, em parte pelo seu posicionamento conservador e vigoroso sobre aspectos teológicos que dividem a igreja Cristã moderna. MacArthur tem servido desde 1969 como pastor e professor na Igreja evangélica "Grace Community Church"), os egípcios e os babilônios desenvolveram uma ciência chamada oniromancia (A oniromancia é praticada desde tempos imemoriáveis por várias civilizações como a egípcia, grega, maia e bantu, sendo que o mais antigo registro de interpretação dos sonhos, data do início de nossa era, no antigo Egito e Caldea.), que consiste na interpretação dos sonhos. E há de se perceber o seguinte: os únicos personagens que a Bíblia mostra interpretando sonhos estão dentro destes respectivos contextos, e nos mesmos se percebe a afirmação de que cabe a Deus a interpretação dos sonhos. Foi assim tanto com José, quanto com Daniel.
Diante dos sonhos enigmáticos, tanto do copeiro, quanto do padeiro, José afirmou: Não são de Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos (Gn.40.8ACF). Embora estivesse ansioso para sair do cárcere, e tivesse diante da maio oportunidade de sua vida, quando indagado pelo Faraó, a respeito de suas habilidades em interpretação de sonhos, José não titubeou em afirmar: Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó (Gn.41.16 ACF). De igual modo, é perceptível, da parte de José, a ideia de que quem está á frente dos acontecimentos é Deus, e como soberano, em um ato de graça revelou ao Faraó os acontecimentos futuros. O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.45.25 ACF). E mais uma vez ele diz: o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.41.28 ACF). Na percepção de José o sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus se apressa em fazê-la (Gn.41.32 ACF). Aqui se observa a emergência de uma teologia que será continuamente reafirmada pelos profetas. Deus tem o controle e o conhecimento de fatos futuros, e segundo a sua vontade revela aos homens a fim de que os mesmos possam conhecer sua vontade e de acordo com a mesma alinharem suas vidas. Em Daniel esta mesma teologia aparece de forma ainda mais radical..O livro de Daniel narra um fato ocorrido na corte babilônica. Nabucodonosor teve um sonho e chamou os magos, os caldeus e demais sábios na intepretação. Sendo que, por algum motivo ele omitiu qual era o conteúdo do sonho, o que inviabilizou quaisquer tentativas de interpretação por parte dos especialistas (Dn 2 1 - 11). Para MacArthur esta foi uma forma astuciosa do soberano babilônico agir, seja como for, de imediato, temos uma confissão dos intérpretes,
Não há homem na terra que possa fazer o que o rei está pedindo! Nenhum rei, por maior e mais poderoso que tenha sido, chegou a pedir uma coisa dessas a nenhum mago, encantador ou astrólogo. O que o rei está pedindo é difícil demais; ninguém pode revelar isso ao rei, senão os deuses, e eles não vivem entre os mortais (Dn.2.10,11 NVI). Percebe-se aqui que os próprios intérpretes reconhecem que o que o rei pede, o conhecimento do sonho em si, está na esfera de saber dos deuses, não na dos homens. Em resposta o rei decreta a morte de todos os sábios, magos, astrólogos, caso os mesmos não declarem o sonho e a interpretação do mesmo. Daniel se apresenta para interpretar, mas o faz confiante não em suas habilidades naturais, mas em Deus e por este motivo pede aos seus amigos que orem por ele, e Deus lhe concede a interpretação (Dn.2.17-30). O Deus de Daniel revela coisas profundas e ocultas; conhece o que jaz nas trevas, e a luz habita com ele (Dn.2.22 NVI), Ele revela os mistérios. Ele mostrou ao rei Nabucodonosor o que acontecerá nos últimos dias (Dn.2.28 NVI), e no final, a glória é dada a ele exclusivamente, visto que até Nabucodonosor exclama: Não há dúvida de que o seu Deus é o Deus dos deuses, o Senhor dos reis e aquele que revela os mistérios (Dn.2.47 NVI). Não se vê aqui, em um único momento Daniel vindicando maior autoridade, maior credibilidade para, ou para os seus amigos, uma vez que ele mesmo reconhece: Quando estavas deitado, ó rei, tua mente se voltou para as coisas futuras, e aquele que revela os mistérios te mostrou o que vai acontecer. Quanto a mim, esse mistério não me foi revelado porque eu tenha mais sabedoria do que os outros homens, mas para que tu ó rei, saibas a interpretação e entendas o que passou pela tua mente (Dn.2.29,30 NVI). 
O SEGUNDO DO SONHO
Partindo do pressuposto de que os acontecimentos futuros são ordenados pelo próprio Deus, com vistas a manifestar a sua sabedoria, não é demasiado difícil entender que o Senhor, segundo a sua soberana e graciosa vontade, revele aos seus o que há de acontecer. A interpretação dos elementos da estátua com que Nabucodonosor sonhou para um outro estudo, a respeito da Escatologia de Daniel. O sonho ao rei   Nabucodonosor e a percepção de Daniel a respeito de Deus como sendo Aquele que muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece. Dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos que sabem discernir. Revela coisas profundas e ocultas; conhece o que jaz nas trevas, e a luz habita com ele (Dn.2.21,22 NVI). É com este foco que as demais informações podem e precisam ser lidas. Tu, ó rei, és rei de reis. O Deus dos céus te tem dado domínio, poder, força e glória; nas tuas mãos ele colocou a humanidade, os animais selvagens e as aves do céu. Onde quer que vivam, ele fez de ti o governante deles todos. Tu és a cabeça de ouro.  "Depois de ti surgirá um outro reino, inferior ao teu. Em seguida surgirá um terceiro reino, reino de bronze, que governará sobre toda a terra. Finalmente, haverá um quarto reino, forte como o ferro, pois o ferro quebra e destrói tudo; e assim como o ferro a tudo despedaça, também ele destruirá e quebrará todos os outros. Como viste, os pés e os dedos eram em parte de barro e em parte de ferro. Isso quer dizer que esse será um reino dividido, mas ainda assim terá um pouco da força do ferro, embora tenhas visto ferro misturado com barro.
Assim como os dedos eram em parte de ferro e em parte de barro, também esse reino será em parte forte e em parte frágil. E, como viste, o ferro estava misturado com o barro. Isso quer dizer que se procurará fazer alianças políticas por meio de casamentos, mas essa união não se firmará, assim como o ferro não se mistura com o barro. "Na época desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum outro povo. Destruirá todos esses reinos e os exterminará, mas esse reino durará para sempre. Esse é o significado da visão da pedra que se soltou de uma montanha, sem auxílio de mãos, pedra que esmigalhou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro. "O Deus poderoso mostrou ao rei o que acontecerá no futuro. O sonho é verdadeiro, e a interpretação é fiel" (Dn.2. 37 - 45 ACF). 
A sabedoria que está sendo colocada ao alcance de todos os atores envolvidos na trama, bem como dos leitores do texto, o que inclui você e eu, não se limita ao conhecimento de eventos futuros, mas é a de que a despeito do quanto se tenha em matéria de poder, tudo é passageiro, somente o Reino de Deus, manifesto no controle providencial de todas as coisas permanece para sempre em nosso Senhor Jesus Cristo.





A INSPIRAÇÃO DIVINA E
 AUTORIDADE DA BÍBLIA
Tal afirmação é a verdade, na formação da fé. As afirmações pertinentes às Escrituras é uma doutrina, com um conjunto de princípios por que se rege a pessoa, uma comunidade, um partido etc. Esta é a definição do dicionário Michaelis. É um modo de professar a fé, externar as convicções e sustentar as crenças, afirmar-se. Reconhecer a inspiração das Escrituras é na percepção dos elaboradores do cremos afirmar a suprema autoridade da mesma. Mas face às teologias denominacionais, cabe perguntar: até que ponto, de fato, a Bíblia é a regra de fé e prática para nós cristãos? A pergunta é pertinente visto que não se segue à risca determinados preceitos da lei levítica, por exemplo. A leitura de Entendes o que lês? de autoria de Gordon Fee e Douglas Stuartt, pode-se ver que mesmo considerando o caráter inspirado da lei, há que se levar em conta o inconteste fato de que ao longo das Escrituras toda a lei vai sendo revisada, e tanto Cristo quanto Paulo seguem no trabalho de revisão da mesma. Segue então que entender a inspiração da Bíblia consiste na correta percepção do propósito da mesma. Com que intuito as Escrituras foram reveladas? Com que finalidade a lei foi dada, os profetas foram levantados, e os sábios judeus refletiram as questões sobre as quais se debruçaram? Há que se adiantar que a Bíblia não é um livro de ciência, não pretende fazer afirmações sobre geologia, astronomia, filosofia, sociologia, biologia, e nem mesmo sobre ética.
MAS QUAL É A MATÉRIA DA BÍBLIA?
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra (II Tm.3.14-17 ACF).  A expressão tu porém, contrapõe o que a antecede. Os homens maus seguirão enganando e sendo enganados. Enganando os incautos, os cheios de pecados e sendo enganados pelo seu aparente sucesso. Eles sempre resistirão à verdade. Em contraposição ao enganos dos homens maus e à resistência dos mesmos à verdade, Paulo apresenta o seu exemplo. 
Em seguida a essência das Escrituras é apresentada ao jovem Timóteo. Elas são as ιερα γραμματα οιδας τα δυναμενα σε σοφισαι εις σωτηριαν δια πιστεως της εν χριστω ιησου (iera grammata oidas ta dinamena se sophisai eis soterian dia pisteoos tees en Christoo Iesou - sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus). A expressão ιερα é possivelmente o feminino de ίερός, cujo sentido pode ser o de sagrado, ou de consagrado a Deus. 

