FACULDADE DE TEOLOGIA
TESTEMUNHAS HOJE
CURSO
LIVRE
CRISTOLOGIA
UMA VISÃO TEOLOGICA
DA PESSOA DE JESUS CRISTO
UMA VISÃO TEOLOGICA
DA PESSOA DE JESUS CRISTO
O NASCIMENTO DE JESUS
O território conhecido
como Palestina era um misto de prosperidade material e turbulência política.
Herodes, o Grande vivia atormentado pela possibilidade de vir a ser removido de
sua posição política privilegiada. De acordo com Paul
Jhonson este era o panorama do período em que Jesus nasceu, extremamente
turbulento. As constantes revoluções somadas aos boatos de nascimento de um
herdeiro de Davi eram motivos de sobra para a paranoia.
Neste contexto histórico
Cesar Augusto promoveu um censo, que foi muito contestado pelos historiadores
até meados do século passado. Foi quando se descobriram no Egito alguns recibos
censitários datados do segundo século da atual era. Somados às menções de
Josefo ao senso promovido por Quirino em VI d. C, permitem o estabelecimento da
hipótese da correção de Lucas quanto à narração de tal evento. É com objetivo de
elucidar os fatos pertinentes ao nascimento de Cristo. A anunciação, o censo,
os pastores no campo, a aparição dos anjos, o cântico dos mesmos, a
apresentação de Jesus no templo, sua circuncisão, etc... Feitos os
esclarecimentos supra, convém que se prossiga com o presente. Ele é sem sombras
de duvidas, inteiramente diferente, singular, maravilhoso. Movimentou o mundo
como ninguém antes ou depois dele. A Enciclopédia Britânica utiliza 20.000
palavras para descrever a pessoa de Jesus. Sua descrição ocupa mais espaço que
as biografias de Aristóteles, Cícero, Alexandre Magno, Júlio César, Buda,
Confúcio, Maomé ou Napoleão Bonaparte. O homem Jesus tornou-se o maior tema da
história mundial. Sobre nenhum outro se escreveu mais do que sobre Ele. A
respeito de ninguém se discutiu tanto quanto sobre Jesus. Ninguém foi mais
odiado, mas também mais amado; combatido, mas também mais louvado. Sobre nenhum
outro foram feitas tantas obras de arte, hinos, poemas, discursos, e compêndios
de livros sobre o que falou e ensinou e a pessoa Jesus Cristo. Diante dEle
dividem-se as opiniões – uns gostariam de amaldiçoá-lo, outros testemunham que
sua vida foi radicalmente mudada por Jesus e enchida de esperança. Não é
possível imaginar a história humana sem Jesus. Na época do Natal, milhões
comemoram Seu nascimento consciente ou inconscientemente. Na Páscoa, lembra-se
da Sua morte e ressurreição; na Ascensão, da Sua volta para Deus; e no dia de
Pentecostes do nascimento da igreja que leva Seu nome, a igreja cristã. – Será
que Ele é mais que um homem?
O Deus-Homem: A Bíblia
diz que Cristo é, ao mesmo tempo e literalmente, verdadeiro Deus e verdadeiro
homem. Lemos em 1Timóteo.3:16. “Evidentemente, grande é o mistério da piedade:
Aquele “Deus” que foi manifestado na carne...” E em 2 Coríntios 5:19 está
escrito: “a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo...”
A vida terrena de Jesus nos mostra que Ele foi ao mesmo tempo verdadeiro homem,
mas continuou também verdadeiro Deus. Percebemos muitos contrastes em Sua vida,
tanto provas da Sua inteira humanidade, como da Sua perfeita divindade. Por
exemplo, Ele sentia cansaço, mas ao mesmo tempo podia chamar para Si os
cansados e dar-lhes a paz (João.4:6; Mateus.11:28). Jesus teve fome, mas era o
próprio pão da vida (Mateus.4:2; João.6:35). Cristo teve sede, sendo ao mesmo
tempo a água viva (João.19:28; João.7:37). Ele enfrentou a agonia da morte, mas
curou todos os tipos de doenças e aliviou qualquer dor. Jesus foi tentado pelo
diabo, mas expulsou demônios (Lucas.4:2; Mateus.8:31). Ele vivia no tempo e no
espaço, mas era desde a eternidade (João.8:58). Jesus disse: “...o Pai é maior
do que eu”, e também: “Eu e o Pai somos um”, ou: “Quem me vê a mim vê o Pai”
(João.14:28; João.10:30; João.14:9). Ele mesmo orava, como também respondia às
orações (Lucas 6.12; Atos.10:31). Ele derramou lágrimas junto à sepultura de
Lázaro, mas tinha o poder para ressuscitá-lo (João.11:35,43). Ele morreu, mas é
a vida eterna – Jesus é o homem perfeito de Deus e o Deus perfeito dos homens.
Por que Deus tornou-se
Homem? Ele veio para revelar Deus a nós. Em Jesus Cristo, Deus se manifestou da
forma mais clara. Ele é a prova de que Deus não se afasta do pecador, mas se
volta para ele e ama todos os homens. Jesus veio para convencer este mundo de
sua pecaminosidade e necessidade de redenção. Ele veio para morrer, como homem
sem pecado, pelo pecado dos homens, para se entregar como sacrifício por eles,
por uma humanidade que tinha caído através do primeiro homem, Adão. Agora, os homens
podem ser salvos por Ele. Por isso, Jesus é chamado também de “último Adão” (1
Coríntios.15:45). Ele veio para destruir as obras do diabo, para tirar o poder
da morte e para vencer o pecado. Tornar-se homem em Jesus foi a única
possibilidade de Deus resgatar um mundo perdido: “Porquanto Deus enviou o seu
Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo
por ele” (João.3:17).
Ele voltará: Jesus
voltará como era (Atos 1.11). Do modo como foi e subiu ao céu, no mesmo corpo,
mas glorificado, Ele retornará. Jesus, o homem que é Deus, o filho de Maria, a
criancinha de Belém, o jovem de Nazaré, o Mestre da Judéia que curava, o homem
do Calvário, voltará como Rei da glória e como Senhor dos senhores.
O
CONTEXTO HISTÓRICO
E aconteceu naqueles dias que saiu um decreto da
parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse (Este primeiro
alistamento foi feito sendo Quirino presidente da Síria). E todos iam
alistar-se, cada um à sua própria cidade (Lc 2. 1 - 3 ACF)
O texto de Lucas traz a
informação de um senso que foi realizado por ordem de César Augusto no período
em que Quirino [κυρηνιου], sendo este o seu nome na forma grega, ou Cirênio na
forma latina. Na época presidente da Síria. Uma questão crucial a ser
considerada é a de que fossem as informações do aludido evangelista carentes de
veracidade, as mesmas teriam de serem desmentidas por documentos da época. Mas
o que se observa é um ceticismo lançado contra a informação prestada. O
fundamento da suspeita, infelizmente, não é a falta de veracidade, mas de
documentação correlata comprovando que tal senso de fato tenha ocorrido.
Esta ideia predominou de
meados do séc. XIX, para meados do XX. Descobertas de recibos e decretos entre os papiros do Egito trouxeram
nova luz aos estudos. Por meio destas foi possível constatar que a cada ciclo
de catorze anos eram realizados sensos. A estas foram somadas outras inscrições indicando que Augusto foi o primeiro a ordenar o censo
imperial.
Bruce Stark, em seu
artigo censo informa-nos de que no período em apreço ocorreu uma revolta
liderada por Judas Galileu, possivelmente contrariados com a política imperial.
A despeito das descobertas mencionadas no presente texto, a exatidão do momento
histórico em que tal censo se deu é motivo de controvérsia, visto que a julgar
pelas informações dadas por Josefo, a ocorrência do recenseamento teria se dado
após o nascimento de Cristo. Uma tese que tem ganho bastante força no sentido
de conciliar as declarações de Lucas com as de Josefo é a defendida por Irvine
Robertson, sob a ótica deste erudito o senso narrado por Lucas na verdade é um
passo inicial para o verdadeiro grande censo histórico. Afinal uma crise
política decorrente do crescente descrédito de Herodes tinha de ser resolvida.
Uma iniciativa tomada por inicialmente por Augusto foi a de tratar a região
palestina como uma província qualquer do Império (o que explica a revolta
liderada por judas Galileu). Na resolução da crise o senso foi suspenso
temporariamente.
E disse-lhes: Homens
israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens,
Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se
ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que
lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada. Depois deste levantou-se
Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas
também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos (At
5. 35 - 37 ACF). Por algum tempo a menção de Teudas ao lado de Judas, ou melhor
colocando aquele como anterior a este, tem gerado problemas. O principal é o
fato de que o Teudas reconhecido historicamente é o mencionado por Josefo. Este
teve seu movimento foi sufocado por Fado (Cúspio Fado em latim: Cuspius Fadus)
governou a província romana da Judeia, na condição ... Foi ainda no governo de
Fado que surgiu na Judeia um dos vários "profetas" Teudas... Segundo
Flávio Josefo, considerando-se um segundo Moisés, ele ... a segurança de seu
governo, Fado mandou um destacamento de cavalaria, que matou a todos pondo fim
a rebelião). A solução para este problema data dos primórdios da atual era,
quando se propôs a existência de mais de um homem com este nome. A hipótese
ganha plausibilidade na medida em que se percebe que dentre as revoluções
ocorridas na época três foram lideradas por homens com o nome de Judas. Estes
detalhes históricos serão de extrema importância na medida em que as lições
sobre o Evangelho de Lucas forem se desenvolvendo. No tocante aos milagres de
Jesus, por exemplo, Paul Johnson destaca o perigo que alguém vindicar para si
que era capaz de operar milagres. A história mostra que uma explicação
plausível para tal era que os revolucionários, dentre os quais Teudas
reivindicava este poder. A respeito de Judas Galileu, ele é um revolucionário
que provocou um levante contra Roma, por causa da questão dos tributos. Nesta
época Roma vindicava para si o direito de tributar livremente a Judeia e
adjacências. Sua revolta foi sufocada, mas há uma concordância de que das ações
deste tenha surgido o movimento conhecido como Zelote. No ministério de Cristo
há um homem chamado Simão, que era zelote (Lc.6.15).
Na História do
Cristianismo (Livro - História do Cristianismo - Religião e Moral,Paul
Johnson é um conceituado historiador, autor de vários bestsellers - entre os
quais se contam Napoleon, Modern Times, A History of the American People)
afirma que naquela época a vida era extremamente barata. Os pobres desprezados.
Mas isto, claro, não se aplicava a qualquer tipo de pobre, mas a um
especificamente. Segundo o autor em apreço, os pobres judeus eram amparados. O
que é confirmado pela prática da esmola, comum no judaísmo desde o período
inter bíblico. O problema eram os pobres estrangeiros que estavam na região da
Galileia.
O nascimento de Jesus em
uma estrebaria revela a plena identificação do Deus Eterno e Poderoso com os
pobres e destituídos de bens. A razão de ser desta afirmação é plenamente
justificável à luz do fato inconteste de que o Rei eterno nasceu em uma
estrebaria. E subiu também José da
Galiléia, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém
(porque era da casa e família de Davi), A fim de alistar-se com Maria, sua
esposa, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os
dias em que ela havia de dar à luz.
E
deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa
manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem (Lc.2.4-7
ACF). Todavia o processo não para aí. A história envolvendo o nascimento
de Jesus começou com a visita de um mensageiro celestial, por nome de Gabriel,
com fins de anunciar que uma menina comprometida com um homem da casa de Davi,
havia sido escolhida por Deus para ser a mãe do futuro Messias.
A primeira vista no
contexto da história esta é uma linda narrativa, mas cabe a pergunta: como o
homem moderno, contemporâneo feito você e eu, reagiriam diante da história de
uma menina de 15,16 anos virgem, noiva de um homem serio, meia idade pai, viúvo
que aparecesse grávida e dizendo que a gravidez era fruto de uma obra do
Espírito Santo? Pense que de acordo com o relato de Mateus o próprio José se
viu profundamente dividido, Por este motivo ele planejou deixar a jovem
secretamente, sem apresentar uma acusação formal de adultério, que lhe causaria
pena de morte por apedrejamento.
Diante de tais
elementos, é viável considerar que o casal tenha aproveitado a ocasião do senso
para que a criança nascesse fora do ambiente e longe dos rumores. Werner Keller
(arqueólogo, era um ateu convicto e iniciou seus estudos sobre as pesquisas
arqueológicas na região do oriente médio com a intenção de contestar os livros
da bíblia, mas no decorrer de suas pesquisas ele foi cada vez mais se
convencendo que a bíblia estava certa em todas as suas afirmações. Converteu-se ao cristianismo e escreveu
um livro que se tornou best-seller internacional – E A Bíblia Tinha Razão) especula a possibilidade de que se tenha
espalhado um boato de que Jesus era filho de Maria com um soldado estrangeiro.
Jonh Piper(Doutor em teologia pela Universidade de Munique, John Piper é um dos
mais relevantes autores cristãos da atualidade. Foi pastor sênior da Bethlehem
Baptist Church, de Minneapolis, por mais de 30 anos. Com sua vasta experiência
pastoral e profundo conhecimento teológico, em especial sob a perspectiva
batista calvinista, produziu obras que transformaram o pensamento cristão pelo
mundo) fala sobre este assunto ao abordar a questão da pobreza de Cristo, que
sequer um nome e boa fama teve.
É neste ponto que se faz
necessário considerar os testemunhos que Deus deu a respeito do seu próprio
Filho. Este nasceu destituído do bom nome diante dos homens, mas conforme diz o
autor aos Hebreus, que ele (Cristo) recebeu
um nome mais excelente que os anjos. Não se trata do nome que foi revelado
para que José colocasse na criança, mas do título de Filho, visto que o autor
prossegue dizendo: a qual dos
anjos Deus disse jamais: "tu és meu filho, hoje te gerei", e:
"eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho"(Hb.1.4,5). E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá
sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua
sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de
Deus (Lc.1.35ACF). Perceba que o testemunho do anjo é que Jesus
é αγιον κληθησεται υιος
θεου (hagion klehesetai
hios Theou), ou seja, chamado santo e Filho de Deus.
Lucas alista então o
testemunho dos anjos aos pastores, o testemunho de Simeão e Ana, a teofania do
Espirito Santo no momento do batismo, o testemunho do próprio João Batista,
mesmo dos demônios (Lc.4.34,35).
O
TESTEMUNHO DOS ANJOS
E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a
glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes
disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será
para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é
Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: Achareis o menino envolto em
panos, e deitado numa manjedoura. E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma
multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus, e dizendo: Glória a Deus
nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens (Lc 2. 9 - 14
ACF).
Algumas observações a
serem feitas sobre este texto:
1.
A mensagem da concepção de Jesus foi trazida por um
anjo, a notícia de que a gravidez de Maria era obra do Espirito de Deus, idem.
De modo análogo os anjos anunciam o nascimento de Cristo aos pastores no
campo.
2.
A manifestação dos anjos trouxe a manifestação da
glória do Senhor. Tal como nas ocorrências do Antigo Testamento, esta glória
produz terror, medo nos que presencia a manifestação.
3.
A expressão não temais prenuncia o caráter da mensagem que os anjos
estão para trazer, uma mensagem que é classificada como: ευαγγελιζομαι υμιν χαραν μεγαλην (euanggelizomai hymin charan megaleen),
uma notícia que produz grande alegria.
4.
A alegria está ligada ao nascimento de uma criança
especial. Jesus, é esta criança. Ele não nasceu nos palácios, ou em um lar
nobre, mas em uma estrebaria (o que é próprio de um cordeiro, uma tipologia de
um Deus que se revela em simplicidade) e os pastores que ali estão são os
convidados a estarem na comitiva de recepção da figura mais importante da
história da humanidade.
5.
Este menino é o σωτηρ (sooteer),
salvador. Em seu cântico Maria já havia declarado: A minha alma engrandece ao Senhor, E o meu espírito se alegra em Deus
meu Salvador (Lc,1.46b,47 ACF). Cristo é o salvador não apenas do
povo de Israel, mas de todas as nações (Lc.2.32;3. 6).
6.
Ele é χριστος (Christos), forma grega do
hebraico מָּשִׁ֖יחַ. O
Sentido deste termo é o Ungido. o título em apreço é reservado ao
descendente de Davi, conforme lido no saltério (Sl.2.1,2). Neste sentido Jesus
é o legítimo herdeiro do trono de Davi, conforme dito pelo anjo. E eis que em teu ventre conceberás e darás à
luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado
filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E
reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim (Lc.1.31-33).
7.Ele é Senhor (κυριος - Kyrois), indica poder e autoridade
supremos. No caso de Cristo o nome indica sua divindade, uma vez que este é o
termo empregado pelos tradutores da Septuaginta (LXX-designação por que é
conhecida a mais antiga tradução em grego do texto hebreu do Antigo Testamento,
feita para uso da comunidade de judeus do Egito no final do sec.III a.C. e no
II a.C.; teria sido realizada por 72 tradutores, donde o nome (por
simplificação: LXX, em latim)) para designar o próprio Deus.
8.
O louvor dos anjos é indicador de que o nascimento
da criança é fator preponderante para o estabelecimento da paz na terra.
SIMEÃO
E ANA
E, cumprindo-se os dias da purificação dela,
segundo a lei de Moisés, o levaram a Jerusalém, para o apresentarem ao Senhor
(Segundo o que está escrito na lei do Senhor: Todo o macho primogênito será
consagrado ao Senhor); E para darem a oferta segundo o disposto na lei do
Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos (Lc.2.22-24 ACF). Cristo nasceu
de mulher e sob a lei (Gl.4.4,5). A oferta apresentada pelo casal era a
oferta típica de pessoas que não dispunham de recursos. E, quando forem
cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro
de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado,
diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote (Lv.12.6
ACF).
Havia em Jerusalém um
homem cujo nome era Simeão; e este homem era justo e temente a Deus, esperando
a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. E fora-lhe
revelado, pelo Espírito Santo, que ele não morreria antes de ter visto o Cristo
do Senhor.
E pelo Espírito foi ao
templo e, quando os pais trouxeram o menino Jesus, para com ele procederem
segundo o uso da lei, Ele, então, o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e
disse: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, Segundo a tua palavra; Pois
já os meus olhos viram a tua salvação, A qual tu preparaste perante a face de
todos os povos; Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel (Lc.2.25-32
ACF).
1.
Simeão era temente a Deus
2.
Esperava a consolação de Israel
3.
O Espírito Santo estava sobre ele.
4.
O mesmo Espírito lhe revelou que não morreria sem
ver a consolação de Israel
5.
Foi ao Templo movido pelo Espírito de Deus
6.
Quando percebeu pelo Espírito que a promessa fora
cumprida louvou a Deus.
7.
Reconheceu que os gentios tinham participação na
promessa.
Mas também
afirmou: Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em Israel, e
para sinal que é contraditado (E uma espada traspassará também a tua própria
alma); para que se manifestem os pensamentos de muitos corações (Lc.2.34,25ACF).
O mesmo Cristo que é salvador é pedra de tropeço, rocha de escândalo
(Is.8.16;Rm.9.33; I Co.1.23). Isto, em parte por sua origem duvidosa, aos olhos
dos homens. Mas, há que se entender com Paul Johnson e Piper que o fundamento
do ódio do mundo por Cristo se deve pelo fato dele ser a luz, e o mundo estar
em trevas, ou por Jesus ser a encarnação da verdade em contraste com um mundo
cada vez mais antagônico para com a mesma.
O
SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO
Os cristãos precisam ter
em mente a resposta para a pergunta que Cristo fez aos seus discípulos: e vós quem dizeis que eu sou? Jonh
Stott destaca a tendência ao longo da História da Igreja em criar personagens
caricatas da pessoa de Jesus, sendo que a salvação é dada unicamente aos que
creem em Cristo como dizem as Escrituras, por este motivo acredito que o
estudo a respeito da pessoa de Cristo, precisa de ser precedido pelo estudo a
respeito da autoridade da Bíblia.
Somente a partir da
inerrância das Sagradas Escrituras, posso acreditar que os Evangelhos façam um
retrato fidedigno de Cristo. Não é difícil ver em Jesus a figura de um
filósofo, de um poeta, de um comunista, conforme pode ser visto aqui.
Por mais bela,
inteligente, útil e sedutora que possa ser a construção do Jesus histórico da
Teologia Latino Americana, por exemplo, e por mais que coadune em alguns
aspectos, percebo que não posso perder de vista as afirmações de Lewis a
respeito do Jesus histórico, para quem tais procedem mais da necessidade de
adaptar Cristianismo como politica. Através do personagem Fitafuso (Significado
de fitafuso. O que é fitafuso: Fitafuso é um demônio da obra "Cartas de um
Diabo a seu Aprendiz", escrito por C.S.Lewis.), ele afirma: Você
perceberá que muitos escritores e políticos cristãos pensam que o Cristianismo
começou a dar errado bem cedo, afastando-se da doutrina do seu Fundador.
Devemos fazer uso dessa
ideia para encorajar mais uma vez o conceito de um "Jesus histórico",
que só será encontrado se eles se livrarem dos "acúmulos e
perversões", posteriores, para depois compará-los com a tradição cristã.
Na última geração de seres humanos, nós conseguimos estimular uma interpretação
do tal "Jesus Histórico" em linhas mais liberais e humanitárias;
agora formulamos um novo Jesus histórico, em linhas Marxistas, catastróficas e
revolucionárias. As vantagens dessas interpretações, que esperamos modificar a
cada trinta anos mais ou menos, são inúmeras. Em primeiro lugar, elas tendem a
direcionar a devoção dos homens para algo que não existe, pois cada "Jesus
Histórico" não existe na história. Os documentos dizem o que dizem, e não
podem ser alterados; cada novo "Jesus Histórico", portanto tem de ser
criado a partir destes documentos, suprimindo certos aspectos e exagerando
outros, e também fazendo certas suposições.
Em segundo lugar cada uma dessas interpretações
confia a importância do seu "Jesus Histórico" a alguma estranha
teoria que se supõe que ele tenha pregado. Ele tem de ser um grande homem, no
sentido moderno da expressão - um homem no fim de uma linha centrífuga e
desequilibrada - um excêntrico que vende uma panaceia. Desse modo conseguimos
distrair a mente dos homens daquilo que Ele É e daquilo que Ele Fez. E assim fazemos
dele um simples mestre, e depois escondemos a própria semelhança essencial que
existe entre seus ensinamentos e aqueles de todos outros grandes mestres de
moral (LEWIS, p. 115, 116, 2007).
Lewis começa criticando
o reducionismo da maioria das vidas de Jesus, ou buscas pelo Jesus histórico,
visto que o quadro pintado por aqueles que seriam as testemunhas oculares da
vida de Cristo pintam um quadro bem diversificado. Esta diversidade de olhares
a respeito da pessoa de Cristo aponta para o problema de sua extrema complexidade.
Jesus é plenamente Deus (Jo.1.1,2;20.28; Rm.9.5; Tt.2.13), homem perfeito
(Gl.4.4,5; I Tm.2.5), pastor (I Pe.2.25), mestre (Jo.3.2), apóstolo (Hb.3.1),
rei (I Tm.6.16), juiz (Jo.5.22), sacerdote (Hb.4.14-16).
A fonte para toda e
qualquer busca a respeito da pessoa e obra de Cristo tem de ser a Escritura,
com sua diversidade de olhares a respeito da pessoa e obra de Cristo, desde o
Filho de Abraão e de Davi, até o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES do livro do
Apocalipse. A visão de Cristo como mero mestre de moral (tendência das
percepções reducionistas), impede a percepção de que como tal Jesus seria mais
um dentre tantos outros que vieram. Os termos, artigos do cremos dos
cristãos, trinitários. Que assevera: cremos,
No Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus,
plenamente Deus, plenamente Homem, na concepção e no seu nascimento virginal,
em sua morte vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os
mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus como Salvador do mundo (Jo.3.16-18;
Rm.1.3,4; Is.7.14; Mt.1.23; Hb 10.12; Rm 8.34 e At 1.9).
Este destaca:
1) o Senhorio de Cristo;
2) sua procedência do
Pai;
3) sua divindade;
4) sua humanidade;
5) nascimento virginal;
6) morte expiatória e
vicária;
7) ressurreição e
ascensão, bem como sua posição como salvador, sendo intimamente ligadas uma à
outra. Na perspectiva de Jonh Stott, tanto o senhorio quanto a divindade de
Cristo estão intimamente ligados. Para este, quando o Antigo Testamento veio a
ser traduzido para o grego em Alexandria, cerca de 200 a. C., os devotos e
estudiosos judeus não sabiam como lidar com o nome sagrado de Javé, ou Jeová.
Eles eram reticentes demais em pronunciá-lo; não sentiam a liberdade para
traduzi-lo, ou mesmo para transliterá-lo. portanto eles colocavam em seu lugar
a paráfrase ho Kyrios,
("o Senhor"), razão pela qual Javé ainda aparece na maioria das versões como
"Senhor" O que realmente é impressionante é que os seguidores de
Jesus, sabendo que, pelo menos em círculos judaicos, ho Kyrios, era o título
tradicionalmente dado a Javé, criador do Universo, e o Deus da aliança de
Israel, não tinham escrúpulo de aplicar o mesmo nome a Jesus, nem viam nenhum
mal em fazê-lo (OUÇA O ESPÍRITO, OUÇA O MUNDO, P. 98).
Na perspectiva do autor
era uma confissão de admissão da divindade de Cristo. Mais do que isto: falas
tipicamente atribuídas a Iahweh são
aplicadas à pessoa de Cristo no Novo Testamento. Então todo aquele que invocar o nome de Iahweh, será salvo. porque no
monte de Sião e em Jerusalém haverá ilesos - como Iahweh falou - entre os
sobreviventes que Iahweh chama (Jl.3. 5 Bíblia de Jerusalém [2.32]).
Este mesmo texto recebe
um tratamento bem fundamentado de Stott. Minha pretensão é a de que apenas a
confissão de Fé da Igreja primitiva sejam suficientes. Nesta o Senhorio de
Cristo e sua obra de salvação se encontram explicitamente.
A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor
Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz
confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer
não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm.10.9-13). A confissão
de Cristo aliada à crença na ressurreição dentre os mortos á condição para a
salvação. Note que aqui Jesus é chamado de κυριον (Kyrion).
Perceba que não se trata de mera aceitação do pecador a Jesus. Não é a admissão
de seu senhorio que traz a condição para a salvação. Daí apos citar Isaías
Paulo cita Joel associando Jesus à Iahweh. Na perspectiva joanina, ele é
o ο λογος (hó
logos) criador, que na criação, é o Pai e Espírito Santo. No princípio era
o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio
com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito
se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece
nas trevas, e as trevas não a compreenderam (Jo.1.1- 5).
No texto a figura de
Jesus é associada ao λογος,
que por sua vez é a associada à sabedoria no judaísmo helênico, conforme
destaca Esequias Soares em seu livro Cristologia lançado pela Hagnos. Em
primeiro lugar, é afirmado aqui que o λογος estava com Deus. E em outros momentos Jesus
fala de uma glória que tinha junto ao Pai antes da fundação do mundo. E
agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha
contigo antes que o mundo existisse. Pai, aqueles que me deste quero que, onde
eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me
deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo (Jo.17. 5, 24 ACF). (Inclinar-me-ei
para o teu santo templo, e louvarei o teu nome pela tua benignidade, e pela tua
verdade; pois engrandeceste a tua palavra acima de todo o teu nome.(Salmos.138:2)Ele
Jesus é o verbo de Deus, portanto a Palavra inseparável do Espírito Santo
(Deus). Não se pode dividir Deus de sua Palavra Jesus é a Palavra de Deus. E
Disse: Deus a Palavra Haja luz... e a Palavra criou todas as coisas. “Porque
nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam
potestades. Tudo foi criado por ele e para ele. E ele é antes de todas as
coisas, e todas as coisas subsistem por ele”.(Colossenses.1:16,17)
Ele estava com Deus no
princípio (Jo.1.1,2 NVI). Em segundo lugar o λογος é Deus. Jesus é o
próprio Deus, e pelo seu poder faz todas as coisas, e exerce o juízo, salva e
dá vida aos mortos, como se pode perceber nos textos das Escrituras.
Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na
verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não
vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o
Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras
do que estas, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os
mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E também
o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; Para que todos honrem o
Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele
que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da
morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é,
em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida
em si mesmo; E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem.
Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos
sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição
da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. Eu não posso
de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo,
porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou (Jo.5.19 -
30 ACF).
Não bastassem tais
elementos, à semelhança de Paulo, João afirma que Jesus é digno de semelhante
honra que o PAI tem. Ainda que arianos e subordinacionistas amem textos como
este, a verdade é que o judeu entendia perfeitamente bem que ao se afirmar
FILHO DE DEUS, JESUS SE EQUIPARAVA AO PAI. Em semelhança ao PAI, o λογος é fonte de vida.
Pois, assim como o Pai ressuscita
os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.
E: como o Pai tem a vida em si
mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo.
JESUS É SENHOR E SALVADOR
A morte de Cristo a partir
do contexto Lucano e em seguida analisar a mesma a partir de um prisma bíblico geral.