Γραμματα é uma variação de Γραμμα, expressão da qual procede a nossa palavra gramática, e que significa letra, um escrito e mesmo um desenho. Ao lado de ιερα, passa a ter o sentido de sagradas letras. Teologicamente falando, o sagrado vem a ser aquilo que se torna digno de veneração, ou respeito em razão de sua associação para com Deus, ou para com o divino, ou no caso das religiões em que não há o conceito de deus, ou deuses, aquilo que transcende a ordem do humano e do natural.  A perda da Autoridade da Bíblia não pode ser creditada exclusivamente à emergência de teologias progressistas, ou de fontes secundárias que venham a competir com as mesmas. Não! Parte da perda da autoridade da Bíblia se dá na relação desta com a dessacralização da religião e de tudo o mais. Andar com uma Bíblia nas mãos, ou ler a mesma seja em que suporte for, é aproximar-se do sagrado.  O שְׁמַ֖ע יִשְׂרָאֵ֑ל (shemá Israel - ouve Israel), veio a ser tanto a oração quanto a confissão de fé judaica. No desdobramento deste é ordenado que Deus seja amado de todo o coração, alma e força. E o desdobramento deste amor é que as palavras ordenadas por Deus estejam no coração e na boca do povo, que sejam ensinadas aos filhos, e tudo o mais. Mas sem o שְׁמַ֖ע יִשְׂרָאֵ֑ל todo esforço se perde. Israel precisa ouvir porque é Deus quem fala.  No Sinai falou por meio de uma tempestade, aos profetas através da palavra e na sabedoria e demais escritos através da atividade mental. Meditar nas escrituras é permitir que Deus ensine diretamente à mente. 
Louvarei ao Senhor que me aconselhou; até os meus rins me ensinam de noite (Sl.16.8ACF). Perceba que a associação entre a reflexão e a divindade confere caráter sagrado àquela.  As Escrituras possuem o poder de fazer o homem sábio para a salvação que há em Cristo. De certa forma esta afirmação se faz presente na lei quanto se lê:  Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida. Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? (Dt.4.6,7ACF). Mais do que um código jurídico elaborado, a lei visa ser uma fonte de sabedoria, cujo alcance dá-se por meio da relação que a mesma cria entre o homem e Deus.  O temor do Senhor, ao lado da guarda fiel dos mandamentos complementará a receita para uma vida de sabedoria. O temor do Senhor, eis a sabedoria, o fugir do mal, eis a inteligência (Jó 28. 28 Bíblia de Jerusalém). O temor de Iahweh é puro e alumia o coração (Sl.19.10. Bíblia de Jerusalém).  Mas a revelação de Deus em Cristo trouxe uma outra perspectiva: a de que neste se cumpriam as expectativas da sabedoria dos sábios, pois Jesus Cristo, foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção (I Co.1.30ACF), sim, nele estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl.2.3 ACF). Assim, revelar a Cristo passa a ser o alvo supremo das Escrituras.
Afinal, debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos(At 4. 12 ACF).  Isto posto, necessário se faz afirmar que a Bíblia não é um livro de ciência (na acepção moderna da palavra). Não se encontra na mesma uma única palavra a respeito de como explicar, descrever e dominar a natureza. Nada há na mesma a respeito de uma vida mais fácil. Isto pode ser encontrado no filósofo da ciência Francis Bacon. Quando os astros são descritos na Bíblia, o são de forma poética. O interesse dos escritores ali está na revelação de Deus através da natureza.  De igual modo não na mesma Bíblia uma única palavra a respeito de soluções para problemas sociais, históricos, econômicos. A Bíblia não é um tratado de ciência. O problema que ela pretende resolver é de uma natureza distinta dos que a ciência visa resolver. De acordo com Timothy Keller, não há porque opor fé e ciência, quando ambas podem sim dialogar. Mas o diálogo demanda que ambas se situem em seus respectivos lugares e importância nas humanidades.  Somente a Bíblia aponta para Cristo. É isto que lhe confere caráter sagrado. Se ela fosse ciência, não seria sagrada, uma vez que com exceção das ciências da Religião, ciência alguma objetiva o sagrado. Na verdade, sequer é capaz de perceber o sagrado. Pode no máximo descrever como os homens se comportam diante daquilo que consideram como sagrado.  Πασα γραφη θεοπνευστος, conforme explicitado por Esequias Soares, πασα é o termo feminino para πασ, cujo significado é o de todo, sendo o termo anterior equivalente a toda.
O Novo Testamento interlinear da Sociedade Bíblica do Brasil, deixa implícito o artigo e o verbo ser ausentes no texto grego. Assim, no lugar de Toda Escritura divinamente inspirada, tem-se toda a Escritura é divinamente inspirada.  Uma mudança aparentemente sutil, mas que produz uma alteração notável. O artigo sugere que não é qualquer escrito, mas um tipo específico. O verbo afirma que a totalidade deste foi inspirada por Deus. Assim, cada seção da Bíblia tem o sêlo de autenticação da inspiração divina.
A Torah é palavra de Deus, visto que a cada mandamento se percebe a presença das palavras introdutórias:  Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos contaminareis com nenhum réptil que se arrasta sobre a terra; Porque eu sou o Senhor, que vos fiz subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo (Lv.11.44,45 ACF).  Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão; Não terás outros deuses diante de mim (Dt.5.6,7ACF). A evocação à obediência é feita sob o prisma do senhorio divino. Aqui há que se lembrar que tais palavras foram transmitidas durante uma teofania, a do Sinai. O espanto mediante a mesma tem como finalidade produzir um temor que os livre de pecar. Moisés ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não pequeis (Ex.20.20 ACF).
Na verdade, pela misericórdia e verdade a iniqüidade é perdoada, e pelo temor do Senhor os homens se desviam do pecado (Pv.16. 8 ACF).  Os profetas vindicam inspiração para si mediante a expressão: Assim diz o Senhor (II Rs.22.15; Jr.45.2; Ez.21.9; Am.5.4; Ag.1.5,7; Zc.8.14). Nas palavras de Isaías: Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado (Is.1.2ACF).
A profecia é Deus falando para um povo que não atentou para a lei. Na verdade, cada profeta é um tipo de Moisés, seja pelos sinais que apresenta, seja pela palavra fiel à lei. Se a lei é palavra de Deus, e os profetas idem, o mesmo pode ser dito em relação ao Evangelho. Primeiro, por se tratar da proclamação de Jesus e do ensinamento (At.5.42), segundo por Cristo ter afirmado: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou (Jo.7.16 ACF), também disse: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço por mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou (Jo.8.28ACF). Aos seus discípulos afirmou: a palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou (Jo.14.24ACF), sendo que neste contexto, as palavras estão em conexão com as orientações de Cristo. Diante da rejeição aos seus ensinos, sua obra e missão, e tudo por causa da glória dos homens, Jesus afirmou: E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia. Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai mo tem dito (Jo.12.47-50 ACF).  À semelhança dos profetas:
1) Jesus não falava de si mesmo;
2) falava por mandamento do Pai ;
3) ao falar era fiel à palavra do Pai. Tanto que o Evangelho (a pregação e ensino de Jesus), também é palavra de Deus. Escrevendo aos irmãos de Tessalônica, Paulo lhes diz: Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes (I Ts.2.13ACF).
Perceba que a palavra da pregação é Palavra de Deus, e está agindo entre eles, os crentes, ou os que creram. Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva.Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do Senhor permanece para sempre.E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada (I Pe.1.23-25 ACF). 
Da mesma forma que a Palavra criou o mundo ele produz novos seres humanos, com a diferença de que a criação foi ex nihilo (Ex nihilo" é latim para "do nada". O termo "criação ex nihilo" refere-se a Deus criando tudo do nada. "No princípio, criou Deus os céus e a terra" (Gênesis 1:1). Antes daquele momento não havia nada. Deus não fez o universo a partir de blocos de construção preexistentes. Ele começou do zero), ou do nada, ao passo que a regeneração dá-se a partir de uma massa corrompida de caída. Neste texto Pedro equipara o Evangelho à palavra profética. Assim, a lei, os profetas e o Evangelho são palavra de Deus. Nos Escritos paulinos, percebe-se, ao mesmo tempo, uma vindicação de autoridade. O ensino dos dons espirituais é um exemplo, quando Paulo afirma: Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor (I Co.14.37ACF). Mas na questão do casamento ele afirma em algumas ocasiões que está emitindo sua opinião pessoal, ou particular.
Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamentoPorque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra. Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se (I Co.7. 6 - 9 ACF).  Mas na sequência do próprio texto ele afirma que vai transmitir um mandamento do Senhor: 
Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido (I Co.7.10ACF). Ao afirmar que as Escrituras são sopradas por Deus, o apóstolo está dizendo que a motivação da outorga da lei, do movimento profético e da própria pregação por Jesus e pelos apóstolos não é de natureza humana, mas divina. Tanto nos profetas quanto em Cristo percebe-se o mover do Espírito, mais do que um mover, um ímpeto. Feitas as considerações a respeito das respectivas divisões da Bíblia, há que se considerar os chamados escritos deuterocanônicos e os apócrifos.
Em Mt.6. 14 há uma clara citação de Eclo.28. 1, 2. O livro de Enoque é claramente citado por Judas e por Pedro (En Etíope 1. 6; II Pe.2. 4; Jd,6, 7). São apócrifos e sua credibilidade  até histórica deve se ser avaliada, inspiração, ou não inspiração destes escritos, um dos critérios ensinados era o da citação do livro no Novo Testamento. Uma questão é mais do que certa ao se abordar os livros deuterocanônicos e apócrifos: a de que sem a leitura dos mesmos o ambiente do Novo Testamento não é corretamente apreendido. A demonologia do Antigo Testamento, por exemplo, não é muito elaborada. Sem a leitura de Tobias e Enoque não se compreende as palavras de Paulo em Ef.6. 10. Que seres são estes que estão nas regiões celestiais. O livro de Enoque sugere, e possivelmente Paulo esteja fazendo uma menção ao conteúdo deste livro. A questão da imortalidade e da ressurreição é outro exemplo. No primeiro caso a primeira afirmação clara vem do livro de Sabedoria.
No segundo há espaças menções em Is.26.19, e Dn.12. 2, 3. Os livros de Macabeus e Enoque aprofundarão ainda mais a questão. O que fica indicado é que ainda que não haja uma relação de um cânon claro, os livros deuterocanônicos e os apócrifos de alguma forma influenciarão a cultura do Novo Testamento. Observações à parte, cânon, é uma questão que merece um post especial neste espaço. Todavia, um último exemplo se faz necessário. Quando se estuda a respeito do inferno, por exemplo, percebe-se uma correlação entre os termos שְׁאֹ֣ול (sheol) e αδης (hades). Mas nem de longe são a mesma coisa. O primeiro pode ser uma cova, um abismo, ou o mundo dos mortos. O segundo é o nome de um deus grego que rege o submundo e os habitantes de lá. As Escrituras são úteis para ensino (διδασκαλιαν - disdaskalian), redarguir (ελεγχον - elegchon), corrigir (επανορθωσιν - epanortoosin), e instruir, ou educar em justiça (παιδειαν την εν δικαιοσυνη - paidean ten en dikaiosynee). Διδασκαλιαν é o termo para doutrina e instrução. Com isto se quer dizer que as Escrituras inspiradas por Deus são matéria para ensino. Mesmo não sendo fonte de conhecimento científico e matéria técnica, o são de doutrina.  Nossas versões traduzem ελεγχον por redarguir, cuja definição é a de responder a acusação com outra acusação. Este mesmo termo aparece em Jo.16.8 para a ação do Espírito em convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo, sendo que neste texto a Bíblia de Jerusalém traduz ελεγχον por estabelecer a culpabilidade.
Em Ap.3.19 aparece como repreender. Ao mesmo tempo em que ensinam as Escrituras são fonte de denúncia de nossos erros e pecados. Επανορθωσιν é, na percepção de Cleon Rogers um termo procedente do mundo militar cujo sentido é o de colocar uma tropa em linha. Aparece apenas neste texto. Indica que o propósito da Palavra de Deus consiste em acertar o homem de modo a colocar o mesmo em ordem, ou linha. E por último παιδειαν. Esta é uma expressão cujo significado pode ser tanto o de castigo quanto de educação. Em Ap.3.19 é castigo, em Hb.12.6,7 pode ser tanto correção, quando disciplina. Fato é que a παιδεια produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela (Hb.12.11ACF). Deus a emprega para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade (Hb.12.10ACF). Eis o que as Escrituras produzem no coração daquele que lê, ouve e guarda a palavra.
A PROMESSA DE SALVAÇÃO
A revelação de Deus à pessoa de Abraão com o anúncio do Evangelho enquanto iniciativa divina. E que desde o Éden o Senhor deu claros indicativos de que haveria de redimir o homem de seu estado pecaminoso. A ideia de que Deus anunciou o Evangelho primeiramente a Abraão, vem de uma citação paulina cujo texto na íntegra afirma: Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti (Gl.3.8 ARCF).
feita a colocação, cabe a pergunta: o que precisamente Paulo está querendo dizer ao afirmar que Deus anunciou o primeiro o evangelho a Abraão? A providência de Deus a favor do homem,trouxe excelentes notícias aos patriarcas, aos profetas, reis e inúmeros servos dentre o povo de Deus. Mas ainda se faz necessário que se considere do texto áureo em seu contexto. Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão (Gl.3.6-9ARCF). A expressão inicial das palavras de Paulo nesta sentença  "Assim como" são indicadores de que uma similitude, ou um paralelismo está se estabelecendo aqui. Em primeiro lugar ao efetuar uma leitura em seu devido contexto percebe-se que o autor do texto acima faz uma conexão entre a promessa a Abraão e a pregação da fé. Esta evidenciou Jesus e trouxe o Espírito para a dimensão de vida dos crentes da Galácia. Em seguida Paulo propõe um paralelo entre a benção de Abraão e a justificação pela fé em Cristo. Este é o Evangelho que Deus anunciou primeiramente a Abraão. Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho. E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá. Então o anjo do Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus, E disse: Por mim mesmo jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos (Gn.22.13-17ARCF).  Na carta aos Romanos Paul vai afirmar que esta descendência de Abraão não é o povo que descende do patriarca segundo a carne, mas aqueles que são da fé. Não que a palavra de Deus haja  faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas; Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência. Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho. E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú (Rm.9.6-13 ARCF).
Este mesmo argumento será reforçado em Gálatas quando Paulo afirma: Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência.
Não diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua descendência, que é Cristo (Gl.3.16ARCF).  É em Cristo que as promessas de Deus feitas aos patriarcas são realizadas. Todavia a realização das mesmas não mais está na esfera material, mas na espiritual. Em outras palavras, a benção de Abraão aqui nada tem a ver com a as campanhas de fé, realizadas por gente inescrupulosa, que na verdade não possui fé alguma. É antes a fruição plena das promessas de justificação pela fé e de vida no Espírito. Tanto Jonh MacArthur quanto Jonh Stott afirmam asseveradamente estas verdades.Deus cumpriu em Cristo as promessas feitas aos patriarcas e ratificadas ao povo da aliança. O Messias encarnado, crucificado e ressurreto cumpre plenamente as expectativas depositadas a Isaque e sua descendência. Assim MacArthur entende que as boas novas à Abraão se manifestam na promessa de salvação para todos os povos, sendo este patriarca o instrumento para o cumprimento das mesmas. Retornando ao texto de Gálatas há que se observar ainda que para Paulo dar maior tom de autoridade à sua argumentação ele apela às Escrituras. Aqui há que se perceber mais uma vez que o Evangelho é estritamente escriturístico. Toda vez que se depara com uma profecia messiânica as boas novas aparecem repentinamente diante do leitor da Bíblia. Com vistas a realçar esta verdade Paulo personifica as Escrituras, afirmando que as mesmas previram que Deus havia de justificar pela fé os gentios
Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra (Rm.9.17 ARCF), e: Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido (Rm.10.11ARCF).e ainda: Deus não rejeitou o seu povo, que antes conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra Israel, dizendo: Senhor,mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares; e só eu fiquei, e buscam a minha alma? (Rm.11.2,3 ARCF).Neste ponto especificamente a Escritura é equiparada ao próprio Deus, quando Paulo prossegue afirmando: Mas que lhe diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos a Baal (Rm.11. 4 ARCF). O Evangelho é a Escritura. Sem esta não existe aquele. Logo, a afirmação de que a benção de Abraão se realiza na justificação pela fé dos crentes é fundamentada. 

O EVANGELHO NAS ESCRITURAS
Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar (I Pe.1.10-12 ARCF).  Há que se observar aqui que tudo o que ocorreu com Cristo é produto do cumprimento das profecias. Tudo mesmo. Seu nascimento virginal, sua pobreza, a visita dos magos, sua apresentação no templo, a fuga para o Egito, o retorno para a Galileia o estabelecimento em Nazaré, vida, morte, e ressurreição são descritos como realização das profecias.  O quer este texto diz é que o Evangelho foi antecipado nas Escrituras. Ele foi dito antecipadamente quando nas estepes do Sinai Deus vindicou para si toda a terra como sua propriedade e marcou Israel como propriedade exclusiva. Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel (Ex.19.5,6 ARCF).  Os sinais que Deus realizou antes da saída do povo do Egito antecipam o Evangelho, uma vez que por meio dos mesmos o nome de Deus foi glorificado.  Então disse o Senhor a Moisés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te diante de Faraó, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me sirva; Porque esta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu coração, e sobre os teus servos, e sobre o teu povo, para que saibas que não há outro como eu em toda a terra. Porque agora tenho estendido minha mão, para te ferir a ti e ao teu povo com pestilência, e para que sejas destruído da terra; Mas, deveras, para isto te mantive, para mostrar meu poder em ti, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra (Ex.9.13-16 ARCF).  Perceba que na palavra que Deus ordena que Moisés fale ao soberano egípcio é dito claramente que Faraó foi mantido em seu posto para que o nome de Deus fosse glorificado em toda a terra. E eu endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E eles fizeram assim (Ex.14.4ARCF).   Quando Paulo citou este texto, empregou διαγγέλω (diaggeloo), que consiste em anunciar plenamente um fato, ou notícia. No texto grego do AT, διαγγέλω é empregado para traduzir סַפֵּ֥ר (Shapt). E o fato é que o nome de Deus espalhou a partir dos feitos, tanto que Raabe disse aos espias que acolheu: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra e que o pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desfalecidos diante de vós (Js.2. 9 ARCF).  Sob este prisma o propósito da lei é revelar a sabedoria manifesta de Deus, bem como a proximidade deste em relação ao povo. 
Vedes aqui vos tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor meu Deus; para que assim façais no meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação sábia e entendida. Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que nação há tão grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje ponho perante vós? (Dt.4.5-8 ARCF).  Deus faz inúmeras promessas de que os povos haveriam de serem incluídos na economia da Salvação. E alguns destes textos podem ser mencionados abaixo.  Todos os limites da terra se lembrarão, e se converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante a tua face. Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações (Sl.22.27,28 ARCF). Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome. Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus (Sl.86.9,10 ARCF). Para anunciarem o nome do Senhor em Sião, e o seu louvor em Jerusalém, Quando os povos se ajuntarem, e os reinos, para servirem ao Senhor  (Sl.102.21,22 ARCF).   Em alguns momentos da vida do povo eleito esta verdade foi ofuscada pelo nacionalismo e  pela xenofobia. Mas a verdade persistiu. Hoje o desafio se foca na questão do denominacionalismo e outros vícios evangélicos que tem feito da Igreja um clube particular de santos, ou uma agência de entretenimento, ao invés de uma prestadora de serviços na divulgação do Evangelho.
A Igreja em um Mundo Novo
Há alguns anos Jonh Stott escreveu um livro cujo título é: Ouça o Espírito, Ouça o Mundo. Nele o autor, um dos maiores expositores das Escrituras defendia a idéia de que para que evangélicos fossem ouvidos, deveriam ouvir o mundo. Este ouvir consiste na percepção dos anseios do homem moderno, ao passo que a percepção da vontade do Espírito equivale à audição da Palavra. É neste ponto que se pode perceber o desafio que a Igreja tem diante de si. A dificuldade em ouvir o mundo está no fato de que por meio da cultura e da arte uma nova lógica surgiu e os evangélicos não perceberam, e pior, perderam o bonde. No tocante ao ouvir o Espírito, o desafio está no fato inconteste de que o Espírito fala por meio das Escrituras, que por sua vez impõem um desafio ao cristão: o de transpor o abismo cultural, filosófico, histórico e linguístico.