Para tal necessário se faz que se considerem alguns textos do referido
Evangelho. Deus abençoe o presente estudo de sua santa Palavra. Sobre a
morte de Cristo no Evangelho de Lucas. “Eis que este é posto para queda
e elevação de muitos em Israel, e para sinal que é contraditado (E uma espada
traspassará também a tua própria alma);para que se manifestem os pensamentos de
muitos corações “(Lc.2.34, 25 ACF) “É necessário que o Filho do homem
padeça muitas coisas, e seja rejeitado dos anciãos e dos escribas, e seja
morto, e ressuscite ao terceiro dia “(Lc.9.22 ACF). Os quais apareceram com
glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém (Lc.9.30
ACF).Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos, porque o Filho do homem será entregue
nas mãos dos homens (Lc.9.44ACF). E, tomando consigo os doze, disse-lhes:
Eis que subimos a Jerusalém, e se cumprirá no Filho do homem tudo o que pelos
profetas foi escrito; Pois há de ser entregue aos gentios, e escarnecido,
injuriado e cuspido; E, havendo-o açoitado, o matarão; e ao terceiro dia
ressuscitará (Lc.18.31-33 ACF). E, tomando o pão, e havendo dado graças,
partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei
isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia,
dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós
(Lc.22.19,20 ACF). E era já quase
a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o
sol; E rasgou-se ao meio o véu do templo. E, clamando Jesus com grande voz,
disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isto,
expirou. E o centurião, vendo o que tinha acontecido, deu glória a Deus,
dizendo: Na verdade, este homem era justo. E toda a multidão que se ajuntara a
este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltava batendo nos peitos. E
todos os seus conhecidos, e as mulheres que juntamente o haviam seguido desde a
Galileia, estavam de longe vendo estas coisas. E eis que um homem por nome
José, senador, homem de bem e justo, Que não tinha consentido no conselho e nos
atos dos outros, de Arimateia, cidade dos judeus, e que também esperava o reino
de Deus; Esse, chegando a Pilatos, pediu o corpo de Jesus. E, havendo-o tirado,
envolveu-o num lençol, e pô-lo num sepulcro escavado numa penha, onde ninguém
ainda havia sido posto. E era o dia da preparação, e amanhecia o sábado. E as
mulheres, que tinham vindo com ele da Galileia, seguiram também e viram o
sepulcro, e como foi posto o seu corpo (Lc.23.44-55 ACF). Ó
néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!
Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua
glória? E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que
dele se achava em todas as Escrituras (Lc.24.25-27 ACF). E disse-lhes: São
estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se
cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e
nos Salmos. Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. E
disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao
terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em
todas as nações, começando por Jerusalém. E destas coisas sois vós testemunhas
(Lc.24.44-48 ACF).
GRAÇA E VERDADE
A respeito da morte de
Cristo emergem as seguintes verdades:
1.
Cristo estava destinado a morrer pelos pecados do
povo. Jesus, disse Pedro: "foi entregue pelo determinado conselho e
presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de
injustos" (At.2.23 ACF).
2.
A morte de Cristo foi necessária para a remissão
dos pecados, uma vez que sem derramamento de sangue não há remissão (Hb.9.22
ACF). O Texto de Lucas é claro em afirmar que Cristo, O Filho do homem veio buscar e salvar o que
se havia perdido (Lc.19.10 ACF).
3.
A morte de Cristo era necessária para a remissão
dos pecados.
4.
A morte de Cristo é o cumprimento da profecia
bíblica.
O fato de Cristo estar
destinado a morrer pode ser confirmado na pregação de Pedro no Pentecostes. A
Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e
sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; A este
que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus,
prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos (At.2.22,23
ACF). Convém observar que a morte de cruz era destinada a criminosos que
antentavam contra o império. Jesus não se encaixa neste perfil, não era
criminoso e sequer atentou contra Roma. O texto o descreve como varão aprovado
por Deus, vem do verbo grego απδεικνυμέ (apodeikmyné), cujo sentido é o de
alguém que é aprovado apontado, ou do qual se demonstrou ser aquilo que dizia
ser. Estas provas, ou evidências foram expostas, apresentadas por meio de maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por
ele realizou.
Mas se Cristo foi
inocente como explicar a sua morte? A explicação vem por meio das palavras do
apóstolo τουτον τη ωρισμενη βουλη και προγνωσει του θεου (toyton
oorisomenee boylee kai prognoosei), ou determinado conselho e presciência de
Deus. O termo ωρισμενη vem do verbo Όρίζω (orizoo), cujo sentido é o de
delinar fronteira, determinar. É com este sentido que Lucas emprega este mesmo
verbo na fala de Cristo na última ceia, quando este disse: E, na verdade, o Filho do homem vai segundo
o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! (Lc.22.22ACF).
Percebe-se aqui que o fato da morte de Jesus estar predeterminada por Deus não
isentou Judas de sua responsabilidade pessoal. A morte de Jesus segue o
conselho, a determinação, ou decreto de Deus. É o que se infere do
termo βουλη (boulee). Este é empregado na oração que Pedro e a Igreja
fazem após a primeira reprimenda que os apóstolos recebem face às ameaças do
sinédrio, eles oram nestes termos: unânimes levantaram a voz a Deus, e
disseram: Senhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o
que neles há; Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os
gentios, e os povos pensaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, E os
príncipes se ajuntaram à uma, Contra o Senhor e contra o seu Ungido. Porque
verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram,
não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para
fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado
que se havia de fazer (At.4.24-28 ACF).
A morte de Jesus foi uma
empreitada humana? Foi. Repare que a culpa da morte de Cristo não recai somente
sobre os judeus, mas é dito que se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio
Pilatos, com os gentios e os povos de Israel. Igualmente é dito (ainda que de
forma implícita), que um Deus que criou os céus e a terra não poderia jamais perder
o controle desta situação. Assim, eles fizeram o que a mão e o conselho de Deus tinham anteriormente determinado. A
vontade de Deus determinou que Cristo haveria de morrer.
Todavia tal determinação
não se dá no vácuo, mas em cooperação com os homens, e conforme pontuado acima,
não os isenta de sua responsabilidade pessoal. Por último, o termo προγνωσει
remete à presciência de Deus, que no entendimento deste autor remete ao
conhecimento prévio da natureza dos homens. Deus sabia que eles rejeitariam a
Cristo, e se valeu de tal para consumar o seu projeto, conforme tudo o que dele
estava escrito nas Escrituras Sagradas. Este é o cerne do ensino das Escrituras
a respeito da morte de Jesus. Em ponto algum esta é apresentada como algo
acidental, trágico; mas como a consumação do plano de Deus e das profecias, que
afirmam a necessidade de uma morte vicária pelos pecados da humanidade. Verdadeiramente
ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e
nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido
por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniqüidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo
seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos
(Is.53.4-6 ACF). Daí Cristo ter afirmado a necessidade de subir para
Jerusalém e lá padecer nas mãos dos anciãos e demais príncipes do povo
(Mt.16.21;Lc.9.22). A mensagem foi confirmada no Monte da Transfiguração, por
meio da visão de Moisés e Elias falando com Cristo a respeito de sua partida.
Lucas emprega o termo εξοδον (exodon), para se referir à morte de Jesus,
mas a despeito do quanto a mensagem tenha sido transmitida é fato que eles
não entendiam esta palavra, que lhes era encoberta, para que a não
compreendessem; e temiam interrogá-lo acerca desta palavra (Lc.9.45). Após
a ressurreição eles tiveram seus entendimentos abertos para a compreensão da
palavra, bem como do desígnio de Deus a respeito da morte de Cristo, e do
propósito da mesma. E isto, ao ponto de formular um credo do Evangelho. O
evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual
também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo
tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos
entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as
Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras (I Co.15.1-4 ACF).
O
Único Deus verdadeiro e a criação
Segundo James Crenshau (O
professor James Crenshaw, que ensinou o Antigo Testamento na Duke Divinity
School de 1987 a 2008, é um dos principais intérpretes da literatura da
sabedoria na Bíblia),os israelitas nunca fizeram a mais decisiva das perguntas
a respeito do ser, eles dão a questão do ser como algo dado. E mais a
identidade humana dá-se a partir da existência mais do que óbvia deste SER. Do
mesmo modo há inúmeras declarações de que há um único Deus. Mas exatamente por
darem a existência de Deus como um dado que não há demonstrações sistemáticas
da existência do mesmo. Desde Santo Tomás de Aquino tem sido uma via
normal tomar a natureza e a organização da mesma como prova da existência de Deus.
Este é o caminho dos apologistas evidêncialistas como Norman L. Geisler(Norman
Leo Geisler foi um teólogo e filósofo
sistemático cristão americano. Ele foi co-fundador de dois seminários
evangélicos não-denominacionais ( Veritas International University [e Southern
Evangelical Seminary. Ele foi o autor, co-autor ou editor de mais de 90 livros
e centenas de artigos). O próprio R. C. Sproul (Robert Charles Sproul foi um teólogo americano e pastor ordenado na
Igreja Presbiteriana da América . Ele foi o fundador e presidente dos
Ministérios Ligonier (nomeado para o Vale Ligonier nos arredores de Pittsburgh
, onde o ministério começou como um centro de estudos para estudantes de
faculdades e seminários, foi descrito como "o maior e mais influente
defensor da recuperação da teologia reformada no século passado"). Robert
Charles Sproul, aponta a necessidade de uma escolha entre Kant e Aquino. Ele o
faz em sua Filosofia para Iniciantes. A leitura destas palavras fez com que
optasse por Pascal, para quem somente por meio de Jesus Cristo, Deus pode ser
acessado e conhecido. Biblicamente
falando a existência de um único Deus é temática predominante da teologia do
Deuteronômio. Não entrarei em maiores detalhes a respeito de data e autoria.
Mas ao que parece Israel sai do Henoteísmo(forma de religião em que se cultua
uma única divindade, considerada suprema, mas sem negar a existência de outros
deuses). (que é o serviço exclusivo à Iahweh, para o monoteísmo, e o texto que
segue abaixo transcrito deixa isto muito claro. Em algum momento Israel creu
que os deuses das demais nações fossem deuses. A confissão de fé deuteronomista
solapa com esta crença.
A ti te foi mostrado para que soubesses que o
Senhor é Deus; nenhum outro há senão ele [...] Por isso hoje
saberás, e refletirás no teu coração, que só o Senhor é Deus,
em cima no céu e em baixo na terra; nenhum outro há (Dt.4.35-39
ACF).
Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o
único Senhor (Dt 6.4 ACF).
Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o
Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o
amam e guardam os seus mandamentos (Dt.7. 9 ACF).
Vede agora que eu, eu o sou, e mais nenhum
deus há além de mim; eu mato, e eu faço viver; eu firo, e eu saro, e
ninguém há que escape da minha mão (Dt.32.39 ACF). A criação é biblicamente
ligada à eleição de Abraão, e ao fato de haver um único Deus.
Só tu és Senhor; tu
fizeste o céu, o céu dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo quanto
nela há, os mares e tudo quanto neles há, e tu os guardas com vida a todos; e o
exército dos céus te adora. Tu és o Senhor, o Deus, que elegeste a Abrão, e o
tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por nome Abraão (Ne.9.6,7 ACF). Mesmo
admitindo a existência de outros deuses, os poetas afirmam que nenhum
deles é similar a Iahweh. Entre os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem
há obras como as tuas. Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão
perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome. Porque tu és grande e
fazes maravilhas; só tu és Deus (Sl.86. 8 - 10
ACF).
Neste texto ainda se
admite a possibilidade de outros deuses, embora já exista o conceito de que os
deuses das nações são obra das mãos dos homens. São prata e ouro, obra das mãos
dos homens. Têm boca, mas não falam; olhos têm, mas não vêem. Têm ouvidos, mas
não ouvem; narizes têm, mas não cheiram. Têm mãos, mas não apalpam; pés têm,
mas não andam; nem som algum sai da sua garganta (Sl.115.4-7 ACF). Mas os
profetas não deixarão margem para dúvida alguma. Pelo contrário, neles se
afirmará: Vós sois as minhas testemunhas, diz o Senhor, e meu servo, a quem
escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que eu sou o mesmo, e
que antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum
haverá. Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há Salvador (Is
43. 10, 11 ACF). Assim diz o Senhor, Rei de Israel, e seu Redentor, o Senhor
dos Exércitos: Eu sou o primeiro, e eu sou o último, e fora de mim
não há Deus. Não vos assombreis, nem temais; porventura desde então não
vo-lo fiz ouvir, e não vo-lo anunciei? Porque vós sois as minhas
testemunhas. Porventura há outro Deus fora de mim? Não, não há outra
Rocha que eu conheça (Is.44. 6, 8 ACF).
Eu sou o Senhor, e não há outro; fora
de mim não há Deus; eu te cingirei, ainda que tu não me conheças; Para que se
saiba desde o nascente do sol, e desde o poente, que fora de mim não
há outro; eu sou o Senhor, e não há outro. Assim diz o SENHOR: O
trabalho do Egito, e o comércio dos etíopes e dos sabeus, homens de alta
estatura, passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti, virão em grilhões,
e diante de ti se prostrarão; far-te-ão as suas súplicas, dizendo: Deveras
Deus está em ti, e não há nenhum outro deus (Is.45.5,6,14 ACF).
Esta mesma fórmula se repete no Novo Testamento. Aproximou-se dele um
dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido
bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus
respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o
Senhor nosso Deus é o único Senhor (Mc.12.29 ACF).
Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas
aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há outro
Deus, senão um só (I Co.8.4ACF).
Um só Deus e
Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós (Ef.4. 4 ACF).
Porque há um só Deus, e um só
Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem (I Tm.2. 5 ACF).
Mas como ele se
relaciona com a criação? Em primeiro lugar é biblicamente afirmado que Deus é o
criador dos céus a da terra.
No princípio criou Deus o céu e a terra (Gn.1.1ACF).
Que foram feitos pela
Palavra de Deus.
Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e
todo o exército deles pelo espírito da sua boca (Sl.33.6 ACF).
Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e
logo foram criados (Sl.148. 5).
Pela fé entendemos que os mundos pela
palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi
feito do que é aparente (Hb.11. 3 ACF).
Perceba que o entendimento de que os céus e a terra
são obra das mãos de Deus procede de fé. Pela pura e simples razão não se
alcança tal entendimento. Faço uso da expressão pela pura e simples razão, por entender que a fé não se opõe ao
intelecto.
A expressão νοουμεν (noomen),
advém do verbo νοιέω (noiéoo), cujo sentido é o de exercitar a mente, observar,
perceber, entender, compreender. Na mentalidade dos autores bíblicos não existe
oposição entre fé e entendimento. A Bíblia também dá a entender que Deus
se distingue de sua criação, embora se faça presente na mesma, não se
confunde com esta. Ele é eterno, mas a sua criação passará.
Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são
obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu
permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os
mudarás, e ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus
anos nunca terão fim (Sl.102.25-27 ACF).
É igualmente afirmado
que a criação é mantida e sustentada pelo próprio Deus. Na Teologia Sistemática
de LUIS Berkoff (Louis Berkhof (14 de outubro de 1873 - 18 de maio de 1957) é
um teólogo sistemático reformado cujas obras têm sido muito influentes na
teologia calvinista da América do Norte e da América Latina. Sua Teologia
Sistemática tem sido, durante décadas, o livro-texto utilizado em muitas
faculdades protestantes de teologia no Brasil. Ele nasceu nos Países Baixos e
mudou-se, ainda pequeno, para os Estados Unidos),o autor abre uma discussão a
respeito da dinâmica de vida e morte na criação. Mas é com Adauto Lourenço(Mestre
em Física pela Clemson University, nos EUA, matemático e teólogo, Adauto J. B.
Lourenço, 53 anos, mora em São Paulo, onde congrega na Igreja Presbiteriana
Central de Limeira. É casado com Sueli Lourenço e tem três filhas. Morou nos
EUA e Alemanha para pesquisar e retornou ao Brasil para atuar como pesquisador
independente na área de Matéria Condensada e Física de Superfície. Ele presta
consultoria na área de novas tecnologias anticorrosivas. Seu ministério é ensinar o Criacionismo Científico)que vem luz sobre a matéria. Por estar ligada ao tempo,
a matéria é sujeita à mudança. Se é assim, como explicar a entrada da morte
através do pecado, conforme se vê na cosmovisão bíblica. Adauto Lourenço
afirma que a matéria, como toda a criação foi feita para ser sustentada por
Deus. Assim, o norte estende
sobre o vazio; e suspende a terra sobre o nada (Jó.26.7ACF), faz subir os vapores das extremidades da
terra; faz os relâmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus tesouros(Sl.135.7ACF),
Jeremias diz que: fazendo ele
soar a sua voz, logo há rumor de águas no céu, e faz subir os vapores da
extremidade da terra; faz os relâmpagos para a chuva, e dos seus tesouros faz
sair o vento (Jr.10.13ACF). Deus não é somente criador, ele é
mantenedor da natureza. Ele faz
que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e
injustos (Mt.5.45ACF). O
Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não
habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de
homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos
a vida, e a respiração, e todas as coisas (At.17.24,25 ACF). O
Universo exibe sim uma inteligência ímpar. Não há espaço para o acaso.
Sir James Jeans, o famoso astrônomo britânico disse
certa vez: “o universo parece ter sido desenhado por um matemático puro”.
Joseph Campbell escreveu também sobre “a intuição de uma ordem cósmica matematicamente
definível”. Contemplando a ordem da Terra, do Sistema Solar e do Universo
estelar cientistas e estudiosos concluíram que o grande projetista não deixou
nada para o acaso. A inclinação da terra, por exemplo, de 23 graus, produz as
nossas estações. Os cientistas dizem-nos que, se a terra não tivesse a
inclinação que tem, os vapores dos oceanos mover-se-iam para norte e sul
cobrindo os continentes de gelo. Se a lua estivesse a 80 mil quilômetros
da terra, em vez de 320 mil, as marés seriam tão enormes que todos os
continentes seriam submergidos pela água – até as montanhas seriam afetadas
pela erosão. Se a crosta terrestre fosse apenas três metros mais grossa,
não haveria oxigênio, e sem ele toda vida animal morreria. Se os oceanos
fossem uns poucos metros mais profundos, o dióxido de carbono e o oxigênio
teriam sido absorvidos e nenhuma vida vegetal poderia existir. O peso da
terra estimado em seis sextilhões de toneladas (isto é um seis seguido de vinte
e um zeros). Ela tem, ainda assim, um equilíbrio perfeito, e gira com
facilidade em torno do seu eixo. Ela revolve diariamente à razão de mais de mil
e seiscentos quilômetros por hora, ou quarenta mil quilômetros por dia. Num ano
isto dá mais de catorze milhões de quilômetros. Considerando o extraordinário
peso de seis sextilhões de toneladas, girando a essa fantástica velocidade ao
redor do seu eixo invisível, as palavras de Jó.26.7 assumem significado sem
paralelo: “Ele ... faz pairar a terra sobre o nada”. Jó nos convida ainda
a meditar sobre “as maravilhas de Deus” (Jó.37. 14). Considere o sol. Cada
metro quadrado da superfície do sol emite constantemente um nível de energia de
cento e trinta mil cavalos força (isto é aproximadamente 450 motores de oito
cilindros. Ainda assim o sol é apenas uma estrela menor nos cem bilhões de
astros que compõem a nossa via Láctea, quando tentamos apreender mentalmente as
quase incontáveis estrelas e outros corpos celestes, encontrados na nossa Via
Láctea, apenas, somos levados a ecoar o hino de louvor de Isaías ao poderoso
criador: “Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que
faz sair o seu exercito de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama
pelo nome, por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a
faltar (MANNING, 2005). Norman L. Geisler aponta para uma infinidade de fatores
em seu livro Não Tenho Fé
Suficiente para ser Ateu. A perspectiva é tomista (O tomismo é a filosofia escolástica de São Tomás de Aquino
(1225-1274), e que se caracteriza, sobretudo pela tentativa de conciliar o
aristotelismo com o cristianismo. O mérito da filosofia de
Tomás de Aquino está exatamente em aliar o pensamento lógico e racional de raiz
aristotélica com a fé cristã. ... A ética tomista é precisamente concentrada
neste movimento, que é considerado natural e racional, do ser para Deus,
culminando na visão ou contemplação imediata do criador), visto que o autor é
um tomista. A despeito da fala de Sproul, para quem há de se fazer uma escolha
entre Santo Tomás de Aquino(Tomás de Aquino, maior expoente da
filosofia escolástica, Santo Tomás de Aquino foi fortemente influenciado por
Aristóteles e Averróis. foi um padre católico e discípulo do grande escolástico
Alberto Magno. Ele auxiliou na reintrodução da filosofia aristotélica no
pensamento europeu e atualizou a teologia cristã junto à filosofia medieval,
tendo escrito sobre os conflitos entre fé e razão existentes no período) e Kant
(Immanue Kant - teoria do conhecimento - A síntese entre racionalismo e
empirismo. O filósofo alemão Immanue Kant responde à questão de como é possível
o conhecimento afirmando o papel constitutivo de mundo pelo sujeito
transcendental, isto é, o sujeito que possui as condições de possibilidade da
experiência) (que desestabilizou a maioria dos argumentos que demonstravam a
existência de Deus). Porem existe a via do meio: Pascal (Blaise Pascal
(1623-1662) foi um físico, matemático, filósofo e teólogo francês. Autor da
famosa frase: "O coração tem razões que a própria razão desconhece").
Para Pascal a natureza só revela Deus para quem tem a luz da fé acesa em seu
coração. Fora disto Deus só pode ser conhecido por meio de Jesus Cristo. Face
ao que foi dito pelo autor, tudo o que posso dizer é que sem a graça a
revelação da natureza se transforma em sensação estética. Sobre o
Evolucionismo: não há como negar o surgimento e o desaparecimento de algumas
espécimes, a mutação biológica também, ainda que não existam provas de que
estas dêem origem a outras espécimes, mas a variações de uma mesma - é o que
ocorre entre cachorros, por exemplo - mas este é um longo debate.
UM SÓ
DEUS EM TRÊS PESSOAS
A respeito da doutrina
da Trindade é uma doutrina postulada por Tertuliano, aceita por Constantino no
Concilio de Nicéia em 325d.C, e desenvolvida por um filosofo herético: Plotino
(em grego clássico: Πλωτῖνος; em
latim: Plotinus; c. 205 - 270) foi um dos principais filósofos
de língua grega do mundo antigo. Seu professor Amônio,
Plotino
é geralmente considerado o fundador do chamado neoplatonismo. Ele é um dos mais
influentes filósofos da Antiguidade, Para
Plotino o Uno, que a tradição cristã identifica como Deus, transcende o ser, a
substância e a morte, vai além de todas as coisas, é infinito e imaterial. Mas
é o Deus-Uno que gera e conserva todas as coisas ilimitadamente. Nós não
conseguimos entender, chegar até Ele, manifestar ou representar Deus. Ele cria
as coisas como se fossem emanações que dele saem como a luz que sai de um astro
luminoso e se espalha para tudo à sua volta. Plotino se pergunta porque Deus
existe e porque ele é da forma que é, e responde que Deus se autoproduziu. Ele
é um supremo Bem que criou a si mesmo. E ele é dessa forma porque essa é a
superior e melhor forma de ser. Ele existe Nele e para Ele e tem a suprema
liberdade de criação. Além disso, Ele transcende a si próprio. Deus quando
pensa a si mesmo cria o intelecto que é a sua representação. O intelecto quando
pensa em si cria a alma que é a representação do intelecto. Nesse processo de
representação as criações vão perdendo a identidade com o que representam, da
mesma forma como as cópias de cópias vão perdendo a qualidade. Assim, as coisas
que tem origem em deus serão sempre mais inferiores a Deus à medida que se
afastam dele. Na sequência de importância das derivações está Deus em primeiro
lugar, o intelecto em segundo, a alma em terceiro. Estes três primeiros formam
o que pode ser apreendido pelo intelecto. Em seguida aparece o mundo físico,
criado pela alma e que é composto de matéria que é algo negativa para Plotino.
Deus está nessa sequência no patamar superior e a matéria está na parte mais
baixa dessa visão. A matéria é o não ser, é o Mal, pois está privado de todo
Bem. Ela é negativa, pois está desprovida de toda positividade que vem do
Deus-Uno. A alma inicialmente cria a matéria para depois dar forma a essa
matéria. A alma dá forma à matéria iluminando-a. O mundo físico é, portanto
formas criadas pela alma. Os trinitarios
monoteísta afirma que há um só Deus, que por sua vez subsiste em três
pessoas: a do Pai, a do Filho, e a do Espírito Santo. Não é um ensino que se
possa embasar facilmente em textos isolados das Escrituras. De forma alguma! É
comum a recorrência aos textos que falam da criação, da torre de Babel, e
outros do tipo, para fundamentar a doutrina da Trindade no Antigo Testamento.
Mas há um problema com relação a este tipo de exegese: a resposta judaica. O
texto bíblico versa: E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a
terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou (Gn 1. 26, 27 ACF).
A resposta judaica,.
Somente Deus poderia suportar o que Cristo suportou, e somente como Deus/Homem,
Cristo pode socorrer perfeitamente todo aquele que o invoca. Somente Deus pode
suportar a rebeldia nossa de cada dia, nossas resistências diárias ao Espírito
o faz.
Mas o maior problema com
relação à toda forma de rejeição da Doutrina da Trindade é que sendo Deus
Espírito infinito a pessoalidade é o único ponto de contato possível entre este
e o homem, conforme asseverado por Shaeffer (Francis Schaeffer pode nos ajudar
bastante. Schaeffer foi um pastor norte-americano, cujo ministério na Suíça se
tornou fundamental para a igreja na segunda metade do século 20. Por meio de
seus escritos, palestras e filmes, Schaeffer conclamou a igreja a uma presença
fiel na cultura, entendendo o seu tempo e anunciando o evangelho com urgência e
amor.),em sua trilogia: O Deus
que se revela, O Deus que
intervém, A Morte da Razão.
Mas como um Deus que é um só pode ser pessoal? Claro que aqui cabe o
questionamento a respeito da aplicabilidade do termo a Deus. Mas fato é que
mesmo a Hagadá (Hagadá ou agadá (do hebraico הגדה, transl. hagadá,
"narração"), é o texto utilizado para os serviços da noite do
Pessach, contendo a leitura da história da Páscoa, ou Pesach, Haggadah é um dos
mais importantes e adorados textos da tradição judaica. No começo da Páscoa,
Judeus do mundo todo se reúnem.) de Gênesis 2 evoca um relacionamento de amor
entre Deus e Israel, e entre aquele e a criação.
Logo, em consonância com
o pensamento de Louis Berkhof, antes da criação do tempo Deus expressou sua
personalidade em relacionamento de amor, tabernáculando, Sendo Deus Pai, o Espirito
Santo. O texto de Gn.1:26, para
fundamentação do pensamento, a revelação a respeito de Deus é progressiva.
Alguns exemplos: o nome de Deus, O Eterno não foi revelado aos patriarcas, foi
a Moisés; não há espaço para uma angelologia elaborada em Gênesis (são seres
espirituais? como comem, podem ser vistos pelos homens e desejados?); Abraão vê
Deus, por que os demais não o podem? São questões que se respondidas conduzem
ao caráter progressivo da teologia bíblica. Retornando ao pensamento da Hagadá.
A respeito de Gn 1. 26, eles afirmam: É necessário explicar muito bem este
versículo, porque a sua formação esconde muitas surpresas. Os idólatras
defendem a existência de uma divindade múltipla e usam este texto como prova, porque
nele se lê no plural: Façamos o
homem...; E quem melhor soube expressar este pensamento foi: C. S. Lewis (C. S.
Lewis. Clive Staples Lewis (1898-1963), mais conhecido como C.S. Lewis, foi um
escritor irlandês, que se destacou por seus trabalhos sobre literatura
medieval, por suas palestras e escritos cristãos, especialmente a série de
livros "As Crônicas de Nárnia" C.S.
Lewis nasceu em Belfast, na Irlanda, no dia 29 de novembro de 1898. Em 1916 foi
admitido na University College de Oxford. Entre 1917 e 1918 serviu nos campos
de batalha da França durante a Primeira Guerra. De volta a Oxford se graduou em
Línguas e Literaturas Clássicas. Lecionou nas universidades de Oxford e de
Cambridge
C. S. Lewis foi ateu
durante muitos tempo, mas com 31 anos converteu-se ao cristianismo e se tornou
membro da Igreja Anglicana. Durante a II Guerra Mundial, suas palestras eram
transmitidas pela BBC de Londres, sendo chamado "apóstolo dos
céticos", especialmente nos Estados Unidos. A religião foi um tema
constante em suas obras, como em “Cartas de Um Diabo ao Seu Aprendiz” (1942),
“Milagre” (1947), e nos sete livros da série “As Crônicas de Nárnia”
(1950-1956), que virou filme do Walt Disney Studios. C.S. Lewis faleceu em
Oxford, Inglaterra, no dia 22 de novembro de 1963.). Este era o pensamento e acolocação de C. S. Lewis: No
início da criação o Senhor deu vida a três artesãos: o céu, a terra, e a água.
Confiou a cada qual uma tarefa e lhes deu a capacidade de lavá-la a bom termo.
Deu ordens à água para que se juntasse e fizesse a parte enxuta, à terra para
que desse origem aos corpos celestes que a iluminariam, e ao céu para que
formasse o firmamento e separasse as suas águas. À água ordenou ainda que desse
origem aos peixes e às outras criaturas. Desse modo, foram criadas todas as
coisas, cada uma no seu dia mais apropriado, graças á esses três artesãos. No
sexto dia todos se reuniram para ouvir o que o Senhor tinha para lhes
dizer. Mas o Santo, Bendito seja, disse: "no dia de hoje quero criar
a criatura mais importante do Universo, a qual chamarei Adão, homem. Nenhum de vós poderá
realizar esta obra sozinho, muito embora tenhais contribuído para realizar o
restante. Portanto deveis atuar juntos, e eu me unirei a vós. Vós havereis de
prover os elementos para o corpo do homem, enquanto eu lhes darei uma alma
santa e um espírito imortal". (Homem e mulher a Imagem de Deus - Hagadá de
Gn 2). Desta perspectiva o termo façamos é uma junção poética por meio da qual o mesmo Deus
que dera ordem à terra para que produzisse a relva e toda sorte de animais, e
às águas para que produzissem répteis, aves e monstros marinhos, agora convoca
a terra, o vento, as águas e tudo o mais para a composição do homem.
Uma outra perspectiva que aparece no próprio Hagadá
é a de que a expressão Façamos seja
na verdade aquilo que se chama plural de majestade. Uma última razão é que o
rei e as personalidades importantes muitas vezes empregam a primeira pessoa do
plural para exprimir a própria majestade. Deus, por isso disse: Façamos o homem, para expressar a sua
grandeza e onipotência. (Homem e mulher a Imagem de Deus - Hagadá de Gn.2).