A TRANSIÇÃO DO MUNDO VÉTERO TESTAMENTÁRIO
Com vistas ao entendimento do mundo do Novo Testamento, necessário se faz um recuo ao período exílico. Antes do exílio na Babilônia o mundo judaico tinha no templo o seu centro. Este dado fica claro na profecia de Jeremias. A palavra que da parte do SENHOR, veio a Jeremias, dizendo: Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar neste lugar. Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. Mas, se deveras melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras praticardes o juízo entre um homem e o seu próximo; Se não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros deuses para vosso próprio mal, Eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre (Jr.7.1-7 ACF). Perceba que a segurança no templo era tamanha que o povo compreendeu que enquanto o templo estivesse entre eles teriam a segurança. A profecia de Jeremias vai na contramão ao afirmar que a fidelidade de Deus ao povo e à aliança está ligada ao comportamento do povo, ao invés do templo em si. Com a vinda do exército caldeu e sucessivamente do exílio, o povo sente a necessidade de uma outra forma de contato com a aliança. A partir daí a instrução torna-se o centro do viver judaico. Alguns autores, dentre os quais, R. K. Harrison afirmam que daí surgem as primeiras escolas que serão protótipos das futuras sinagogas. Este é um exemplo da adaptação. Do exílio, nasce o fenômeno da diáspora (διασπορας), ou dispersão judaica, o que reforça ainda mais a necessidade de um processo de afirmação de identidade. O judaísmo palestino viveu isto no exílio na Babilônia e na época da dispersão no império persa, culminando com a perseguição imposta por Antíoco Epifâneo, registrada nas visões de Daniel (8), e no livro dos Macabeus. Consulte o artigo Macabeus no dicionário Wycliffie, e perceberás que ocorreu um conflito entre judeus e helênicos em razão da política de helenização adotada por Antíoco Epifâneo IV.  O conflito chegou ao ponto de que a adoração e os sacrfícios judaicos foram proibidos, a idolatria foi oficializada e as cópias da lei queimadas. A ação dos macabeus foi de resistência iniciada na cidade de Modin, a Noroeste de Jerusalém, quando o sacerdote Matatias se recusou a adorar aos ídolos. Após um massacre ocorrido em dia de sábado, e isto, porque os judeus se recusaram a lutar neste dia, os sobreviventes adotaram a tática de guerra santa (I Mac.2. 29 - 48). Na diáspora de cunho helenista, o moviento se deu por outros meios. O livro de Sabedoria de Salomão (tido como apócrifo em contexto evangélico e por deutero canônico por eruditos de variadas confissões), é paraticamente uma apologia do judaísmo sobre as formas de religiosidade cananéia, egípcia e grega. A menção que faço deste livro no presente espaço se dá pelo fato de ver o mesmo como uma tentativa de diálogo com a cultura grega. Primeiro pela equiparação do λογος com a Sabedoria judaica conforme de se pode ver no capítulo 7, depois pela assimilação de conceitos dantes obscuros no judaísmo, como o de imortalidade. É deste modo que o judaísmo aparece como um fenômeno plural já na época de Jesus. O que se pode verificar nas duas principais seitas que compunham o sinédrio: Fariseus e Saduceus. Os primeiros criam em ressurreição, na vida futura, e na tanak. Os últimos não criam em ressurreição, vida futura, e aceitaval apenas a Torah.
Foi neste ambiente plural, sincrético que apareceram doi homens cuja singularidade não pode deixar de ser destacada no presente estudo João Batista e Jesus.

O JUDAÍSMO E O MUNDO DO NOVO TESTAMENTO
O judaísmo palestino era o mais sincrético e pluralizado. Sincrético pela absorção de conceitos e categorias oriundas de outras culturas, conforme exposto linhas acima. Plural pelo fato de ser dividido internamente em seitas. Essênios, Fariseus, Saduceus, Zelotas, são exemplos de algumas destas seitas políticas que se faziam presentes no cotidiano do judeu.
Os essênios poderiam facilmente serem considerados os precursores do movimento eremita, ou monástico. Era uma seita que tinha sua habitação nas proximidades do mar morto. Julga-se que João Batista tenha sido criado por eles. A hipótese tem sua confirmação no ato do batismo, um tipo de ablução praticada pelos essênios. 
Eles se consideravam o remanescente do verdadeiro Israel. Não são mencionados no Novo Testamento, e possivelmente tal ausência se deva justamente pelo isolamento dos partidários desta seita. Caso seja verdadeira e algum dia a hipótese de João ter sido criado por esta seita se confirme, um questionamento a ser respondido será: como este emergiu do isolamento para a convivência? Ele e Jesus atingiram o mesmíssimo público: prostitutas, publicanos e alguns dos fariseus.  Outro grupo pontual é o dos fariseus. a hipótese mais provável da origem dos mesmos é que sustenta que eles apareceram no período dos Macabeus.
Mesmo quando se recorre às demais hipóteses, percebe-se que o movimento farisaico é estritamente ligado à questão do zêlo. No início eles tiveram o apoio das massas populares e foi assim que foram sendo fortalecidos politicamente.  Inicialmente adotaram uma política de resistência aos governos estrangeiros, mas que foi sendo mudada. A primeira mudança veio quando "após fazerem parte do movimento dos macabeus), eles concquistaram breve autonomia política. Esta fracassou quando veio a dominação romana. A partir daí deixaram de ser opositores e adotaram uma política neutra.  No período de Jesus eram mais casuístas, legalistas e sempre são descritos no evangelhos de forma negativa. Na verdade eles aprenderam a amar mais a glória dos homens do que a glória de Deus. Exatamente por este motivo eles se colocavam nas praças e faziam longas orações, jejuavam com os rostos desfigurados, e davam esmolas; tudo para serem vistos pelos homens. Mas foram estes mesmos fariseus que reestruturaram o judaísmo após a destruição de Jerusalém e iniciaram a tradição rabínica.  Os saduceus poderiam ser comparados aos céticos da atualidade. Eles não aceitavam nada que fosse pertinente à tradição oral. Para os mesmos somente a toráh, ou o pentateuco eram válidos. Não criam em anjos, ressurreição. Mas se aliaram aos fariseus para condenar a Jesus, e juntos com o grupo rival compunham o sinédrio. Os zelotas eram um grupo de judeus zelosos que ao contrário dos fariseus fugiam da neutralidade política. Especula-se que este mesmo grupo tenha obitido a aprovação de Cristo, que por sua vez foi um revolucionário de esquerda. Tal hipótese baseia-se no fato de que Jesus tenha recebido em seu colegiado apostólico um Simão Zelota. Mas o comportamento de Jesus nos Evangelhos é totalmente contrário a ação dos zelotas, uma vez que estes apelavam para a violência em seu zelo.
Os herodianos eram partidários de Herodes, contudo sem significativa organização partidária. Eram simplesmente pessoas leais a Herodes e são mencionados no Evangelho em duas ocasiões, ambas de forma negativa. Representam os que possuem fidelidade partidária e ideológica a qualquer custo, ainda que seja o do bom senso. Foi neste mundo plural e ao mesmo tempo sincrético que João Batista e Jesus atuaram e deixaram para nós exemplo de práxis do Reino.

JOÃO BATISTA, JESUS E A PRÁXIS DO REINO
O isolamento de João Batista e o seu batismo são interpretados como indicadores de sua herança essênia, e de fato o são. Mas a abrangência de sua pregação não tem nada a ver com este grupo sectário cuja vivência sequer é registrada nos Evangelhos e chegou a nós por meio da descoberta dos escritos que a seita produziu. Contudo a pregação de João tinhe o seu foco no arrependimento (metanóian [μετανοιαν]) em razão da proximidade do Reino de Deus e do juízo revelado na Vinda do mesmo (Mt,3.1-12). A mensagem teve plena adesão do grupo mais improvável da época. Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.
Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer (Mt.21.31,32ACF) João não precisou ser exímio pregador, ou liberal contumaz para conquistar as prostitutas e os publicanos. Ele tão somente pregou uma mensagem de arrependimento. A despeito de seus hábitos ascéticos sua mensagem penetrou ouvidos e corações. O segredo? Ele teve a Palavra do Senhor sobre sua vida. E no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de Zacarias. E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados; Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas. Todo o vale se encherá, E se abaixará todo o monte e outeiro; E o que é tortuoso se endireitará, E os caminhos escabrosos se aplanarão; E toda a carne verá a salvação de Deus (Lc.3.1-6 ACF).  E com uma pregação inflamada pelo Espírito de Deus ele atraiu a si fariseus, prostitutas, publicanos, soldados, lhes ordenou arrependimento, anunciou o juízo que estava por vir aos que não se arrependessem de seus pecados, e indicou de forma mais prática e lúcida possível como a metanóian [μετανοιαν] se manifesta em termos práticos. Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo. E a multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois? E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira. E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele lhes disse: Não peçais mais do que o que vos está ordenado. E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo (Lc.3.7 - 14 ACF). 
Sem nanhum traço de deslumbramento João desfez as expectativas do povo quanto à sua identidade messiânica, e anunciou o batismo do Espírito e o de juízo aos que não se convertessem E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus corações, se porventura seria o Cristo, Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas;
esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga (Lc.3.15-17 ACF). O saldo final da vida de João pode ser visto no temor que este inspirou em ímpios como Herodes (Mt.14. 5) e nos saduceus (Mt.21. 24 - 26). Mas também foi dado pelo próprio Cristo, para quem aquele era mais do que um profeta, um mensageiro que fora mandado como prenúncio da obra messiânica. E, partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? Sim, que fostes ver? um homem ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta; Porque é este de quem está escrito:Eis que diante da tua face envio o meu anjo,que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele (Mt.11. 7- 11 ACF).  Contrariando as regras atuais de marketing João alça a uma escala jamais alçada por nenhum dos pregadores neologista da atualidade. Dele Jesus diz: entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista. E só tem um caminho para superar João Batista SER O MENOS NO REINO DOS CÉUS. Nem a vida ascética, nem a vida imersa na comunidade são garantia de aceitação. Se há uma verdade a ser absorvida por nós cristãos e evangélicos é que o estilo de vida cristão é ofensivo aos que não são da luz, de modo que tanto Jesus quanto João Batista foram rejeitados por sua geração.
Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos seus companheiros, E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos (Mt 11. 16 - 19 ACF). 
Repara que Cristo não pede atenção aos seu estilo de vida, mas às suas obras, e pronuncia um juízo contra os que a despeito dos sinais não creram. Este é o maior desafio que teremos pela frente. Um dos gêneros literários que encontramos nas Escrituras Sagradas é a parábola. O nome vem do grego παραβολην (parabolee), cujo sentido básico é o de comparação. É uma forma de ensinar que lança mãos às símiles. Fatos da vida cotidiana são usados por Cristo para ilustrar e transmitir ensinamentos. Fee e Sttuartt a definem como sendo uma história contada com fim de pegar (leia-se envolver), o ouvinte.
RICO E DO LÁZARO
Dentro deste gênero temos uma parábola que é alvo de extremas controvérsias, a do Rico e do Lázaro. Primeiramente, Dake (A Bíblia de Estudo Dake tem este nome devido ao pastor Finis Dake, que fez as notas de estudo. Ele tinha, como poucos, um dom muito especial, tinha a bíblia) afirma em sua Bíblia de Estudo que o verbo haver, que aparece nas versões de Bíblias, é indicador de que a história contada por Cristo é real, do contrário, a mesma seria uma mentira, artificio do qual Cristo jamais se valeu. É fácil concordar que Cristo jamais se valeu de artifícios. Difícil é entender que a historia narrada seja uma descrição da vida futura, como querem os teólogos que seguem a linha dispensacionalista de Dake, e grande parte dos teólogos brasileiros. Havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. Diante do seu portão fora deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; este ansiava comer o que caía da mesa do rico. Em vez disso, os cães vinham lamber as suas feridas. "Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. O rico também morreu e foi sepultado. No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. Então, chamou-o: ‘Pai Abraão, tem misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo’. "Mas Abraão respondeu: ‘Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento.
E além disso, entre vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem’. "Ele respondeu: ‘Então eu lhe suplico, pai: manda Lázaro ir à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também para este lugar de tormento’. "Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; que os ouçam’. " ‘Não, pai Abraão’, disse ele, ‘mas se alguém dentre os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam’. "Abraão respondeu: ‘Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos’ (Lc.16.19-31 NVI). 
  
Vejamos às considerações:
1.          Os que desejam ver nesta história uma descrição natural se esquecem de que à luz do ensino geral das Escrituras a pobreza em si não é uma condição para a salvação, tal como a riqueza não é para a perdição.
2.        A fala de Abraão (Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento), é no mínimo intrigante, visto que face a omissão de qualquer confissão de fé, ou ato de bondade por parte de Lázaro, ela colocaria o acesso à salvação como algo ligado à condição sócio econômica do individuo.
3.        Esta mesma frase, se interpretada fora do contexto geral do ensino de Cristo, pode colocar o Evangelho nos mesmo nível das religiões cármicas. A salvação é fruto exclusivamente da graça, nada tendo a ver com a condição social do indivíduo.
4.        De igual modo ninguém é condenado simplesmente pelo fato de ser rico e desfrutar em vida de tal riqueza.
5.        Ainda temos de considerar que, à luz do ensino bíblico, mesmo um rico que doe os seus bens aos pobres não tem pela simples doação a garantia de vida eterna, uma vez que Paulo mesmo afirmou: Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me vale (I Co.13. 3 NVI).
6.        A visão do mundo futuro esposada pelo autor do texto (diga-se de passagem peculiar ao Evangelista Lucas), reflete e muito a visão grega, e do judaísmo do Novo Testamento. Para ambos os grupos, o inferno, ou melhor, o αδης (hades) era uma região para onde se dirigiam todos os mortos indistintamente. Os de vida moral mais elevada iam para os Elíseos, ao passo que os de conduta perversa recebiam sua punição em um local do mesmo hades, o ταρταρω(tártaroo). A diferença é que no presente texto o Elíseos é chamado de seio de Abraão.
7.        É claro que neste, tal como ocorre em inúmeros casos, palavras gregas são empregadas para expressar conceitos judaicos, e falaremos mais a respeito disto, visto que se interpretarmos αδης no sentido judaico veremos que temos ainda menos razoes para acreditar que o texto em apreço é um texto descritivo.
8.        O pedido do rico para que Lázaro seja enviado á sua antiga casa, a fim de pregar para os seus irmãos, para que os mesmos não tivessem o mesmo fim, reflete a crença mística do judaísmo tardio de que importantes personagens do Antigo Testamento voltariam.
9.        Note que o diálogo se dá entre o rico e Abraão. Se este texto descreve uma história verídica, ou uma realidade objetiva como Dake deseja, devo crer que Abraão é um tipo de guardião, ou gerente do paraíso celeste?
Minha conclusão é de que se o texto for interpretado literalmente estabelece uma série de contradições com o ensino geral do Evangelho. O que me leva a apelar ao contexto da parábola.
TEXTO E CONTEXTO
 texto sem contexto é pretexto para heresia. O ensino implícito ao adagio mais do que popular entre os Evangélicos é o de que se quisermos estabelecer o fiel sentido de um texto, temos de analisar o seu contexto imediato. Isto fica ainda mais fácil quando a discussão se dá entre pessoas que creem na inspiração da Bíblia. Tal crença permite a conclusão mais do que obvia de que os textos não foram inseridos aleatoriamente nos contextos, mas com um proposito supremo.  O contexto em que tal história se insere é o da parábola do administrador infiel. A lição que Cristo quer passar ali é a seguinte: usem a riqueza deste mundo ímpio para ganhar amigos, de forma que, quando ela acabar, estes os recebam nas moradas eternas. "Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito. Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas? E se vocês não forem dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês? "Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e desprezará ao outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". (Lc.16.9-13 NVI).  Simples assim. Este ensino possui ampla base e ordem nas Escrituras. Fato é que as riquezas devem ser usadas para a aquisição maior de amigos, a fim de que quando estas faltarem os amigos valham aos seus antigos ajudadores. Este é o uso da mordomia para aquisição e fortalecimento de relacionamentos autênticos. Mas a história do administrador infiel trouxe reação negativa por parte dos fariseus, uma vez que os mesmos eram avarentos (Lc.16.14), e Jesus reage afirmando: Ele lhes disse: "Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus". "A Lei e os Profetas profetizaram até João. Desse tempo em diante estão sendo pregadas as boas novas do Reino de Deus, e todos tentam forçar sua entrada nele. É mais fácil o céu e a terra desaparecerem do que cair da Lei o menor traço. "Quem se divorciar de sua mulher e se casar com outra mulher estará cometendo adultério, e o homem que se casar com uma mulher divorciada do seu marido estará cometendo adultério" (Lc.16.15-18 NVI). 
Observe que:
1.        Jesus condena a hipocrisia e a avareza dos fariseus.
2.        Ao mesmo tempo em que tece severa crítica aos seus interlocutores, ele apela à autoridade da lei, o que não é novidade em seus embates com os mesmos.  
3.        Jesus afirma a sua autoridade como proclamador do Reino de Deus.
4.        A história contada por Jesus, a respeito de um rico, que se vestia de finas vestes, e um mendigo, que desejava se alimentar com as sobras do rico, é a continuação da fala que destaquei supra. Tudo leva a entender que ao mencionar a história, Jesus queria afetar aos fariseus.
TEXTO E CONTEXTO SIMPLES
1.        A mensagem da lei e dos profetas tinha em seu conteúdo a justiça social, o que era ignorado pelos fariseus (Mt.23. 23).
2.        As boas novas do Reino trazem um conteúdo voltado para os pobres (Mt.11.5).
3.        Tal como a lei, as palavras de Jesus possuem valor permanente (Mt.24.34).
4.        Deus não levará em conta o casuísmo farisaico ao lidar com os homens no juízo.
É sob este prisma que o real sentido da história do rico e do Lázaro emerge do contexto bíblico.