"Elohim" a palavra hebraica mais comum para
designar Deus (como em Gen.1:1), é um substantivo PLURAL, MAGESTÁTICO.
Gênesis 1:26: "Disse Deus: FAÇAMOS"
Gênesis 11:7 "Vinde DESÇAMOS, E CONFUNDAMOS
ali a sua linguagem"
Gênesis 3:22 "Eis que o homem se tornou como
um de NÓS"
Eclesiastes 12:1 "lembra-te dos teus
CRIADORES" (tradução literal).
Salmo 149:2 "Regozije-se Israel nos seus
CRIADORES" (no hebraico, plural).
I Tess 1:1; Ef 1:17 e 2:18; Apoc 1: 4,5; e 3:21; Mt
3:16,17.
5) Há diferença entre o que Deus é e quem é Deus?
R: Sim .
Quando falamos do que Deus é referimo-nos à SUA
NATUREZA ou aos SEUS ATRIBUTOS. Ex. Deus é: eterno, imutável, onipotente,
onisciente, onipresente, santo, justo, fiel, benevolente, misericordioso,
gracioso, amoroso.
Quando procuramos saber QUEM é Deus, referimo-nos à
Sua formação e seu nome pessoal.
Resumindo:
O Deus da Bíblia NÃO é:
1 Deus em 3 Deuses
1 Natureza em 3 Naturezas
1 Pessoa em 3 pessoas
Mas sim:
1 Deus com 1 Natureza em 3 manifestação pessoal
COMO João 15:26 ; Gal 4:6 ; Ef 2:18
NATUREZA = ESSÊNCIA =
MESMA SUBSTÂNCIA.
Podemos dizer que Deus é UM com três Manifestações
e ofícios: o Pai, o Filho, e o Espírito Santa, maravilhosa e misteriosamente
ligadas em uma UNIDADE.
QUAL É
O NOME DE DEUS?
O QUE
SIGNIFICA A PALAVRA "DEUS"?
A palavra "Deus" é um título que os
homens usam para descrever o Ser Supremo e Infinito. ( I Cor 8:4-6)
Porque o verdadeiro Deus deve ter um nome?
O Nome de Deus estabelece a identidade de Deus e
separa-o das divindades pagãs. O homem é capacitado a dirigir-se a Deus
adequadamente, através do Seu Nome. (Gn 32:24-30; Ex 3:13,14.)
OS
ANTIGOS HEBREUS CRIAM QUE DEUS
E O
SEU NOME ERAM A MESMA COISA
Isto significa que Deus e o Seu Nome eram
inseparáveis ; tudo que o verdadeiro Deus significava era definido pelo Seu
Nome. O Seu Nome e a Sua pessoa eram uma só e a mesma coisa.
Quem foi o primeiro homem a receber a revelação do
nome de Deus?
Moisés, como está registrado em Êxodo 3
Como Deus era conhecido antes da época de Moisés?
Aparentemente Ele era conhecido como "O
verdadeiro Deus" ou "Deus Todo-poderoso" Ex.6:3
Qual foi o nome que Deus deu a Moisés?
A palavra hebraica é composta de quatro letras (
Yhwh , JHVH) , e por isso é chamado o "Tetragrama"( o nome de quatro
letras ).
O QUE
SIGNIFICA ESTE NOME
HEBRAICO
DE QUATRO LETRAS?
O Tetragrama significa "EU SOU" -
exatamente como está traduzido na Bíblia. Ex.3:14.
Quantas vezes este nome aparece na bíblia hebraica?
Este é o Nome de Deus mais frequente nas
Escrituras. Aparece 6.823 vezes no Velho Testamento Hebraico.
OS
ISRAELITAS PRONUNCIAVAM ESTE NOME?
Não, pois ele era considerado demais. Lv 24:16
mostra que o simples fato de se pronunciar o Nome era punível com a morte por
apedrejamento.
O que o israelita usava em lugar do nome de Deus -
se ele não podia pronunciar o original JHVH?
Ele usava uma palavra que o substituía; Adonai em
hebraico, Kúrios ou Kírios em grego, o Senhor em português. Os antigos rabinos
colocavam no original JHVH as marcas das vogais de Adonai, para lembrar ao povo
que devia pronunciar Adonai em lugar do verdadeiro nome de Deus.
ATRIBUTOS
DE DEUS E A
RELAÇÃO
DO SEU SER
Humanamente falando é impossível definir o Ser de
Deus, nem toda ciência da terra poderia fazê-lo, para uma definição lógica
seria necessário muita pesquisa de conceito superior sem chegar-se a uma clara
definição, pois não há possiblidade humana que defina o infinito, Deus não cabe
em descrições terrenas (genético sintética), somente é possível fazer-se uma
definição analítico-descritiva (descrição apenas das características de Sua
Pessoa, deixando sem explicação a essência do Seu Ser) o que se pode
compreender do Seu Ser é somente o que o que as Sagradas Escrituras nos permite
fazê-lo, por aquilo que se permitiu revelar (auto revelação). Podemos dizer
então que a revelação do Ser de Deus é parcial, sendo impossível fazer-se uma
descrição de Deus positiva e exaustiva. A Bíblia apresenta Deus como o Deus
vivente (nunca abstrato) que se relaciona com suas criaturas onde se manifesta
em vários atributos diferentes. (Pv 8:14, 2 Pe 1:4.etc) O termo do nome de Deus
Jeová (Eu sou o que Sou) tem como indicativo a essência de Deus propriamente
dita, trazendo a expressão Dele mesmo para se auto definir (Êx 3:13-14) outra
passagem que pode se aproximar de uma definição do Ser de Deus na Bíblia é João
4:24 “Deus é Espírito...” sendo um indicativo dado por Cristo para indicar a
essência espiritual de Deus. Alguns pais da igreja sob influência da filosofia
grega apenas fizeram uma abstrata concepção do que possa ser Deus, possuidor de
uma existência absoluta, sem atributos. Teólogos durante algum tempo
inclinaram-se a salientar uma transcendência (sublimidade, excelência) de Deus
como algo além da compreensão humana, atendo-se a impossibilidade de definir
Sua essência divina, pensamento este que também perdurou durante a controvérsia
trinitária referente a distinção entre essência única e as três Pessoas da
Divindade.
Enfim filósofos e teólogos passaram a ver a essência
de Deus num Ser abstrato, numa substância universal, num pensamento puro, numa
causalidade absoluta, no amor, na personalidade, e na santidade majestosa ou no
Numinoso. ( Berkof 2009 p.42) A Teologia Reformada afirma que Deus pode ser
conhecido, porém não em sua totalidade por ser infinito, ao homem é impossível
conhecê-Lo por completo, ter um perfeito conhecimento de Deus seria o mesmo que
compreendê-Lo e isto é humanamente impossível, não há como defini-Lo exatamente
em Sua totalidade, contudo é possível ter o conhecimento Dele pela
auto-revelação Divina, naquilo que Deus se dá a conhecer.
A
POSSIBILIDADE DO CONHECIMENTO
DO SER
DE DEUS
O pensamento da Igreja Primitiva no período idade
média e da Reforma era de que Ele em Seu Ser mais recôndito era
Incompreensível, ressaltando-se em algumas linguagens empregadas de que não é
admissível nenhum conhecimento do Ser de Deus. O que precisamos entender na
possibilidade de conhecimento de Deus é que não podemos compreendê-Lo, ter um
conhecimento absoluto e exaustivo de seu Ser, mas podemos conhecê-Lo de forma
relativa e parcial do Seu Ser Divino, algo que só pode ser possível porque Ele
mesmo colocou-se em posição de relacionar-se com Suas criaturas morais
revelando-se a estas, ainda que não em sua totalidade, sendo real e verdadeiro,
sendo este um conhecimento parcial da natureza absoluta do Seu Ser.
O SER
DE DEUS REVELADO EM SEUS ATRIBUTOS
A teologia comumente diz que os atributos de Deus
são o próprio Deus, como Ele se revelou a nós. Berkof (2009) diz: os atributos
são reais determinativos do Ser divino ou, noutras palavras, qualidades
inerentes ao Ser de Deus. Sheed fala deles como “uma descrição analítica e bem
próxima da essência”. Num sentido são idênticos, de modo que se pode dizer que
as perfeições de Deus são o próprio Deus como ele se revelou. Há uma estreita
relação entre essência de Deus e seus atributos pode-se afirmar, portanto que o
conhecimento de Deus e de Seus atributos leva consigo o conhecimento da Sua
essência divina.
OS
NOMES DE DEUS
Nas Sagradas Escrituras há o registro de vários
nomes de Deus, há a menção do Seu nome no singular em vários textos (Êx 20:7,
Sl 8:1, Sl 48:10, Sl 76:1, Sl 76:1,Pv 18:10) estes ressaltam toda manifestação
de Deus em Sua relação com o Seu povo.
No Antigo testamento o nome de Deus é designado por
vários nomes entre estes pode-se destacar: • El, Elohim e Elyon, o nome ‘El
possivelmente é derivado de ‘ul e tem sentido de primeiro ou Senhor, Elohim
(sing. Eloah) forma pluralística de Deus, tem sentido de plenitude de poder o
Deus da criação, Elohim, é plural. Os hebreus pluralizavam os nomes para
expressar grandeza ou majestade". A
própria Bíblia revela que a única maneira para se compreender a forma plural de
Elohim é entender que ela expressa a majestade de Deus e não uma pluralidade na
divindade.
Elyon é
derivado de ‘alah e tem sentido de elevado, designando Deus como exaltado. •
‘Adonai (derv. de dun (din) ou ‘adan) e tem sentido de Senhor, de julgar, de
governar, revelando Deus como governante Todo-Poderoso. • Shaddai e ‘El-Shaddai
(derv. de shadad) significando ser poderoso e indica que Deus tem todo poder no
céu e na terra.
Yahweh e Yahweh Tsebhaoth- a forma como Deus se
revelou neste nome superou as demais formas de revelação, em Yahweh Ele se
revela como Deus de graça, este nome é tido como o mais sagrado entre os judeus
devido a Levítico 24;16 “ Aquele que mencionar o nome de Yahweh será morto”,
por esta razão substituíram-no nas Escrituras por ‘Adonai ou por ‘Elohim, com o
tempo perdeu até a pronúncia correta do nome Yahweh por não ser pronunciado
entre os judeus devido a essas substituição dos massoretas nas Escrituras. O
acréscimo de Tsebhaoth em Yahweh divide opiniões, mas três opiniões destacam-se
para definir a junção destes nomes: os exércitos de Israel, as estrelas, os
anjos.
No Novo Testamento três nomes mais utilizados são
Theos (Deus de todos), Kurios (Poderoso, Senhor) e Pater (Pai).
OS
ATRIBUTOS DE DEUS
Os atributos de Deus são qualidades,
características atribuídas ao caráter de Deus conforme Ele se auto-revelou e
que nos ajudam a entender quem Ele é, são atribuições inerentes a Ele. Berkhof
(2009) diz: Não devemos considerar os atributos como outras tantas partes que
entram na composição de Deus, pois ao contrário dos homens, Deus não é composto
de diversas partes...Comumente se diz em Teologia que os atributos de Deus são
o próprio Deus, como Ele se revelou a nós.” A teologia Sistemática além da
designação “atributos de Deus”, às vezes denomina tal estudo de “qualidades de
Deus” ou “perfeições de Deus”, pode-se então entender todas essas expressões
como sendo sinônimas.
QUAIS
SÃO OS ATRIBUTOS DE DEUS?
Atributos incomunicáveis - Os atributos
incomunicáveis são aqueles exclusivos de Deus, como imutabilidade, Ele é
exaltado acima de tudo quanto existe, é imune de qualquer acréscimo ou
diminuição e de todo desenvolvimento ou decadência do seu Ser e em suas
perfeições (Êx 3:14, Sl 102:26-28, Is 41:4 e 48:12, Ml 3:6, Rm 1:23, Hb
1:11-12, Tg 1:17), infinidade - perfeição absoluta ( Jó 11:7-10, Sl 145:3, Mt
5:48), eternidade(Sl 90:2 e 102:12, Ef 3:21), imensidade/onipresença ( 1 Rs
8:27, Is 66:1, At 7:48-49, Sl 139;7-10, Jr 23:23-24, At 17:27-28). São assim
chamados porque Deus não os compartilha com nenhuma criatura, são exclusivos
Dele e Ele não os comunica a ninguém.
Asseidade: Deus é auto-existente, e não precisa de
nada nem de ninguém para continuar a existir, ou seja, Ele não depende de
ninguém além de Si mesmo para ser o que é. Sua asseidade está diretamente
ligada a sua eternidade (Sl 90:1,2).
Eternidade: sempre existiu, Deus não foi criado por
ninguém e estando acima de qualquer limitação de tempo (Gn 21:33; Sl 90:1,2),
sem começo e sem fim, para Deus não existe passado, presente e futuro, seu
presente é sempre a própria eternidade.
Unidade: Deus é um e todos os Seus atributos estão
inclusos em Seu ser o tempo todo algo que não contradiz a doutrina da Trindade,
pois as três Pessoas distintas formam um único Deus, ou seja, Sua essência é
indivisível (Dt 6:4; Ef 4:6; 1Co 8:6; 1Tm 2:5). Imutabilidade: Deus não muda,
tanto Seu ser como Suas perfeições não sofrem qualquer mudança, e não altera,
de forma alguma, os Seus propósitos e promessas (Tg 1:17). Infinitude: Deus é
infinito em seu ser e não sofre nenhum tipo de limitação. O tempo e o espaço
não podem limitá-lo (1Rs 8:27; At 17:24-28). Talvez a qualidade da infinitude
seja um dos atributos de Deus que apresenta mais dificuldade de compreensão por
parte dos homens.
A infinitude de Deus, segundo alguns teólogos
também aparece revelada através de outros atributos, como a onipresença,
onisciência, onipotência e a eternidade.
Onipresença: significa que Deus não é limitado de
nenhuma forma pelo espaço. Sua presença é infinita, de modo que Ele está
presente em toda parte com toda plenitude do Seu ser (Sl 139).
Onipotência: significa que Deus possui todo poder,
isto é, seu poder é infinito e ilimitado. Deus é soberano e capaz de cumprir
todos os Seus propósitos (2Co 6:18; Ap 1:8). Hodge (2001) sobre a Onipotência
de Deus diz: “O Senhor Deus onipotente reina e age segundo o beneplácito entre
os exércitos do céu e os habitantes da terra; este é o tributo de adoração que
as Escrituras por toda a parte rendem a Deus, e a verdade que por toda parte.”
Onisciência: Deus conhece todas as coisas de forma
completa e absoluta. Ele conhece tudo infinitamente e sem estar sujeito a
qualquer limitação (Sl 139; 147:4).
Soberania: Deus tem o controle sobre todas as
coisas, Ele governa o universo e conduz a História da humanidade segundo Seu
plano e seus propósitos eternos. Vale ressaltar que a soberania de Deus não
anula a responsabilidade das ações humanas, e nem a responsabilidade humana
descaracteriza as ações soberanas de Deus (Fp 2:12,13).
Atributos comunicáveis- Os atributos comunicáveis
foram impressos por Deus na humanidade na criação quando o homem foi feito à
imagem e semelhança de Deus, pode-se ainda citar atributos comunicáveis à
inteligência, a vontade e a moralidade. Eles são compartilhados por Deus ao
homem, pelo menos em certa medida. Ei-los:
Amor (1Jo 4:8, Rm 5:5, Ef 2:4-8) Bondade: (2Cr 30:18; Sl 86:5; 100:5;
119:68; At 14:17). Misericórdia (Ef 2:4,5) Sabedoria (Dn 2:20; cf. Jó 12:13; Jó
36:5; Sl 147:5; Is 40:28; Rm 11:33, Is 55:8; cf. Jó 28:12-28; Jr 51:15-17).
Justiça (Sl 11:7; Dn 9:7; At 17:31) Santidade (Is 40:25; Hc 1:12; Jo 17:11; Ap
4:8) Veracidade (Hb 10:23, Jo 17:3) Liberdade (Mt 11:26; cf. Is 40:13,14) Paz
(Jz 6:24).
Atributos morais- podem ser considerados como as
perfeições divinas mais gloriosas, é evidente que os atributos de Deus entre si
sejam mais perfeito ou mais glorioso que o outro, mas relativamente ao homem,
as perfeições morais de Deus resplandecem todo fulgor do Seu ser.
Os atributos de Deus não devem ser entendidos como
uma lista exaustiva, por se tratar de um estudo limitado pela nossa compreensão
do ser de Deus, também não pode considerada uma lista padrão, pois há muitas
outras listas sobre os atributos de Deus, algumas diretas e objetivas outras
mais completas e detalhadas.
MONOTEÍSMO
CRISTÃO
"Ouve, Israel: o SENHOR nosso Deus é o único
SENHOR" (Deuteronômio 6:4).
"Deus é um" (Gálatas 3:20).
Há um Deus. Há só um Deus. Esta doutrina é o cento
da mensagem Bíblica, e tanto o Velho quanto o
Novo Testamento a ensinam claro e
enfaticamente. Apesar da simplicidade desta mensagem e da clareza com que a
Bíblia a apresenta, muitos que acreditam na existência de Deus não entenderam
isto. Até mesmo dentro do Cristianismo, muitas pessoas, inclusive teólogos, não
tem entendido esta mensagem bonita e essencial. Nosso propósito é focalizar
esta questão, afirmar e explicar a doutrina bíblica da unicidade de Deus.
DEFINIÇÃO
DE MONOTEÍSMO
A crença em um único Deus é chamada de monoteísmo
que deriva de duas palavras gregas: monos, significando só, singular, um;
etheos, significando Deus. Aqueles que não aceitam o monoteísmo pode ser
classificado em uma das seguintes categorias: ateísta - que nega a existência
de Deus; agnóstico - que afirma ser a
existência de Deus desconhecida e provavelmente incognoscível; panteísta - que compara Deus com a natureza ou as
forças do universo; ou um politeísta - que acredita em mais de um Deus.
Diteismo, a crença em dois deuses, é uma forma de politeísmo, assim como o
triteismo, a crença em três deuses. Entre as principais religiões do mundo,
três são monoteísticas: o Judaísmo, o Islamismo, e o Cristianismo.
Há, entretanto, dentro das fileiras dos que se
denominam cristãos pontos de vistas divergentes em relação à natureza da
Divindade. Uma dessas correntes, chamada trinitarianismo, afirma que há três
pessoas distintas na Divindade - Deus
Pai, Deus Filho, e Deus Espírito Santo -
mas ainda um só Deus.
Dentro dos graus do trinitarianismo, podemos
distinguir duas tendências extremas. Por um lado, alguns trinitarianos
enfatizam a unidade de Deus sem ter desenvolvido uma compreensão cuidadosa do
significado das três pessoas distintas da Divindade. Por outro lado, outros
trinitarianos dão ênfase a triplicidade da trindade a ponto de acreditarem em
três seres auto-concientes, e o seu ponto de vista é essencialmente triteistico.
Além do trinitarianismo, há a doutrina de
binitarianismo que não classifica o Espírito Santo como uma pessoa separada,
mas afirma crer em duas pessoas na Divindade.
Muitos monoteístas têm destacado que tanto o
trinitarianismo quanto o binitarianismo debilitam o monoteísmo rígido ensinado
pela Bíblia. Eles insistem que a Divindade não pode ser dividido em pessoas e
que Deus é absolutamente uno.
Os que acreditam no monoteísmo rígido se dividem em
duas classes. Uma classe afirma que há só um Deus, e assim fazendo, nega, de
uma maneira ou de outra, a perfeita divindade de Jesus Cristo. Este ponto de
vista foi representada na história da igreja primitiva pelos dinâmicos
monarquistas, como Paulo de Samosata, e pelos Arenistas, liderados por Arius.
Estes grupos relegavam Jesus à posição de um deus criado, deus subordinado,
deus filho, ou semideus.
A segunda classe dos verdadeiros monoteísta
acredita em um Deus, mas, além disso, acredita que a plenitude da Divindade é
manifestada em Jesus Cristo. Eles acreditam que o Pai, Filho, e Espírito Santo
são manifestações, modos, funções, ou relacionamentos que o Deus único tem
exibido ao homem. Os historiadores da igreja têm usado os termos moralismo e
monarcianismo modalistico para descrever esse ponto de vista, sustentado na
igreja primitiva por líderes como Noetus, Praxeas, e Sabellius.
No século vinte, aqueles que acreditam tanto na
indivisível unicidade de Deus, quanto na
perfeita divindade de Jesus Cristo, frequentemente usam a termo Unicidade para
descrever aquilo em que creem. Eles também usam os termos “Um Deus” e “Nome de
Jesus” como adjetivos para se auto-denominarem, enquanto os oponentes às vezes
usam expressões errôneas e desacreditas como " Só Jesus" e"
Assunto Novo." (O rótulo" Só Jesus " é errôneo porque os trinitarianos
insinua uma negação do Pai e do Espírito Santo. Porém, os que acreditam na
Unicidade não negam o Pai e Espírito, mas antes veem o Pai e o Espírito como
papéis diferentes do Deus único que é o Espírito de Jesus.)
A mesma regra pode ser
aplicada aos textos que falam da expulsão do Paraíso, da confusão das línguas
na Torre de Babel (Gn.3. 22; 11. 6). Estas afirmativas não querem dizer que a
trindade passa a existir do momento em que os pais cristãos passam a falar em
Trindade. É o mesmo que afirmar que a lei da gravidade foi criada por Newton,
pior passou a existir a partir do momento em que foi elaborada.
Um caso bem curioso que
precisa ser pensado é o do famoso ANJO DO SENHOR, ou מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה,
mala'k YHWH. Este fala como sendo o próprio
Deus, mas na verdade é um mediador entre Deus e os homens. É assim
nos casos de Hagar (Gn.16.1-9); Abraão
(Gn.22.1-15); Moisés (Ex.3.1-15), neste último texto percebe-se inclusive que o
מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה
arroga para si o nome do próprio Deus. Em Juízes se
percebe que ele arroga para si ações que
são exclusivas do próprio
Iahweh.
E subiu o anjo do SENHOR de Gilgal a Boquim, e
disse: Do Egito vos fiz subir, e vos trouxe à terra que a vossos pais tinha
jurado e disse: Nunca invalidarei a minha aliança convosco. E, quanto a vós,
não fareis acordo com os moradores desta terra, antes derrubareis os seus
altares; mas vós não obedecestes à minha voz. Por que fizestes isso? Assim
também eu disse: Não os expulsarei de diante de vós; antes estarão como
espinhos nas vossas ilhargas, e os seus deuses vos serão por laço. E sucedeu
que, falando o anjo do Senhor estas palavras a todos os filhos de Israel, o
povo levantou a sua voz e chorou (Jz.2.1-4 ACF). Aqui o מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה
arroga para si a saída do Egito. Algo similar ao caso da sarça
ardente, onde se diz que o מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה
aparece para Moisés, mas depois se diz que Deus viu que ele se
virou para ver o fenômeno, e que Deus fala. Juntando todas estes textos
percebe-se aqui a mediação entre seres celestiais e o próprio Deus. Mas há uma
diferença.
Não se pode confundir a
mediação dos anjos na apocalíptica judaica e em textos nos quais estes são
portadores de algum tipo de revelação com a manifestação do anjo do Senhor (מַלְאַ֣ךְ יְהוָ֔ה).
Aqueles não recebem adoração e
nem o terror e o espanto comum por parte dos visionários. E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele
disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que têm o
testemunho de Jesus. Adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de
profecia (Ap.19.10ACF). Se anjos são espíritos
ministradores que trabalham em prol dos que hão de herdar a salvação (Hb.1.
14), se são conservos dos que guardam o testemunho de Cristo (Ap.19.10), se são
criaturas, ao invés de seres autônomos, como explicar que dentre os anjos que
visitam a Abraão um deles aceite adoração. No livro Falsos Deuses Timothy
Keller( Timothy Keller nasceu e cresceu na Pensilvânia e estudou na
Bucknell University, no Gordon-Conwell Theological Seminary e no Westminster
Theological Seminary. Por muitos anos, foi pastor da Redeemer Presbyterian
Church, em Manhattan, igreja que fundou em 1989 com a esposa, Kathy, e seus três filhos. É autor
best-seller do New York Times e escreveu vários livros, publicados por Vida
Nova.) chama a atenção do leitor para um fator pouco observado. Na narrativa da
luta de Jacó com um varão. Na medida em que a alva sob, ou que o dia nasce, o
varão pede para que Jacó o libere. Keller afirma que a razão de tal é para que
o patriarca não veja o rosto de Deus. O que fica claro no final do texto,
que diz: E chamou Jacó o
nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a
minha alma foi salva (Gn.32.20 ACF).
O profeta Oséias fará
uma significativa exegese deste texto ao dizer: O Senhor também com Judá
tem contenda, e castigará Jacó segundo os seus caminhos; segundo as suas obras
o recompensará. No ventre pegou do calcanhar de seu irmão, e na sua força lutou
com Deus. Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou; em Betel o
achou, e ali falou conosco, Sim, o Senhor, o Deus dos Exércitos; o Senhor é o
seu memorial (Os.12. 2 - 5 ACF). O profeta compara a contenda judicial com
Israel (neste caso o Reino Norte), com a contenda que Jacó teve com o próprio
Deus. Uma contenda que se inicia no ato do nascimento, na clara luta pela
primogenitura, que se reflete na rivalidade com o irmão mais velho. É
importante ter isto em mente, uma vez que a luta de Jacó com Deus no vau de
Jaboc antecede a reconciliação deste com Esaú. Tanto que quando se encontram
Jacó afirma: se agora tenho
achado graça em teus olhos, peço-te que tomes o meu presente da minha mão;
porquanto tenho visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e
tomaste contentamento em mim (Gn.33. 10 ACF). O encontro entre Deus
e Jacó produziu reconciliação entre ele e seu irmão. Na verdade as trevas
protegeram Jacó de ver Deus face à face. Feita a exegese e interpretação mais
básica do texto, convém apontar que para os interesses deste estudo basta a
alternância entre as expressões Anjo (mala´k - מַלְאַ֣ךְ), e
Iahweh (יְהוָ֔ה).
Primeiro se afirma que ele lutou com Deus, depois que lutou com o anjo e
finalmente com o Deus dos exércitos.
O pensamento de Keller
reflete a ideia de que ninguém pode ver a Deus. Não poderás ver a minha
face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. Disse mais o Senhor:
Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. E acontecerá que,
quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com
a minha mão, até que eu haja passado. E, havendo eu tirado a minha mão, me
verás pelas costas; mas a minha face não se verá (Ex.33.20-23 ACF). Por
esta razão Gideão teme ao ver o Anjo do Senhor. Porém o anjo de Deus lhe disse:
Toma a carne e os pães ázimos, e põe-nos sobre esta penha e derrama-lhe o
caldo. E assim fez. E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava
na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e
consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus
olhos. Então viu Gideão que era o anjo do SENHOR e disse: Ah, Senhor DEUS, pois
vi o anjo do SENHOR face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo;
não temas; não morrerás (Jz.6.20-23 ACF). O mesmo dá-se com Manoá. Então Manoá
disse ao anjo do Senhor: Ora deixa que te detenhamos, e te preparemos um
cabrito. Porém o anjo do Senhor disse a Manoá: Ainda que me detenhas, não
comerei de teu pão; e se fizeres holocausto o oferecerás ao Senhor. Porque não
sabia Manoá que era o anjo do Senhor. E disse Manoá ao anjo do Senhor: Qual é o
teu nome, para que, quando se cumprir a tua palavra, te honremos? E o anjo do
Senhor lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é
maravilhoso? Então Manoá tomou um cabrito e uma oferta de alimentos, e os
ofereceu sobre uma penha ao Senhor: e houve-se o anjo maravilhosamente,
observando-o Manoá e sua mulher. E sucedeu que, subindo a chama do altar para o
céu, o anjo do Senhor subiu na chama do altar; o que vendo Manoá e sua mulher,
caíram em terra sobre seus rostos. E nunca mais apareceu o anjo do Senhor a
Manoá, nem a sua mulher; então compreendeu Manoá que era o anjo do Senhor. E
disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus.
Porém sua mulher lhe disse: Se o Senhor nos quisesse matar, não aceitaria da
nossa mão o holocausto e a oferta de alimentos, nem nos mostraria tudo isto,
nem nos deixaria ouvir tais coisas neste tempo (Jz.13.15-23 ACF). E Isaías: No
ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e
sublime trono; e a cauda do seu manto enchia o templo. Serafins estavam por
cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas
cobriam os seus pés, e com duas voavam. E clamavam uns aos outros, dizendo:
Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua
glória. E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se
encheu de fumaça. Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um
homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus
olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos (Is.6.1-5 ACF). Na verdade, nem
mesmo a Glória do Senhor pode ser vista em todo o momento.
Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário
em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a
arca, para que não morra; porque eu aparecerei na nuvem sobre o propiciatório
(Lv 16. 2 ACF).
Deus não pode ser visto
face à face por homem algum. Daí que na Teofania do Sinai, ele desça em nuvens
espessas e em densas trevas. Stott (John Robert Walmsley Stott, CBE (27 de
abril de 1921 – 27 de julho de 2011) foi um pastor e teólogo anglicano
britânico, conhecido como um dos grandes. Em sua essência, o
cristianismo é o próprio Cristo. É um relacionamento pessoal com Cristo como
nosso Salvador, Senhor e Amigo.),afirma que somente em Cristo Deus pode ser
visto sem criar temor e terror nos homens. Do contrário eles não suportam o
peso da presença e da manifestação de Deus.