O CONTEXTO TEOLÓGICO
Já foi comprovado, no presente estudo, que a história do Rico e do Lázaro foi uma resposta de Jesus aos fariseus, face à clara rejeição dos mesmos quanto ao ensino de Cristo no tocante ao uso das riquezas. Algo muito comum, da parte Jesus, é o recurso de se valer de imagens do cotidiano cultural do público para se fazer entendido. Neste caso, Cristo se vale da compreensão do judaísmo rabínico a respeito da vida após morte. Na medida em que lemos os textos sapienciais, percebemos que a vida após morte era um mistério para o judaísmo anterior ao exílio. A palavra grega αδης (hades), foi amplamente empregada pelos tradutores da Bíblia hebraica para se referirem ao שְׁאֹ֑ול (Sheol), que por sua vez é descrito com sendo a terra de sombras e densas trevas, para a terra tenebrosa como a noite, terra de trevas e de caos, onde até mesmo a luz é trevas (Jó.10.21,22NVI). Em seu grito de dor Jó concebe o שְׁאֹ֑ול como sendo um lugar onde todos se igualam, e igualmente encontram repouso, veja:  Agora eu bem poderia estar deitado em paz e achar repouso junto aos reis e conselheiros da terra, que construíram para si lugares que agora jazem em ruínas, com governantes que possuíam ouro, que enchiam suas casas de prata. Por que não me sepultaram como criança abortada, como um bebê que nunca viu a luz do dia? Ali os ímpios já não se agitam, e ali os cansados permanecem em repouso; os prisioneiros também desfrutam sossego, já não ouvem mais os gritos do feitor de escravos. Os simples e os poderosos ali estão, e o escravo está livre de seu senhor (Jó.3.13-19 NVI). Este pensamento tem o seu eco nos salmos onde vemos os salmistas afirmando: Quem morreu não se lembra de ti. Entre os mortos, quem te louvará? (Sl.6.5NVI). Ao receber livramento o Rei Ezequias entoou o seguinte louvor: pois a sepultura não pode louvar-te, a morte não pode cantar o teu louvor. Aqueles que descem à cova não podem esperar pela tua fidelidade (Is.38.18 NVI). Ainda mais contundente é a forma com a qual se descreve o inferno neste texto: Acaso mostras as tuas maravilhas aos mortos? Acaso os mortos se levantam e te louvam? Será que o teu amor é anunciado no túmulo, e a tua fidelidade, no Abismo da Morte? Acaso são conhecidas as tuas maravilhas na região das trevas, e os teus feitos de justiça, na terra do esquecimento? (Sl.88.10-12 NVI). Nestes textos o inferno, ou שְׁאֹ֑ול (Sheol) é descrito como:
1.        um lugar onde todos os seres humanos descansam, independente de sua condição moral,
2.        O mundo dos mortos,
3.        O abismo da morte,
4.        região de trevas e,
5.        Terra dos esquecimento, um lugar onde Deus não é louvado.
Com isto podemos afirmar, junto com Marvin Richardson(Marvin Thomas Richardson ; 5 de agosto de 1941) é um aspirante a político e produtor de morango de Idaho, conhecido por sua forte oposição ao aborto , que o inspirou a mudar de nome.Ele vive na comunidade não registrada de Letha, Idaho. Ele fez várias tentativas sem sucesso para cargos políticos em Idaho e foi rotulado como candidato perene.Tendo declarado sua intenção de continuar concorrendo ao cargo até sua morte) Vincent e Hans Bietenhard que foi pela da visão grega e persa, que por sua vez desembocou na literatura apocalíptica que o rabinismo desenvolveu um pensamento elaborado sobre a vida no além. Fora das incursões especulativas dos textos poéticos não temos nada de concreto no Antigo Testamento a respeito da vida após a morte. É destas constatações que concluo que ao responder aos fariseus sobre a questão do emprego do dinheiro como meio para se alcançar um fim maior, que Jesus proferiu uma história nos moldes do pensamento da época.  O Novo Testamento também não é prodigo em informações a respeito da vida após a morte.
Paulo fala em duas ocasiões em estar com Cristo (Fp.1. 23; II Co 4. 14 - 5. 10), e ao meu ver tal concepção, a despeito das influencias de pensamento do rabinismo, se coaduna com a cosmovisão poética e profética. Na medida em que o tempo se passou, e com a revelação progressiva, a ressurreição foi ganhando espaço no pensamento judaico (Is 26. 19; Dn 12. 2), o mundo dos mortos foi sendo visto como algo tão temporário que sequer merecia atenção.  O mesmo ocorre com Paulo quando este fala de estar com Cristo. Sua perspectiva não é a vida em um ambiente edílico e condição de uma alma, ou espirito desencarnado, mas de alguém que terá o seu corpo mortal transformado na imagem do corpo de Cristo (II Co 5. 1, 2; Fp 3. 20, 21). Enquanto tal promessa não se concretiza, ele estará com Cristo, e nem a vida, nem a morte podem interromper tal comunhão, que ele já desfruta com o Senhor (Rm 8. 35 - 39). Há que se lembrar que o alvo supremo de Paulo não é ser despido, mas revestido.  Fato, é que das duas maiores mentes reveladas no Novo Testamento, nem Paulo, e muito menos Jesus deram sobejas, ou parcas informações a respeito da vida após a morte, do paraíso, ou do inferno. Creio que boa parte de nossa cultura e pensamento a respeito destes assuntos se baseia mais em informações oriundas da cultura pagã. Jesus, ao menos ousou se dirigir aos fariseus nos termos desta cultura, mas Paulo só fez uma afirmação a respeito do paraíso, que as coisas que ele vira lá, eram ilícitas de se contar aos homens, dada a inefabilidade de tais realidades. 
EXEGÉTICAS DO TEXTO
Ao fazer uma exegese do texto em si obtemos alguns elementos que nos permitem uma exegese mais apurada. Os versos iniciais contrastam o estilo de vida de dois homens socialmente díspares. De um lado temos um homem rico e do outro um pobre, na verdade um mendigo. O termo grego πτωχος(ptoochos) era usado para expressar toda forma de carência, e foi usado por Cristo, na primeira bem aventurança,  para se referir aos que possuem noção de sua pobreza e indigência espiritual. Sendo que neste último caso πτωχοι τω πνευματι (ptoochoi too pneumati), ocorre em uma forma diferente, mas retendo o mesmo sentido.  Digno de nota é a ocorrência do nome Lázaro, que em grego é λαζαρος, mas que Vincent entende como sendo uma forma abreviada do nome Eleazar, cujo sentido é Deus é meu socorro. Por mais que se tente ver aqui indícios de que tal texto não se trata de uma parábola, quando se interpreta os elementos que compõem a história, torna-se perceptível que se trata de uma peça literária, cujos elementos apontam para o contexto global do ensino de Cristo, conforme dissemos supra.  Foi aos pobres que Cristo anunciou o Evangelho. Não que isto fosse condição para a salvação, mas que na teologia bíblica geral o pobre desde cedo foi associado com o humilde, ou com o manso. Merece destaque o termo עֲנָוִ֗ ('anaw), a raiz do termo hebraico עֲנִיֶּ֛ ('ani), cujo sentido é do pobreza (Dt 15. 11). O pobre em Israel era aquele que não possuindo terra para trabalhar vivia em total estado de indigência, podendo vir a mendigar. Fato é que o pobre do contexto bíblico é bem diferente do pobre do contexto social atual (ver aqui).  No contexto geral do Evangelho de Lucas não há espaço para a crença errônea de que somente os pobres, no sentido econômico do termo, herdam o Reino de Deus. Um fato preponderante é a conversão de Zaqueu, cujo desprendimento de suas riquezas e posses é o maior sinal de sua salvação (Lc.19.8-10). E uma peculiaridade neste evangelista é a colocação da historia de Zaqueu após o relato do encontro de Jesus com o jovem rico.  A partir de tais observações, sou levado a crer que os homens descritos por Cristo na parábola do Rico e de Lázaro, na verdade soa símbolos de dois perfis de pessoas. Aqueles que buscam a suficiência nos bens desta vida, e como recompensa vão para o hades, e os que buscam seu socorro exclusivamente em Deus. Cabem aqui algumas observações a respeito do paraíso, ou do céu conforme descrito na parábola (que fazem questão de que não seja uma parábola, mas uma história descritiva).  Observe, meu caro leitor que o paraíso é descrito como seio de Abraão, curioso não é? Isto talvez ocorra em função da fusão conceitual que se fez no período interbíblico entre os conceitos de Éden, paraíso e seio de Abraão, mas cabe ressaltar aqui que o encostar no seio é um ato de intimidade e proximidade extremas. Assim, Jesus coloca aquele, que aos olhos do povo e dos fariseus era visto como desprezado, o mendigo Lázaro, próximo a Abraão, ao passo que a riqueza e a tão desejada prosperidade, estão no inferno. Já observamos que no contexto gramatical da parábola, Cristo está dando uma resposta aos fariseus, que são descritos como avarentos e como pessoas que gostam de se trajar com pompa. Curiosamente, é desta forma que o rico é descrito. São fatores como este que me fazem crer que os mesmos fariseus que debochavam de Cristo, foram pegos pela história contada.  O céu não pode ser resumido a um lugar de compensação aos que sofreram nesta vida, embora a mensagem das Escrituras mostrem que os perseguidos por causa da justiça haverão de herdar o Reino de Deus e de Cristo, e que terão seus olhos enxugados de toda a lágrima (Is.35.10;60.20;65.19; Ap.21.4). Convém ressaltar que estas coisas somente serão possíveis pelo fato de que Deus será tudo em todos. em outras palavras, o paraíso, o céu, é a presença de Deus, coisa que a história omite.  Mais forte ainda é o pedido do rico que envie Lázaro aos seus familiares a fim de que o mesmo os advirta, para que aqueles não tenham o mesmo destino que o rico teve. E a resposta do pai Abraão (que diga-se de passagem, não viveu para conhecer Moisés, nem sua atividade como legislador), é que os parentes do rico têm Moisés e os profetas, se quiserem que os ouçam, e que em não ouvir a nenhum dos dois não ouvirão também que volte dos mortos.
O que a parábola realmente diz
Falamos supra que nem a riqueza, nem a pobreza constituíam condições para que o homem fosse salvo, ou perdido, mas á luz do ensino do Evangelho de Cristo, a consciência, por parte do homem de sua pobreza espiritual e consequentemente de sua dependência de Deus são fatores condicionantes de acesso ao reino. Lázaro é a representação dos que dependem exclusivamente de Deus, ao passo que o rico representa o autossuficiente, que em razão de sua suficiência própria se exclui do Reino.  Diante do exposto, as riquezas da injustiça, sim toda riqueza, na verdade é injusta, e por este motivo, devem ser empregadas no alívio das dificuldades alheias. A doutrina que Cristo traz não é dele, mas tem sua fonte na própria lei e nos profetas (Dt.15.11;Is.58). Os que agem em conformidade com tais preceitos são os verdadeiros filhos de Abraão (Lc.3.8-11), e como tais legítimos herdeiros do Reino (Lc.13.25-30). As nossas obras não nos salvam, mas evidenciam que a salvação chegou em nossa vida. 
O Destino Final do Mortos
Franklin Ferreira afirma, acertadamente, em sua Sistemática, que a religião tem como finalidade fornecer ao homem resposta sobre sua condição. Uma das temáticas privilegiadas é a morte. A questão que se coloca é: esta é o fim da trajetória humana, ou tão somente a passagem para uma outra vida? Na cosmovisão cristã esta é uma passagem para uma outra vida, ou para a verdadeira vida, entendida como Eternindade. Considerável parte desta temática foi abordada neste blog em uma série de Estudos. Contudo, julgo conveniente retomar às mesmas questões com vistas ao Estudo em tela. Assim, abordarei a respeito do Estado Intermediário, da Situação dos Mortos, e do destino final dos mesmos. Todavia, o farei sabedor de que não há como se ter uma palavra final a respeito. Isto, porque o que se tem em termos de informação bíblica não se constitui como base para uma opinião definitiva. Assim, conforme adimitido por Geisler, o que se pode é fazer inferências e levantar hipóteses especulativas, desde que as mesmas não firam o que é dito nas Escrituras. É com tal princípio em mente que prosseguirei neste singelo estudo.