No Velho Testamento as
aparições de Deus para Hagar, para os anciãos que vão ao monte com Moisés, e
para Gideão, Manoá e Isaías ganham novo significado. Em primeiro lugar vê-se
ali afirmação clara de que o λογος (LOGOS), identificando com a sabedoria
divina no judaísmo helênico, e agora com Cristo é Deus. No princípio era o
Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio
com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito
se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece
nas trevas, e as trevas não a compreenderam (Jo.1.1-5 ACF). De igual
modo, entende-se no Novo Testamento que quem apareceu nas manifestações divinas
foi o próprio Cristo. Disse-lhes, pois, Jesus: A luz ainda está convosco por um
pouco de tempo. Andai enquanto tendes luz, para que as trevas não vos apanhem;
pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na
luz, para que sejais filhos da luz. Estas coisas disse Jesus e, retirando-se,
escondeu-se deles. E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não
criam nele; Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: Senhor,
quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor?
Por isso não podiam
crer, então Isaías disse outra vez: Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o
coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se
convertam, E eu os cure. Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele
(Jo.12.35-41 ACF).
Em outro texto, as
palavras de Iahweh para Isaías são atribuídas ao Espírito Santo. E, como
ficaram entre si discordes, despediram-se, dizendo Paulo esta palavra: Bem
falou o Espírito Santo a nossos pais pelo profeta Isaías, Dizendo:Vai a este
povo, e dize:De ouvido ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis;E, vendo
vereis, e de maneira nenhuma percebereis. Porquanto o coração deste povo está
endurecido,e com os ouvidos ouviram pesadamente,e fecharam os olhos,para que
nunca com os olhos vejam,Nem com os ouvidos ouçam,Nem do coração entendam,E se
convertam,E eu os cure (At.28.25-27 ACF).
Mas esta é uma percepção
dos escritores e autores do Novo Testamento. Eles se tornaram convictos da
divindade de Cristo, bem como de sua filiação divina a partir da ressurreição.
Foi assim com Tomé, que após tocar nas marcas dos cravos das mãos de
Cristo disse: E Tomé respondeu, e
disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! (Jo.20.28ACF). Paulo afirma que
Jesus nasceu da descendência de
Davi segundo a carne, mas, foi declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação,
pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor (Rm.1.3,4
ACF). Na percepção de Willian Lane Craig(William Lane Craig (Peoria, 23 de
Agosto de 1949)
Como Teólogo e filósofo,
Craig se especializou em filosofia da religião, teólogo , historiador e
apologista cristão . Ele ocupa cargos no corpo docente da Talbot School of
Theology Universidade de Biola e Houston
Baptist University. Craig atualizou e defendeu o argumento cosmológico de Kalam
para a existência de Deus . Ele também
publicou trabalhos em que argumenta a favor da plausibilidade histórica da
ressurreição de Jesus. Seu estudo da aseidade divina e do platonismo culminou
com seu livro God Over All . Craig
formalmente debateu a existência de Deus (e tópicos relacionados como a
historicidade da ressurreição, dirige o ministério de apologética online
ReasonableFaith.org), foi a ressurreição de Cristo, o fator principal a fazer
com que judeus monoteístas vissem Cristo como Deus. Mas como explicar a relação
entre suposta três pessoas da Trindade, melhor, ou a dinâmica existente entre
as mesmas? Se a pergunta for: o que vem antes deste Deus? a resposta é mais do
que óbvia. A não existência de três pessoas, e de uma unidade composta de Deus,
a unidade de Deus é simples de um Deus pessoal único em manifestações e
ofícios. Isto porque perguntar pelo que vem antes de Deus equivale a perguntar
pelo que vem antes da letra “a”. Por no mínimo três vezes o Apocalipse traz a
declaração de que Cristo é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o
fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso (Ap.1.8ACF), E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o
Alfa e o Ômega, o princípio e o fim.
A
quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida(Ap.21.6ACF), Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o
fim, o primeiro e o derradeiro (Ap.22.13 ACF). Em segundo lugar vem
a questão a respeito de como um único Deus pode ser três pessoas, ou
substâncias. Mais uma vez se faz necessário recorrer a C. S. Lewis, Franklin
Ferreira(Franklin Ferreira. É bacharel em Teologia pela Escola Superior de
Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e mestre em Teologia), e cia.
A dificuldade de entender um único Deus em três pessoas, ou substâncias decorre
do pensamento lógico matemático. No tocante a explicação da realidade
tridimensional (espaço, tempo e matéria), tudo bem, mas quando se fala no além
tempo - algo que não está na percepção humana, visto que não há quem tenha
relação com a atemporalidade. É aqui que reside toda, ou grande parte da questão.
A diferença é a seguinte: na geração, o que foi gerado é da mesma espécie que o
gerador. Este é o primeiro ponto que precisamos deixar claro. O que Deus gera é
Deus, assim como o que o homem gera é homem. O que Deus cria não é Deus, assim
como o que o homem faz não é homem.
É neste sentido que os
crentes são chamados para serem filhos de Deus. Tanto que o Novo Testamento
emprega duas linguagens para se referir ao fato de cristãos se tornarem filhos
de Deus. A primeira é a da adoção, a segunda é a da geração. Mas mesmo quando
Paulo fala de adoção na carta aos Romanos, ele fala de um processo de conformação
à imagem de Cristo. Pensar a Trindade hoje consiste em pensar relacionamentos,
manifestações e ofícios. Somos seres relacionais porque Deus se relaciona
dinamicamente por meio de seus ofícios e o modo pelo qual tal se dá é a
glorificação mútua entre Pai, Filho Espírito Santo. Conhecer a Deus não
consiste somente em ter informações a respeito de Deus, ou dedicar-se a uma religião,
ciência ou estudos teológicos. Não! O conhecimento de Deus dá-se na via
relacional. E somente é possível relacionar-se com Deus por meio de Cristo
Jesus, a metanoia, mentalidade transformada (mente de Cristo), Espírito de
Cristo, Espírito do Pai, Espírito Santo. “Deus é Espírito, e importa que os que
o adoram o adorem em espírito e em verdade”.Jo.4.24. Mas a relação com Deus é
convite para que o homem se relacione com o seu próximo, conforme visto na
oração sacerdotal. E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que
pela tua palavra hão de crer em mim; Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o
és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia
que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam
um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em
unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens
amado a eles como me tens amado a mim. Pai, aqueles que me deste quero
que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória
que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo (Jo.17.20-24
ACF).
O
SENHOR E SALVADOR JESUS CRISTO
Os cristãos precisam ter
em mente a resposta para a pergunta que Cristo fez aos seus discípulos: e vós quem dizeis que eu sou? Jonh
Stott destaca a tendência ao longo da História da Igreja em criar personagens caricatas
da pessoa de Jesus, sendo que a salvação é dada unicamente aos que creem em Cristo
como dizem as Escrituras. Cristo é precedido pelo estudo a respeito da
autoridade da Bíblia. Somente a partir da inerrância das Sagradas Escrituras,
posso acreditar que os Evangelhos façam um retrato fidedigno de Cristo. Não é
difícil ver em Jesus a figura de um filósofo, de um poeta, de um comunista,
conforme pode ser visto aqui. Por
mais bela, inteligente, útil e sedutora que possa ser a construção do Jesus
histórico da Teologia Latino Americana, por exemplo, e por mais que coadune em
alguns aspectos, não se pode perder de vista as afirmações de Lewis a respeito
do Jesus histórico, para quem tais procedem mais da necessidade de adaptar
Cristianismo como politica. Através do personagem Fitafuso, ele afirma: Você
perceberá que muitos escritores e políticos cristãos pensam que o Cristianismo
começou a dar errado bem cedo, afastando-se da doutrina do seu Fundador.
Devemos fazer uso dessa ideia para encorajar mais uma vez o conceito de um
"Jesus histórico", que só será encontrado se eles se livrarem dos
"acúmulos e perversões", posteriores, para depois compará-los com a
tradição cristã. Na última geração de seres humanos, nós conseguimos estimular
uma interpretação do tal "Jesus Histórico" em linhas mais liberais e
humanitárias; agora formulamos um novo Jesus histórico, em linhas Marxistas,
catastróficas e revolucionárias. As vantagens dessas interpretações, que
esperamos modificar a cada trinta anos mais ou menos, são inúmeras. Em primeiro
lugar, elas tendem a direcionar a devoção dos homens para algo que não existe,
pois cada "Jesus Histórico" não existe na história. Os documentos
dizem o que dizem, e não podem ser alterados; cada novo "Jesus
Histórico", portanto tem de ser criado a partir destes documentos,
suprimindo certos aspectos e exagerando outros, e também fazendo certas
suposições, fugindo da racionalidade e do sentido das palavras (o Logos),em
afirmar que três pessoas possa representar ao Deus, que é único, mistificando
um mistério já revelado. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade:
Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos,
pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.” ITm.3.16. Em segundo lugar cada uma dessas
interpretações confia a importância do seu "Jesus Histórico" a alguma
estranha teoria que se supõe que ele tenha pregado. Ele tem de ser um grande
homem, no sentido moderno da expressão - um homem no fim de uma linha
centrífuga e desequilibrada - um excêntrico que vende uma panaceia. Desse modo
conseguimos distrair a mente dos homens daquilo que Ele É e daquilo que Ele
Fez. E fazemos dele um simples mestre, e depois escondemos a própria semelhança
essencial que existe entre seus ensinamentos e aqueles de todos outros grandes
mestres de moral (LEWIS, p. 115,116,2007). Lewis começa criticando o reducionismo
da maioria das vidas de Jesus, ou buscas pelo Jesus histórico, visto que o
quadro pintado por aqueles que seriam as testemunhas oculares da vida de Cristo
pintam um quadro bem diversificado. Esta diversidade de olhares a respeito da
pessoa de Cristo aponta para o problema de sua extrema complexidade. Jesus é
plenamente Deus (Jo.1.1,2;20.28; Rm.9.5; Tt 2. 13), homem perfeito (Gl.4.4,5; I
Tm.2.5), pastor (I Pe.2.25), mestre (Jo.3.2), apóstolo (Hb.3.1),Rei (I Tm.6.16),
juiz (Jo.5.22), sacerdote (Hb.4.14-16).
A fonte para toda e
qualquer busca a respeito da pessoa e obra de Cristo tem de ser a Escritura,
com sua diversidade de olhares a respeito da pessoa e obra de Cristo, desde o
Filho de Abraão e de Davi, até o REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES do livro do
Apocalipse. A visão de Cristo como mero mestre de moral (tendência das
percepções reducionistas), impede a percepção de que como tal Jesus seria mais
um, dentre tantos outros que
vieram. No Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus (Filho por ter
nascido neste mundo, Deus encarnado(A kenosis foi uma auto-renúncia, não um
esvaziamento de sua divindade e nem uma troca de divindade pela humanidade.
Filipenses 2:7 nos diz que Jesus "esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser
servo, tornando-se semelhante aos homens." Jesus não cessou de ser Deus
durante o Seu ministério terreno. Entretanto, Ele deixou de lado a Sua glória
celestial de uma relação intima com Deus. Ele também deixou de lado a Sua
autoridade independente. Durante o Seu ministério terreno, Cristo se submeteu
completamente à vontade do Pai. “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a
expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do
seu poder.Hebreus 1:3a” ) que é o principio de Deus para entrada neste mundo,
porém sem concussão do sexo de sensações e prazer, Ele nasceu de uma virgem, e
Deus não quebra Princípios), “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do
céu, o Filho do homem, que está no céu.João.3:13” plenamente Deus, plenamente
Homem, na concepção e no seu nascimento virginal, em sua morte vicária e expiatória,
em sua ressurreição corporal dentre os mortos e em sua ascensão vitoriosa aos céus
como Salvador do mundo (Jo.3.16-18; Rm.1.3,4; Is.7.14; Mt.1.23; Hb.10.12;
Rm.8.34 e At.1.9).
Este destaca:
1) o Senhorio de Cristo;
2) sua procedência do
Pai, gerado do Espírito Santo “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Que
estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter
concebido do Espírito Santo.
Mateus 1:18 ”;
3) sua divindade;
4) sua humanidade;
5) nascimento virginal;
6) morte expiatória e
vicária;
7) ressurreição e
ascensão, bem como sua posição como salvador, sendo intimamente ligadas uma à
outra. Na perspectiva de Jonh Stott, tanto o senhorio quanto a divindade de
Cristo estão intimamente ligados.
Para este, quando o
Antigo Testamento veio a ser traduzido para o grego em Alexandria, cerca de 200
a. C., os devotos e estudiosos judeus não sabiam como lidar com o nome sagrado
de Javé, ou Iahweh. Eles eram reticentes demais em pronunciá-lo; não sentiam a
liberdade para traduzi-lo, ou mesmo para transliterá-lo. portanto eles
colocavam em seu lugar a paráfrase ho
Kyrios, ("o Senhor"), razão pela qual Javé ainda aparece na maioria das
versões como "Senhor" O que
realmente é impressionante é que os seguidores de Jesus, sabendo que, pelo
menos em círculos judaicos, ho
Kyrios, era o título tradicionalmente dado a Javé,(Iahweh) criador do
Universo, e o Deus da aliança de Israel, não tinham escrúpulo de aplicar o
mesmo nome a Jesus, nem viam nenhum mal em fazê-lo (OUÇA O ESPÍRITO, OUÇA O
MUNDO, P. 98). Na perspectiva do autor era uma confissão de admissão da
divindade de Cristo. Mais do que isto: falas tipicamente atribuídas a Iahweh são aplicadas à pessoa de
Cristo no Novo Testamento. Então
todo aquele que invocar o nome de Iahweh, será salvo. porque no monte de Sião e
em Jerusalém haverá ilesos - como Iahweh falou - entre os sobreviventes que
Iahweh chama (Jl.3. 5 Bíblia de Jerusalém). Este mesmo texto
recebe um tratamento bem fundamentado de Stott. Minha pretensão é a de que
apenas a confissão de Fé da Igreja primitiva sejam suficientes. Nesta o
Senhorio de Cristo e sua obra de salvação se encontram explicitamente.
A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor
Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz
confissão para a salvação. Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer
não será confundido. Porquanto não há diferença entre judeu e grego; porque um
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Rm.10.9-13).
A confissão de Cristo
aliada à crença na ressurreição dentre os mortos á condição para a salvação.
Note que aqui Jesus é chamado de κυριον (Kyrion). Perceba que não se trata de
mera aceitação do pecador a Jesus. Não é a admissão de seu senhorio que traz a
condição para a salvação. Daí apos citar Isaías Paulo cita Joel associando
Jesus à Iahweh. Na perspectiva joanina, ele é o ο λογος (hó logos) criador, na
criação, Pai Filho, Espírito Santo.
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas
foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a
vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as
trevas não a compreenderam (Jo.1.1- 5).
Neste último texto a
figura de Jesus é associada ao λογος,
que por sua vez é a associada à sabedoria no judaísmo helênico, conforme
destaca Esequias Soares em seu livro Cristologia lançado pela Hagnos.
Em primeiro lugar, é
afirmado aqui que o λογος estava
com Deus. E em outros momentos Jesus fala de uma glória que tinha junto
ao Pai antes da fundação do mundo.
E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo,
com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse. Pai, aqueles
que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que
vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do
mundo (Jo.17. 5, 24 ACF).
Ele estava em Deus no
princípio (Jo.1.2 NVI). Em segundo lugar o λογος é Deus. Jesus é
Deus pois tem o poder de fazer as mesmas coisas que o Pai, dentre as quais
exercer o juízo, salvar e dar vida aos mortos, conforme de pode perceber neste
texto.
Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na
verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não
vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o
Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras
do que estas, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os
mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E também
o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; Para que todos honrem o
Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele
que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da
morte para a vida. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é,
em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
Porque, como o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida
em si mesmo; E deu-lhe o poder de exercer o juízo, porque é o Filho do homem.
Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que estão nos
sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição
da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação. Eu não posso
de mim mesmo fazer coisa alguma. Como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo,
porque não busco a minha vontade, mas a vontade do Pai que me enviou (Jo.5.19-
30 ACF).
Não bastassem tais
elementos, à semelhança de Paulo, João afirma que Jesus é digno de semelhante
honra que o PAI tem. Ainda que arianos e subordinacionistas amem textos como
este, a verdade é que o judeu entendia perfeitamente bem que ao se afirmar
FILHO DE DEUS, JESUS SE EQUIPARAVA AO PAI.
Em terceiro lugar à
semelhança do PAI, o λογος é
fonte de vida. Pois, assim
como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica
aqueles que quer. E: como
o Pai tem a vida em si mesmo, assim deu também ao Filho ter a vida em si mesmo.
JESUS É SENHOR E SALVADOR.
O
Arrebatamento da Igreja
O termo arrebatamento
indica a ação de arrebatar (no sentido de transportar, de levar para longe).
Advém do termo rebate, indicando um assalto, uma incursão de caráter repentino.
No Grego koiné este verbo equivale a αρπαζω (arpazoo), cujo sentido varia desde
o saque à espoliação de guerra. Em referência ao Arrebatamento da Igreja, este
é empregado somente em I Ts 4. 17. É deste emprego singular que se formou a
doutrina do arrebatamento doutrina cristã, da corrente escatológica, centrados
nos textos de I Co 15 e I Ts 4. 13 - 18. Aceita nos cânones da Hermenêutica de
cunho histórico gramatical, bem como as regras Bíblicas. Com apoio que admite-se
estes textos respostondam às doutrinas que as comunidades cristãs primitivas tinham
em relação à questão da ressurreição, como o texto do apóstolo Paulo em I
Ts.4.13-18.Vejamos:
O ARREBATAMENTO DA
IGREJA EM I Ts 4. 13 - 18
A doutrina do arrebatamento
da Igreja é fundamentada na ocorrência da expressão αρπαζω, cujo sentido pode
ser o de roubar, ou de sequestrar, denotando com isto uma ação súbita. O
problema é que o vocábulo aparece em um texto cuja mensagem transcende a idéia
de uma retirada inopinada da Igreja da face da terra. Não quero, porém, irmãos,
que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não
vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se
cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus
os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do
Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor,
não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor
descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de
Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro.
Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados
juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim
estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas
palavras (I Ts,4.13-18 ACF).
1.
Perceba que nos versos 13,14,15 a expressão dormem aparece repetidamente. Em
significativa parcela do Novo Testamento κοιμαω [koimaoo] é empregado para se referir aos que
morrem, ou seja, no lugar de simplesmente afirmar que os santos morreram, o
escritor opta por κοιμαω para expressar que os mesmos
adormeceram.
2.
Para além das controvérsias a respeito da
Escatologia Individual, é importante entender que a expressão κοιμαω
remete a tendência de se comparar a morte física com um sono, algo que é
possível identificar em Dn.12.2, onde se lê: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida
eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno. Os mortos são
comparados aos que dormem.
3.Segundo Edward Robinson
(Edward Robinson, foi um estudioso bíblico norte-americano. Seus trabalhos
sobre geografia bíblica e arqueologia bíblica feitos durante o domínio Otomano
na Palestina, tornaram ele o "Pai da Geografia Bíblica" e o
"Fundador da Palestinologia Moderna".), este mesmo verbete é
empregado no Novo Testamento, para o sono da morte em textos como o relato da
morte dos santos da antiga dispensação (Mt.27. 52), de Lázaro (Jo.11. 12) e de
Estevão (At.7. 60). Curiosamente o mesmo não aparece de forma tão detalhada na
Bíblia de Estudo Palavra Chave.
4.
No verso 16 Paulo abandona as variantes de κοιμαω [koimaoo], e emprega o
termo νεκροι εν χριστω (nekroi
en Christou), ou mortos em Cristo. Os que dormem são os mortos em Cristo.
5.
Neste texto em particular os que dormem (κοιμαω [koimaoo], ou νεκροι εν χριστω [nekroi en
Christou]) são contrastados com aqueles que permanecerão vivos.
6.
O emprego na primeira pessoa do singular indica que
Paulo, tal como a comunidade primitiva, entendiam que estariam vivos por
ocasião da Vinda do Senhor. Esta expectativa é mantida em I Co.15, mas
paulatinamente abandonada em II Co.5. 1 - 5 e Fp.1. 20 - 22, quando em face dos
perigos pelos quais passou ele passou ele vê sua morte como realidade cada vez
mais próxima.
7.
Porque não queremos,
irmãos, que ignoreis a tribulação que nos sobreveio na Ásia, pois que fomos
sobremaneira agravados mais do que podíamos suportar, de modo tal que até da
vida desesperamos.
Mas já em nós mesmos tínhamos a sentença de morte,
para que não confiássemos em nós, mas em Deus, que ressuscita os mortos (II
Co.1. 8 ACF).
8.
Conforme dito aqui se percebe a lenta mudança de
perspectiva da parte do apóstolo Paulo, o que se ratifica quando ele
declara: Para conhecê-lo, e à
virtude da sua ressurreição, e à comunicação de suas aflições, sendo feito
conforme à sua morte; Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição
dentre os mortos (Fp.3.10,11ACF).
9.
O sofrimento do tempo presente aponta para a glória
futura da ressurreição e em Paulo, isto é conhecer a Cristo.
10.
A morte é superada pela realidade da ressurreição.
Este é o Ensino presente em todos os escritos paulino, sejam nos primeiros,
sejam nos posteriores. E é a verdade que salta aos olhos do leitor quando se
depara com o texto acima transcrito.
11.
αποθνησκω [apotheneeskoo]
é um verbo que pode ser empregado com alusão à morte de pessoas como no caso da
morte da filha de Jairo (Mt.9.24, Mc.5. 35,39), ou ao apodrecimento de um
vegetal, tal como ocorre com o grão de trigo. Esta metáfora foi empregada por
Cristo (Jo.12.24).
12.
Este termo aparece associado ao vocábulo άνίστημι (anísteeemi), cujo
sentido é o de levantar,sendo equivalente à expressão αναστασεως
(anastaseeoos).
Embora
seja uma realidade atestada pelos casos de ressurreição individual, e pela ressurreição
do próprio Cristo, o emprego de uma terminologia cuja significação corresponde
ao erguimento da posição denota ausência de uma categoria para ressurreição na
cultura grega.
13.
Todavia, a ressurreição de Cristo é a garantia de
que os que dormem voltarão a viver. Aliás se dormem é porque serão
despertados.
14.
Após a ressurreição se dará o Arrebatamento. Aqui é
preciso que se perceba, que a despeito da força que este termo possui, o texto
não indica que tal se dê independente de uma sequência de eventos, pelo
contrário, ele será precedido, pela
a)
descida do próprio Senhor;
b)
pela voz do Arcanjo e,
c)
pela trombeta de Deus. Após a sequência de eventos se dará a ressurreição dos
mortos seguida do arrebatamento.
15.
A presente exposição encerra-se com o encontro com
o Senhor nos ares, e com a promessa de que estaremos para sempre com o mesmo,
não situando tal encontro antes, ou depois da Grande Tribulação, ou sequer
indicando a sequência de eventos posteriores a este encontro.
É precisamente neste
ponto que convém empreender uma análise ainda que breve do texto de I Co
15.
O
ARREBATAMENTO DA IGREJA EM I Co 15
Em I Co 15 há um texto
análogo ao de I Ts 4. 13 - 18, com a exceção de que não há aqui a ocorrência do
verbo αρπαζω (arpazoo).
Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual
também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos
se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão.
Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por
nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras (I Co.15.1-4 ACF).
A ideia predominante
aqui é que a morte e a ressurreição de Cristo são os fatos mais proeminentes do
anuncio da Boa Nova. Estes são os acontecimentos da mais importantes da vida do
Filho de Deus, O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa
justificação (Rm.4.25ACF).
E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois
foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior
parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por
todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a
um abortivo. Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser
chamado apóstolo, pois que persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus
sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais
do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Então,
ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos e assim haveis crido (I Co.15.5-11
ACF).
1.
Tanto a morte quanto a ressureição de Cristo foram
presenciadas por um considerável número de testemunhas, dentre as quais figuram
os apóstolos Pedro, Tiago e mais de quinhentos irmãos.
2.
O próprio Paulo se considera uma das testemunhas da
ressurreição de Cristo em razão de sua experiência no caminho de Damasco.
3.
Foi esta experiência com o ressuscitado que fez com
o que apóstolo saísse da condição de perseguidor da Igreja para a de testemunha
dos sofrimentos de Cristo e mais: alguém disposto a morrer por tal
verdade.
4.
Neste ponto em particular ocorre uma equiparação
entre Paulo e os demais apóstolos.
Ora, se prega que Cristo ressuscitou dentre
os mortos, como dizem alguns dentre vós que não há ressurreição de
mortos? E, se não há ressurreição de mortos, também
Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou,
logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. E assim somos também considerados
como falsas testemunhas de Deus, pois testificamos de Deus, que ressuscitou a
Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se, na verdade, os
mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam,
também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou,
é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados.
E também os que dormiram em Cristo estão perdidos.
Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os
homens. Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as
primícias dos que dormem. Porque assim como a morte veio por um homem, também a
ressurreição dos mortos veio por um homem (I Co.15.12-21 ACF).
1.
Conforme dito acima, o cerne da pregação cristã é o
fato da ressurreição de Cristo, se o pressuposto grego de que não existe
ressurreição é aceito, como fica a pregação cristã?
2.
Negar que Cristo ressuscitou equivale a negar o
poder e eficácia da pregação cristã. Esta se torna vã. A expressão aqui é ματαια (mataia), que é sinônima
de vazia.
3.
A fé resulta da pregação. Uma pregação vazia produz
uma fé vazia. Os pregadores são falsas testemunhas de Deus e de Cristo, uma vez
que asseveram que ambos fizeram algo que não ocorreu.
4.
O pior de tudo, se Cristo não ressuscitou ainda
permanecemos em nossos pecados, e por este motivo sob o poder da morte.
5.
Se Cristo é apenas um mestre de moral, como
afirmado pelo liberalismo, e por outras vertentes que descreem da ressurreição,
somos os mais miseráveis dos homens.
6.
Todavia os apóstolos são testemunhas de que Cristo
morreu e ressuscitou. Assim, a morte que veio por um único homem é derrotada
pelo fato da ressurreição.
Porque, assim como todos morrem em Adão, assim
também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as
primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando
tiver entregado o reino a Deus, o Pai,(Espírito Santo) e quando houver
aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine
até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último
inimigo que há de ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou
debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas,
claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando
todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos (I
Co.15.22-28 ACF).
1.
A ressurreição de Cristo é prenúncio da reversão de
um processo iniciado em Adão.
2.
Cristo é tanto o primogênito dentre os mortos
quanto as primícias. Com estas expressões Paulo quer dizer que ele é o primeiro
a ressuscitar para uma vida imortal e incorruptível.
3.
Em seguida a morte será derrotada e todo reino
entregue ao Filho de Deus e Paulo entende que o último inimigo e ser derrotado
é a morte.
Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos
mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles
então pelos mortos? Por que estamos nós também a toda a hora em perigo? Eu
protesto que cada dia morro, gloriando-me em vós, irmãos, por Cristo Jesus
nosso Senhor. Se, como homem, combati em Éfeso contra as bestas, que me
aproveita isso, se os mortos não ressuscitam? Comamos e bebamos, que amanhã
morreremos. Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.
Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de
Deus; digo-o para vergonha vossa (I Co.15.29-34 ACF).
1.
Não há certeza do que seja este batismo pelos
mortos. O fato me faz lembrar o sacrifício de Judas Macabeus fez pelos mortos,
tendo em vista que na ressurreição os pecados dos mesmos fossem perdoados (II
Mac.12. 38 - 45), mas é apenas uma associação nem de longe um processo
exegético. Todavia eles perdem o valor sem a crença na ressurreição.
2.
Assumir publicamente a fé em Cristo demanda perigo
de vida. Citando Sl.44. 22; Paulo afirma: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia;Somos reputados como
ovelhas para o matadouro (Rm.8.36ACF).
3.
Esta afirmação ganha sentido somente na medida em
que ao se ler o contexto do texto se percebe as seguintes afirmações: Quem intentará acusação contra os escolhidos
de Deus? É Deus quem os justifica.
Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou
antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e
também intercede por nós (Rm.8. 33, 34 ACF).
4.
Sem esta perspectiva a vida se resume ao hedonismo
pragmático "Comamos e bebamos, que amanhã morreremos". a perspectiva
da morte como fim da vida reduz o homem a um sujeito de desejos.
Mas alguém dirá: Como ressuscitarão os mortos? E
com que corpo virão? Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro
não morrer. E, quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o
simples grão, como de trigo, ou de outra qualquer semente. Mas Deus dá-lhe o
corpo como quer, e a cada semente o seu próprio corpo. Nem toda a carne é uma
mesma carne, mas uma é a carne dos homens, e outra a carne dos animais, e outra
a dos peixes e outra a das aves. E há corpos celestes e corpos terrestres, mas
uma é a glória dos celestes e outra a dos terrestres. Uma é a glória do
sol, e outra a glória da lua, e outra a glória das
estrelas; porque uma estrela difere em glóriade outra
estrela. Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo em
corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará
em glória. Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor.
Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se
há corpo natural, há também corpo espiritual (I Co.15.35-44ACF).
1.
A abordagem a respeito da ressurreição dos mortos
trouxe a Paulo rejeição quando este pregou em Atenas. Creio que esta rejeição
lhe trouxe sábias lições dentre as quais a elaboração de um argumento para a
mesma.
2.
Assim como o vegetal que como ato começa como uma
simples semente, mas traz em si a potência de ser uma árvore, o ser humano
enquanto ato é mortal, mas traz em si a potência da incorruptibilidade e da
imortalidade.
3.
Para que passe de potência (semente), para ato
(árvore), o grão tem de morrer. Jesus mesmo disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto (Jo.12.24
ACF). αποθνησκω [apotheneeskoo] é
o verbo presente neste texto, tal como nesta fala de Paulo: Insensato! o que tu semeias não é
vivificado, se primeiro não morrer (I Co.15.36ACF).
4.
Na ressurreição se concretizará a glorificação dos
crentes em Cristo. Aqui se tem a realização da Antropologia Bíblica, bem como
da Eclesiologia.
Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural;
depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o
Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o
celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do
terreno, assim traremos também a imagem do celestial (I Co.15.45-49 ACF).
A este texto se pode
acrescentar as seguintes palavras de Paulo: Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem
conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos (Rm.8.29ACF).Estas podem ser complementadas pelas de
João, que diz: Amados, agora
somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas
sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim
como é o veremos (I Jo.3.2ACF). A promessa é bem simples: se somos
como Adão foi, seremos tal como Cristo é. Eis aqui vos digo um mistério:
Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento,
num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e
os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque convém que isto que é corruptível se revista da
incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da
imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir
da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da
imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada
foi a morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó inferno,
a tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a
lei. Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na
obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor (I Co.15.51-58
ACF).
1.
Nem todos os crentes irão morrer, é claro, mas a
verdade é que em razão da necessidade de transformação e da realização da
glorificação, todos serão transformados.
2.
Esta transformação, tal como a ressurreição se dará
em um instante, ou em um ατομω (atomoo).
Deste termo vem a palavra átomo em nosso idioma. No clássico este significava
algo indivisível e que segundo Robinson, possui similar significado no koiné.
3.
Esta última trombeta tem sido alvo de controvérsia
entre proponentes das mais variadas posições escatológicas. Os
pré-tribulacionistas afirmam [sem justificativa bíblica aparente] que é uma
série de trombetas que ressoarão antes do arrebatamento secreto, ao passo que
pós-tribulacionistas e não tribulacionistas entendem esta última trombeta como
sendo a mesma última trombeta de Apocalipse.
4.
Neste Texto se lê: E o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que
diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele
reinará para todo o sempre (Ap.11.15 ACF).
5.
O texto ora analisado uma vez que o mesmo em seu
contexto global fala que antes do Reino de Cristo a morte será submetida.
"Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de
Cristo, na sua vinda.
Depois
virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver
aniquilado todo o império, e toda a potestade e força" I Co.15.22,23.
6.
Perceba que após a παρουσια (parousia) virá o
fim. esta afirmação não é do autor do texto analisado. De acordo com
este, o último inimigo que há de
ser aniquilado é a morte. Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés (I
Co.15.26,27a ACF).
7.
As expressões: "convém que isto que é
corruptível se revista da incorruptibilidade", "que é mortal se
revista da imortalidade", bem como a repetição das mesmas demonstra que
ele se detém na Glorificação dos Santos.
8.
Esta mesma glorificação é vitória sobre a morte e
estímulo para que os crentes sigam firmes, constantes e abundantes na obra do
Senhor.
O Arrebatamento é uma
realidade escatológica. Todavia nos textos analisados a predominância é a
doutrina da ressurreição e consequentemente da Glorificação dos Santos, e que
ambas são o cerne do Evangelho. Mas o objetivo dos textos e assuntos neste momento em que a ênfase é
posta na pessoa do Senhor Jesus, é fonte
de grande consolo para os que amam a Vinda de Cristo.
À
VINDA DE CRISTO
Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai,
com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras (Mt.16. 27
ACF).
A Vinda do Filho do homem (Porque o Filho do homem
virá), do modo como este virá (virá na glória de seu Pai), e do propósito da
mesma (e então dará a cada um segundo as suas obras).
E, estando assentado no Monte das Oliveiras,
chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Dize-nos, quando
serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis
que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o
relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda
do Filho do homem. E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do
Filho do homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam,
bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca,
E não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será
também a vinda do Filho do homem (Mt.24.3,26,27,37-39 ACF).
1.
Os discípulos fazem três perguntas ao Senhor: 1)
quando serão essas coisas,
2) que
sinal haverá da tua vinda
3) e
do fim do mundo? Cristo não diz quando serão as coisas, mas lhes diz a respeito
dos sinais.
2.
Os discípulos devem rejeitar todo pretenso messias,
uma vez que o regresso de Cristo será algo tão visível quanto o
relâmpago.
3.
Mesmo o descrédito e indiferença para com a Vinda
de Cristo devem ser vistos como claro sinal para a mesma.
Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse
assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos
preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu
estiver estejais vós também (Jo.14.2,3 ACF).
Este texto fala da necessidade
temporária de separação entre Cristo e seus discípulos. Por meio da cruz ele
abriu o caminho do homem a Deus (Hb.10.19-23). Em sua assunção ele preparou o
nova habitação dos cristãos, e agora virá outra vez a fim de se reunir com todo
o seu povo.
Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que
estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no
céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir (At.1.11ACF).
A indagação dos
anjos quanto a atitude dos discípulos, ao verem Jesus indo para o céu, se dá em
razão de que o retorno de Cristo demanda rápida resposta dos discípulos.
Retornado ao contexto é possível verificar que:
E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às
alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os
olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois
homens vestidos de branco (At.1.9,10ACF).
A nuvem que recebeu a
Cristo e que o ocultou à vista de seus discípulos, será a mesma que o revelará
ao mundo. Então aparecerá no céu
o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o
Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória (Mt.24.30
ACF).
A mesma percepção a
respeito da Vinda é vista em Daniel que relata: Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas
nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o
fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para
que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio
eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído (Dn.7.13,14ACF). Estas
nuvens apontam para o poderio e juízo de Deus. Conforme se vê neste texto
poético: Nuvens e escuridão estão ao redor dele; justiça e juízo são a base do
seu trono. Um fogo vai adiante dele, e abrasa os seus inimigos em redor. Os
seus relâmpagos iluminam o mundo; a terra viu e tremeu. Os montes derretem como
cera na presença do Senhor, na presença do Senhor de toda a terra (Sl.97.2-5
ACF).
De igual modo, Cristo
virá com os seus anjos. Perguntado no sinédrio a respeito de sua
identidade messiânica Jesus respondeu: Tu o disseste; digo-vos, porém, que vereis em breve o Filho do homem
assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu (Mt.24.64ACF).
Por último, é dito que ele vem para julgar todas as obras.
Sempre devemos, irmãos, dar graças a Deus por vós,
como é justo, porque a vossa fé cresce muitíssimo e o amor de cada um de vós
aumenta de uns para com os outros, De maneira que nós mesmos nos gloriamos de
vós nas igrejas de Deus por causa da vossa paciência e fé, e em todas as vossas
perseguições e aflições que suportais; Prova clara do justo juízo de Deus, para
que sejais havidos por dignos do reino de Deus, pelo qual também padeceis; Se
de fato é justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos atribulam,
E a vós, que sois atribulados, descanso conosco, quando se manifestar o Senhor
Jesus desde o céu com os anjos do seu poder, Com labareda de fogo, tomando vingança
dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor
Jesus Cristo; Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, longe da face
do Senhor e da glória do seu poder, Quando vier para ser glorificado nos seus
santos, e para se fazer admirável naquele dia em todos os que crêem (porquanto
o nosso testemunho foi crido entre vós) (II Ts.1.3-10 ACF).
Deste texto pode-se
inferir que:
1.
A Vinda de Cristo é motivação para que o crente
suporte a tribulação uma vez que na mesma este receberá alívio.
2.
Os ímpios que perseguem ao povo de Deus serão
devidamente julgados.
3.
Será dado aos mesmos o justo castigo por sua
impenitência, o de padecer longe da face do Senhor. Cristo será glorificado nos
seus santos, o que significa que estes partilharão da mesma glória
d'aquele.
Agora, necessário se faz
rever os nomes pertinentes à Vinda de Jesus.
NOMES
PARA A VINDA DE JESUS
A vinda de Cristo é mencionada
pelo seguintes termos:
1.
Tempos de refrigério. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que
sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela
presença do Senhor (At.3.19ACF). A expressao para tempos de
refrigério - καιροι αναψυξεως (kairoi anapsyxeoos) - indica um tempo
de revigoração, análogo ao termo usando em At.3.21 para a restauração de todas
as coisas.
2.
Tempos da restauração de tudo. Em
analogia com Rm.8.21, αποκαταστασεως (apokatastaseoos) indica a restauração da
saúde, sendo que neste caso o que está em jogo é a saúde do Kosmos. O qual convém que o céu contenha até aos
tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus
santos profetas, desde o princípio (At.3.21 ACF).
3.
Aparição de Jesus Cristo. Para
que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é
provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus
Cristo (I Pe.1.7ACF).
Seja
revelação, aparição, ou manifestação, o termo αποκαλυψει(apocalipsei) se aplica tanto aqui quanto aqui: esperando a manifestação de nosso Senhor
Jesus Cristo (I Co 1. 7 ACF).
4.
Epiphaneia (επιφανειαν). É a
manifestação, ou aparição, empregado tanto para a manifestação de Cristo em seu
primeiro advento (II Tm.1.10), quanto para seu segundo advento. E então
será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca, e
aniquilará pelo esplendor da sua vinda (IITs.2.8ACF).Neste texto em particular επιφανειαν é articulado
com παρουσιας (parousia), sendo esta a expressão
para a Vinda e aquela para o esplendor decorrente da mesma.
5.
Que guardes este mandamento sem mácula e
repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo (ITm.6.14ACF).Neste texto
επιφανειαν equivale
à aparição. O mesmo se pode dizer de (II
Tm.4. 1, 8) em que o termo é traduzido por Vinda.
6.
Παρουσιας (parousias). É um
termo que descreve a visita do imperador em uma das cidades pertencentes ao
Império. Pode indicar a presença física de uma pessoa tal como o apóstolo (II
Co.10. 10), ou para a vinda de Cristo e consequente destruição do estado
judaico e império romano (Mt.24.3,27,37-30 vide supra).
7.
Παρουσιας também é um momento em que os santos
receberão recompensas de sua respectiva fidelidade e os ímpios o jugamento (I
Ts.2.19; II Ts.2. 8).
8.
Em geral a vinda de Cristo ( I Ts.2. 19;3.13;
4.15;5.23). É conforme visto a palavra chave da Carta aos Tessalonicenses. Não
indica um evento secreto, uma vez que o termo era empregado para visita do
imperador.
ESTUDO
DAS ÚLTIMAS COISAS
Escatologia é um ramo da
Teologia Sistemática cujo material é constituído pela interpretação da profecia
bíblica, o seu estudo traz ao coração
dos salvos a esperança de um dia estarem para sempre com o Senhor Jesus Cristo,
e afirmo que a Esperança é a matéria por excelência da Escatologia.
Vamos ver nesta
exposição,e:
1) Definir o que é
Escatologia.
2) Esclarecer as fontes
bíblicas e teológicas da mesma. 3) Ressaltar o elemento da Esperança contido na
mesma. Não é tarefa fácil, visto que o ser humano tem um profundo interesse no
futuro e os estudos escatológicos tem sido profundamente influenciados por este
caráter especulativo.
O QUE
É ESCATOLOGIA?
A pergunta a respeito da
natureza da Escatologia bíblia imediatamente nos remete ao que não é
escatologia. E a resposta a esta primeira indagação remete ao leitor bíblico às
seguintes questões:
1.
Não é a entrega a especulações a respeito do
futuro, uma vez que o próprio Cristo disse aos seus discípulos: Não vos
pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio
poder (At.1.7ACF).
2.
Não consiste em intermináveis tentativas de
marcações de datas para a Vinda de Cristo, uma vez que o mesmo disse: Mas
daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, mas unicamente meu Pai
(Mt.24.36 ACF).
3.
A afirmação de Jesus acima, não é uma negação de
sua autoridade e divindade, mas o indicador de um padrão, uma vez que o próprio
Deus quando faz anunciados aos seus profetas não trabalha com datas.
4.
Não é a acomodação de eventos atuais às profecias
bíblicas [algo que ocorre principalmente no caso dos programas de implantação
de chips e eventos catastróficos, a derrubadas das torres gêmeas, do World
Trade Center, guerras, epidemias, tsunamis, terremotos, doenças, vírus e
pandemia.
5.
Não pode ser confundida com a série Deixados para
Trás de Tim LaHaye, cujo teor é puramente especulativo e contém elementos mais
lendários e mitologicos do que bíblicos. Os filmes são interessantes, mas
poderiam ser colocados numa categoria inferior a Inimigo de Estado, Controle
Absoluto, Vingador do Futuro, O Pagamento e tantos outros que se entregam a
especulações a respeito de temas como o Fim do Mundo, Crise política, ambos
presente na Escatologia atual.
6.
Aqui observa-se que a Escatologia não é algo
delimitado ao povo evangélico. Franquias cenematográficas como o Exterminador
do Futuro possuem seu viés escatológico, o mesmo se pode dizer de obras como o
livro e o filme feito com base no mesmo A Máquina do Tempo de H. G. Wells.
Uma
vez percebidas as verdades acima convém perguntar: o que de fato é a
escatologia?
1.
Etimologicamente falando é a junção dos termos
gregos εσχατη (eschatee)
com λογος, o primeiro tem
a ver com último, o segundo com estudo, tratado, saber.
2.
Escatologia seria assim o saber a respeito das
últimas coisas. Mas o que precisamente poderiam ser estas últimas coisas?
3.
Biblicamente falando as últimas coisas são os
evantos que transcorrem entre a ascensão de Cristo e o seu retorno. Com este
sentido o termo εσχατων των
ημερων [eschaton ton heemeron, ou últimos dias] é empregado em Hb.1.
1, 2.
4.
De igual modo o termo εσχατων των χρονων [eschaton ton chronon] é empregadopara
se referir aos eventos pertinentes ao primeiro advento de Cristo, que culminou
com sua morte e ressurreição e sucessivamente com a redenção dos crentes (I Pe.1.
20).
5.
O mesmo se pode dizer de termos como συντελεια του αιωνος [synteleia
ton aioonos], cujo emprego pode ser feito em alusão a eventos futuros
(Mt.13.49;28.20), como para os que ocorreram no momento histórico em que Cristo
morreu (Hb.9..26).
6.
Perceba a partir deste último texto bíblico que a
consumação dos séculos, na mentalidade do autor da Carta aos Hebreus é o
momento em que o mesmo está vivendo.
7.
Algo similar ocorre na mente de Pedro quando este
associa o derramamento do Espírito no Pentecostes com a profecia de Joel
(Jl.2.28-31) e acrescenta a expressão εσχατων των ημερων [eschaton ton heemeron, ou últimos
dias]. Os eventos ligados a morte, ressurreição e ascenção de Cristo inauguram
a era Final.
8.
Conforme sugerido acima, em relação à
expressão συντελεια του αιωνος, εσχατων των ημερων pode ser
empregado para eventos futuros, coforme visto nos textos que fazem alusão à
apostasia (I Tm.4.1), à corrupção generalizada (II Tm.3. 1ss), e ao descrédito
com relação à Vinda de Cristo (II Pe 3. 3).
9.Gordon Fee (Gordon
Donald Fee (nascido em 23 de Maio de 1934 em Ashland, Oregon) é um teólogo
pentecostal e estudioso do Novo Testamento, e também ministro ordenado da
Assembleia de Deus nos EUA. Após ensinar brevemente no Wheaton. Ele também
serviu no quadro consultivo do Instituto Internacional para Estudos Cristãos. Fee
recebeu sua graduação de B.A. e M.A. do Seattle Pacific University e seu Ph.D.
da University of Southern California.) e Douglas Stuartt (É professor de Antigo
Testamento no Gordon-Conwell Theological Seminary, onde ensina há vinte e oito
anos. Recebeu uma láurea acadêmica por sua graduação no Harvard College e seu
Ph.D. pela Harvard University. Cursou o seminário em Yale. Sua consagração como
erudito não o afastou do pastorado. Hoje é pastor da Linebrook Church de
Ipswich, em Massachusetts.) afirmam que o Novo Testamento é um documento
eminentemente escatológico, visto que seus contemporâenos acreditavam que a
qualquer momento o Reino de Deus irromperria na Era presente
10.
Conclui-se assim que a escatologia não se limita a
eventos futuros, antes abrange eventos pertinentes ao momento em que os
discípulos, e demais membros da comunidade primitiva viveram. O ensino de
Cristo, bem como sua pregação são eminentemente escatológicos.
FONTES
BÍBLICAS DA ESCATOLOGIA
Falar a respeito das
fontes bíblicas da Escatologia, demanda, por parte de quem se propõe a realizar
tal feito, séria consideração a respeito das profecias bíblicas e da
apocalíptica. Em geral estes dois movimentos são confundidos no imaginário
cristão.
A prova cabal de similar
confusão é o fato de Daniel ser tido, ou considerado como profeta, quando na
verdade ele é um חָזֹ֖ון (hazon) visionário.
Biblicamente falando o
movimento profético é um movimento que tem seu começo na monarquia. Não se
trata de um movimento literário desde o início, tanto que Elias, Eliseu, Aías
de Silo e tantos outros não deixaram escritos. É a partir do ministério de
Isaías, e Jeremias que o movimento assume forma literária, mediante ordem
divina de que os oráculos sejam escritos.
Disse-me
também o SENHOR: Toma um grande rolo, e escreve nele com caneta de homem:
Apressando-se ao despojo, apressurou-se à presa (Is 8. 1 ACF). A
ordem visa a perpetuação das palavras oraculares para o dia do final: Vai, pois, agora, escreve isto numa tábua
perante eles e registra-o num livro; para que fique até ao último dia, para
sempre e perpetuamente (Is.30. 8 ACF).
Deus ordenou a Jeremias
que escrevesse a profecia a fim de que quando esta se cumprisse, o cumprimento
fosse testemunho de que Deus havia mandado o profeta falar tantos os oráculos
de juízo quanto os de consolação, é o que se pode conclui deste texto:
Assim diz o Senhor Deus de Israel: Escreve num
livro todas as palavras que te tenho falado. Porque eis que vêm dias, diz o
Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel, e de Judá, diz o
Senhor; e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão (Jr.30.2,3ACF).
O profeta é um homem que
começa o seu oráculo com a expressão veio a palavra do Senhor (Is.38.4;39.5;
Jr.2.1; 30.1;32.26;33.23). Já o apocalipsista é um homem de visão. Daniel é um
claro exemplo de perfeito acordo com a maioria dos eruditos que desenvolveu a
apocalítica, com estilo eminetemente assim, devido ao emprego de visões
simbólicas (Dn.7;8), do uso histórico das profecias (Dn.9.1ss) e das visões
frequentes.Do profetismo a escatologia dogmática herdou:
1.
As profecias que dizem respeito a Jesus
Cristo, tanto em seu primeiro advento, quanto no seu
segundo. Na verdade ambos estão profundamente misturados, conforme se pode ver
nos seguintes textos (Gn.49.9-12; II Sm.7.12; Mq.5. 2).
2.
O primeiro texto mistura cenas de nascimento de um
descendente de Judá com as de execução de um juízo e o estabelecimento de uma
paz sem fim.
3.
Esta percepção messiânica permanece mesmo no
ministério profético de João Batista, para quem a Vinda do Messias tem como
objetivo único a execução de um juízo sobre os que não se arrependem e não
ouvem a pregação de Batista e do Messias (Mt.3.10-12).
4.
Foi Cristo quem fez a distinção entre o período da
salvação e o do juízo (Mt.11.5;16.27).
5.
As profecias pertinentes a Israel.
Isaías, Jeremias, e Miquéias, por exemplo descrevem um quadro cujo cumprimento
não é pleno.
Nestas
o Monte de Sião será um referencial de ensino e sabedoria para todas as nações
da terra e os povos para lá correrão (Is.2.2-4).
6.
Em razão do conhecimento do Senhor, não se
fará mal nem dano algum no santo monte do Senhor (Is.11.9).
7.
Isaías chega a descrever o seguinte quadro: E a lua se envergonhará, e o sol se
confundirá quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte Sião e em Jerusalém, e
perante os seus anciãos gloriosamente (Is.24.23 ACF).
8.
Um quadro similar a este será retratado por João em
sua descrição da Cidade Santa. E
ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol,
porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre (Ap.22.5
ACF).
9.
Este mesmo monte é um local em que as estruturas
dos céus serão abaladas e a morte aniquilada para sempre (Is.25.6-9).
10.
Estas profecias formam o cerne de duas categorias
apocalípticas e escatológicas: a do Milênio e a do Estado Eterno e servem como
exemplo da influência do profetismo na formação do pensamento
escatológico.
11.
Há também as profecias condizentes aos
gentios. Elas indicam que o plano de Deus não se restringe exclusivamente
aos filhos de Israel, antes abrangem as gentes, ou as demais nações (Gn.12.
3;18.18;22.18).
12.
A lei do senhor emanará de Sião, para todos os
povos (Is.2.3).
13.
Por mim mesmo tenho jurado, já saiu da minha boca a
palavra de justiça, e não tornará atrás; que diante de mim se dobrará todo o
joelho, e por mim jurará toda a língua (Is.45.23 ACF).
14.
Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do
Senhor, e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, em Jerusalém;
e nunca mais andarão segundo o propósito do seu coração maligno (Jr.3.17ACF).
15.
Há também as profecias bíblicas pertinentes
à Igreja. Elas decorrem de uma compreensão de que os gentios estão
incluídos na etapa da salvação e que tal como os judeus fazem parte das
promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó.
16.
Tais profecias são mais perceptíveis mediante
leitura apurada da Carta aos Efésios. Nesta Paulo demonstra como judeus e
cristãos foram unidos em um único povo (Ef.2.11-18;3.4-6).
Da apocalíptica judaica
a Escatologia herdou:
1.
As imagens cataclísmicas dos evantos finais tais
como: a destruição da terra, da natureza, das potências do céu, etc...
2.
Uma visão simbólica e teleológica da história
(Dn.2;7;8). O advento dos reinos mundiais é descrito por meio da ascenção de
bestas, ou de uma estátua constituída de vários metais em que a mesma é
destruída (Dn.2).
3.
Quadros eminentes da volta do Senhor. São aquelas
imagens em que no lugar da restauração da monarquia judaica o próprio Deus é
descrito Aquele que vem para Reinar (Dn.7.13,14).
4.
Ele é Aquele que Vem com as nuvens do céu [símbolo
de glória]. Esta imagem será constante no Novo Testamento para descrever a
Vinda de Cristo (Dn.7. 13; Mt.16.27;24.30;26.64).
DOUTRINA DO SER DE DEUS
No tocante à dogmática
pode-se dizer que:
1.
A Escatologia é a consumação da Teontologia
(doutrina do Ser de Deus), visto que a mesma descreve a Glorificação final de
Deus em tudo e em todas as coisas (Ap.4.8,11;19.6,7).
2.
É igualmente a consumação da Antropologia, visto
que nesta os homens são descritos cumprindo o eterno propósito para o qual
foram criados, a saber: o de glorificar a Deus por meio de suas palavras e obras.
De uma forma, ou de outra, na condição de salvos ou na de perdidos os homens renderão
glórias a Deus, visto que Deus mesmo jurou toda língua confessará e todo o joelho se dobrará (Is.45.23;
Rm.14.11;Fp.2.10,11).
3.
A Escatologia é a consumação da Hamartialogia,
visto que proclama a aniquilação de toda forma de mal,afirmam
categoricamente: não se fará mal nem dano algum no santo monte do
Senhor (Is.11. 9).
4.
Na Soteriologia se verá a conclusão da obra
definitiva de Cristo. No passado cada crente foi salvo da ira de Deus ao ser
justificado em e com sua graça (Rm.5.1-11). No presente o crente experimenta
libertação do poder do pecado mediante a aplicação da graça na vida diária.
Este processo é denominado de santificação (Rm.6.14-22). No futuro não estaremos
mais sob risco de pecar, uma vez que seremos salvos do poder do pecado. O nome
deste processo é glorificação (Rm.8.29,30),cuja consumação definitiva se dará
na Vinda de Cristo.
5.
Cristologicamente falando o próprio Jesus deu a
entender que sua encarnação não revelava tudo a respeito de sua natureza
(Is.53.1; Jo.12. 38), daí o fato de que Ele mesmo tenha falado em um dia em que
o Filho do Homem haveria de se revelar (Lc.17. 30). O autor aos Hebreus
afirma: Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora
feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que,
pela graça de Deus, provasse a morte por todos (Hb.2.9 ACF).
6.
A Eclesiologia tem sua resolução na Escatologia,
visto que nesta se descreve a união final entre Cristo e sua Igreja (Jo.14.3; I
Ts.4.17).
7.
A Esperança Cristã é a Glória de Deus (Rm.5.2;8.18)
a manifestação de Nosso Grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tt.2.13,14), uma
herança incorruptível (I Pe.1.4,5), novos céus e nova Terra (II Pe.3.13) etc...
Em tempos tão marcados
pelo materialismo (materialismo é a
“corrente de pensamento que afirma a precedência da matéria sobre o espírito ou
a mente, e que constitui a base de várias escolas filosóficas, desde os antigos
gregos até a época atual" ou "no pensamento marxista, aquilo que é
necessário à sobrevivência) e pelo hedonismo
(hedonismo é uma doutrina filosófica que proclama o prazer como fim supremo
da vida. ... O catolicismo, por exemplo, considera que o hedonismo vai contra
os valores do seu dogma, uma vez que coloca o prazer à frente do amor a Deus e
do amor ao próximo) a função da esperança é fazer com que o crente olhe para
além do tempo presente, para além daquilo que se vê, e recobre sua identidade
se comporte neste presente tempo como se não estivesse mais sob este Aéon(Definição:
Aeon,
também conhecido por éon, eão ou eon, é um termo utilizado para designar “o que
é para sempre”, um período longo de tempo ou a eternidade.Esta palavra se
originou a partir do grego αἰών (aión),
que pode ser traduzido como “tempo de vida”, “força vital”, “geração” ou
“eterno”)
O Deus
que intervém na História - estudo incompleto
Os léxicos, via de
regra, definem a História como sendo o ramo da ciência que se ocupa de
registrar cronologicamente, apreciar e explicar os fatos do passado da
humanidade em geral, e das diversas nações, países e localidades em particular.
Em
razão da ciência moderna ser feita a partir de pressupostos naturalistas toda e
qualquer intervenção sobrenatural é excluída. Daí que enquanto disciplina acadêmica
a história não leve em consideração a ação de Deus, algo que não pode ser
quantificado, mensurado, ou observado em um telescópio. Mas conforme afirmado aqui, um dos pressupostos do
Livro de Daniel é a intervenção de Deus na História da humanidade [aqui e aqui] e não há nada em definitivo
que comprove a inviabilidade da mediação de Deus com os homens no curso
histórico (embora hajam teólogos que no lugar de propor uma história sob o
prisma da mediação divina, propõem uma meta-história). O estudo se dará da
seguinte forma: A respeito de Deus e depois de sua intervenção na
história.
NO CONTEXTO DA HISTÓRIA
A
Babilônia, terra em que se desenvolveu a ciência da oniromancia.(A oniromancia é praticada desde tempos imemoriáveis
por várias civilizações como a egípcia, grega, maia e bantu, sendo que o mais
antigo registro de interpretação dos sonhos, data do início de nossa era, no
antigo Egito e Caldea,) Tal se deu pela compreensão cultural e histórica de que
os sonhos eram uma forma de comunicação entre Deus e os homens (neste), fato
este comprovado pelo relato das Escrituras (Gn.20.3;41.25,28).
No auge
do seu reinado Nabucodonosor teve um sonho com uma estátua composta de uma gama
de metais (ouro, prata, bronze, o que talvez tivesse dado à imagem nada comum,
um tom bizarro), e em razão deste teve seu espírito perturbado. Usando de artimanha (talvez pelo medo de ser engando
com quaisquer artimanhas) o rei em apreço propõe um desafio aos sábios, mas não
conta o teor, ou o conteúdo do sonho. O maior problema é que diante da
impotência dos sábios em revelar o conteúdo e o sentido das visões noturnas que
perturbavam o rei, este os ameaçou com a morte (Dn.2.12,13).
Uma
observação a ser feita é a de que este relato sucede ao relato da fidelidade de
Daniel e seus amigos, em que os mesmos testados quanto ao compromisso com a
lei, e imediatamente honrados por Deus, visto que o texto diz: entre todos os jovens não houve outros que se
comparassem a Daniel, Ananias, Misael e Azarias, em todas as questões de
sabedoria e discernimento sobre as quais os consultava, o rei os achava dez
vezes superiores a todos os magos e adivinhos do seu reino inteiro (Dn.1.19,20 Bíblia de Jerusalém). Aqui há que se observar que a suposta capacidade de interpretação dos
sonhos não é algo inerente aos jovens em apreço, mas uma graça divina, visto
que o texto afirma: a
estes quatro jovens Deus concedeu a ciência e a instrução nos domínios da
literatura e da sabedoria. Além disto, Daniel era capaz de interpretar qualquer
sonho, ou visão (Dn.1.17.
Bíblia
de Jerusalém). Os personagens envolvidos na trama do livro sabiam este caráter
de Deus, tanto que diante do decreto do rei (que ameaçava a vida dos mesmos),
puderam orar a buscar misericórdia. Isto nos leva ao Deus que intervém.
O DEUS
QUE INTERVÉM
Quem é Deus no livro de
Daniel, mais precisamente no texto com o qual eu, você professor de Escola
Bíblica e demais estudantes estamos,lidando? Esta é a primeira pergunta que
precisa ser feita. O Deus que intervém é um Deus dadivoso. Segundo
as observações feitas acima, Deus já havia dado aos jovens sabedoria, erudição
e arte de interpretar sonho em ambiente especializado (Dn.1.17,19,20). Pois é Iahweh quem dá a sabedoria; da sua
boca procedem o contentamento e a inteligencia. Ele guarda
para os retos a sensatez, é escudo para os que andam na
integridade (Pv.2.6,7 Bíblia de Jerusalém).
Ele é misericordioso.
Foi esta convicção que auxiliou a Daniel e seus companheiros na evocação do
compromisso de interpretar o sonho do rei, uma vez que sua misericórdia já
havia sido demonstrada quando Daniel e seus amigos foram testados e rejeitaram
as iguarias do rei, e Deus como resposta fez com que eles se tornassem mais
sábios que os babilônios. Deus é sábio.