O ESTADO INTERMEDIÁRIO
Conforme sugerido no próprio nome, este consiste no período entre a morte do homem e a sua ressurreição. A causa das grandes controvérsias existentes a respeito do mesmo se deve em razão das poucas informações que a Bíblia dá a respeito do mesmo. A leitura de Teologia do Antigo Testamento de Eichrodt  faz perceber que a ausência de informações a respeito do mundo dos mortos se deve, em parte à influência que as culturas vizinhas de Israel pudessem ter sobre tal nação. Considerando que as Escrituras tem na "inspiração divina" a sua origem, não é de estranhar que os Escritores tenham dado pouca importância à questão. Afinal, a prática de se consultar aos mortos tinha de ser combatida. Sob o prisma da revelação progressiva pode-se afirmar que os judeus mantiveram por longo período crenças aparentemente contraditórias.
 De um lado os que criam que a morte cessava com todas as atividades dos "mortos". Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma (Ec.9.10ACF). De outro os que criam que as funções eram mantidas. O que pode ser visto no cântico fúnebre que Isaías entoa em relação à Babilônia. O inferno desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua vinda; despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar dos seus tronos a todos os reis das nações (Is.14. 9 ACF). Perceba que o texrto fala em chefes da terra e  reis das nações. E aqui surge uma verdade, a de que a Bíblia, no caso, o Antigo Testamento fala da morte, não como um fim, mas como um meio. Este é o ponto em que o Ensino de Escatologia Geral se encontra com a Escatologia Individual. A morte é falada na literatura sapiencial com o intuito de chamar o homem a uma atitude frente ao momento presente. Este é, por exemplo, o Ensino de Eclasiastes, para quem:
1.        A morte está dentro do Chronos, a sucessão de eventos. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou (Ec.3. 2 ACF). 
2.        Tanto homens como animais estão sujeitos à mesma, sendo ambos passageiros. Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade (Ec.3. 19 ACF). 
3.        A morte não é píor do que o nascimento de alguém. Melhor é a boa fama do que o melhor ungüento, e o dia da morte do que o dia do nascimento de alguém (Ec.7. 1 ACF). 
4.        Ir a um enterro pode ser uma atitude sábia, uma vez que faz com que o homem atente para o seu fim. Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração (Ec.7. 2 ACF). 
5.         Sendo que todos irão morrer, a vida presente precisa ser melhor aproveitada (Ec.9. 5 - 11). 
O ensino sapiencial a respeito da morte exige, demanda algum tipo de resposta por parte do indivíduo no tempo presente. Não existem especulações profundas a respeito da vida no além túmulo, apenas hipóteses. E o Estado Intermediário é Intermediário, ao invés de o Destino Final. Os mortos estão aguardando a Ressurreição do juízo, ou a ressurreição da vida.  Em Daniel lê-se: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno (Dn.12.2ACF). Jesus mesmo disse: Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação (Jo.5.28,29 ACF). 
O que se sabe é que dentre justos e injustos, os mortos aguardam a ressurreição para o seu estado definitivo. Há duas teses que se contraditam uma é a de que os mortos estão em bem-aventurança (é o caso dos justos), ou em tormento (é o caso dos ímpios). Para Tal lança-se mãos da parábola do Rico e do Lázaro.  Todavia esta não tem como finalidade o ensino de novíssimos, mas tão somente despertar os ricos para o uso correto da riqueza a fim de que os mesmos não se vejam na condição do rico no Hades.  Momentos antes de sua morte Estevão estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita (Destra = Poder, autoridade)de Deus; E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus (At.7.55, 56ACF). Momentos após, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu (At.7.60ACF).  No mostra o texto que no momento de sua morte os crentes contemplam a face e reconhecem seu, mestre, advogado e Senhor em sua formosura e majestade, e ato contínuo descansam de suas obras e de seus sofrimentos na esperança de uma união definitiva com Cristo. A paz que o vislumbre do rosto de Cristo e da face de Deus concederam a Estevão foi tal que ele teve sua mente e coração pacificado para pedir perdão pelas ofensas de seus detratores. 



A SITUAÇÃO DOS MORTOS
A situação dos homens após a morte é descrita de forma um tanto obscura no Antigo Testsamento. Os mortos são descritos da seguinte forma por Elifaz: 
Entre pensamentos vindos de visões da noite, quando cai sobre os homens o sono profundo, Sobrevieram-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram. Então um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos da minha carne. Parou ele, porém não conheci a sua feição; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz que dizia: Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o homem mais puro do que o seu Criador? Eis que ele não confia nos seus servos e aos seus anjos atribui loucura; Quanto menos àqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça! (Jó.4.13-19 ACF).  Elifaz credita a crença de que homem algum pode ser justo diante de Deus, a fala de um espírito, cujo contato se deu em meio às visões noturnas. Todavia Jó, em seu desespero parece acreditar em algo diferente do que Elifaz cria. Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu tronco morrer no pó, Ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta. Porém, morto o homem, é consumido; sim, rendendo o homem o espírito, então onde está ele? Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco, Assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não acordará nem despertará de seu sono (Jó 14. 7-12 ACF).  Em alguns raros momentos se expressa a crença em uma visão de Deus após a morte. Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, Vê-lo-ei, por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus rins se consomem no meu interior (Jó 19. 25-27 ACF). Ao que parece somente a Parábola do Rico e do Lázaro fundamenta a opinião de um Estado de Bem-aventurança, ou de condenação imediata após a morte, uma impressão que no mínimo será revista após a leitura deste post.  Um outro texto é o relato da crucificação de Cristo, cuja interpretação pode ser vista neste post. A respeito do texto apocalíptico que fala das almas debaixo do altar, convém reparar que após o clamor das almas é dito às mesmas que repousem, até que o número dos que haverão de morrer da mesma forma se complete. E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram (Ap.6. 9-11 ACF). 
A respeito do Estado Intermediário, creio que as duas imagens, a da morte como um sono, e a do imediato estado de bem-aventurança, ou de suplício devam ser mantidas, a despeito da tensão entre as mesmas. 