Sim, sua sabedoria é profunda,
seu poder é imenso. Quem tentou resistir-lhe e saiu ileso? (Jó.9. 4
NVI). O próprio Deus perguntou para Jó: Quem é que tem sabedoria para avaliar as nuvens? Quem é capaz de
despejar os cântaros de água dos céus? (Jó.38.37 NVI). A sabedoria
de Deus revela sua majestade na condução do curso da história. O Deus que intervém
é o mesmo Deus que revela o que há de acontecer. Sim, tal como
ocorre com Daniel, é perceptível, da
parte de José, a ideia de que quem está á frente dos acontecimentos é Deus, e
como soberano, em um ato de graça revelou ao Faraó os acontecimentos futuros. O sonho de Faraó é um só; o que Deus há de
fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.45.25
ACF). E mais uma vez ele diz:o
que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.41.28
ACF). Na percepção de José o
sonho foi repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por
Deus, e Deus se apressa em fazê-la (Gn.41.32
ACF).
O
primeiro sonho de Nabucodonosor (a estátua), e a revelação da sabedoria de Deus
No primeiro sonho
de Nabucodonosor, bem como a interpretação que Daniel dera ao mesmo, e a
Teologia implícita no texto. Começarei com a contextualização do fato em si.
Segundo MacArthur(John
Fullerton MacArthur, Jr. (Los Angeles, 19 de junho de 1939) é um ministro e
escritor evangélico norte-americano, muito conhecido por seu programa de rádio
veiculado internacionalmente intitulado Graça para Você (Grace to You).
MacArthur, que pertence à quinta geração de pastores na sua família, é um autor
e conferencista bíblico bastante popular no meio evangélico, em parte pelo seu
posicionamento conservador e vigoroso sobre aspectos teológicos que dividem a
igreja Cristã moderna. MacArthur tem servido desde 1969 como pastor e professor
na Igreja evangélica "Grace Community Church"), os egípcios e os
babilônios desenvolveram uma ciência chamada oniromancia (A oniromancia é praticada desde tempos imemoriáveis
por várias civilizações como a egípcia, grega, maia e bantu, sendo que o mais
antigo registro de interpretação dos sonhos, data do início de nossa era, no
antigo Egito e Caldea.), que consiste na interpretação dos sonhos. E há de se
perceber o seguinte: os únicos personagens que a Bíblia mostra interpretando
sonhos estão dentro destes respectivos contextos, e nos mesmos se percebe a
afirmação de que cabe a Deus a interpretação dos sonhos. Foi assim tanto com
José, quanto com Daniel.
Diante dos sonhos
enigmáticos, tanto do copeiro, quanto do padeiro, José afirmou: Não são de Deus as interpretações?
Contai-mo, peço-vos (Gn.40.8ACF). Embora estivesse ansioso
para sair do cárcere, e tivesse diante da maio oportunidade de sua vida,
quando indagado pelo Faraó, a respeito de suas habilidades em interpretação de
sonhos, José não titubeou em afirmar: Isso não está em mim; Deus dará resposta de paz a Faraó (Gn.41.16
ACF). De igual modo, é perceptível, da parte de José, a ideia de que quem está
á frente dos acontecimentos é Deus, e como soberano, em um ato de graça revelou
ao Faraó os acontecimentos futuros. O
sonho de Faraó é um só; o que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.45.25
ACF). E mais uma vez ele diz: o
que Deus há de fazer, mostrou-o a Faraó (Gn.41.28 ACF). Na
percepção de José o sonho foi
repetido duas vezes a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e Deus
se apressa em fazê-la (Gn.41.32 ACF). Aqui se observa a emergência
de uma teologia que será continuamente reafirmada pelos profetas. Deus tem o
controle e o conhecimento de fatos futuros, e segundo a sua vontade revela aos
homens a fim de que os mesmos possam conhecer sua vontade e de acordo com a
mesma alinharem suas vidas. Em Daniel esta mesma teologia aparece de forma
ainda mais radical..O livro de Daniel narra um fato ocorrido na corte
babilônica. Nabucodonosor teve um sonho e chamou os magos, os caldeus e demais
sábios na intepretação. Sendo que, por algum motivo ele omitiu qual era o
conteúdo do sonho, o que inviabilizou quaisquer tentativas de interpretação por
parte dos especialistas (Dn 2 1 - 11). Para MacArthur esta foi uma
forma astuciosa do soberano babilônico agir, seja como for, de imediato,
temos uma confissão dos intérpretes,
Não há homem na terra
que possa fazer o que o rei está pedindo! Nenhum rei, por maior e mais poderoso
que tenha sido, chegou a pedir uma coisa dessas a nenhum mago, encantador ou
astrólogo. O que o rei está pedindo é difícil demais; ninguém pode revelar
isso ao rei, senão os deuses, e eles não vivem entre os mortais (Dn.2.10,11
NVI). Percebe-se aqui que os próprios intérpretes reconhecem que o que o rei
pede, o conhecimento do sonho em si, está na esfera de saber dos deuses, não na
dos homens. Em resposta o rei decreta a morte de todos os sábios, magos,
astrólogos, caso os mesmos não declarem o sonho e a interpretação do mesmo.
Daniel se apresenta para interpretar, mas o faz confiante não em suas
habilidades naturais, mas em Deus e por este motivo pede aos seus amigos que orem
por ele, e Deus lhe concede a interpretação (Dn.2.17-30). O Deus de
Daniel revela coisas profundas e
ocultas; conhece o que jaz nas trevas, e a luz habita com ele (Dn.2.22
NVI), Ele revela os mistérios.
Ele mostrou ao rei Nabucodonosor o que acontecerá nos últimos dias (Dn.2.28
NVI), e no final, a glória é dada a ele exclusivamente, visto que até
Nabucodonosor exclama: Não há
dúvida de que o seu Deus é o Deus dos deuses, o Senhor dos reis e aquele que
revela os mistérios (Dn.2.47 NVI). Não se vê aqui, em um único
momento Daniel vindicando maior autoridade, maior credibilidade para, ou para
os seus amigos, uma vez que ele mesmo reconhece: Quando estavas deitado, ó rei,
tua mente se voltou para as coisas futuras, e aquele que revela os mistérios te mostrou o que vai
acontecer. Quanto a mim, esse mistério não me foi revelado porque eu tenha
mais sabedoria do que os outros homens, mas para que tu ó rei, saibas a
interpretação e entendas o que passou pela tua mente (Dn.2.29,30
NVI).
O SEGUNDO DO SONHO
Partindo do pressuposto
de que os acontecimentos futuros são ordenados pelo próprio Deus, com vistas a
manifestar a sua sabedoria, não é demasiado difícil entender que o Senhor,
segundo a sua soberana e graciosa vontade, revele aos seus o que há de
acontecer. A interpretação dos elementos da estátua com que Nabucodonosor
sonhou para um outro estudo, a respeito da Escatologia de Daniel. O sonho ao
rei Nabucodonosor e a percepção de
Daniel a respeito de Deus como sendo Aquele que muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece. Dá
sabedoria aos sábios e conhecimento aos que sabem discernir. Revela coisas
profundas e ocultas; conhece o que jaz nas trevas, e a luz habita com ele (Dn.2.21,22
NVI). É com este foco que as demais informações podem e precisam ser
lidas. Tu, ó rei, és rei de reis. O
Deus dos céus te tem dado domínio, poder, força e glória; nas tuas mãos
ele colocou a humanidade, os animais selvagens e as aves do céu. Onde quer que
vivam, ele fez de ti o governante deles todos. Tu és a cabeça de ouro. "Depois
de ti surgirá um outro reino, inferior ao teu. Em seguida surgirá um terceiro
reino, reino de bronze, que governará sobre toda a terra. Finalmente, haverá um
quarto reino, forte como o ferro, pois o ferro quebra e destrói tudo; e assim
como o ferro a tudo despedaça, também ele destruirá e quebrará todos os outros.
Como viste, os pés e os dedos eram em parte de barro e em parte de ferro. Isso
quer dizer que esse será um reino dividido, mas ainda assim terá um pouco da
força do ferro, embora tenhas visto ferro misturado com barro.
Assim
como os dedos eram em parte de ferro e em parte de barro, também esse reino
será em parte forte e em parte frágil. E, como viste, o ferro estava misturado
com o barro. Isso quer dizer que se procurará fazer alianças políticas por meio
de casamentos, mas essa união não se firmará, assim como o ferro não se mistura
com o barro. "Na época desses reis, o Deus dos céus estabelecerá um reino
que jamais será destruído e que nunca será dominado por nenhum outro povo.
Destruirá todos esses reinos e os exterminará, mas esse reino durará para
sempre. Esse é o significado da visão da pedra que se soltou de uma
montanha, sem auxílio de mãos, pedra que esmigalhou o ferro, o bronze, o barro,
a prata e o ouro. "O Deus poderoso mostrou ao rei o que acontecerá no
futuro. O sonho é verdadeiro, e a interpretação é fiel"
(Dn.2. 37 - 45 ACF).
A sabedoria que está
sendo colocada ao alcance de todos os atores envolvidos na trama, bem como dos
leitores do texto, o que inclui você e eu, não se limita ao conhecimento de
eventos futuros, mas é a de que a despeito do quanto se tenha em matéria de
poder, tudo é passageiro, somente o Reino de Deus, manifesto no controle
providencial de todas as coisas permanece para sempre em nosso Senhor Jesus Cristo.
A
INSPIRAÇÃO DIVINA E
AUTORIDADE DA BÍBLIA
Tal afirmação é a
verdade, na formação da fé. As afirmações pertinentes às Escrituras é
uma doutrina, com um conjunto de
princípios por que se rege a pessoa, uma comunidade, um partido etc.
Esta é a definição do dicionário Michaelis. É um modo de professar a fé,
externar as convicções e sustentar as crenças, afirmar-se. Reconhecer a
inspiração das Escrituras é na percepção dos elaboradores do cremos afirmar a
suprema autoridade da mesma. Mas face às teologias denominacionais, cabe
perguntar: até que ponto, de
fato, a Bíblia é a regra de fé e prática para nós cristãos? A pergunta é
pertinente visto que não se segue à risca determinados preceitos da lei
levítica, por exemplo. A leitura de Entendes
o que lês? de autoria de Gordon Fee e Douglas Stuartt, pode-se ver
que mesmo considerando o caráter inspirado da lei, há que se levar em conta o
inconteste fato de que ao longo das Escrituras toda a lei vai sendo revisada, e
tanto Cristo quanto Paulo seguem no trabalho de revisão da mesma. Segue então
que entender a inspiração da Bíblia consiste na correta percepção do propósito
da mesma. Com que intuito as Escrituras foram reveladas? Com que finalidade a
lei foi dada, os profetas foram levantados, e os sábios judeus refletiram as
questões sobre as quais se debruçaram? Há que se adiantar que a Bíblia não é um
livro de ciência, não pretende fazer afirmações sobre geologia, astronomia,
filosofia, sociologia, biologia, e nem mesmo sobre ética.
MAS QUAL É A MATÉRIA DA BÍBLIA?
Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de
que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido, E que desde a tua
meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a
salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para
instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente
instruído para toda a boa obra (II Tm.3.14-17 ACF). A expressão tu porém, contrapõe o que a
antecede. Os homens maus seguirão enganando e sendo enganados. Enganando os
incautos, os cheios de pecados e sendo enganados pelo seu aparente sucesso.
Eles sempre resistirão à verdade. Em contraposição ao enganos dos homens maus e
à resistência dos mesmos à verdade, Paulo apresenta o seu exemplo.
Em seguida a essência das Escrituras é apresentada
ao jovem Timóteo. Elas são as ιερα
γραμματα οιδας τα δυναμενα σε σοφισαι εις σωτηριαν δια πιστεως της εν χριστω
ιησου (iera grammata oidas
ta dinamena se sophisai eis soterian dia pisteoos tees en Christoo Iesou -
sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há
em Cristo Jesus). A expressão ιερα é
possivelmente o feminino de ίερός, cujo sentido pode ser o de sagrado, ou de consagrado a Deus.
Γραμματα é
uma variação de Γραμμα, expressão
da qual procede a nossa palavra gramática, e que significa letra, um escrito e
mesmo um desenho. Ao lado de ιερα,
passa a ter o sentido de sagradas letras. Teologicamente falando, o sagrado vem
a ser aquilo que se torna digno de veneração, ou respeito em razão de sua
associação para com Deus, ou para com o divino, ou no caso das religiões em que
não há o conceito de deus, ou deuses, aquilo que transcende a ordem do humano e
do natural. A perda da Autoridade da Bíblia não pode ser creditada
exclusivamente à emergência de teologias progressistas, ou de fontes
secundárias que venham a competir com as mesmas. Não! Parte da perda da
autoridade da Bíblia se dá na relação desta com a dessacralização da religião e
de tudo o mais. Andar com uma Bíblia nas mãos, ou ler a mesma seja em que
suporte for, é aproximar-se do sagrado. O שְׁמַ֖ע יִשְׂרָאֵ֑ל (shemá Israel - ouve Israel),
veio a ser tanto a oração quanto a confissão de fé judaica. No desdobramento
deste é ordenado que Deus seja amado de todo o coração, alma e força. E o
desdobramento deste amor é que as palavras ordenadas por Deus estejam no
coração e na boca do povo, que sejam ensinadas aos filhos, e tudo o mais. Mas
sem o שְׁמַ֖ע
יִשְׂרָאֵ֑ל todo esforço se
perde. Israel precisa ouvir porque é Deus quem fala. No Sinai falou por
meio de uma tempestade, aos profetas através da palavra e na sabedoria e demais
escritos através da atividade mental. Meditar nas escrituras é permitir que
Deus ensine diretamente à mente.
Louvarei
ao Senhor que me aconselhou; até os meus rins me ensinam de noite (Sl.16.8ACF).
Perceba que a associação entre a reflexão e a divindade confere caráter sagrado
àquela. As Escrituras possuem o poder de fazer o homem sábio para a
salvação que há em Cristo. De certa forma esta afirmação se faz presente na lei
quanto se lê: Guardai-os pois, e cumpri-os, porque isso será a vossa sabedoria e
o vosso entendimento perante os olhos dos povos, que ouvirão todos estes
estatutos, e dirão: Este
grande povo é nação sábia e entendida. Pois, que nação há tão
grande, que tenha deuses tão chegados como o Senhor nosso Deus, todas as vezes
que o invocamos? (Dt.4.6,7ACF). Mais do que um código jurídico elaborado,
a lei visa ser uma fonte de sabedoria, cujo alcance dá-se por meio da relação
que a mesma cria entre o homem e Deus. O temor do Senhor, ao lado da
guarda fiel dos mandamentos complementará a receita para uma vida de
sabedoria. O temor do Senhor, eis
a sabedoria, o fugir do mal, eis a inteligência (Jó 28. 28 Bíblia
de Jerusalém). O temor de Iahweh
é puro e alumia o coração (Sl.19.10. Bíblia de Jerusalém). Mas
a revelação de Deus em Cristo trouxe uma outra perspectiva: a de que neste se
cumpriam as expectativas da sabedoria dos sábios, pois Jesus Cristo, foi feito por Deus sabedoria,
e justiça, e santificação, e redenção (I Co.1.30ACF), sim, nele estão escondidos todos os tesouros
da sabedoria e da ciência (Cl.2.3 ACF). Assim, revelar a Cristo
passa a ser o alvo supremo das Escrituras.
Afinal, debaixo do céu nenhum outro nome há, dado
entre os homens, pelo qual devamos ser salvos(At 4. 12 ACF). Isto
posto, necessário se faz afirmar que a Bíblia não é um livro de ciência (na
acepção moderna da palavra). Não se encontra na mesma uma única palavra a
respeito de como explicar, descrever e dominar a natureza. Nada há na mesma a
respeito de uma vida mais fácil. Isto pode ser encontrado no filósofo da
ciência Francis Bacon. Quando os astros são descritos na Bíblia, o são de forma
poética. O interesse dos escritores ali está na revelação de Deus através da
natureza. De igual modo não na mesma Bíblia uma única palavra a respeito
de soluções para problemas sociais, históricos, econômicos. A Bíblia não é um
tratado de ciência. O problema que ela pretende resolver é de uma natureza
distinta dos que a ciência visa resolver. De acordo com Timothy Keller, não há
porque opor fé e ciência, quando ambas podem sim dialogar. Mas o diálogo
demanda que ambas se situem em seus respectivos lugares e importância nas
humanidades. Somente a Bíblia aponta para Cristo. É isto que lhe confere
caráter sagrado. Se ela fosse ciência, não seria sagrada, uma vez que com
exceção das ciências da Religião, ciência alguma objetiva o sagrado. Na
verdade, sequer é capaz de perceber o sagrado. Pode no máximo descrever como os
homens se comportam diante daquilo que consideram como sagrado. Πασα γραφη θεοπνευστος, conforme
explicitado por Esequias Soares, πασα é
o termo feminino para πασ,
cujo significado é o de todo, sendo o termo anterior equivalente a toda.
O Novo Testamento
interlinear da Sociedade Bíblica do Brasil, deixa implícito o artigo e o verbo
ser ausentes no texto grego. Assim, no lugar de Toda Escritura divinamente inspirada, tem-se toda a Escritura é divinamente inspirada.
Uma mudança aparentemente sutil, mas que produz uma alteração notável. O artigo
sugere que não é qualquer escrito, mas um tipo específico. O verbo afirma que a
totalidade deste foi inspirada por Deus. Assim, cada seção da Bíblia tem o sêlo
de autenticação da inspiração divina.
A Torah é palavra de
Deus, visto que a cada mandamento se percebe a presença das palavras
introdutórias: Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos
santificareis, e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos contaminareis
com nenhum réptil que se arrasta sobre a terra; Porque eu sou o Senhor, que vos
fiz subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos;
porque eu sou santo (Lv.11.44,45 ACF). Eu sou o Senhor teu Deus, que te
tirei da terra do Egito, da casa da servidão; Não terás outros deuses diante de
mim (Dt.5.6,7ACF). A evocação à obediência é feita sob o prisma do senhorio
divino. Aqui há que se lembrar que tais palavras foram transmitidas durante uma
teofania, a do Sinai. O espanto mediante a mesma tem como finalidade produzir
um temor que os livre de pecar. Moisés
ao povo: Não temais, Deus veio para vos provar, e para que o seu temor esteja
diante de vós, a fim de que não pequeis (Ex.20.20 ACF).
Na verdade, pela misericórdia e verdade a
iniqüidade é perdoada, e pelo temor do Senhor os homens se desviam do pecado (Pv.16.
8 ACF). Os profetas vindicam inspiração para si mediante a
expressão: Assim diz o Senhor (II
Rs.22.15; Jr.45.2; Ez.21.9; Am.5.4; Ag.1.5,7; Zc.8.14). Nas palavras de
Isaías: Ouvi, ó céus, e dá
ouvidos, tu, ó terra; porque o Senhor tem falado (Is.1.2ACF).
A profecia é Deus falando
para um povo que não atentou para a lei. Na verdade, cada profeta é um tipo de
Moisés, seja pelos sinais que apresenta, seja pela palavra fiel à lei. Se a lei
é palavra de Deus, e os profetas idem, o mesmo pode ser dito em relação ao
Evangelho. Primeiro, por se tratar da proclamação de Jesus e do ensinamento
(At.5.42), segundo por Cristo ter afirmado: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou (Jo.7.16
ACF), também disse: Quando
levantardes o Filho do homem, então conhecereis que EU SOU, e que nada faço por
mim mesmo; mas isto falo como meu Pai me ensinou (Jo.8.28ACF).
Aos seus discípulos afirmou: a
palavra que ouvistes não é minha, mas do Pai que me enviou (Jo.14.24ACF),
sendo que neste contexto, as palavras estão em conexão com as orientações de
Cristo. Diante da rejeição aos seus ensinos, sua obra e missão, e tudo por
causa da glória dos homens, Jesus afirmou: E se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo;
porque eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
Quem
me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a
palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia. Porque eu
não tenho falado de mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, ele me deu
mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar. E sei que o
seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o
Pai mo tem dito (Jo.12.47-50 ACF). À semelhança dos
profetas:
1) Jesus não falava de
si mesmo;
2) falava por mandamento
do Pai ;
3) ao falar era fiel à
palavra do Pai. Tanto que o Evangelho (a pregação e ensino de Jesus), também é
palavra de Deus. Escrevendo aos irmãos de Tessalônica, Paulo lhes diz: Por isso também damos, sem cessar,
graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação
de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é,
na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os
que crestes (I Ts.2.13ACF).
Perceba que a palavra da pregação é Palavra de Deus, e está agindo entre eles, os crentes, ou os que creram. Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva.Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do Senhor permanece para sempre.E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada (I Pe.1.23-25 ACF).
Perceba que a palavra da pregação é Palavra de Deus, e está agindo entre eles, os crentes, ou os que creram. Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre. Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva.Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do Senhor permanece para sempre.E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada (I Pe.1.23-25 ACF).
Da mesma forma que a
Palavra criou o mundo ele produz novos seres humanos, com a diferença de que a
criação foi ex nihilo (Ex
nihilo" é latim para "do nada". O termo "criação ex
nihilo" refere-se a Deus criando tudo do nada. "No princípio, criou
Deus os céus e a terra" (Gênesis 1:1). Antes daquele momento não havia
nada. Deus não fez o universo a partir de blocos de construção preexistentes.
Ele começou do zero), ou do nada, ao passo que a regeneração dá-se a
partir de uma massa corrompida de caída. Neste texto Pedro equipara o Evangelho
à palavra profética. Assim, a lei, os profetas e o Evangelho são palavra de
Deus. Nos Escritos paulinos, percebe-se, ao mesmo tempo, uma vindicação de
autoridade. O ensino dos dons espirituais é um exemplo, quando Paulo
afirma: Se alguém cuida ser
profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos
do Senhor (I Co.14.37ACF). Mas na questão do casamento ele afirma
em algumas ocasiões que está emitindo sua opinião pessoal, ou particular.
Digo,
porém, isto como que por permissão e não por mandamento. Porque
quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem
de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra. Digo, porém,
aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem
conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se (I
Co.7. 6 - 9 ACF). Mas na sequência do próprio texto ele afirma que vai
transmitir um mandamento do Senhor:
Todavia,
aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido (I
Co.7.10ACF). Ao afirmar que as Escrituras são sopradas por Deus, o apóstolo
está dizendo que a motivação da outorga da lei, do movimento profético e da
própria pregação por Jesus e pelos apóstolos não é de natureza humana, mas
divina. Tanto nos profetas quanto em Cristo percebe-se o mover do Espírito, mais
do que um mover, um ímpeto. Feitas as considerações a respeito das respectivas
divisões da Bíblia, há que se considerar os chamados escritos deuterocanônicos
e os apócrifos.
Em Mt.6. 14 há uma clara
citação de Eclo.28. 1, 2. O livro de Enoque é claramente citado por Judas e por
Pedro (En Etíope 1. 6; II Pe.2. 4; Jd,6, 7). São apócrifos e sua credibilidade até histórica deve se ser avaliada, inspiração,
ou não inspiração destes escritos, um dos critérios ensinados era o da citação
do livro no Novo Testamento. Uma questão é mais do que certa ao se abordar os
livros deuterocanônicos e apócrifos: a de que sem a leitura dos mesmos o
ambiente do Novo Testamento não é corretamente apreendido. A demonologia do
Antigo Testamento, por exemplo, não é muito elaborada. Sem a leitura de Tobias
e Enoque não se compreende as palavras de Paulo em Ef.6. 10. Que seres são
estes que estão nas regiões celestiais. O livro de Enoque sugere, e
possivelmente Paulo esteja fazendo uma menção ao conteúdo deste livro. A
questão da imortalidade e da ressurreição é outro exemplo. No primeiro caso a
primeira afirmação clara vem do livro de Sabedoria.
No segundo há espaças
menções em Is.26.19, e Dn.12. 2, 3. Os livros de Macabeus e Enoque aprofundarão
ainda mais a questão. O que fica indicado é que ainda que não haja uma relação
de um cânon claro, os livros deuterocanônicos e os apócrifos de alguma forma
influenciarão a cultura do Novo Testamento. Observações à parte, cânon, é uma
questão que merece um post especial neste espaço. Todavia, um último exemplo se
faz necessário. Quando se estuda a respeito do inferno, por exemplo, percebe-se
uma correlação entre os termos שְׁאֹ֣ול (sheol) e αδης
(hades). Mas nem de longe são a mesma coisa. O
primeiro pode ser uma cova, um abismo, ou o mundo dos mortos. O segundo é o
nome de um deus grego que rege o submundo e os habitantes de lá. As Escrituras
são úteis para ensino (διδασκαλιαν - disdaskalian), redarguir (ελεγχον - elegchon), corrigir (επανορθωσιν - epanortoosin), e instruir, ou educar
em justiça (παιδειαν την εν δικαιοσυνη - paidean ten en dikaiosynee). Διδασκαλιαν é o termo para
doutrina e instrução. Com isto se quer dizer que as Escrituras inspiradas por
Deus são matéria para ensino. Mesmo não sendo fonte de conhecimento científico
e matéria técnica, o são de doutrina. Nossas versões traduzem ελεγχον por redarguir, cuja
definição é a de responder a acusação com outra acusação. Este mesmo termo
aparece em Jo.16.8 para a ação do Espírito em convencer o mundo do pecado, da
justiça e do juízo, sendo que neste texto a Bíblia de Jerusalém traduz ελεγχον por estabelecer a
culpabilidade.
Em Ap.3.19 aparece como
repreender. Ao mesmo tempo em que ensinam as Escrituras são fonte de denúncia
de nossos erros e pecados. Επανορθωσιν é,
na percepção de Cleon Rogers um termo procedente do mundo militar cujo sentido
é o de colocar uma tropa em linha. Aparece apenas neste texto. Indica que o
propósito da Palavra de Deus consiste em acertar o homem de modo a colocar o
mesmo em ordem, ou linha. E por último παιδειαν. Esta é uma expressão cujo significado pode ser tanto o
de castigo quanto de educação. Em Ap.3.19 é castigo, em Hb.12.6,7 pode ser
tanto correção, quando disciplina. Fato é que a παιδεια produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por
ela (Hb.12.11ACF). Deus a emprega para nosso proveito, para sermos participantes da sua
santidade (Hb.12.10ACF). Eis o que as Escrituras produzem no
coração daquele que lê, ouve e guarda a palavra.
A PROMESSA DE SALVAÇÃO
A revelação de Deus à
pessoa de Abraão com o anúncio do Evangelho enquanto iniciativa divina. E que
desde o Éden o Senhor deu claros indicativos de que haveria de redimir o homem
de seu estado pecaminoso. A ideia de que Deus anunciou o Evangelho
primeiramente a Abraão, vem de uma citação paulina cujo texto na íntegra
afirma: Ora, tendo a Escritura
previsto que Deus havia de justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o
evangelho a Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti (Gl.3.8
ARCF).
feita a colocação, cabe
a pergunta: o que precisamente Paulo está querendo dizer ao afirmar que
Deus anunciou o primeiro o
evangelho a Abraão? A providência de Deus a favor do homem,trouxe
excelentes notícias aos patriarcas, aos profetas, reis e inúmeros servos dentre
o povo de Deus. Mas ainda se faz necessário que se considere do texto áureo em
seu contexto. Assim como Abraão creu
em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da
fé são filhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de
justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a Abraão, dizendo:
Todas as nações serão benditas em ti. De sorte que os que são da fé são
benditos com o crente Abraão (Gl.3.6-9ARCF). A expressão
inicial das palavras de Paulo nesta sentença "Assim como" são indicadores de
que uma similitude, ou um paralelismo está se estabelecendo aqui. Em primeiro
lugar ao efetuar uma leitura em seu devido contexto percebe-se que o autor do
texto acima faz uma conexão entre a promessa a Abraão e a pregação da fé. Esta
evidenciou Jesus e trouxe o Espírito para a dimensão de vida dos crentes da
Galácia. Em seguida Paulo propõe um paralelo entre a benção de Abraão e a
justificação pela fé em Cristo. Este é o Evangelho que Deus anunciou primeiramente
a Abraão. Então levantou Abraão os
seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres,
num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em
lugar de seu filho. E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá;
donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá. Então o anjo do
Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus, E disse: Por mim mesmo
jurei, diz o Senhor: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho,
o teu único filho, Que deveras te abençoarei, e grandissimamente
multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que
está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos (Gn.22.13-17ARCF).
Na carta aos Romanos Paul vai afirmar que esta descendência de Abraão não é o
povo que descende do patriarca segundo a carne, mas aqueles que são da fé. Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel
são israelitas; Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em
Isaque será chamada a tua descendência. Isto é, não são os filhos da carne que
são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência.
Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um
filho. E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque,
nosso pai; Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal
(para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa
das obras, mas por aquele que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao
menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú (Rm.9.6-13
ARCF).
Este mesmo argumento
será reforçado em Gálatas quando Paulo afirma: Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência.
Não
diz: E às descendências, como falando de muitas, mas como de uma só: E à tua
descendência, que é Cristo (Gl.3.16ARCF). É em Cristo que as
promessas de Deus feitas aos patriarcas são realizadas. Todavia a realização
das mesmas não mais está na esfera material, mas na espiritual. Em outras
palavras, a benção de Abraão aqui nada tem a ver com a as campanhas de fé,
realizadas por gente inescrupulosa, que na verdade não possui fé alguma. É
antes a fruição plena das promessas de justificação pela fé e de vida no
Espírito. Tanto Jonh MacArthur quanto Jonh Stott afirmam asseveradamente estas
verdades.Deus cumpriu em Cristo as promessas feitas aos patriarcas e
ratificadas ao povo da aliança. O Messias encarnado, crucificado e ressurreto
cumpre plenamente as expectativas depositadas a Isaque e sua descendência. Assim
MacArthur entende que as boas novas à Abraão se manifestam na promessa de
salvação para todos os povos, sendo este patriarca o instrumento para o
cumprimento das mesmas. Retornando ao texto de Gálatas há que se observar ainda
que para Paulo dar maior tom de autoridade à sua argumentação ele apela às
Escrituras. Aqui há que se perceber mais uma vez que o Evangelho é estritamente
escriturístico. Toda vez que se depara com uma profecia messiânica as boas
novas aparecem repentinamente diante do leitor da Bíblia. Com vistas a realçar
esta verdade Paulo personifica as Escrituras, afirmando que as mesmas previram
que Deus havia de justificar pela
fé os gentios.
Porque
diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu
poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra (Rm.9.17
ARCF), e: Porque a Escritura diz:
Todo aquele que nele crer não será confundido (Rm.10.11ARCF).e ainda: Deus não rejeitou o seu povo, que antes
conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura diz de Elias, como fala a Deus contra
Israel, dizendo: Senhor,mataram os teus profetas, e derribaram os teus altares;
e só eu fiquei, e buscam a minha alma? (Rm.11.2,3 ARCF).Neste ponto
especificamente a Escritura é equiparada ao próprio Deus, quando Paulo
prossegue afirmando: Mas que lhe
diz a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os
joelhos a Baal (Rm.11. 4 ARCF). O Evangelho é a Escritura. Sem esta
não existe aquele. Logo, a afirmação de que a benção de Abraão se realiza na
justificação pela fé dos crentes é fundamentada.
O EVANGELHO NAS
ESCRITURAS
Da qual salvação
inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que
vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo,
que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a
Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi
revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas
que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do
céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem
atentar (I Pe.1.10-12 ARCF). Há que se observar
aqui que tudo o que ocorreu com Cristo é produto do cumprimento das profecias.
Tudo mesmo. Seu nascimento virginal, sua pobreza, a visita dos magos, sua
apresentação no templo, a fuga para o Egito, o retorno para a Galileia o
estabelecimento em Nazaré, vida, morte, e ressurreição são descritos como
realização das profecias. O quer este texto diz é que o Evangelho foi
antecipado nas Escrituras. Ele foi dito antecipadamente quando nas estepes do
Sinai Deus vindicou para si toda a terra como sua propriedade e marcou Israel
como propriedade exclusiva. Agora, pois,
se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então
sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos, porque toda a terra
é minha. E vós me sereis um reino sacerdotal e o povo santo. Estas são as
palavras que falarás aos filhos de Israel (Ex.19.5,6 ARCF).
Os sinais que Deus realizou antes da saída do povo do Egito antecipam o
Evangelho, uma vez que por meio dos mesmos o nome de Deus foi
glorificado. Então disse o
Senhor a Moisés: Levanta-te pela manhã cedo, e põe-te diante de Faraó, e
dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus dos hebreus: Deixa ir o meu povo, para que me
sirva; Porque esta vez enviarei todas as minhas pragas sobre o teu coração, e
sobre os teus servos, e sobre o teu povo, para que saibas que não há outro como
eu em toda a terra. Porque agora tenho estendido minha mão, para te ferir a ti
e ao teu povo com pestilência, e para que sejas destruído da terra; Mas,
deveras, para isto te mantive, para mostrar meu poder em ti, e para que o meu
nome seja anunciado em toda a terra (Ex.9.13-16 ARCF). Perceba
que na palavra que Deus ordena que Moisés fale ao soberano egípcio é dito
claramente que Faraó foi mantido em seu posto para que o nome de Deus fosse
glorificado em toda a terra. E eu
endurecerei o coração de Faraó, para que os persiga, e serei glorificado em
Faraó e em todo o seu exército, e saberão os egípcios que eu sou o Senhor. E
eles fizeram assim (Ex.14.4ARCF). Quando Paulo citou este
texto, empregou διαγγέλω (diaggeloo), que consiste em anunciar
plenamente um fato, ou notícia. No texto grego do AT, διαγγέλω é empregado para
traduzir סַפֵּ֥ר (Shapt). E o
fato é que o nome de Deus espalhou a partir dos
feitos, tanto que Raabe disse aos espias que acolheu: Bem sei que o Senhor vos deu esta terra e que o
pavor de vós caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desfalecidos
diante de vós (Js.2. 9 ARCF). Sob este prisma o
propósito da lei é revelar a sabedoria manifesta de Deus, bem como a
proximidade deste em relação ao povo.
Vedes aqui vos tenho
ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor meu Deus; para que assim
façais no meio da terra a qual ides a herdar. Guardai-os pois, e cumpri-os,
porque isso será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os olhos dos
povos, que ouvirão todos estes estatutos, e dirão: Este grande povo é nação
sábia e entendida. Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados
como o Senhor nosso Deus, todas as vezes que o invocamos? E que nação há tão
grande, que tenha estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje
ponho perante vós? (Dt.4.5-8 ARCF). Deus faz inúmeras
promessas de que os povos haveriam de serem incluídos na economia da Salvação.
E alguns destes textos podem ser mencionados abaixo. Todos os limites da terra se lembrarão, e se
converterão ao Senhor; e todas as famílias das nações adorarão perante a tua
face. Porque o reino é do Senhor, e ele domina entre as nações (Sl.22.27,28
ARCF). Todas as nações que
fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu
nome. Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus (Sl.86.9,10
ARCF). Para anunciarem o nome do
Senhor em Sião, e o seu louvor em Jerusalém, Quando os povos se ajuntarem, e os
reinos, para servirem ao Senhor (Sl.102.21,22 ARCF). Em
alguns momentos da vida do povo eleito esta verdade foi ofuscada pelo
nacionalismo e pela xenofobia. Mas a verdade persistiu. Hoje o desafio se
foca na questão do denominacionalismo e outros vícios evangélicos que tem feito
da Igreja um clube particular de santos, ou uma agência de entretenimento, ao
invés de uma prestadora de serviços na divulgação do Evangelho.
A
Igreja em um Mundo Novo
Há alguns anos Jonh
Stott escreveu um livro cujo título é: Ouça o Espírito, Ouça o Mundo. Nele o
autor, um dos maiores expositores das Escrituras defendia a idéia de que para
que evangélicos fossem ouvidos, deveriam ouvir o mundo. Este ouvir consiste na percepção dos anseios
do homem moderno, ao passo que a percepção da vontade do Espírito equivale à
audição da Palavra. É neste ponto que se pode perceber o desafio que a Igreja
tem diante de si. A dificuldade em ouvir o mundo está no fato de que por meio da cultura e
da arte uma nova lógica surgiu e os evangélicos não perceberam, e pior,
perderam o bonde. No tocante ao ouvir
o Espírito, o desafio está no fato inconteste de que o Espírito fala
por meio das Escrituras, que por sua vez impõem um desafio ao cristão: o de
transpor o abismo cultural, filosófico, histórico e linguístico.
A
TRANSIÇÃO DO MUNDO VÉTERO TESTAMENTÁRIO
Com vistas ao
entendimento do mundo do Novo Testamento, necessário se faz um recuo ao período
exílico. Antes do exílio na Babilônia o mundo judaico tinha no templo o seu
centro. Este dado fica claro na profecia de Jeremias. A palavra que da parte do
SENHOR, veio a Jeremias, dizendo: Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama
ali esta palavra, e dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que
entrais por estas portas, para adorardes ao Senhor. Assim diz o Senhor dos
Exércitos, o Deus de Israel: Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e
vos farei habitar neste lugar. Não vos fieis em palavras falsas, dizendo:
Templo do Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor é este. Mas, se deveras
melhorardes os vossos caminhos e as vossas obras; se deveras praticardes o
juízo entre um homem e o seu próximo; Se não oprimirdes o estrangeiro, e o
órfão, e a viúva, nem derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes
após outros deuses para vosso próprio mal, Eu vos farei habitar neste lugar, na
terra que dei a vossos pais, desde os tempos antigos e para sempre (Jr.7.1-7
ACF). Perceba que a segurança no templo era tamanha que o povo compreendeu
que enquanto o templo estivesse entre eles teriam a segurança. A profecia de
Jeremias vai na contramão ao afirmar que a fidelidade de Deus ao povo e à
aliança está ligada ao comportamento do povo, ao invés do templo em si. Com a
vinda do exército caldeu e sucessivamente do exílio, o povo sente a necessidade
de uma outra forma de contato com a aliança. A partir daí a instrução torna-se
o centro do viver judaico. Alguns autores, dentre os quais, R. K. Harrison
afirmam que daí surgem as primeiras escolas que serão protótipos das futuras
sinagogas. Este é um exemplo da adaptação. Do exílio, nasce o fenômeno da
diáspora (διασπορας), ou dispersão judaica, o que reforça ainda mais a
necessidade de um processo de afirmação de identidade. O judaísmo palestino
viveu isto no exílio na Babilônia e na época da dispersão no império persa,
culminando com a perseguição imposta por Antíoco Epifâneo, registrada nas
visões de Daniel (8), e no livro dos Macabeus. Consulte o artigo Macabeus no
dicionário Wycliffie, e perceberás que ocorreu um conflito entre judeus e
helênicos em razão da política de helenização adotada por Antíoco Epifâneo IV.
O conflito chegou ao ponto de que a adoração e os sacrfícios judaicos
foram proibidos, a idolatria foi oficializada e as cópias da lei queimadas. A
ação dos macabeus foi de resistência iniciada na cidade de Modin, a Noroeste de
Jerusalém, quando o sacerdote Matatias se recusou a adorar aos ídolos. Após um
massacre ocorrido em dia de sábado, e isto, porque os judeus se recusaram a
lutar neste dia, os sobreviventes adotaram a tática de guerra santa (I Mac.2.
29 - 48). Na diáspora de cunho helenista, o moviento se deu por outros meios. O
livro de Sabedoria de Salomão (tido como apócrifo em contexto evangélico e por
deutero canônico por eruditos de variadas confissões), é paraticamente uma
apologia do judaísmo sobre as formas de religiosidade cananéia, egípcia e
grega. A menção que faço deste livro no presente espaço se dá pelo fato de ver
o mesmo como uma tentativa de diálogo com a cultura grega. Primeiro pela
equiparação do λογος com a Sabedoria judaica conforme de se pode ver no
capítulo 7, depois pela assimilação de conceitos dantes obscuros no judaísmo,
como o de imortalidade. É deste modo que o judaísmo aparece como um fenômeno
plural já na época de Jesus. O que se pode verificar nas duas principais seitas
que compunham o sinédrio: Fariseus e Saduceus. Os primeiros criam em
ressurreição, na vida futura, e na tanak. Os últimos não criam em ressurreição,
vida futura, e aceitaval apenas a Torah.
Foi neste ambiente
plural, sincrético que apareceram doi homens cuja singularidade não pode deixar
de ser destacada no presente estudo João Batista e Jesus.
O
JUDAÍSMO E O MUNDO DO NOVO TESTAMENTO
O judaísmo palestino era
o mais sincrético e pluralizado. Sincrético pela absorção de conceitos e
categorias oriundas de outras culturas, conforme exposto linhas acima. Plural
pelo fato de ser dividido internamente em seitas. Essênios, Fariseus, Saduceus,
Zelotas, são exemplos de algumas destas seitas políticas que se faziam presentes
no cotidiano do judeu.
Os essênios poderiam
facilmente serem considerados os precursores do movimento eremita, ou
monástico. Era uma seita que tinha sua habitação nas proximidades do mar morto.
Julga-se que João Batista tenha sido criado por eles. A hipótese tem sua
confirmação no ato do batismo, um tipo de ablução praticada pelos essênios.
Eles se consideravam o
remanescente do verdadeiro Israel. Não são mencionados no Novo Testamento, e
possivelmente tal ausência se deva justamente pelo isolamento dos partidários
desta seita. Caso seja verdadeira e algum dia a hipótese de João ter sido
criado por esta seita se confirme, um questionamento a ser respondido será:
como este emergiu do isolamento para a convivência? Ele e Jesus atingiram o
mesmíssimo público: prostitutas, publicanos e alguns dos fariseus. Outro
grupo pontual é o dos fariseus. a hipótese mais provável da origem dos mesmos é
que sustenta que eles apareceram no período dos Macabeus.
Mesmo quando se recorre
às demais hipóteses, percebe-se que o movimento farisaico é estritamente ligado
à questão do zêlo. No início eles tiveram o apoio das massas populares e foi
assim que foram sendo fortalecidos politicamente. Inicialmente adotaram
uma política de resistência aos governos estrangeiros, mas que foi sendo
mudada. A primeira mudança veio quando "após fazerem parte do movimento dos
macabeus), eles concquistaram breve autonomia política. Esta fracassou quando
veio a dominação romana. A partir daí deixaram de ser opositores e adotaram uma
política neutra. No período de Jesus eram mais casuístas, legalistas e
sempre são descritos no evangelhos de forma negativa. Na verdade eles
aprenderam a amar mais a glória dos homens do que a glória de Deus. Exatamente
por este motivo eles se colocavam nas praças e faziam longas orações, jejuavam
com os rostos desfigurados, e davam esmolas; tudo para serem vistos pelos
homens. Mas foram estes mesmos fariseus que reestruturaram o judaísmo após a
destruição de Jerusalém e iniciaram a tradição rabínica. Os saduceus
poderiam ser comparados aos céticos da atualidade. Eles não aceitavam nada que
fosse pertinente à tradição oral. Para os mesmos somente a toráh, ou o
pentateuco eram válidos. Não criam em anjos, ressurreição. Mas se aliaram aos
fariseus para condenar a Jesus, e juntos com o grupo rival compunham o
sinédrio. Os zelotas eram um grupo de judeus zelosos que ao contrário dos
fariseus fugiam da neutralidade política. Especula-se que este mesmo grupo
tenha obitido a aprovação de Cristo, que por sua vez foi um revolucionário de
esquerda. Tal hipótese baseia-se no fato de que Jesus tenha recebido em seu
colegiado apostólico um Simão Zelota. Mas o comportamento de Jesus nos
Evangelhos é totalmente contrário a ação dos zelotas, uma vez que estes
apelavam para a violência em seu zelo.
Os herodianos eram
partidários de Herodes, contudo sem significativa organização partidária. Eram
simplesmente pessoas leais a Herodes e são mencionados no Evangelho em duas
ocasiões, ambas de forma negativa. Representam os que possuem fidelidade
partidária e ideológica a qualquer custo, ainda que seja o do bom senso. Foi
neste mundo plural e ao mesmo tempo sincrético que João Batista e Jesus atuaram
e deixaram para nós exemplo de práxis do Reino.
JOÃO
BATISTA, JESUS E A PRÁXIS DO REINO
O isolamento de João
Batista e o seu batismo são interpretados como indicadores de sua herança
essênia, e de fato o são. Mas a abrangência de sua pregação não tem nada a ver
com este grupo sectário cuja vivência sequer é registrada nos Evangelhos e
chegou a nós por meio da descoberta dos escritos que a seita produziu. Contudo
a pregação de João tinhe o seu foco no arrependimento (metanóian [μετανοιαν])
em razão da proximidade do Reino de Deus e do juízo revelado na Vinda do mesmo
(Mt,3.1-12). A mensagem teve plena adesão do grupo mais improvável da época. Em
verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no
reino de Deus.
Porque João veio a vós
no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o
creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer (Mt.21.31,32ACF)
João não precisou ser exímio pregador, ou liberal contumaz para conquistar as
prostitutas e os publicanos. Ele tão somente pregou uma mensagem de
arrependimento. A despeito de seus hábitos ascéticos sua mensagem penetrou
ouvidos e corações. O segredo? Ele teve a Palavra do Senhor sobre sua vida. E
no ano quinze do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos presidente da
Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e seu irmão Filipe tetrarca da Ituréia
e da província de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene, Sendo Anás e
Caifás sumos sacerdotes, veio no deserto a palavra de Deus a João, filho de
Zacarias. E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de
arrependimento, para o perdão dos pecados; Segundo o que está escrito no livro
das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai
o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas. Todo o vale se encherá, E se
abaixará todo o monte e outeiro; E o que é tortuoso se endireitará, E os
caminhos escabrosos se aplanarão; E toda a carne verá a salvação de Deus (Lc.3.1-6
ACF). E com uma pregação inflamada pelo Espírito de Deus ele atraiu a si
fariseus, prostitutas, publicanos, soldados, lhes ordenou arrependimento,
anunciou o juízo que estava por vir aos que não se arrependessem de seus
pecados, e indicou de forma mais prática e lúcida possível como a metanóian
[μετανοιαν] se manifesta em termos práticos. Dizia, pois, João à multidão que
saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da
ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não
comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que
até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o
machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se
e lança-se no fogo. E a multidão o interrogava, dizendo: Que
faremos, pois? E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas,
reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira. E
chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e
disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele lhes disse: Não peçais
mais do que o que vos está ordenado. E uns soldados o
interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém
trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo (Lc.3.7
- 14 ACF).
Sem nanhum traço de
deslumbramento João desfez as expectativas do povo quanto à sua identidade
messiânica, e anunciou o batismo do Espírito e o de juízo aos que não se
convertessem E, estando o povo em expectação, e pensando todos de João, em seus
corações, se porventura seria o Cristo, Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na
verdade, batizo-vos com água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso do que
eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas;
esse vos batizará com o
Espírito Santo e com fogo. Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e
ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se
apaga (Lc.3.15-17 ACF). O saldo final da vida de João pode ser visto no temor
que este inspirou em ímpios como Herodes (Mt.14. 5) e nos saduceus (Mt.21. 24 -
26). Mas também foi dado pelo próprio Cristo, para quem aquele era mais do que
um profeta, um mensageiro que fora mandado como prenúncio da obra messiânica. E,
partindo eles, começou Jesus a dizer às turbas, a respeito de João: Que fostes
ver no deserto? uma cana agitada pelo vento? Sim, que fostes ver? um homem
ricamente vestido? Os que trajam ricamente estão nas casas dos reis. Mas, então
que fostes ver? um profeta? Sim, vos digo eu, e muito mais do que profeta;
Porque é este de quem está escrito:Eis que diante da tua face envio o meu
anjo,que preparará diante de ti o teu caminho. Em verdade vos digo que, entre
os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista;
mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele (Mt.11. 7- 11
ACF). Contrariando as regras atuais de marketing João alça a uma escala
jamais alçada por nenhum dos pregadores neologista da atualidade. Dele Jesus
diz: entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João
o Batista. E só tem um caminho para superar João Batista SER O MENOS NO REINO
DOS CÉUS. Nem a vida ascética, nem a vida imersa na comunidade são garantia de
aceitação. Se há uma verdade a ser absorvida por nós cristãos e evangélicos é
que o estilo de vida cristão é ofensivo aos que não são da luz, de modo que
tanto Jesus quanto João Batista foram rejeitados por sua geração.
Mas, a quem assemelharei
esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças, e clamam aos
seus companheiros, E dizem: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos
lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e
dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí
um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria
é justificada por seus filhos (Mt 11. 16 - 19 ACF).
Repara que Cristo não
pede atenção aos seu estilo de vida, mas às suas obras, e pronuncia um juízo
contra os que a despeito dos sinais não creram. Este é o maior desafio que
teremos pela frente. Um dos gêneros literários que encontramos nas Escrituras
Sagradas é a parábola. O nome vem do grego παραβολην (parabolee), cujo sentido
básico é o de comparação. É uma forma de ensinar que lança mãos às símiles.
Fatos da vida cotidiana são usados por Cristo para ilustrar e transmitir
ensinamentos. Fee e Sttuartt a definem como sendo uma história contada com fim
de pegar (leia-se envolver), o ouvinte.
RICO E
DO LÁZARO
Dentro deste gênero temos uma parábola que é alvo
de extremas controvérsias, a do Rico e do Lázaro. Primeiramente, Dake (A Bíblia
de Estudo Dake tem este nome devido ao pastor Finis Dake, que fez as notas de
estudo. Ele tinha, como poucos, um dom muito especial, tinha a bíblia) afirma
em sua Bíblia de Estudo que o verbo haver, que aparece nas versões de Bíblias,
é indicador de que a história contada por Cristo é real, do contrário, a mesma
seria uma mentira, artificio do qual Cristo jamais se valeu. É fácil concordar
que Cristo jamais se valeu de artifícios. Difícil é entender que a historia
narrada seja uma descrição da vida futura, como querem os teólogos que seguem a
linha dispensacionalista de Dake, e grande parte dos teólogos brasileiros. Havia um homem rico que se vestia de púrpura
e de linho fino e vivia no luxo todos os dias. Diante do seu portão fora
deixado um mendigo chamado Lázaro, coberto de chagas; este ansiava comer o
que caía da mesa do rico. Em vez disso, os cães vinham lamber as suas feridas.
"Chegou o dia em que o mendigo morreu, e os anjos o levaram para junto de
Abraão. O rico também morreu e foi sepultado. No Hades, onde estava sendo atormentado, ele olhou para cima e viu
Abraão de longe, com Lázaro ao seu lado. Então, chamou-o: ‘Pai Abraão, tem
misericórdia de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo na água e
refresque a minha língua, porque estou sofrendo muito neste fogo’. "Mas
Abraão respondeu: ‘Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu
coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está
sendo consolado aqui e você está em sofrimento.
E além disso, entre
vocês e nós há um grande abismo, de forma que os que desejam passar do nosso
lado para o seu, ou do seu lado para o nosso, não conseguem’. "Ele
respondeu: ‘Então eu lhe suplico, pai: manda Lázaro ir à casa de meu pai, pois
tenho cinco irmãos. Deixa que ele os avise, a fim de que eles não venham também
para este lugar de tormento’. "Abraão respondeu: ‘Eles têm Moisés e os
Profetas; que os ouçam’. " ‘Não, pai Abraão’, disse ele, ‘mas se alguém dentre
os mortos fosse até eles, eles se arrependeriam’. "Abraão respondeu: ‘Se
não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão convencer, ainda que
ressuscite alguém dentre os mortos’ (Lc.16.19-31
NVI).
Vejamos às considerações:
1.
Os que desejam ver nesta história uma
descrição natural se esquecem de que à luz do ensino geral das Escrituras
a pobreza em si não é uma condição para a salvação, tal como a riqueza não é
para a perdição.
2.
A fala de Abraão (Filho, lembre-se de que durante a sua vida você recebeu coisas boas,
enquanto que Lázaro recebeu coisas más. Agora, porém, ele está sendo consolado
aqui e você está em sofrimento), é no mínimo intrigante, visto que
face a omissão de qualquer confissão de fé, ou ato de bondade por
parte de Lázaro, ela colocaria o acesso à salvação como algo ligado à condição
sócio econômica do individuo.
3.
Esta mesma frase, se interpretada fora do contexto
geral do ensino de Cristo, pode colocar o Evangelho nos mesmo nível das
religiões cármicas. A salvação é fruto exclusivamente da graça, nada tendo
a ver com a condição social do indivíduo.
4.
De igual modo ninguém é condenado simplesmente pelo
fato de ser rico e desfrutar em vida de tal riqueza.
5.
Ainda temos de considerar que, à luz do ensino
bíblico, mesmo um rico que doe os seus bens aos pobres não tem pela
simples doação a garantia de vida eterna, uma vez que Paulo mesmo afirmou:
Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser
queimado, mas não tiver amor, nada disso me vale (I Co.13. 3 NVI).
6.
A visão do mundo futuro esposada pelo autor do
texto (diga-se de passagem peculiar ao Evangelista Lucas), reflete e muito a
visão grega, e do judaísmo do Novo Testamento. Para ambos os grupos, o inferno,
ou melhor, o αδης (hades) era
uma região para onde se dirigiam todos os mortos indistintamente. Os de vida
moral mais elevada iam para os Elíseos, ao passo que os de conduta perversa
recebiam sua punição em um local do mesmo hades, o ταρταρω(tártaroo). A diferença é que no presente texto o Elíseos
é chamado de seio de Abraão.
7.
É claro que neste, tal como ocorre em inúmeros
casos, palavras gregas são empregadas para expressar conceitos judaicos, e
falaremos mais a respeito disto, visto que se interpretarmos αδης no sentido judaico veremos
que temos ainda menos razoes para acreditar que o texto em apreço é um texto
descritivo.
8.
O pedido do rico para que Lázaro seja enviado á sua
antiga casa, a fim de pregar para os seus irmãos, para que os mesmos não
tivessem o mesmo fim, reflete a crença mística do judaísmo tardio de que
importantes personagens do Antigo Testamento voltariam.
9.
Note que o diálogo se dá entre o rico e Abraão. Se
este texto descreve uma história verídica, ou uma realidade objetiva como Dake
deseja, devo crer que Abraão é um tipo de guardião, ou gerente do paraíso
celeste?
Minha conclusão é de que
se o texto for interpretado literalmente estabelece uma série de contradições
com o ensino geral do Evangelho. O que me leva a apelar ao contexto da
parábola.
TEXTO
E CONTEXTO
texto
sem contexto é pretexto para heresia. O ensino implícito ao adagio
mais do que popular entre os Evangélicos é o de que se quisermos estabelecer o
fiel sentido de um texto, temos de analisar o seu contexto imediato. Isto fica
ainda mais fácil quando a discussão se dá entre pessoas que creem na inspiração
da Bíblia. Tal crença permite a conclusão mais do que obvia de que os textos
não foram inseridos aleatoriamente nos contextos, mas com um proposito
supremo. O contexto em que tal história se insere é o da parábola do
administrador infiel. A lição que Cristo quer passar ali é a seguinte: usem a riqueza deste mundo ímpio para ganhar
amigos, de forma que, quando ela acabar, estes os recebam nas moradas eternas.
"Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no
pouco, também é desonesto no muito. Assim, se vocês não forem dignos de
confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as
verdadeiras riquezas? E se vocês não forem dignos de confiança em relação ao
que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês? "Nenhum servo pode
servir a dois senhores; pois odiará a um e amará ao outro, ou se dedicará a um e
desprezará ao outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". (Lc.16.9-13
NVI). Simples assim. Este ensino possui ampla base e ordem nas
Escrituras. Fato é que as riquezas devem ser usadas para a aquisição maior de
amigos, a fim de que quando estas faltarem os amigos valham aos seus antigos
ajudadores. Este é o uso da mordomia para aquisição e fortalecimento de
relacionamentos autênticos. Mas a história do administrador infiel trouxe
reação negativa por parte dos fariseus, uma vez que os mesmos eram avarentos
(Lc.16.14), e Jesus reage afirmando: Ele
lhes disse: "Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos
homens, mas Deus conhece os corações de vocês. Aquilo que tem muito valor entre
os homens é detestável aos olhos de Deus". "A Lei e os Profetas
profetizaram até João. Desse tempo em diante estão sendo pregadas as boas novas
do Reino de Deus, e todos tentam forçar sua entrada nele. É mais fácil o céu e
a terra desaparecerem do que cair da Lei o menor traço. "Quem se divorciar
de sua mulher e se casar com outra mulher estará cometendo adultério, e o homem
que se casar com uma mulher divorciada do seu marido estará cometendo
adultério" (Lc.16.15-18 NVI).
Observe que:
1.
Jesus condena a hipocrisia e a avareza dos
fariseus.
2.
Ao mesmo tempo em que tece severa crítica
aos seus interlocutores, ele apela à autoridade da lei, o que não é novidade em
seus embates com os mesmos.
3.
Jesus afirma a sua autoridade como proclamador do
Reino de Deus.
4.
A história contada por Jesus, a respeito de um rico,
que se vestia de finas vestes, e um mendigo, que desejava se alimentar com as
sobras do rico, é a continuação da fala que destaquei supra. Tudo leva a
entender que ao mencionar a história, Jesus queria afetar aos fariseus.
TEXTO
E CONTEXTO SIMPLES
1.
A mensagem da lei e dos profetas tinha em seu
conteúdo a justiça social, o que era ignorado pelos fariseus (Mt.23. 23).
2.
As boas novas do Reino trazem um conteúdo voltado
para os pobres (Mt.11.5).
3.
Tal como a lei, as palavras de Jesus possuem valor
permanente (Mt.24.34).
4.
Deus não levará em conta o casuísmo farisaico ao
lidar com os homens no juízo.
É sob este prisma que o
real sentido da história do rico e do Lázaro emerge do contexto bíblico.
O CONTEXTO TEOLÓGICO
Já foi comprovado, no presente
estudo, que a história do Rico e do Lázaro foi uma resposta de Jesus aos
fariseus, face à clara rejeição dos mesmos quanto ao ensino de Cristo no
tocante ao uso das riquezas. Algo muito comum, da parte Jesus, é o recurso
de se valer de imagens do cotidiano cultural do público para se fazer
entendido. Neste caso, Cristo se vale da compreensão do judaísmo rabínico a
respeito da vida após morte. Na medida em que lemos os textos sapienciais,
percebemos que a vida após morte era um mistério para o judaísmo anterior ao
exílio. A palavra grega αδης (hades),
foi amplamente empregada pelos tradutores da Bíblia hebraica para se referirem
ao שְׁאֹ֑ול (Sheol),
que por sua vez é descrito com sendo a terra de sombras e densas trevas, para a terra
tenebrosa como a noite, terra de trevas e de caos, onde até mesmo a luz é
trevas (Jó.10.21,22NVI). Em seu grito de dor Jó concebe
o שְׁאֹ֑ול como
sendo um lugar onde todos se igualam, e igualmente encontram repouso, veja: Agora eu bem poderia estar deitado em paz e
achar repouso junto aos reis e conselheiros da terra, que construíram para si
lugares que agora jazem em ruínas, com governantes que possuíam ouro, que
enchiam suas casas de prata. Por que não me sepultaram como criança abortada,
como um bebê que nunca viu a luz do dia? Ali os ímpios já não se agitam, e ali
os cansados permanecem em repouso; os prisioneiros também desfrutam sossego, já
não ouvem mais os gritos do feitor de escravos. Os simples e os poderosos ali
estão, e o escravo está livre de seu senhor (Jó.3.13-19 NVI). Este pensamento
tem o seu eco nos salmos onde vemos os salmistas afirmando: Quem morreu não se lembra de ti. Entre os
mortos, quem te louvará? (Sl.6.5NVI). Ao receber livramento o Rei
Ezequias entoou o seguinte louvor: pois
a sepultura não pode louvar-te, a morte não pode cantar o teu louvor. Aqueles
que descem à cova não podem esperar pela tua fidelidade (Is.38.18
NVI). Ainda mais contundente é a forma com a qual se descreve o inferno neste
texto: Acaso mostras as tuas
maravilhas aos mortos? Acaso os mortos se levantam e te louvam? Será que o teu
amor é anunciado no túmulo, e a tua fidelidade, no Abismo da Morte? Acaso são
conhecidas as tuas maravilhas na região das trevas, e os teus feitos de
justiça, na terra do esquecimento? (Sl.88.10-12 NVI). Nestes textos
o inferno, ou שְׁאֹ֑ול (Sheol)
é descrito como:
1.
um lugar onde todos os seres humanos descansam,
independente de sua condição moral,
2.