O DESTINO FINAL DOS MORTOS
Alguns textos são bem pontuais no que tange ao destino final dos mortos, para o apocalipsista Daniel: muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno (Dn.12.2 ACF). Vida Eterna é equivalente a céu, ou à presença de Deus, ao passo que vergonha eterna é o afastamento de Deus, conforme se pode ler neste texto de Santo Agostinho extraído do livro "A Cidade de Deus". 
A morte existirá, mas será eterna, quando a alma não poderá viver, por estar separada de Deus, nem ver-se livre das dores do corpo pela morte. A primeira morte tira do corpo a alma contra a vontade dela, e a segunda retém-na no corpo contra a vontade dela. Uma e outra têm em comum que o corpo faz sofrer à alma o que ela não quer (AGOSTINHO, 2012, p. 573). 
C. S. Lewis observa que quando os santos são chamados ao céu, após o julgamento, eles são chamados a um reino que lhes foi preparado, ao passo que os ímpios vão para um lugar que foi preparado para o diabo e seus anjos. Daí a eterna inadequação do homem a este lugar e a inviabilidade de felicidade no mesmo. 
O FIM DO MILÊNIO E O JUÍZO FINAL GRANDE TRONO BRANCO E O FIM DE TODAS AS COISAS

a.  O Julgamento do Grande Trono Branco: João viu um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença “fugiu a terra e o céu”; e não se achou lugar para eles. E viu os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E, deram os mares os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. Ver: (Ap. 20: 11 - 15).

b. O Fim do milênio e o juízo final em conexão o Grande Trono Branco e o fim de todas as coisas. O Juízo Final também chamado de Juízo do “Grande Trono Branco” acontecerá após o Milênio. E, depois, da Guerra de Gogue e Magogue, antes do início do julgamento final, quando houver a “Manifestação do Grande Trono Branco, a Terra será totalmente desfeita. Este céu e esta Terra não existirão mais, portanto, o Juízo do Grande Trono Branco não será nesta Terra nem tão pouco neste céu que agora vemos”. Ver: (Ml.4: 1; II Pd. 3: 7-13; Ap. 21: 1; Ap.2:11).

c. Este julgamento final será para todos os homens que viverão desde a criação e que não ressuscitaram na 1ª ressurreição; E, todo aquele que ressuscitar na 2ª ressurreição após o fim do milênio, comparecerá diante do “Grande Trono Branco” e será julgado conforme as suas obras e o registro no livro da vida, e, após julgados, serão condenados. Aqueles que não forem achados inscritos no livro da vida, irão para o lago de fogo e enxofre que é a segunda morte eterna. Ver: (Dn.12: 2; Jo 5: 29; At.24: 15; Ap.20: 5 -15).

d. Os anjos de caídos serão julgados; e, os ímpios ressuscitarão em um corpo imortal sem glória, para a morte eterna. O corpo do ímpio apesar de ser inextinguível sofrerá o dano da morte eterna. Sabemos que haverá um julgamento justo, no qual Jesus será o Juiz e os salvos participarão do júri. Ver: (Jo.5: 21 - 27 ; I Co. 6: 2 - 3; Ap. 16: 7).

1. No fim do milênio satanás é solto, e fará uma aliança com muitas nações e sairá enganando muita gente.  Ver: (Ap. 20: 7 - 8).

2. Satanás cerca a cidade amada, Deus envia fogo do céu sobre ele e seus aliados, dos quatro cantos da terra e destroem. Ver: (Ap. 20: 9).

3. Satanás é lançado no lago de fogo ardente que é a segunda morte; e, estarão conscientes, vinte e quatro horas sofrimento eterno. Ver: (Ap. 20: 10).

4. A segunda ressurreição e o Juízo Final. Ver: (Ec. 12: 14; Ap. 20: 11 -15 ; Dn.12: 2; Ap. 20: 6).

5. Neste juízo final todos os mortos vão ressuscitar. Ver: (Jo. 5: 28-29; Hb. 9: 27; Ap. 20: 5).

6. Todas as coisas serão julgadas. Ver: (Ec. 12: 14; At. 17: 31; II Cor. 5: 10).

7. O julgamento das potestades. Ver: (I Cor. 15: 25; II Pedro 2: 4; Judas 1: 6; Ap. 20: 10).

8. O julgamento da morte. Ver: (I Co. 15: 26 - 28; Ap. 20: 14 – 15).

9. Os designados para o fogo eterno após o Juízo Final: Todas as palavras frívolas, ocultismo, nepotismo, barganha, dissimuladores, síndrome dos apóstolos falsos, o absolutismo, os legalistas, a tradição falsa, radicalismo, a imoralidade, julgamento da razão falsa, desvio de conduta e os imperadores que ocultam os excluídos e deixam no anonimato. É óbvio que os blindados com a couraça da maldade, não aceitem conselho do bem. Todos entrarão em Juízo que é o“Grande Trono Branco”. Ver: (Sl. 50: 19 - 21; Mt. 12:36 - 37; Lc. 8: 17; At. 17: 31; Rm. 2: 16; 2:19 - 23; ICo. 4: 5; II Co.11: 13 - 15).

10. Neste juízo não haverá advogado, dinheiro e amigos que possam libertá-los da condenação eterna. Jesus é tudo em todos e seu juízo é perfeito e justo. Ver: (Jo.5:22 - 30; At.17: 31). 

11. Os santos vão participar ativamente deste julgamento. Ver: (I Cor. 6: 2 - 3).

12. Os que foram martirizados e mortos na Grande Tribulação por não negaram o nome do Senhor vão ressuscitar e Reinar com Cristo no Milênio. Ver: (Ap.20: 4 - 6).

13.Cristo transferirá o reino a Deus Pai. Ver: (I Cor. 15: 24 - 28).

14.E então virá o fim de todas as coisas. Ver: (I Cor. 15: 24).

15.Serão lançados no lago de fogo: o diabo, a besta e o falso profeta.  Ver: (Ap. 20: 10).

16.Todos que não forem encontrados seus nomes no livro da vida serão lançados no lago de fogo,
que é a segunda morte. Ver: (Ap. 20: 15; 19: 20 – 21; II Pd. 3: 13).

17.Haverá um Novo Céu e uma Nova Terra que habitará a Justiça Eterna. Ver: (Ap. 20: 1; IIPd. 3: 12 - 13; Is. 65: 1 – 18).  jfas).

18. Enoque, e os Apóstolos: João, Pedro e Paulo viram e escreverão estes acontecimentos que estão para acontecer. Ver: (Jd. 1: 14; Ap. 1: 1 - 2; II Pd. 3: 10; II Co. 12: 2 - 4).

OS DOIS CAMINHOS
A Teologia Bíblica em fusão a Hermenêutica é compreendido que a vida humana é uma caminhada; e, é uma carreira a percorrer para cada ser humano. Deus, ao criar o homem, propôs para ele uma caminhada, uma carreira e sua proposta têm como finalidade, de transportar os salvos da Jerusalém Terrestre até a Formosa Jerusalém Celestial. Somos convidados a seguir um caminho, pois, como nos ensinou Jesus, “há dois caminhos: O caminho estreito, que nos conduz a salvação e, é o próprio Jesus, cujo fim é a Jerusalém Celestial; e, o caminho largo, que conduz à perdição, que leva ao lago de fogo e enxofre, que foi feito para o diabo e seus seguidores”. Para a caminhada até Jerusalém Celestial devemos seguir o exemplo de Noé, Enoque e Abraão andar com Deus. Isso significa o que devemos fazer; pois sem fé é impossível agradar a Deus. Ver:(Gn. 5: 23; Hb. 12: 1 - 2; Jo. 14: 6; Mt. 25: 41; AP. 20: 15; Hb. 11: 1 - 6).

(Apocalipse.20:11) - E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
Nessa ocasião, os ímpios falecidos de todas as épocas ressuscitarão com seus corpos literais e imortais, porém carregados de pecados ( Ap 20.11-15; Mt 10.28). Esse julgamento será para aplicação de sentenças, pois o pecador já está condenado desde quando não creram no filho de Deus como Salvador (João 3:18) - Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.

- E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
“Os Mortos, os grandes e os pequenos, postos em pé diante do trono” (Ap 20.12). “Grandes de pequenos” têm a ver com a importância, posição, prestígio, e influência, e não com a estatura ou idade. A luz do original ajuda-nos a entender melhor: Ap 11.18;13.16; 19.5,18; Mt 10.42 at 26.22.

O JULGAMENTO E OS LIVROS NO CÉU
(Ap.20:12) ... e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
1.  O Livro da Consciência. (Rm.2:15) - Os quais mostram a obra a lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; 9.1)
2. O Livro da Natureza (Rm.1:20) Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; (Jó 12.7-9; Sl 19.1-14)
3. O Livro da Lei (Rm.2:12) - Porque todos os que sem lei pecaram, sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão julgados. Ora, a lei revela o pecado. (Rm 3:20) - Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado.
4.  O Livro do Evangelho (Rm.2:16) - No dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
(João 12:48) Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.
5.  O Livro da Memória (Lc.16:25) - Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado. Mc 9.44 (deve ser uma alusão ao remorso constante no inferno. Mc 9:44) - Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga).
6.  O livro dos Atos dos Homens. O julgamento dos mortos ímpios, como já vimos, será de acordo com as obras de cada um, portanto, haverá diferentes graus de castigos (Mt.11.21-24; Lc.12.47; Ap.20.12). Mt.12:36) - Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. (Lc 12:9) - Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus. (Ml 3.16).
7. O livro da vida. (Sl 69:28) - Sejam riscados do livro dos vivos, e não sejam inscritos com os justos. (Dn 12:1)... mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. (Lc 10:20) - Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus. Fp 4.3). (Apocalipse 20:15) - E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.
A presença do livro da vida certamente para provar aos céticos julgados que seus nomes não se encontram nele (Mt.7.22,23).

E AQUELES QUE MORRERAM SEM CONHECER O EVANGELHO?
Uma coisa é certa, diante de Deus ninguém é inocente, inclusive os pagãos (Rm 2.15; 10.18; Is 5.3b; Sl 19.3,4). O Juiz de toda a terra fará justiça (Gn 18.25) Ele é juiz dos mortos ( At 10.42). a bíblia declara que o juízo de Deus é “ Segundo a verdade” (Rm 2.2), verdadeiro e justo (Ap 16.7).
(I Co 15:28) - E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.


Segundo o exposto acima, observamos que ninguém escapara deste juízo, independente de posição ou classe social. Os Céus e a Terra deixam de existir; os vivos que permaneceram fiéis a Cristo, serão transformados e arrebatados na manifestação do Grande Trono Branco. E os mortos ímpios, pois num corpo sem glória serão arrebatados ao encontro do Trono Branco; e serão julgados e condenados. Inicia-se o juízo final, serão julgados de todas as imoralidades praticadas nesta vida e todos os homens que participaram da 2ª ressurreição; e os anjos caídos. Os ímpios para o tormento eterno. E os salvos serão designados para a vida eterna com Cristo para sempre, de eternidade a eternidade sem fim.  (Ec12:14; Jo.14:2-3;17:22-24).

FIM

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