O mundo dos mortos,
3.
O abismo da morte,
4.
região de trevas e,
5.
Terra dos esquecimento, um lugar onde Deus não é
louvado.
Com isto podemos afirmar, junto com Marvin
Richardson(Marvin Thomas Richardson ; 5 de agosto de 1941) é um aspirante a
político e produtor de morango de Idaho, conhecido por sua forte oposição ao
aborto , que o inspirou a mudar de nome.Ele vive na comunidade não registrada
de Letha, Idaho. Ele fez várias tentativas sem sucesso para cargos políticos em
Idaho e foi rotulado como candidato perene.Tendo declarado sua intenção de
continuar concorrendo ao cargo até sua morte) Vincent e Hans Bietenhard que foi
pela da visão grega e persa, que por sua vez desembocou na literatura
apocalíptica que o rabinismo desenvolveu um pensamento elaborado sobre a vida
no além. Fora das incursões especulativas dos textos poéticos não temos nada de
concreto no Antigo Testamento a respeito da vida após a morte. É destas
constatações que concluo que ao responder aos fariseus sobre a questão do
emprego do dinheiro como meio para se alcançar um fim maior, que Jesus proferiu
uma história nos moldes do pensamento da época. O Novo Testamento também
não é prodigo em informações a respeito da vida após a morte.
Paulo fala em duas ocasiões em estar com Cristo (Fp.1.
23; II Co 4. 14 - 5. 10), e ao meu ver tal concepção, a despeito das
influencias de pensamento do rabinismo, se coaduna com a cosmovisão poética e
profética. Na medida em que o tempo se passou, e com a revelação progressiva, a
ressurreição foi ganhando espaço no pensamento judaico (Is 26. 19; Dn 12. 2), o
mundo dos mortos foi sendo visto como algo tão temporário que sequer merecia
atenção. O mesmo ocorre com Paulo quando este fala de estar com Cristo.
Sua perspectiva não é a vida em um ambiente edílico e condição de uma alma, ou
espirito desencarnado, mas de alguém que terá o seu corpo mortal transformado
na imagem do corpo de Cristo (II Co 5. 1, 2; Fp 3. 20, 21). Enquanto tal
promessa não se concretiza, ele estará com Cristo, e nem a vida, nem a morte
podem interromper tal comunhão, que ele já desfruta com o Senhor (Rm 8. 35 -
39). Há que se lembrar que o alvo supremo de Paulo não é ser despido, mas
revestido. Fato, é que das duas maiores mentes reveladas no Novo
Testamento, nem Paulo, e muito menos Jesus deram sobejas, ou parcas informações
a respeito da vida após a morte, do paraíso, ou do inferno. Creio que boa parte
de nossa cultura e pensamento a respeito destes assuntos se baseia mais em
informações oriundas da cultura pagã. Jesus, ao menos ousou se dirigir aos fariseus
nos termos desta cultura, mas Paulo só fez uma afirmação a respeito do
paraíso, que as coisas que ele vira lá, eram ilícitas de se contar aos homens,
dada a inefabilidade de tais realidades.
EXEGÉTICAS
DO TEXTO
Ao fazer uma exegese do texto em si obtemos alguns
elementos que nos permitem uma exegese mais apurada. Os versos iniciais
contrastam o estilo de vida de dois homens socialmente díspares. De um lado
temos um homem rico e do outro um pobre, na verdade um mendigo. O termo
grego πτωχος(ptoochos) era usado para expressar
toda forma de carência, e foi usado por Cristo, na primeira bem aventurança,
para se referir aos que possuem noção de sua pobreza e indigência
espiritual. Sendo que neste último caso πτωχοι τω πνευματι (ptoochoi
too pneumati), ocorre em uma forma diferente, mas retendo o mesmo
sentido. Digno de nota é a ocorrência do nome Lázaro, que em grego
é λαζαρος, mas que Vincent
entende como sendo uma forma abreviada do nome Eleazar, cujo sentido é Deus é
meu socorro. Por mais que se tente ver aqui indícios de que tal texto não se
trata de uma parábola, quando se interpreta os elementos que compõem a
história, torna-se perceptível que se trata de uma peça literária, cujos
elementos apontam para o contexto global do ensino de Cristo, conforme dissemos
supra. Foi aos pobres que Cristo anunciou o Evangelho. Não que isto fosse
condição para a salvação, mas que na teologia bíblica geral o pobre desde cedo
foi associado com o humilde, ou com o manso. Merece destaque o termo עֲנָוִ֗ ('anaw), a raiz do termo hebraico
עֲנִיֶּ֛ ('ani), cujo sentido é do pobreza
(Dt 15. 11). O pobre em Israel era aquele que não possuindo terra para
trabalhar vivia em total estado de indigência, podendo vir a mendigar. Fato é
que o pobre do contexto bíblico é bem diferente do pobre do contexto social
atual (ver aqui). No contexto geral do Evangelho de Lucas não
há espaço para a crença errônea de que somente os pobres, no sentido econômico
do termo, herdam o Reino de Deus. Um fato preponderante é a conversão de
Zaqueu, cujo desprendimento de suas riquezas e posses é o maior sinal de
sua salvação (Lc.19.8-10). E uma peculiaridade neste evangelista é a colocação
da historia de Zaqueu após o relato do encontro de Jesus com o jovem
rico. A partir de tais observações, sou levado a crer que os homens
descritos por Cristo na parábola do Rico e de Lázaro, na verdade soa símbolos
de dois perfis de pessoas. Aqueles que buscam a suficiência nos bens desta
vida, e como recompensa vão para o hades, e os que buscam seu socorro
exclusivamente em Deus. Cabem aqui algumas observações a respeito do paraíso,
ou do céu conforme descrito na parábola (que fazem questão de que não seja uma
parábola, mas uma história descritiva). Observe, meu caro leitor que o
paraíso é descrito como seio de Abraão, curioso não é? Isto talvez ocorra em
função da fusão conceitual que se fez no período interbíblico entre os
conceitos de Éden, paraíso e seio de Abraão, mas cabe ressaltar aqui que o
encostar no seio é um ato de intimidade e proximidade extremas. Assim, Jesus
coloca aquele, que aos olhos do povo e dos fariseus era visto como desprezado,
o mendigo Lázaro, próximo a Abraão, ao passo que a riqueza e a tão desejada
prosperidade, estão no inferno. Já observamos que no contexto gramatical da
parábola, Cristo está dando uma resposta aos fariseus, que são descritos como
avarentos e como pessoas que gostam de se trajar com pompa. Curiosamente, é
desta forma que o rico é descrito. São fatores como este que me fazem crer que
os mesmos fariseus que debochavam de Cristo, foram pegos pela história
contada. O céu não pode ser resumido a um lugar de compensação aos que sofreram
nesta vida, embora a mensagem das Escrituras mostrem que os perseguidos por
causa da justiça haverão de herdar o Reino de Deus e de Cristo, e que terão
seus olhos enxugados de toda a lágrima (Is.35.10;60.20;65.19; Ap.21.4). Convém
ressaltar que estas coisas somente serão possíveis pelo fato de que Deus será
tudo em todos. em outras palavras, o paraíso, o céu, é a presença de Deus,
coisa que a história omite. Mais forte ainda é o pedido do rico que envie
Lázaro aos seus familiares a fim de que o mesmo os advirta, para que aqueles
não tenham o mesmo destino que o rico teve. E a resposta do pai Abraão (que
diga-se de passagem, não viveu para conhecer Moisés, nem sua atividade
como legislador), é que os parentes do rico têm Moisés e os profetas, se
quiserem que os ouçam, e que em não ouvir a nenhum dos dois não ouvirão também
que volte dos mortos.
O que a parábola realmente diz
Falamos supra que nem a
riqueza, nem a pobreza constituíam condições para que o homem fosse salvo, ou
perdido, mas á luz do ensino do Evangelho de Cristo, a consciência, por parte
do homem de sua pobreza espiritual e consequentemente de sua dependência de
Deus são fatores condicionantes de acesso ao reino. Lázaro é a representação
dos que dependem exclusivamente de Deus, ao passo que o rico representa o
autossuficiente, que em razão de sua suficiência própria se exclui do
Reino. Diante do exposto, as riquezas da injustiça, sim toda riqueza, na
verdade é injusta, e por este motivo, devem ser empregadas no alívio das dificuldades
alheias. A doutrina que Cristo traz não é dele, mas tem sua fonte na própria
lei e nos profetas (Dt.15.11;Is.58). Os que agem em conformidade com tais
preceitos são os verdadeiros filhos de Abraão (Lc.3.8-11), e como tais
legítimos herdeiros do Reino (Lc.13.25-30). As nossas obras não nos salvam, mas
evidenciam que a salvação chegou em nossa vida.
O
Destino Final do Mortos
Franklin Ferreira
afirma, acertadamente, em sua Sistemática, que a religião tem como finalidade
fornecer ao homem resposta sobre sua condição. Uma das temáticas privilegiadas
é a morte. A questão que se coloca é: esta é o fim da trajetória humana, ou tão
somente a passagem para uma outra vida? Na cosmovisão cristã esta é uma
passagem para uma outra vida, ou para a verdadeira vida, entendida como
Eternindade. Considerável parte desta temática foi abordada neste blog em uma
série de Estudos. Contudo, julgo conveniente retomar às mesmas questões com
vistas ao Estudo em tela. Assim, abordarei a respeito do Estado Intermediário,
da Situação dos Mortos, e do destino final dos mesmos. Todavia, o farei sabedor
de que não há como se ter uma palavra final a respeito. Isto, porque o que se
tem em termos de informação bíblica não se constitui como base para uma opinião
definitiva. Assim, conforme adimitido por Geisler, o que se pode é fazer
inferências e levantar hipóteses especulativas, desde que as mesmas não firam o
que é dito nas Escrituras. É com tal princípio em mente que prosseguirei neste
singelo estudo.
O
ESTADO INTERMEDIÁRIO
Conforme sugerido no
próprio nome, este consiste no período entre a morte do homem e a sua
ressurreição. A causa das grandes controvérsias existentes a respeito do mesmo
se deve em razão das poucas informações que a Bíblia dá a respeito do mesmo. A
leitura de Teologia do Antigo Testamento de Eichrodt faz perceber que a ausência de informações a
respeito do mundo dos mortos se deve, em parte à influência que as culturas
vizinhas de Israel pudessem ter sobre tal nação. Considerando que as Escrituras
tem na "inspiração divina" a sua origem, não é de estranhar que os Escritores
tenham dado pouca importância à questão. Afinal, a prática de se consultar aos
mortos tinha de ser combatida. Sob o prisma da revelação progressiva pode-se
afirmar que os judeus mantiveram por longo período crenças aparentemente
contraditórias.
De um lado os que criam que a morte cessava
com todas as atividades dos "mortos". Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças,
porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem
conhecimento, nem sabedoria alguma (Ec.9.10ACF). De outro os que
criam que as funções eram mantidas. O que pode ser visto no cântico fúnebre que
Isaías entoa em relação à Babilônia. O
inferno desde o profundo se turbou por ti, para te sair ao encontro na tua
vinda; despertou por ti os mortos, e todos os chefes da terra, e fez levantar
dos seus tronos a todos os reis das nações (Is.14. 9 ACF). Perceba
que o texrto fala em chefes da
terra e reis
das nações. E aqui surge uma verdade, a de que a Bíblia, no caso, o
Antigo Testamento fala da morte, não como um fim, mas como um meio. Este é o
ponto em que o Ensino de Escatologia Geral se encontra com a Escatologia
Individual. A morte é falada na literatura sapiencial com o intuito de chamar o
homem a uma atitude frente ao momento presente. Este é, por exemplo, o Ensino
de Eclasiastes, para quem:
1.
A morte está dentro do Chronos, a sucessão de
eventos. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo
de arrancar o que se plantou (Ec.3. 2 ACF).
2.
Tanto homens como animais estão sujeitos à mesma,
sendo ambos passageiros. Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso
mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um,
assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre
os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade (Ec.3. 19 ACF).
3.
A morte não é píor do que o nascimento de
alguém. Melhor é a boa fama do que o melhor ungüento, e o dia da morte do
que o dia do nascimento de alguém (Ec.7. 1 ACF).
4.
Ir a um enterro pode ser uma atitude sábia, uma vez
que faz com que o homem atente para o seu fim. Melhor é ir à casa onde há
luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os
homens, e os vivos o aplicam ao seu coração (Ec.7. 2 ACF).
5.
Sendo que todos irão morrer, a vida presente
precisa ser melhor aproveitada (Ec.9. 5 - 11).
O ensino sapiencial a
respeito da morte exige, demanda algum tipo de resposta por parte do indivíduo
no tempo presente. Não existem especulações profundas a respeito da vida no
além túmulo, apenas hipóteses. E o Estado Intermediário é Intermediário, ao
invés de o Destino Final. Os mortos estão aguardando a Ressurreição do juízo,
ou a ressurreição da vida. Em Daniel lê-se: E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna,
e outros para vergonha e desprezo eterno (Dn.12.2ACF). Jesus mesmo
disse: Não vos maravilheis disto;
porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E
os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal
para a ressurreição da condenação (Jo.5.28,29 ACF).
O que se sabe é que
dentre justos e injustos, os mortos aguardam a ressurreição para o seu estado
definitivo. Há duas teses que se contraditam uma é a de que os mortos estão em
bem-aventurança (é o caso dos justos), ou em tormento (é o caso dos ímpios).
Para Tal lança-se mãos da parábola do Rico e do Lázaro. Todavia esta não
tem como finalidade o ensino de novíssimos, mas tão somente despertar os ricos
para o uso correto da riqueza a fim de que os mesmos não se vejam na condição
do rico no Hades. Momentos antes de sua
morte Estevão estando cheio do
Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que
estava à direita (Destra = Poder, autoridade)de Deus; E disse: Eis que vejo os
céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus (At.7.55,
56ACF). Momentos após, pondo-se
de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E,
tendo dito isto, adormeceu (At.7.60ACF). No mostra o texto
que no momento de sua morte os crentes contemplam a face e reconhecem seu,
mestre, advogado e Senhor em sua formosura e majestade, e ato contínuo descansam
de suas obras e de seus sofrimentos na esperança de uma união definitiva com
Cristo. A paz que o vislumbre do rosto de Cristo e da face de Deus concederam a
Estevão foi tal que ele teve sua mente e coração pacificado para pedir perdão
pelas ofensas de seus detratores.
A
SITUAÇÃO DOS MORTOS
A situação dos homens
após a morte é descrita de forma um tanto obscura no Antigo Testsamento. Os
mortos são descritos da seguinte forma por Elifaz:
Entre pensamentos vindos de visões da noite, quando
cai sobre os homens o sono profundo, Sobrevieram-me o espanto e o tremor, e
todos os meus ossos estremeceram. Então um espírito passou por diante de mim;
fez-me arrepiar os cabelos da minha carne. Parou ele, porém não conheci a sua
feição; um vulto estava diante dos meus olhos; houve silêncio, e ouvi uma voz
que dizia: Seria porventura o homem mais justo do que Deus? Seria porventura o
homem mais puro do que o seu Criador? Eis que ele não confia nos seus servos e
aos seus anjos atribui loucura; Quanto menos àqueles que habitam em casas de
lodo, cujo fundamento está no pó, e são esmagados como a traça! (Jó.4.13-19
ACF). Elifaz credita a crença de que homem algum pode ser justo diante de
Deus, a fala de um espírito, cujo contato se deu em meio às visões noturnas.
Todavia Jó, em seu desespero parece acreditar em algo diferente do que Elifaz
cria. Porque há esperança para a árvore que, se for cortada, ainda se renovará,
e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e o seu
tronco morrer no pó, Ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como uma planta.
Porém, morto o homem, é consumido; sim, rendendo o homem o espírito, então onde
está ele? Como as águas se retiram do mar, e o rio se esgota, e fica seco,
Assim o homem se deita, e não se levanta; até que não haja mais céus, não
acordará nem despertará de seu sono (Jó 14. 7-12 ACF). Em alguns raros
momentos se expressa a crença em uma visão de Deus após a morte. Porque eu sei
que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de
consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus, Vê-lo-ei,
por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros o contemplarão; e por isso os meus
rins se consomem no meu interior (Jó 19. 25-27 ACF). Ao que parece somente
a Parábola do Rico e do Lázaro fundamenta a opinião de um Estado de
Bem-aventurança, ou de condenação imediata após a morte, uma impressão que no
mínimo será revista após a leitura deste post.
Um outro texto é o relato da crucificação de Cristo, cuja interpretação
pode ser vista neste post.
A respeito do texto apocalíptico que fala das almas debaixo do altar, convém
reparar que após o clamor das almas é dito às mesmas que repousem, até que o
número dos que haverão de morrer da mesma forma se complete. E, havendo aberto
o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da
palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz,
dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o
nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas
vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que
também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de
ser mortos como eles foram (Ap.6. 9-11 ACF).
A respeito do Estado Intermediário, creio que as
duas imagens, a da morte como um sono, e a do imediato estado de
bem-aventurança, ou de suplício devam ser mantidas, a despeito da tensão entre
as mesmas.
O
DESTINO FINAL DOS MORTOS
Alguns textos são bem
pontuais no que tange ao destino final dos mortos, para o apocalipsista
Daniel: muitos dos que dormem no
pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e
desprezo eterno (Dn.12.2 ACF). Vida Eterna é equivalente a céu,
ou à presença de Deus, ao passo que vergonha eterna é o afastamento de Deus,
conforme se pode ler neste texto de Santo Agostinho extraído do livro "A
Cidade de Deus".
A morte existirá, mas será eterna, quando a alma
não poderá viver, por estar separada de Deus, nem ver-se livre das dores do
corpo pela morte. A primeira morte tira do corpo a alma contra a vontade dela,
e a segunda retém-na no corpo contra a vontade dela. Uma e outra têm em comum
que o corpo faz sofrer à alma o que ela não quer (AGOSTINHO, 2012, p.
573).
C. S. Lewis observa que
quando os santos são chamados ao céu, após o julgamento, eles são chamados a um
reino que lhes foi preparado, ao passo que os ímpios vão para um lugar que foi
preparado para o diabo e seus anjos. Daí a eterna inadequação do homem a este
lugar e a inviabilidade de felicidade no mesmo.
O FIM DO MILÊNIO E O JUÍZO FINAL GRANDE TRONO
BRANCO E O FIM DE TODAS AS COISAS
a. O Julgamento do Grande Trono Branco: João viu
um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença
“fugiu a terra e o céu”; e não se achou lugar para eles. E viu os mortos,
grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e
abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas
que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E, deram os mares os
mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e
foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram
lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. E aquele que não foi achado
escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. Ver: (Ap. 20: 11 - 15).
b. O Fim do milênio e o
juízo final em conexão o Grande Trono Branco e o fim de todas as coisas. O
Juízo Final também chamado de Juízo do “Grande Trono Branco” acontecerá após o
Milênio. E, depois, da Guerra de Gogue e Magogue, antes do início do julgamento
final, quando houver a “Manifestação do Grande Trono Branco, a Terra será
totalmente desfeita. Este céu e esta Terra não existirão mais, portanto, o
Juízo do Grande Trono Branco não será nesta Terra nem tão pouco neste céu que
agora vemos”. Ver: (Ml.4: 1; II Pd. 3: 7-13; Ap. 21: 1; Ap.2:11).
c. Este julgamento final
será para todos os homens que viverão desde a criação e que não ressuscitaram
na 1ª ressurreição; E, todo aquele que ressuscitar na 2ª ressurreição após o
fim do milênio, comparecerá diante do “Grande Trono Branco” e será julgado
conforme as suas obras e o registro no livro da vida, e, após julgados, serão
condenados. Aqueles que não forem achados inscritos no livro da vida, irão para
o lago de fogo e enxofre que é a segunda morte eterna. Ver: (Dn.12: 2; Jo 5:
29; At.24: 15; Ap.20: 5 -15).
d. Os anjos de caídos
serão julgados; e, os ímpios ressuscitarão em um corpo imortal sem glória, para
a morte eterna. O corpo do ímpio apesar de ser inextinguível sofrerá o dano da
morte eterna. Sabemos que haverá um julgamento justo, no qual Jesus será o Juiz
e os salvos participarão do júri. Ver: (Jo.5: 21 - 27 ; I Co. 6: 2 - 3; Ap. 16:
7).
1. No fim do milênio
satanás é solto, e fará uma aliança com muitas nações e sairá enganando muita
gente. Ver: (Ap. 20: 7 - 8).
2. Satanás cerca a
cidade amada, Deus envia fogo do céu sobre ele e seus aliados, dos quatro
cantos da terra e destroem. Ver: (Ap. 20: 9).
3. Satanás é lançado no
lago de fogo ardente que é a segunda morte; e, estarão conscientes, vinte e quatro
horas sofrimento eterno. Ver: (Ap. 20: 10).
4. A segunda
ressurreição e o Juízo Final. Ver: (Ec. 12: 14; Ap. 20: 11 -15 ; Dn.12: 2; Ap.
20: 6).
5. Neste juízo final
todos os mortos vão ressuscitar. Ver: (Jo. 5: 28-29; Hb. 9: 27; Ap. 20: 5).
6. Todas as coisas serão
julgadas. Ver: (Ec. 12: 14; At. 17: 31; II Cor. 5: 10).
7. O julgamento das
potestades. Ver: (I Cor. 15: 25; II Pedro 2: 4; Judas 1: 6; Ap. 20: 10).
8. O julgamento da
morte. Ver: (I Co. 15: 26 - 28; Ap. 20: 14 – 15).
9. Os designados para o
fogo eterno após o Juízo Final: Todas as palavras frívolas, ocultismo,
nepotismo, barganha, dissimuladores, síndrome dos apóstolos falsos, o
absolutismo, os legalistas, a tradição falsa, radicalismo, a imoralidade,
julgamento da razão falsa, desvio de conduta e os imperadores que ocultam os
excluídos e deixam no anonimato. É óbvio que os blindados com a couraça da
maldade, não aceitem conselho do bem. Todos entrarão em Juízo que é o“Grande
Trono Branco”. Ver: (Sl. 50: 19 - 21; Mt. 12:36 - 37; Lc. 8: 17; At. 17: 31;
Rm. 2: 16; 2:19 - 23; ICo. 4: 5; II Co.11: 13 - 15).
10. Neste juízo não
haverá advogado, dinheiro e amigos que possam libertá-los da condenação eterna.
Jesus é tudo em todos e seu juízo é perfeito e justo. Ver: (Jo.5:22 - 30;
At.17: 31).
11. Os santos vão
participar ativamente deste julgamento. Ver: (I Cor. 6: 2 - 3).
12. Os que foram
martirizados e mortos na Grande Tribulação por não negaram o nome do Senhor vão
ressuscitar e Reinar com Cristo no Milênio. Ver: (Ap.20: 4 - 6).
13.Cristo transferirá o
reino a Deus Pai. Ver: (I Cor. 15: 24 - 28).
14.E então virá o fim de
todas as coisas. Ver: (I Cor. 15: 24).
15.Serão lançados no
lago de fogo: o diabo, a besta e o falso profeta. Ver: (Ap. 20: 10).
16.Todos que não forem
encontrados seus nomes no livro da vida serão lançados no lago de fogo,
que é a segunda morte.
Ver: (Ap. 20: 15; 19: 20 – 21; II Pd. 3: 13).
17.Haverá um Novo Céu e
uma Nova Terra que habitará a Justiça Eterna. Ver: (Ap. 20: 1; IIPd. 3: 12 -
13; Is. 65: 1 – 18). jfas).
18. Enoque, e os
Apóstolos: João, Pedro e Paulo viram e escreverão estes acontecimentos que
estão para acontecer. Ver: (Jd. 1: 14; Ap. 1: 1 - 2; II Pd. 3: 10; II Co. 12: 2
- 4).
OS DOIS CAMINHOS
A Teologia Bíblica em
fusão a Hermenêutica é compreendido que a vida humana é uma caminhada; e, é uma
carreira a percorrer para cada ser humano. Deus, ao criar o homem, propôs para
ele uma caminhada, uma carreira e sua proposta têm como finalidade, de
transportar os salvos da Jerusalém Terrestre até a Formosa Jerusalém Celestial.
Somos convidados a seguir um caminho, pois, como nos ensinou Jesus, “há dois
caminhos: O caminho estreito, que nos conduz a salvação e, é o próprio Jesus,
cujo fim é a Jerusalém Celestial; e, o caminho largo, que conduz à perdição,
que leva ao lago de fogo e enxofre, que foi feito para o diabo e seus
seguidores”. Para a caminhada até Jerusalém Celestial devemos seguir o exemplo
de Noé, Enoque e Abraão andar com Deus. Isso significa o que devemos fazer;
pois sem fé é impossível agradar a Deus. Ver:(Gn. 5: 23; Hb. 12: 1 - 2; Jo. 14:
6; Mt. 25: 41; AP. 20: 15; Hb. 11: 1 - 6).
(Apocalipse.20:11) - E
vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença
fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles.
Nessa ocasião, os ímpios
falecidos de todas as épocas ressuscitarão com seus corpos literais e imortais,
porém carregados de pecados ( Ap 20.11-15; Mt 10.28). Esse julgamento será para
aplicação de sentenças, pois o pecador já está condenado desde quando não
creram no filho de Deus como Salvador (João 3:18) - Quem crê nele não é
condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do
unigênito Filho de Deus.
- E vi os mortos,
grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e
abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas
que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras.
“Os Mortos, os grandes e
os pequenos, postos em pé diante do trono” (Ap 20.12). “Grandes de pequenos” têm
a ver com a importância, posição, prestígio, e influência, e não com a estatura
ou idade. A luz do original ajuda-nos a entender melhor: Ap 11.18;13.16;
19.5,18; Mt 10.42 at 26.22.
O JULGAMENTO E OS LIVROS NO CÉU
(Ap.20:12) ... e
abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos
foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas
obras.
1. O
Livro da Consciência. (Rm.2:15) - Os quais mostram a obra a lei escrita em
seus corações, testificando juntamente a sua consciência, e os seus
pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os; 9.1)
2. O Livro da Natureza (Rm.1:20) Porque as suas coisas invisíveis,
desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se
entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles
fiquem inescusáveis; (Jó 12.7-9; Sl 19.1-14)
3. O Livro da Lei (Rm.2:12) - Porque todos os que sem lei pecaram, sem
lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram, pela lei serão
julgados. Ora, a lei revela o pecado. (Rm 3:20) - Por isso nenhuma carne será
justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento
do pecado.
4. O
Livro do Evangelho (Rm.2:16) - No dia em que Deus há de julgar os segredos
dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho.
(João 12:48) Quem me
rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a
palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia.
5. O
Livro da Memória (Lc.16:25) - Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que
recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é
consolado e tu atormentado. Mc 9.44 (deve ser uma alusão ao remorso constante
no inferno. Mc 9:44) - Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga).
6. O
livro dos Atos dos Homens. O julgamento dos mortos ímpios, como já vimos,
será de acordo com as obras de cada um, portanto, haverá diferentes graus de
castigos (Mt.11.21-24; Lc.12.47; Ap.20.12). Mt.12:36) - Mas eu vos digo que de
toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo.
(Lc 12:9) - Mas quem me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de
Deus. (Ml 3.16).
7. O livro da vida. (Sl 69:28) - Sejam riscados do livro dos vivos, e
não sejam inscritos com os justos. (Dn 12:1)... mas naquele tempo livrar-se-á o
teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro. (Lc 10:20) - Mas, não
vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem
os vossos nomes escritos nos céus. Fp 4.3). (Apocalipse 20:15) - E aquele que
não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo.
A presença do livro da
vida certamente para provar aos céticos julgados que seus nomes não se
encontram nele (Mt.7.22,23).
E AQUELES QUE MORRERAM SEM CONHECER O EVANGELHO?
Uma coisa é certa,
diante de Deus ninguém é inocente, inclusive os pagãos (Rm 2.15; 10.18; Is
5.3b; Sl 19.3,4). O Juiz de toda a terra fará justiça (Gn 18.25) Ele é juiz dos
mortos ( At 10.42). a bíblia declara que o juízo de Deus é “ Segundo a verdade”
(Rm 2.2), verdadeiro e justo (Ap 16.7).
(I Co 15:28) - E, quando
todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o mesmo Filho se sujeitará
àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
Segundo o exposto acima,
observamos que ninguém escapara deste juízo, independente de posição ou classe
social. Os Céus e a Terra deixam de existir; os vivos que permaneceram fiéis a
Cristo, serão transformados e arrebatados na manifestação do Grande Trono
Branco. E os mortos ímpios, pois num corpo sem glória serão arrebatados ao
encontro do Trono Branco; e serão julgados e condenados. Inicia-se o juízo
final, serão julgados de todas as imoralidades praticadas nesta vida e todos os
homens que participaram da 2ª ressurreição; e os anjos caídos. Os ímpios para o
tormento eterno. E os salvos serão
designados para a vida eterna com Cristo para sempre, de eternidade a
eternidade sem fim. (Ec12:14; Jo.14:2-3;17:22-24).
FIM
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